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ABORDAGEM À MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL terça-feira, 6 de julho de 2021 07:54 • Violência contra a mulher é um problema de saúde pública global. OMS estima que 35% da população mundial de mulheres já experimentou violência física e/ou sexual por parceiros ou desconhecidos. → Violência por desconhecidos é só de 7% • Existem agravos a curto, médio e longo prazo → Imediatos: gravidez indesejada, DSTs → Danos emocionais: primeiros dias após - estresse pós-traumático, drogas/álcool, depressão/insônia, baixa autoestima → Práticas sexuais de risco: médio a longo prazo - início precoce de vida sexual ativa, múltiplos parceiros, relações desprotegidas e mercado sexo pago → Distúrbios ginecológicos: médio a longo prazo - dor pélvica crônica, anorgasmia, perda da libido e vaginismo • Direitos sexuais e reprodutivos estão previstos em Tratados e Convenções internacionais aos quais o Brasil aderiu - obrigatoriedade do Estado • Em 1998, foi lançada a norma técnica do MS "Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes" - foi reeditada até 2012 • Política pública na área de saúde no Brasil: atendimento de emergência (até 72 horas), atendimento ambulatorial (até 6 meses) e aborto legal ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA • Necessidades básicas no atendimento de emergência até 72 horas: evitar que a mulher engravide, evitar que contraia IST, apoio psicológico, assistência social e orientação legal • Anamnese e exame físico. Mulheres devem ser atendidas rapidamente fora do PS. No EF, descrição e topografia das lesões - marcar as lesões, deve servir para laudo pericial. Exame ginecológico também é realizado para observar lesões, lacerações, colher secreção de superfície vaginal e anal para manter prova de material biológico (deverá ficar guardado no hospital) • Pílula de anticoncepção de emergência utilizada é a de levonorgestrel 1,5mg, é um progestágeno puro. Modo de ação é retardar a ovulação, dificultando o encontro dos gametas. Não há contraindicações. → De 100 mulheres com única relação desprotegida durante o ciclo menstrual: se não realizar AE 8 engravidam, se fazem AE 1 engravida → Efetividade: 1-5 dias - eficácia maior quanto mais precoce a administração - em até 12 hrs 95%, até 72 hrs 75% e até 5º dia 50% • Probabilidade de infecção pelo HIV após exposição única: percutânea 0,4%, penetração vaginal 0,1-0,2% e penetração anal 0,1-3% - como na violência penetração geralmente é agressiva, risco é maior → Exposição com risco de transmissão do HIV: sangue, sêmen e fluídos vaginais • Critérios para indicação da profilaxia pós exposição sexual ao (HIV): indicada quando violência sexual declarada pela vítima com penetração vaginal e/ou anal desprotegida e com ejaculação, sofrida a menos de 72 horas → Contraindicação: vítima declara sexo consensual (se <14 anos, verificar se está acuada - considera sempre como agressão), uso de preservativo durante toda a agressão, agressor sabidamente HIV negativo, violência sofrida a mais de 72 horas e abuso crônico sofrido pelo mesmo agressor → Duração da PEP é de 28 dias - TDF (tenofovir) + 3TC (lamivudina) + DTG (dolutegravir) • Profilaxia de hepatite B: imunoglobulina + 1 dose vacinal - essa deve ser feita para mulheres não imunizadas ou que desconhecem seu status vacinal, devem completar esquema posteriormente com 1 e 6 meses → Mulheres abaixo de 30 anos em geral já foram vacinadas → Mulheres com esquema vacinal incompleto devem completar as doses recomendadas • Tratamento para IST - no momento da emergência, trata-se sífilis, gonorreia e clamídia → Sífilis: penicilina G benzatina - 2.400.000 → Gonorreia: ceftriaxona - 500mg IM, dose única → C. trachomatis: azitromicina - 1g, VO dose única → Tricomoníase: metronidazol - 2g VO, dose única • Primeiro atendimento: clearance de creatinina (creatinina e ureia), ALT, AST, amilase, glicemia (se DM), hemograma (quando uso de AZT) e teste de HIV • Atendimento de emergência até 5º dia: anticoncepção de emergência. Tratamento de profilaxia contra ISTs bacterianas e virais só ocorre até as 72 horas ATENDIMENTO AMBULATORIAL • Deve ter um seguimento ambulatorial por até 6 meses. D0 é o dia da violência sofrida, primeiro retorno ambulatorial é 15 dias após • 2ª semana após início da PEP: creatinina, ureia, ALT, AST, amilase, glicemia (se DM) e hemograma (se em uso de AZT) • 4ª e 12ª semana após início da PEP: teste de HIV • Sorologias de HIV, sífilis, hepatite B e C são coletadas em D45-D90-D180 • Atendimento médico com retornos D15-D45-D90-D180 • Quanto à saúde mental, retornos devem ser particularizados conforme necessidade - 80% das mulheres mostraram "recuperação" psicológica após os 6 meses de acompanhamento ambulatorial ATENDIMENTO AO ABORTO LEGAL • Apesar de ser legal, nem todas as cidades têm um serviço estabelecido que realiza esse procedimento • Aborto no brasil é um crime contra a vida, Código Penal Brasileiro, prevê pena de detenção de 1 a 10 anos. Não se pune nos casos de risco de vida materna, gravidez resulta de estupro ou incesto, anencefalia (2012) • Atendimento às solicitações de interrupção legal da gestação decorrente de violência sexual: acolhimento pelo serviço social, a mulher é ouvida pela equipe sobre a situação de violência, mulher é informada sobre suas opções, realizar US obstétrico, exame clínico e obstétrico, avaliação da psiquiatria → Informada sobre suas opções: (1) interrupção legal, (2) seguimento da gestação com apoio multidisciplinar e após o parto definir sobre doação da criança e (3) assumir a gestação • Lei exige que gestação esteja associada a violência sofrida - tem que ter compatibilidade de datas. Existe uma comissão de avaliação de solicitações de interrupções legais. Se cumpre critérios da lei, é aprovada. Em geral, é negada quando IG é superior a 20 semanas → Termo de relato consubstanciado, termo de responsabilidade, parecer médico, termo de aprovação pela comissão de avaliação de solicitações IL e termo de consentimento livre e esclarecido • Solicitações de interrupção legal no CAISM: 60% interromperam, 18,8% equipe contraindicou, 10% assumiram gestação e 11% não continuaram avaliação • Decisão pela interrupção legal: impossibilidade de justificar a paternidade, impossibilidade de amar, lembrança viva do evento • Titularidade de direitos: implementação desses direitos por políticas públicas - acesso à informação, meios e recursos disponíveis e acessíveis, elevado padrão de saúde reprodutiva e sexual, cesso ao progresso científico e à educação sexual → Correspondência entre esses direitos e os costumes, valores e comportamentos sociais
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