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LIVRO-SEMINÁRIOS-REVISADO

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Prof. Dr. FERNANDO BROETTO 
MSc RENATA TEIXEIRA DE ALMEIDA MINHONI 
MSc DARIANE PRISCILA FRANCO DE OLIVEIRA 
(ORGS.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Seminários 
 em
 Irrigação e Drenagem 
 
 
 
 
 Seminários
 em
 Irrigação e Drenagem
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZADORES 
PROF. DR. FERNANDO BROETTO 
MSc. RENATA TEIXEIRA DE ALMEIDA MINHONI 
MSc. DARIANE PRISCILA FRANCO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
CONSELHO EDITORIAL ACADÊMICO 
RESPONSÁVEL PELA PUBLICAÇÃO DESTA OBRA 
 
Prof. Dr. JOÃO CARLOS CURY SAAD 
Departamento de Engenharia Rural – FCA/UNESP Campus de Botucatu 
 
Prof. Dr. WILLIAN FERNANDO ZAMBUZZI 
Departamento de Química e Bioquímica – IBB/ UNESP Campus de Botucatu 
 
Prof. Dr. GUSTAVO DA ROCHA DE CASTRO 
Departamento de Química e Bioquímica – IBB/ UNESP Campus de Botucatu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
As particularidades da relação da água com a agricultura têm tido destaque continuado 
ao longo do tempo, quando a demanda crescente pelo recurso hídrico ganha novos usuários. 
Nesse âmbito, os programas de pós-graduação na área de irrigação e drenagem além de 
contribuir com a formação de profissionais qualificados para lidar com as nuances da 
agricultura irrigada, sempre buscaram alternativas que otimizassem o uso dos recursos 
hídricos. 
A atividade da produção agrícola utilizando a tecnologia da irrigação é um tema que 
exige constante atualização, sendo assim, o livro Seminários em Irrigação e Drenagem visa 
contribuir à bibliografia nacional com conhecimentos na área da agricultura irrigada aportados 
de forma clara e objetiva. Esta obra é fruto do empenho dos alunos disciplina 
Seminários/2017 do curso de Pós-graduação em Irrigação e Drenagem ministrada pelo Prof. 
Dr. Fernando Broetto e contempla um leque abrangente e variado de conhecimentos. 
O leitor terá a oportunidade de aprofundar o entendimento em assuntos como: 
Conceitos básicos e aplicações do sensoriamento remoto na agricultura, Salinidade na 
agricultura, Evapotranspiração, Manejo de irrigação no cultivo da videira de mesa, Uso da 
irrigação no semiárido nordestino, Reuso de águas residuárias urbanas na agricultura 
irrigada, Avaliação de desempenho operacional de sistemas de irrigação por gotejamento 
operando com águas residuárias, Eficiência do uso de água na agricultura, Utilização da 
água magnetizada na irrigação, Fertirrigação em gramados, Influência do manejo 
nutricional na atividade enzimática da nitrato redutase. Dessa forma, percebe-se que a obra é 
diversificada e fonte relevante de informação no âmbito da agricultura irrigada. 
 
 O presente livro apresenta-se, como mais uma opção para ampliar o conhecimento, e 
auxiliar no crescimento profissional dos leitores interessados em assuntos pertinentes a 
produção agrícola irrigada. 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Rodrigo M. Sánchez-Román 
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Irrigação e Drenagem 
Faculdade de Ciências Agronômicas 
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 
 
Abril de 2018 
 
 
 
 
 
 
© 2018 Editora Fepaf 
Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais 
Rua Dr. José Barbosa de Barros, 1780 
Fazenda Experimental Lageado - Botucatu - SP. 
Cep.: 18610-307 
Fone/Fax: 14 3880-7127 
www.fepaf.org.br 
publicacoes@fepaf.org.br 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – 
DIRETORIA TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP) 
 
 Seminários em irrigação e drenagem / Organizadores: 
S471 Fernando Broetto ... [et al.] - Botucatu: 
 FEPAF, 2018 
 108 p. : fots. color., grafs., ils. color., tabs. 
 1 livro digital 
 
Disponível em: http://www.fepaf.org.br/Download_Default.aspx 
Outros organizadores: Renata Teixeira de Almeida 
Minhoni, Dariane Priscila Franco de Oliveira 
ISBN 978-85-98187-97-6 
Inclui bibliografia 
 
1. Irrigação. 2. Drenagem. 3. Seminários. I. Broetto, 
 Fernando. II. Minhoni, Renata Teixeira de Almeida. III. 
 Oliveira, Dariane Priscila Franco de. IV. Fundação de 
 Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais. V. Univer- 
 sidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Fa- 
 culdade de Ciências Agronômicas. 
 
 CDD 23. ed. (627.5) 
 
 
 
Sumário 
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................. 1 
CONCEITOS BÁSICOS E APLICAÇÕES DO SENSORIAMENTO REMOTO NA 
AGRICULTURA ........................................................................................................................ 1 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1 
2. ÍNDICES DE VEGETAÇÃO ..................................................................................................... 3 
3. APLICAÇÕES DO SENSORIAMENTO REMOTO NA AGRICULTURA ............................. 5 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 6 
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................. 9 
SALINIDADE NA AGRICULTURA: ASPECTOS GERAIS ................................................. 9 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9 
2. ORIGEM DOS SAIS NOS SOLOS .......................................................................................... 10 
3. IMPACTOS DA SALINIDADE NO SOLO E NA PLANTA .................................................. 12 
4. REMEDIÇÃO E RECUPERAÇÃO DE SOLOS SALINIZADOS .......................................... 13 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 14 
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 14 
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 18 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO ...................................................................................................... 18 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 18 
2. GENERALIDADES.................................................................................................................. 19 
2.1. EVAPORAÇÃO ...................................................................................................................................... 19 
2.2. TRANSPIRAÇÃO ................................................................................................................................... 19 
2.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO ...................................................................................................................... 19 
3. FATORES DETERMINANTES DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO ........................................... 19 
3.1. FATORES CLIMÁTICOS ..................................................................................................................... 20 
3.2. FATORES DA PLANTA ......................................................................................................................... 21 
4. DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................................................... 21 
4.1. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo) .......................................................................21 
4.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL (ETr) ............................................................................................ 22 
4.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE OÁSIS (ETo) .................................................................................... 22 
4.4. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA (ETc) ............................................................................. 22 
5. DETERMINAÇÃO DA ETo .................................................................................................... 23 
5.1. MÉTODOS DIRETOS ..................................................................................................................... 23 
5.2. MÉTODOS INDIRETOS ................................................................................................................. 23 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 24 
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 27 
 
 
MANEJO DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DA VIDEIRA DE MESA ............................... 27 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 27 
2. EXIGÊNCIAS HÍDRICAS DA VIDEIRA DE MESA ............................................................ 28 
3. IRRIGAÇÃO PELO CRITÉRIO DE DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO SOLO ............... 29 
4. IRRIGAÇÃO PELO CRITÉRIO AGROMETEOROLÓGICO ................................................ 32 
5. ESTRATÉGIAS DE IRRIGAÇÃO DEFICITÁRIA ................................................................ 33 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 34 
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 37 
USO DA IRRIGAÇÃO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO ................................................... 37 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 37 
2. IRRIGAÇÃO NO SEMIÁRIDO ............................................................................................... 38 
3. VALE DO SÃO FRANCSICO ................................................................................................. 40 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 42 
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................... 44 
REUSO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS URBANAS NA AGRICULTURA IRRIGADA: UMA 
REVISÃO SOBRE SEUS BENEFÍCIOS E RISCOS ........................................................... 44 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 44 
2. IMPORTÂNCIA DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS .................................................................... 46 
3. BENEFÍCIOS ............................................................................................................................ 47 
4. RISCOS ..................................................................................................................................... 48 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 50 
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................... 53 
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO OPERACIONAL DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO 
POR GOTEJAMENTO OPERANDO COM ÁGUAS RESIDUÁRIAS ................................ 53 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 53 
2. INDICADORES DE DESEMPENHO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO POR 
GOTEJAMENTO ............................................................................................................................. 55 
3. OBSTRUÇÃO DE GOTEJADORES OPERANDO COM ÁGUA RESIDUÁRIA ................. 57 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 59 
CAPÍTULO 8 ........................................................................................................................... 61 
EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA NA AGRICULTURA .................................................... 61 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 61 
2. ESTRATÉGIAS PARA EFICIENCIA DO USO DE ÁGUA ................................................... 63 
 
