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1 CAPÍTULO 3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E IMPACTO DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES NOS CORPOS RECEPTORES 3.1. INTRODUÇÃO O presente capítulo aborda três tópicos de grande importância em termos de poluição das águas causada por esgotos predominantemente domésticos: Poluição por matéria orgânica (consumo do oxigênio dissolvido) Contaminação por microrganismos patogênicos (decaimento bacteriano) Poluição de lagos e represas (eutrofização, causada por nitrogênio e fósforo) Em cada um destes itens são discutidos as causas, efeitos, controle e modelagem da poluição. Posteriormente, o capítulo enfoca ainda aspectos da legislação associada à qualidade das águas, no Brasil e no exterior, discutindo sobre a vinculação entre o padrão de qualidade e o uso, e distinguindo os conceitos de padrão de lançamento e padrão do corpo receptor. 3.2. POLUIÇÃO POR MATÉRIA ORGÂNICA E AUTODEPURAÇÃO DOS CURSOS D'ÁGUA 3.2.1. INTRODUÇÃO O presente item aborda um dos principais problemas de poluição dos cursos d'água, já em grande parte solucionado em vários países mais desenvolvidos, mas ainda de grande vulto nos países em desenvolvimento, a saber, o consumo do oxigênio dissolvido após o lançamento de esgotos. A importância da compreensão deste fenômeno no contexto da área de tratamento de esgotos relaciona-se à determinação da qualidade permitida para o efluente a ser lançado, incluindo o nível de tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na remoção de DBO. A introdução de matéria orgânica em um corpo d’água resulta, indiretamente, no consumo de oxigênio dissolvido. Tal se deve aos processos de estabilização da matéria orgânica realizados pelas bactérias decompositoras, as quais utilizam o oxigênio disponível no meio líquido para a sua respiração. O decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido tem diversas implicações do ponto de vista ambiental, constituindo-se, como já dito, em um dos principais problemas de poluição das águas em nosso meio. O objetivo deste texto é o estudo do fenômeno do consumo do oxigênio dissolvido e da autodepuração, através da qual o curso d'água se recupera, por meio de mecanismos puramente naturais. Ambos os fenômenos são analisados do ponto de vista ecológico e, posteriormente, mais especificamente, através da representação matemática da trajetória do oxigênio dissolvido no curso d'água. Em termos mais amplos, o fenômeno da autodepuração está vinculado ao restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, após as alterações induzidas pelos despejos afluentes. Dentro de uma visão mais específica da poluição por matéria orgânica, tem-se que, como parte integrante do fenômeno de user Resaltado figura user Resaltado después 2 autodepuração, os compostos orgânicos são convertidos em compostos estáveis (estabilização da matéria orgânica), como gás carbônico e água, e não prejudiciais do ponto de vista ecológico. Deve ser entendido que o conceito de autodepuração apresenta a mesma relatividade que o conceito de poluição. Uma água pode ser considerada depurada, sob um ponto de vista, mesmo que não esteja totalmente purificada em termos higiênicos, apresentando, por exemplo, organismos patogênicos. Dentro de um enfoque prático, deve-se considerar que uma água esteja depurada quando as suas características não mais sejam conflitantes com a sua utilização prevista em cada trecho do curso d'água. Isto porque não existe uma depuração absoluta: o ecossistema atinge novamente o equilíbrio, mas em condições diferentes das anteriores, devido ao incremento da concentração de certos produtos e subprodutos da decomposição. Em decorrência destes compostos, a comunidade aquática se apresenta de uma forma diferente, ainda que em novo equilíbrio. É de grande importância o conhecimento do fenômeno de autodepuração e da sua quantificação, tendo em vista os seguintes objetivos: Utilizar a capacidade de assimilação dos rios. Dentro de uma visão essencialmente prática, pode-se considerar que a capacidade que um corpo d'água tem de assimilar os despejos, sem apresentar problemas do ponto de vista ambiental, é um recurso natural que pode ser explorado. Esta visão realística é de grande importância em países em desenvolvimento, em que a carência de recursos justifica que se utilizem os cursos d'água como complementação dos processos que ocorrem no tratamento de esgotos (desde que feito com parcimônia e dentro de critérios técnicos seguros e bem definidos). Impedir o lançamento de despejos acima do que possa suportar o corpo d'água. Desta forma, a capacidade de assimilação do corpo d'água pode ser utilizada até um ponto aceitável e não prejudicial, não sendo admitido o lançamento de cargas poluidoras acima deste limite. 3.2.2. ASPECTOS ECOLÓGICOS DA AUTODEPURAÇÃO 3.2.2.1. Aspectos gerais O ecossistema de um corpo d'água antes do lançamento de despejos encontra-se usualmente em um estado de equilíbrio. Após a entrada da fonte de poluição, o equilíbrio entre as comunidades é afetado, resultando numa desorganização inicial, seguida por uma tendência posterior à reorganização. Neste sentido, a autodepuração é representativa de um fenômeno de sucessão ecológica. Há uma seqüência sistemática de substituições de uma comunidade por outra, até que uma comunidade estável se estabeleça em equilíbrio com as condições locais. A presença ou ausência de poluição pode ser caracterizada através do conceito de diversidade de espécies, como exposto a seguir: A redução na diversidade de espécies se deve ao fato de que a poluição é seletiva para as espécies: somente aquelas bem adaptadas às novas condições ambientais sobrevivem e, mais do que isso, proliferam (resultando em um elevado número de indivíduos nessas poucas espécies). As demais espécies - Ecossistema em condições naturais: elevada diversidade de espécies · elevado número de espécies · reduzido número de indivíduos em cada espécie - Ecossistema em condições perturbadas: baixa diversidade de espécies · reduzido número de espécies · elevado número de indivíduos em cada espécie user Resaltado En resultado 3 não resistem às novas condições ambientais, podendo vir a sucumbir (conduzindo a um reduzido número total de espécies). 3.2.2.2. Zonas de autodepuração Por ser a autodepuração um processo que se desenvolve ao longo do tempo, e considerando-se a dimensão do curso d'água receptor como predominantemente longitudinal, tem-se que os estágios da sucessão ecológica podem ser associados a zonas fisicamente identificáveis no rio. São quatro as principais zonas de autodepuração: zona de degradação zona de decomposição ativa zona de recuperação zona de águas limpas A jusante do lançamento de um despejo predominantemente orgânico e biodegradável, tem-se as seguintes características de cada zona (von Sperling, 1983). Deve-se ressaltar que, a montante do lançamento dos despejos, tem-se a zona de águas limpas, caracterizada pelo seu equilíbrio ecológico e elevada qualidade da água. A Figura 3.1 apresenta a trajetória dos três principais parâmetros (matéria orgânica, bactérias decompositoras e oxigênio dissolvido) ao longo das quatro zonas. ZONA DE DEGRADAÇÃO Característica Descrição Característica geral Esta zona tem início logo após o lançamento das águas residuárias no curso d'água. A principal característica química é a alta concentração de matéria orgânica, ainda em seu estágio complexo, mas potencialmente decomponível. Aspecto estético No ponto de lançamento a água se apresenta turva, devido aos sólidos presentes nos esgotos. A sedimentação de sólidos resulta na formação de bancos de lodo. Matéria orgânica e oxigênio dissolvido Como o nome bem caracteriza, nesta zona há uma completa desordem, em relação à comunidade estável antes existente. O processo dedecomposição da matéria orgânica, efetuado pelos microrganismos decompositores, pode ter um início lento, dependendo da adaptação dos seres decompositores aos despejos. Normalmente, no caso de despejos predominantemente orgânicos, os microrganismos presentes nas águas residuárias são os responsáveis pelo início da decomposição. Como esta pode ser ainda incipiente, o consumo de oxigênio dissolvido para as atividades respiratórias dos microrganismos pode ser também reduzido, possibilitando a que seja encontrado oxigênio dissolvido suficiente para a vida de peixes. Após a adaptação dos microrganismos, a taxa de consumo da matéria orgânica atinge o seu máximo, implicando também na taxa máxima de consumo de oxigênio dissolvido. Microrganismos decompositores Após o período de adaptação, inicia-se a proliferação bacteriana, com uma predominância maciça das formas aeróbias, ou seja, que dependem do oxigênio disponível no meio para os seus processos metabólicos. As bactérias decompositoras, possuindo alimento em abundância, na forma da matéria orgânica introduzida pelos despejos, e com suficiente oxigênio para a sua respiração, têm amplas condições para o desenvolvimento e reprodução. O teor de matéria orgânica apresenta o seu máximo no ponto de lançamento e, devido à decomposição pelos microrganismos, principia a decrescer. Subprodutos da decomposição Há um aumento nos teores de gás carbônico, um dos subprodutos do processo respiratório microbiano. Com o aumento das concentrações de CO2, convertido a ácido carbônico na água, pode haver uma queda no pH da água, tornando-a mais ácida. Lodo de fundo No lodo de fundo, devido à dificuldade de intercâmbio gasoso com a atmosfera, passam a prevalecer condições anaeróbias, isto é, de ausência de oxigênio dissolvido. Como conseqüência de tal, há a produção