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BRONQUITE CRÔNICA E ENFISEMA PULMONAR 1. HISTÓRICO 1.1 Estudo de Fletcher: • comparou doentes tabagistas enquadrados em Londres como bronquiolíticos com os enfisematosos de Chigago • viu que ambos os grupos possuíam grandes semelhanças no que diz respeito aos sintomas e sinais • concluiu que a diferença entre a bronquite inglesa e o enfisema americano ficava apenas na semântica • ambas as doenças são crônicas, obstrutivas das vias aéreas. Tendo isso em mente, em conjunto à pesquisa feita, Fletcher reuniu ambas as doenças em um grande grupo: doença pulmonar obstrutiva crônica. (DPOC) • Dentro desse grande grupo há dois subgrupos: Tipo A (alveolar ou enfisematoso), tipo B (bronquítico ou inflamatório) e misto (tipo A + tipo B) 02. CONCEITO 2.1 DPOC • Enfizema e bronquite crônica frequentemente são consideradas um único grupo e referidas como DPOC, visto que muitos pacientes possuem características sobrepostas de lesões tanto em nível acinar (enfisema) quanto em nível brônquico (bronquite). • Nesse caso, quase certamente o gatilho extríncseco – o cigarro – é comum em ambas. • Todas possuem distinção com relação a características clínicas e patológicas. 2.2 Algumas distinções •A definição de enfisema é MORFOLÓGICA, enquanto que a de bronquite cronica é DEFINIDA COM BASE NAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS. • Distribuição anatômica: bronquite crônica envolve inicialmente as vias aéreas maiores, enquanto enfisema acomete o ácino 2.3 Considerações • Bronquite crônica pode existir sem enfisema demonstrável, assim como um enfisema quase puro pode existir. Mas GERALMENTE AS DUAS DOENÇAS COEXISTEM. Isso porque as causas/etiologias, como o tabagismo, é comum em ambas as desordens. • A obstrução do ao fluxo de ar primariamente irreversível na DPOC a distingue da asma que é caracterizada por obstrução reversível ao fluxo aéreo. Entretanto, pacientes com DPOC comumente apresentam algum grau de obstrução reversível. ENFISEMA 1. CONCEITO: • Condição em que ocorre o aumento irreversível dos espaços aéreos distalmente ao bronquíolo terminal acompanhado por destruição das suas paredes sem fibrose óbvia. 2. TIPOS DE ENFISEMA • A classificação é de acordo com sua distribuição anatômica no lóbulo (agrupamento de ácinos os quais são as unidades respiratórias terminais). • Dos quatro tipos principais, os dois primeiros são os que causam obstrução clinicamente significativa do fluxo aéreo. 2.1 Centroacinar/centrolobular: É o enfisema mais comum dentre os dois primeiros, constituindo 95% dos casos clinicamente significativos. → As partes centrais ou proximais dos ácinos, formadas por bronquíolos respiratórios, são afetadas, enquanto os alvéolos distais são poupados. → Consequência: existem espaços aéreos enfisematosos, mas possui espaços aéreo normais no mesmo ácino e lóbulo. → As lesões mais comuns e severas são nos lobos superiores, particularmente no segmento apical. → As paredes dos espaços enfisematosos frequentemente possuem grande quantidade de pigmento preto. → Comum ter inflamação ao redor dos brônquios e brionquíolos. → Ocorre predominantemente em fumantes inveterados, muitas vezes associado com bronquite crônica. 2.2 Pan-acinar/Panlobular: Prefixo “PAN” se refere ao ácino por completo, mas não todo o pulmão. → Os ácinos estão uniformemente aumentados desde o nível do bronquíolo respiratório até os alvéolos em fundo cego terminais. → Tende a ocorrer mais frequentemente nas zonas mais baixas e nas margens anteriores do pulmão → Está associado à deficiência de alfa-1-antitripsina. 