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Didáticas Assimétricas Como transformar ensino em aprendizagem Paulo Tomazinho 2020 Ficha Catalográfica Bibliotecária Responsável: Amazon KDP M593 Didática Assimétrica: Como Transformar Ensino em Aprendizagem / Paulo Henrique Tomazinho - Curitiba: Meta Aprendizagem, 2020. 33 p. ISBN 9798561220890 1. Educação. 2. Didática. 3 Didática Assimétrica. 4. Metodologias Ativas. I. Tomazinho, Paulo Henrique. II Meta Aprendizagem. III. Amazon KDP. III. Título. (21 ed) CDD: 378 Sumário Apresentação Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no início das aulas Quiz de Verdadeiro ou Falso Pergunta de Opinião Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no meio das aulas Pergunta Aberta Projeção Futura Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no fim das aulas Comentário Síntese Uma Palavra ou Hashtag Próximos Passos Convite Apresentação Neste ebook você aprenderá seis estratégias didáticas assimétricas para transformar ensino em aprendizagem. Estratégias Didáticas Assimétricas são estratégias de ensino-aprendizagem no qual o ganho de aprendizagem é desproporcional ao tempo investido no ensino. Costumo dizer - e às vezes sou mal interpretado por isso - que ensino nem sempre significa aprendizagem. Para minha sorte é muito fácil provar essa tese. É possível provar até mesmo com dados públicos e oficiais. Basta pegarmos o resultado em matemática dos alunos do 9o ano do Ensino Fundamental avaliados pelo Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB, 2019). Lá, vemos que apenas 2% dos alunos que estão no 9o ano tem proficiência em matemática. A pergunta que não quer calar: E os outros 98% não tiveram aula de matemática? Não fizeram provas de matemática para passar de ano na sua vida estudantil até chegar ao 9o ano? Não foi ensinado matemática para eles? Para todas as perguntas a resposta é sim. Sim! Todos eles tiveram aulas de matemática. Sim! Todos eles passaram nas provas de matemática, desde o primeiro ano do ensino fundamental II, fizeram pelo menos dezesseis provas bimestrais de matemática para chegar ao 9o ano. E sim! todos esses alunos tiveram ENSINO de matemática, mas não APRENDERAM matemática. Pense em qualquer outra disciplina, em qualquer nível de ensino. Infelizmente o resultado provavelmente será muito semelhante. O Brasil é um país que ensina muito, mas os alunos aprendem pouco. O resultado está aí… Números alarmantes de analfabetismos funcionais, baixíssima eficiência laboral, corrupção, apagão de talentos. Antes de qualquer outra coisa, precisamos urgentemente transformar ensino em aprendizagem. Não adianta investimento, não adianta tecnologia, não adianta acelerar algo que intrinsecamente está errado. Neste ebook, proponho seis estratégias muito simples, muito fáceis e rápidas de aplicar, mas que posso garantir que funcionam, que promovem ganho de aprendizagem significativo para os alunos. Desenvolvi essas estratégias por desespero. Chegou um momento na minha vida de professor que não conseguia dormir direito. Algo me tirava o sono. Tirava-me o sono o fato de meus alunos gostarem de minhas aulas, tirarem boas notas, mas um tempo depois das provas - poucas semanas - quando conversava com eles pelos corredores ou cantina da universidade percebia que eles não tinham aprendido aquilo que estudaram no bimestre, e pasmem, fizeram prova há poucos dias e muitos ainda tinham conseguido um resultado bom, ou seja, notas altas. Conversando com esses alunos, trocando ideias com colegas professores, de forma empírica descobri que esses alunos estudam na véspera da prova, com o único objetivo de memorizar fatos e conceitos, para conseguirem responder às questões das provas, tirar nota, conseguir média, passar de ano e deixar pais e mães felizes. Aqueles meus alunos, e talvez os seus aí também, não estudavam para aprender. Estudavam para tirar nota. Nota é o grande objetivo educacional deles. Uma vez que conseguiam a nota, não havia mais motivação extrínseca nem intrínseca para aprender. E isso me incomodava profundamente. De verdade perdia noites de sono por isso. Eu enquanto professor, tinha a obrigação moral de ao menos tentar fazer alguma coisa para mudar essa situação. Comecei a estudar didática para tentar melhorar minhas aulas. Acontecia