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Fosforilação oxidativa Introdução • Introdução à fosforilação oxidativa. A corrente de transporte de elétrons forma um gradiente de prótons através da membrana mitocondrial interna, que leva à síntese do ATP via osmose química. Por que precisamos de oxigênio? • Você, assim como vários outros organismos, precisa de oxigênio para viver. Se você já segurou sua respiração por muito tempo, deve saber que a falta de oxigênio pode causar tonturas ou desmaios, ou até mesmo a morte. Mas você já pensou em por que isso acontece, ou o que o seu corpo faz exatamente com todo esse oxigênio? • Você precisa de oxigênio pois suas células precisam desta molécula na fosforilação oxidativa, a última etapa da respiração celular. A fosforilação oxidativa é formada por dois componentes estreitamente ligados: a cadeia de transporte de elétrons e a quimiosmose. Na cadeia de transporte de elétrons, os elétrons passam de uma molécula para outra, e a energia liberada durante essa transferência é usada para formar um gradiente eletroquímico. Na quimiosmose, a energia armazenada no gradiente é usada para formar ATP. • E qual será o papel do oxigênio neste contexto? O oxigênio fica no final da cadeia de transporte de elétrons, onde ele aceita elétrons e prótons para formar água. Se o oxigênio não estiver lá para aceitar elétrons (por exemplo, se a pessoas não estiver respirando oxigênio suficiente), o ATP não será produzido pela quimiosmose. Sem quantidades suficientes de ATP, as células não podem realizar reações necessárias para seu funcionamento e, após um certo período de tempo, podem até morrer. • Neste artigo, vamos examinar detalhadamente a fosforilação oxidativa, vendo como ela fornece a maior parte da energia química pronta (ATP) usada pelas células do seu corpo. Visão geral: fosforilação oxidativa • A cadeia transportadora de elétrons é uma série de proteínas e moléculas orgânicas encontradas na membrana interna da mitocôndria. Os elétrons são passados de um componente da cadeia transportadora para outro em uma série de reações redox. A energia liberada nestas reações é capturada na forma de um gradiente de prótons, o qual é usado para produzir ATP em um processo chamado quimiosmose. Juntas, a cadeia transportadora de elétrons e a quimiosmose formam a fosforilação oxidativa. As principais etapas desse processo, mostradas de maneira simplificada no diagrama acima, incluem: ↪ Entrega de elétrons por NADH e FADH 2. Os carreadores reduzidos (NADH e FADH2) das outras etapas da respiração celular transferem seus elétrons para moléculas próximas ao início da cadeia de transporte. No processo, eles voltam a ser NAD+ e FAD, que podem ser reutilizados em outras etapas da respiração celular. ↪ Transferência de elétrons e bombeamento de prótons. Conforme os elétrons passam pela cadeia, eles se movem de um nível de energia mais alta para um de mais baixa, liberando energia. Parte dessa energia é usada para bombear íons H+, tirando-os da matriz celular e jogando-os no espaço intermembranar. Esse bombeamento estabelece um gradiente eletroquímico. ↪ Divisão do oxigênio, formando água. No final da cadeia de transporte de elétrons, os elétrons são transferidos para a molécula de oxigênio, que é se divide ao meio e se junta ao H+, formando água. ↪ Síntese de ATP causada pelo gradiente. Conforme os íons H+ fluem a favor do gradiente para a matriz, eles passam por uma enzima chamada ATP sintase, que aproveita o fluxo de prótons para sintetizar ATP. • Vamos analisar mais detalhadamente a cadeia de transporte de elétrons e a quimiosmose nas seções abaixo. A cadeia de transporte de elétrons • A cadeia transportadora de elétrons é um grupo de proteínas e moléculas orgânicas inseridas na membrana, a maior parte delas organizadas em quatro grandes complexos numerados de I a IV. Em eucariontes, muitos exemplares dessas moléculas são encontrados na membrana mitocondrial interna. Em procariontes, os