2.3 Acinar distal/Parasseptal: → Porção proximal do ácino está normal e a parte distal é predominantemente envolvida. → Notável em áreas adjacentes à pleura, ao longo dos septos de tecido conjuntivo lobular e nas margens dos lóbulos. → Ocorre em locais adjacentes a áreas de fibrose, cicatrização ou atelectasia → Tende a ser mais severo na metade superior dos pulmões → Pode-se ver múltiplos espaços aéreos aumentados e contínuos, às vezes formando estruturas císticas. → Esse tipo de enfisema é a base de muitos casos de pneumotórax espontâneo em adultos jovens. 2.4 Irregular/do espaço aéreo com fibrose: → O ácino é envolvido irregularmente, está quase invariavelmente associado a uma cicatrização. → Consequência: esta pode ser a forma mais comum de enfisema, uma vez que a pesquisa cuidadosa da maioria dos pulmões na necropsia exibe uma ou mais cicatrizes derivadas de um processo inflamatório curado. → Na maioria das vezes, os focos de enfisema irregular são assintomáticos e clinicamente insignificante. → Etiologia: Tabagismo, poluentes. 3.PATOGENIA • O enfisema é resultado do efeito destrutivo de uma elevada atividade de protease em indivíduos com baixa atividade antiprotease. • A exposição a substancias tóxicas, como a fumaça do tabaco e poluentes inalados, induz inflamação ativa com acúmulo de neutrófilos, macrófagos e linfócitos no pulmão. • Assim, ocorre uma inflamação crônica leve em todas as vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. • Macrófagos, linfócitos T CD8+ e CD4+ e neutrófilos estão aumentados em várias partes do pulmão. • Essas células inflamatórias liberam vários mediadores, como o leucotrieno B4, IL-8, TNF e outros, que são capazes de danificar as estruturas pulmonares ou manter uma inflamação neutrofílica. • A hipótese mais aceita para destruição das paredes alveolares: Mecanismo protease- antiprotease estimulado e auxiliado pelo desequilíbrio de oxidantes-antioxidantes. 3.1 DEFICIÊNCIA GENÉTICA DA ALFA-1-ANTITRIPSINA (presente no soro e em fluídos tissulares) – Tendência maior de desenvolver enfisema, que é ainda mais aumentada pelo tabagismo. →Essa substância é um inibidor importante das proteases (elastase particularmente) secretadas por neutrófilos durante a inflamação. →Sequência: 1.Neutrófilos, os quais são a principal fonte de proteases celulares, são normalmente sequestrados em capilares periféricos, incluindo os do pulmão, e alguns acessam os espaços alveolares. 2.Qualquer estímulo que aumente o n. de leucócitos (neutrófilos e macrófagos) no pulmão ou a liberação de seus grânulos contendo protease aumenta a atividade proteolítica. 3.Com baixos níveis séricos de alfa-1-tripsina, a destruição do tecido elástico não é reprimida resultando em enfisema. 3.2 DEFICIÊNCIA FUNCIONAL DE ALFA-1-ANTITRIPSINA : Associado ao tabagismo, visto que provoca inativação oxidativa. 1.Ocorre acúmulo de neutrófilos e macrófagos nos alvéolos. Possivelmente por efeitos quimioatraentes da nicotina, o que ativa fator de transcrição NF-Kb acionando os genes que codificam TNF e quimiocinas, incluindo a IL-8. Estes por sua vez atraem neutrófilos para a região. 2.Neutrófilos acumulados são ativados e liberam seus grânulos ricos em proteases celulares (elastase neutrofílica, proteinase 3 e catepsina G), o que resultará em lesão tissular. 3.O tabagismo aumenta a atividade da elastase em macrófagos. A elastase dos macrófagos não é inibida pela alfa-1-antitripsina. *Existem evidencias que, além da elastase, as metaloproteinases da matriz derivadas de macrófagos e neutrófilos também atuam na destruição dos tecidos. 