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1 REDAÇÃO INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 01 - Impactos da escassez da água potável Água que nasce na fonte serena do mundo E que abre um profundo grotão Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão Águas que banham aldeias e matam a sede da população Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra Terra, planeta água Guilherme Arantes INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 02 - Legenda: ano 2080 O fato é que está em jogo o futuro. E esse jogo não poderá ser ganho sem um empenho multifacetado que vá da mudança dos hábitos individuais, e até mesmo das motivações mais íntimas, ao enfrentamento coletivo das grandes causas estruturais. É preciso sim, fechar a torneira. Mas é preciso igualmente questionar os governos e também as grandes empresas privadas, que deveriam dar uma destinação mais útil à sua tão propalada” responsabilidade socioambiental”. Para tanto, devemos nos inspirar no exemplo de um Ghandi, capaz de tecer o pano da própria roupa enquanto desafi ava o maior império do planeta. ARANTES, José Tadeu. A água, os jovens e o futuro. Jornal Le Monde Diplomatique Brasil, São Paulo, n. 6, p. 3. jan. 2008. INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 02 - Cai do céu, mas pode faltar - A humanidade desperdiça e polui a água como se nada valesse – e já paga o preço por isso- Diogo Schelp O nosso planeta azul vive um paradoxo dramático: embora dois terços da superfície da Terra sejam cobertos de água, uma em cada três pessoas não dispõe desse líquido em quantidade sufi ciente para atender às suas necessidades básicas. Se o padrão atual de aumento de consumo for mantido, calcula-se que essa proporção subirá para dois terços da população mundial em 2050. A explicação para o paradoxo da escassez na abundância é a seguinte: a água é um recurso renovável pelo ciclo natural da evaporação-chuva e distribuído com fartura na maior parte da superfície do planeta. Acontece que a ação humana afetou de forma decisiva a renovação natural dos recursos hídricos. Em certas regiões do mundo, como o norte da China, o oeste dos Estados Unidos e o Lago Chade, na África, a água vem sendo consumida em ritmo mais rápido do que pode ser renovada. Estima-se que 50% dos rios do mundo estejam poluídos por esgotos, dejetos industriais e agrotóxicos. “Em alguns casos, a sujeira é irreversível e aquela fonte de água jamais poderá voltar a ser utilizada”, disse a VEJA o belga Jan van Wambeke, chefe de desenvolvimento de terras e água do escritório latino-americano da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Calcula-se que 30% das maiores bacias hidrográfi cas tenham perdido mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água. Nos últimos 100 anos, a população do planeta quadriplicou, enquanto a demanda por água se multiplicou por oito. Estima- se que a humanidade use atualmente metade das fontes de água doce do planeta. Em quarenta anos, utilizará perto de 80%. Apenas 1% de toda a água existente no planeta é apropriada para beber ou ser usada na agricultura. O restante corresponde à água salgada dos mares (97%) e ao gelo nos pólos e no alto das montanhas. Administrar essa cota de água doce já deveria despertar preocupação similar à existente em relação à gasolina. Não é o que acontece. Em tese isso faz sentido, pois a água é mais abundante e barata que o petróleo – combustível fóssil cuja escassez nos deixa apreensivos quanto ao futuro e já nos custa caro na hora de encher o tanque do carro –, com a vantagem de ser um recurso renovável. O petróleo, no entanto, pode ser trocado por outras fontes de energia. Já a água é insubstituível. “Ainda hoje usamos esse bem vital com a mesma falta de cuidado que se tinha no século XIX”, diz a especialista em água Petra Sánchez, da Universidade Mackenzie, em São Paulo. EIXO TEMÁTICO MEIO AMBIENTEE IMPACTOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL 2 REDAÇÃO - IMPACTOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL Muitos especialistas temem que no futuro haja guerras não mais por petróleo, mas por água. Em parte, o perigo está no fato de que nenhum país é totalmente dono de sua própria água. A maior reserva de água subterrânea existente no mundo, o aquífero Arenito Núbia, distribui-se pelo subsolo de