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Aula 15 17.03.2021 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Condição que é caracterizada pela progressiva obstrução ao fluxo de ar, em grande parte irreversível, normalmente com aparecimento clinico de sintomas respiratórios persistentes e em pessoas de meia-idade ou idosas com um histórico de consumo de cigarro ou pela exposição a gases particularmente nocivos. Comumente os termos usados para esta condição no passado inclinação bronquite crônica e enfisema. Essa terminologia esta ultrapassada, porque quase todos os pacientes com diagnóstico clínico de DPOC têm a destruição do espaço aéreo (i.e., enfisema) e alterações patológicas das vias aéreas de condução consistentes com bronquite crônica. O enfisema é definido patologicamente pelo aumento anormal dos espaços aéreos, devido à destruição e à deformação das paredes alveolares. A gravidade do enfisema pode variar muito em pacientes com DPOC com graus semelhantes de obstrução ao fluxo aéreo. A bronquite crônica é definida clinicamente como tosse persistente e produção de expectoração e patologicamente como o alargamento anormal das glândulas mucosas no seio das vias aéreas centrais cartilaginosas. A bronquite crônica era considerada um elemento-chave na patogênese da obstrução crônica ao fluxo aéreo, mas sabe-se agora que o aumento da resistência ao fluxo de ar em pacientes com DPOC pode ser atribuído principalmente a uma variedade de alterações patológicas nas vias aéreas distais do pulmão (“doença das pequenas vias aéreas”). Inflamação de oque as vias aéreas Disfunção mucociliar - acúmulo de secreção Destruição de parênquima Em grau e proporções variados Epidemiologia Corresponde a mais de 5% da população mundial, sendo a 4ª causa de morte nos EUA (120.000 pac/ano).O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC, de modo que a prevalência tende a refletir os hábitos tabágicos da sociedade com uma fase de latência de 20-30 anos. Cerca de 15% dos tabagistas desenvolvem DPOC. Além disso, a DPOC tem uma relação comprovada com atividades laborais específicas, como exposição nas indústrias de borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de grãos, produtos alimentícios, etc. Dos fatores genéticos que podem causar esta doença, inclui a deficiência de alfa-1 antitripsina, que é uma causa importante de enfisema em não tabagistas. O deficit grave da α1-antitripsina é o único fator de risco genético comprovado que apresenta um impacto importante no desenvolvimento da DPOC. Essa deficiência é encontrada em cerca de 1% a 2% dos pacientes com um diagnóstico estabelecido de DPOC. A α1-antitripsina, que é um inibidor da serina protease secretado pelo fígado na circulação, parece proteger o tecido pulmonar contra a digestão pela elastase dos neutrófilos e por serina proteinases relacionadas que têm sido implicadas na patogênese do enfisema em seres humanos. Biopatologia - Subtipos Bronquite Crônica As glândulas mucosas, localizadas entremembrana basal epitelial e placas cartilaginosas dentro da árvore brônquica central, e as células caliciformes secretam muco no lúmen brônquico, para auxiliar o epitélio das vias aéreas na defesa do hospedeiro. Aumento das glânfulas mucosas e expansão da população de células caliciformes epiteliais brônquicas, que ocorrem mais comummente na DPOC, são correlacionados com sintomas clínicos de excesso de tosse e produção de escarro, mas não com a obstrução do fluxo aéreo. Uma resposta inflamatória leve, consisgtindo em neutrófilos, macrófagos e linfócitos TCD8, também pode ser vistas nas vias aéreas cartilaginosas de apcientes com DPOC. Os principais sítos de aumento da resistência do fluxo aéreo na DPOC são pequenas vias aéreas distais que têm um diâmetro interno de menos de 2 mm próximo à capacidade residual funcional do pulmão. As alterações patológicas mais precoces identificadas em jovens tabagistas consistem em coleções focais de macrófagos com pigmentos marrons no bronquíolo respiratório e um infiltrado esparso de neutrófilos e linfócitos nas paredes dos bronquíolos terminais. Em pacientes idosos com DPOC estabelecida, a resposta inflamatória é mais intensa, mas ainda com uma mistura similar de neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Outras alterações patológicas nas vias aéreas distais incluem fibrose, metaplasia de células caliciformes e do epitélio escamoso