de gás sulfídrico, potencial gerador de odores desagradáveis. Nitrogênio Os compostos nitrogenados complexos apresentam-se ainda em altos teores, embora já ocorra a conversão de grande parte dos mesmos a amônia. Comunidade aquática Há uma sensível diminuição do número de espécies de seres vivos, embora o número de indivíduos em cada uma seja bem elevado, caracterizando um ecossistema perturbado. Há o desaparecimento das formas menos adaptadas e a predominância e desenvolvimento das formas resistentes e melhor aparelhadas às novas condições. A quantidade de bactérias do grupo coliforme, oriundas do trato intestinal humano, é bastante elevada, quando a poluição tem como fonte contaminações de origem humana, como esgotos domésticos. Ocorrem também protozoários que se alimentam de bactérias, além de fungos que se alimentam da matéria orgânica. A presença de algas é rara, devido à dificuldade de penetração da luz, em razão da turbidez da água, fruto dos sólidos em suspensão introduzidos pelos esgotos. Ocorre uma evasão de hidras, esponjas, musgos, crustáceos, moluscos e peixes. user Resaltado user Resaltado pronto user Resaltado borroso user Resaltado alcanza user Resaltado contenido user Resaltado niveles user Resaltado uno de los user Resaltado caida 4 ZONA DE DECOMPOSIÇÃO ATIVA Característica Descrição Característica geral Após a fase inicial de perturbação do ecossistema, este principia a se organizar, com os microrganismos desempenhando ativamente suas funções de decomposição da matéria orgânica. Como conseqüência, os reflexos no corpo d'água atingem os seus níveis mais acentuados, e a qualidade da água apresenta-se em seu estado mais deteriorado. Aspecto estético Observa-se ainda acentuada coloração na água e os depósitos de lodo escuro no fundo. Matéria orgânica e oxigênio dissolvido Nesta zona o oxigênio dissolvido atinge a sua menor concentração. Caso a quantidade de esgoto lançada tenha sido de uma certa magnitude, pode ser que o oxigênio dissolvido venha a ser totalmente consumido pelos microrganismos. Nesta situação, tem-se condições de anaerobiose em toda a massa líquida, no trecho em questão. Desaparece, conseqüentemente, a vida aeróbia, dando lugar à predominância de organismos anaeróbios. Microrganismos decompositores As bactérias decompositoras principiam a se reduzir em número, devido principalmente à redução na disponibilidade de alimento, em grande parte já estabilizado. Outros fatores interagem ainda na sua redução, como luz, floculação, adsorção, precipitação. Subprodutos da decomposição Caso haja reações anaeróbias, os subprodutos são, além do gás carbônico e da água, o metano, gás sulfídrico, mercaptanas e outros, vários deles responsáveis pela geração de maus odores. Nitrogênio O nitrogênio apresenta ainda a forma orgânica, embora a maior parte já se encontre na forma de amônia. No final da zona, já com a presença de oxigênio dissolvido, pode principiar a oxidação da amônia a nitrito. Comunidade aquática O número de bactérias entéricas, quer patogênicas ou não, diminui rapidamente. Isto se deve a que tais bactérias, adaptadas às condições ambientais prevalecentes no trato intestinal humano, não resistem às novas condições ambientais, predominantemente adversas à sua sobrevivência. O número de protozoários se eleva, o que implica na ascensão em um degrau na pirâmide alimentar, dentro do processo de sucessão ecológica. Ocorre a presença de alguns macrorganismos e larvas de insetos, dotados de meios para sobreviver nas condições predominantes. No entanto, a macrofauna é ainda restrita em espécies. Não voltaram a surgir ainda as hidras, esponjas, musgos, crustáceos, moluscos e peixes. ZONA DE RECUPERAÇÃO Característica Descrição Característica geral Após a fase de intenso consumo de matéria orgânica e de degradação do ambiente aquático, inicia-se a etapa de recuperação. Aspecto estético A água está mais clara e a sua aparência geral apresenta-se grandemente melhorada. Os depósitos de lodo sedimentados no fundo apresentam uma textura mais granulada e não tão fina, não havendo mais desprendimento de gases ou de mau cheiro. Matéria orgânica e oxigênio dissolvido A matéria orgânica, intensamente consumida nas zonas anteriores, já se encontra grandemente estabilizada, ou seja, transformada em compostos inertes. Isto implica em que o consumo de oxigênio, através da respiração bacteriana, seja mais reduzido. Com isso, paralelamente à introdução de oxigênio atmosférico na massa líquida, aumentam os teores de oxigênio dissolvido (a produção de oxigênio pela reaeração atmosférica passa a ser maior que o consumo de oxigênio para a estabilização da matéria orgânica). As condições anaeróbias possivelmente preponderantes na zona anterior não mais ocorrem. Isto traz como conseqüência uma nova mudança na fauna e na flora aquáticas. Nitrogênio A amônia é convertida a nitritos e estes a nitratos. Além destes, os compostos de fósforo são transformados a fosfatos. Ocorre, portanto, uma fertilização do meio, pela produção dos sais minerais (nitratos e fosfatos), os quais são nutrientes para as algas. Algas Devido à presença de nutrientes, e à maior transparência da água (proporcionando uma maior penetração da luz), há condições para o desenvolvimento das algas. Com a sua presença, há a produção de oxigênio pela fotossíntese, elevando ainda mais os teores de oxigênio dissolvido no meio. Ainda em decorrência da presença de algas, ocorre uma maior diversificação da cadeia alimentar, em razão do desenvolvimento de microrganismos heterotróficos que delas se alimentam. Comunidade aquática O número de bactérias encontra-se bem mais reduzido e, como conseqüência, também o de protozoários bacteriófagos. As algas apresentam-se em franca reprodução. As primeiras a aparecer são as algas azuis, na superfície e nas margens, depois os flagelados e algas verdes e, finalmente, as diatomáceas. Os microcrustáceos ocorrem em seu máximo, apresentando-se ainda em grande número os moluscos e vários vermes, dinoflagelados,esponjas, musgos e larvas de insetos. A cadeia alimentar está mais diversificada, gerando a alimentação dos primeiros peixes, mais tolerantes. user Resaltado reflejos en el alcance cuerpo de agua user Resaltado Se hace notar aún más acentuada user Resaltado En esta zona el oxígeno disuelto alcanza su user Resaltado Si la cantidad de aguas residuales ha sido liberado de cierta magnitud user Resaltado en la sección en cuestión user Resaltado todavía interactuar en la reducción user Resaltado además de la user Resaltado la presentación de la forma orgánica user Resaltado aunque la mayoría ya están user Resaltado ya sea o no patógena user Resaltado Todavía está restringido especies user Resaltado No vuelva a surgir todavía user Resaltado hedor user Resaltado Además de estos user Resaltado la fertilización del medio de user Resaltado sales minerales user Resaltado también en user Resaltado presentación todavía en gran parte 5 ZONA DE ÁGUAS LIMPAS Característica Descrição Característica geral As águas apresentam-se novamente limpas, voltando a ser atingidas as condições normais anteriores à poluição, pelo menos no que diz respeito ao oxigênio dissolvido, à matéria orgânica e aos teores de bactérias e, provavelmente, de organismos patogênicos. Aspecto estético A aparência da água encontra-se similar à anterior à ocorrência da poluição. Matéria orgânica e oxigênio dissolvido Na massa líquida há a predominância das formas completamente oxidadas e estáveis dos compostos minerais, embora o lodo de fundo não esteja necessariamente estabilizado. A concentração de oxigênio é próxima à de saturação, devido ao baixo consumo pela população microbiana e à possivelmente elevada produção pelas algas. Comunidade aquática Devido à mineralização ocorrida na zona anterior, as águas são agora mais ricas em nutrientes do que antes da poluição. Assim, a produção de algas é bem maior. Há o restabelecimento da cadeia alimentar normal. São encontradas ninfas de odonatas, efemérides, assim como grandes crustáceos de água doce, moluscos e vários peixes. A diversidade de espécies é grande. O ecossistema encontra-se estável e a comunidade atinge novamente o clímax. Fig. 3.1. Perfil esquemático da concentração da matéria orgânica, bactérias decompositoras e oxigênio dissolvido ao longo do percurso no curso d'água. Delimitação das zonas de autodepuração. user Resaltado volver a ser alcanzados user Resaltado hay un predominio de user Resaltado nuevo llega al clímax. 