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2 Autores: Francielle Coaioto - Graduanda do Curso de História do Centro Universitário são Camilo-ES; Milena Fardin- Graduanda do Curso de História do Centro Universitário são Camilo- ES; Patrícia Farias- Graduanda do Curso de História do Centro Universitário são Camilo- ES; Pedro Pacheco - Graduando do Curso de História do Centro Universitário são Camilo- ES; Thiago Albino - Graduando do Curso de História do Centro Universitário são Camilo- ES; Vanessa Vieira - Graduanda do Curso de História do Centro Universitário são Camilo- ES. Professora Orientadora: Aline de Freitas Dias - Graduada em História/ Pós graduação em docência do ensino superior pelo Centro Universitário São Camilo/ Mestre em História das Relações Políticas pela UFES 3 Capítulo 3 Segundo Reinado (1840-1889) Economia no Segundo Reinado ..................................4 A questão do trabalho ................................................6 Estrutura social ..........................................................7 Exercícios....................................................................9 Bibliografia ................................................................11 4 ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO Segundo Reinado (1840-1889) em seu cenário econômico, pode ser analisado por uma política em que as diretrizes do governo buscaram a consolidação do Estado através de um processo de modernização política econômica, no qual o principal foco de desenvolvimento provinha da produção e comercialização do café, conhecido como o “o ouro verde”. O processo de produção e comercialização desse fruto, teve como resultado um forte crescimento revolucionário ocorrido no Séc. XIX, conhecido como revolução industrial. Diante desse processo, inicia- se uma expansão das lavouras de café, no qual se instaura no Vale do Rio Paraíba, seguindo para o oeste paulista – por volta de 1850, devido as terras da região possuírem alto grau de fertilidade-, para a Zona da Mata em Minas Gerais, e outras regiões. Desse modo, com a expansão das lavouras cafeeiras, se torna necessário uma mão de obra para a realização dos trabalhos, e esse era realizado pela mão de obra escrava de origem africana, e em seguida por volta de 1850 com a transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado, devido as grandes pressões abolicionistas, esse trabalho começa a ser realizado por imigrantes europeus, principalmente por Itália- nos. Fazenda do Secretário, em Vassouras (RJ), um dos mais iconográficos exemplos do período áureo do Vale do Paraíba. Chegou a possuir cerca de 500 mil pés de café e mais de 350 escravos. Litogravura de Louis-Jullien Jacottet, 1861. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital O 5 Por outra vertente, a comercialização cafeeira realizada com países industrializados como exemplo Estados Unidos, trouxe diversas mudanças para o Brasil, como é caso das construções de ferrovias para o transporte de carga/café de um lugar a outro – destaca-se a primeira ferrovia: Jundiaí Santos, criada em 1868, passava por São Paulo e chegava a Santos-. Como também o desenvolvimento do telégrafo, que possibilitou a comunicação com o mercado consumidor a longa distância, como exemplo, o europeu. Dessa maneira, as negociações do café que eram realizadas pela elite de cafeicultores/ barões do café, demandavam uma infraestrutura de escoamento, armazenamento e incorporação da mão de obra livre, o que acabou contribuindo para um processo de urbanização e industrialização, sobre tudo na região de São Paulo por volta de 1850 e 1870. Outrossim, ainda durante os anos de 1850 e 1870 temos a figura de Irineu Evangelista de Souza, ou como é conhecido “Barão de Mauá” que foi um dos principais responsável pelo processo de industrialização que perpassou o país. Entretanto, no mesmo espaço-tempo temos o pico do desenvolvimento industrial, o qual não obteve continuidade e foi interrompido. Em outras palavras, logo após a independência em 1822, o