que eles gostavam ainda mais das aulas, tiravam boas notas, mas ainda não aprendiam. Comecei a perceber que a solução não estava no ensino, mas na aprendizagem. Mergulhei nas teorias educacionais da aprendizagem, estudei psicologia social, psicologia comportamental, psicologia positiva, gestalt, programação neurolinguística, neurociências, influência, persuasão, fiz um doutorado em Educação no Chile na tentativa de buscar resposta. Mas principalmente: comecei a experimentar. Como tinha quatro turmas da mesma disciplina, comecei a ensinar os mesmos conteúdos de forma diferente, mudava o método, experimentava novas tecnologias e novas estratégias. Anotava tudo para poder avaliar qual estratégia tinha mais impacto na aprendizagem dos alunos, não na nota. E descobri coisas muito interessantes. Descobri estratégias didáticas muito simples, fáceis e rápidas de aplicar em qualquer aula, que resulta numa aprendizagem significativa e duradoura. Durante quase uma década fui aperfeiçoando, lapidando, sistematizando e experimentando novas estratégias. Chamo estes conhecimentos de Estratégias Didáticas Assimétricas, porque são ações nas quais o ganho de aprendizagem é desproporcional ao tempo investido no ensino. São estratégias capazes de realmente transformar ensino em aprendizagem. Uma vez que essas estratégias estavam funcionando para mim, era hora de descobrir se elas funcionavam em outros contextos, outros professores, outros níveis de ensino, e recentemente até descobrir se elas também funcionam no ensino remoto síncrono e assíncrono. E para minha felicidade, e esperança, posso afirmar que elas funcionam. Não só eu, mas centenas de professores que aprendem e utilizam as estratégias didáticas assimétricas rotineiramente em suas aulas conseguem transformar ensino em aprendizagem. E é exatamente isso que quero compartilhar com você neste ebook. Estratégias simples, rápidas e fáceis de usar, desenvolvidas com embasamento teórico, científico e levando em consideração as neurociências da aprendizagem para transformar ensino em aprendizagem. Neste ebook você aprenderá duas estratégias para usar no início das aulas, duas estratégias para usar no meio das aulas, e duas estratégias para usar no fim das aulas. No fim, se fizer sentido para você vou lhe fazer um convite para me ajudar a espalhar essas estratégias, e talvez nossos filhos e netos poderão contar outra história sobre esse país que tanto amamos. Boa leitura. Encontro você nas próximas páginas. Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no início das aulas Você vai conhecer duas estratégias para serem utilizadas no início das aulas. Quiz de Verdadeiro ou Falso e Pergunta de Opinião.Quiz de Verdadeiro ou Falso Quiz é uma sequência de perguntas. Imagine começar uma aula com quatro ou cinco perguntas de verdadeiro ou falso sobre o assunto que você ainda vai desenvolver em aula. Uma pergunta de verdadeiro ou falso é tão simples quanto apresentar uma afirmação e perguntar se aquela afirmativa é verdadeira ou falsa. Peça para seus alunos responderem anotando num pedaço de papel, no caderno ou mesmo no chat do ambiente virtual de aprendizagem. Essa estratégia didática assimétrica funciona porque força os alunos a tomarem uma decisão. Eles precisam decidir se a afirmativa é verdadeira ou falsa. E mesmo, muitas vezes, sendo uma decisão muito simples, a nível neural acontece uma hiperativação. Assim que o aluno precisa decidir se aquela afirmação é verdadeira ou falsa, uma série de caminhos sinápticos são ativados na tentativa de fazer o maior número de associações possíveis com memórias ou conhecimentos prévios que possa ter alguma relação, ou causa e efeito, com a decisão que o aluno tem que tomar. E tudo isso acontece em milissegundos. Todo o cérebro é ativado, e áreas de memórias e conhecimentos prévios são resgatados. Basicamente essa simples estratégica consegue preparar o cérebro para aprender, por justamente reviver essas memórias e torná-las mais acessíveis e disponíveis a novas associações, que poderão ser criadas com a apresentação dos novos conteúdos da aula. É muito fácil usar essa estratégia. Uma vez que você, professor, já tenha sua aula montada, por exemplo, um roteiro ou sequência de slides. Olhe para todo o conteúdo dessa aula, e se pergunte: ● Quais