Buscar

O MITO DA CAVERNA E A PANDEMIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- Elabore um breve texto fazendo paralelos entre a nossa realidade e aquela apresentada na Alegoria da Caverna. Reflita sobre a atual situação de pandemia: até que ponto estamos reproduzindo a narrativa de Platão enquanto estamos confinados em nossas casas? Qual a relação entre as metáforas apresentadas no texto e as incessantes lives das quais participamos no último ano? Como verdade e aparência são conjugadas nas incontáveis selfies que registramos e disponibilizamos nas redes sociais? O quão real é uma vida digital? E o quão ilusória pode ser uma vida analógica? Enfim, se a ciência nos possibilita contemplar o “Sol” para enxergarmos o mundo com mais clareza e segurança, por que hoje em dia os mercadores de “sombras” ganham cada vez mais crédito em nossa sociedade?
Anteriormente a pandemia, a maioria de nós estávamos imersos numa rotina extremamente cansativa, onde o tempo que é nos dado nunca era o suficiente e passava cada vez mais rápido. Agora, com o forçado isolamento social, fomos obrigados a permanecer em casa – aqueles que detêm tal privilégio – e consequentemente, a refletir sobre nossas atitudes. Presos em casa, conseguimos de certa forma sair da caverna e prestar mais atenção no mundo real e valorizar o que realmente é importante: nossa humanidade. E de humanidade eu não digo nação, estou dizendo do afeto, do contato, das emoções e das aventuras que podemos embarcar. 
No entanto, atualmente, o Mito da Caverna tem servido como uma forte metáfora para o que é chamado de “escravidão voluntária”, ou o fenômeno do “escravo feliz”. Um dos exemplos mais comuns de tal fenômeno é a relação sociedade – tecnologia. Vivemos numa era em que milhares de pessoas preferem a ignorância de estar preso no mundo digital, representando a caverna, do que se libertar dessa alienação e realmente viver. São escravos das telas e sentem uma falsa sensação de felicidade. Isso é muito evidente nas incessantes lives que aconteceram ano passado, servindo para mascarar o caos que o coronavírus trouxe e manter as pessoas dentro de sua zona de conforto, sua caverna, impedindo muitas de aceitar a então presente realidade e acreditar que estava tudo muito bem. Outro exemplo gritante dessa alma analógica são as incontáveis selfies que registramos e disponibilizamos nas redes sociais. Essas fotos são feitas para mostrar o quão perfeita nossa vida é na mídia, e de fato muitas pessoas sofrem observando a vida alheia a partir dessa perspectiva, mostrando como julgamos toda aquela aparência como verídica. Isso nos leva a duas perguntas: O quão real é uma vida digital? E o quão ilusória ela pode ser? Pela internet um indivíduo pode criar ou adotar uma “máscara”, ou seja, revela o que acredita ser interessante mostrar para o outro, podendo ser quem quiser ser por trás da tela. A grande maioria é levada a ter tal comportamento, o que acaba transformando as redes sociais numa fábrica ilusória de vidas perfeitas. 
A comunicação é intrínseca ao ser humano e fundamental para a vida profissional e cotidiana, nós necessitamos sim, da tecnologia, do mundo digital. Mas acima de tudo, de tudo mesmo, precisamos viver a vida intensamente, como se você fosse vivenciar tudo aquilo outra vez num eterno retorno, assim como Nietzsche propôs. 
Mas enfim, se a ciência nos possibilita contemplar o “Sol” para enxergarmos o mundo com mais clareza e segurança, por que hoje em dia os mercadores de “sombras” ganham cada vez mais crédito em nossa sociedade? Simples, porque é mais fácil estagnar sua vida na zona de conforto do que sair da caverna e encarar a vida real, o conhecimento. O senso comum idolatra os mercadores de “sombras”, que ganha cada vez mais adeptos e consequentemente mais prestígio. “Nada é mais justamente distribuído que o senso comum: ninguém pensa que precisa mais do que realmente já tenha”. - René Descartes

Continue navegando