Brasil renovou alguns tratados comerciais feito com a Inglaterra, como é o caso do tratado de Comércio e Navegação de 1810, o qual foi renovado em 1827 por mais 15 (quinze) anos, e em 1842 quando chegou ao término tal acordo, o Brasil decide transfigurar sua política tributária implantando assim as Tarifa Alves Branco em 1844, desfazendo o tratado de comércio e navegação e priorizando e valorizando o produto interno, pois esse elevava a taxa de importação dos produtos que vinham dos ingleses. Gravura do Barão de Mauá (1813-1889). (Foto: Wikipédia) Todavia, o surto industrial brasileiro surge quando em 1850 com a aprovação da lei Eusébio de Queiroz, que estabeleceu medidas para a repressão do tráfico de africanos, faz com que os investimentos mudem sua “rota” e comecem a ser investidos nas atividades industriais. Desse modo entre os anos de 1860-1870, o Brasil altera novamente sua política tributária, adotando o livre cambismo e um novo pacote de tarifas, conhecida como “Silvio Ferraz”, reduzindo as taxas de importação e dificultando a produção interna de concorrência. 6 Pôster do filme Mauá – O imperador e o rei (1999). (Foto: Adoro Cinema) A QUESTÃO DO TRABALHO o que refere-se a questão do trabalho durante o período do Segundo Reinado (1840-1889), primeiramente é importante considerar fatores como a crise do escravismo e a Imigração européia para o Brasil são dois pontos pertinentes para entender essa temática. Nesse contexto, o Segundo Reinado foi um período marcado por intensas disputas políticas entre grupos que possuíam diferentes interesses. Sendo assim, uma dessas disputas aconteceu entre aqueles que defendiam o fim do trabalho escravo, os abolicionistas e aqueles que defendiam sua manutenção, os escravistas. No entanto, o fim do trabalho escravo no Brasil era uma questão antiga que remontava ainda ao período do Primeiro Reinado (1822 - 1831). Visto que, o governo brasileiro adiava a tomada de ações contra o tráfico negreiro, que trazia escravos da África para o Brasil. Sendo que, a pressão da Inglaterra pelo fim do escravismo e tráfico negreiro no Brasil estava cada vez mais intensa e se complicou após a implantação das famosas “leis para inglês ver”, em 1831. (Crianças africanas em navio negreiro apreendido pelos ingleses após 1831) Dica de filme N https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/lutas-dos-escravos-e-o-fim-da-escravidao-no-brasil.htm https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/lutas-dos-escravos-e-o-fim-da-escravidao-no-brasil.htm https://www.stoodi.com.br/blog/2016/05/13/6-formas-que-o-tema-escravidao-pode-aparecer-no-vestibular/ https://www.stoodi.com.br/blog/2016/05/13/6-formas-que-o-tema-escravidao-pode-aparecer-no-vestibular/ 7 Diante disso, a Inglaterra toma medidas drásticas, como a criação da Bill Aberdeen, em 1845, que autorizava a marinha do país a interceptar e prender navios negreiros. Em seguida, já em 1850, veio à publicação da lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro para o Brasil. Entre as principais consequências, houve aumento de investimento para outras áreas, o aumento do preço dos escravos e o crescimento do tráfico interno, além do trabalho livre dos imigrantes europeus. Nesse contexto, a imigração européia para o Brasil teve grande crescimento, impulsionado especialmente pela crise econômica do continente europeu, a unificação de Itália e Alemanha e a expansão cafeeira.Visto que, a partir de 1847, o Sistema de Parceria foi implementado, permitindo que os europeus trabalhassem livremente, especialmente no cultivo do café, e fossem remunerados com parte da produção. Ademais, a partir da década de 1870, a entrada de trabalhadores europeus no Brasil passou a ser oficialmente organizada pelo governo, o império propagandeava as oportunidades de trabalho existentes no Brasil. Além disso, a entrada de imigrantes no Brasil integrava um ambicioso projeto de engenharia social dos intelectuais dessa época. Tomando a Europa como um grande modelo a ser copiado, muitos pensadores