de revestimento, aumento do músculo liso nas paredes das vias aéreas e regiões esparsas de formação de tampões mucosos. Em comparação a indivíduos normais, as vias aéreas distais em pacientes com DPOC têm paredes das vias aéreas mais espessas e lumens menores. (1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco associadas a um aumento de células caliciformes da mucosa presente principalmente nas vias aéreas proximais; (2) redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose. } Enfisema Asma Obstrutiva Crônica O enfisema é caracterizado por aumento anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose evidente. Bronquíolos terminais, que são as vias aéreas não alveoladas mais distais dentro da árvore brônquica, fornecem ventilação para uma unidade de pulmão que é denominada ácino. Distais aos bronquíolos terminais há duas ou três gerações de bronquíolos respiratórios parcialmente alveolados e, então, a zona alveolar, onde a maioria das trocas gasosas ocorre. Espaços aéreos podem crescer por toda a zona alveolada devido à destruição ou rearranjo de suas paredes. Enfisema humano consiste em dois subgrupos principais. Enfisema centroacinar se localiza nos bronquíolos respiratórios logo distais aos bronquíolos terminais, enquanto o restante do ácino é em grande parte preservado. As lesões individuais, que podem ter até 10 mm de diâmetro, tendem a ser mais proeminentes no lobo superior. Enfisema centriacinar grave é quase sempre relacionado ao tabagismo, mas há enfisema centriacinar leve que pode ocorrer a partir de outras exposições ambientais. Áreas focais de inflamação, fibrose e pigmento carbonáceo estão comumente presentes nas paredes alveolares e bronquiolares adjacentes. No enfisema panacinar, ductos alveolares são difusamente aumentados; os alvéolos adjacentes podem ser destruídos a tal ponto que unidades individuais não podem mais ser identificadas. Com a progressão da doença, as lesões individuais podem coalescer para formar bolhas grandes. Enfisema panacinar, que é típico da grave deficiência de α1- antitripsina, também ocorre comumente em pacientes nos quais o principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo. A maioria dos pacientes com DPOC grave parece ter elementos mistos de centroacinar e enfisema panacinar, e subtipos individuais não podem ser confiavelmente distinguidos na doença avançada. alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos secundário à destruição progressiva dos septos alveolares. A asma é por definição uma doença de sintomas reversíveis Inflamação crônica: remodelamento pulmonar - lesões irreversíveis. Quando a asma perde a reversibilidade dos sintomas, passa a integrar o conceito de DPOC. potente inibidor de elastase dos neutrófilos e outras serina proteinases, estão associadas ao desenvolvimento de enfisema panacinar grave em humanos. Além da elastase dos neutrófilos, outras serinas proteinases derivadas de neutrófilos, como a proteinase 3 e catepsina G, e as metaloproteinases de matriz degradam a elastina e outros componentes da matriz, incluindo colágeno, proteoglicanos e fibronectina. Uma metaloproteinase derivada de macrófagos, a MMP-12, é essencial para o desenvolvimento de enfisema induzido por fumaça de cigarro, em um modelo animal, e estudos genéticos mostram uma ligação com a região do genoma contendo DNA que codifica a MMP-12. Patogênese Enfisema parece ser causado por uma alteração do equilíbrio elastase/antielastaseno pulmão, devido ao excesso de elastase ou deficiência de antielastase. Os pulmões humanos contêm uma rica rede de fibras que contêm elastina e outras proteínas da matriz, que conferem integridade estrutural e elasticidade às paredes alveolares. A instilação intratraqueal de proteinases, particularmente aquelas capazes de hidrolizar a elastina nativa, induz lesões com características morfológicas e funcionais de enfisema em seres humanos em animais de experimentação. A inflamação crônica induzida pela fumaça de cigarro aumenta a quantidade de proteinases derivadas das células inflamatórias no parênquima pulmonar. Deficiências graves de α1-antitripsina, um A patogênese da doença das vias aéreas distais é relativamente menos conhecida. Material particulado e gases tóxicos de fumaça de cigarro inalada iniciam uma resposta inflamatória composta principalmente de macrófagos e neutrófilos. Essa resposta inflamatória precoce pode ser