3.3 DESEQUILÍBRIO DE OXIDANTES-ANTIOXIDANTES: • Normalmente: pulmão contém um complemento saudável de antioxidantes (superóxido dismutase, glutationa, por exemplo) que mantém a lesão oxidativa em um mínimo. • A fumaça do tabaco contém espécies reativas de oxigênio (radicais livres) que em excesso depletam esse mecanismo estimulando o dano tissular. *Consequência secundária da lesão oxidativa: inativação de antiproteases nativas, resultando em deficiência funcional de alfa-1-antitripsina mesmo em pacientes sem deficiência da enzima • A perda de tecido elástico nas paredes dos alvéolos que circundam os bronquíolos respiratóriosreduz a tração radial e, consequentemente, causa o colapso dos bronquíolos durante a expiração. Isso provoca uma obstrução funcional do fluxo aéreo, apesar da ausência de uma obstrução mecânica. *A perda do recuo elástico era considerada a única forma de obstrução mecânica do fluxo aéreo no enfisema. Porém, estudos em fumantes jovens que morreram em acidentes revelaram que a inflamação das pequenas vias aéreas, ocorre precocemente na evolução da DPOC. Diversas alterações são observadas: 1.Metaplasia de células caliciformes com muco obstruindo a luz 2.Infiltração inflamatória das paredes dos neutrófilos, macrófagos, células B, células TCD4 e TCD8+. 3.Espessamento da parede bronquiolar devido a hipertrofia de músculo liso e fibrose peribrônquica. CURIOSIDADE: A inflamação latente e a destruição lenta e progressiva do parênquima pulmonar geralmente continuam por décadas após o indivíduo deixar de fumar. 4. MACROSCOPIA • aumento de volume dos pulmões, com suas margens anteriores aproximadas • na margem dos ápices pode ocorrer bolhas, às vezes volumosas • pálido (pela falta de sangue) • inelástico • na superfície de corte se observa as cavidades resultantes da dilatação dos espaços aéreos distais. De acordo com o local dessas lesões é que se faz a classificação do enfisema. • o tórax se apresenta em forma de tonel, resultado da dilatação do diâmetro antero-posterior • as costelas ficam levantadas, os EIC alargados e a cúpula diafragmática abaixada, em posição inspiratória 5. MICROSCOPIA • Alvéolos anormalmente grandes, separados por septos delgados, apenas com fibrose centroacinar focal. • Ocorre uma perda da fixação dos alvéolos à parede externa das pequenas vias aéreas. • Os poros de Kohn são tão grandes que os septos parecem estar flutuando ou sofrem protrusão cega para os espaços alveolares com uma extremidade em forma de baqueta. • Conforme as paredes alveolares são destruídas, ocorre uma redução do leito capilar. • Doença avançada, existem espaços aéreos anormais ainda maiores e possivelmente vesículas ou bolhas, que muitas vezes deformam e comprimem os bronquíolos respiratórios e a vasculatura do pulmão. • alterações inflamatórias. 6. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • As manifestações clínicas surgem apenas quando pelo menos um terço do parênquima pulmonar esteja incapacitado. • Dispnéia, tosse, sibilos, perda de peso. • A dispneia costuma ser o primeiro sintoma (início insidioso mas continua-se de forma progressiva). Alguns pacientes apresentam tosse e sibilos, o que pode levar a uma confusão com o diagnóstico de asma. A perda de peso é bastante comum. Classicamente o paciente apresenta tórax em barril/tonel e dispneia, com expiração prolongada e senta-se inclinado para a frente, na tentativa de expulsar o ar dos pulmões mais facilmente. • Indivíduos apresentam a face rosada e respiram com os lábios entreabertos. BRONQUITE CRÔNICA 1. CONCEITO • Tosse persistente com produção de escarro por, no mínimo, 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos, na ausência de qualquer outra causa identificável. • Comum entre fumantes habituais e habitantes de cidades poluídas • Quando persiste por anos, ela pode progredir para DPOC, provocar cor pulmonale e insuficiência cardíaca ou causar metaplasia atípica e displasia do epitélio respiratório, proporcionando um terreno fértil para uma transformação cancerosa. 