componentes da cadeia transportadora de elétrons são encontrados na membrana plasmática. • Os elétrons ao passarem pela cadeia, passam de um nível mais alto de energia para outro mais baixo, movendo-se de moléculas menos ávidas por elétrons para moléculas mais ávidas. Libera-se energia nessa transferência "descendente" de elétrons, e muitos dos complexos de proteínas utilizam a energia para bombear prótons da matriz mitocondrial para o espaço intermembranar, formando um gradiente de prótons.. • Todos os elétrons que entram na cadeia de transporte vêm das moléculas de NADH e FADH2 produzidas durante os primeiros estágios da respiração celular: glicólise, oxidação do piruvato e do ciclo do ácido cítrico. • O NADH é um bom doador de elétrons em reações redox (ou seja, seus elétrons estão em um alto nível de energia), portanto ele pode transferir seus elétrons diretamente para o complexo I, voltando a ser NAD+. Conforme os elétrons percorrem o complexo I em uma série de reações redox, energia é liberada e o complexo usa essa energia para bombear prótons da matriz para o espaço intermembranar. • O FADH2 não é tão bom doador de elétrons quanto o NADH (ou seja, seus elétrons estão em um nível de energia mais baixa), então não pode transferir seus elétrons para o complexo I. Em vez disso, ele os leva pela cadeia de transporte até o complexo II, que não bombeia prótons através da membrana. ↪ Por causa desse "atalho", cada molécula de FADH2, faz com que menos prótons sejam bombeados (e contribui menos ao gradiente de próton) do que cada molécula de NADH. • Complexo I. O NADH transfere seus elétrons para o complexo I. O complexo I é muito grande, e a parte dele que recebe os elétrons é uma flavoproteína, uma proteína com uma molécula orgânica chamada mononucleótido de flavina (FMN). O FMN é um grupo prostético, uma molécula não proteica firmemente ligada a uma proteína e essencial para a atividade desta, e é o FMN que aceita elétrons do NADH. O FMN passa os elétrons a outra proteína dentro do complexo I, com ferro e enxofre (chamada de proteína Fe-S), que transfere os elétrons a um pequeno carreador chamado ubiquinona (Q, no diagrama acima). • Complexo II. Como o NADH, o FADH_22start subscript, 2, end subscript deposita seus elétrons na cadeia de transporte de elétrons, mas o faz pelo complexo II, pulando completamente o complexo I. Na verdade, o FADH_22start subscript, 2, end subscript faz parte do complexo II, assim como a enzima que o reduz durante o ciclo de ácido cítrico; diferente de outras enzimas do ciclo, ele está presente na membrana mitocondrial interna. O FADH_22start subscript, 2, end subscript transfere seus elétrons para as proteínas de ferro-enxofre dentro do complexo II, que por sua vez passam os elétrons para a ubiquinona (Q), o mesmo transportador que coleta os elétrons do complexo I. • Fora dos dois primeiros complexos, os elétrons de NADH e FADH2, percorrem exatamente a mesma rota. Tanto o complexo I quanto o complexo II passam seus elétrons para um pequeno e ágil carreador de elétrons chamado ubiquinona (Q), que é reduzido para formar QH2 e atravessa a membrana entregando os elétrons ao complexo III. Conforme os elétrons percorrem o complexo III, mais íons H+ íons são bombeados através da membrana, e os elétrons são finalmente entregues a outro ágil carreador chamado citocromo C (cit C). O cit C carrega os elétrons até o complexo IV, onde um último grupo de íons H+ é bombeado através da membrana. O complexo IV passa os elétrons para o O2, que se divide em dois átomos de oxigênio que aceitam prótons da matriz, formando água. São necessários quatro elétrons para reduzir cada molécula de O2 e duas moléculas de água são formadas no processo. • Complexo III. Como o complexoI, o complexo III inclui uma proteína de ferro-enxofre (Fe-S), mas também contém duas proteínas de um outro tipo, conhecidas como citocromos. Os Citocromos são uma família de proteínas que têm grupos prostéticos heme