mediada pelo sistema de defesa inata como uma resposta à lesão celular. Na doença mais avançada, a inflamação persiste mesmo após o paciente ter parado de fumar. Neste estágio, componentes humorais e celulares do sistema imunológico adaptativo podem predominar, possivelmente em resposta à infecção ou antígenos específicos a partir de outras fontes. A infiltração das vias aéreas com CD4+, CD8+, e linfócitos B é uma característica proeminente da DPOC mais avançada. O reparo de qualquer tipo de resposta imune pode causar remodelação das vias aéreas por estimular a síntese da matriz de tecido conjuntivo e a formação de músculo liso e pelo aumento de proporção de células caliciformes secretoras dentro da camada epitelial. Brônquios: 📌 Inflamação crônica - infiltrado inflamatório na parede do brônquio 📌 hiperplasia de glândulas mucosas - aumento de células caliciformes, hipertrofia de glândulas 📌 fibrose no interstício e na parede brônquica 📌 streitamento dos brônquios 📌 perda da sustentação elástica - colabamento A - DPOC grave B - DPOC leve Parênquima: enfisema: dilatação/destruição acinar: 📌 proximal (centrilobular) - mais comum me fumantes 📌 distal - mais comum em doenças genéticas 📌 panacinar Destruição de ácido leva o nome a depender de sua localização. Principal fator de risco: tabagismo 📌 quantidade e tempo importam -- CARGA TABÁGICA 📌 mesmo assim, há uma variação individual 📌 menos de 10-15 anos maço - baixo risco SE não houver 📌 predisposição genética, ambiental, etc. 📌 mais de 40 anos-maço - alto risco Outras causas 📌 Asma grave cronicamente não controlada 📌 Deficiência de alfa-1-antitripsina 📌 Pneumoconioses Os sinais de DPOC incluem sibilos, uma fase expiratória prolongada da respiração; hiperinsuflação pulmonar que se manifesta pela atenuação dos sons cardíacos e pulmonares; e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax (tórax em barril). A doença avançada se manifesta com sinais de esforço respiratório (lábios cerrados, uso de musculatura acessória), respiração paradoxal (sinal de Hoover) e cianose. Os sinais de cor pulmonale incluem distensão das veias jugulares; desdobramento da B2 cardíaca, com hiperfonese do componente pulmonar; sopro de insuficiência tricúspide; e edema periférico. Quadro Clínico Os principais sintomas são: 📌 Tosse crônica - pode ser diário ou intermediário e pode proceder a dispneia ou aparecer junto com ela; 📌 Dispneia - associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico; 📌 Expectoração 📌 Aperto no peito Tipicamente, piores de mamata. Podem variar, mas nunca somem. Outros sintomas: 📌 Ganho de peso (inatividade) 📌 Perda de peso (dispneia ao comer - mais grave) 📌 Limitação de atividades 📌 Síncope por tosse 📌 Depressão/ansiedade 📌 Expiração prolongada 📌 Sibilos 📌 Estertores 📌 Sinais de hiperinsuflação 📌 timpanismo 📌 redução de murmúrios 📌 Abafamento das bulhas cardíacas 📌 Tórax em barril 📌 Posição em trípode 📌 Uso de musculatura acessória do pescoço 📌 Expiração forçada (apertando os lábios) 📌 Cianose 📌 Fígado palpável (rebaixamento + hepatomegalia(ICC)) 📌 Distensão das veias do pescoço à expiração Exame Físico Existem dois estereótipos dos pacientes com DPOC: 📌 Pink Puffers: Corresponde aos pacientes enfisematosos. São magros, apresentam pletora e tórax em tonel. A dispneia é tipo expiratória e a ausculta pulmonar revela diminuição dos murmúrios vesiculares. 📌 Blue Bloaters: Corresponde aos pacientes com bronquite. Apresentam hipoxemia grave (cianose) associada ao cor pulmonale, que leva a insuficiência ventricular direita e edema. A ausculta pulmonar é rica em ruídos adventícios. Variações da posição de trípode, essa posição uma pessoa inconscientemente colocará suas mãos nos joelhos e se inclinará para frente para usar os músculos infra-hipideos do pescoço. Está posição proporciona uma vantage, mecânica, facilitando a entrada de mais ar nos pulmões. Exacerbações Evento agudo caracterizado por piora dos sintomas respiratórios do paciente que excede a variação normal do dia a dia e leva a mudança de medicações 📌 principal desencadeante: infecções respiratórias 📌 em 1 ano, cerca de 75% têm alguma exacerbação 📌 quanto mais episódios, maior a chance 📌 Cerca de 20% dos pacientes que exacerbam precisam internar Fatores de risco 📌 idade avançada 📌 tosse produtiva 📌 mais tempo de doença 📌 uso prévio de antibióticos 📌 nternação no ano anterior 📌 comorbidades (DAC, ICC, DM, DRGE) Aumento