2. PATOGENIA • O fator primário, ou seja, o que dá início à formação da bronquite crônica parece ser uma irritação de longa duração por substâncias inaladas como fumaça de tabaco (90% dos pacientes são fumantes) e pó de grãos, algodão e sílica. • A característica mais precoce da bronquite crônica é a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas, associada a uma hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. • Proteases liberadas dos neutrófilos, como a elastase neutrofílica e a catepsina, e metaloproteinases da matriz estimulam esta hipersecreção de muco. • Se persiste a bronquite, ocorre aumento acentuado das células caliciformes das pequenas vias aéreas – brônquios pequenos e bronquíolos – levando à produção excessiva de muco, que contribui para a obstrução das vias aéreas. • Tanto a hipertrofia das glândulas submucosas quanto o aumento de células caliciformes constituam reações metaplásicas protetoras contra a fumaça do tabaco ou outros poluentes, como o dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio. • Embora a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas seja a causa da superprodução de escarro, atualmente se acredita que as alterações associadas nas pequenas vias aéreas do pulmão (brônquios pequenos e bronquíolos) possam resultar em manifestações precoces e fisiologicamente importantes de obstrução crônica das vias aéreas. Essa característica é semelhante no enfisema e parece ser um denominador comum na DPOC. • O papel da infecção parece ser secundário. Ela não é responsável pelo início da bronquite crônica, mas provavelmente é importante para sua manutenção e pode ser crítica na produção de exacerbações agudas. • Uso de cigarros predispõe à infecção por mais de um mecanismo. Ele interfere com a atividade ciliar do epitélio respiratório, pode causar lesão direta do epitélio das vias aéreas e inibe a capacidade de eliminação de bactérias pelos leucócitos brônquicos e alveolares. • Infecções virais também podem causar exacerbações da bronquite crônica. 3. MACROSCOPIA • Espessamento da parede da árvore brônquica • Hiperemia (congestão sanguínea em qualquer órgão ou parte do corpo) das membranas mucosas • Tumefação e edema das membranas mucosas • Acúmulo de secreção esbranquiçada, por vezes com aspecto purulento • As vezes, cilíndros grosseiros de secreções e pus preenchem os bronquios e bronquíolos 4. MICROSCOPIA • Inflamação crônica das vias aéreas (predominantemente linfócitos) e aumento das glândulas secretoras de muco da traqueia e dos brônquios. • Aumento discreto das células caliciformes • Principal alteração: tamanho da glândula mucosa (hiperplasia). Esse aumento pode ser avaliado pela relação entre a espessura da camada de glândulas mucosas e a espessura da parede entre o epitélio e a cartilagem (índice de Reid). • O índice de Reid (normalmente 0,4) está aumentado na bronquite crônica, geralmente de modo proporcional à severidade e à duração da doença. • Epitélio brônquico pode exibir metaplasia escamosa e displasia. • Estreitamento acentuado dos bronquíolos causado por tampões de muco, inflamação e fibrose. • Casos mais severos - pode ocorrer obliteração da luz em virtude de fibrose (bronquiolite obliterante). 5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tosse, produção de escarro, dispneia, hipercapmia, hipoxemia e cianose. • A manifestação clínica essencial é uma tosse produtiva persistente com escarro copioso. Por anos nenhum outro prejuízo da função respiratória está presente, porém, alguns pacientes eventualmente desenvolvem dispneia de esforço. A dispneia, hipercapmia, hipoxemia e cianose geralmente aparecem em pacientes que permanecem com o hábito de fumar. DIAGNÓSTICO DA DPOC • Suspeita - A suspeita da DPOC deve ser feita quando há história de exposição a fatores de risco acompanhada ou não de sintomas respiratórios. • A avaliação dos fatores de risco deve ser realizada de rotina a investigação sobre exposição ao tabaco, combustíveis de biomassa, vapores e outros fumos e/ou poeiras de origem