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@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 1 A parede celular é uma estrutura que recobre a membrana citoplasmática encontrada apenas nas bactérias (seres procariotas, isto é, organismos unicelulares que não apresentam seu material genético delimitado por uma membrana), sendo responsável pelas funções de proteção, sustentação e manutenção da forma da bactéria Como a parede celular é uma estrutura fundamental para a manutenção da vida da bactéria, pois o meio interior da bactéria é hiperosmolar em relação ao meio exterior, a supressão da sua síntese conduz à desintegração da célula. Portanto, os antimicrobianos que inibem a síntese da parede celular são bactericidas. A parede celular é constituída de peptidoglicano (também chamado de mureína ou mucopeptídio); este é composto por ácido N-acetilmurâmico e por N-acetilglicosamina associados a aminoácidos. A composição e a estrutura da parede celular determinam o comportamento da célula bacteriana frente à coloração de Gram. Na parede celular das bactérias gram- positivas (coram em roxo) existe apenas uma camada homogênea e espessa de peptidoglicano. Nas bactérias gram-negativas (coram em vermelho) a camada de peptidoglicano (folheto interno) é mais delgada e sobre esta existe uma camada constituída de @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 2 lipopolissacarídeos (LPS) e lipoproteínas (folheto externo). Alguns microrganismos possuem ainda uma cápsula envolvendo a parede celular. Nas bactérias gram-positivas, cerca de 90% da parede celular é composta pelo peptidoglicano, que geralmente forma cerca de 20 camadas; o restante da parede é composto basicamente por ácido teicoico. Nas bactérias gram-negativas, apenas cerca de 10% da parede corresponde ao peptidoglicano, formando uma camada única ou dupla; os demais componentes da parede celular dessas bactérias são as lipoproteínas e lipopolissacarídeos. As penicilinas e as cefalosporinas impedem a síntese da parede celular, interferindo na última etapa da síntese do peptidoglicano. Os antibióticos betalactâmicos inibem a atividade da transpeptidase e de outras enzimas chamadas de proteínas de ligação da penicilina (PLP). Essas proteínas de ligação da penicilina catalisam as ligações cruzadas das unidades poliméricas de glicopeptídios que formam a parede celular Esses antibióticos exercem ação bactericida, porém deve ser ressaltado que não são capazes de atuar na parede celular já formada; a condição essencial para ação bactericida destes antibióticos é que os microrganismos estejam se multiplicando (fase de crescimento logarítmico), quando, então, há necessidade da síntese da parede celular. @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 3 Os antibióticos betalactâmicos são antimicrobianos tempo-dependente, isto é, o fator de maior importância para determinar sua eficácia é o período de tempo no qual a concentração plasmática fica acima da concentração inibitória mínima para uma dada bactéria. Para os antimicrobianos tempo- dependentes, o tempo que a bactéria fica exposta ao agente é mais importante que a concentração do antimicrobiano necessária para destruir o microrganismo. Em alguns casos, por exemplo, no tratamento de infecções por estafilococos, a concentração do antibiótico betalactâmico pode cair abaixo da CIM e ainda obter-se a cura devido ao efeito pós-antibiótico; contudo, esse efeito não é observado em infecções causadas por bacilos gram-negativos. Nesse sentido, considerando que as CIMs são mais baixas em bactérias gram-positivas, podem ser empregados intervalos maiores entre as doses para o tratamento de infecções causadas por bactérias gram-positivas, quando comparados com os intervalos das bactérias gram- negativas, uma vez que é mais fácil manter a concentração plasmática acima da CIM na primeira situação. De modo geral, considera-se a duração ótima da concentração plasmática dos antibióticos betalactâmicos aquela que permanece acima da CIM durante metade do tempo (50%) do intervalo entre as doses. Esse período pode variar na dependência da resposta imune do animal e do antibiótico betalactâmico. A resistência microbiana aos antibióticos betalactâmicos tem sido bastante estudada. Três fatores determinantes dessa resistência foram