 
3. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 65 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 65 
CAPÍTULO 9 ........................................................................................................................... 67 
UTILIZAÇÃO DA ÁGUA MAGNETIZADA NA IRRIGAÇÃO ........................................... 67 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 67 
2. COMPOSIÇÃO DA ÁGUA ..................................................................................................... 68 
3. ÁGUA E O CAMPO MAGNÉTICO ........................................................................................ 69 
4. EQUIPAMENTO PARA MAGNETIZAÇÃO ......................................................................... 70 
5. ÁGUA MAGNETIZADA NA IRRIGAÇÃO ........................................................................... 71 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 73 
CAPÍTULO 10 ......................................................................................................................... 76 
FERTIRRIGAÇÃO EM GRAMADOS ................................................................................... 76 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 76 
2. SISTEMA DE FERTIRRIGAÇÃO .......................................................................................... 77 
2.1. SALINIDADE .................................................................................................................................. 78 
2.2. pH .................................................................................................................................................... 79 
2.3. SOLUBILIDADE ............................................................................................................................. 79 
2.4. PUREZA .......................................................................................................................................... 79 
2.5. COMPATIBILIDADE ...................................................................................................................... 80 
2.7. DEMANDA DE NUTRIENTE E ÉPOCA DE APLICAÇÃO ............................................................ 80 
2.8. ANÁLISE DA ÁGUA ........................................................................................................................ 82 
3. INJETORES .............................................................................................................................. 82 
4. PROCEDIMENTOS DA FERTIRRIGAÇÃO .......................................................................... 82 
4.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS ................................................................................................. 83 
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 83 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 83 
CAPÍTULO 11 ......................................................................................................................... 86 
INFLUÊNCIA DO MANEJO NUTRICIONAL NA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA 
NITRATO REDUTASE .......................................................................................................... 86 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 86 
2. NITROGÊNIO .......................................................................................................................... 87 
3. NITROGENIO X POTÁSSIO .................................................................................................. 88 
4. MICRONUTRIENTES ............................................................................................................. 89 
5. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 90 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 91 
 
 
CAPÍTULO 12 ......................................................................................................................... 94 
PROCESSO ENZIMÁTICO DE PRODUÇÃO DO ETANOL LIGNOCELULÓSICO .................. 94 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 94 
2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BIOMASSA LIGNOCELULÓSICA .................................... 95 
3. DEGRADAÇÃO DE LIGNOCELULOSE POR ENZIMAS HIDROLÍTICAS ...................... 97 
4. HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DA BIOMASSA LIGNOCELULÓSICA ................................. 99 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 99 
CAPÍTULO 13 ....................................................................................................................... 102 
 FITOHORMÔNIOS E ATIVIDADE ENZIMÁTICA ANTIOXIDANTE EM DANO POR 
FRIO DURANTE A PÓS-COLHEITA DE FRUTAS E HORTALIÇAS ........................... 102 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 102 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 103 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 107 
 
 
 
 
 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
1 
 
CAPÍTULO 1 
CONCEITOS BÁSICOS E APLICAÇÕES DO 
SENSORIAMENTO REMOTO NA AGRICULTURA 
 
RENATA TEIXEIRA DE ALMEIDA MINHONI
1
; TAMIRES LIMA DA SILVA
2
; 
BRUNO RICARDO SILVA COSTA
3 
e FERNANDO BROETTO
4
 
 
1
 Engenheira Ambiental, Doutoranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: renataminhoni@hotmail.com 
2 
Engenheira Ambiental, Mestranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) - Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: tamireslsilva@gmail.com 
3
 Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: bruno.ricardo.silva@hotmail.com 
4
 Professor Adjunto - Departamento de Química e Bioquímica, Universidade Estadual Paulista/Unesp, Campus 
de Botucatu - Instituto de Biociências, Rua Profª Drª Irina Delanova Gemtchujnicov, s/nº, CEP: 18618-693, 
Botucatu, São Paulo, Brasil, broetto@ibb.unesp.br 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O sensoriamento remoto pode ser definido como sendo a arte e a ciência de captar 
informação sobre um objeto na ausência de contato físico direto com o mesmo. Pode ser 
considerado uma ciência por ser uma ferramenta semelhante à matemática, e pode ser 
considerado arte devido à necessidade de interpretação visual de uma foto ou imagem 
(JENSEN, 2009). 
 O início da aplicação do sensoriamento remoto deu-se por meio da utilização de 
câmeras instaladas em aeronaves, foguetes, pipas, balões e até mesmo em pássaros. Hoje, 
imagens da superfície terrestre são captadas por meio de sensores acoplados em diferentes 
tipos de plataformas, como satélites, veículos aéreos não tripulados (VANTs) e aeronaves 
(BERNARDI et al., 2014). 
 Informações provenientes do sensoriamento remoto são essenciais no estabelecimento 
de uma política agrícola, nas tomadas de decisão, no monitoramento do uso da terra, na 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
2 
 
estimativa da produção agrícola, no monitoramento ambiental e em outras temáticas 
importantes para o planejamento e gerenciamento da agricultura e economia de um país 
(YANG et al., 2017). 
 Pesquisas agrícolas podem adquirir informações a partir de diversos satélites, com as 
mais variadas características de resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal. Porém, 
a escolha do satélite deve estar vinculada ao objetivo da pesquisa, ao tamanho da área, ao 
nível de detalhamento requerido, ao período de interesse, entre outros fatores. 
 Dentre os satélites mais utilizados recentemente está o satélite americano Landsat 8, 
lançado em fevereiro de 2013. Esta plataforma abriga dois sensores (Operational Land 
Imager - OLI e Thermal Infrared Sensor -TIRS), apresenta resolução espacial de 15 m (banda 
8), 30 m (bandas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9) e 100 m (bandas 10 e 11), e resolução temporal de 16 
dias (USGS, 2016). Além do Landsat 8, o satélite europeu Sentinel 2A, os americanos Terra e 
Aqua e o sino brasileiro CBERS 4 são exemplos de satélites que também vem sendo utilizados 
em pesquisas na área agrícola. 
 O sensoriamento remoto é governado pela interação entre a radiação eletromagnética 
(REM) e o alvo. O processo de interação entre a REM e a folha de uma vegetação é regido 
por fatores químicos e estruturais, mas também pode ser considerado os aspectos da absorção, 
transmissão e reflexão da radiação (PONZONI; SHIMABUKURO, 2009). De acordo com os 
mesmos autores, o conjunto desses três fatores pode ser denominado como o estudo do 
comportamento espectral da vegetação. 
 A quantidade de radiação absorvida em um certo comprimento de onda caracterizará 
uma determinada feição espectral de absorção, que irá colaborar na geração da assinatura 
espectral característica do material, de acordo com sua composição (FORMAGGIO; 
SANCHES, 2017). Apresenta-se na Figura 1 a assinatura espectral de uma folha verde sadia, 
ou seja, trata-se de uma curva que descreve a interação da REM com a folha. Nesta figura, as 
depressões, indicadas pelas setas, descrevem regiões onde ocorreu absorção da REM. 
 