ocupacional. • Um indivíduo com idade de 40 anos ou mais e carga tabagística igual ou maior do que 10 anos- maço (número médio de cigarros fumados por dia, dividido por vinte, e multiplicado pelo número de anos que o indivíduo fumou) ou exposição à biomassa por mais de 200 horas-ano ou 10 anos tem risco elevado de desenvolver DPOC. • Apesar do tabagismo ser um importante fator causal da obstruçãoao fluxo de ar, estima-se que somente 15% a 30% dos fumantes desenvolvam DPOC. • Apesar da clássica definição de ser uma doença presente clinicamente em indivíduos acima de 40 anos, isto não implica que a doença não possa ter sua origem na infância ou possuir outros mecanismos etiológicos envolvidos em sua gênese que não os do cigarro e ou exposição à fumaça de lenha. • Reconhecer todos os possíveis fatores de risco para o desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica em diferentes estágios da vida (alterações genéticas, obstrução ao fluxo de ar, tabagismo antes e ou durante a gestação, história familiar de asma, hiperresponsividade brônquica, uso de antibióticos, prematuridade, infecções respiratórias na infância) exige amplo conhecimento dos mecanismos da doença e a investigação de todos os fatores envolvidos para correta caracterização dos fenótipos. • Cerca de 30% dos pacientes com DPOC são assintomáticos e podem passar vários anos entre o aparecimento de limitação ao fluxo de ar e o desenvolvimento de manifestações clínicas.(70-72) A dispneia, a tosse e a expectoração são os principais sintomas da DPOC. A dispneia de esforço é o sintoma mais frequente. • A percepção de dispneia é variável entre os indivíduos e, por este motivo, recomenda-se que sua avaliação seja padronizada com o uso da escala modificada do Medical Research Council (mMRC). A associação entre o escore de dispneia e a gravidade da obstrução ao fluxo de ar é fraca visto que a dispneia é multifatorial,,dependendo não apenas da obstrução ao fluxo de ar, mas também de condicionamento, comorbidades e fatores psicoemocionais. CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA DA DPOC • Espirometria após uso de broncodilatador. • Estima-se que, aproximadamente, um terço dos pacientes com DPOC apresentam reversibilidade ao exame de espirometria.(72,107-109) A taxa de reversibilidade depende da dose e da medicação utilizada na espirometria como broncodilatador. • A presença de reversibilidade aguda ao broncodilatador em teste de espirometria não permite discriminar asma da DPOC. • Deve-se realizar diagnóstico diferencial com outras doenças respiratórias como asma, sequela de tuberculose, pneumoconiose, bronquiectasias, bronquiolite constrictiva ou obstrução de via aérea superior. O diagnóstico diferencial com asma pode ser difícil e é importante porque há diferenças no prognóstico e no manejo terapêutico. Geralmente, os sintomas de asma se iniciam mais precocemente (antes dos 40 anos), são episódicos e há predomínio de sibilos. Com frequência há sintomas alérgicos associados e antecedentes pessoais ou familiares de manifestações atópicas. Como são doenças prevalentes, não é raro que asma e DPOC coexistam. • O subdiagnóstico da DPOC é um problema importante e conhecido. O estudo PLATINO mostrou que os principais fatores associados com o subdiagnóstico são: menor idade, menor gravidade da obstrução e poucos sintomas respiratórios. Um terço dos pacientes diagnosticados são assintomáticos, e mais da metade tem manifestações leves. Outro fator importante observado é a existência de baixa percepção dos sintomas respiratórios na fase pré-clinica, que contribui para o subdiagnóstico da DPOC. AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DA DPOC • Índice de massa corpórea (IMC=peso [kg]/altura [m]2). Na DPOC, valores inferiores a 25kg / m2 estão associados com pior prognóstico. • A