são os quatro ou cinco pontos mais importantes dessa aula? ● O que dessa aula é essencial o aluno saber? Eu chamo isso de refrão da aula. Da mesma forma como primeiro guardamos o refrão de uma música para só depois aprendermos a cantar toda a música, eu penso o mesmo nas aulas. O que meu aluno, minimamente, tem que saber sobre esse conteúdo. Uma vez decidido quais são esses quatro ou cinco tópicos fundamentais, transforme esses tópicos em afirmativas. Utilize um editor de slides e escreva essa afirmativa nos slides. Abaixo dessa frase, crie duas caixas de texto. Numa digite “verdadeiro” e na outra “falso”. Duplique esses slides e destaque a resposta correta. Você pode fazer isso apenas preenchendo o fundo da caixa de texto com uma cor, por exemplo verde. Você pode usar o quiz no início da aula para ganhar a atenção e criar interesse dos alunos pelo assunto que ainda será trabalhado futuramente. Planeje apenas um ou dois minutos para realizar essa atividade. Quatro a cinco perguntas é um número ideal. Eu já testei com duas e até dez perguntas. Com duas perguntas não dá tempo de engajar os alunos, e oito ou mais fica chato, maçante. Seja rápido, isso significa que você deve dar muito pouco tempo para os alunos responderem. No início 20 a 30 segundos no máximo, e conforme à turma for acostumando a participar dos quizzes nos inícios das aulas, você pode reduzir esse tempo para 10 segundos. Acredite. Funciona assim: Mostre a pergunta, leia em voz alta a afirmativa, pergunte se é verdadeiro ou falso, espere 10 segundos e apresente a resposta, passando para o próximo slide que revela a resposta. Revelar a resposta rapidamente é fundamental, pois serve como um feedback imediato de acerto ou erro para o aluno. Você pode esperar uma turma toda atenta, interessada e engajada usando a estratégia de quiz de verdadeiro ou falso no início da aula. Essa estratégia é poderosa porque força os alunos a ativarem seus neurônios e deixarem seus cérebros prontos para aprender. Isso acontece porque que eles têm que fazer muitas associações e pensar nas causas e efeitos para tomar uma decisão se a resposta é verdadeira ou falsa. E ainda, quanto recebem o feedback imediato, uma outra coisa maravilhosa acontece, não importa se o aluno acertou ou errou. Se acertou, ele sente um micro prazer por ter acertado e esse micro prazer libera dopamina, um hormônio ligado às emoções, que torna essa experiência memorável e registra esse momento na memória biográfica do aluno. Isso significa que ele lembrará desse momento, e consequentemente do assunto por muito mais tempo. Mas uma coisa ainda mais incrível acontece quando o aluno percebe que errou ao receber o feedback imediato. Neste caso pode acontecer duas coisas: 1. Imediatamente reconhecer o porquê errou e reeditar seu cérebro com o novo conhecimento ou 2. não conseguir entender porque errou e ter que esperar a explicação do professor. Ao receber o feedback com a resposta certa, o aluno consegue refletir sobre o porquê errou, que informações e memórias erradas ou incompletas tinha armazenadas em seu cérebro, e conhecendo a resposta correta, agora tem a capacidade de editá-las, ressignificá-las, completá-las ou substituí-las por uma nova informação correta ou mais completa. E isso é a própria definição de aprendizagem, que quando acontece dessa forma é também muito prazeroso para o cérebro, que libera muita dopamina, e como já vimos, a dopamina nas sinapses dos neurônios dopaminérgicos faz com que os alunos guardem os momentos por muito mais tempo e consequentemente as informações de aprendizagem associadas àquele momento. Mas você pode me perguntar. Ok, Paulo! Mas e se o aluno não teve capacidade de aprender sozinho com o feedback imediato? Aqui está à beleza dessa estratégia para início de aula. Se o aluno não teve capacidade de reeditar, ressignificar, completar ou substituir uma informação esse processo fica ativo na mente desse aluno. Cria um gap, e a mente humana odeia gaps. Gaps são espaços em branco sem respostas, sem associação. Gosto de definir à mente humana como uma máquina de associação. Nossa mente adora coisas completas, respostas lógicas, e é por isso que quando não temos todas as respostas, tentamos encontrar uma explicação, uma associação que nos satisfaça e nos acalme. Então