Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

CONHEÇA O BAGRE-CEGO DE IPORANGA, PEIXE 
QUE SÓ EXISTE NO PETAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O bagre-cego de Iporanga (Pimelodella kronei) foi o primeiro peixe de caverna descoberto e 
descrito no Brasil. Animais dessa espécie não têm pigmentação e seus olhos são muitas vezes 
atrofiados, invisíveis externamente ou até inexistentes. Eles vivem em ambientes onde não há 
entrada de luz. 
Espécie endêmica 
Até o momento, essa espécie só foi encontrada em sistemas de cavernas do PETAR – Parque 
Estadual Turístico do Alto Ribeira (existem animais chamados popularmente de “bagres-cegos” 
em outras cavernas do Brasil e do mundo, mas são espécies diferentes da existente no PETAR). 
Assim, podemos dizer que se trata de uma espécie endêmica, ou seja, que só ocorre naquele 
lugar. 
O PETAR fica localizado nos municípios de Iporanga e Apiaí, na região do Vale do Ribeira, a 330 
quilômetros da cidade de São Paulo. O parque possui a segunda maior concentração de 
cavernas do Brasil. Das 718 formações cadastradas no estado de São Paulo, 521 ficam nessa 
região. 
A existência do bagre-cego exclusivamente ali faz dele um animal muito especial para o parque 
e para a população do entorno, tornando-o símbolo do PETAR: 
 
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/petar/
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/petar/
Cavernas / ambientes cársticos 
As cavernas são espaços subterrâneos de ecossistema frágil e delicado. São cavidades rochosas 
originadas a partir de uma série de processos geológicos que formam um conjunto de espaços 
interconectados, com dimensões que permitem o acesso aos humanos. 
Esses espaços têm características físicas peculiares, como ausência permanente de luz, 
estabilidade ambiental e umidade relativa próxima da saturação (100%). Algumas são cortadas 
por cursos-d’água, que, conforme o regime de chuvas, têm ou não contato com o ambiente 
externo. Logo, se trata de um ambiente que em alguns momentos dá passagem para alguns 
tipos de animais e, em outros, os isola. 
Nessas condições de isolamento, é natural que os animais se especializem e se diferenciem dos 
demais para poder sobreviver, evoluindo e adaptando-se às peculiaridades do espaço. 
Animais cavernícolas 
Esse tipo de ecossistema, existem três grupos de animais: 
Trogloxenos: utilizam a caverna só para abrigo, reprodução ou alimentação. Saem do espaço 
cárstico para realizar outras atividades. Os principais animais desse grupo são os morcegos. 
Eles exercem um papel importante para as demais espécies, pois trazem sementes e 
fragmentos de folhas em suas fezes, que lhes servem como alimento. 
Troglófilos: vivem tanto dentro, como fora da caverna, mas não possuem órgãos 
especializados. São adaptados para viver na caverna, mas nada impede que vivam bem fora 
dela. Existem crustáceos, aracnídeos, insetos e mesmo peixes que se encaixam nesse grupo. 
No PETAR, há o mandi-chorão (Pimelodella transitoria), um peixe noturno, que não depende da 
visão e tem condições de viver fora ou dentro da caverna. Quanto à alimentação, é preciso ser 
um animal oportunista e muito flexível em sua dieta. Assim, eles são onívoros, ou seja, comem 
de tudo. 
Troglóbios: animais especializados para viverem dentro de cavernas. A maior parte deles não 
possui pigmentação e pode ter olhos atrofiados ou ausentes. Possuem longas e numerosas 
antenas ou órgãos olfativos muito sensíveis. Alguns tipos de insetos, crustáceos, anelídeos, 
aracnídeos e o bagre-cego se encaixam nesse grupo. 
Alimentação 
No ambiente cavernícola, a ausência de luz impossibilita a existência de animais orientados pela 
visão e de organismos fotoautotróficos (aqueles que obtêm seus nutrientes com a ajuda da luz 
do sol – algas, plantas e cianobactérias). Isso resulta em um ambiente com escassez alimentar. 
Os nutrientes existentes nesses espaços muitas vezes vêm da área externa, incluindo detritos e 
matéria orgânica trazida pela água para dentro da caverna, fezes de morcegos (guano), 
animais mortos, esporos, bactérias ou outras pequenas espécies residentes na caverna 
(insetos, crustáceos, aracnídeos, anelídeos). 
No cenário de escassez alimentar, os troglóbios tornam-se animais com hábitos alimentares 
onívoros (que comem de tudo), oportunistas e que não se orientam pela visão para poderem 
encontrar o alimento. 
 
