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Do município a união: o tributo na salvaguarda do meio ambiente

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Prévia do material em texto

Áyla Marques Oliveira 
David Nogueira Silva Marzzoni 
Rafael da Silva Pereira 
Do município a união: o tributo na salvaguarda do meio ambiente
1ª ed.
Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre
Piracanjuba-GO
Copyright© 2020 por Editora Conhecimento Livre
1ª ed.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Oliveira, Áyla Marques
O49D Do município a união: o tributo na salvaguarda do meio ambiente
/ Áyla Marques Oliveira. David Nogueira Silva Marzzoni. Rafael da Silva Pereira. – Piracanjuba-
GOEditora Conhecimento Livre, 2020
50 f.: il
DOI: 10.37423/2020.edcl87
ISBN: 978-65-86072-79-2
Modo de acesso: World Wide Web
Incluir Bibliografia
1. Ecologia 2. Cuidado 3. Governo I. Oliveira, Áyla Marques II. Marzzoni, David Nogueira Silva 
III. Pereira, Rafael da Silva IV. Título
CDU: 333.72
https://doi.org/10.37423/2020.edcl87
O conteúdo dos artigos e sua correção ortográfica são de responsabilidade exclusiva dos seus 
respectivos autores.
EDITORA CONHECIMENTO LIVRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corpo Editorial 
 
 
 
 
 
 
 
Dr. João Luís Ribeiro Ulhôa 
 
 
Dra. Eyde Cristianne Saraiva-Bonatto 
 
 
 
MSc. Anderson Reis de Sousa 
 
 
 
MSc. Frederico Celestino Barbosa 
 
 
 
MSc. Carlos Eduardo de Oliveira Gontijo 
 
 
 
MSc. Plínio Ferreira Pires 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editora Conhecimento Livre 
Piracanjuba-GO 
2020 
Do município a união: o tributo na salvaguarda do meio ambiente
10.37423/2020.edcl87
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 4 
Resumo: Nas últimas décadas, os direitos humanos receberam ampla proteção jurídica, passando a 
ser afirmados em tratados, convenções e diplomas constitucionais de diversos Estados e Organismos 
Internacionais.Uma das principais manifestações dessa evolução está consignada na Constituição 
Federal brasileira de 1988, que apontou expressamente a dignidade da pessoa humana como princípio 
fundamental.A partir de então, todos os demais conjuntos de normas, constitucionais e 
infraconstitucionais, devem pautar-se por esse princípio geral. 
Nesse sentido, o sistema tributário delineado pela Constituição exige estrita observância da dignidade 
humana na instituição de impostos, taxas e contribuições de melhoria. Ainda com fundamento na 
dignidade humana, a proteção ao meio ambiente ganhou status de norma constitucional. 
Assim, a sociedade e as instituições democráticas passaram a perseguir a concretização desse princípio 
das mais variadas formas, foi então que os tributos começaram a ser concebidos também como 
instrumentos de tutela ambiental, atingindo o objetivo maior de preservar a dignidade da pessoa 
humana. 
Este trabalho tem por objetivo apenas identificar a necessidade de modo simples e sistemático esse 
regime jurídico, que se pode intitular de direito ambiental tributário. Abordando, de forma básica e 
simples os temas tributários relacionados ao meio ambiente natural. 
Palavras-Chave: Tributo, meio ambiente, equilíbrio, Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 5 
DEDICATÓRIA: 
“Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém 
precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes. Vivemos numa época perigosa. O homem domina a 
natureza antes que tenha aprendido a dominar-se a si mesmo”. 
 (Albert Schweitzer) 
“Há falta de oxigênio e sol dentro do mundo jurídico. 
O direito não amanhece. 
Não chove. 
Dentro do direito não transitam nuvens e nem sopram ventos. 
As entidades do mundo jurídico não têm carne e nem temperatura. 
Jamais foi escutado canto de pássaro dentro do Código Florestal 
Ou vislumbrado peixe no Código das Águas. 
Da Lei brotam artigos, parágrafos, alíneas, remissões. 
Sequer uma flor ou ramo verde. 
A vida do animal humano é muito curta e eu só tenho uma. 
Entre o direito e a abóbora eu optei pela abóbora’’ 
(Carnaval tributário, Alfredo Augusto Becker) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 6 
AGRADECIMENTOS 
A todos que direto ou indiretamente contribuíram para que fosse possível a realização deste trabalho. 
A todos os nossos mestres que contribuíram com a nossa formação acadêmica e profissional. Muito 
obrigado em especial a nossos Familiares. 
 
 
 