6 3.2.3. O BALANÇO DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO 3.2.3.1. Fatores interagentes no balanço de OD Em termos ecológicos, a repercussão mais nociva da poluição de um corpo d'água por matéria orgânica é a queda nos níveis de oxigênio dissolvido, causada pela respiração dos microrganismos envolvidos na depuração dos esgotos. O impacto é estendido a toda a comunidade aquática, e cada redução nos teores de oxigênio dissolvido é seletiva para determinadas espécies. O oxigênio dissolvido tem sido utilizado tradicionalmente para a determinação do grau de poluição e de autodepuração em cursos d'água. A sua medição é simples, e o seu teor pode ser expresso em concentrações, quantificáveis e passíveis de modelagem matemática. As águas constituem ambientes bastante pobres em oxigênio, em virtude da baixa solubilidade deste. Enquanto no ar a sua concentração é da ordem de 270 mg/L, na água, nas condições normais de temperatura e pressão, a sua concentração se reduz aproximadamente a apenas 9 mg/L. Desta forma, qualquer consumo em maior quantidade traz sensíveis repercussões quanto ao teor de oxigênio dissolvido na massa líquida. No processo de autodepuração há um balanço entre as fontes de consumo e as fontes de produção de oxigênio. Quando a taxa de consumo é superior à taxa de produção, a concentração de oxigênio tende a decrescer, ocorrendo o inverso quando a taxa de consumo é inferior à taxa de produção. Os principais fenômenos interagentes no balanço do oxigênio dissolvido em um curso d'água encontram-se apresentados na Figura 3.2, e listados no Quadro 3.1. Fig. 3.2. Mecanismos interagentes no balanço do oxigênio dissolvido Quadro 3.1. Principais fenômenos interagentes no balanço do OD Consumo de oxigênio Produção de oxigênio - oxidação da matéria orgânica (respiração) - demanda bentônica (lodo de fundo) - nitrificação (oxidação da amônia) - reaeração atmosférica - fotossíntese De maneira geral, as concentrações dos constituintes (como o oxigênio dissolvido) em um corpo d’água são alteradas devido a processos físicos de advecção e difusão e processos bioquímicos e físicos, de conversão (Figura 3.3). Os processos ocorrem segundo os três eixos do corpo d’água, embora em rios o eixo predominante seja o longitudinal (x). Os fenômenos listados no Quadro 3.1 dizem respeito aos processos de conversão. user Resaltado trae un efecto apreciable user Resaltado se produce de acuerdo con los tres ejes de la masa de agua, aunque user Resaltado en los ríos es predominantemente eje longitudinal (x). 7 Fig. 3.3. Eixos de ocorrência das mudanças espaciais e temporais nos constituintes das águas de rios a) Consumo de oxigênio Oxidação da matéria orgânica A matéria orgânica nos esgotos se apresenta em duas formas: em suspensão e dissolvida. A matéria em suspensão (ou particulada) tende a sedimentar no corpo d'água, formando o lodo de fundo. A matéria dissolvida (ou solúvel), conjuntamente com a matéria suspensa de pequenas dimensões (dificilmente sedimentável) permanece na massa líquida. A oxidação desta matéria orgânica corresponde ao principal fator de consumo de oxigênio. O consumo de OD se deve à respiração dos microrganismos decompositores, principalmente as bactérias heterotróficas aeróbias. A equação simplificada da estabilização da matéria orgânica é: matéria orgânica + O2 + bactérias CO2 + H2O + bactérias + energia (3.1) As bactérias, na presença de oxigênio, convertem a matéria orgânica a compostos simples e estáveis, como água e gás carbônico. Com isto, elas tendem a crescer e se reproduzir, gerando mais bactérias, enquanto houver disponibilidade de alimento (matéria orgânica) e oxigênio no meio. A reação acima pode ser descrita também como uma reação de oxidação, pelo fato do estado de oxidação do carbono ter se elevado na conversão da matéria orgânica a gás carbônico. Demanda bentônica A matéria orgânica em suspensão que se sedimentou, formando o lodo de fundo, necessita ser também convertida. Grande parte desta conversão se dá em condições anaeróbias, em virtude da dificuldade da penetração do oxigênio na camada de lodo. A reação da conversão da matéria orgânica conduz à forma x z y Mudanças na concentração do constituinte com o tempo = Devido à Advecção: transporte do constituinte no campo de velocidades do meio fluido Devido à Difusão: espalhamento das partículas do constituinte devido à agitação térmica + Devido aos processos de Conversão: fatores biológicos físicos químicos + user Resaltado a causa de user Resaltado 8 oxidada de gás carbônico e à forma reduzida de metano. Esta forma de conversão, por ser anaeróbia, não implica, portanto, em consumo de oxigênio. No entanto, a camada superior do lodo, da ordem de alguns milímetros de espessura, tem ainda acesso ao oxigênio da massa líquida sobrenadante. A estabilização do lodo se dá aerobiamente nesta fina camada, resultando em remoção da DBO e no consumo de oxigênio. Ademais, alguns subprodutos parciais da decomposição anaeróbia podem se dissolver, atravessar a camada aeróbia do lodo, e se difundir na massa líquida, exercendo uma demanda de oxigênio. A demanda de oxigênio originada por este conjunto de fatores gerados pelo lodo de fundo é denominada demanda bentônicaou demanda de oxigênio pelo sedimento. Um outro fator que pode causar consumo de oxigênio é a reintrodução na massa líquida da matéria orgânica anteriormente sedimentada, causada pelo revolvimento da camada de lodo. Este revolvimento ocorre em ocasiões de aumento de vazão e da velocidade de escoamento das águas. O lodo, não estando ainda totalmente estabilizado, representa uma nova fonte de demanda de oxigênio. A representatividade da demanda bentônica e do revolvimento do lodo no balanço do oxigênio depende de uma série de fatores simultaneamente interagentes, vários deles de difícil quantificação. Nitrificação Um outro processo de oxidação é o referente às formas nitrogenadas, responsável pela transformação da amônia em nitritos e estes em nitratos, no fenômeno denominado nitrificação. Os microrganismos envolvidos neste processo são autótrofos quimiossintetizantes, para os quais o dióxido de carbono é a principal fonte de carbono, e a energia é obtida através da oxidação de um substrato inorgânico, como a amônia. A transformação da amônia em nitritos se dá segundo a seguinte reação simplificada: amônia + O2 -----> nitrito + H + + H2O + energia (3.2) A transformação do nitrito em nitrato ocorre a seguir, de acordo com a reação simplificada: nitrito + O2 -----> nitrato + energia (3.3) Observa-se que em ambas as reações há consumo de oxigênio. Este consumo é referido como demanda nitrogenada ou demanda de segundo estágio, por ocorrer numa fase posterior à das reações de desoxigenação carbonácea. Tal se deve ao fato de que as bactérias nitrificantes têm uma taxa de crescimento mais lenta do que as bactérias heterotróficas, implicando em que a nitrificação ocorra também mais lentamente. b) Produção de oxigênio Reaeração atmosférica A reaeração atmosférica é freqüentemente o principal fator responsável pela introdução de oxigênio no meio líquido. A transferência de gases é um fenômeno físico, através do qual moléculas de gases são intercambiadas entre o líquido e o gás pela sua interface. Este intercâmbio resulta num aumento da concentração do gás na fase líquida, caso esta fase não esteja saturada com o gás. Isto é o que ocorre em um curso d'água, cuja concentração de oxigênio dissolvido reduziu-se devido aos processos de estabilização da matéria orgânica. Assim, os teores de OD são inferiores aos de saturação, 9 que são ditados pela solubilidade do gás a dadas condições de temperatura e pressão. Nesta situação, diz- se haver um déficit de oxigênio. Desta forma, desde que haja um déficit, há uma busca para uma nova situação de equilíbrio, permitindo que haja uma maior absorção de oxigênio pela massa líquida. A transferência de oxigênio da fase gasosa para a fase líquida se dá basicamente através de dois mecanismos: - difusão molecular - difusão turbulenta Em um corpo d'água com a massa líquida praticamente parada predomina a difusão molecular. Esta pode ser descrita como a tendência de qualquer substância de se espalhar uniformemente por todo o espaço disponível. No entanto, este mecanismo é bastante lento, requerendo muito tempo para que um gás atinja as camadas mais profundas do corpo d'água. O mecanismo da difusão turbulenta é bem mais eficiente, pois envolve os dois principais fatores de uma eficaz aeração: criação de interfaces e renovação destas interfaces. O primeiro é importante, pois é através das interfaces que ocorrem os intercâmbios gasosos. O segundo é também significativo, pois a pronta renovação das interfaces permite que se evitem pontos de saturação localizada, além de conduzir o gás para as várias profundidades da massa líquida, devido à maior mistura. A condição de difusão a predominar é função das características hidrodinâmicas do corpo d'água. Um rio de menor profundidade, com corredeiras, apresenta excelentes condições para uma eficiente turbulência. Nestas condições, a difusão molecular é desprezível. Por outro lado, em lagos, tende a predominar a difusão molecular, a menos que o vento promova uma maior mistura e renovação da interface. Fotossíntese A fotossíntese é o principal processo utilizado pelos seres autotróficos para a síntese da matéria orgânica, sendo característica dos organismos clorofilados. O processo se realiza somente em presença de energia luminosa, segundo a seguinte equação simplificada, pois ocorrem inúmeras etapas intermediárias: CO2 + H2O + energia luminosa ----> matéria orgânica + O2 (3.4) A respiração apresenta uma reação exatamente oposta à da fotossíntese. Enquanto a fotossíntese constitui um processo de fixação da energia luminosa e a formação de moléculas de glicose de alta energia potencial, a respiração é essencialmente o inverso, isto é, a liberação desta energia para sua posterior utilização nos processos metabólicos (Branco, 1976). A dependência da luz condiciona a distribuição dos seres fotossintetizantes a locais onde essa possa penetrar. Em águas com certa turbidez, oriunda, quer da desagregação de partículas do solo, quer da introdução de sólidos em suspensão contidos nos despejos, a possibilidade da presença de algas é menor e, por conseguinte, mais reduzido o fenômeno da fotossíntese. Isso é mais evidente nas primeiras zonas de autodepuração, onde há predominância quase que exclusiva de organismos heterótrofos, ou seja, a respiração supera a produção. No cômputo geral, os seres autotróficos realizam muito mais síntese do que oxidação, gerando sempre um saldo de compostos orgânicos que constituem a reserva de energia para os seres heterotróficos, além de um superávit de oxigênio que permite a respiração dos outros organismos. 