descritos: produção de betalactamases, redução da penetração através camada externa da parede celular e dificuldade do @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 4 antibiótico betalactâmico para atingir o sítio de ligação. O mecanismo de resistência mais importante é a produção de betalactamases pelas bactérias; essas enzimas inativam o antibiótico quebrando o anel betalactâmico. As betalactamases produzidas por diferentes bactérias apresentam propriedades físicas, químicas e funcionais variadas; algumas betalactamases são específicas para as penicilinas (penicilinases), algumas para as cefalosporinas (cefalosporinases) e outras são de atuar em ambos os grupos de antibióticos As bactérias gram-negativas podem também produzir parede celular com modificação no folheto externo, tornando-as menos permeáveis aos antibióticos betalactâmicos. Assim, as proteínas porinas modificadas podem impedir a passagem dos antibióticos betalactâmicos; podem também retardar ou reduzir a entrada desses antibióticos, tornando-os mais vulneráveis à atuação das betalactamases. A eficácia terapêutica da penicilina, aliada ao seu alto índice terapêutico, abriram as perspectivas para o seu amplo uso e a procura de outros agentes com as mesmas características. As penicilinas podem ser consideradas como antibióticos muito pouco tóxicos, mesmo em altas doses, uma vez que atuam em uma estrutura que não existe nas células dos animais: a parede celular. Entretanto, reações alérgicas podem ocorrer, embora sejam muito mais @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 5 comuns em indivíduos da espécie humana. As reações alérgicas podem manifestar-se como reações cutâneas sem nenhuma gravidade, mas podendo chegar até mesmo ao choque anafilático. As reações alérgicas são mais frequentes de ocorrer com as penicilinas naturais do que com as semissintéticas A penicilina por si só não é alergênica (é uma molécula de baixo peso molecular), porém pode formar radical peniciloil e este, ligando-se a proteínas do organismo do animal, pode, em uma segunda exposição à penicilina, provocar uma reação alérgica. Reações alérgicas às penicilinas já foram descritas em cães, bovinos e equinos, entretanto a ocorrência é bastante rara, não sendo, portanto, usual o teste para reação alérgica a este antibiótico, nas diferentes espécies animais Há relatos de toxicidade aguda causada pela presença de potássio e procaína nas preparações de penicilina G. Assim, para evitar arritmias cardíacas é mais indicada a penicilina G sódica, em vez da potássica IV. Altas doses de penicilina G procaína podem causar excitação do sistema nervoso central (incoordenação motora, ataxia, excitação) e morte, particularmente em equinos. Ainda em equinos, não se deve administrar penicilina G procaína, pelo menos 2 semanas antes da competição, para evitar o resultado positivo no exame antidoping. A administração oral de penicilinas pode romper o equilíbrio da flora intestinal e permitir a proliferação intestinal de Clostridium, particularmente em hamsters, gerbilos e coelhos. As reações adversas mais comuns causadas pelas penicilinas são a anemia hemolítica e a trombocitopeniaPenicilinas naturais As penicilinas naturais, isto é, obtidas a partir de variedades do fungo Penicillium são denominadas com as letras maiúsculas do alfabeto. Assim, têm-se penicilinas K, F, G e X; dentre estas, a mais potente é a penicilina G, sendo a única usada terapeuticamente. A penicilina G (benzilpenicilina) é inativada pelo pH ácido do estômago, razão pela qual é usada exclusivamente por vias parenterais Apenas 15% do medicamento administrado por via oral chegam na sua forma ativa no duodeno, sendo rapidamente absorvidos @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 6 A penicilina G é utilizada nas formas: cristalina sódica e potássica; procaína e benzatina. A diferença entre estas formas está nas suas características farmacocinéticas. Assim, a penicilina G cristalina (sódica e potássica), quando administrada por via subcutânea (SC) ou intramuscular (IM), apresenta latência de cerca de 30 min para atingir os níveis terapêuticos, e estes se mantêm por 4 a 6 h. A penicilina G procaína, por estas mesmas vias, tem latência de 1 a 3 h para atingir níveis terapêuticos, que são mantidos por cerca de 12 a 