Além disso, são animais que apresentam metabolismo lento e que consomem menos oxigênio. 
Assim, sobrevivem mais tempo em condições de escassez. 
Outras características 
Tudo indica que os bagres-cegos se baseiam no olfato para encontrar seus parceiros na 
reprodução. 
A estimativa de longevidade média da população é de 15 a 20 anos e eles podem atingir em 
torno de 20 centímetros. 
Alguém pode se perguntar se a falta de visão e de pigmentação melânica colocam os bagres-
cegos em situação de desvantagem na cadeia alimentar. O olho só tem função se houver luz. A 
pigmentação melânica serve para proteger contra a luz. Ou seja, esses itens não têm utilidade 
em ambientes de caverna. Nesses espaços, desvantagem é não ter antenas, não ter olfato 
apurado ou ter orientação baseada na visão. 
Conservação 
A presença de animais troglóbios faz com que uma caverna seja considerada de relevância 
máxima. Por isso, o acesso é restrito nas cavernas onde eles podem ser encontrados. 
A caverna Areias de Cima concentra a maior população de bagres-cegos do PETAR e seu acesso 
é restrito desde a década de 1980. 
O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR) foi criado em 1958 com a finalidade de 
conservar o patrimônio espeleológico, arqueológico e paleontológico e a biodiversidade da Mata 
Atlântica. Situado no maior contínuo de Mata Atlântica preservada do Brasil, o parque possui 
uma área de 35.884,28 hectares, e reúne áreas dos municípios de Apiaí, Guapiara e Iporanga. 
Quatro núcleos do parque são abertos à visitação: Santana, Caboclos, Ouro Grosso e Casa de 
Pedra. Porém, vale lembrar que as cavernas onde existem bagres-cegos não são abertas à 
visitação. Neste link, você encontra mais informações sobre o PETAR. 
Para saber mais 
Se você quiser saber mais sobre os bagres-cegos de Iporanga e os estudos que vêm sendo 
desenvolvidos sobre essa espécie, leia: 
“Ecologia populacional do bagre cego de Iporanga, Pimelodella kronei (Siluriformes: 
Heptapteridae), do Vale do Alto Ribeira, Iporanga, SP: uma comparação com Trajano, 1987”, 
dissertação de mestrado da pesquisadora Ana Luiza Feigol Guill, do Instituto de Biociências da 
Universidade de São Paulo – USP, sob orientação da Profa. Dra. Eleonora Trajano. 
Assista também ao vídeo produzido pela Univesp TV “Os Bagres Cegos e a Evolução”. 
http://ecoturismo.sp.gov.br/parques-estaduais/petar/
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB0QFjAAahUKEwiM5cmuk97HAhUKlJAKHTtrAoY&url=http%3A%2F%2Fwww.teses.usp.br%2Fteses%2Fdisponiveis%2F41%2F41133%2Ftde-18012012-153632%2Fpublico%2FAna_Luiza_Guil.pdf&usg=AFQjCNGHvLDrBc5a-Z2y_-OUkRTcg2OK-g&sig2=9l4keWcOavwXd7H5c743Og&bvm=bv.101800829,bs.1,d.Y2I
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB0QFjAAahUKEwiM5cmuk97HAhUKlJAKHTtrAoY&url=http%3A%2F%2Fwww.teses.usp.br%2Fteses%2Fdisponiveis%2F41%2F41133%2Ftde-18012012-153632%2Fpublico%2FAna_Luiza_Guil.pdf&usg=AFQjCNGHvLDrBc5a-Z2y_-OUkRTcg2OK-g&sig2=9l4keWcOavwXd7H5c743Og&bvm=bv.101800829,bs.1,d.Y2I
https://www.youtube.com/watch?v=sz7j4M3QfNQ

Mais conteúdos dessa disciplina