3.2.3.2. Modelos de qualidade das águas a) Modelos abrangentes de qualidade das águas Os modelos de qualidade das águas de rios vêm sendo utilizados desde o desenvolvimento do modelo clássico de OD e DBO, de Streeter e Phelps, em 1925. Este modelo representou um marco na história da user Resaltado llega a la user Resaltado es a través de user Resaltado con rápidos user Resaltado resultante de, o la descomposición de las partículas del suelo, user Resaltado la posibilidad de la presencia de algas es más pequeña y por lo tanto reducir el fenómeno fotosintética user Resaltado casi user Resaltado autótrofos seres realizan mucho más que la síntesis de la oxidación user Resaltado Modelos integrales de la calidad del agua 10 Engenharia Sanitária e Ambiental. Posteriormente, vários outros modelos foram sendo desenvolvidos, incluindo o modelo de Camp (1954), aumentando o grau de complexidade e o número de variáveis modeladas, mas mantendo a mesma estrutura conceitual do modelo clássico de Streeter-Phelps. O modelo mais conhecido, dentro da geração relativamente mais recente, é o modelo QUAL2E, desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental do Estados Unidos (USEPA), o qual representa em maior profundidade os ciclos de O, N e P na água. Há ainda uma outra classe de modelos, entendidos como modelos de ecossistemas, que representam sólidos em suspensão, diversos grupos de algas, zooplâncton, invertebrados, plantas e peixes. A IWA - International Water Association (IWA Task Group on River Quality Modelling, 2001) desenvolveu também um modelo de qualidade baseando-se em uma estrutura similar ao modelo matemático do processo de lodos ativados, bastante avançado, mas de estrutura complexa. Naturalmente que, quanto mais variáveis (parâmetros de qualidade) forem representados por um modelo, maior o número de coeficientes cinéticos e estequiométricos a serem obtidos ou adotados e, portanto, maior a dificuldade de calibração do modelo. Para países em desenvolvimento, com toda a grande diversidade regional de problemas e soluções concernentes à qualidade da água, é difícil estabelecerem-se generalizações sobre a utilização de modelos.No entanto, é sempre importante ter-se em mente que os modelos de qualidade da água citados foram desenvolvidos em países que já resolveram em grande parte seus problemas de poluição mais básicos, tais como a poluição pelo lançamento de esgotos brutos contendo matéria orgânica (domésticos e industriais). Nestas condições, é natural que se dê atenção a eventos transientes e de poluição difusa, por exemplo. Já na maior parte dos países em desenvolvimento os problemas mais básicos não foram ainda solucionados, e os modelos mais simples têm ainda uma grande contribuição a prestar para o adequado gerenciamento dos recursos hídricos, alocação de cargas poluidoras e estudos de impactos para licenciamentos ambientais. b) Modelos simplificados No presente texto, por uma questão de simplicidade, são abordados com maior destaque os dois principais fatores no balanço do OD, a saber: consumo de oxigênio: oxidação da matéria orgânica (respiração) produção de oxigênio: reaeração atmosférica Naturalmente há casos em que se justifica a inclusão explícita no modelo dos outros fatores, por serem estes, em determinadas situações, importantes no balanço do oxigênio dissolvido. No entanto, os trabalhos de campo e laboratório necessários para uma confiável avaliação destes parâmetros são de uma grande complexidade. A adoção de modelos matemáticos mais sofisticados exige a disponibilidade de tempo e recursos financeiros compatíveis com a formulação proposta, o que nem sempre pode ser o caso em países em desenvolvimento. Desta forma, no presente texto se adota a versão mais simplificada do modelo, que possibilita a identificação mais fácil de eventuais problemas na sua estrutura e nos valores dos parâmetros. Deve-se esclarecer ainda que o modelo a ser descrito é restrito às condições aeróbias no corpo d'água. Em condições anaeróbias, a taxa de conversão da matéria orgânica é inferior, sendo processada por uma biomassa de características totalmente diversas. Existem modelos que levam em consideração os trechos em condições anaeróbias (Gundelach e Castillo, 1976; Del Picchia, sem data). No presente livro, adota-se a solução simplificada de se considerar os rios através do regime de fluxo em pistão, suficiente para a maior parte das situações (ver item seguinte). A versão mais simplificada do modelo é adequada apenas para simular o impacto do lançamento de cargas pontuais. c) Representação hidráulica Na estrutura do modelo, deve ser levado em consideração o regime hidráulico do curso d'água. Há basicamente três tipos de modelos hidráulicos para um corpo d'água (ver Figura 3.4): user Resaltado Hay todavía user Resaltado teniendo en cuenta user Resaltado eventos transitorios y la contaminación difusa user Resaltado En la mayor parte user Resaltado más básico aún no se han resuelto, user Resaltado tienen también user Resaltado la asignación de cargos user Resaltado más destacado user Resaltado y los valores de los parámetros. user Resaltado Cabe aclarar aún más user Resaltado Se limita a las condiciones descritas user Resaltado en cuenta los pasajes 11 fluxo em pistão mistura completa fluxo disperso Fig. 3.4. Diferentes regimes hidráulicos para um corpo d'água. (a) Fluxo em pistão. (b) Mistura completa. (c) Fluxo disperso. Um corpo d'água em regime de mistura completa ideal se caracteriza por ter em todos os pontos da massa líquida a mesma concentração. Assim, a concentração efluente é igual à concentração em qualquer ponto do corpo d'água. Este modelo pode ser aplicado como uma aproximação simplificada, por exemplo, de lagos e represas bem misturadas. Um corpo d'água predominantemente linear, como um rio, pode ser caracterizado através do regime de fluxo em pistão. No fluxo em pistão ideal não há intercâmbios entre as seções de jusante e de montante. Cada seção transversal funciona como um êmbolo (ou um pistão), no qual a qualidade da água é a mesma em todos os pontos, e a comunidade se apresenta adaptada às condições ecológicas prevalecentes em cada instante. À medida que o êmbolo flui para jusante, nele vão se processando as diversas reações da autodepuração. Hidraulicamente, este modelo é conceitualmente similar ao caso em que um recipiente com água, igual ao êmbolo, permanece o mesmo período de tempo, sujeito às mesmas reações e fenômenos do rio, apresentando em cada instante, portanto, a mesma qualidade que o êmbolo no curso d'água (ver Figura 3.5). 0 0 x t distância de percurso tempo Fig. 3.5. Comparação entre um recipiente e um êmbolo em um curso d´água segundo o regime de fluxo em pistão As duas representações acima são para situações idealizadas. Na realidade, os corpos d’água apresentam uma característica de dispersão dos poluentes intermediária entre as duas situações extremas: dispersão user Resaltado secciones descendente y ascendente user Resaltado Serán procesando las diversas reacciones 12 total (mistura completa) e dispersão nula (fluxo em pistão). Assim, os corpos d'água, ou trechos deles, podem ser caracterizados por um coeficiente de dispersão. Coeficientes elevados aproximam o corpo d'água ao regime de mistura completa, ao passo que coeficientes reduzidos aproximam-no ao fluxo em pistão. Vários modelos matemáticos permitem a representação do corpo d'água através do regime de fluxo disperso, o que é particularmente relevante quando se tem rios sob influência estuarina ou com velocidades de fluxo bem baixas. No presente capítulo, adota-se a solução simplificada de se considerar o curso d'água através do regime de fluxo em pistão, suficiente para a maior parte das situações. O Capítulo 2 do Volume 2 da presente série aborda com profundidade o comportamento dos diversos regimes hidráulicos. 3.2.3.3. A curva do oxigênio dissolvido Ao decréscimo do oxigênio dissolvido na massa líquida dá-se o nome de depleção do oxigênio. Em termos de engenharia ambiental, assume interesse a análise da depleção ao longo do curso d'água, representando-se graficamente o fenômeno por uma curva do perfil de OD (oxigênio dissolvido). Neste, o eixo vertical representa as concentrações de OD, e o eixo horizontal, a distância ou o tempo de percurso, ao longo do qual se processam as transformações de ordem bioquímica. Pela análise do gráfico, podem ser obtidos, entre outros, os seguintes elementos: - identificação das conseqüências da poluição - vinculação da poluição com as zonas de autodepuração - importância relativa do consumo e da produção de oxigênio - ponto crítico de menor concentração de OD - comparação entre a concentração crítica de oxigênio no corpo d'água e a concentração mínima estabelecida pela legislação - local onde o curso d'água volta a atingir as condições desejadas A modelagem destes aspectos depende fundamentalmente da compreensão dos dois principais fenômenos interagentes no balanço do oxigênio dissolvido: desoxigenação e reaeração atmosférica. Estes tópicos são abordados nos itens a seguir. 