24 h, porém os níveis séricos são mais baixos do que aqueles obtidos com a penicilina cristalina. A penicilina G benzatina apresenta latência de 8 h, com níveis séricos podendo perdurar por 3 a 30 dias; ressalte-se que estes níveis são mais baixos e vão decaindo gradativamente e, na dependência do microrganismo, podem ser ineficazes para debelar o processo infeccioso. Devido ao fato de as penicilinas G procaína e benzatina permanecerem no organismo animal por tempo prolongado, são chamadas de penicilinas de longa duração ou de depósito Apenas a penicilina G cristalina pode ser aplicada por via intravenosa (IV); as demais (procaína e benzatina) só devem usadas SC ou IM (de preferência IM profunda, já que a injeção é bastante dolorosa), pois a partir do ponto de administração a penicilina G vai sendo lenta e gradativamente liberada para a corrente sanguínea, mantendo os níveis terapêuticos por período prolongado. As penicilinas se difundem pelo líquido extracelular e se distribuem por vários tecidos, tendo dificuldade de atravessar a barreira cérebro-sangue íntegra; não são biotransformadas no organismo, sendo eliminadas pelos rins, 90% por secreção tubular (processo ativo que pode ser inibido pela probenecida) e 10% por filtração glomerular. @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 7 A penicilina G liga-se às proteínas plasmáticas em cerca de 60%; somente aquela não ligada às proteínas exerce atividade antimicrobiana. As penicilinas naturais têm curto espectro de ação, atuando principalmente sobre bactérias gram- positivas: estreptococos, estafilococos não produtores de penicilinase, Actinomyces sp., Listeria monocytogenes, Clostridium etc. As penicilinas naturais são inativas contra Pseudomonas, a maioria das Enterobacteriaceae e estafilococos produtores de penicilinase. Penicilina V Também é chamada de fenoximetilpenicilina; é uma penicilina obtida por fermentação do Penicillium, acrescentando o seu precursor, o ácido fenoxiacético. Tem espectro de ação antimicrobiano semelhante ao das penicilinas naturais; difere destas unicamente pelo fato de ser resistente ao pH ácido do estômago, podendo, portanto, ser administrada por via oral. A eliminação é quase completa após de 6 h de sua administração Penicilinas resistentes às penicilinases São também chamadas de penicilinas antiestafilocócicas, pois atuam sobre Staphylococcus aureus produtores de penicilinase, sendo usadas principalmente para o tratamento ou prevenção da mastite estafilocócica bovina. As isoxazolilpenicilinas (oxacilina, cloxacilina, dicloxacilina e flucloxacilina) são estáveis em meio ácido, isto é, podem ser administradas por via oral. Estas penicilinas são parcialmente biotransformadas no fígado, sendo a eliminação renal, quer da fração @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 8 biotransformada, quer da fração íntegra. A probenecida, um derivado lipossolúvel do ácido benzoico, reduz a secreção renal destes antibióticos pelos túbulos renais. Os níveis plasmáticos adequados destes antibióticos são mantidos por 4 a 6 h. A meticilina não é usada por via oral porque é acidossensível; sofre biotransformação hepática (cerca de 20%), sendo 80% eliminados inalterados, por secreção tubular, pelo rim. Há relatos de S. aureus resistentes à meticilina, particularmente, em cães e cavalos. A nafcilina pode ser usada por via oral, mas sua absorção é baixa (10 a 20% da dose), dando-se preferência pelo uso parenteral. Cerca de 60% deste antibiótico é biotransformado no fígado, 10% eliminados de forma íntegra pela bile e aproximadamente 30% são eliminados pelo rim. Penicilinas de amplo espectro As penicilinas de amplo espectro de ação são semissintéticas e surgiram na busca de medicamentos cada vez mais eficientes, visando atingir a grande maioria dos agentes infecciosos. Todas são sensíveis à penicilinase. Por esse motivo, os inibidores das betalactamases (ácido clavulânico, sulbactam) podem ser associados a essas penicilinas, a fim de se obter efeito sinérgico nas bactérias produtoras de betalactamases A ampicilina foi a primeira penicilina de amplo espectro de ação introduzida em terapêutica, ativa contra cocos gram-positivos e gram-negativos e grande número de gêneros de bacilos gram-negativos. A ampicilina é acidoestável, sendo bem absorvida