 
 
 
 
 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
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Figura 1. Curva espectral de uma folha verde sadia (ρ = reflectância e λ = comprimento de 
onda). 
 
Fonte: Novo (1989). 
 
2. ÍNDICES DE VEGETAÇÃO 
 
Técnicas de sensoriamento remoto, como o uso de índices de vegetação, têm sido 
recomendados na literatura, objetivando-se compreenderas propriedades espectrais da 
vegetação (PONZONI; SHIMABUKURO, 2009). 
Os índices de vegetação desempenham uma importante função como forma de 
descrever a dinâmica temporal e o vigor de uma cultura agrícola, por meio de formulações 
matemáticas provenientes de informações espectrais, principalmente nas bandas do vermelho 
e infravermelho próximo. (FORMAGGIO; SANCHES, 2017). 
Existe uma ampla variedade de índices de vegetação já desenvolvidos, para diferentes 
finalidades. Entre os índices utilizados em pesquisas na agricultura pode-se mencionar a razão 
simples (SR – Simples ratio), o Índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI – 
Normalized difference vegetation index), o índice de vegetação ajustado para o solo (SAVI – 
Soil adjusted vegetation index), o Índice de diferença normalizada da água (NDWI – 
Normalized difference water index) e o índice de vegetação melhorado (EVI – Enhanced 
vegetation index). 
O SR, proposto por Jordan (1969), foi o primeiro índice criado e pode ser obtido de 
acordo com a Equação 1. 
 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
4 
 
SR = NIR/Red (1) 
Onde: 
NIR = reflectância no infravermelho próximo; 
Red = reflectância no vermelho. 
O NDVI, proposto por Rouse et al. (1973), é um dos índices mais utilizados e pode ser 
obtido de acordo com a Equação 2. Os autores normalizaram o SR para o intervalo de -1 a +1. 
 
NDVI = (NIR- Red)/(NIR+Red) (2) 
 
Onde: 
NIR = reflectância no infravermelho próximo; 
Red = reflectância no vermelho. 
O SAVI, proposto por Huete (1988), pode ser obtido de acordo com a Equação 3. 
Neste índice incluiu-se a constante “L” com o intuito de reduzir o efeito do solo. 
 
SAVI = [(NIR – Red)(1 + L)]/[(NIR + Red) + L] (3) 
 
Onde: 
NIR = reflectância no infravermelho próximo; 
Red = reflectância no vermelho; 
L = fator de ajuste do índice SAVI. 
 
O NDWI, proposto por Gao (1996), pode ser obtido de acordo com a Equação 4. O 
objetivo principal deste índice é quantificar a água líquida presente na vegetação. 
 
NDWI = (NIR – SWIR)/(NIR + SWIR) (4) 
 
Onde: 
NIR = reflectância no infravermelho próximo; 
SWIR = reflectância no infravermelho de onda curta. 
 
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5 
 
O EVI, proposto por Huete et al. (1997), pode ser obtido de acordo com a Equação 5. 
Trata-se de uma otimização para realçar o sinal da vegetação. 
 
EVI = G[(NIR – Red)/(NIR + C1Red – C2Blue + L)] (5) 
 
Onde que: 
G = fator de ganho; 
NIR = reflectância no infravermelho próximo; 
Red = reflectância no vermelho; 
C1 = coeficiente de ajuste para o efeito de aerossóis da atmosfera na banda do 
vermelho; 
C2 = coeficiente de ajuste para o efeito de aerossóis da atmosfera na banda do azul; 
Blue = reflectância no azul; 
L = fator de ajuste para o solo. 
 
3. APLICAÇÕES DO SENSORIAMENTO REMOTO NA AGRICULTURA 
 
 São inúmeras as aplicações de produtos provenientes do sensoriamento remoto na área 
agrícola, sendo muito empregados em pesquisas de uso e cobertura das terras e de 
características da vegetação (BERNARDI et al., 2014). Além destas aplicações, a ampla 
variedade de sensores disponíveis, com suas respectivas características, possibilita diversos 
tipos de estudos, independentemente da escala. 
Pereira et al. (2016) realizaram uma pesquisa, no Estado de Goiás, empregando 
dezoito imagens do satélite Landsat 8, sensor OLI, com o intuito de calibrar um modelo 
destinado a estimar a área foliar da cana-de-açúcar a partir do NDVI e de correção 
atmosférica. O modelo gerado a partir do NDVI corrigido apresentou uma correlação 
satisfatória (R
2
 = 0,84) em relação ao Índice de Área Foliar (IAF), enquanto o modelo sem 
correção atmosférica apresentou uma correlação inferior (R
2
 = 0,60). Assim, os pesquisadores 
ressaltaram a importância da aplicação de correção atmosférica nas imagens para aumentar a 
qualidade da correlação. 
 Bertolin et al. (2017) realizaram um estudo, em uma área localizada no Estado da 
Bahia, com o objetivo de gerar um modelo que se correlaciona índices de vegetação com a 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
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produtividade de milho. Foram utilizadas imagens do satélite Landsat 8 dos anos 2013, 2014 
e 2015, dados de safras referentes aos mesmos anos das imagens e quatro índices (NDVI - 
Normalized Difference Vegetation Index, NDWI - Normalized Difference Water Index, SAVI 
- Soil Adjusted Vegetation Index e o GVI - Green Vegetation Index). Os autores concluíram 
que o NDVI foi o único índice que apresentou uma boa correlação (R
2
 = 0,81) com a 
produtividade do milho, demonstrando a sua potencialidade. 
Picoli, Duft e Machado (2017) conduziram um estudo utilizando imagens do sensor 
Modis, acoplado na plataforma dos satélites Terra e Aqua, com o objetivo de avaliar o 
potencial de oito índices de vegetação na identificação de eventos de seca na cultura da cana-
de-açúcar em um município localizado no interior do Estado de São Paulo. Dentre os índices 
espectrais estudados, os índices GVMI (Global Vegetation Moisture Index), MSI (Moisture 
Stress Index), NDI7 (Normalized Difference Infrared Index) e NDWI (Normalized Difference 
Water Index) apresentaram correlação significativa com o índice de seca meteorológica (SPEI 
- standardized precipitation-evapotranspiration index). Além disso, índices provenientes do 
sensor Modis, na plataforma do satélite Aqua, se mostraram mais apropriados na identificação 
de eventos de seca. 
 O panorama atual corrobora a ampla área de pesquisa da aplicação de técnicas de 
sensoriamento remoto na agricultura. Porém, muitos estudos ainda precisam ser realizados 
com o desafio de aumentar o emprego de geotecnologias, minimizar custos e aumentar a 
produtividade de culturas agrícolas. 
 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BERNARDI, A. C. C.; NAIME, J. M.; RESENDE, A. V.; BASSOI, L. H.; INAMASU, R. Y. 
Agricultura de Precisão: Resultados de um novo olhar. Brasília, DF: Embrapa, 2014. 
 
BERTOLIN, N. O.; FILGUEIRAS, R.; VENANCIO, L. P.; MANTOVANI, E. C. Predição da 
produtividade de milho irrigado com auxílio de imagens de satélite. Revista Brasileira de 
Agricultura Irrigada, v. 11, n. 4, p. 1627 – 1638, 2017. 
 
FORMAGGIO, A. R.; SANCHES, I. D. Sensoriamento remoto em agricultura. São Paulo: 
Oficina de Textos, 2017. 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
7 
 
GAO, B. C. A normalized difference water index for remote sensing of vegetation liquid 
water from space. Remote Sensing of Environment, v.58, p. 257 - 266, 1996. 
 
HUETE, A. R. A soil-adjusted vegetation index (SAVI). Remote Sensing of Environment, 
v. 25, p. 295 – 309, 1988. 
 