quatro países – Líbia, Egito, Chade e Sudão. O aquífero Guarani, segundo em extensão, é dividido entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Mais de 200 rios cruzam fronteiras nacionais. Pouca gente nota, mas a água tornou-se um dos produtos mais presentes no comércio global. Países com poucos recursos hídricos, como a China, compensam a escassez importando a “água virtual” embutida em produtos agrícolas ou industriais. Calcula-se que sejam necessárias 10 toneladas de água para produzir o equivalente a 2 dólares em trigo e a mesma quantidade do recurso natural, em média, para obter um produto industrializado de 140 dólares. Como se gasta muito mais água na irrigação do que nas fábricas, em proporção ao valor fi nal do produto, pode valer mais a pena para um país importar alimentos e concentrar suas forças na indústria. A China, uma das nações com a menor disponibilidade de água doce per capita, está passando por essa transição. Recentemente, os três maiores lagos chineses foram cobertos por algas devido à poluição, que matou os peixes e impediu o uso da água no abastecimento da população. Na semana passada, o governo chinês anunciou um projeto para despoluir todos os lagos do país. Os fatores humanos da escassez de água são agravados por eventos climáticos. De todas as previsões relacionadas ao aquecimento global, a mais surpreendente talvez seja a de que o clima da Terra fi cará mais úmido, mas não de forma uniforme por todo o planeta. Haverá mais chuvas nas regiões próximas aos pólos e secas mais intensas nas áreas subtropicais. Isso deve piorar um problema contra o qual a humanidade já luta há milênios: a natureza nem sempre nos dá a água no lugar, no momento e na quantidade que precisamos. Mesmo países com água em abundância, como é o caso do Brasil, não estão livres de dilemas. O acesso à água potável depende de um sistema efi ciente de coleta, tratamento e distribuição. Há duas razões principais para isso. A primeira é o crescimento populacional das cidades, que leva ao esgotamento das fontes hídricas próximas dos centros urbanos. A solução é trazer a água, um recurso pesado e difícil de transportar, de lugares cada vez mais distantes. Parte da água que abastece São Paulo é captada a 100 quilômetros de distância. A segunda difi culdade na captação de água limpa a baixo custo para as cidades é a poluição. O uso de água imprópria para o consumo humano é responsável por 60% dos doentes no mundo. Por dia, 4.000 crianças morrem de doenças relacionadas à água, como a diarreia. Os especialistas costumam alinhar duas soluções principais para evitar a escassez de água de qualidade, própria para o consumo humano: cobrar mais pelo uso do recurso e investir no tratamento dos esgotos. O objetivo de cobrar mais pela água é desencorajar o desperdício. Na irrigação, por exemplo, que consome 70% de toda a água doce utilizada no mundo, pode-se economizar com sistemas de gotejamento e borrifação, mais efi cientes que as técnicas de alagamento das lavouras. No Brasil, cobra-se pelo uso da água em apenas duas bacias hidrográfi cas formadas por rios de jurisdição federal (a lei permite que se faça o mesmo em outras cinco). A segunda solução, o tratamento de esgoto, possibilita que a água seja devolvida à natureza ou reutilizada. No fi m do mês passado, o condado de Orange, um dos mais ricos da Califórnia, inaugurou a maior estação do mundo dedicada a transformar esgotoem água potável. Depois de limpa, a água é injetada no lençol freático do qual a cidade se abastece. É uma providência que vem em boa hora. A Califórnia não é apenas uma das regiões mais secas dos Estados Unidos – é também onde se encontra o maior consumo hídrico per capita do mundo. Sabendo usar, não vai faltar. Com reportagem de Alexandre Salvador e Denise Dweck https://umtoquedemotivacao. wordpress.com/2008/02/20/cai-do-ceu-mas-pode-faltar/ INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 04 - Escassez de água potável A escassez de água potável, resultante da combinação da variabilidade hidrológica e do uso humano, é um fator preocupante para a sociedade atual. Para se ter uma ideia, 70% da Terra é feita de água e 70% do corpo humano é água. Em outras palavras, há uma abundância de água no planeta, mas também, uma grande dependência dos seres vivos. Por outro lado, de toda esta água, 97% dela