 
 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 7 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO: ............................................................................................................................................................ 8 
CAPÍTULO I: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO GENÊSE DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO .................................. 9 
1.1.BRASILEIROS E ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS COMO DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS NO ÂMBITO CONSTITUCIONAL E O DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO ............................ 11 
1.2.OS DIREITOS E DEVERES CONSTITUCIONAIS COLETIVOS, A PROTEÇÃO DOS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS E 
O DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO ........................................................................................................................12 
1.3.O DIREITO AO MEIO AMBIENTE EM FACE DO ART.225 DA CF- ASPECTOS FUNDAMENTAIS QUANTO AO SEU 
CONTEÚDO ............................................................................................................................................................... 13 
CAPÍTULO II: IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA COMO INSTRUMENTOS DESTINADOS A TUTELAR 
BENS AMBIENTAIS ................................................................................. ..................................................................17 
2.1. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DESTINADO A INTERPRETAR OS IMPOSTOS, AS 
TAXAS E A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA ................................................................................................................ 18 
CAPITULO III: A NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA: A RELEVÂNCIA DOS ASPECTOS QUE COMPÕEM A CHAMADA 
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA ..................................................................................................................... 23 
CAPÍTULO IV: OS TRIBUTOS, CASOS DE SUA APLICAÇÃO COMO MEIO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE .................. 32 
4.1.EM FACE DAS CIDADES ....................................................................................................................................... 32 
4.2.EM FACE DOS ESTADOS ...................................................................................................................................... 34 
4.3.EM FACE DA SAÚDE ............................................................................................................................................ 36 
4.4.EM FACE DOS RECURSOS NATURAIS ................................................................................................................... 38 
4.5.ITR AMBIENTAL .................................................................................................................................................. 39 
4.6.ICMS AMBIENTAL ............................................................................................................................................... 41 
4.7.O IPTU ................................................................................................................................................................ 43CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 44 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 45 
NOTAS ...................................................................................................................................................................... 46 
 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 8 
INTRODUÇÃO: 
Em meio à sociedade complexa e de rápido crescimento, nasceu um novo valor constitucional que 
também pode ser considerado princípio: a sustentabilidade, que vem sendo estudada hodiernamente 
de forma mais intensa. 
Mais precisamente, nesta quadra do século observam-se os estudos sobre a temática, dando a ela 
visão nova dotando maior importância. 
Neste contexto, vale comentar que, a própria sustentabilidade, que antes não passava de mera palavra 
conceitualmente postada em dicionários passou a ser enfocada como valor constitucional no Brasil a 
partir de 1988 - bem como princípio, o que dota de maior repercussão, importância e valoração à 
sustentabilidade. 
Nesta senda. Não resta dúvida de que as formas de proteção ao ambiente e a sustentabilidade podem 
ser preventivas ou ainda repressivas. Nesta linha vê-se o tributo como uma das saídas para a proteção 
destes direitos fundamentais que devem ser respeitados por sua importância sistêmica, jurídica e real. 
Então encontrar um equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico é uma tarefa 
difícil para os dias de hoje, e que deverá ser feita através de políticas públicas, principalmente 
aplicando o Direito Tributário como harmonizador deste conflito uma vez que, cabe ao incentivo 
tributário ambiental gerar a precaução e a prevenção ambiental no desenvolvimento econômico de 
uma nação e suas cidades. 
Fomentamos o presente trabalho partindo da análise do modelo de Estado liberal, sua intervenção na 
ordem econômica e sua afetação na economia no meio ambiental, para demonstrar a importância do 
desenvolvimento econômico e ambiental juntos. Através de breve analise dos princípios econômicos, 
fazendo um paralelo entre os artigos 170 e 225 da Constituição Federal, demostrando a possibilidade 
de congruência entre a economia e o desenvolvimento sustentável através das políticas públicas que 
o Estado desenvolve, e quais os benefícios trazem para sociedade. 
Tratar-se-á aqui, do meio ambiente saudável como direito fundamental, seu posicionamento como 
bem jurídico do Estado, além dos princípios ambientais que dão sustentação para a aplicação da extra 
fiscalidade ambiental para o seu perfeito equilíbrio, principal base de desenvolvimento deste trabalho. 
Nossa proposta parte do entendimento de que a sociedade deverá através da sua educação ambiental 
compatibilizar o seu consumo com produtos ecologicamente equilibrados, assim aumentando as 
externalidades positivas, que produzem um equilíbrio na economia ambiental. Além do mais este 
pressuposto demostrará no decorrer do presente trabalho, quais instrumentos econômicos que o 
Estado pode empregar na realização do desenvolvimento sustentável. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 9 
Neste contexto, o tributo aparece de forma eficaz, principalmente na sua acepção extrafiscal como 
viabilizador para o equilíbrio ambiental e de uma melhor qualidade de vida junto ao desenvolvimento 
econômico equilibrado. 
Procuraremos demonstrar no decorrer deste trabalho a aplicação dos benefícios fiscais no âmbito 
econômico destacando a - extra fiscalidade fiscal, para encontrar o ponto de equilíbrio entre o 
desenvolvimento econômico e o meio ambiente. 
Todas as abordagens serão realizadas respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal de modo a ajudar 
o crescimento econômico garantindo o meio ambiente sadio. 
CAPÍTULO I: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO GENÊSE DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO 
A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer as bases constitucionais do Sistema Tributário Nacional, 
fixou seus princípios gerais, sem olvidar os fundamentos que constituem a estrutura normativa do 
Estado Democrático de Direito brasileiro no que diz respeito à atividade tributária desse Estado. 
A relação fisco- contribuinte tem sua gênese não apenas nas regras ditadas pela economia capitalista 
ou, ainda, por uma superada visão fixada em parâmetros que interessam tão somente a abstração 
jurídica criadora do Estado ainda em moldes pretéritos, mas fundamentalmente na dignidade da 
pessoa humana, como razão de ser do sistema constitucional da República Federal do Brasil. 
Assim, os tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios têm sua 
hipótese de incidência tributária caracterizada a partir do novo desenho constitucional, desenho este 
que procura privilegiar muito mais do que a relação Fisco-contribuinte: primordialmente, o cidadão, o 
cidadão portador de direitos materiais fundamentais assecuratórios de sua dignidade. 
Por outro lado, atenta a realidade brasileira e claramente preocupada em atingir os objetivos 
apontados no art. 3º1 , a Carta Maior assegura não só os direitos materiais antes indicados, mas 
também a possibilidade concreta de viabilizar seu conteúdo através de meios instrumentais de acesso 
à Justiça, não só no plano individual, mas, principalmente, no plano adaptado a realidade demográfica 
brasileira (os direitos metaindividuais). 
A Carta Magna de 1988, ao estabelecer, em seu Título VIII, Capítulo VI (Do meio ambiente), art. 225, a 
existência do direito “ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”, não só fixou de maneira clara a 
existência no plano constitucional do direito ambiental brasileiro como estabeleceu seus parâmetros, 
ou seja, os critérios fundamentais destinados à sua correta interpretação. 
Sendo um produto cultural, como já tivemos oportunidade de salientar, o direito ambiental brasileiro 
tem de ser observado no contexto de nossa Carta Maior, ou seja, é um direito que não só obedece aos 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 10 
princípios fundamentais elencados nos arts. 1° a 4° como se organiza na condição de direito e garantia 
fundamental destinada a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no País, no âmbito direcionado 
pelos arts. 5° e 6° de nossa Constituição Federal. 
Destarte, a existência de um direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pressupõe, 
inicialmente, a obediência a alguns fundamentos específicos2, que adiante serão comentados de forma 
breve.Primeiro aspecto a ser observado. O direito ambiental brasileiro está vinculado a dignidade da 
pessoa humana (art.1°, III), ou seja, a pessoa humana é a verdadeira razão de ser do direito ambiental 
brasileiro. Claro está que nossa Carta Magna assegura o valor da dignidade como aspecto central, 
“primeiro fundamento de todo o sistema constitucional posto e último arcabouço da guarida dos 
direitos individuais”, conforme a feliz manifestação de Rizzatto Nunes3 , que procura estabelecer o 
começo de sua sistematização, como temos reiterado4, pela referência aos direitos fundamentais” na 
dupla vertente da técnica jurídica de limitação do poder do Estado e de afirmação de um ‘espaço 
pessoal’ na existência política” (FIORILLO, p. 30, 2013). O direito ambiental brasileiro, por via de 
consequência, é constituído a partir da dignidade da pessoa humana. 
Segundo aspecto a ser relevado. O direito ambiental brasileiro está vinculado aosvalores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa (art.1°, IV), a saber: a economia capitalista que visa a obtenção do lucro 
estar sempre presente nas relações jurídicas ambientais, balizada pelos valores maiores e superiores 
da dignidade da a pessoa humana, o que significa harmonizar a ordem econômica com a defesa do 
ambiente (art. 170, VI, da Constituição Federal). 
Terceiro aspecto a ser considerado. O direito ambiental brasileiro está vinculado a soberania (art. 1°, 
I), ou seja, nosso direito ambiental está situado dentro de nosso poder de fazer e anular leis de forma 
exclusiva em nosso poder de fazer e anular leis de forma exclusiva em nosso território, organizando 
nossa racionalização jurídica. Daí a soberania estar inclusive ligada ao patrimônio cultural brasileiro 
(FIORILLO, 2013), art.216 da Carta Magna, já que as leis (e o próprio direito em nosso país, como já 
afirmamos) representam verdadeiramente formas de expressão portadoras de referência a identidade, 
a ação, a memória dos diferentes grupos formadores de nossa sociedade (FIORILLO, 1999). 
Quarto aspecto á analisar. O direito ambiental brasileiro está vinculado a cidadania (art.1°, II), vale 
dizer, harmoniza-se com nosso entendimento de cidadania (CARAZZO, 2013), que é atributo de todos 
os brasileiros e estrangeiros residentes no País (art. 5° da Constituição Federal), adaptado ao conceito 
de igual dignidade social, independentemente da inserção econômica, social, cultural e política. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 11 
Quinto aspecto importante para análise em torno da questão. O direito ambiental brasileiro está 
vinculado ao pluralismo político (art.1°, V), o que significa que depende das formas de controle ligadas 
ás estruturas de poder dentro do Estado Democrático de Direito (FIORILLO, 2013). 
Por outro lado, constituem objetivos fundamentais do direito ambiental brasileiro, além daqueles 
especificamente organizados em proveito de sua atuação, os mesmos propósitos da República 
Federativa do Brasil, estabelecidos no art.3° da Constituição Federal: a erradicação da pobreza e da 
marginalização; a redução das desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, não só 
visando construir uma sociedade livre, justa e solidária como se destinando a garantir nosso 
desenvolvimento nacional (art.3°, I,II,III e IV). 
Assim, nosso direito ambiental tem princípios gerais (tanto no plano interno como no externo) e 
objetivos claramente positivados, que serão articulados em proveito do povo dentro de uma estrutura 
de poder realizada por meio de três grandes funções, indicadas no art.2° da Carta Maior, os Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário, que hoje configuram uma estrutura normativa na qual cada Poder 
exerce função preponderante. É certo que o direito ambiental também estará compreendido entre as 
funções de legislar e “gerenciar” o Estado Democrático de Direito (FIORILLO, 2013). 
Para melhor entendimento, falaremos acerca dos princípios regentes da ordem constitucional do meio 
ambiente. 
1.1.BRASILEIROS E ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS COMO DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E 
DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS NO ÂMBITO CONSTITUCIONAL E O DIREITO AMBIENTAL 
BRASILEIRO 
É importante ressaltar que os fundamentos e objetivos do direito ambiental anteriormente 
mencionado, também estruturam sua visão no plano internacional, com evidente destaque para o que 
estabelece a correta interpretação do art.4°, sempre em harmonia com as necessidades do povo 
brasileiro. 
As normas constitucionais brasileiras, nelas incluídas as ambientais, visam organizar nossa população 
em dado território em decorrência da existência de determinada economia e cultura. Daí o Título II, 
Capítulo I, art.5°, de a Constituição Federal brasileira estabelecer a igualdade de todos perante a lei, 
necessariamente vinculada a uma série de direitos e deveres que se destinam a assegurar não só o 
exercício de direitos sociais e individuais, mas também a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade como valores maiores de uma sociedade fundada na harmonia social. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 12 
Nesta linha, a existência de um direito ambiental se estabelece, portanto, em nosso país não apenas 
como direito de brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil (art. 5°), direito este que, para um país 
com 180 milhões de habitantes, é garantido fundamentalmente em sua feição coletiva, mas sim por 
força do que determina o art. 1°, III, da Carta Magna, em seu aspecto social (art.6°), o que compreende 
a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a 
maternidade e à infância, assim como a assistência aos desamparados como conteúdo fundamental 
para a compreensão de qualquer direito em nosso país, nele incluído o direito ambiental. 
1.2.OS DIREITOS E DEVERES CONSTITUCIONAIS COLETIVOS, A PROTEÇÃO DOS INTERESSES 
DIFUSOS E COLETIVOS E O DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO 
Exatamente para fixar a existência concreta dos direitos constitucionais coletivos no Brasil, nossa 
Carata Magna não só disciplinou sua existência (art.5°) como propiciou sua proteção, não excluindo da 
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito (art.5°, XXXV). 
Assim, o art. 129, III, da Constituição Federal foi didático ao atribuir a proteção dos interesses difusos 
e coletivo, e especificamente do meio ambiente, ao Ministério Público e também a terceiros, segundo 
o disposto na própria Constituição, bem como na lei (§1° do art.129 da CF), exatamente no sentido de 
reconhecer sua dimensão metaindividual. 
Os direitos constitucionais coletivos passaram, consequentemente, a ter uma dimensão maior e mais 
bem organizada, o que levou o legislador a estabelecer, no plano infraconstitucional, mas 
evidentemente em obediência à Constituição Federal, nova disciplina, destinada à proteção da 
coletividade, fixada na Lei federal n. 8.078/90, que estabeleceu a existência dos direitos 
metaindidividuais da seguinte forma, de acordo com Fiorillo (2013): Direitos difusos, que se 
apresentam como direitos transindividuais, possuindo objeto indivisível e titularidade indeterminada 
e interligada por circunstâncias de fato (art.81, parágrafo único, I). Direitos coletivos, que se 
apresentam como direitos transindividuais, com objeto indivisível e determinabilidade de seus 
titulares (art.81, parágrafo único, II). Direitos individuais homogêneos, que são direitos individuais, 
com objeto divisível e decorrente de origem comum (art.81, parágrafo único, III). 
Agora faremos um breve comentário acerca do art. 225 da CF. Senão vejamos. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 13 
1.3.O DIREITO AO MEIO AMBIENTE EM FACE DO ART.225 DA CF- ASPECTOS FUNDAMENTAIS 
QUANTO AO SEU CONTEÚDO 
Conforme explicado por Fiorillo (1999), o art.225 da Carta Magna estabeleceu pela primeira vez na 
história do direito constitucional brasileiro o direito ao meio ambiente, regrando, em consequência, 
no plano normativo mais elevado, os fundamentos do direito ambiental constitucional. 
Trata-se de um direito vinculado ao meio ambiente, e não de um direito do ambiente, ou seja, é um 
direito destinado a brasileiros e estrangeiros residentes no País. 
A análise do art. 225 da Constituição Federal conduz o interprete, na condição de operador do direito, 
a verificar alguns aspectos fundamentais no que se refere ao seu conteúdo. 
O primeiro delesé a existência do direito material constitucional caracterizado como “direito ao meio 
ambiente”, meio ambiente este “ecologicamente equilibrado”. 
Este primeiro aspecto do direito material ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direitos 
de todos no plano constitucional, quanto a este e seu ao conteúdo do art.225 da Constituição Federal. 
Devemos falar que o mesmo deve assegurar a todos a existência do direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Nossa Constituição entendeu por bem não definir seu conteúdo, 
validando, todavia, conforme a orientação do art.23 VI5 , a competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios para proteger o meio ambiente e combater a poluição6, em 
qualquer de suas formas. 
Dessa maneira, elevou ao plano constitucional a definição jurídica de meio ambiente descrita pelo 
art.3°, I, da Lei federal n. 6.938/81, que, já na década de 80, embora sob a égide de uma Constituição 
estabelecida ainda em plena ditadura militar7,definia a denominada Política Nacional do Meio 
Ambiente8 . 
Deriva daí a definição jurídica de meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas”. 
Fica bem claro que a definição jurídica de meio ambiente está atrelada à tutela da vida em todas as 
suas formas, a saber, o direito ambiental se ocupa das relações jurídicas vinculadas a vida, conforme 
descrito no art. 225 da Carta Magna, é evidentemente observando os demais fundamentos, objetivos 
e destinatários do direito constitucional em vigor9. 
O direito à vida em todas as suas formas é garantido no plano constitucional de maneira 
ecologicamente equilibrada, ou seja, assegurou a Constituição Federal em vigor o direito à vida 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 14 
relacionado ao meio, ao recinto, ao espaço em que se vive, envolvendo para a pessoa humana- 
principal destinatária do direito constitucional brasileiro- um conjunto de condições morais, 
psicológicas, culturais e materiais que vinculam uma ou mais pessoas. 
Isso nos autoriza a concluir que a definição jurídica de “meio ambiente ecologicamente equilibrado” 
criada pela Carta Magna diz respeito à tutela da pessoa humana, assim como de outras formas de 
organismos, adaptadas ao local onde vivem10. 
Primeiro aspecto fundamental em relação ao conteúdo do art. 225 assegura, no plano normativo, as 
seguintes tutelas jurídicas: A) tutela jurídica da pessoa humana – principal destinatária da norma 
constitucional - em face de suas inter-relações com o meio ambiente; B) tutela jurídica da fauna, em 
face dos princípios fundamentais e demais dispositivos constitucionais aplicáveis; C) tutela jurídica da 
flora, diante dos princípios fundamentais e demais dispositivos aplicáveis. 
Por outro lado, fica bem estabelecido em nossa constituição que os destinatários do direito ambiental 
brasileiro são aqueles a quem se dirige a norma constitucional, com amparo nos princípios 
fundamentais que organizam todo o sistema jurídico no Brasil. Daí se entender que, embora o 
conteúdo do art. 225 assegure as tutelas jurídicas antes referidas, os principais destinatários do direito 
ambiental brasileiro são as pessoas humanas, conforme estabelecem os fundamentos do Estado 
Democrático de Direito brasileiro (art.1°). A expressão “todos”, presente no art. 225, refere-se 
fundamentalmente às pessoas humanas apontadas em face de sua condição de cidadania, abarcadas 
que são pela soberania no plano de nossa Constituição Federal. Os brasileiros e estrangeiros residentes 
no País (art. 5°, caput) revelam-se os principais personagens, os verdadeiros protagonistas, em torno 
dos quais veio a ser construído o direito constitucional ambiental em vigor. Isso não significa que a 
fauna e a flora, conforme já aduzido, não tenham recebido importante proteção. Reconhecidas que 
foram no plano maior de nosso sistema jurídico como bens ambientais, passaram a ser consideradas, 
a partir do advento da Lei n.9.985/2000 (que regulamenta o art. 225, § 1°, I, II, III e VII, da CF), recursos 
ambientais, entendimento já observado no art. 3°, V, relativo à Política Nacional do Meio Ambiente. 
A existência, no plano constitucional, do direito material ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, como direito de brasileiros e estrangeiros residentes no País, constitui o primeiro dos 
quatro aspectos fundamentais vinculados ao conteúdo do art. 225 da Carta Magna. 
Outro ponto devendo ser considerado como o segundo: é o da confirmação no plano constitucional 
de que referido direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado diz respeito à existência de uma 
relação jurídica que envolve um bem estabelecido pela Carta Magna de 1988 (o bem ambiental)11 . 
Esse bem, para que possa ser reputado constitucionalmente como “bem ambiental”, vincula-se 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 15 
somente àqueles considerados no plano constitucionais essencial á sadia qualidade de vida, tendo 
como característica estrutural ser ontologicamente um ‘bem de uso comum’ do povo. Ademais o 
direito ambiental revelado no plano constitucional diz respeito a existência de uma relação jurídica 
que vincula a pessoa humana aos denominados bens ambientais, ou seja, bens que são considerados 
constitucionalmente essencial á sadia qualidade de vida (art.225 da CF). 
Destarte, os bens ambientais são aqueles reputados essencial á sadia qualidade de vida da pessoa 
humana, no âmbito do que determina a Constituição Federal e em decorrência específica do comando 
estabelecido por nossa Carta Magna por meio de seus princípios fundamentais, ou seja: os bens 
ambientais são os considerados essencial á sadia qualidade de vida de brasileiros e estrangeiros 
residentes no País. 
Assim, são bens ambientais os considerados juridicamente essenciais, no sentido de preencher o 
conceito constitucional antes aludido, a saber, não só os valores disciplinados juridicamente em 
decorrência da tutela da vida da pessoa humana (o próprio patrimônio genético, a fauna, a flora, os 
recursos minerais etc.) como fundamentalmente em face da dignidade da pessoa humana (art.1°, III, 
da CF), verdadeiro fundamento a ser observado no plano normativo. 
Nossa Constituição Federal, tendo em vista exatamente situar de forma concreta o significado dos 
direitos considerados essenciais à dignidade da pessoa humana, disciplinou no art.6° um mínimo 
destinado aos brasileiros e estrangeiros residentes no País, ser assegurado pelo Estado Democrático 
de Direito, garantindo fundamentalmente: o direito a educação; o direito a saúde; o direito ao 
trabalho; o direito à moradia; o direito ao lazer; o direito a segurança; o direito à previdência social; o 
direito a proteção a maternidade; o direito a assistência aos desamparados. 
Referidos direitos são estabelecidos no âmbito constitucional como verdadeiro piso vital mínimo a ser 
necessariamente assegurado por nosso Estado Democrático de Direito12 , ou seja, a definição jurídica 
de “bem ambiental” está adstrita não só a tutela da vida da pessoa humana, mas principalmente a 
tutela da vida da pessoa humana com dignidade. 
Além disso, nossa Constituição fixou a natureza jurídica do bem ambiental ao asseverar ser referido 
bem “de uso comum do povo”, eliminando relação jurídica fixada em conceitos absolutos como os de 
gozar, dispor, fruir e principalmente destruir determinado bem, autorizando fazer com ele, de forma 
absolutamente livre, tudo aquilo que possa ser única e exclusivamente da vontade, do desejo da 
pessoa humana no plano individual ou meta individual. O bem ambiental, em resumo,por estar 
estruturado na vida em todas as suas formas, não guarda no âmbito constitucional qualquer 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 16 
compatibilidade com institutos outros que não estejam adstritos ao direito de usar aludido bem 
(FORILLO, 2013). 
A existência, no plano constitucional, do bem ambiental13destinado ao uso comum do povo diz 
respeito ao segundo dos quatro aspectos fundamentais vinculados ao conteúdo do art.225 da 
Constituição Federal. 
Analisemos o terceiro aspecto fundamental quanto ao conteúdo do art.225 da Constituição Federal. Á 
imposição da Carta Magna14 ao Poder Público e a coletividade do dever de defender e preservar o 
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado deve ser considerado como o terceiro aspecto 
fundamental do art. 225 da CF em face dos princípios fundamentais constitucionais e demais 
disposições aplicáveis. Também mereceu por parte de nossa Carta Magna garantias processuais, ou 
seja, instrumentos destinados a submeter á apreciação do Poder Judiciário lesões ou principalmente 
ameaças ao direito ambiental (art. 5°, XXXV, da CF). 
Especificamente, restou caracterizado pelo art.225 da Carta Magna o dever tanto do Estado como da 
sociedade civil não só de defender como de preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
dentro de uma concepção jurídica de que não basta tão somente defender os bens ambientais de lesão 
eventualmente ocorrida, mas é preciso sobretudo preservar a vida de ameaça que possa 
ocasionalmente surgir15 . 
Decorre dessa afirmação que o direito processual ambiental tem sua origem constitucional na 
necessidade de um direito processual ambiental preventivo, ainda que seja possível observar 
alternativas a lesão a vida por meio de critérios econômicos. De qualquer forma, o processo ambiental 
passou a ter, a partir da Constituição Federal de 1988, princípios próprios, que necessariamente 
deverão ser observados quando existir qualquer ameaça ou lesão aos bens ambientais (FIORILLO, 
2013). 
A imposição constitucional apontada ao Poder Público e á coletividade, destinada a estabelecer o 
dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, criando os princípios do 
processo ambiental com o objetivo de uma tutela preventiva, constitui o terceiro dos quatro aspectos 
fundamentais vinculados ao conteúdo do art.225 da carta Magna. 
Quarto aspecto: A defesa e preservação do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para 
os presentes e futuras gerações. A Carta de 1988, ao garantir pela primeira vez na história 
constitucional brasileira determinado direito ás presentes e ás futuras gerações, apontou para a 
necessidade de assegurar a tutela jurídica do meio ambiente não só em decorrência da extensão de 
tempo médio entre o nascimento de uma pessoa humana e o nascimento do seu descendente (dentro 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 17 
de sua estrutura jurídica, fundamentada na dignidade da pessoa humana), mas também devido à 
concepção de geração como grupo de organismos que têm os mesmos pais ou ainda como grau ou 
nível simples numa linha de descendência direta, ocupada por indivíduos de uma espécie, que têm um 
ancestral comum e que estão afastados pelo mesmo número de crias do ancestral. Reforçou 
juridicamente a Constituição, no âmbito jurídico material, a necessidade de tutelar um direito 
ambiental a partir do patrimônio genético, observando, no plano jurídico processual, um critério 
preventivo como único meio de garantir um direito ambiental efetivamente direcionado às futuras 
gerações. 
Este quarto e último aspecto fundamental ao conteúdo do art.225 da CF, somado aos demais já 
comentados, possibilita-nos estudar de forma mais didática e ordenada o direito ambiental brasileiro, 
com base nos dispositivos observados de forma sistemática em nossa Constituição Federal, classificado 
da seguinte forma, a saber16,: o patrimônio genético; o meio ambiente cultural; o meio ambiente 
artificial; o meio ambiente do trabalho; o meio ambiente natural. 
CAPÍTULO II: IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA COMO INSTRUMENTOS 
DESTINADOS A TUTELAR BENS AMBIENTAIS 
Com base no capítulo anterior, podemos concluir para o início e contextualização deste outro que, a 
Constituição Federal de 1988 ao estabelecer as bases constitucionais do Sistema Tributário Nacional, 
fixou seus princípios gerais, sem olvidar os fundamentos que constituem a estrutura normativa do 
Estado Democrático do Direito Brasileiro no que diz respeito a atividade tributária desse Estado. 
Então, a relação Fisco- contribuinte tem sua gênese não apenas nas regras ditadas pela economia 
capitalista ou, ainda, por uma superada visão fixada em parâmetros que interessam tão somente à 
abstração jurídica criadora do Estado ainda em moldes pretéritos, mas fundamentalmente na 
dignidade da pessoa humana, como razão de ser do sistema constitucional da República Federativa do 
Brasil. 
Assim, os tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios têm sua 
hipótese de incidência tributária caracterizada a partir do novo desenho constitucional, desenho este 
que procura privilegiar muito mais do que a relação Fisco- contribuinte: primordialmente, o cidadão 
portador de direitos materiais fundamentais assecuratórios de sua dignidade. 
Dessa forma, faz-se necessário indicar, tanto quanto possível de forma didática, os princípios 
fundamentais garantidores dos direitos do cidadão/contribuinte na defesa de alguns de seus valores 
fundamentais (e, dentre esses valores, aqueles que envolvem as relações jurídicas adaptadas ao direito 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 18 
ambiental, ou seja, de acordo com os direitos relacionados à saúde e à segurança do trabalhador, ao 
território vinculado às cidades, à fauna, flora e recursos naturais, ao patrimônio cultural e ainda ao 
patrimônio genético, garantidor da continuidade da espécie humana), bem como o acesso coletivo e 
organizado à justiça em proveito dos valores jurídicos fundamentais de brasileiros e estrangeiros 
residentes no País neste início de século XXI. 
Sendo assim falaremos sobre o sistema constitucional tributário e seus princípios gerais, para melhor 
entendermos o título do presente capítulo. 
2.1. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DESTINADO A INTERPRETAR OS 
IMPOSTOS, AS TAXAS E A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 
O entendimento do que venham a ser os princípios e de sua relevância no sistema de direito positivo 
tem sido tema dos mais analisados e debatidos pela doutrina brasileira. 
O Ministro José Delgado (1988) ensina que o vocábulo “princípio” tem origem sediada no latim, 
principium, significando começo, origem, ponto de partida. Prossegue afirmando que a ampliação do 
conceito compreende, ainda, a causa primária de algo, o elemento predominante de um corpo 
orgânico ou preceito fundamental, regra essencial, base nuclear de qualquer entidade. 
Geraldo Ataliba17 , com clareza e a lucidez de sempre, afirmavam que os princípios eram as linhas-
mestras, as diretrizes magnas do sistema jurídico, apontando sempre os rumos a serem seguidos por 
toda a sociedade e obrigatoriamente pelos poderes constituídos. 
Por sua vez, Diva Malerbi18, de forma sempre segura, assevera: “Os princípios constitucionais 
ostentam, em sua natureza jurídica, normatividade incontestável, sendo superiores a quaisquer outras 
normas, em razão do conteúdo (expresso ou implícito) neles cristalizados”. E continua: 
“Por isso mesmo, desempenham uma função positiva, consistentena 
afirmação do conteúdo de todas as regulações jurídicas, pois toda norma 
que a forma deve-se identificar com os princípios constitucionais, haurindo 
a sua validade na coerência e compatibilidade com eles. E desempenham, 
ainda, função negativa, consistente na recusa de introdução no sistema 
jurídico de norma cujo conteúdo se contraponha aos princípios acolhidos 
constitucionalmente”. 
Daí por que a importância e a relevância do tema na presente abordagem. Não se pode conceber a 
análise de qualquer sistema de direito sem antes compreender a análise de qualquer sistema de direito 
sem antes compreender e analisar com alguma precisão os princípios que o norteiam. 
Com a edição da Carta Constitucional de 1988, em oposição clara à carta anterior, o que se podia 
entender pelo “espírito” do texto fundamental foi radicalmente alterado. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 19 
De simples confronto entre o texto de 1967, com redação dada pela Emenda n.1, de 1969, e o texto 
de 1967, com redação dada pela Emenda n.1, de 1969, e o texto de 1988, nota-se que a preocupação 
maior na Carta de 1967 (Emenda n. 1/69), como se denota da exegese dos dezessete primeiros artigos, 
foi a de organizar o Estado delimitar os bens pertencentes aos entes da Federação e distribuir entre 
estas suas competências, estabelecendo, dessa forma, sua autonomia. 
Preocupação com os direitos e garantias individuais a carta pretérita só demonstrou a partir dos 
art.153 e seguintes, especificamente em 36 incisos compreendidos no artigo já citado. 
Assim é que, em 1988, encontramos encartados a partir do art.5° direitos e garantias fundamentais do 
cidadão brasileiro (artigo que, diversamente da Carta anterior, conta com 77 incisos e dois parágrafos). 
Trouxe, ainda, a nova Carta, entre seus princípios fundamentais, e como fundamento do Estado 
Democrático de Direito brasileiro (art. 1°), a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. 
Esses quatro primeiros artigos destacados por si só demonstram os contornos do Estado Democrático 
de Direito brasileiro a partir de 1988. Dessa forma, faz-se imperioso, curial, que qualquer análise sobre 
qualquer tema de direito positivo que se queira realizar após 1988 passa por trilha iluminada pelos 
princípios fundamentais amparados e consagrados nestes quatro primeiros artigos da Constituição em 
vigor. 
Só se chegará a uma correta análise dos direitos e garantias individuais e coletivos trazidos pela Carta 
Maior à luz dos princípios fundamentais por ela amparados, indicados e explicitados. 
Assim, o Sistema Constitucional Tributário brasileiro deve necessariamente se guiar e se conformar 
com essas novas diretrizes, buscando, na medida do possível, adaptar seus conceitos calcados na 
superada Carta de 1967 (com alterações da Emenda n.1/69) a esse novo delineamento do Estado 
Democrático brasileiro, sob pena de flagrante vício de inconstitucionalidade. 
Os quatro primeiros artigos a Carta de 1988 se aplicam de forma indistinta e indiscutível também ao 
Sistema Tributário Nacional, não se podendo de forma alguma deixar ao largo e ignorar solenemente 
que, a partir de 1988, decidiu soberanamente o Poder Constituinte Originário por criar um novo Estado 
brasileiro, que em nada se confunde com o Estado superado de 1967, e mais, que as linhas que dirigem 
o Sistema Tributário estão todas “Plasmadas”, para usarmos a feliz expressão de Geraldo Ataliba na 
Carta Constitucional. 
Nesse sentido, ao prefaciar a magistral obra de Aliomar Baleeiro (2000) intitulada Limitações 
constitucionais ao poder de tributar, já exortava Geraldo Ataliba19, sempre de forma pioneira, que “não 
se conhece” – e, consequentemente, não se aplica corretamente – o Sistema tributário brasileiro, sem 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 20 
amplo, maduro e profundo domínio dos princípios e regras constitucionais, abundantes e minuciosos, 
no que respeita à disciplina do exercício da tributação. Pois a parte básica, essencial, nodular desse 
imprescindível regime está nas chamadas ‘limitações constitucionais ao poder de tributar’, hoje 
designação formal da Seção II do capítulo do “Sistema Tributário Nacional”, no Texto Constitucional. 
Aliomar Baleeiro (p. 55, 2000), por sua vez, acertadamente já asseverava que: 
“O sistema tributário movimenta-se sob complexa aparelhagem de freios e 
amortecedores, que limitam os excessos acaso detrimentosos a economia e 
à preservação do regime e dos direitos individuais. (...) A defesa do sistema 
tributário e do próprio regime político do país processa-se por um conjunto 
de limitações ao poder ativo de tributar”. 
Com efeito, verificamos que a partir da promulgação da Carta de 1988 não se pode, de forma alguma, 
analisar a relação Fisco- contribuinte ignorando que o valor maior da dignidade da pessoa humana foi 
alçado a fundamento da República Federativa do Brasil, assumindo nítida feição no sentido de situar a 
arrecadação de quantia em dinheiro advinda da atividade tributária como um todo, em proveito da 
pessoa humana, a fim de que o Estado possa cumprir sua função social, assegurada pelo art.6° do texto 
Maior, o chamado Piso Vital Mínimo20 . 
No que se refere especificamente ao direito tributário, observamos que o Poder Público, no exercício 
do direito impositivo – que consiste em tirar do particular, compulsoriamente, parcela de seu 
patrimônio, representada pelo tributo previsto em lei, para fazer face às chamadas despesas públicas 
-, acaba interferindo diretamente em direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade, a 
propriedade e outros direitos materiais constitucionais. 
Essa linha de pensamento justificativa que a arrecadação de quantia em dinheiro por parte do Estado 
haveria que se dar necessariamente tendo em vista o aludido interesse público, sendo certo e correto 
afirmar que o Estado, nesse sentido, já não podia tributar, nem poderia fazê-lo licitamente apenas e 
tão somente para “enriquecer”. 
Cabe reiterar que a tributação, tendo por fim último o chamado interesse público, era a realidade do 
Estado brasileiro até 1988, quando vigorava e direcionava as atividades de nosso Estado a Carta Magna 
de 1967, com as alterações experimentadas pela Emenda n. 1/69. 
No novo Estado brasileiro, todavia a pessoa humana passa a orientar a correta interpretação de nossa 
Carta Magna. 
Destarte, o Estado passa a ter como principal função fornecer serviços públicos, a fim de realizar o que 
a Carta de 1988 convencionou chamar de dignidade da pessoa humana, ou seja, a atividade de tributar 
nesse novo Estado brasileiro passa a ter por fim último o atendimento e a satisfação dos direitos sociais 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 21 
elencados no art. 6° do texto Maior, a bem do interesse de toda a coletividade de brasileiros e 
estrangeiros residentes no País, assegurando de forma serena a dignidade da pessoa humana. 
A arrecadação de quantia em dinheiro por parte dos entes dotados de competência tributária, na 
forma do texto Constitucional, para “angariar” recursos financeiros para o Estado certamente constitui 
imposição do direito tributário, a Carta de 1988 houve por bem determinar que a dignidade da pessoa 
humana constitui objetivo fundamental desse novo Estado. A tributação não pode, dessa forma, servir 
para atropelar tal desiderato constitucional. 
O meio será a arrecadação compulsória por parte do Estado, mas o fim último, que deverá ser 
observado também pelo moderno direito tributário, há queser a observância da dignidade da pessoa 
humana, até por questões de sobrevivência da própria economia capitalista – opção do Estado 
brasileiro, de acordo com o texto constitucional. 
O Estado brasileiro não apenas admite, mas antes direciona toda a atividade tributária no país a bem 
da coletividade de pessoas. O fim último da tributação no Brasil frise-se novamente, há que ser sempre 
a pessoa humana, e este é o direcionamento traduzido pela Constituição Federal. 
Da forma como se apresenta a atividade tributária hoje no Brasil notamos, de forma evidente, que os 
interesses do Estado (e indiretamente de quem o governa em dado momento histórico) acabam 
sempre atropelando o desiderato constitucional; a carga tributária vem sofrendo reiterados aumentos, 
e sempre a bem dos interesses desse Estado, ignorando – se de forma compulsória as diretrizes 
constitucionais e fazendo com que a Carta de 1988 se transforme em mero periódico. 
Não se pode admitir de forma alguma tal confusão. O contribuinte não pode ser penalizado pela má 
gerência da chamada “coisa pública”, pagando com os recursos obtidos em sua atividade produtiva, 
por exemplo, empréstimos realizados pelo Governo Federal sem a concordância ou mesmo sem a 
consulta desses contribuintes, que acabam, por assim dizer, pagando a conta. Já vaticinava o grande 
mestre Alfredo Becker, nos idos de 1999, que aos contribuintes só restará a tanga e além desta, apenas 
a fé e a esperança na mudança desse estado de coisas simultaneamente com a mudança dos ministros 
da Fazenda e do Planejamento. 
O Estado Democrático de Direito brasileiro passou a traduzir, a partir de 1988, regras claras sobre a 
forma pela qual se deve processar a atividade tributária no Brasil. De forma inovadora, como já 
afirmado, o Sistema Tributário Nacional se encontra todo delineado na Constituição, ou seja, as regras, 
as diretrizes, as balizas estão todas lá. 
No que se refere ao chamado direito ambiental tributário, verificamos que a atividade pública de 
tributar, nos entes que compõem a Federação brasileira, revela balizas rígidas e diversas limitações, 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 22 
representadas pela necessária observância dos princípios constitucionais tributários, tais como: 
isonomia, capacidade contributiva, legalidade ou estrita legalidade, irretroatividade, anterioridade, 
proibição de confisco e outros princípios encontrados na Carta Magna. 
Na verdade, esses princípios, de acordo com doutrina inaugurada por Aliomar Baleeiro (2000) e alçada 
a texto Constitucional, apresentam-se, em matéria de direito tributário, como verdadeiras amarras, a 
limitar a atividade estatal dentro dos parâmetros por eles traçados. 
São as chamadas limitações constitucionais ao poder de tributar, que compõem o chamado Estatuto 
do Contribuinte. 
Vejamos agora de forma breve alguns aspectos gerais sobre a competência em matéria tributária. 
No Estado Democrático de Direito brasileiro as competências (legislativa e administrativa) das pessoas 
políticas se encontram perfeitamente discriminadas no corpo do texto Constitucional, mormente no 
que se refere a chamada competência legislativa tributária (competências constitucionalmente 
definidas para elaborar leis tributárias). 
Sobre o assunto, Roque Carrazza (p. 00, 2013) precisamente nos ensina que “no Brasil, por força de 
uma série de dispositivos constitucionais, não há que se falar em poder tributário (incontestável, 
absoluto), mas tão – somente em competência tributária (regrada, disciplinada pelo Direito) ”. 
Explicando a colocação acima reproduzida, o ilustre Professor esclarece que entre nós a força 
tributante estatal não atua livremente, mas antes dentro dos limites impostos pelo direito positivo. 
Dessa forma, terminologicamente não seria correta a afirmação de que as pessoas políticas no Brasil 
são dotadas de poder tributário, mas sim de competências tributárias. Estas foram repartidas entre os 
entes políticos a fim de afirmar de forma definitiva sua autonomia e sujeição ao ordenamento jurídico 
– constitucional. 
Continua o Professor Roque Carrazza (p. 62, 2013) apresentando o conceito definitivo do que venha a 
ser competência tributária, a saber: 
“Competência tributária é a aptidão para criar em abstrato tributos. No 
Brasil, por injunção do princípio da legalidade, os tributos são criados, in 
abstrato, por meio de lei (art. 150, I, da CF), que deve descrever todos os 
elementos essenciais da norma jurídica tributária os que de algum modo 
influem no an e no quantum do tributo; a saber: a hipótese de incidência do 
tributo, seu sujeito ativo, seu sujeito passivo, sua base de cálculo e sua 
alíquota. Esses elementos essenciais só podem ser veiculados por meio de 
lei”. 
Das diretrizes traçadas pelo ilustre Professor, observamos claramente que, de acordo com as regras 
amparadas pelo texto Constitucional em vigor, as pessoas políticas no Brasil não são dotadas de poder 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 23 
tributário, mas sim de competência tributária, sendo esta manifestação inequívoca da autonomia 
outorgada a cada uma das pessoas políticas que formatam o Estado Democrático de Direito brasileiro. 
A competência tributária se exaure com a edição da lei pela pessoa política competente. Após esse 
momento, não mais se falará em competência tributária, mas sim em capacidade tributária ativa, ou 
seja, o poder de arrecadar o tributo após efetiva ocorrência da hipótese de incidência. 
Dessa forma, extrai-se do próprio Texto Constitucional que as competências tributárias foram 
repartidas entre os entes que compõem a Federação, consagrando-a definitivamente. 
A competência tributária caracteriza-se por ser privativa, indelegável, incalculável, inalterável, 
irrenunciável e de exercício facultativo. 
CAPITULO III: A NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA: A RELEVÂNCIA DOS ASPECTOS QUE COMPÕEM A 
CHAMADA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Chegamos ao ponto crucial do desenvolvimento do presente trabalho, chegamos a questão. 
Geraldo Ataliba (p. 42, 2000), em minuciosa obra, ao expor seu pensamento sobre a estrutura da 
norma jurídica, e seu ponto de partida, em nosso entendimento, para chegar à norma jurídica 
tributária, esclarece: 
“A estrutura das normas jurídicas é complexa; não é simples, não se reduz a 
conter um comando pura e simplesmente. Toda norma jurídica tem uma 
hipótese, um mandamento e uma sanção. Verificada a hipótese o 
mandamento atua, incide”. 
Continua o consagrado autor (p. 37): 
“Na hipótese de incidência se concentram as questões mais tormentosas e 
complexas. Diante de cada problema, a dissecação da hipótese é que desafia 
o jurista.Reconhecer as coisas e pessoas qualificadas, desvendar as 
imputações e seus efeitos, contidos na lei, inter- relacionar as normas, aí está 
a grande e difícil tarefa do hermeneuta, em cada caso concreto”. 
Amparado dessa forma pelas conceituações de Kelsen a respeito da estrutura da norma jurídica, o 
eminente Professor assevera que a norma jurídica tributária, como qualquer outra norma jurídica, tem 
sua incidência condicionada ao acontecimento de um fato previsto na hipótese legal, fato este cuja 
verificação acarreta automaticamente a incidência do mandamento. 
Dos critérios acima adotados, temos que a norma jurídica tributária é constituída pelos mesmos 
componentes que estruturam as demais normas jurídicas: hipótese de incidência, mandamento e 
sanção. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 24 
A hipótese da incidência é, portanto, a descrição hipotética e abstrata de um fato. É o meiopelo qual 
o legislador institui um tributo. Nada mais é do que o desenho hipotético de um fato tributável com 
previsão legal. 
Aricê Moacyr Amaral Santos, que se debruçou sobre o assunto em questão, buscando amparo nos 
conhecimentos de Ataliba, nos ensina com clareza que, consumado tal fato (fato imponível) – 
expressão adotada pelo autor-, desencadeia-se inexoravelmente o mandamento contido na norma 
tributária, obrigando, destarte, alguém a pagar uma certa soma de dinheiro ao Estado. 
Já a sanção da norma tributária reveste-se de característica toda específica, não somente por implicar 
um castigo, mas por compreender, além disso, outros preceitos jurídicos, como salienta o tratadista na 
passagem que se transcreve (ATALIBA, p. 94, 2013): 
“Descumprido o mandamento ‘pague Cr$ 1, 00 ao estado’, incidem 
automaticamente os preceitos que incrementam o volume do débito com 
juros, multas, correção monetária, etc. e tem lugar a execução coativa do 
total assim devido”. 
Temos por certo que no Brasil a norma padrão de incidência, a regra matriz de cada uma das exações, 
encontra-se descrita de forma direta ou mesmo indireta na Carta Constitucional. 
É a Constituição quem dará sempre ao legislador ordinário o “caminho das pedras”, quem indicará o 
caminho que este poderá lidimamente trilhar a fim de afastar possíveis inconstitucionalidades, 
instituindo tributo à revelia do traçado previamente estabelecido pelo legislador constitucional. 
A respeito do assunto não há como deixar de citar novamente Roque Carrazza (p. 14, 2013). O ilustre 
Professor houve por bem colocar definitivamente fim a qualquer controvérsia porventura existente 
sobre o assunto. Vejamos: 
“A constituição, ao discriminar as competências tributárias, estabeleceu – 
ainda que, por vezes, de modo implícito e com uma margem de liberdade 
para o legislador – a norma padrão de incidência (o arquétipo, a regra – 
matriz) de cada exação”. 
Noutros termos, ela (a Constituição) apontou a hipótese de incidência possível e a alíquota possível, 
das várias espécies e subespécies de tributos. Em síntese, o legislador, ao exercitar a competência 
tributária, deverá se manter fiel à norma – padrão de incidência do tributo, pré-traçada na Constituição 
Federal. 
Temos, portanto, que compete ao legislador constitucional à descrição primeira da hipótese de 
incidência dos tributos que ela mesma permite sejam instituídos no Estado Democrático de Direito 
brasileiro. É ao legislador constitucional que primeiramente compete fixar as balizas de cada um dos 
tributos trazidos pelo texto Maior. 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 25 
Analisando os aspectos essenciais da hipótese de incidência tributária, temos que este se encerra na 
verdade da análise apta a identificar o próprio tributo. 
Cada hipótese de incidência só é igual a si mesma, distanciando-se dessa forma das demais de forma 
evidente. Nas palavras de Geraldo Ataliba (p. 78, 2013), “a hipótese de incidência é o núcleo do tributo- 
cada tributo só é igual a si mesmo (aliás é o que permite classificar os tributos em espécie e 
subespécies) ”. 
Continua (p. 87): 
“Assim, uma e única é a h.j ‘vender mercadorias’, ou ‘receber rendimentos’ 
ou ‘ introduzir mercadorias no território do país’, embora se refira a atos 
complexos ou fatos constituídos de elementos heterogêneos e múltiplos. 
Uma e incindível é a h.i., ainda quando a realidade que conceitua seja 
integrada por elementos vários, como, por exemplo, ‘transmitir um imóvel’. 
Não constitui h.i., só o ato de transmitir, nem só o imóvel, mas a conjugação 
dos dois termos, conceitualmente, que só se reporta ao ‘ ato de transmitir 
que tem por objeto um imóvel’. Este complexo é que, por lei, é qualificado 
como hábil a determinar o nascimento de obrigações tributárias, erigindo-
se, pois, em hipótese de incidência tributária”. 
Como podemos ver para o renomado Mestre, a hipótese de incidência é parte da norma tributária; o 
legislador institui um tributo quando descreve sua hipótese de incidência, associando a ela o 
mandamento “pague”. 
Realizada no mundo fenomênico a descrição hipotética contida na lei, está-se diante do fato imponível. 
O fato imponível, ainda de acordo com Geraldo Ataliba (2013), está para a hipótese legal assim, 
logicamente com o objeto está para o conceito. 
Os aspectos da hipótese de incidência são as qualidades que esta tem de determinar hipoteticamente 
os sujeitos da obrigação tributária, bem como seu conteúdo substancial, local e momento de 
nascimento. Daí designarmos os aspectos essenciais da hipótese de incidência tributária por: a) 
aspecto pessoal; b) aspecto material; c) aspecto temporal e d) aspecto espacial. 
Pois bem, analisadas as premissas básicas e necessárias para o estudo que envolve o direito ambiental 
tributário, passaremos a tratar de forma sucinta as espécies de tributos previstas no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
A classificação dos tributos: impostos, taxas e contribuição de melhoria. A carta de 1988, como não 
poderia deixar de ser, não conceitua de forma definitiva o que venha a ser “tributo”, deixando essa 
tarefa ao legislador infraconstitucional. 
O bem da verdade, o legislador de 1988 acabou indicando as espécies tributárias admitidas, 
oferecendo uma classificação jurídica dos tributos. Esse direcionamento se traduz o art.145, no qual o 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
 26 
legislador constituinte confere às pessoas políticas de competência tributária para criar impostos, taxas 
e contribuições de melhorias. 
Roque Carrazza (2013) esclarece que a Carta de 1988 não apenas classificou as espécies e subespécies 
tributárias, mas ainda estabeleceu o regime jurídico que cada uma delas deverá necessariamente 
observar, vinculando o legislador ordinário da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
A classificação, no entendimento do ilustre Mestre, longe de ser apenas nominal, é conceitual, sendo 
o modelo de cada tributo traçado de forma permanente no próprio Texto Maior. 
O legislador de 1988 indicou ainda outras duas espécies de tributos, quais sejam, as contribuições 
especiais (tributos com destinação específica) e os empréstimos compulsórios (tributos restituíveis). 
Essas duas espécies ora podem assumir a feição de impostos, ora de taxas e eventualmente até, no 
que se refere aos empréstimos compulsórios, de contribuição de melhoria, sendo, assim, espécies 
tributárias que se subsumem nas três espécies, outras antes apontadas – tudo de acordo com a 
hipótese de incidência e a base de cálculo que apresentarem. 
Verifica-se, assim, que o legislador de 1988 houve por recepcionar a classificação das espécies 
tributárias traduzida no art.5° do Código Tributário Nacional (os tributos são impostos, taxas e 
contribuição de melhoria), acrescendo a estas outras duas espécies de tributos, quais sejam, as 
contribuições especiais e o empréstimo compulsório. 
Estas últimas duas espécies, a par de traduzir inequívoca natureza jurídica tributária, ora podem 
revestir natureza de imposto, ora de taxa e excepcionalmente, no que se refere ao empréstimo 
compulsório, de contribuição de melhoria, conforme acima destacado. 
Releva ressaltar que, por revestirem natureza jurídica tributária, todas as espécies e subespécies acima 
apontadas se submetem ao regime jurídico tributário (princípios e normas) indicado na Constituição 
Federal e em sua integralidade. 
Dos impostos, as taxas e a contribuição de melhoria como instrumentos destinados a tutelares bens 
ambientais. De acordo com a classificação acima indicada, passaremos a analisar a possibilidade de 
utilização dos impostos, taxas e da contribuição de melhoria em razão do bemambiental. 
Verificamos que a Constituição Federal estipula, de forma peremptória: 
“Art.145”. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
I – Impostos; 
II – Taxas, em razão do exercício efetivo do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”. 
 