HUETE, A. R.; BATCHILY, H. Q.; VAN LEEUWEN, W. A comparison of vegetation 
indices over a global set of TM images for EOS-MODIS. Remote Sensing of Environment, 
v. 59, n. 3, p. 440-451, 1997. 
 
JENSEN, J. R. Sensoriamento remoto do ambiente: uma perspectiva em recursos 
terrestres. São José dos Campos, SP: Parêntese, 2009. 
 
JORDAN, C. F. Derivation of leaf area index from quality of light on the forest floor. 
Ecology, v. 50, p. 663 – 666, 1969. 
 
NOVO, E. M. M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Edgard 
Blucher, 1989. 308 p. 
 
PEREIRA, R. M.;CASAROLI, D.; VELLAME, L. M.; JÚNIOR, J. A.; EVANGELISTA, A. 
W. P. Sugarcane leaf area estimate obtained from the corrected Normalized Difference 
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Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
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CAPÍTULO 2 
SALINIDADE NA AGRICULTURA: ASPECTOS GERAIS 
 
MARA LÚCIA CRUZ DE SOUZA
1
; AMANDA MARIA DE ALMEIDA
2
; OSVALDIR 
FELICIANO DOS SANTOS
3
 e FERNANDO BROETTO
4
 
 
1
Engenheira Agrícola, Mestranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: mara_cruzsouza1@hotmail.com 
2
Engenheira Agrícola, Mestranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: amanda_malmeida@hotmail.com 
3
Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: osvaldir.feliciano@gmail.com 
4
Professor Adjunto - Departamento de Química e Bioquímica, Universidade Estadual Paulista/Unesp, Campus 
de Botucatu - Instituto de Biociências, Rua Profª. Drª. Irina Delanova Gemtchujnicov, s/nº, CEP: 18618-693, 
Botucatu, São Paulo, Brasil, broetto@ibb.unesp.br 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O processo de salinização dos solos é um dos acontecimentos mais crescentes no 
mundo, decorrente das condições climáticas, agricultura irrigada e pela própria formação dos 
solos. Diante da expansão populacional a necessidade por alimentos aumenta a cada dia, com 
isso existe uma grande contribuição do homem para os processos de degradação do solo, visto 
que o principal foco é atender a demanda mundial por alimentos. 
As maiores ocorrências de salinização dos solos são principalmente nas regiões áridas 
e semiáridas em todos continentes. Isso ocorre pois nessas áreas existem pouca precipitação, 
combinada com alta evapotranspiração, baixa intemperização, drenagem ineficiente e o uso de 
água de baixa qualidade, causando o desenvolvimento de solos com elevado índice de sais 
(HOLANDA et al., 2007). 
Existem diversas formas de utilização do solo e diferentes finalidades, seja para 
produção de alimentos ou para produtos industriais, porem independente da finalidade deve 
Seminários em Irrigação e Drenagem - 2018 ISBN 978-85-98187-97-6 
10 
 
existir o uso sustentável do solo, com boas praticas de manejo, adotando técnicas de 
exploração do solo de forma adequada, com intuito de prevenir a degradação dos solos. 
Segundo relatório da FAO (2015) estima-se que 8% dos solos no mundo estão 
moderadamente degradados, 10% estão em processo de recuperação, 25% já se encontram 
degradados, 37% estão levemente degradados, 18% estão sem cobertura vegetal e 2% são 
áreas cobertas por água e 7% de toda superfície terrestre encontra-se totalmente salinizadas. 
A salinização dos solos apresenta diversos impactos negativos para o meio ambiente, 
prejudicando tanto a cultura que está inserida nesse local como o próprio solo. Esses efeitos 
negativos nas plantas acarretam grandes prejuízos pois afetam diretamente todo o 
desenvolvimento e rendimento das plantas, no solo esses efeitos podem prejudicar a estrutura 
do solo, diminuindo sua permeabilidade. 
O aumento gradativo de áreas degradadas pela salinização está levantando questões de 
como pode-se remediar, controlar e prevenir esses locais. Para isso deve integrar melhores 
práticas agrícolas, avaliações econômicas, sociais e ambientais para definir a melhor forma de 
recuperação desses solos. Existem inúmeras estratégias que podem ser adotadas para a 
recuperação dessas áreas que serão abordadas mais a frente, sendo a mais utilizada a aplicação 
de corretivos e a lavagem do solo. 
Neste capitulo será abordado a processo de formação dos solos salinos, os efeitos que 
a salinização causa no solo e na planta, as praticas de manejo, e as formas de remediação e 
recuperação dos solos com alto índice salino. 
 
2. ORIGEM DOS SAIS NOS SOLOS 
 
O processo de salinização do solo ocorre da mesma maneira da formação dos solos, 
que é ocasionado pela intemperização das rochas, que envolve diversos fatores bióticos, 
abióticos e climáticos. (RIBEIRO et al., 2003; DIAS, 2004). Esse processo ocorre de duas 
formas: primaria e secundaria, sendo a primaria através de processos naturais e a secundaria 
induzidas pela ação antrópica (ZINCK e METTERNICHT, 2009; MUNNS, 2012). 
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11 
 
Os solos com alto nível salino podem ser chamados de solos salinos ou sódicos, os 
solos sódicos se distinguem por conter sódio trocável, já os solos salinos possuem sais 
solúveis na superfície do solo, isso normalmente ocorre em regiões com drenagem ineficiente 
(RIBEIRO, 2010; MAJOR & SALES, 2012). 
Os processos geológicos, geomorfológicos e climáticos controlam a presença e 
concentração natural dos sais no solo. O principal agente de transporte dos sais é a água, 
ocorrendo principalmente pelo processo de formação dos solos, onde os minerais primários 
que originam as rochas possuem sais solúveis, pelo clima como a chuva e o vento, ocorrendo 
normalmente por deposição dos sais dos oceanos (ZINCK e METTERNICHT, 2009; 
RIBEIRO, 2010). Ou seja, a salinização é originada de acordo com a evaporação dos solos e 
evapotranspiração das culturas, os sais provenientes dos minerais primários são acumulados 
na superfície do solo pela movimentação da água (DARKER 1988). 
A salinização secundaria dos solos geralmente está relacionada à qualidade da água 
utilizada na irrigação, à drenagem ineficiente, à presença de águas subterrâneas ricas em sais 
causadas por contaminação, pouca profundidade do lençol freático, aplicação excessiva de 
fertilizantes e desmatamento. Esse tipo de salinização tem uma maior ocorrência em locais 
com baixa precipitação e alta evapotranspiração, manifestando em maior escala nesses locais 
em que existe um manejo de irrigação ineficiente e o controle da drenagem também é feito de 
forma inadequada. 
As duas formas de salinização do solo geralmente envolvem o excesso de água e 
evapotranspiração elevada. Sendo que o excesso de águacarregada de sais tende a aumentar a 
salinização dos solos, e uma evapotranspiração elevada faz com que os sais se acumulam na 
superfície do solo, tornando o solo infértil. 
A salinização tem efeitos negativos tanto para o solo quanto para as plantas, segundo 
FAO (2014) o alto índice de sais no solo tem impactos negativos sobre toda produtividade das 
culturas, afetando diretamente os aspectos econômicos e ambientais. 
 