e políticos acreditavam que a imigração abriria portas para o gradual “branqueamento” da população brasileira. Nesse sentido, projetava-se a expectativa racista de diminuir a “negativa” presença de negros e mulatos na formação do povo brasileiro. Visto que, o sistema escravista foi superado através de um incompleto processo de abolição, que não procurou estabelecer um projeto de inserção social e econômica aos egressos do cativeiro na nova ordem que se estabeleceu após 13 de maio de 1888. E uma das razões centrais para esse abandono dos negros após a superação da escravidão foi o pensamento racialista. Sendo assim, é importante destacar que os mecanismos ideológicos foram utilizados para desqualificar a população preta e manter os lugares de poder sociais atrelados a imagem e estereótipo do branco, mantendo as relações sociais em um caráter ideológico arraigado a mentalidade coletiva. ESTRUTURA SOCIAL nalisando a sociedade em épocas do reinado de D. Pedro II, percebemos o grande aumento populacional ocorrido no país. Inicialmente é preciso destacar que somente dois censos foram realizados nos períodos entre 1872 e 1890. Em 1872 percebemos um aumento para o número de 9,93 milhões de habitantes, enquanto mais a frente a população sofre um avanço ainda maior, para 14,333 milhões em 1890. Minas A https://www.stoodi.com.br/blog/2016/09/28/4-leis-abolicionistas-que-podem-cair-no-vestibular/ https://www.stoodi.com.br/blog/2016/09/28/4-leis-abolicionistas-que-podem-cair-no-vestibular/ 8 gerais, durante o primeiro censo era tida como a província mais populosa, seguida da Bahia, Pernambuco e São Paulo. A população era composta principalmente por brancos, que representavam cerca de 38%, negros 20% e mulatos 42%. A população de brancos mostrou um crescimento em relação a anos anteriores e isso ocorreu devido a chegada de emigrantes europeus entre os anos de 1846 a 1875, sendo metade deles de origem portuguesa. É preciso destacar que os níveis de analfabetismo eram altíssimas, sendo só a população escravizada cerca de 99% analfabeta. Entre a população branca o número era um menor, sendo uma taxa de 80%. Nesse período calcula-se que em média 8 mil pessoas tinham educação superior no Brasil, o que criava uma grande separação entre a população pobre e a elite, que havia se educado em Portugal. Visto que, 80% de toda a população brasileira ainda estava empregada no setor agrícola, enquanto 13% no setor de serviços e 7% na indústria. A necessidade de mão-de-obra levou a presença de um outro grupo na sociedade brasileira da época: os imigrantes. Nesse momento havia no império um preconceito racial extremamente enraizado e que impossilibilitava, entre outros fatores, a ocupação do trabalhador escravizado nos postos de trabalho que foram cheios por emigrantes. Inicialmente alguns alemães e suíços vieram para trabalhar nas fazendas de Nicolau Vergueiro, ex-regente, no oeste paulista para a colheita de café. Esses trabalhadores ficavam com parte da produção e a outra parte era entregue para o proprietário da terra. Só a partir de 1871 é que vai ocorrer um grande impulso para emigração, principalmente já que coincide com a aprovação da lei de ventre livre. Havia nesse momento a autorização do governo de São Paulo usar do dinheiro público para fazer empréstimos aos fazendeiros da região, podendo assim introduzir esses trabalhadores nas fazendas. Muitas revoltas populares surgiam, principalmente em resposta ao poder do Estado que estava sendo estendido a todas as camadas da população. Um dos motivos dessas agitações pode ser notada como a lei de 1874, que forçava homens entre 19 e 30 anos a servirem, uma vez que a guerra havia criado uma necessidade no exército. Em mais de 8 províncias houveram reações contra essa decisão, com grupos de pessoas invadindo igrejas e rasgando as listas onde estavam os nomes daqueles designados a servirem. Mesmo o alistamento servindo para homens, em muitos casos eram mulheres que partiam para os ataques, visto que defendiam filhos e maridos. 