 
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Com base no direcionamento oferecido pela Constituição Federal, analisemos de forma mais próxima 
essas três espécies de tributos, verificando se de fato é ou não viável sua utilização em razão dos bens 
ambientais, seja de forma direta, seja de forma indireta. 
Os impostos representam, de forma objetiva, a aparte mais substancial das receitas arrecadadas pelo 
Estado em países de estrutura capitalista. O produto arrecadado a título de impostos é sem sombra de 
dúvida, bem mais representativo aos cofres públicos do que as receitas provenientes das taxas ou da 
contribuição de melhoria. 
Imposto, de acordo com o estipulado no art.16 do Código Tributário Nacional, vem a ser “o tributo cuja 
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal especifica, 
relativa ao contribuinte”. 
O imposto difere de taxa e da contribuição de melhoria por representar, segundo a classificação 
amparada por Geraldo Ataliba (2000), espécie de tributo não vinculado a nenhuma atividade estatal 
especifica. Nas palavras do insigne Mestre (p. 45): “É tributo cuja hipótese de incidência consiste na 
conceituação legal dum fato qualquer que não constitua numa atuação estatal, mas antes um fato 
qualquer da esfera jurídica do contribuinte”. 
Se paga o imposto independentemente de qualquer prestação estatal específica direcionada ao 
contribuinte ou por ele provocada. 
Tendo em vista o fato de que o fim último da tributação no Brasil, conforme já afirmado, há que ser 
sempre a pessoa humana, e que os bens ambientais correspondem àqueles bens considerados, no 
plano normativo, essencial á sadia qualidade de vida, reprisamos que a definição jurídica de bem 
ambiental está vinculada de forma direta e imediata não só à tutela da pessoa humana, mas antes à 
tutela da vida da pessoa humana com dignidade. Esta será preenchida de forma adequada de acordo 
com o preceito normativo indicado pelo legislador de 1988 no art.6° da Constituição Federal, com a 
implementação do que chamamos de piso vital mínimo. 
Resta-nos agora saber se de fato os impostos poderiam ser instrumentos úteis à implementação do 
chamado piso vitais mínimos, assegurador e garantidor da dignidade da pessoa humana no plano 
normativo brasileiro. 
Desde logo destacamos a real dificuldade de utilização dos impostos a favor dessa finalidade, por conta 
de sua estrutura normativa, o que inclusive nos chamou a atenção para a escolha do assunto para a 
monografia presente. Senão vejamos. 
Um dos princípios que devem necessariamente ser seguidos pelo detentor da competência tributária 
quando da instituição dos impostos discriminados pela Constituição Federal é o da não vinculação do 
 