gravidade da dispneia por meio da escala mMRC. • Radiograma de tórax. Recomenda-se na avaliação inicial para excluir outras doenças como câncer de pulmão, tuberculose e doenças ocupacionais. Em casos da DPOC moderada e grave pode-se encontrar sinais de hiperinflação (retificação do diafragma, aumento de ar no espaço retrosternal, aumento do diâmetro vertical do tórax entre outros) e sinais de hipertensão pulmonar direita. • Hemoglobina e hematócrito para excluir policitemia associada à hipoxemia. • Dosagem de alfa1-antitripsina. Segundo a Organização Mundial de Saúde todos os pacientes com DPOC devem ter ao menos uma dosagem de alfa1- antitripsina. • Gasometria arterial. • Tomografia de tórax de alta resolução (TCAR). A TCAR é útil para determinar os danos estruturais por DPOC, especialmente o grau de enfisema e presença de bronquiectasia O grau de enfisema tem sido associado com a gravidade, a progressão e o prognóstico da DPOC. • Eletrocardiograma e ecocardiograma. São indicados se existe suspeita clínica ou radiográfica de hipertensão pulmonar ou em casos em que a dispneia seja desproporcional à função pulmonar e exista evidência ou suspeita de doença cardiovascular. • Recomenda-se a Escala mMRC para avaliação da dispneia, considerando-se os graus 0 e 1 como leve, 2 como moderada, 3 como intensa e 4 como muito intensa. A gravidade da obstrução se determina com o VEF1% pósBD . O risco de exacerbação se avalia pela história de exacerbações ou hospitalizações no último ano (≥2 exacerbações ou ≥1 hospitalizacão por exacerbação como indicador de doença grave ou muito grave). • Doenças cardiovasculares, diabetes, câncer de pulmão, osteoporose, artrite e transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão) são comuns nos pacientes com DPOC. TRATAMENTO DA DPOC A medida profilático-terapeutica mais importante na DPOC é fazer com que o paciente deixe de fumar. • Tratamento farmacológico na DPOC estável: Broncodilatadores: A forma inalatória sempre deve ser priorizada, pela menor incidencia de efeitos colaterais e maior eficacia; entretanto, atenção especial deve ser dispensada para o treinamento e posterior uso correto dasta via. A utilizαação de broncodilatadores via oral pode ser alternativa para passientes idosos com dificuldade de utilização de inaladores, embora se saiba que a via oral é responsável por um maior número de efeitos colaterais quando comparada com a via inalatoria. o Β2 – agonistas o Anticolinérgicos o Metilxantinas o Inibidores da fosfodiesterase (PDE4) e agonistas dopaminérgicos (receptor D2) o Corticosteroides • Outros tratamentos farmacológicos: o Vacinas o Antibioticoterapia profilática o Agentes mucolíticos o Agentes antioxidantes o Antitussígenos o Terapia com reposição de alfa-1 antitripsina o Estimulantes respiratórios o Imunorreguladores (imunoestimuladores, imunomoduladores) o Narcóticos: Apesar de recomendados por alguns por reduzirem a dispinéia dos portadores de DPOC, são contraindicados devido ao risco de promover depressão do centro respiratório. Portanto, morfina, codeína e outros narcóticos devem ser evitados. o Outros fármacos: Antagonistas de leucotrienos,nedocromil, bem como outras terapias terapêuticas (homeopatia, acupuntura, uso de ervas) não foram devidamente testados em DPOC,e, portanto, não são recomentaveis. o Suporte nutricional o Reabilitação pulmonar o Imunização: uso de vitaminas Complemento sobre tratamento: Bronquite Crônica • Broncodilatador é um tipo de medicamento que abre as vias aéreas em seus pulmões, tornando mais fácil respirar. A substância é normalmente inalado através de um inalador, que é um dispositivo que bombeia o medicamento para os pulmões. • Theophylline é uma medicação oral que relaxa os músculos em suas vias aéreas para que eles se abrem mais, o que ajuda a aliviar