3.2.4. CINÉTICA DA DESOXIGENAÇÃO 3.2.4.1. Formulação matemática Como já visto, o principal efeito ecológico da poluição orgânica em um curso d'água é o decréscimo dos teores de oxigênio dissolvido. Este decréscimo está associado à Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), descrita no Capítulo 2. Por uma questão de padronização, utiliza-se freqüentemente o conceito da DBO padrão, expressa por DBO5 20°C. No entanto, o consumo de oxigênio na amostra varia ao longo do tempo, ou seja, o valor da DBO, em dias distintos, é diferente. O objetivo do presente item é analisar matematicamente como o consumo de oxigênio progride ao longo do tempo. O conceito da DBO, representando tanto a matéria orgânica, quanto o consumo de oxigênio, pode ser entendido por estes dois ângulos distintos, ambos tendo como unidade massa de oxigênio por unidadede volume (ex: mgO2/L): DBO remanescente: concentração de matéria orgânica remanescente na massa líquida em um dado instante DBO exercida: oxigênio consumido para estabilizar a matéria orgânica até este instante A progressão da DBO ao longo do tempo, segundo estes dois conceitos, pode ser vista na Figura 3.6. user Resaltado o extractos de los mismos user Resaltado Se da el nombre de agotamiento de oxígeno user Resaltado agotamiento user Resaltado Esto, o eje user Resaltado tiempo de viaje user Resaltado de oxígeno disuelto user Resaltado la muestra user Resaltado el consumo de oxígeno progresa user Resaltado BOD restante user Resaltado en un instante dado user Resaltado DBO ejercida 13 Fig. 3.6. DBO exercida (oxigênio consumido) e DBO remanescente (matéria orgânica remanescente) ao longo do tempo As duas curvas são simétricas, em imagem de espelho. No tempo igual a zero, a matéria orgânica se apresenta em sua concentração total, enquanto o oxigênio consumido é zero. Com o passar do tempo, a matéria orgânica remanescente vai se reduzindo, implicando no aumento do consumo acumulado de oxigênio. Após um período de vários dias, a matéria orgânica está praticamente toda estabilizada (DBO remanescente igual a zero), ao passo que o consumo de oxigênio está praticamente todo exercido (DBO totalmente exercida). É importante a compreensão deste fenômeno, pois ambas as curvas são parte integrante do modelo de oxigênio dissolvido. A cinética da reação da matéria orgânica remanescente (DBO remanescente) se processa segundo uma reação de primeira ordem. Uma reação de primeira ordem é aquela na qual a taxa de mudança da concentração de uma substância é proporcional à primeira potência da concentração. As reações de primeira ordem são de fundamental importância dentro da engenharia ambiental, já que várias reações são modeladas segundo esta cinética. A cinética de reações encontra-se discutida em detalhe no Capítulo 2 do Volume 2 da presente série. A equação da progressão da DBO remanescente pode ser expressa de acordo com a seguinte equação diferencial: dL dt K L= - 1 . (3.5) onde: L = concentração de DBO remanescente (mg/L) t = tempo (dia) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia -1) A interpretação da Equação 3.5 se faz no sentido de que a taxa de oxidação da matéria orgânica (dL/dt) é proporcional à matéria orgânica ainda remanescente (L), em um tempo t qualquer. Assim, quanto maior a concentração de DBO, mais rapidamente se processará a desoxigenação. Após um certo tempo, em que a DBO estiver reduzida pela estabilização, a taxa de reação será menor, em virtude da menor concentração da matéria orgânica. O coeficiente de desoxigenação K1 é um parâmetro de grande importância na modelagem do oxigênio dissolvido, sendo discutido no item seguinte. A integração da Equação 3.5, entre os limites de L=Lo e L=Lt, e t=0 e t=t, conduz a: L L eo K t . .1 (3.6) onde: user Resaltado imagen de espejo en user Resaltado mientras que el consumo user Resaltado user Resaltado tasa de cambio user Resaltado BOD restante user Resaltado se hace con el fin user Resaltado materia orgánica que aún permanecen user Resaltado BOD se reduce mediante la estabilización de 14 L = DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/L) Lo = DBO remanescente em t=0 (mg/L) Deve-se atentar para o fato de que, em vários textos, esta equação é escrita na forma decimal (base 10), ao invés da base e. Ambas as formas são equivalentes, desde que o coeficiente K1 seja expresso na forma correta (K1 base e = ln(10) x K1 base 10 = 2,30 x K1 base 10). No presente texto, os valores dos coeficientes são apresentados na base e. Em termos de consumo de oxigênio, é importante a quantificação da DBO exercida. Esta é obtida através da Equação 3.6, conduzindo a: y L eo K t .( ).1 1 (3.7) onde: y = DBO exercida em um tempo t (mg/L). Notar que y=Lo-L. Lo = DBO remanescente, em t=0 (como definido acima), ou DBO exercida (em t=). Também denominada demanda última, pelo fato de representar a DBO total ao final da estabilização (mg/L). Exemplo 3.1. A interpretação de análises de laboratório de uma amostra de água de um rio a jusante de um lançamento de esgotos conduziu aos seguintes valores: (a) Coeficiente de desoxigenação: K1 = 0,25 d -1; (b) demanda última Lo = 100 mg/L. Calcular a DBO exercida a 1, 5 e 20 dias. Solução: Utilizando-se a Equação 3.7, onde y = Lo. (1-e -K1.t), tem-se: Para t=1 dia: y1 = 100 (1-e -0,25x1) = 22 mg/L Para t=5 dias: y5 = 100 (1-e -0,25x5) = 71 mg/L (= DBO5) Para t=20 dias: y20 = 100 (1-e -0,25x20) = 99 mg/L P R O G R E S S Ã O D O C O N S U M O D E O X I G Ê N I O T E M P O ( d i a s ) D B O ( m g / l ) 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 0 5 1 0 1 5 2 0 Observa-se que a 20 dias a DBO já está praticamente toda exercida (y20 praticamente igual a Lo). user Resaltado Se debe prestar atención al hecho de que user Resaltado y en lugar de la base. user Resaltado DBO ejercida user Resaltado o DBO ejercida user Resaltado porque representa 15 A relação entre a DBO5 e a demanda última Lo é: 71/100 = 0,71. Assim, ao quinto dia, aproximadamente 71% do consumo de oxigênio já foi exercido ou, em outras palavras, 71% da matéria orgânica total (expressa em termos de DBO) já foi estabilizada. Inversamente, a relação Lo/DBO5 é igual a 100/71 = 1,41. 3.2.4.2. O coeficiente de desoxigenação K1 O coeficiente K1 depende das características da matéria orgânica, além da temperatura e da presença de substâncias inibidoras. Efluentes tratados, por exemplo, possuem uma taxa de degradação mais lenta, pelo fato da maior parte da matéria orgânica mais facilmente assimilável já ter sido removida, restando apenas a parcela de estabilização mais vagarosa. Valores médios de K1 encontram-se apresentados no Quadro 3.2. Quadro 3.2. Valores típicos de K1 (base e, 20°C) Origem K1 (dia -1) Esgoto bruto concentrado Esgoto bruto de baixa concentração Efluente primário Efluente secundário Curso d’água com águas limpas 0,35 - 0,45 0,30 - 0,40 0,30 - 0,40 0,12 - 0,24 0,08 - 0,20 Fonte: Adaptado de Fair et al (1973) e Arceivala (1981) A Figura 3.7 ilustra a influência do valor de K1, através das trajetórias do consumo acumulado de oxigênio de duas amostras com diferentes valores de K1, e mesmo valor da demanda última (Lo=100 mg/L). A amostra com maior K1 (0,25 d -1) apresenta uma taxa de consumo de oxigênio mais rápida, comparada com a amostra de menor K1 ( (0,10 d -1). Valores de DBO próximos à demanda última são mais rapidamente atingidos com a amostra com o maior K1. P R O G R E S S Ã O D O C O N S U M O D E O X I G Ê N I O P A R A U M M E S M O V A L O R D E L 0 ( 1 0 0 m g / l ) E D I F E R E N T E S V A L O R E S D E K 1 T E M P O ( d i a s ) D B O ( m g / l ) 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 0 5 1 0 1 5 2 0 K 1 = 0 , 2 5 / d K 1 = 0 , 1 0 / d Fig. 3.7. Trajetória do consumo de oxigênio para diferentes valores de K1 Existem processos matemáticos e estatísticos que podem ser utilizados para a determinação no laboratório do coeficiente de desoxigenação, caso se disponha de amostras da água a ser analisada. Os dados de entrada para tais métodos são os valores da DBO exercida a vários dias nas amostras coletadas, tipicamente dias 1, 2, 3, 4 e 5, ou 1, 3, 5, 7, 9 ou mais dias. Desta forma, os testes de laboratório devem incluir, não apenas a DBO a 5 dias, mas também a DBO em outros dias, para que se possa estimar a taxa de desoxigenação. Os métodos mais conhecidos para a determinação de K1 são: (a) método dos mínimos quadrados, de Reed-Theriault (apud Barnwell, 1980); (b) método da inclinação, de Thomas (1937); (c)método dos momentos, de Moore, Thomas e Snow (1950); (d) método de Thomas (Metcalf & Eddy, 1981) e (e) método da diferença de logaritmos, de Fair (1936). Uma descrição completa destes métodos, incluindo exemplos de cálculo e uma comparação entre a sua eficiência, foi efetuada por von Sperling (1983; 1985). Além disso, a facilidade de acesso a programas estatísticos em microcomputadores facilitou sobremaneira a determinação de K1. Pode-se utilizar user Resaltado porque la mayor parte de la materia orgánica fácilmente asimilable ya ha sido eliminada user Resaltado proporción de estabilización más lento user Resaltado alcanzado rápidamente de la muestra con la mayor K1 16 métodos de regressão não linear, ajustados aos vários pontos experimentais de t e DBO, para se obter a estimativa simultânea dos valores dos parâmetros K1 e Lo. Nos programas estatísticos, deve-se ter os valores de t e DBO (y) em duas colunas e, no módulo de regressão não linear, entrar com a Equação 3.7, solicitando a estimativa dos parâmetros Lo e K1. Este método é o preferível, mas sua descrição detalhada foge ao escopo do livro. Pode-se usar a ferramenta Solver, do Excel, para o cálculo dos coeficientes (ver exemplo de aplicação do Solver – Exemplo 2.1). Para o presente texto, é suficiente a utilização dos valores de K1 pelo quadro de valores típicos (Quadro 3.2). A importância do coeficiente K1 e a relatividade do conceito da DBO5 podem ser analisadas através do seguinte exemplo (ver Figura 3.8). Duas amostras distintas apresentam o mesmo valor da DBO5 (100 mg/L). Aparentemente, tal poderia induzir à conclusão de que o impacto em termos de consumo de oxigênio dissolvido é o mesmo nas duas situações. No entanto, caso se determine a progressão da DBO a vários