 
Do Município A União: O Tributo Na Salvaguarda Do Meio Ambiente 
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produto arrecadado a fundo, órgão ou despesa, princípio expresso na Carta Constitucional em seu art. 
167, IV. 
Explica-nos, didaticamente, Luciano Amaro (2013) que impostos não incorporam em seu conceito a 
destinação a esta ou aquela atuação estatal, que de alguma forma possa ser referida ao contribuinte. 
E é justamente a inexistência de tal característica que integra o conjunto de notas distintivas dessa 
espécie tributária. 
É natural que o dinheiro arrecadado no exercício da tributação pela via dos impostos tenha destinação 
pública. Entretanto, os benefícios recebidos pelo cidadão não são diretos, mas antes indiretos, difusos, 
em favor de toda a comunidade. 
Roque Carrazza (p. 67, 2013) elucida: 
“Deveras o imposto encontra seu fundamento de validade, apenas, na 
competência tributária da pessoa política, não havendo necessidade, para 
que ele seja instituído e cobrado, de que o Poder Público desenvolva, em 
relação ao contribuinte qualquer atividade específica”. 
Dessa forma, não se pode falar em correlação entre certo serviço prestado pelo Estado e os 
contribuintes de modo geral, embora seja correta a afirmação de que algumas vezes a renda obtida 
com determinado imposto seja especializada para suportar certo serviço ou encargo. 
A utilização de impostos em favor dos chamados bens ambientais fica na verdade extremamente 
dificultada por conta do fundamento acima explicitado. O produto da arrecadação proveniente da 
receita dos impostos não pode, assim, ser destinado, afetado, a determinado aparelhamento estatal 
ou paraestatal nem a entidades privadas que persigam finalidades de interesse público. 
Expliquemos melhor. 
Os valores provenientes da arrecadação por meio dos impostos não podem ser destinados, por 
exemplo, a custear, financiar a proteção ambiental, em nenhuma de suas formas, por força de 
imperativo constitucional traduzido por princípio expresso na Carta Maior. 
Isso não quer dizer, no entanto que nossa Constituição não tenha amparado determinados impostos e 
lhes conferido, indiscutivelmente, como no caso do IPTU, natureza típica de tributo ambiental, imposto 
direcionado à viabilização de um bem ambiental, como as cidades. 
Na maioria dos casos apresentados no Texto Maior verificamos que a alternativa encontrada pelo 
legislador ordinário no sentido de adequar a chamada tributação ambiental na modalidade dos 
impostos segue no sentido da concessão de isenções, incentivos fiscais, benefícios e assim por diante. 
 