voltando! Quando o aluno recebe o feedback imediato e ele sozinho não conseguiu chegar a uma resposta lógica, que o convencesse, um Gap de informação fica aberto na mente desse aluno. E, durante a aula, quando o professor explica aquele assunto, o aluno estará muito mais atento e interessado, porque ele sabe que não tem aquele informação ainda, e fica intrinsecamente motivado a entender, compreender e aprender, para fechar aquele gap aberto lá no início da aula durante o quiz de verdadeiro e falso. Como podem perceber, iniciar um quiz de verdadeiro e falso é uma poderosa estratégia didática. Considero uma estratégia didática assimétrica porque ela pode ser realizada num intervalo de tempo muito pequeno, mas produz um grande impacto no ganho de aprendizagem dos alunos. É poderosa porque não importa se o aluno acerta ou erra o quiz, ele aprende muito com isso, imediatamente e sozinho, ou no transcorrer da aula com a ajuda e explicação do professor. Pergunta de Opinião Outra excelente forma de iniciar uma aula, e preparar o cérebro do aluno para aprenderé fazer uma pergunta pedindo a opinião dele sobre um dilema. Um dilema, de forma simples e pragmática neste livro será definido como uma pergunta que não tem apenas uma resposta certa. São exemplos de dilema: Qual sua orientação política? Qual sua religião? Que time de futebol torce? Perceba que cada indivíduo pode ter a sua resposta correta dependendo do seu sistema particular de crença. Para iniciar uma aula com um dilema, comece a aula perguntando a opinião dos alunos sobre um tema relacionado ao seu conteúdo. Da mesma forma que no quiz, para responder o aluno terá que tomar uma decisão. Para tomar uma decisão, necessariamente este aluno, mentalmente, terá que considerar várias opções de respostas, associando a sua resposta às informações e conhecimentos previamente armazenados na sua mente. Considerará ainda as causas e efeitos de cada resposta. Levará em conta seu sistema de crenças e seus valores e até o contexto do ambiente e das pessoas que escutará sua resposta. Esse processo, embora possa acontecer em uma fração de segundos ou poucos segundos, ativa simultaneamente várias áreas cerebrais, revivendo memórias, ativando emoções, e como gosto de dizer acordando o cérebro e ativando as sinapses, e deixando o cérebro pronto para aprender. Você deve usar a estratégia de perguntar a opinião dos alunos para responder a um dilema, preferencialmente no início das aulas. Mas essa é uma estratégia que também pode ser útil para o meio da aula, especialmente quando vai iniciar um novo bloco de conteúdo. Para utilizar essa estratégia você deve pensar num dilema que tenha relação com seu conteúdo ou sua aula. Assegure que tenha pelo menos duas respostas possíveis. Pergunte a opinião dos alunos e peça para eles responderem de forma individual, neste momento pode solicitar que eles registrem suas respostas no caderno ou no chat do ambiente virtual de aprendizagem. Uma vez que registraram suas respostas você pode pedir para eles refletirem sobre o porquê responderam dessa forma, o que pensaram, o que consideraram, se existe a possibilidade de outra resposta. Isso ajuda a desenvolver a metacognição dos alunos, mas principalmente permite agora, se houver tempo e se for seu desejo, promover um debate sobre os diferentes pontos de vista e respostas da turma. Assegure que não tem resposta certa ou errada, e a importância de respeitar a resposta, e consequentemente o sistema de crença de cada colega. Você pode esperar um grande engajamento dos alunos usando esta técnica. Dependendo da pergunta e de como foi conduzida a estratégia os alunos podem ficar excitados em defenderem seus pontos de vista. É uma estratégia para ser usada entre um a três minutos no início da aula, certifique-se para não estender muito o debate para não prejudicar seu tempo de aula. Lembre-se, o objetivo dessa estratégia é apenas ativar o cérebro para facilitar a associação de novas informações e ajudar a promover a aprendizagem de seu conteúdo. Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no meio das aulas Nesta seção você aprenderá outras duas estratégias didáticas que podem ser utilizadas no transcorrer das aulas. Pergunta aberta e Projeção Futura Pergunta Aberta Pergunta aberta é uma excelente estratégia de ensino baseado em recuperação. A teoria por trás do ensino baseado em recuperação diz que quanto mais vezes e mais esforço alguém faz para lembrar algo, esse algo será lembrado por mais tempo. Assim, o professor pode fazer perguntas abertas durante a aula para forçar os alunos a recuperar informações já trabalhadas. A ideia é, quanto mais vezes o aluno tem que recuperar essas informações armazenadas em sua memória, mais ativo, rápido e acessível fica esse caminho neural, em outras palavras, mais fácil fica lembrar desses conceitos. Eu recomendo usar perguntas abertas para fechar um bloco de conteúdo ou mudança de tópico durante a aula. Imagine que você tenha planejado explicar quatro tópicos de um determinado conteúdo numa aula de cinquenta minutos. Idealmente você começou a aula com uma estratégia didática assimétrica para início de aula, gastou um ou dois minutos para isso. Usou mais dez minutos para explicar o primeiro tópico, e antes de avançar para o segundo tópico, minha recomendação é que faça uma ou duas perguntas abertas sobre o tópico recém trabalhado. Dessa forma o aluno terá mais que a oportunidade de rever mais uma vez a parte mais importante daquele pedaço do conteúdo, terá a oportunidade de se testar, e avaliar se conseguiu entender e, principalmente, armazenar essa informação em seu cérebro. Ao fazer isso, estará reforçando o caminho neural que facilitará encontrar e recuperar essa informação no futuro. Faça uma ou no máximo duas perguntas abertas por bloco de conteúdo. Acredite já é o bastante, mais que isso fica chato para o aluno e não aumentará o ganho de aprendizagem do aluno. Você pode esperar que boa parte da turma participe. É natural que alguns alunos sejam mais tímidos e tenham receio de falar em público. A beleza dessa técnica é que ela funciona mesmo para alunos mais tímidos, porque só o ato de pensar na resposta já é capaz de reforçar as sinapses nos caminhos neurais, e mesmo os alunos mais tímidos se beneficiarão desta técnica apenas por pensar, considerar a possível resposta e principalmente por observar a resposta dos colegas, que servem como feedback imediato. E já vimos todo o poder dos feedbacks imediatos, não importando se o aluno acertou ou errou a resposta. Dessa forma, fazer perguntas abertas no meio da aula é uma excelente estratégia didática que consegue promover ganho de aprendizagem para qualquer tipo de aluno. Projeção Futura A estratégia de projeção futura consiste em pedir para os alunos imaginarem usando os conceitos ou técnicas que você acabou de ensinar. Nossa mente não diferencia realidade de ilusão. Se você está tomando um sorvete de verdade ou apenas imaginando tomando um sorvete num dia de calor, para a mente é a mesma coisa. Principalmente se você realmente consegue visualizar essa cena com o máximo de detalhes possíveis. Imagine sentado numa sobra de um coqueiro, com um lindo mar azul a sua frente, uma brisa fresca vindo do mar bate no seu rosto no ritmo da arrebentação das ondas, você consegue sentir seu cabelo mexendo com o vento, um leve perfume característico do mar chega até seu nariz, você deseja fechar os olhos para sentir esse momento de paz e enquanto está de olhos fechados lembra de sua infância na praia com sua família, e você consegue até sentir o sabor de um picolé de groselha que seu tio uma vez comprou de um sorveteiro que passava gritando: Olha o sooooorvete! Se você realmente conseguiu fazer essa visualização e se entregou a ela, provavelmente conseguiu ver e sentir que estava na praia. Pode ser que não exatamente como escrevi, mas posso apostar que sua mente buscou suas próprias memórias afetivas da sua infância. Sabendo disso, e do poder da visualização para criar ou reforçarmemórias, se você pedir, quando julgar apropriado, para seus alunos fazerem projeções futuras usando o que você tem ensinado a eles, certamente estará ajudando esses alunos a registrarem experiências nas suas memórias biográficas. E quanto mais ricas em detalhes, mais vivas, com inserção de sentimentos essas projeções futuras tiverem, por mais tempo esses alunos lembrarão dessa experiência de aprendizagem. Você deverá usar a estratégia de projeção futura no meio da aula, quando julgar que seja adequado ou apropriado para pedir para os alunos visualizarem