dias, observa-se que os valores são diferentes em todos os dias, com exceção do quinto dia. Tal se deve ao fato de que os coeficientes de desoxigenação são distintos nas duas amostras. A primeira apresenta uma taxa de estabilização mais lenta (K1=0,10 dia -1), implicando numa DBO última elevada, e não completa ainda no dia 20. A segunda amostra apresenta um K1 mais elevado (K1=0,25 dia -1), e a demanda é praticamente toda satisfeita ao final de 20 dias. P R O G R E S S Ã O D O C O N S U M O D E O X I G Ê N I O P A R A U M M E S M O V A L O R D E D B O 5 ( 1 0 0 m g / l ) E D I F E R E N T E S V A L O R E S D E K 1 T E M P O ( d i a s ) D B O ( m g / l ) 0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 0 5 1 0 1 5 2 0 K 1 = 0 , 2 5 / d K 1 = 0 , 1 0 / d D B O 5 Fig. 3.8. Influência do coeficiente K1 na progressão da DBO. Duas amostras com o mesmo valor da DBO a 5 dias (100 mg/L) e diferentes valores de K1. Tais considerações enfatizam o aspecto de que a interpretação dos dados da DBO deve estar sempre vinculada ao conceito do coeficiente de desoxigenação e, por conseguinte, da taxa de oxidação da matéria orgânica. Este comentário se aplica principalmente quando se tem despejos industriais, passíveis de apresentarem uma grande variabilidade com relação à biodegradabilidade, ou à taxa de consumo de oxigênio. Ao se determinar o coeficiente de desoxigenação K1 através do teste da DBO em laboratório (Quadro 3.2) e ao se comparar tal valor com o observado no curso d´água, tem-se que os valores podem ser diferentes. De fato, apenas em cursos d’água profundos e lentos pode haver alguma similaridade. Na maioria das situações, principalmente com lançamento de esgotos brutos e em cursos d’água rasos, as condições ambientais tendem a fazer com que a taxa de remoção seja maior que na garrafa de DBO, no laboratório. As principais causas são a sedimentação e a remoção de DBO pelo lodo de fundo (Chapra, 1997). A sedimentação é um processo físico de remoção da DBO, que não causa consumo de oxigênio. Por outro lado, a demanda do lodo de fundo implica consumo de OD. Por esta razão, a equação do balanço de OD (Equação 3.31) torna-se mais complexa. No presente livro, por simplicidade, desconsideram-se estes outros fenômenos de remoção de DBO e consumo de oxigênio, e assume-se que o coeficiente K1 possa representar a principal fonte de desoxigenação. Deve-se levar em conta, no entanto, que os coeficientes de remoção efetiva, no rio, no caso de cursos d´água rasos recebendo esgotos brutos, podem ser de 1,5 a 3,0 vezes o valor do coeficiente K1 determinado em amostras de DBO no laboratório. No caso de esgotos tratados em nível secundário, ou em lançamentos em rios profundos, os valores de campo tendem a se aproximar dos valores de laboratório, uma vez que passa a ser menor a influência da sedimentação (menores teores de SS no efluente) e da demanda do lodo de fundo (menor participação do user Resaltado debe tener user Resaltado más allá del alcance del libro user Resaltado la tabla de valores típicos user Resaltado probable para presentar una gran variabilidad con respecto a la biodegradabilidad user Resaltado En la determinación del coeficiente de desoxigenación user Resaltado y comparando este valor con la observada en la vía acuática user Resaltado De hecho, sólo user Resaltado Cursos de aguas poco profundas, user Resaltado para hacer que la velocidad de eliminación es mayor que la botella de DBO en Lab. user Resaltado puede representar user Resaltado Debe tenerse en cuenta user Resaltado menor TSS en el efluente 17 fundo nos processos que ocorrem em toda a coluna d´água). Caso haja necessidade de estudos mais aprofundados, o leitor deve consultar as referências EPA (1985, 1987), Thomann e Mueller (1987) e Chapra (1997). Uma forma de se lidar com o componente de incerteza relativo a este coeficiente, e aos outros coeficientes de forma geral, é o de se realizar uma Análise de Sensibilidade. Esta análise, em sua versão mais simples, consiste em se variar o valor do coeficiente, e se interpretar se as alterações no perfil de OD resultante são expressivas. Caso sejam expressivas, o modelo é sensível ao valor do coeficiente, e devem ser dedicados mais tempo e recursos na determinação mais precisa do coeficiente (caso isto seja possível e/ou importante). Caso as mudanças no perfil de OD não sejam substanciais, o coeficiente em análise exerce uma pequena influência na resposta do modelo, e a incerteza em seu valor assume menor importância. De maneira geral, o modelo de Streeter-Phelps usualmente é mais sensível aos valores de K2 que de K1. 3.2.4.3. A influência da temperatura A temperatura tem uma grande influência no metabolismo microbiano, afetando, por conseguinte, as taxas de conversão da matéria orgânica. A relação empírica entre a temperatura e a taxa de desoxigenação pode ser expressa da seguinte forma: K = K .1 1 (T-20) T 20 (3.8) onde: K1T = K1 a uma temperatura T qualquer (d -1) K120 = K1 a uma temperatura T=20°C (d -1) T = temperatura do líquido (°C) = coeficiente de temperatura (-) Um valor usualmente empregado de para K1 é 1,047 (EPA, 1987). A interpretação deste valor, com relação à Equação 3.8 é de que o valor de K1 aumenta 4,7% a cada acréscimo de 1°C na temperatura da água. Um outro aspecto a ser comentado é o de que a elevação da temperatura aumenta o K1, mas não altera o valor da demanda última Lo, que passa a ser apenas mais rapidamente satisfeita. 3.2.5. CINÉTICA DA REAERAÇÃO 3.1.5.1. Formulação matemática A teoria da transferência de gases está abordada em detalhes no Volume 2 (“Princípios básicos do tratamento de esgotos”) da presente série. Neste capítulo, apresentam-se apenas os conceitos fundamentais necessários para a compreensão do fenômeno da reaeração atmosférica. Quando a água é exposta a um gás, ocorre um contínuo intercâmbio de moléculas da fase líquida para a gasosa e vice-versa. Tão logo a concentração de solubilidade na fase líquida seja atingida, ambos os fluxos passam a ser de igual magnitude, demodo a não ocorrer uma mudança global das concentrações do gás em ambas as fases. Este equilíbrio dinâmico define a concentração de saturação (Cs) do gás na fase líquida. No entanto, caso haja algum consumo do gás dissolvido na fase líquida, o principal fluxo de transferência é na direção gás-líquido, atuando no sentido de restabelecer o equilíbrio. O processo da reaeração atmosférica se desenvolve segundo este conceito. O consumo do oxigênio nos processos de estabilização da matéria orgânica faz com que as concentrações deste no meio líquido estejam abaixo da saturação. Devido a tal, há uma maior passagem do oxigênio atmosférico para a massa líquida (Figura 3.9). user Resaltado profundidad user Resaltado Se ha de tener lugar user Resaltado Si son significativos, el modelo es sensible al valor del coeficiente user Resaltado Si los cambios en el perfil OD no son sustanciales user Resaltado la respuesta del modelo user Resaltado Cuando el agua se expone a un gas user Resaltado Tan pronto como se alcanza la concentración de solubilidad en la fase líquida user Resaltado ambos flujos son ahora de igual magnitud, user Resaltado a fin de no producirse un cambio global de las concentraciones gas en ambas fases. user Resaltado Sin embargo, si cualquier consumo del gas disuelto en la fase líquida, user Resaltado la corriente de transferencia primaria Es hacia el gas-líquido,, user Resaltado trabajar hacia el establecimiento de un hilo. user Resaltado provoca la misma concentración en el medio líquido están por debajo de la saturación user Resaltado Debido a esto, hay un mayor paso de oxígeno atmosférico para la masa líquida 18 Fig. 3.9. Trocas gasosas em um sistema em equilíbrio e em um sistema com o líquido com deficiência do gás dissolvido A cinética da reaeração pode ser também caracterizada por uma reação de primeira ordem (da mesma forma que a desoxigenação), segundo a seguinte equação: dD dt K D= - 2 . (3.9) onde: D = déficit de oxigênio dissolvido, ou seja, a diferença entre a concentração de saturação (Cs) e a concentração existente em um tempo t (C) (mg/L) t = tempo (dia) K2 = coeficiente de reaeração (base e) (dia -1) Através da Equação 3.9, observa-se que a taxa de absorção de oxigênio é diretamente proporcional ao déficit existente. Quanto maior o déficit, maior a "avidez" da massa líquida pelo oxigênio, implicando em que a taxa de transferência seja maior. A integração da Equação 3.9, com Do em t=0, fornece: .tK o 2.eDD (3.10) ou .tK oss 2).eC(CCC (3.11) onde: Do = déficit de oxigênio inicial (mg/L) C = concentração de OD em um tempo t (mg/L) Em termos gráficos, a progressão do déficit (D=Cs-C) e da concentração de OD (C) podem ser visualizados na Figura 3.10. Observa-se que as curvas do déficit e da concentração são simétricas e em imagem de espelho. À medida que a concentração de OD se eleva devido à reaeração, o déficit diminui. user Resaltado El intercambio de gases user Resaltado la masa neta de oxígeno 19 Fig. 3.10. Progressão temporal da concentração e do déficit de oxigênio dissolvido 3.2.5.2. O coeficiente de reaeração K2 Em uma amostra d'água, pode-se determinar o valor do coeficiente K2 através de métodos estatísticos. Tais fundamentam-se basicamente na análise da regressão, quer na equação original 3.15 (regressão não linear), quer em alguma transformação logarítmica da mesma (regressão linear) – ver Volume 2 da presente série. Os dados de entrada são os valores de OD a diversos t. Os dados de saída são a concentração de saturação Cs e o coeficiente K2. Em um curso d’água, no entanto, a determinação de K2 é bastante complexa, envolvendo métodos tais