quaisquer dificuldades respiratórias. Teofilina se tiver falta de ar grave. • Esteróides. •Reabilitação pulmonar, consiste em exercício, aconselhamento nutricional e estratégias de respiração. Alguns programas também incluem aconselhamento. • Mudanças de estilo de vida • Respirar ar quente e úmido de um umidificador pode aliviar a tosse e soltar o muco em suas vias aéreas. Certifique-se de limpar o humidificador regularmente de acordo com as instruções do fabricante. • Usar máscara sempre que sair, principalmente em locais com muita poluição. • Atividade física pode fortalecer os músculos que o ajudam a respirar. • Respiração com lábiosfranzidos às vezes pode proporcionar alívio quando você está tendo dificuldade em respirar. Na respiração de lábios franzidos, você respira fundo e depois expira lentamente pela boca. Enquanto expira, segure seus lábios como se estivesse prestes a beijar alguém. Fazer isso pode ajudar a regular sua respiração e fazer você se sentir melhor quando você está experimentando falta de ar. ENFISEMA PULMONAR * As DPOC’s não podem ser curados, entretanto, há tratamentos para amenizar seus sintomas. 1) distinguir quadro crônico de agudo • Inicialmente, é necessário distinguir um quadro crônico (mais estável) do agudo, (exacerbado). 2) Verificar se há infecções concomitantes: → Se há infecções concomitantes: • Quando há uma infecção concomitante, observa-se a evolução do muco, que inicialmente tem aspecto mucóide, para purulento • Nesse caso se opta por antibioticoterapia. → Se não há infecções concomitantes: • Brondilatadores, que possuem poucos efeitos benéficos e são utilizados por via inalatória • Anti-inflamatórios corticosteróides (via inalatória ou oral) • Reabilitação pulmonar. Um programa de reabilitação pulmonar pode ensinar-lhe exercícios de respiração e técnicas que podem ajudar a reduzir a sua falta de ar e melhorar a sua capacidade de exercício. • Terapia nutricional. Você também receberá conselhos sobre nutrição adequada. Nos estágios iniciais do enfisema, muitas pessoas precisam perder peso, enquanto as pessoas com enfisema tardio muitas vezes precisam ganhar peso. • Oxigênio suplementar. Se você tem enfisema grave com baixos níveis de oxigênio no sangue, usando oxigênio regularmente em casa e quando você exercício pode proporcionar algum alívio. Muitas pessoas usam oxigênio 24 horas por dia. Geralmente é administrado via tubo estreito que se encaixa em suas narinas. • Cirurgia de redução do volume pulmonar. Neste procedimento, cirurgiões remover pequenas cunhas de tecido pulmonar danificado. Remover o tecido doente ajuda o tecido pulmonar remanescente expandir e trabalhar de forma mais eficiente e ajuda a melhorar a respiração. • Transplante de pulmão (devido aos riscos é viável apenas para um pequeno grupo de pacientes, em casos muito graves) • Programa de exercícios físicos. • Experimentalmente, tem sido utilizada a terapia de células-tronco, com resultados promissores. • Mudança dos hábitos de vida da pessoa, como suspender completamente o fumo e a exposição aos agentes agressores dos pulmões. • Há artigos que usam o ácido retinóico como tratamento para o enfisema. O ácido induz a produção de elastase nos pulmões • Vacinas: Pacientes com enfisema devem receber uma vacina contra a gripe anualmente e pneumonia tiro a cada cinco a sete anos para prevenir infecções • Há artigos que mostram que a válvula de espiração (que é uma pequena válvula em forma de guarda- chuva, unidirecional que é colocada dentro das vias aéreas de um pulmão) pode redirecionar o ar das partes menos saudáveis para as mais saudáveis do pulmão. Isso ajuda a reduzir a inflação excessiva e pode melhorar a função pulmonar geral ea qualidade de vida das pessoas que vivem com enfisema.
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