com íons de ferro. (Você já ouviu falar da proteína hemoglobina, que transporta oxigênio no sangue? A hemoglobina também tem grupos heme, mas eles se ligam ao oxigênio em vez de aos elétrons.) No complexo III, os elétrons são passados de um citocromo a uma proteína de ferro-enxofre até um segundo citocromo, para finalmente serem transferidos para fora do complexo, para um carreador de elétrons (o citocromo C). Como o complexo I, o complexo III bombeia prótons da matriz para o espaço intermembranar, contribuindo para o gradiente de concentração de H+. • Complexo IV. Do complexo III, o citocromo C entrega os elétrons para o último complexo da cadeia de transporte de elétrons, o complexo IV. Lá, os elétrons passam por mais dois citocromos, sendo que o segundo tem uma função muito interessante: com a ajuda de um íon de cobre próximo, ele transfere os elétrons para o O2, dividindo o oxigênio para formar duas moléculas de água. O mecanismos de transferência é muito interessante e vale a pena ser estudado, mas basicamente o grupo heme e o íon de cobre ligam-se firmemente à molécula de oxigênio e mantém em posição até que ela seja completamente reduzida (ou seja, até que tenha recebido elétrons e prótons suficientes para formar água). Os prótons usados para formar água vêm da matriz, contribuindo para o gradiente de H+, e o complexo IV também bombeia prótons da matriz para o espaço intermembranar. Funções da cadeia transportadora de elétrons • Regenera os transportadores de elétrons. O NADH e o FADH2, passam seus elétrons para a cadeia de transporte, voltando a ser NAD+ e FAD. Isso é importante porque as formas oxidadas destes carreadores de elétrons são usadas na glicólise e no ciclo de ácido cítrico, portanto precisam estar disponíveis para que esses processos funcionem. • Produz um gradiente de prótons. A cadeia de transporte produz um gradiente de prótons na membrana mitocondrial interna, com uma concentração maior de H+ no espaço intermembranar e uma concentração menor na matriz. Esse gradiente representa uma forma armazenada de energia e, como veremos, pode ser usado para produzir ATP. Quimiosmose • Os Complexos I, III, e IV da cadeia transportadora de elétrons são bombas de prótons. À medida que os elétrons se movem para níveis de energia mais baixos, os complexos capturam a energia liberada e a utilizam para bombear íons H+ da matriz para o espaço intermembranar. Este bombeamento forma um gradiente eletroquímico através da membrana mitocondrial interna. O gradiente é, algumas vezes, chamado de força próton-motiva e pode-se considerá-lo como uma forma de energia armazenada, semelhante a uma bateria. • Assim como muitos outros íons, prótons não são capazes de atravessar diretamente a bicamada fosfolipídica da membrana, pois o interior desta é muito hidrofóbico. Ao invés disso, os íons H+ podem se mover a favor de seu gradiente de concentração somente com auxílio de proteínas de canal que formam túneis hidrofílicos através da membrana. • Na membrana mitocondrial interna, íons H+ têm apenas um canal disponível: uma proteína transmembranar conhecida como ATP sintase. Conceitualmente, a ATP sintase se assemelha a uma turbina de usina hidroelétrica. Ao invés de ser acionada pela água, ela é acionada pelo fluxo de íons H+ movendo-se a favor de seu gradiente eletroquímico. À medida que a ATP sintase transforma a energia, ela catalisa a adição de um fosfato ao ADP, capturando a energia do gradiente de prótons na forma de ATP. • Chama-se este processo, em que a energia de um gradiente de prótons é usado para fazer ATP, de quimiosmose . Mais amplamente, a quimiosmose pode se referir a qualquer processo em que a energia armazenada em um gradiente de prótons é usada para realizar trabalho. Embora a quimiosmose seja responsável por mais de 80% do ATP produzido durante a quebra da glicose na respiração celular, ela não é exclusiva da respiração celular. Por exemplo, a quimiosmose também está envolvida nas reações