como a adição de traçadores, e encontra-se fora do escopo do presente texto. Existem três métodos para a estimativa do coeficiente K2, caso não se empreendam estudos experimentais no curso d’água: valores médios tabelados valores em função das características hidráulicas do corpo d'água valores correlacionados com a vazão do curso d'água O valor do coeficiente K2 tem uma maior influência nos resultados do balanço de oxigênio dissolvido do que o coeficiente K1, ou seja, o modelo de Streeter-Phelps usualmente é mais sensível a K2 do que a K1. Ademais, as faixas de variação dos valores de K2 segundo os diversos métodos de cálculo são mais amplas do que as de K1, refletindo a maior incerteza na determinação do coeficiente de reaeração. Valem aqui os comentários efetuados no Item 3.2.4.3 acerca da realização da Análise de Sensibilidade, que pode auxiliar na determinação dos valores dos coeficientes do modelo. a) Valores de K2 médios tabelados Alguns pesquisadores, estudando corpos d'água de diversas características, obtiveram valores médios de K2, apresentados no Quadro 3.3. user Resaltado Esta se basa principalmente en el análisis de regresión user Resaltado ya sea en algunos de la misma transformación logarítmica (regresión lineal) user Resaltado y está fuera del alcance de este texto user Resaltado de acuerdo con diferentes métodos user Resaltado reflejando la mayor incertidumbre 20 Quadro 3.3. Valores típicos de K2 (base e, 20°C) Corpo d'água K2 (dia -1) Profundo Raso Pequenas lagoas Rios vagarosos, grandes lagos Grandes rios com baixa velocidade Grandes rios com velocidade normal Rios rápidos Corredeiras e quedas d'água 0,12 0,23 0,37 0,46 0,69 > 1,15 0,23 0,37 0,46 0,69 1,15 > 1,61 Fonte: Fair et al (1973), Arceivala (1981) Corpos d’água mais rasos e mais velozes tendem a possuir um maior coeficiente de reaeração, devido, respectivamente, à maior facilidade de mistura ao longo da profundidade e à criação de maiores turbulências na superfície (ver Figura 3.11). Os valores do Quadro 3.3 podem ser usados na ausência de dados específicos acerca do corpo d'água. Deve-se levar em consideração, no entanto, que os valores constantes desta tabela são usualmente menores do que os obtidos pelos outros métodos, expostos a seguir. No entanto, há indícios de que, em algumas situações (rios não profundos), os valores tabelados resultaram em melhores ajustes a dados medidos de OD do que os valores obtidos pelas fórmulas hidráulicas. Fig. 3.11. Influência das características físicas do corpo d'água no coeficiente K2 b) Valores de K2 em função das características hidráulicas do corpo d'água Outros pesquisadores tentaram correlacionar o coeficiente de reaeração K2 com variáveis hidráulicas do curso d'água. Várias técnicas de campo foram empregadas na elaboração dos estudos, como por meio de traçadores radioativos, distúrbio de equilíbrio, balanço de massa e outras. A literatura relata diversas fórmulas, conceituais e empíricas, relacionando K2 com a profundidade e a velocidade do curso d'água. O Manual do modelo Qual2E (EPA, 1985) registra 17 equações, e comenta que nenhuma equação é universal e melhor que as demais, para todas as aplicações. O Quadro 3.4 apresenta três das principais fórmulas, com faixas de atuação que se complementam, e com dados de entrada facilmente obteníveis. user Resaltado ríos lentos user Resaltado Rapids y cascadas user Resaltado empleada en la preparación de los estudios 21 Quadro 3.4. Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos do curso d´água (base e, 20°C) Pesquisador Fórmula Faixa de aplicação O'Connor & Dobbins (1958) 3,73.v 0,5 H -1,5 0,6m H < 4,0m 0,05m/s v < 0,8 m/s Churchill et al (1962) 5,0.v 0,97 H -1,67 0,6m H < 4,0m 0,8m/s v < 1,5 m/s Owens et al (apud Branco, 1976) 5,3.v 0,67 H -1,85 0,1m H < 0,6m 0,05m/s v < 1,5 m/s Notas: · v: velocidade do curso d'água (m/s) · H: altura da lâmina d'água (m) · Faixas de aplicabilidade adaptadas e ligeiramente modificadasde Covar (apud EPA, 1985), para efeito de simplicidade As faixas de aplicação das fórmulas são complementares, como pode ser visto na Figura 3.12. Fig. 3.12. Faixas de aplicação aproximadas das fórmulas hidráulicas. Adaptado e modificado de Covar (apud EPA, 1985) Empregando-se as equações do Quadro 3.4 dentro de suas respectivas faixas de aplicabilidade, para valores mais usuais de v e H, obtém-se os valores de K2 apresentados no Quadro 3.5 e plotados na Figura 3.13. Observa-se que os valores das três equações se complementam razoavelmente bem, sem descontinuidades expressivas nas zonas limites de cada faixa de aplicabilidade. Quadro 3.5. Valores do coeficientes de reaeração K2 segundo as equações de Owens et al, O´Connor e Dobbins, Churchill e Dobbins, em suas respectivas faixas de aplicabilidade v (m/s) Coeficiente de reaeração K2 (d -1 ) (base e, 20º C) H (m) 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 0,2 35,4 9,8 3,6 2,3 1,7 1,3 1,0 0,8 0,7 0,6 0,3 46,5 12,9 4,4 2,9 2,0 1,6 1,2 1,0 0,8 0,7 0,4 56,3 15,6 5,1 3,3 2,4 1,8 1,4 1,2 1,0 0,8 0,5 65,4 18,1 5,7 3,7 2,6 2,0 1,6 1,3 1,1 0,9 0,6 73,9 20,5 6,2 4,0 2,9 2,2 1,7 1,4 1,2 1,0 0,7 82,0 22,7 6,7 4,4 3,1 2,4 1,9 1,5 1,3 1,1 0,8 89,6 24,9 9,5 5,8 4,0 3,0 2,3 1,8 1,5 1,3 0,9 97,0 26,9 10,6 6,6 4,5 3,3 2,6 2,1 1,7 1,4 1,0 104,1 28,9 11,7 7,3 5,0 3,7 2,9 2,3 1,9 1,6 Notas: user Resaltado Utilizando las ecuaciones user Resaltado trazada en la figura user Resaltado sin discontinuidades significativas limita las áreas de aplicabilidad de cada pista. 22 Equações utilizadas e faixas de aplicabilidade: ver Quadro 3.4 As hachuras e linhas horizontais e verticais dentro do quadro delimitam as faixas de aplicabilidade de cada equação (hachuras diagonais: Owens et al; hachuras verticais: O ´Connor; hachuras horizontais: Churchill et al) Valores de K2 em função de H e v H=0,2m H=0,4m H=0,8m H=1,2m H=1,6m H=2,0m 0,1 1,0 10,0 100,0 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 Velocidade (m/s) K 2 ( 1 /d ) Fig. 3.13. Valores de K2 em função da profundidade e da velocidade, combinando-se as três equações do Quadro 3.4 e plotando-se os valores resultantes do Quadro 3.5 Observa-se pelo Quadro 3.5 e pela Figura 3.12 que valores bastante elevados de K2 podem ser obtidos no caso de cursos d´água rasos. Estes valores são substancialmente superiores aos do Quadro 3.3, baseado em uma descrição qualitativa do rio. Apesar da incerteza introduzida, deve-se comentar que o manual do modelo Qual2E (EPA, 1985) registra diversos dados de K2 efetivamente medidos em cursos d´água com valores bastante elevados, atingindo 10 e 100 d -1 . A velocidade e a profundidade são dados de entrada para as equações acima. Ambas devem refletir as condições de vazão do período estudado. Desta forma, se o estudo for para vazões críticas (vazões mínimas), a velocidade e a profundidade devem ser compatíveis com esta situação. A obtenção da velocidade de percurso e da profundidade são abordadas no Item 3.2.8.11. c) Valores de K2 correlacionados com a vazão do curso d'água Uma abordagem complementar é através da correlação entre a vazão do curso d'água e o coeficiente K2. Tal se justifica pelo fato da profundidade e da velocidade estarem intimamente associadas à vazão. Assim, esta, por transitividade, pode estar relacionada ao K2. O procedimento se baseia na determinação de K2 por meio das fórmulas hidráulicas (Quadro 3.4), para cada par de valores de v e H da série histórica dos dados fluviométricos disponíveis. Posteriormente, efetua-se uma análise da regressão entre os valores de K2 obtidos e os correspondentes valores da vazão Q. A relação entre K2 e Q pode ser descrita pela forma: K2 = m.Q n (3.12) onde: Q = vazão (m 3 /s) m e n = coeficientes da equação A vantagem desta forma de expressão é a obtenção do coeficiente de reaeração para quaisquer condições de vazão (por interpolação ou pequena extrapolação), principalmente para as vazões mínimas, independentemente do conhecimento da profundidade e da velocidade. A Figura 3.14 apresenta curvas obtidas por von Sperling (1983) em cursos d´água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, tendo por base a Equação 3.12. Os cursos d´água são separados em duas categorias: cursos d´água principais (representados por vazões superiores a 10 m 3 /s) e tributários user Resaltado Las escotillas y líneas horizontales y verticales user Resaltado Se observa en la Tabla 3.5 y la Figura 3.12| user Resaltado alcanzando el 10 y el 100 d-1. user Resaltado la ruta y la profundidad 23 (representados por vazões inferiores a 10 m 3 /s). As faixas de valores obtidas podem servir de referencial aproximado para outros estudos, mas deve-se ter em mente que a região estudada tem uma topografia acentuada. Com base nos valores médios obtidos, tem-se as seguintes equações: Rios principais (Q>10m3/s) (cálculo usando O’Connor) : Q = 20,74 Q -0,42 Tributários (Q<10m3/s) (cálculo usando Owens et al): Q = 15,98 Q -0,60 K2 em função da vazão Tributários: Owens; Rios principais: O´Connor 0,1 1 10 100 0,1 1 10 100 Q (m3/s) K 2 ( 1 /d ) Fig. 3.14. Valores de K2 em função da vazão para cursos d’água na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Q < 10 m 3 /s: tributários (equação de Owens et al); Q > 10 m 3 /s: rios principais (equação de O`Connor). Curva grossa: média para tributários e rios principais. Deve-se observar que valores bastante elevados de K2 são obtidos em condições de baixa vazão. Há uma grande variação entre as curvas de cada curso d´água, mas a faixa de K2 dos tributários não apresenta uma descontinuidade para os rios principais. d) Cascateamentos e quedas d´água Caso haja cascatas naturais com quedas d’água livre, deve-se adotar outras formulações de cálculo para a reaeração atmosférica no trecho específico da cascata. Von Sperling (1987), em estudos efetuados em algumas cascatas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, obteve a seguinte fórmula empírica (válida para alturas de queda individuais superiores a 4,0 m): Ce = Co + K.