é salgada, 1,75% está congelada em glaciares e 1,24% é água subterrânea, nem sempre apropriada para o consumo. O que resta é água potável, disponível para os seres vivos, mas também para outras atividades como agricultura e indústrias. Pelo mundo, 29 países já estão com problemas de falta d’água. Nações do Oriente Médio, do norte e do sul da África, além de China e Índia têm difi culdades para acessar água potável. Mais de 1,8 bilhão de pessoas não têm acesso a uma quantidade mínima segura para o uso humano. Em áreas rurais, o número é ainda pior: oito em cada dez pessoas que vivem no campo não têm acesso à água potável. Estima-se que, até 2050, 4,8 bilhões de pessoas estarão em situação de estresse hídrico, ou seja, com difi culdade de acesso à água potável e ao saneamento básico. A escassez de água potável, resultante da combinação da variabilidade hidrológica e do uso humano, é um fator preocupante para a sociedade atual. Para se ter uma ideia, 70% da Terra é feita de água e 70% do corpo humano é água. Em outras palavras, há uma abundância de água no planeta, mas também, uma grande dependência dos seres vivos. Por outro lado, de toda esta água, 97% dela é salgada, 1,75% está congelada em glaciares e 1,24% é água subterrânea, nem sempre apropriada para o consumo. O que resta é água potável, disponível para os seres vivos, mas também para outras atividades como agricultura e indústrias. Pelo mundo, 29 países já estão com problemas de falta d’água. Nações do Oriente Médio, do norte e do sul da África, além de China e Índia têm difi culdades para acessar água potável. Mais de 1,8 bilhão de pessoas não têm acesso a uma quantidade mínima segura para o uso humano. Em áreas rurais, o número é ainda pior: oito em cada dez pessoas que vivem no campo não têm acesso à água potável. Estima-se que, até 2050, 4,8 bilhões de pessoas estarão em situação de estresse hídrico, ou seja, com difi culdade de acesso à água potável e ao saneamento básico. Atualmente, 2,6 bilhões não têm acesso à saneamento básico. Isso signifi ca que muitos são obrigados a consumir água contaminada ou imprópria para o corpo. Os que mais sofrem com isso são as crianças. Por ano, 1,5 milhão de crianças com até cinco anos morrem em decorrência da ingestão de água não potável, que deixa o organismo muito suscetível ao desenvolvimento de doenças. 3 REDAÇÃO - IMPACTOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL É importante lembrar que a distribuição da água pelo mundo é desigual, seja pelos diferentes níveis de pluviosidade ou pelo próprio acesso à água potável. A Ásia possui 60% da população do planeta, mas apenas 36% da água doce. No caso da China, em específi co, 20% da população mundial está concentrada no país, entretanto, somente 7% de recursos hídricos estão sob território chinês. Toda esta carência de água compromete não só a população, mas também, a produção de alimentos e a preservação da biosfera. O Brasil possui o melhor cenário de água potável do mundo. 12% da água doce superfi cial está disponível no país, a maior parte na Amazônia, graças ao rio Amazonas. Cerca de 70% da reserva brasileira de água está concentrada na região norte, onde vivem apenas 10% da população. Por outro lado, nas regiões de maior adensamento populacional, o volume de água disponível para uso cai abruptamente que, além de ser distribuído entre a população, também se direciona à atividade industrial. É importante deixar claro que as grandes reservas hídricas brasileiras não são sinônimo de uma boa infraestrutura. O país sofre com o acesso limitado da população à rede de água e esgoto. Mais de 35 milhões de brasileiros não recebe água tratada e menos da metade da população (48,6%) tem acesso à coleta de esgoto. Apenas para a irrigação agrária são consumidos 75% da vazão de água disponível no país. O abastecimento humano utiliza 10% de toda água distribuída no Brasil. 