dependentes da luz da fotossíntese da luz. • O que aconteceria com a energia armazenada no gradiente de prótons se ela não fosse usada para sintetizar ATP ou realizar outro trabalho celular? Ele seria liberado na forma de calor, e, curiosamente, alguns tipos de células usam o gradiente de próton especificamente para gerar calor em vez de na síntese de ATP. Isso pode parecer um desperdício, mas é uma estratégia importante dos animais que precisam se manter aquecidos. Por exemplo, mamíferos que hibernam (como ursos) têm células especializadas conhecidas como células adiposas marrons. Nas células adiposas marrons, proteínas de desacoplamento são produzidas e inseridas na membrana mitocondrial interna. Estas proteínas são apenas canais que permitem que os prótons passem do espaço intermembranar para a matriz sem passar pela ATP sintase. Ao criar uma rota alternativa para prótons voltarem para a matriz, as proteínas de desacoplamento permitem que a energia do gradiente seja dissipada na forma de calor. Rendimento de ATP • Quantos ATPs por glicose são produzidos na respiração celular? Se você pesquisar em diferentes livros ou perguntar a diferentes professores, provavelmente vai obter respostas ligeiramente diferentes. No entanto, a maioria das fontes atuais estimam que o rendimento máximo de ATP por molécula de glicose seja cerca de 30-32 ATP. Este número é menor do que o de estimativas anteriores, porque considera a energia necessária para transportar o ADP para dentro e o ATP para fora da mitocôndria.. • De onde vem o valor de 30-32 ATPs? Dois ATPs são produzidos na glicólise, e mais dois ATPs (ou seu equivalente energético, GTP) são produzidos no ciclo de ácido cítrico. Além desses quatro, os ATPs restantes vêm todos da fosforilação oxidativa. Com base em vários trabalhos experimentais, parece que quatro íons H+ devem fluir de volta para a matriz através da ATP sintase para fornecer energia para a síntese de uma molécula de ATP. Quando os elétrons do NADH se movem pela cadeia de transporte, cerca de 10 íons H+ são bombeados da matriz para o espaço intermembranar, então cada NADH rende cerca de 2,5 ATPs. Os elétrons do FADH2, que entram na cadeia posteriormente, impulsionam o bombeamento de apenas 6H+, resultando na produção de cerca de 1,5 ATP. • Com essa informação, podemos fazer um pequeno resumo da quebra de uma molécula de glicose: • Um número nesta tabela ainda não está exato: o rendimento do ATP do NADH produzido na glicólise. Isto se dá porque a glicólise acontece no hialoplasma, e a NADH não é capaz de atravessar a membrana mitocondrial interna para entregar seus elétrons ao Complexo I. Ao invés disso, ela precisa transferir seus elétrons para um "sistema de transporte" molecular que os entrega, através de uma série de etapas, à cadeia transportadora de elétrons. ↪ Algumas células do organismo possuem um sistema de transporte que entrega elétrons para a cadeia transportadora de elétrons através da FADH2.. Neste caso, apenas 3 ATP são produzidos para os dois NADH da glicólise. ↪ Outras células do organismo possuem um sistema de transporte que entrega elétrons via NADH, resultando na produção de 5 ATP. • Em bactérias, a glicólise e o ciclo de ácido cítrico ocorrem no citosol, portanto não é necessário transporte e 5 ATP são produzidos. • 30-32 ATP da quebra de uma molécula de glicose é uma estimativa para cima e o rendimento real pode ser menor. Por exemplo, alguns intermediários da respiração celular podem ser desviados pelacélula e utilizados em outras vias biossintéticas, reduzindo o número de ATPs produzidos. A respiração celular é um elo de muitas vias metabólicas diferentes na célula, que formam uma rede maior que a via da quebra da glicose isoladamente. ↪ https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-respiration-and-fermentation/variations-on-cellular-respiration/a/connections-between-cellular-respiration-and-other-pathways
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