 
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 29 
As taxas, por sua vez, caracterizam-se como modalidade de tributo vinculado a uma atividade estatal 
especifica, de acordo com o sistema normativo brasileiro, identificadas como taxas de polícia ou taxas 
de serviço. 
O Código Tributário Nacional, no art.77, já estipulava, no mesmo sentido: 
“Art.77: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal 
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como 
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva 
ou potencial, de serviço público especifico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição”. 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador 
idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do 
capital das empresas”. 
O contribuinte que paga a taxa recebeu efetivamente do ente estatal o serviço ou vantagem que foi 
colocada à sua disposição. 
Aliomar Baleeiro (p. 35, 2000) nos auxilia oferecendo um conceito relativo às taxas. Para ele, taxa é “a 
contraprestação de serviço público, ou de benefício feito, posto à disposição, ou custeado pelo Estado, 
em favor de quem a paga, ou se este, por sua atividade, provocou a necessidade de criar-se aquele 
serviço público”. 
Convém ressaltar que a retributividade é o princípio norteador das taxas no sistema normativo 
brasileiro. Assim como a capacidade contributiva informa os impostos, o caráter da contraprestação é 
de fato inerente a essa espécie tributária. 
Sobre as taxas, Geraldo Ataliba nos ensina que sua hipótese de incidência deverá ser sempre uma 
atuação estatal direta e imediatamente referida aos obrigados. O nascimento do tributo se dará no 
exato momento em que a atuação estatal se referir concretamente a alguém. Basta,para a efetivação 
da cobrança das taxas, apenas e tão-somente a atuação estatal; a hipótese de incidência da taxa é 
unicamente está. 
A atuação estatal, dentro dos precisos contornos traçados pela Constituição Federal, pode consistir em 
um serviço público ou em um ato de polícia. 
Roque Carrazza (2013), com a clareza dos mestres, assevera que as taxas são o tipo de tributo que mais 
divergências tem suscitado entre os estudiosos do direito tributário. 
Verifica-se, dessa forma, que grande parte das taxas instituídas e cobradas pelos entes dotados da 
competência tributária para tanto acaba por instituir verdadeiros impostos, mascarados com o nome 
de taxas – exemplo bastante claro foi à tentativa de cobrança da chamada Taxa Ambiental (Lei n. 
9.960/2000), tributo considerado inconstitucional pelo STF, ainda em processo cautelar em ação direta 
 