na frequência e gravidade da tosse Expectoração mais volumosa ou de aspecto pior Piora na dispneia torpor (hipercapnia e hipoxemia) asterixis (“flapping”) Diagnóstico A presença de sintomas respiratórios em pacientes tabagistas deve sempre levantar a suspeita para o DPOC. A história de exposição à fumaça de combustão da lenha, a poeiras e à fumaça ocupacional deve ser pesquisada. Avaliação espirométrica: A espirometria com obtenção da curva expiratória volume-tempo é obrigatória na suspeita clínica de DPOC, devendo ser realizada antes e após administração de broncodilatador, de preferência em fase estável da doença. Os parâmetros mais importantes avaliados são a capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre esses parâmetros (VEF1∕CVF). A limitação ao fluxo aéreo é definida quando esta relação é <0,70 pós broncodilatador. Avaliação gasométrica: a avaliação de oxigenação é realizada inicialmente pelo oxímetro de pulso. Se saturação < 90%, está indicada a coleta de gasometria. As avaliações eletro e ECG estão indicadas nos casos em que há suspeita de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. 📌 No ECG aparecerão sinais de sobrecarga cardíaca direita: (1) onda P alta e pontiaguda; (2) desvio do eixo do QRS para direita; (3) graus variados de bloqueio de ramo direito; (3) relação R/S maior que 1 em V1. Avaliação radiológica: útil para afetar outras doenças pulmonares, principalmente neoplasias. Solicitar nas incidências póstero-anterior e perfil. A radiografia pode ainda identificar bolhas, com possível indicações cirúrgica. A tomografia computadorizara é indicada nos casos com suspeita de broncoectsias e bolhas. Radiografia nas incidências póstero-anterior e perfil de uma mulher de 71 anos com enfisema, mostrando aumento do volume pulmonar com retificação das cúpulas diafragmáticas. A artéria pulmonar proeminente na incidência póstero-anterior demonstra hipertensão arterial pulmonar secundária. FONTE: Han, MeiLan et al. Chronic obstructive pulmonary disease: Definition, clinical manifestations, diagnosis, and staging. Uptodate, 2018. Radiografia de tórax mostrando uma bolha gigante bilateral em paciente jovem fumante. FONTE: Han, MeiLan et al. Chronic obstructive pulmonary disease: Definition, clinical manifestations, diagnosis,and staging. Uptodate, 2018. Diagnóstico Diferencial Asma Brônquica: ela difere da DPOC em muitos aspectos, desde a epidemiologia (infância e adolescência, associado a história familiar de asma) até o processo inflamatório e, principalmente, pela resposta ao tratamento com corticoide inalatório. Bronquiolite: o que diferencia a DPOC é que a maioria dos pacientes não são tabagistas, a dispneia é de professsao mais acelerada, encontro de padrão de mosaico na TC. Bronquiectasias: quadro semelhante à DPOC, mas a produção copiosa de secreção levanta mais a suspeita de bronquiectasia. A confirmação é obtida pela tomografia de tórax. Tuberculose: a pesquisa de BAAR no escarro e a radiografia de tórax confirmam o diagnóstico. Insuficiência Cardíaca congestiva: o exame físico com encontro de estertores finos em bases, aumento de área cardíaca no radiograma de tórax, exames complementares cardiológicos (eletro e ECG) e a espirometria permitem o diagnóstico diferencial. Tratamento Cessação do tabagismo Broncodilatadores Anticolinérgicos Corticoides inalados Oxigênio Ventilação não invasiva Bulectomia, cirurgia de redução de volume pulmonar Histórias típicas: paciente 1 poucas queixas, mas extremamente sedentário não percebe que sua limitação de atividades é por causa de dispneia um dia, tem de fazer um esforço inevitável e assusta-se com a fadiga desproporcional que apresenta História típicas: paciente 2 tosse crônica catarro inicialmente só de manhã, começa a aparecer em outros períodos dispneia a médios esforços com o tempo, dispneia a esforços menores ou repouso Histórias típicas: paciente 3 crises episódicas de tosse produtiva, expectoração purulenta, chiado e dispneia, com ou sem febre intercrítico relativamente pouco sintomático intervalos entre as exacerbações começam a diminuir Avaliação Gasometria Acidose, hipóxia, acúmulo de CO2 Dosagem de alfa-1-antitripsina Referencias Goldman-Cecil Medicina, 88: Doença pulmonar obstrutiva crônica| Lee Goldman and Andrew I. Schafer,https:// www.evolution.com.br/ epubreader/ 9788535289947
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