o uso dos conceitos ou técnicas trabalhados. É uma técnica rápida. Um ou dois minutos já são suficientes para aplicá-la. Eu recomendo que peça para os alunos sentarem de forma confortável, peça para fecharem os olhos, respirar profundamente três vezes para acalmar a mente, e conduza a visualização deles com uma voz calma e serena, como uma meditação guiada. Você se surpreenderá com os resultados. Você pode esperar uma participação em massa dos alunos. Eles gostam dessas atividades não convencionais, e por ser diferente atrai a atenção, o interesse e o desejo em realizar a atividade. Projeção futura é uma estratégia que funciona logo da primeira vez. E se planejado antecipadamente, você poderá ainda propor que os alunos compartilhem suas visualizações com seus colegas e conversam ou discutem sobre a experiência. Estratégias Didáticas Assimétricas para usar no fim das aulas Nesta última seção, você aprenderá duas fantásticas estratégias para usar no fim das aulas Comentário Síntese e Uma Palavra Comentário Síntese Comentário síntese é uma poderosa estratégia didática para finalizar uma aula. É muito fácil, muito rápido de usar e somente esta estratégia, se usada rotineiramente, promove um ganho de aprendizagem significativo nos alunos. A estratégica basicamente consiste em pedir aos alunos que façam um comentário que sintetiza o que de mais importante aprenderam na aula. Funciona tão bem porque para o aluno fazer um comentário ele terá que relembrar de todos os pontos importantes da aula. Para isso necessariamente vai voltar a percorrer os caminhos neurais para recuperar as informações recém guardadas. Lembre-se que na teoria do ensino baseado em recuperação, quanto mais vezes e mais difícil for lembrar algo, por mais tempo essa memória ficará acessível na mente. E é exatamente isso que explica a utilidade da estratégia didática do comentário síntese no fim da aula. Essa estratégia deve ser usada de forma rotineira. Idealmente o professor deverá instalar o hábito nos alunos de terminar todas as aulas fazendo um comentário síntese. A instalação desta rotina na sala de aula é positiva não somente pelo comentário síntese em si, de cada aluno, mas principalmente pelo processo de fazê-lo. Sem contar que se esses comentários individuais forem reunidos, tem-se um rico material de estudo e revisão produzido pelos próprios pares, com visões e entendimentos únicos de cada aluno. Uma verdadeira comunidade de aprendizagem pode surgir neste processo, e desenvolver habilidades de trabalho em equipe, colaborações, protagonismo, autoria dos alunos. O professor pode esperar uma participação ativa em estratégias como esta, pois geralmente os alunos percebem o valor e utilidade de trabalhar em atividades assim, porque facilita o processo de estudo e consequentemente impacta diretamente na aprendizagem desses alunos e com grande potencial de refletir no aumento substancial das notas nas avaliações somativas bimestrais. Uma Palavra ou Hashtag Esta é uma estratégia didática alternativa para finalizar uma aula. Basicamente consiste em pedir para os alunos nomearem a aula com uma palavra ou definirem uma hashtag que representa a aula. A estratégia foi desenvolvida observando um comportamento bastante comum a qualquer usuário de computador. Imagine uma pessoa fazendo uma pesquisa sobre qualquer assunto e copiando arquivos, imagens, vídeos e links na área de trabalho do computador. Após um tempo essa área de trabalho estará repleta de arquivos, e é muito normal o usuário criar uma pasta e copiar todos esses arquivos para uma pasta. Para identificar a pasta é atribuído um nome a ela. Talvez o que vou narrar agora já até tenha acontecido com você. Por um acaso, ao navegar no seu computador, pendrive, hd, google drive ou qualquer outro meio de armazenamento de arquivos, você já deve ter encontrado pastas que criou há muito tempo? Certamente que sim. Conte-me uma coisa. Só de ler o nome da pasta você provavelmente já tenha lembrado de vários artigos e conteúdos que você colocou dentro daquela pasta. Não é mesmo? Isso já aconteceu com você? Não lembrará de todo conteudo da pasta, naturalmente. Mas certamente uma quantidade substancial de informação foi reativada na sua memória apenas por ler o nome da pasta e seu cérebro começa, muitas vezes