 
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de inconstitucionalidade, por apresentar hipótese de incidência de verdadeiro imposto, caso este que 
analisaremos de forma mais pormenorizada em momento oportuno. 
Importa ressaltar que, de acordo com o dispositivo constitucional constante no art.145, §2°, as taxas 
não podem ter base de cálculo própria de impostos. Para taxas, a base de cálculo será uma medida da 
atuação estatal prestada ou posta à disposição do contribuinte – na maioria das vezes, o próprio custo 
do serviço. 
As taxas cobradas ao fundamento do exercício de poder de polícia serão aquelas que guardarem em 
seus critérios identificadores o interesse do ente que exercitará a competência tributária, no sentido 
de restringir ou mesmo impedir atividades e mesmo atitudes no interesse de toda a coletividade de 
brasileiros e estrangeiros residentes no país. O art.78 do CTN estabelece: 
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de 
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente a 
segurança, a higiene, a ordem, aos costumes, a disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão 
ou autorização do Poder Público, a tranquilidade pública ou ao respeito a 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. 
Lembramos que essa definição oferecida pelo Código Tributário Nacional data de 1966, baseando-se 
nos ditames estipulados na Constituição de 1946. 
No que se refere ás taxas cobradas ao fundamento do chamado poder de polícia, Roque Carrazza (p. 
473, 2013) tece oportunas considerações: 
“Não é qualquer ato de polícia que autoriza a tributação por meio desta 
modalidade de taxa, mas tão-somente o que se consubstancia num agir 
concreto e específico da Administração, praticado com base em lei, que 
levanta uma abstenção ou que mantém ou fiscaliza uma exceção já existente. 
O simples exercício do poder de polícia” continua o mestre, “não enseja a 
cobrança da taxa de polícia. O que enseja tal cobrança é o desempenho 
efetivo da atividade dirigida ao administrado”. 
Já as taxas de serviço terão por fundamento, a embasar sua cobrança, a efetiva ou potencial prestação 
do serviço aos contribuintes. Serviço público, para Maria Sylvia Zanella Di Pietro (p.98, 2000), vem a 
ser: 
“Toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça 
diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer 
concretamente ás necessidades coletivas, sob- regime jurídico total ou 
parcialmente público”. 
 