 
 
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12 
 
3. IMPACTOS DA SALINIDADE NO SOLO E NA PLANTA 
 
 A salinidade afeta o solo e as plantas que estão ali inseridas de diversas formas seja na 
produtividade ou até a perda total da lavoura e seja pela desestruturação do solo ou até 
desertificação com perda total da fertilidade do solo. De qualquer forma há grandes prejuízos 
tanto nos aspectos econômicos quanto ambientais em áreas salinizadas. Desta forma é 
necessário conhecer os efeitos do alto índice salino no solo e na planta, a fim de detectar a 
tempo possíveis prejuízos. 
O efeito do alto índice salino causa o aumento do potencial osmótico do solo ou 
toxidez de alguns elementos, que provocam alterações fisiológicas nas culturas de acordo com 
o grau de concentração nos solos. Essas são as duas principais formas de como a salinidade 
afeta as plantas (FARIAS et al., 2009; SILVA et al., 2009). Para Medeiros et al. (2010), no 
solo pode ocorrer a desestruturação do solo, pois o excesso de sais no solo causa expansão das 
argilas quando úmida e contração quando seca, devido ao excesso de sódio trocável, com o 
excesso dessa expansão ocorre a fragmentação das partículas. 
Segundo MUNNS (2005), todas as plantas têm um limite de concentração de sais 
tolerado pela mesma, quando esse limite é ultrapassado ocorrem diversos efeitos negativos no 
desenvolvimento da planta por dois processos: diminuição na absorção de água causada pelo 
efeito osmótico, a planta não consegue absorver água; e a alta concentração de sais no fluxo 
transpiratório da planta causa efeitos negativos nas folhas, assim esses dois processos 
comprometem diretamente o crescimento das plantas. 
O grande aumento de sais no solo afeta diretamente as propriedades físicas do solo, 
fazendo com que haja toda uma desestruturação do mesmo. De acordo com Dias & Blanco 
(2010), essas propriedades são afetadas de acordo com tipo de cátions trocáveis presente no 
solo, por exemplo, o aumento de sódio trocável torna o solo adensado, compacto em 
condições secas, disperso e pegajoso em condições molhadas, enquanto a acumulação de sais 
solúveis torna o solo floculado, friável e bem permeável. 
 Além dos prejuízos econômicos e ambientais, há também um grande problema social e 
também aspectos de ecossistema e recursos naturais. A perda de fertilidade nos solos promove 
a migração das comunidades, sendo uma grande dificuldade pois as comunidades não se 
apoiam para haver uma recuperação das áreas salinizadas e ocorre também a diminuição da 
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13 
 
biodiversidade, diminuição da distribuição de espécies, redução de ciclagem de nutrientes, 
desertificação (FAO, 2014). Ainda segundo a FAO (2014), estima-se que ocorre um prejuízo 
de renda anual de 12 bilhões de dólares em todos continentes por conta da salinização dos 
solos. 
4. REMEDIÇÃO E RECUPERAÇÃO DE SOLOS SALINIZADOS 
 
O processo de salinização pode ser primaria ou secundaria, como citado 
anteriormente, porem em ambos os casos os solos podem atingir um grau salino que prejudica 
as atividades agrícolas e toda estrutura do solo, seja pela ação natural ou pela ação antrópica. 
Existem diversas formas de recuperação dos solos salinizados, as mais utilizadas são 
as chamadas fundamentais que são o emprego de corretivos químicos e a lavagem do solo 
pois estas duas formas atuam diretamente na correção do alto índice salino. Também existem 
formas auxiliares para recuperação desses solos, como aração profunda, subsolagem, inversão 
de perfis, estes métodos não atuam diretamente na correção, mas atuam nas propriedades 
físicas dos solos (CAVALCANTE et al., 2016). 
Diversos autores citam que a maneira mais eficiente de recuperar os solos salinos é 
com a combinação das técnicas de correção, dificilmente consegue a recuperação de um solo 
salino utilizando uma técnica isoladamente (CAVALCANTE et al., 2010). 
Existem também técnicas culturais que podem auxiliar na remediação dos solos 
salinizados, como uso de gramíneas, herbáceas, adubação verde, essas formas auxiliam na 
melhoria das propriedades físicas do solo. Há outra alternativa à todos processos 
convencionais que na maioria das vezes demandam um alto investimento, que é a 
fitorremediação (PEDROTTI et al., 2015). Essa técnica é menos agressiva ao meio ambiente e 
é definida como o uso de plantas para remover poluentes do ambiente e torná-los menos 
nocivos (HASANUZZAMAN et al., 2014). 
A recuperação dos solos salinos com o uso da fitorremediação pode ocorrer com 
varias técnicas (Accioly & Siqueira, 2000). Umas das mais utilizadas é a fitoextração que é 
caracterizada pela aptidão das plantas em metabolizar os compostos extraídos em seus tecidos 
após concentrar esses elementos em seu organismo (MISHRA & SANGWAN, 2016). Para 
esse tipo de fitorremediação se usa plantas halófitas, que são plantas que toleram altos níveis 
de sais no solo (SOUZA et al., 2014). 
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14 
 
Dentre todas as técnicas abordadas anteriormente, as técnicas fundamentais ainda são 
as mais utilizadas, porém com um investimento maior. Lembrando que a melhor forma de 
recuperação dos solos salinizados é com a combinação de técnicas fundamentais com as 
auxiliares, de forma simultânea ou sucessiva. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As pesquisas indicam que há um aumento progressivo de áreas salinizadas em todo 
mundo, visto que a preocupação primordial é atender a demanda mundial de alimentos, 
aumentando cada vez o uso de práticas inadequadas para o uso do solo. Existem diversas 
técnicas para recuperação dos solos, porem nem sempre são utilizadas pelo alto investimento 
e essas áreas na maioria das vezes são abandonadas. 
 
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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CAPÍTULO 3 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 
OSVALDIR FELICIANO DOS SANTOS
1
; MARA LÚCIA CRUZ DE SOUZA
2
; AMANDA 
MARIA DE ALMEIDA
3 
e FERNANDO BROETTO
4
 
 
 1
Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: osvaldir.feliciano@gmail.com 
2
Engenheira Agrícola, Mestranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: mara_cruzsouza1@hotmail.com 
3
Engenheira Agrícola, Mestranda em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, Botucatu – 
SP, Brasil, e-mail: amanda_malmeida@hotmail.com 
4
 Professor Adjunto - Departamento de Química e Bioquímica, Universidade Estadual Paulista/Unesp, Campus 
de Botucatu - Instituto de Biociências, Rua Profª. Drª. Irina Delanova Gemtchujnicov, s/nº, CEP: 18618-693, 
Botucatu, São Paulo, Brasil, broetto@ibb.unesp.br 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Em um ambiente com condições climáticas naturais, tem-se a evaporação como um 
dos principais componentes básicos do ciclo hidrológico, constituindo da passagem do estado 
liquido da água para o gasoso. Sendo que, boa parte da água contida no solo, é absorvida 
pelas raízes e consequentemente acaba evaporando pela parte aérea da planta, este processo é 
denominado transpiração (JENSEN & ALLEN, 2016). 
O termo evapotranspiração foi conferido por Thornthwaite & Wilm (1944), no intuito 
de expressar a ocorrência simultânea dos processos de evaporação no solo e da transpiração 
das plantas, ou seja, este termo descreve o processo total de transferência de água do sistema 
solo-planta para a atmosfera. 
A estimativa da taxa de evapotranspiração está difundida em diversas atividades no 
meio agrícola, como determinação da necessidade hídrica das culturas, dimensionamento de 
projetos de irrigação, gerenciamento de reservatórios e planejamento de diversos recursos 
hídricos (BORGES & MENDIONDO, 2007), sendo um parâmetro de grande importância na 
ecologia vegetal e no planejamento agrícola. 
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2. GENERALIDADES 
 
 2.1. EVAPORAÇÃO 
 
Consiste na transformação da água do estado líquido, contida na superfície de solos, 
lagos e mares para a forma de vapor, a uma temperatura inferior à de ebulição. Para evaporar 
uma grama de água a 20º C é necessário 586 calorias, além da necessidade de uma diferença 
entre a pressão de saturação do vapor (temperatura da superfície), e a pressão parcial de vapor 
(Almeida, 2011). 
 