9% se destina aos animais e 6% à indústria. Em 2014, a maior metrópole brasileira sofreu com a queda acentuada dos níveis de água para o abastecimento da população. A falta de chuvas diminuiu drasticamente o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, afetando o fornecimento de água para as nove milhões de pessoas por ele atendidas na Região Metropolitana de São Paulo. A estiagem foi a pior dos últimos cem anos e afetou também as bacias dos rios Paraíba do Sul e São Francisco. https://www.infoescola.com/hidrografi a/escassez-de-agua-potavel/ INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 05 - Escassez de Água A escassez de água é um problema que afeta todo o mundo. No Brasil, apesar da porcentagem de 12% da água doce do planeta estar concentrada no nosso país, a crise hídrica é uma preocupação que também atinge os brasileiros. A situação parece contraditória, tendo em conta que todos aprendemos que a maior parte do planeta Terra é constituído de água (75%). Entretanto, o que as pessoas precisam realmente saber é que mais de 97% dessa água não pode ser consumida e nem utilizada em limpezas e higiene pessoal, por exemplo. Isso porque ela é salgada. Da água doce que sobra, a grande parte está congelada e outra parte substancial está no subsolo. Enquanto isso, a água que existe nos reservatórios e entra nas redes de distribuição para serem utilizadas pelas pessoas corresponde a menos de 1%. E pouco sobra para consumo próprio, pois a produção agrícola exige uma grande quantidade de água para se desenvolver de forma satisfatória. Além disso, uma boa porcentagem dessa água também é requerida pelas indústrias. Infelizmente, isso não é tudo. Há água que poderia ser utilizada, mas acaba sendo contaminada por resíduos industriais e resíduos de aterros sanitários e lixões, entre outros. QUAIS AS CAUSAS? Há vários fatores que motivam a falta de água, dentre eles: seca, poluição e má distribuição desse recurso, apenas para citar os mais comuns. Quando falamos em má distribuição, estamos nos referindo ao fato de que nem sempre a região onde a concentração populacional é maior é aquela que possui mais água. Além disso, a distribuição da água é um problema de poder. É por isso que há confl itos mundiais pela posse de água, tal como acontece com as águas do rio Jordão. E AS CONSEQUÊNCIAS? Quanto mais pessoas, há mais consumo de água. Desta forma, daqui a uns anos, o aumento da população sinaliza uma crise hídrica grave. Pois se a água é um bem essencial, a falta dela terá impactos sociais, econômicos e ambientais. São exemplos esvaziamento das cidades, baixa produção agrícola e industrial, falta de emprego, entre muitos outros. O QUE FAZER? É preciso conscientizar as pessoas que apesar da quantidade de água existente no planeta, nem toda pode ser consumida. Por isso, a água deve ser vista como um bem que precisa ser preservado. Seu uso deve ser racional. https://www.todamateria.com.br/escassez-de-agua INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 06 - Crise da água no Brasil A crise da água no Brasil ocorre em maior grau na região Sudeste e é motivada por fatores naturais e também relacionados com a gestão pública.O ano de 2014 representou um marco para o Brasil, sobretudo para a região Sudeste e, em menor grau, para as regiões Nordeste e Centro-Oeste. Como resultado de uma forte seca e uma série de erros de planejamento, instalou-se uma verdadeira crise da água no país, o que gerou a queda dos níveis dos reservatórios de abastecimento de grandes cidades, com destaque para a cidade de São Paulo, que vive um de seus momentos mais dramáticos em toda a sua história. 4 REDAÇÃO - IMPACTOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL Uma das causas para a crise da água é de ordem natural, pois embora o Brasil seja o país com a maior quantidade de água per capita do mundo, a sua disponibilidade é má distribuída ao longo do território. A região Norte, que apresenta as menores densidades demográfi cas, possui cerca de 70% das reservas nacionais. Para se ter uma ideia dessa relação, segundo o Serviço Geológico do Brasil, apenas 1% de toda a vazão do Rio Amazonas seria sufi ciente para atender em mil vezes o que necessita a cidade de São Paulo. Todavia, é justamente onde existem menos reservas de água no país que reside a maior parte da população e também onde acontece a maior parte das atividades econômicas – industriais, comerciais e agrícolas. Assim, os sistemas de abastecimento fi cam cada vez mais sobrecarregados, tornando-se vulneráveis a qualquer grande seca que ocorra. E ela ocorreu. Uma última causa para a falta de água, mais especifi camente em São Paulo, está relacionada com problemas de gestão pública e planejamento de infraestrutura. Em 2004, na renovação de sua concessão, a SABESP