 
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Dessa forma, importa ressaltar que não é qualquer serviço público que comporta tributação por via de 
taxa de serviço, como os ensina Roque Carrazza (2013), mas antes aquele serviço público específico e 
divisível de acordo com o mandamento constitucional. 
Já no que se refere a utilização das taxas em razão e direcionadas aos chamados bens ambientais, 
temos que de fato se trata de tributação mais fácil de ser concretizada. 
Ocorre que, até o momento, as taxas instituídas traduzem materialidade ou base de cálculo de 
impostos, ferindo de forma flagrante os dispositivos constitucionais e legais atinentes a espécie 
tributária; em grande parte foram afastadas pelo Poder Judiciário, por uma ou outra razão. 
A contribuição de melhoria, de acordo com o indicativo constitucional, é tributo que deve decorrer de 
obra pública. Geraldo Ataliba (2000), acertadamente, assevera que também aqui, assim como nas 
taxas, estamos diante de tributos vinculados a uma atuação estatal. A contribuição de melhoria é na 
verdade, tributo que consiste em uma atuação estatal indireta e mediatamente direcionada, referida 
ao contribuinte. A consequência no caso da contribuição de melhoria é a efetiva valorização imobiliária 
decorrente de obra pública. 
A base de cálculo no caso da contribuição de melhoria é uma medida da circunstancia intermediária 
(ATALIBA, 1999) ou seja, a própria valorização experimentada da forma acima identificada. O Código 
Tributário Nacional, em seu art.81, estabelece que: 
“A contribuição de melhoria cobrada pela união, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face aos custos de obras públicas de que 
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada 
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado”. 
Sujeito ativo é a pessoa que realiza obra, e sujeito passivo é o dono do imóvel valorizado pela obra 
pública. Obrigado ao pagamento da contribuição de melhoria é o proprietário, que recebeu de fato o 
verdadeiro benefício consistente na valorização de seu imóvel. 
Geraldo Ataliba (p. 175, 2013) entende a contribuição de melhoria como: 
“o instrumento jurídico pelo qual se transfere aos cofres públicos a 
valorização imobiliária, causada por obras públicas cuja expressão financeira 
(da valorização) é atribuída pela ordem jurídica ao estado. É que a 
Constituição atribui tais valorizações (total ou parcialmente, conforme a lei, 
segundo critérios políticos – financeiros) à pessoa pública que empreende 
tais obras”. 
 