por via oral; pode também ser administrada por vias parenterais. A hetacilina, a metampicilina, a pivampicilina e a bacampicilina são convertidas no organismo animal em ampicilina. A ampicilina é eliminada predominantemente sob a forma ativa na urina e na bile A amoxicilina é semelhante à ampicilina quanto à estrutura química e ao espectro de ação. A característica mais marcante que a diferencia da ampicilina é a sua absorção mais efetiva no sistema digestório, podendo alcançar até 90% da dose administrada No grupo das amidopenicilinas destaca-se o mecilinam, também chamado de andinocilina. Esse antibiótico apresenta pequena atividade sobre bactérias gram- @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 9 positivas, mas atua, em baixas concentrações, sobre várias Enterobacteriaceae (Enterobacter spp., E. coli, Proteus spp., Klebsiella pneumoniae); não atua sobre Pseudomonas aeruginosa. O mecilinam não é bem absorvido por via oral, sendo utilizado por vias parenterais (intravenosa e intramuscular) para obtenção de efeito sistêmico Penicilinas antipseudômonas No grupo das penicilinas antipseudômonas tem-se as carboxipenicilinas (carbenicilina, ticarcilina) e as ureidopenicilinas (azlocilina, mezlocilina, piperacilina) A carbenicilina foi a primeira penicilina com boa atividade contra Pseudomonas aeruginosa e Proteus; é degradada pelo suco gástrico e é pouco absorvida pelo sistema digestório, devendo ser administrada por vias parenterais. Por outro lado, a indanilcarbenicilina é acidoestável e bem absorvida pelo sistema digestório. São eliminadas rapidamente por secreção tubular; cerca de 95% são eliminados inalterados pela urina A ticarcilina tem características semelhantes às da carbenicilina, porém é duas vezes mais ativa contra Pseudomonas aeruginosa. É usada exclusivamente por vias parenterais, sendo indicada em infecções graves causadas por bacilos gram-negativos. As penicilinas antipseudômonas do grupo das ureidopenicilinas de maior interesse em Medicina Veterinária são:azlocilina, mezlocilina e piperacilina. Nenhum desses antibióticos é resistente à inativação por betalactamases. A mezlocilina é mais ativa que a azlocilina contra Enterobacteriaceae e a piperacilina tem o maior espectro entre elas. Todas essas penicilinas são administradas por vias parenterais para obter-se efeito sistêmico. @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 10 As cefalosporinas provêm do fungo Cephalosporium acremonium (atualmente Acremonium strictum). As cefamicinas apresentam propriedades bastante semelhantes às cefalosporinas, sendo, portanto, aqui comentadas. O mecanismo de ação das cefalosporinas e cefamicinas é semelhante ao das penicilinas, isto é, impedem a síntese da parede do microrganismo e, portanto, são antibióticos bactericidas. Como as penicilinas, são antimicrobianos tempo-dependentes As cefalosporinas são classificadas em “gerações”, segundo certas características e a ordem cronológica de sua síntese. Atualmente, são quatro as gerações das cefalosporinas @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 11 Deve ser salientado que novas cefalosporinas continuam sendo desenvolvidas, visando ampliar o espectro de ação e facilitar o uso por diferentes vias O uso das cefalosporinas em Medicina Veterinária vem se ampliando, embora o alto custo do tratamento seja um fator limitante De modo geral, as cefalosporinas têm características farmacocinéticas semelhantes àquelas das penicilinas Assim como as penicilinas, as cefalosporinas são antibióticos muito pouco tóxicos, embora a experiência clínica em animais seja pequena. O desenvolvimento contínuo de antibióticos betalactâmicos permitiu a obtenção de compostos com espectro de ação antimicrobiana diferente das penicilinas e cefalosporinas. Assim, surgiram os inibidores de betalactamases, as carbapenemas e os monobactâmicos. Inibidores de betalactamases A produção das enzimas betalactamases pelos microrganismos é a mecanismo mais frequente de resistência aos antibióticos betalactâmicos; essas enzimas @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 12 hidrolisam o anel betalactâmico, inativando o antibiótico. Quando essas enzimas atuam nas penicilinas são chamadas de penicilinases e de cefalosporinases quando atuam nas cefalosporinas. As betalactamases são