2.2. TRANSPIRAÇÃO 
 
O fluxo ascendente de água através do xilema, proveniente das raízes percorrendo toda 
a extensão da planta até as folhas e destas para a atmosfera é tido como o processo de 
transpiração (TAIZ & ZEIGER, 2009). Estes autores ainda relatam que este mecanismo 
(coesão-tensão de ascensão da seiva) ocorreatravés do contato direto das células do mesófilo 
foliar com a atmosfera, à medida que a água é perdida para a atmosfera aumenta a tensão no 
xilema e consequentemente gera o fluxo de seiva. Sendo que, a transpiração é regulada 
principalmente pelas células guardas, através da abertura e fechamento dos estômatos. 
 
 2.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 
A evapotranspiração consiste na perda de água para a atmosfera através das superfícies 
vegetadas englobando duas contribuições: A evaporação da umidade de uma determinada 
superfície (solo ou água) e a transpiração, resultante da atividade biológica das plantas 
(VAREJÃO-SILVA, 2006). 
 
3. FATORES DETERMINANTES DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 
As características do ambiente apresentam grande influência sobre a 
evapotranspiração, pois o mesmo é afetado por diversos fatores, como: estágio de 
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20 
 
desenvolvimento da planta, tipo de folha, percentagem de cobertura do solo, radiação solar, 
temperatura, vento e umidade do ar (OLIVEIRA et al., 2017). 
 
3.1. FATORES CLIMÁTICOS 
 
 Radiação: A quantidade de energia disponível para vaporizar a água é o fator 
determinante para que ocorra a evapotranspiração, sendo este, é a maior fonte de 
energia capaz de mudar grandes quantidades de água liquida em vapor d’água. Deve-
se ressaltar que o potencial da radiação difere em função da latitude e época do ano, 
sendo também influenciado por diversos fatores relacionados a condição atmosférica 
(Couto & Sans, 2002). 
 
 Temperatura: O fato da temperatura estar diretamente relacionada a 
evapotranspiração, ocorre devido ao aquecimento do ar próximo as plantas em função 
da radiação solar absorvida pela atmosfera, que consequentemente aumentam as taxas 
transpiratórias da planta. Deve-se ressaltar que a fotossíntese está diretamente ligada a 
temperatura, pois com seu aumento as plantas tendem a fechar os estômatos, no intuito 
de reduzir a perda de água par a atmosfera (TEIXEIRA & LIMA FILHO, 2004). 
 
 Umidade relativa do ar: A taxa de evapotranspiração de uma determinada área 
ocorre em função de dois principais fatores, a disponibilidade de umidade e a 
capacidade da atmosfera de vaporizar a água, remover e transportar o vapor para cima. 
Ou seja, quando a umidade está muito elevada a planta reduz sua capacidade de 
transpiração e consequentemente ocorre redução da evapotranspiração (AYOADE, 
2006). 
 
 Vento: O movimento do ar na superfície da folha, faz com que ocorra a remoção do 
vapor d’água naquela região, consequentemente aumenta o gradiente potencial de 
água, resultando no aumento da transpiração. Porém quando a velocidade do vento é 
muito elevada, pode ocorrer uma redução da transpiração da folha, devido ao 
fechamento estomático (SUTCLIFFE, 1980). 
 
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3.2. FATORES DA PLANTA 
 
 Espécie: Cada espécie vegetal apresenta uma determinada taxa de transpiração, isto se 
deve ao fato de uma série de fatores resultantes de suas características morfo-
fisiológicas que conferem características únicas a planta, sendo que estes podem 
apresentar características distintas em função do ambiente a qual está submetida 
(SUTCLIFFE, 1980). 
 
 Albedo: Também conhecido como coeficiente de reflexão, apresenta influência direta 
com relação a disponibilidade de energia, sendo que, uma maior reflexão resulta em 
uma menor energia disponível e consequentemente redução na evapotranspiração. 
 
 Índice de área foliar (IAF): O IAF tende a variar conforme o desenvolvimento da 
cultura, sendo que, em estágios mais avançados observa-se um aumento da 
evapotranspiração, resultante da maior área foliar (aumento da transpiração) sendo 
este, o principal fator influenciador, pois com o sombreamento observa-se uma 
redução da evaporação do solo (MATZENAUER et al., 1998). 
 
4. DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 
Existem vários métodos para a determinação da evapotranspiração, sendo que em sua 
maioria estimam a evapotranspiração potencial, ou seja, quando não há deficiência de água no 
solo, que consequentemente limitará sua utilização pela planta. Entretanto, devido as 
características intrínsecas de cada cultura existe uma certa variação potencial da 
evapotranspiração para cada cultura. Desta forma notou-se a necessidade de definir a 
evapotranspiração para uma cultura de referência (ETo) e posteriormente com um fator de 
correção a evapotranspiração real (ETc) da cultura (ALENCAR et al., 2009). 
 
4.1. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo) 
 
É tida como a evapotranspiração de uma cultura hipotética, mantida em condições 
hídricas e nutricionais ideais para seu desenvolvimento, com crescimento ativo e recobrindo 
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todo o solo com altura média de 0,12 m, albedo de 0,23 e resistência da superfície de 70 s/m 
(allen et al., 1998). 
 
4.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL (ETr) 
 
É a quantidade de água que realmente foi utilizada por uma superfície vegetada, 
independentemente de seu porte, com ou sem restrição hídrica. Ela pode ser limitada tanto 
pela disponibilidade de radiação como pelo suprimento de água pelo solo (CAMARGO & 
CAMARGO, 2000). 
 
4.3. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE OÁSIS (ETo) 
 
É descrito pela quantidade de água utilizada por uma pequena área vegetal (irrigada) 
circundada por uma extensa área seca, de onde provém energia por advecção (transporte 
lateral de calor por deslocamento de massa de ar), aumentando a quantidade de energia 
disponível (PEREIRA et al., 2002). 
 
4.4.EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA (ETc) 
 
É a evapotranspiração que ocorre em qualquer fase de desenvolvimento de uma 
cultura desde o plantio / semeadura até a colheita, quando não houver restrição hídrica. A Etc 
é função do índice de área foliar (superfície transpirante), pois quanto maior a área foliar 
maior será a ETc para a mesma demanda atmosférica. A ETc pode ser obtida através da 
multiplicação da ETo pelo Kc (coeficiente pré-estabelecido para cada cultura) da cultura 
(ALLEN et al., 1998). 
 
 
 
 
 
 
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5. DETERMINAÇÃO DA ETo 
 
5.1. MÉTODOS DIRETOS 
 
Medidas de evapotranspiração a nível de campo são demasiadamente complexas, pois 
a representatividade das medidas apresenta uma certa incerteza, além das dificuldades 
operacionais e a variabilidade espacial da superfície (PEREIRA et al., 1997). Entretanto se 
bem manejados estes métodos apresentam maior confiabilidade, pois seus resultados relatam 
a interferência dos elementos climáticos predominantes no local de estudo (MELLO, 1998). 
Atualmente existem três métodos utilizados na determinação direta da 
evapotranspiração sendo estes os métodos micrometeorológicos, o método do balanço de água 
no solo e os lisímetros. Este último sendo o mais empregado na agricultura, consiste em uma 
estrutura especial contendo determinado volume de solo vegetado com devida isolação, sendo 
monitorada todas as entradas e saídas de água deste sistema, sendo que, as condições da 
vegetação no seu interior, deve manter as mesmas características da área ao seu contorno 
(SENTELHAS, 2001). 
 