 
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 32 
A distinção entre o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria reside, para o emitente tributarista, 
na materialidade da hipótese de incidência. Distingue - se a contribuição de melhoria da taxa e do 
imposto porque sua: 
“Hipótese de incidência não é a obra (do imposto), mas a diferença do valor 
de uma propriedade antes e depois de uma obra. Para que se configure o 
fato imponível, não basta que haja incremento patrimonial que ensejaria 
(imposto). É preciso haver direta relação de causa e efeito entre a obra e a 
valorização” (ATALIBA, p. 174, 2013). 
CAPÍTULO IV: OS TRIBUTOS, CASOS DE SUA APLICAÇÃO COMO MEIO DE DEFESA DO MEIO 
AMBIENTE 
4.1.EM FACE DAS CIDADES 
Quanto a utilização de tributos para defesa e preservação do chamado Meio Ambiente do Patrimônio 
Cultural, verificamos que na cidade de São Paulo, que desde a edição da chamada Lei Mendonça, de 
autoria do então Vereador Marcos Mendonça, União, Estados e Municípios , em consonância com o 
estabelecido no art.23,V, combinado com os arts.24, IX, 215 e 216, todos da Constituição Federal de 
1988, e dentro dos limites de suas competências tributárias expressas, passaram a legislar de forma a 
conceder isenções, benefícios e incentivos fiscais relativos aos tributos de sua competência. 
Assim é que a lei antes referida (Lei municipal n.10.923, de 30-12-1990 – regulamentada pelo Decreto 
n.41.940,

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