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Resenha Crítica da Obra História Social dos Direitos Humanos de José Damião Lima de Trindade

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Optativa: Direitos Humanos da Pessoa Acusada 
Prof. Plínio Gentil
Resenha Crítica da Obra “História Social dos Direitos Humanos” de José Damião Lima de Trindade
A obra “História Social dos Direitos Humanos” apresenta, através de uma cadeia de relevantes fatos históricos, a real importância de se respeitar e ser resistência aos direitos consagrados nos tratados internacionais e nas Constituições locais. 
Mas para se chegar ao respeito aos direitos reconhecidos nestes acordos, o livro, através de paralelos, traduz os primórdios de esqueletos de garantias individuais, demonstrando que somente com um estudo profundo da história social e política que se consegue entender os motivos reais que impulsionam ou retardam a prática dos direitos humanos na sociedade.
Para tanto, o autor indica que o surgimento dos direitos humanos passa a ganhar relevância diante das contradições existentes ainda no período feudal e do capitalismo à época. No entanto, o próprio autor alerta quanto à necessidade de um senso crítico para montar uma história social dos direitos humanos, observando-se “os processos sociais que pretenderam emancipar o ser humano, seja proclamando a superioridade de uma raça sobre a outra, seja instaurando, ao menos na teoria, a igualdade universal." 
Observada esta ressalva, logo nos primeiros capítulos, há uma análise das relações de produção existentes com o modo de produção feudal e as contradições presentes a tais relações, que, por sua vez, desencadeiam com a origem da burguesia e a construção de um pensamento social que sustentaria ideologicamente toda a Revolução Francesa.
Em síntese o ideal que justificou toda a Revolução Francesa foi uma luta contra aquela ideia de feudalismo, fundado na estratificação social baseada no princípio do privilégio do nascimento. Até aquele momento tinham-se três classes dominantes: primeiro estado (representado pelo clero), segundo estado (representado pela nobreza) e terceiro estado (representados pelos plebeus). 
Tal estruturação da sociedade ainda tinha um outro elemento de agravamento: a persistência do absolutismo monárquico. Logo no início, entre os séculos XV e XVII, quando os reis europeus estavam em vantagem na luta contra a dispersão do poder entre os senhores feudais, a burguesia lhes prestou suporte, haja vista que isso representava certo alívio dos laços senhoriais sobre suas atividades econômicas. Ocorre que, no século XVIII, essa utilidade inicial do absolutismo não se fazia mais interessante para a burguesia, já que se tornara uma classe forte e independente.
Assim, o terceiro estado, que era a maior parte da população que, com a burguesia “mais abastada”, se juntaram pelo ideal de tomada de poder e retirada do governo da monarquia comandada pelo rei Luis XVI. A burguesia ensinou todo o proletariado a ser revolucionário, defendendo um modelo mais social a todos.
Assim, a mesma burguesia, tida como revolucionária, passou a carregar traços mais conservadores e, com o tempo, o liberalismo econômico que foi implementado pela burguesia mostrou não ser tão ideologicamente eficaz para, de fato, melhorar as condições de vida da maioria da população, tudo isso, devido à natureza da produção capitalista.
É dizer, quanto aos direitos humanos, tem-se que a Revolução Francesa deixou muito a desejar no que se propunha – trazer igualdade civil e liberdade individual. Isso porque, muito embora os burgueses tenham se aliado aos camponeses e as massas populares urbanas, sempre conservaram a hegemonia política, e, assim, imprimiram ao processo de transformações os seus interesses de classe
Seguindo a ordem, o autor consegue traduzir dois marcos “de crise” em se tratando de direitos humanos: (i) a primeira ocorreu na segunda metade do século XIX, motivada pelas poucas conquistas em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais e; (ii) a segunda ocorreu no período que antecede a Segunda Guerra Mundial, motivada pelos ideais fascistas, em especial na versão nazista, visto o encontro com os interesses dos capitalistas da época (o interesse de retomada dos mercados externos perdidos na Primeira Guerra Mundial e a busca pela valorização do mercado interno). 
Ainda no tocante aos marcos para os direitos humanos, o autor entende que a Proclamação da Declaração de 1948 pela ONU, que levou a outros pactos e tratados internacionais, traduziram-se não somente em ideais de direito, como em um verdadeiro movimento para atuação e efetivação de direitos humanos nas relações sociais. 
Outro ponto interessante que é levantado pelo autor é a análise da estabilidade econômica entre os anos de 1940 a 1970, com as políticas de intervenção estatal na economia (como o modelo de Estado de Bem Estar Social), implementado por países de capitalismo desenvolvido, às custas da exploração neocolonial. No seguinte sentido: “parte pobre do mundo terminou contribuindo (novamente) para financiar a construção do bem-estar social na parte rica – uma espécie de transfusão de sangue às avessas, de organizamos debilitados para corpos robustos.” 
Já caminhando para o fim da obra, em um assunto mais trabalhado para os dias atuais, o autor trabalha os desafios que se impõem para os direitos humanos, como por exemplo a guinada ao neoliberalismo (e o ideal de desregulamentação dos mercados e Estado mínimo), e as influências de tais concepções nos direitos humanos, demonstrando, ao fim, que há claras possibilidades de mudanças de rumo, visto que não se perpetuou o tão difundido “fim da história”. 
Com isso, o raciocínio que fica é que ainda que tenham havido revoluções e diversas transformações sociais, muito mais precisa ser desenvolvido ao se tratar dos direitos humanos, sendo o principal reflexo o alto índice de desigualdade social entre os povos. Vivemos em uma sociedade esmagadoramente individualista onde o capital passa a ser mais perseguido que o bem social.
É a hora de ser resistência a todo pensamento conservador e reacionário. Só assim haverá a tão comentada igualdade social.

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