5.2. MÉTODOS INDIRETOS 
 
Devido à complexidade do manuseio e instalação dos métodos diretos, foram adotadas 
novas alternativas por meio de equações empíricas ou modelos matemáticos, que através do 
fornecimento de dados climático-fisiológicospode-se estimar a evapotranspiração de uma 
determinada cultura. Por se tratarem de estimativas, estes métodos apresentam grandes 
problemas de precisão, pelo fato de serem aplicados em locais com condições climáticas 
diferente de onde foram desenvolvidos (MELLO, 1998). 
Atualmente na literatura existe uma série de equações que permitem realizar o cálculo 
da ETo sendo que estes variam de acordo com a disponibilidade de dados climáticos e 
características da cultura, o que acaba culminando em maior ou menor grau de precisão, dos 
quais podemos destacar: Penman-Monteith FAO 56, Priestley-Taylor, Hargreaves, e Blaney-
Criddle (Allen et al., 1998; PRIESTLEY & TAYLOR, 1972; HARGREAVES & SAMANI, 
1985; BLANEY E CRIDDLE, 1950). Sendo que, atualmente o método de Penman-Monteith 
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FAO 56 é o padrão mundial aceitado, por contemplar uma série de fatores que permitem a 
este método tornar-se o mais preciso dentre os demais (ALLEN et al., 1998). 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALENCAR, C. A. B.; CUNHA, F. F.; MARTINS, C. E.; CÓSER, A. C.; ROCHA, W. S. D.; 
ARAÚJO, R. A. S. Irrigação de pastagem: atualidade e recomendações para uso e manejo. 
Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.98-108, 2009. 
 
ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: 
Guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. 300 p. (FAO – 
Irrigation and Drainage Paper, 56). 
 
ALMEIDA, P. R. L. Relação entre a evaporação e o poder evaporante do ar. Campina 
Grande, 2011. 40 p. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura plena em Geografia) – 
Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação. 
 
AYOADE, J. O. Introdução á climatologia para os trópicos. 11° ed. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2006. 332p. 
 
BLANEY, H. F.; CRIDDLE, W. O. Determining water requirements in irrigated areas 
from climatological and irrigation data. Washington: USDA, 1950. 48 p. (Technical paper, 
n. 96). 
 
BORGES, A. C.; MENDIONDO, E. M. Comparação entre equações empíricas para 
estimativa da evapotranspiração de referência na Bacia do Rio Jacupiranga. Revista 
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.11, n.3, p.293–300, 2007. 
 
CAMARGO, A. P.; CAMARGO, M. B. P. Uma revisão analítica da evapotranspiração 
potencial. Bragantia, Campinas, v.59, n.2, p.125-137, 2000. 
 
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COUTO, L.; SANS, L. M. A. Requerimento de água das culturas. Sete Lagoas: Embrapa 
Milho e Sorgo, 2002. (Circular Técnica n. 20). 
 
HARGREAVES, G. H.; SAMANI, Z. A. Reference crop evapotranspiration from 
temperature. Applied Engineering in Agriculture, v. 01, n. 02, p. 96-99, 1985. 
 
JENSEN, M. E.; ALLEN, R. G. Evaporation, Evapotranspiration, and Irrigation Water 
Requirements: 2. ed. Reston: ASCE, 2016. 769 p. 
 
MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H.; BERLATO, M. A.; MALUF, J. R. T. 
Evapotranspiração da cultura do milho. I - Efeito de épocas de semeadura. Revista Brasileira 
de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 9-14, 1998. 
 
MELLO, J. L. P. Análise de sensibilidade dos componentes da equação de Penman 
Monteith-FAO. Viçosa, MG, 1998. 79p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa. 
 
OLIVEIRA, J. B.; BARBOSA, P. J. A.; NOGUEIRA, D. H.; ARAÚJO, E. M.; ARRAES, F. 
D. D.; ARAÚJO, E. M. Analysis of the influence of the elements methodology on 
evapotranspiration in Morada Nova, in Ceará. Revista Geama, Recife, v.3, n.3, p.120-126, 
2017. 
 
PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: 
Fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: AGROPECUÁRIA, 2002. 
 
PEREIRA, A.R.; VILLA NOVA, N.A.; SEDYIAMA, G.C. Evapotranspiração. Piracicaba, 
SP: FEALQ, 1997. 183p. 
 
PRIESTLEY, C. H. B.; TAYLOR, R. J. On the assessment of surface heat flux and 
evaporation using large-scale parameters. Monthly Weather Review, v.100, p.81-82, 1972. 
 
SENTELHAS, P.C. Agrometeorologia aplicada à irrigação. In: MIRANDA, J.H. & PIRES, R. 
C. M. Irrigação – Série Engenharia Agrícola. Piracicaba, SP: FUNEP, 2001. 410 p. 
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SUTCLIFFE, J. F. As plantas e a água. São Paulo: EPU. 1980. 126p. 
 
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Trad. E.R. Santarém et al. 4. ed. Porto Alegre: 
Artemed, 2009. 819p. 
 
TEIXEIRA, A. H. C.; LIMA FILHO, J. M. P. Clima. In: Mouro, M. A. C. (Ed.). Cultivo da 
Mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2004. p. 8 – 11. 
 
THORNTHWAITE, C. W.; WILM, H. G. Report of the committee on evapotranspiration and 
transpiration 1943-1944. Transactions of the American Geophysical Union, Washington, 
v.25, part 5, p.686-693, 1944. 
 
VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e Climatologia, Versão Digital 2, 2006. v.1., 463p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 4 
MANEJO DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DA VIDEIRA DE 
MESA 
BRUNO RICARDO SILVA COSTA
1
; PEDRO ALCÂNTARA DA SILVA ABREU
2
; 
VALDEMIRO SIMÃO JOÃO PITORO
3 
e FERNANDO BROETTO
4 
 
1 
Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de 
Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 
18610-307, Botucatu – SP, Brasil, e-mail: bruno.ricardo.silva@hotmail.com 
2
Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – Faculdade de Ciências 
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua José Barbosa de Barros, 1780, CEP 18610-307, 
Botucatu – SP, Brasil, e-mail: pedro_804@outlook.com 
3
Engenheiro Agrônomo (Engenharia Rural), Mestrando em Agronomia (Irrigação e Drenagem) – 
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Rua João Montes Filho, 37, 
CEP 18610-370, Botucatu – SP, e-mail: vpitoro@gmail.com 
4
 Professor Adjunto - Departamento de Química e Bioquímica, Universidade Estadual Paulista/Unesp, Campus 
de Botucatu - Instituto de Biociências, Rua Profª. Drª. Irina Delanova Gemtchujnicov, s/nº, CEP: 18618-693, 
Botucatu, São Paulo, Brasil, broetto@ibb.unesp.br 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A absorção contínua de água pelas plantas é, juntamente com a fotossíntese, um dos 
processos essenciais para a sua sobrevivência, crescimento e reprodução, sendo requerido 
diariamente um volume considerável. Este é cedido para a atmosfera e contabilizado como o 
somatório dos processos de evaporação que ocorre na superfície úmida do solo ocupada pelos 
vegetais e de transpiração da água através dos espaços intercelulares da superfície foliar. 
Assim, do ponto de vista da produção agrícola, a determinação do consumo de água pelas 
culturas e sua variação ao longo do ciclo produtivo é de fundamental importância e, 
juntamente com a precipitação efetiva, se constitui em um dos principais parâmetros para 
indicar a necessidade de fornecimento de água via irrigação (REICHARDT e TIMM, 2004, 
BERNARDO et al., 2009). 
Quando considerados conjuntamente os processos de transpiração e absorção passiva 
de água pelas plantas, a condição de déficit hídrico é identificada como um padrão 
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preexistente nas espécies vegetais, visto que, durante o dia, embora a taxa de absorção de 
água seja elevada, esta permanece abaixo da taxa transpiração,implicando em um déficit 
hídrico diurno. Por sua vez, durante a noite, a taxa de absorção supera àquela referente a 
transpiração, permitindo a reidratação dos tecidos vegetais. Esse padrão foi exemplificado por 
Kramer e Boyer (1995), tanto para plantas herbáceas quanto lenhosas. 
Contudo, em condição ideal de conteúdo de água disponível no solo, o estresse 
causado pela deficiência em função do desequilíbrio entre transpiração e absorção pode não 
afetar significativamente o crescimento ou desenvolvimento da planta. A severidade do 
estresse fica condicionada, portanto, ao volume de água armazenado no solo na superfície de 
absorção radicular, considerando-se que, com o decréscimo contínuo da sua umidade e, ao se 
atingir um determinado limite de água disponível, é identificada uma redução na taxa de 
transpiração das plantas. Por conseguinte, com o incremento da severidade do déficit hídrico, 
a síntese de fotoassimilados é afetada, resultando em prejuízos no desenvolvimento vegetativo 
e redução na produção potencial das espécies cultivadas. Desta forma, a principal função da 
irrigação é o fornecimento artificial de água aos cultivos, em ocasiões onde a precipitação não 
é o suficiente para tal, visando manter a umidade do solo em níveis ótimos e atender a 
demanda evapotranspirométrica das plantas, evitando efeitos prejudiciais relativos ao estresse 
hídrico e assegurando condições para a produção potencial das culturas. 
 