9 (Imigrantes europeus em São Paulo, Fotografia de Guilherme Gaensly (1843-1928) EXERCÍCIOS 1) (UNESP) – A expansão da economia do café , na segunda metade do século XIX, e a grande imigração para a lavoura de café trouxeram modificações na história do Brasil, como: (adaptado) a) o fortalecimento da economia de subsistência e a manutenção da escravidão. b) a diversificação econômica e o avanço do processo de urbanização. c) a divisão dos latifúndios no Vale do Paraíba e a crise da economia paulista. d) o fim da república oligárquica e o crescimento do movimento camponês. e) a adoção do sufrágio universal nas eleições federais e a centralização do poder. 2) (FESP) Qual alternativa que não contém uma característica referente ao período do Segundo Reinado (1845 – 1889): (adaptado) a) fim do tráfico negreiro; b) elaboração da primeira Constituição brasileira; c) domínio do café no quadro das exportações brasileiras; 3) (FUVEST) – A imigração européia para o Brasil foi um processo ligado: (adaptado) a) a uma política oficial e deliberada de povoamento, desejosa de fixar contingentes brancos em áreas estratégicas e atender grupos de proprietários na obtenção de mão de obra. https://www.unesp.br/ https://www.fuvest.br/ 10 b) a uma política organizada pelos abolicionistas para substituir paulatinamente a mão de obra escrava das regiões cafeeiras e evitar a escravização em novas áreas de povoamento no sul do país. c) às políticas militares, estabelecidas desde D. João VI, para a ocupação das fronteiras do sul e para a constituição de propriedades de criação de gado destinadas à exportação de charque. d) à política do partido liberal para atrair novos grupos europeus para as áreas agrícolas e implantar um meio alternativo de produção, baseado em minifúndios. e) à política oficial de povoamento baseada nos contratos de parceria como forma de estabelecer mão de obra assalariada nas áreas de agricultura de subsistência e de exportação. 4) Com base no que foi abordado no capítulo, qual a motivação para introdução da mão de obra imigrante na economia brasileira? RESPOSTAS: 1) b 2) b 3) a 4) Resposta esperada : Entre os fatores que levaram a migração de europeus para o Brasil durante o Segundo reinado, pode ser citado as pressões inglesas para a extinção do tráfico de negros escravizados. Além disso, desde o primeiro reinado já existiam tendências a um pensamento racista que visava o embranquecimento da população. A chegada desses imigrantes, segundo pensavam muitos, diminuiria a predominância de negros na sociedade brasileira. 11 BIBLIOGRAFIA FAUSTO, Boris. História do Brasil - 12 edição, São Paulo, Edusp, 2006 SILVA, Daniel Neves. Segundo Reinado (1840-1889). História do Mundo. 2018. Disponível em:< https://www.historiadomundo.com.br/idadeContempora nea/segundo- reinado-1840-1889.htm>. Acesso em: 31 Maio 2021 JACINO, Ramatis. O negro no mercado de trabalho em São Paulo pós-Abolição – 1912/1920. Tese de Doutorado apresentada ao programa de Pós-Graduação em História Econômica da FFLCH/USP. São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-11042013-093449/pt-br.php.Acessado em: 31 Maio 2021 SANTOS, Renan Rosa. As políticas de branqueamento (1888-1920): uma refle-xão sobre o racismo estrutural brasileiro.Por dentro da África.2019.Disponível em:< http://www.pordentrodaafrica.com/educacao/as-politicas-de-branquea mento-1888- 1920-uma-reflexao-sobre-o-racismo-estrutural-brasileiro>. Acesso em: 31 Maio 2021 Os 12 melhores exercícios sobre segundo reinado Beduka.2019.Disponível em https://beduka.com/blog/exercicios/historia-exercicios/exercicios-sobre-segundo- reinado/ >. Acesso em: 10 Jun 2021 https://www.historiadomundo.com.br/idadeContempora%20nea/segundo-reinado-1840-1889.htm https://www.historiadomundo.com.br/idadeContempora%20nea/segundo-reinado-1840-1889.htm https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-11042013-093449/pt-br.php http://www.pordentrodaafrica.com/educacao/as-politicas-de-branquea 12
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