produzidas tanto por bactérias gram-positivas, quanto por gram-negativas, sendo codificadas por genes cromossômicos ou localizados em plasmídeos. O valor terapêutico dos inibidores de lactamases se fundamenta na sua capacidade de inativar a ação ou inibir a produção da enzima e, desta forma, quando usados em associação com um antibiótico betalactâmico, este fica preservado da ação deletéria da enzima produzida pelo microrganismo resistente. Nesse sentido, os inibidores de betalactamases têm sido associados às penicilinas de amplo espectro (ampicilina, amoxicilina), às penicilinas antipseudômonas (ticarcilina, piperacilina) e algumas cefalosporinas (cefpirona), visando ampliar o espectro de ação antimicrobiano Os inibidores de lactamases de maior interesse em Medicina Veterinária são: ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam. Ácido clavulânico O ácido clavulânico foi isolado de culturas de Streptomyces clavuligerus, tem atividade antimicrobiana desprezível. Por outro lado, tem sido observado efeito sinérgico do ácido clavulânico quando associado com as penicilinas sensíveis às betalactamases Uma das associações mais usadas é 1 parte de ácido clavulânico para 2 partes de amoxicilina (14 mg/kg a cada 12 h por via oral, para cães, gatos e bezerros). Existem também associações de ácido clavulânico e amoxicilina na proporção de 4:1 e de ticarcilina com ácido clavulânico na proporção de 15:1. As associações com o ácido clavulânico são geralmente bactericidas mais potentes, sendo uma ou duas diluições abaixo da CIM de amoxicilina ou ticarcilina usadas isoladamente. O ácido clavulânico é bem absorvido por via oral e suas propriedades farmacocinéticas são similares às da amoxicilina. Sulbactam e tazobactam Apresentam características, em geral, semelhantes às do ácido clavulânico. O sulbactam é pouco absorvido quando administrado por via oral, porém uma ligação do sulbactam com ampicilina permitiu a obtenção de um produto que é bem absorvido por via oral, liberando os dois antibióticos betalactâmicos na parede intestinal; @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 13 essa associação é recomendada por causa da semelhança de suas características farmacocinéticas. O sulbactam se liga à betalactamases de Citrobacter, Enterobacter, Proteus e Serratia, enquanto o ácido clavulânico não tem essa capacidade O tazobactam tem sido associado à piperacilina na proporção 1:8, visando ampliar o espectro de ação dessa penicilina antipseudômonas. Carbapenemas As carbapenemas apresentam ampla atividade contra uma grande variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas e também sobre várias betalactamases. Os principais representantes desse grupo são: imipeném, meropeném e ertapeném. Imipeném Não é antimicrobiano de primeira escolha, sendo indicado apenas em infecções graves em Medicina Veterinária. O imipeném é biotransformado pelas células dos túbulos renais, formando um metabólito tóxico. Para evitar a formação desse metabólito tóxico se associa o imipeném com a cilastatina; essa substância inibe a enzima responsável pela formação desse metabólito. A associação imipeném com a cilastatina, na proporção 1:1, resulta no bloqueio da biotransformação renal do antibiótico, permitindo que atinja níveis elevados na urina, sem a nefrotoxicidade. Meropeném e ertapeném São membros mais novos do grupo das carbapenemas, os quais não promovem a formação do metabólito tóxico; não há, portanto, a necessidade de associação com a cilastatina. Monobactâmicos O aztreonam foi o primeiro representante desse grupo introduzido em terapêutica. Esse antibiótico não é absorvido quando administrado por via oral, sendo empregado IV ou IM. Seu espectro de ação é curto, sendo ativo contra microrganismos gram- negativos; não tem ação contra os germes gram-positivos e anaeróbicos; e apresenta alta resistência às betalactamases. O aztreonam apresenta o potencial para substituir os aminoglicosídeos nas infecções sensíveis, uma vez que esses últimos são mais tóxicos. @STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 14 SPINOSA, H. S., et al. (2017). Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan Capítulo 36 – Antibióticos que Interferem na Síntese da Parede Celular: Betalactâmicos.
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