2. EXIGÊNCIAS HÍDRICAS DA VIDEIRA DE MESA 
 
A videira (Vitis vinifera L.) é uma planta que apresenta certa adaptabilidade à 
deficiência hídrica, em função principalmente da capacidade de aprofundamento do seu 
sistema radicular. Contudo, o requerimento de água exigido pelas plantas é variável conforme 
a situação ambiental onde se encontra. Nesse sentido, de acordo com Creasy e Creasy (2009), 
uma videira pode sobreviver em uma condição de pouca disponibilidade hídrica, porém não 
será capaz de sustentar uma produção adequada. 
Muitas regiões onde se cultiva a videira de mesa apresentam precipitação 
pluviométrica o suficiente para satisfazer as necessidades da cultura. Por outro lado, por ser 
cultivada também em ambientes tropicais, os quais são mais sujeitos a ocorrência de déficit 
hídrico natural, em razão das diferenças entre as taxas de evapotranspiração e precipitação, a 
produtividade potencial da videira será dependente da aplicação de água via irrigação. Vale 
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destacar também a especificidade do cultivo da videira nessas regiões, a exemplo da 
viticultura desenvolvida no Nordeste brasileiro, em especial na Bacia do Rio São Francisco, 
com destaque para as microrregiões de Petrolina PE e Juazeiro BA. Esta especificidade diz 
respeito ao comportamento fisiológico acelerado das plantas submetidas as condições 
climáticas locais, que se reflete em um menor intervalo entre a propagação e a primeira safra, 
implicando na redução do ciclo produtivo. 
Como mencionado, em regiões áridas e semiáridas onde se dá a sua produção, o 
manejo da irrigação no cultivo da videira se constitui em uma prática indispensável. Nesse 
contexto, um dos parâmetros que orientam o cálculo das lâminas de irrigação é a 
evapotranspiração da cultura (ETc), mais especificamente o coeficiente da cultura (Kc), que 
representa a razão entre a evapotranspiração de referência (ETo) e a ETc. Esse coeficiente é 
variável conforme as fases fenológicas da cultura, sendo um indicativo das necessidades 
hídricas das plantas ao longo do ciclo produtivo. Conforme Soares e Costa (2000), têm-se os 
seguintes valores de Kc para a cultura da videira cultivada em condições do semiárido 
brasileiro: 0,15-0,25 na fase de repouso que antecede a poda, sendo elevado para 0,70-0,90 
aos 10 dias antes da poda; 0,40-0,50 na brotação e crescimento dos ramos, sendo elevado 
progressivamente até atingir 0,60 aos 25 dias antes da poda; 0,60 na fase de floração até 
chumbinho; 0,80-0,90 na 1ª fase de crescimento das bagas; 0,50-0,60 na fase de parada de 
crescimento das bagas; 0,80-0,90 na 2ª fase de crescimento das bagas e 0,40-0,60 na fase de 
maturação à colheita. 
O consumo hídrico da videira de mesa foi descrito por Freitas et al. (2006), na 
avaliação da cultivar Itália ao longo da Bacia do Rio São Francisco, os quais observaram que 
a ETc máxima diária variou, em grande parte da Bacia, de 4,5 a 5,7 mm dia
-1
, com média 
anual de 943 mm. 
 
3. IRRIGAÇÃO PELO CRITÉRIO DE DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO 
SOLO 
 
O manejo da irrigação da videira baseado em critérios do solo tem como fundamento 
manter o nível de umidade adequado na zona efetiva ocupada pelo sistema radicular da 
cultura. De forma geral, o volume de água armazenado em um perfil de solo varia conforme a 
sua umidade, a qual pode ser representada em unidade de peso (razão entre massa de solo 
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seco e de solo úmido, U em kg kg
-1
 ou %) ou volume (razão entre volume de água e de solo 
úmido, θ em m
3
 m
-3
 ou %). Por sua vez, a disponibilidade total de água no solo (DTA) pode 
ser calculada conforme a Equação 1 (BERNARDO et al., 2006), sendo determinada a partir 
do limite superior e inferior de umidade denominados, respectivamente, de capacidade de 
campo (CC) e ponto de murcha permanente (PM). 
 
DTA = [(UCC − UPM) 10⁄ ]. ds = (θCC − θPM) 10⁄ (1) 
 
Onde: DTA: disponibilidade total de água no solo (mm cm
-1
); UCC e θCC: umidade 
correspondente à capacidade de campo (%), em base de peso e volume, respectivamente; UPM 
e θPM: umidade correspondente ao ponto de murchamento (%), em base de peso e volume, 
respectivamente; ds: densidade do solo (g cm
-3
). 
 
Para fins de irrigação, considera-se que apenas a umidade contida em parte do perfil 
do solo irá contribuir para o atendimento das necessidades hídricas das plantas. Logo, admite-
se disponível para as culturas a água armazenada no volume de solo até uma dada 
profundidade (z) do seu sistema radicular, determinando-se assim a capacidade total de água 
no solo (CTA) conforme descrito pela Equação 2 (BERNARDO et al., 2006). De acordo com 
Soares e Nascimento (1998), para a videira de mesa da variedade Itália, cultivada em 
Vertissolo e sob sistema irrigação localizada, grande parte da massa seca das raízes 
responsáveis pela absorção de água e nutrientes foram observadas nas profundidades de 0-30 
cm (84%) e 0-60 cm (96%). 
 
CTA = DTA. z (2) 
 
Onde CTA: capacidade total de água no solo (mm); z: profundidade efetiva do sistema 
radicular (cm). 
 
Por fim, para não permitir que a umidade do solo atinja o seu limite inferior de 
disponibilidade ou ponto de murchamento, a partir do qual as plantas não recuperam a sua 
turgescência, deve-se considerar um intervalo menor do que a CTA para manejo de irrigação, 
ou seja, entre a capacidade de campo e um valor determinado de umidade conhecido como 
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umidade crítica. Este intervalo, denominado capacidade real de água no solo (CRA) é 
calculado segundo a Equação 4 (BERNARDO et al., 2006), a partir do produto da CTA por 
um fator de disponibilidade de água (f), adimensional e menor do que 1, que reflete a 
sensibilidade das culturas ao déficit hídrico. Para a cultura da videira de mesa, o valor de f é 
igual a 0,35, considerando uma ETc de 5,0 mm dia
-1
 (ALLEN et al., 1998). 
 
CRA = CTA. f (4) 
 
Onde: CRA: capacidade real de água no solo (mm); f: fator de disponibilidade de água 
no

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