já sabia que a quantidade limitada de água existente, bem como a grande dependência em relação ao sistema Cantareira – o maior da região –, seria um grave problema nos anos posteriores. Por isso, se obras de abastecimento tivessem sido realizadas, talvez o problema pudesse ter sido evitado. Atualmente, os sistemas de abastecimento de São Paulo sofrem baixas históricas, com destaque para o próprio sistema Cantareira, que já teve de liberar suas reservas do primeiro e do segundo volume morto. Com isso, um racionamento de água parece ser a única solução a curto prazo, além da construção de novas barragens e realização de obras de transposição local. Os impactos da falta de água no Brasil são variados. Muitos analistas, em razão das chuvas abaixo da média no início de 2015, apontam cenários caóticos caso medidas urgentes não sejam tomadas. Além disso, vale lembrar que outras regiões brasileiras, além do Sudeste, vêm passando pelo mesmo problema, o que gera certa preocupação em torno da produção de energia, que, por ser em maior parte fornecida por hidrelétricas, depende muito da disponibilidade de água no país. https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografi a/crise-agua-no-brasil.htm INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 07 - Distribuição da água no Brasil Quando observada a questão da distribuição da água no Brasil, registra-se o paradoxo: a maior potência hídrica do planeta pode sofrer falta d’água em algumas áreas. O Brasil é considerado uma potência econômica mundial quando o assunto é a disponibilidade hídrica, haja vista que o território brasileiro concentra cerca de 12% de todas as reservas de água existentes no mundo. Mas isso não signifi ca que o país não passe ou nunca tenha passado por crises de falta de água. E a principal razão é a questão da distribuição da água no Brasil e sua utilização. Podemos dizer que as reservas de água se encontram mal distribuídas no país. A região Norte é a que apresenta a maior parte da disponibilidade, enquanto as regiões Nordeste e Sudeste apresentam um número menor dessas reservas, seguindo uma ordem inversamente proporcional ao número de habitantes dos respectivos lugares em questão. Observe a tabela a seguir: Disponibilidade hídrica dos estados em metros cúbicos por habitante em um ano Disponibilidade hídrica per capita (m3/hab/ano) Estados Situação > 20.000 AC, AM, AO, GO, MS, MT, PA, RO, RR, RS e TO Riquíssimo > 10.000 MA, MG, SC e PR Muito Rico > 5.000 ES e PI Rico > 2.500 BA e SP Situação adequada < 2.500 CE, RJ, RN, DF, AL e SE Pobres < 1.500 PB e PE Situação crítica Como podemos perceber, o índice per capta da disponibilidade hídrica, isto é, a quantidade de recursos hídricos disponíveis em relação ao número de habitantes, é maior em estados pertencentes à região Norte e Centro-Oeste do país (exceto o Rio Grande do Sul), pois essas áreas apresentam uma menor densidade populacional e bacias hidrográfi cas com maiores vazões. Nos demais locais, a disponibilidade é menor que 20000 m³ para cada habitante durante o ano, chegando, em alguns locais, a níveis inferiores a 1500 m³. Se observarmos, por outro lado, o consumo frente à disponibilidade conforme as regiões, tal qual o gráfi co a seguir nos apresenta, podemos chegar a novas conclusões a respeito desse cenário: GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO BRASIL POR REGIÕES Portanto, a região Norte, que concentra menos de 7% da população, possui cerca de 68% das reservas hídricas do país, enquanto o Sudeste e o Nordeste, regiões mais populosas, apresentam apenas 6% e 3% das reservas, respectivamente. Mas isso não signifi ca, é claro, que as regiões mais abastadas de água estejam livres de uma crise de água, haja vista que, além da disponibilidade, são necessários planejamento, gestão e infraestrutura para garantir a distribuição desse recurso para todos os habitantes, o que nem sempre acontece. Um exemplo disso é a própria região Nordeste, pois os problemas históricos relacionados com a seca não ocorreram nas áreas mais populosas, que se situam perto do litoral, mas 5 REDAÇÃO - IMPACTOS DA ESCASSEZ DE ÁGUA NO BRASIL sim na área do chamado polígono das secas, onde as densidades demográfi cas são menores. Isso nos revela que o problema da falta de água não necessariamente está relacionado com a quantidade de