(Cs-Co) (3.13) K = 1 - 1,09.H -0,128 (3.14) onde: Ce = concentração de OD efluente da cascata (mg/L) Co = concentração de OD afluente à cascata (mg/L) K = coeficiente de eficiência (-) Cs = concentração de saturação de OD (mg/L) H = altura de cada queda livre (m) No caso da aeração em vertedores de barragens, Gameson et al (apud EPA, 1987), apresentam a seguinte equação para o coeficiente de eficiência K: 0,046T)0,11H).(10,38abH(11 1 1K (3.15) onde: a = coeficiente em função do nível de poluição da água: = 0,65 (elevado); 1,0 (moderado); 1,6 (pequeno); 1,8 (limpo) b = coeficiente empírico da represa: user Resaltado Cascateamentos y cascadas user Resaltado Si hay cascadas naturales con caídas de agua libre 24 = 0,70 a 0,90 (vertedor contínuo e largo); 1,05 (vertedor delgado com face inclinada); 0,80 (vertedor delgado com face vertical); 0,05 (comporta com descarga submersa) T = temperatura ( o C) Von Sperling (2002) apresenta a teoria da aeração por gravidade, com outras fórmulas para o cálculo de K (aplicáveis a degraus ou vertedores). 3.2.5.3. A influência da temperatura A influência da temperatura se faz sentir em dois diferentes aspectos: o aumento da temperatura reduz a solubilidade (concentração de saturação) do oxigênio no meio líquido o aumento da temperatura acelera os processos de absorção do oxigênio (aumento de K2) Estes fatores atuam em sentidos opostos. O aumento de K2 implica numa elevação na taxa de reaeração. No entanto, a redução da concentração de saturação equivale à redução no déficit de oxigênio D, resultando numa diminuição na taxa de reaeração. A influência global na taxa de reaeração depende da magnitude de cada variação mas é, freqüentemente,pouco representativa. A influência da temperatura na concentração de saturação pode ser vista no Item 3.2.8.13. O efeito da temperatura no coeficiente de reaeração K2 pode ser expresso da forma tradicional através da Equação 3.16: K = K .2 2 (T-20) T 20 (3.16) onde: K2T = K2 a uma temperatura T qualquer (dia -1) K220 = K2 a uma temperatura T=20°C (dia -1) T = temperatura do líquido (°C) = coeficiente de temperatura (-) Um valor bastante utilizado do coeficiente de temperatura é 1,024. 3.2.6. AS EQUAÇÕES DA MISTURA As condições no ponto de lançamento dos esgotos, ou seja, da mistura esgoto-rio, são as condições iniciais dos modelos de qualidade das águas. A partir do ponto de mistura, os modelos assumem o início do cálculo das reações físicas e bioquímicas. A equação geral da mistura é simplesmente uma média ponderada das concentrações com as respectivas vazões dos dois componentes que se misturam (rio-esgoto, ou mesmo rio principal – afluente). A concentração de um constituinte qualquer (OD, DBO, N, P, CF etc) pode ser obtida por meio de: 21 2211 o QQ .CQ.CQ C (3.17) onde: Co = concentração do constituinte na mistura (mg/L ou g/m 3 ) C1 = concentração do constituinte no componente 1 (ex: rio), imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) user Resaltado se siente en dos formas diferentes user Resaltado Estos factores actúan user Resaltado son las condiciones iniciales de los modelos de calidad del agua. user Resaltado mediatamente aguas arriba del punto de mezclar 25 C2 = concentração do constituinte no componente 2 (ex: esgoto, rio afluente), imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) Q1 = vazão do componente 1 (L/s ou m 3 /s) Q2 = vazão do componente 2 (L/s ou m 3 /s) No caso freqüente da mistura de um esgoto sendo lançado em um rio, tem-se: er eerr o QQ .CQ.CQ C (3.18) onde: Co = concentração do constituinte na mistura (mg/L ou g/m 3 ) Cr = concentração do constituinte no rio, imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) Ce = concentração do constituinte no esgoto, imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) Qr = vazão do rio (L/s ou m 3 /s) Qe = vazão do esgoto (L/s ou m 3 /s) No caso em que um curso d´água principal recebe um afluente, há necessidade de se proceder a uma nova equação da mistura, que segue o formato anterior: r2r1 r2r2r1r1 o QQ .CQ.CQ C (3.19) onde: Co = concentração do constituinte na mistura (mg/L ou g/m 3 ) Cr1 = concentração do constituinte no rio principal (rio 1), imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) Cr2 = concentração do constituinte no rio secundário (rio 2), imediatamente a montante do ponto de mistura (mg/L ou g/m 3 ) Qr1 = vazão do rio principal r1 (L/s ou m 3 /s) Qe = vazão do rio secundário r2 (L/s ou m 3 /s) A Figura 3.15 ilustra os dois possíveis casos acima. Na primeira confluência, o rio principal recebe esgotos e, na mistura, o constituinte em análise passa a ter a concentração Co (concentração inicial). No ponto da mistura, a vazão passa a ser a vazão do rio mais a vazão dos esgotos. Por meio de reações físicas e/ou bioquímicas, a concentração pode ser alterada ao longo do trajeto no rio, até atingir a segunda confluência, apresentando a concentração C3. Neste ponto, o rio recebe um afluente e, após a nova mistura, passa a ter a concentração C5, que, após um novo percurso, pode se modificar para C6 devido a mecanismos de reação. O presente item analisa apenas as equações de mistura, ao passo que as equações das transformações nos constituintes (decréscimos ou acréscimos) são obtidas pelos modelos matemáticos (ver Item 3.2.7 para o modelo de Streeter-Phelps). Neste caso, o modelo é utilizado entre os dois pontos de mistura, para simular a alteração da concentração de Co para C3 e, posteriormente, após a segunda mistura, para simular a modificação da concentração de C5 para C6. user Resaltado inmediatamente aguas arriba punto de mezcla user Resaltado hasta llegar user Resaltado nueva ruta user Resaltado mientras que los cambios en las ecuaciones componentes (adiciones o adiciones) se obtienen mediante modelos matemáticos (véase la Sección 3.2.7 para Modelo Streeter-Phelps) 26 Rio principalRio principal Q C 1 1 Q C 3 3 Q C 5 5 Q C 6 6 Q C 4 4 Q C 0 0 Q C 2 2 Afluente Rio principal Esgotos Ponto de mistura esgoto-rio Ponto de mistura rio principal - afluente 21 2211 o QQ .CQ.CQ C 43 4433 5 QQ .CQ.CQ C 21o QQQ 435 QQQ Fig. 3.15. Esquema das equações de mistura em um curso d´água que recebe um lançamento de esgotos e uma contribuição de um afluente. Além da importância da equação da mistura para representar o ponto inicial da simulação do modelo, ela retrata as condições de diluição disponibilizadas pelo curso d´água receptor dos esgotos. A diluição tem uma grande influência na capacidade de assimilação de um rio. Um rio com pequena capacidade de diluição possivelmente sofrerá de forma mais expressiva os efeitos da poluição, ao passo que um rio de grande vazão, ao receber uma pequena vazão de esgotos, poderá não sentir impactos importantes. Neste sentido, é útil o conhecimento da razão de diluição, definida como: /s)(m Q esgotos dos Vazão /s)(m Q rio do Vazão diluição de Razão 3 e 3 r (3.20) A utilização da razão de diluição é prática, por permitir estimativas rápidas do impacto do lançamento de esgotos nos cursos d´água. Por exemplo, o lançamento de esgotos brutos (DBO = 300 mg/L) em um rio limpo (DBO = 0 mg/L, por simplicidade nos cálculos), que tenha uma vazão 10 vezes superior à dos esgotos (razão de diluição de 10), causará uma concentração de DBO no ponto de mistura aproximadamente igual a 300/10 = 30 mg/L. Caso o esgoto seja tratado, possuindo uma concentração efluente de 50 mg/L, a concentração de DBO resultante na mistura será em torno de 50/10 = 5 mg/L. Os valores são aproximados, pois levam em consideração que a vazão total no ponto de mistura é apenas a vazão do rio, quando na realidade é a vazão do rio mais a vazão dos esgotos. Para a obtenção dos valores mais precisos, deve-se usar a Equação 3.18. Há ainda os seguintes pontos que reforçam a importância das equações da mistura: Quase todos os poluentes apresentam sua concentração mais crítica (concentração mais elevada) exatamente no ponto de mistura. A partir daí, as reações de remoção fazem com que a concentração decresça. A avaliação do atendimento à legislação ambiental tem de ser feita neste ponto mais crítico, que pode ser determinado por uma simples equação de diluição (que independe de modelos e de coeficientes de reação). O oxigênio dissolvido é uma importante exceção para o comentário acima, pelo fato da concentração crítica ocorrer a jusante do ponto de mistura (ver Item 3.2.7). No entanto, quando os esgotos sofrem tratamento com uma elevada remoção de DBO, é freqüente o caso em que a concentração crítica passe a ser a do ponto de mistura e, a partir deste ponto, a concentração de OD passe a aumentar. No caso de efluentes refratários, a concentração não se altera ao longo do percurso (a menos da ocorrência de mecanismos físicos de remoção). Neste caso, também no ponto de mistura se têm as condições mais críticas, que deverão ser avaliadas do ponto de vista do atendimento à legislação ambiental. user Resaltado que tiene una user Resaltado No son los siguientes user Resaltado Casi todos user Resaltado marcas user Resaltado (que es independiente user Resaltado excepción user Resaltado porque la concentración crítica user Resaltado aguas residuales refractaria 27 No caso de cursos d´água intermitentes, a vazão de diluição no período de seca é nula. Nestas condições,
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