involuntariamente. É natural associarmos o nome daquela pasta ao momento e ao conteúdo de quando ela foi criada ou editada. Isso acontece com você? Então a estratégia de uma palavra ou hashtag faz exatamente isso. Em vez de ser pasta ou hd, a lembrança acontece no seu cérebro, nas rotas neurais. Ao pedir para o aluno definir uma palavra ou hashtag para sua aula, o cérebro deste aluno irá ancorar essa palavra e associar ao conteúdo trabalhado na aula. Assim todas as vezes que esse aluno, escutar, lembrar ou vir essa palavra, seu cérebro provavelmente começará a lembrar do conteúdo da aula. E, obviamente, esse fenômeno é muito poderoso para aumentar o ganho de aprendizagem e tornar uma aula mais memorável para o aluno. A estratégia é bem flexível. Você pode utilizar o último minuto da aula e pedir para os alunos sugerirem uma hashtag que define aquela aula, certamente surgirá nomes muito criativos, engraçados e memoráveis. Ou alternativamente, pode pedir para que um aluno específico atribua um nome à aula, normalmente um aprendizado novo, um conceito, uma técnica, uma emoção ou sentimento que teve durante à aula. Não há regra, mas não se engane pela simplicidade da estratégia, e acredite é uma estratégia didática assimétrica muito potente para ser utilizada no fim das aulas para aumentar o ganho de aprendizagem dos alunos. Próximos Passos E ai! Gostou das Estratégias Didáticas Assimétricas? Consegue se ver usando uma ou mais dessas estratégias em suas aulas? Acredita que estratégias simples, rápidas e fáceis de usar podem realmente aumentar o ganho de aprendizagem de seus alunos? Se sua resposta foi sim, para qualquer uma das perguntas acima eu gostaria de te pedir um favor. Que tal você fazer um comentário síntese e definir uma hashtag para esse ebook. Eu adoraria saber o que você achou e se gostou dessa leitura. Por favor siga @paulotomazinho no Instagram e me envie uma mensagem direta com seu comentário síntese e sua hashtag. Converse com seus colegas sobre estratégias didáticas assimétricas e se achar que faz sentido, compartilhe este ebook com eles. E se você está realmenteinteressado em seguir estudando e aprendendo mais sobre estratégias didáticas assimétricas, não deixe de ver meu convite na próxima página. Convite Olá! Se você chegou até aqui é porque concluiu a leitura deste ebook. Se está lendo este convite, provavelmente algo te tocou ao descobrir como estratégias didáticas simples, rápidas e fáceis de usar podem promover um grande ganho de aprendizagem em seus alunos. Eu não sei se você é professor, talvez coordenador, diretor, dono de escola ou instituição de ensino superior. Eu não sei se seu interesse é aprender mais para você mesmo ou se tem interesse em capacitar os professores da sua escola ou IES para que seus alunos possam aprender mais, melhor e de forma mais agradável. De qualquer forma, o que posso te dizer é que esse ebook é apenas a ponta do iceberg. Nele você aprendeu seis estratégias didáticas assimétricas, mas tem muito mais. Eu quero te convidar para participar de uma imersão e certificação em Didática Assimétrica. Eu ofereço essa imersão apenas duas vezes por ano, uma no primeiro semestre e outra no segundo semestre. As vagas normalmente se encerram rapidamente assim que libero o link de pagamento. A imersão é um dia todo dedicado a ir fundo. É online e ao vivo. Você vai aprender as bases teóricas, científicas e conceitos das neurociências da aprendizagem. Lá vamos combinar e misturar as ciências didáticas com teorias educacionais, com evidências científicas de neurociências da aprendizagem como base das estratégias didáticas assimétricas. Você também aprenderá novas estratégias para usar no início das meio e fim das aulas. Sempre seguindo os princípios da simplicidade, praticidade, facilidade e efetividade. A ideia é muito simples. Usar o simples que funciona para transformar ensino em aprendizagem. Caso isso seja interessante para você entre em contato pelo site http://paulotomazinho.com.br ou pelas redes sociais para avisarmos quando vai acontecer a próxima turma. E mais uma vez obrigado por me acompanhar até aqui. Realmente eu desejo que consiga transformar seu ensino em aprendizagem significativa e memorável aos seus alunos. Abraços! Paulo Tomazinho http://paulotomazinho.com.br/