habitantes, e sim com questões políticas e administrativas que permeiam as diferentes esferas governamentais. https://brasilescola.uol.com.br/geografi a/distribuicao-agua-no-brasil.htm INDICAÇÃO DE TEXTOS DE APOIO Texto 08 - Brasil pode enfrentar falta de água Dono do maior potencial hídrico do planeta, o Brasil corre o risco de chegar a 2015 com problemas de abastecimento de água em mais da metade dos municípios. O diagnóstico está no Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, lançado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA). O levantamento mapeou as tendências de demanda e oferta de água nos 5.565 municípios brasileiros e estimou em R$ 22 bilhões o total de investimentos necessários para evitar a escassez. Considerando a disponibilidade hídrica e as condições de infraestrutura dos sistemas de produção e distribuição, os dados revelam que em 2015, 55% dos municípios brasileiros poderão ter défi cit no abastecimento de água, entre eles grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal. O percentual representa 71% da população urbana do país, 125 milhões de pessoas, já considerado o aumento demográfi co. “A maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento”, aponta o relatório. O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que o atlas foi elaborado para orientar o planejamento da gestão de águas no país. Segundo ele, como atualmente mais de 90% dos domicílios brasileiros têm acesso à rede de abastecimento de água, a escassez parece uma ameaça distante, como se não fosse possível haver problemas no futuro. “Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual. O atlas mostra que é preciso se antecipar a uma situação para evitar que o quadro apresentado [de défi cit] venha a ser consolidado”, avalia. De acordo com o levantamento,as regiões Norte e Nordeste são as que têm, relativamente, os maiores problemas nos sistemas produtores de água. Apesar de a Amazônia concentrar 81% do potencial hídrico do país, na Região Norte menos de 14% da população urbana é atendida por sistemas de abastecimento satisfatórios. No Nordeste, esse percentual é de 18% e a região também concentra os maiores problemas com disponibilidade de mananciais, por conta da escassez de chuvas. O documento da ANA calcula em R$ 22,2 bilhões o investimento necessário para evitar que o desabastecimento atinja mais da metade das cidades brasileiras. O dinheiro deverá fi nanciar um conjunto de obras para o aproveitamento de novos mananciais e para adequações no sistema de produção de água. A maior parcelas dos investimentos deverá ser direcionada para capitais, grandes regiões metropolitanas e para o semi- árido nordestino. “Em função do maior número de aglomerados urbanos e da existência da região do semi-árido, que demandam grandes esforços para a garantia hídrica do abastecimento de água, o Rio de Janeiro, São Paulo, a Bahia e Pernambuco reúnem 51% dos investimentos, concentrados em 730 cidades”, detalha o atlas. “Esperamos que os órgãos executores assumam o atlas como referência para os projetos. Ele é um instrumento de planejamento qualifi cado, dá a dimensão de onde o problema é grande e precisa de grandes investimentos e onde é pequeno, mas igualmente relevante”, pondera Andreu. Além do dinheiro para produção de água, o levantamento também aponta necessidade de investimentos signifi cativos em coleta e tratamento de esgotos. O volume de recursos não seria sufi ciente para universalizar os serviços de saneamento no país, mas poderia reduzir a poluição de águas que são utilizadas como fonte de captação para abastecimento urbano. Andreu espera que o diagnóstico subsidie a elaboração de projetos integrados, compartilhados entre os órgão executores. “Ao longo do tempo, o planejamento acabou se dando apenas no âmbito do município, que busca uma solução isolada, como se as cidades fossem ilhas. É preciso buscar uma forma de integração, de planejamento mais amplo, preferencialmente por bacia hidrográfi ca”, sugere o diretor-presidente da agência reguladora. “Ainda não estamos no padrão de culturas que já assumiram mais cuidado com a água. Mas estamos no caminho, e o atlas pode ser um instrumento dessa mudança”. (Agência Brasil). http://www.progresso.com.br/mundo/brasil-pode-enfrentar-falta-de-agua/17595/
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