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FÍSICO-QUÍMICA I F IQF235 SEGUNDA LISTA DE EXERCÍCIOS GABARITO Primeira lei da termodinâmica. Entalpia. Capacidades caloríficas. Sugestões de leitura: P.W. Atkins e J. de Paula. Físico-Química Biológica, 1a ed., 2008. pp. 25-48. R. Chang. Físico-Química para as Ciências Químicas e Biológicas, vol. 1, 3a ed., 2010. pp. 75-98. ATENÇÃO Trate todos os gases como perfeitos 1) Defina os diferentes tipos de sistemas e fronteiras. 2) Caracterize os diferentes tipos de reservatórios (ou açudes) que são empregados para descrever as vizinhanças. 3) Diferencie trabalho (w), calor (q) e energia interna (U). 4) Explique o significado de capacidade térmica (ou capacidade calorífica). 5) Enuncie e explique a Primeira Lei da Termodinâmica. 6) Mostre que, para um gás perfeito, ΔU = 0 numa expansão isotérmica. A energia interna (U) de um gás perfeito é função apenas da temperatura (T): U = U(T). Portanto, num processo isotérmico, no qual a temperatura não se altera, a energia interna de um gás perfeito também permanece constante: ΔU = Uf - Ui = 0. 7) Mostre que, para um gás perfeito, q = n R T ln(Vf/Vi) numa expansão isotérmica reversível. Para um sistema fechado ou aberto (sistema não isolado), dU = đq + đw + đwextra, (1) onde dU representa a variação infinitesimal da energia interna (U) do sistema que acompanha um determinado processo, enquanto đq, đw e đwextra representam, respectivamente, as quantidades infinitesimais de energia transferidas como calor (q), trabalho de expansão (w) e trabalho diferente de expansão (wextra), no mesmo processo. Na Eq. (1), perceba que dU é uma diferencial exata (diferencial total), pois U é uma função de estado. Como consequência, a integral 1 é uma integral definida, cujo valor independe do caminho processual que levou o sistema do estado físico inicial (i) para o estado físico final (f). Por outro lado, as diferenciais đq, đw e đwextra (perceba que, aqui, usamos “đ” em vez de “d”) são inexatas, indicando que q e w não são funções de estado. Portanto, as integrais ∫ đq, ∫ đw e ∫ đwextra dependem do caminho adotado pelo sistema ao longo da transformação. Assim, as integrações abaixo não podem ser realizadas: Para um gás perfeito, toda transformação isotérmica é caracterizada por dU = 0 (Já que a energia interna de um gás perfeito é a função apenas da temperatura, ou seja, quando a reação for isotérmica (s variacao de temperatura) a energia interna permanece constante) (veja o exercício 6). Dessa maneira, na expansão isotérmica de um gás perfeito, considerando apenas trabalho de expansão, temos: dU = đq + đw 0 = đq + đw -đq = đw đq = -đw. ( as quantidades infinitesimais de energia transferidas como calor (q), trabalho de expansão (w)) Agora, assumindo que a expansão isotérmica de um gás perfeito ocorra de maneira reversível, na qual đw = -p dV e p = (n R T)/V, temos: đq = -đw đq = -(-p dV) đq = p dV Integrando ambos os lados da Eq. (2), temos: A Eq. (3) revela que é possível calcular a quantidade de energia, transferida como calor, necessária para promover a expansão (ou contração) de um gás perfeito à temperatura constante. 2 ATENÇÃO Exceto quando escrito explicitamente, todos os exercícios numéricos foram resolvidos usando o Sistema Internacional de Unidades (SI) 8) Calcule o trabalho de expansão que acompanha a combustão completa de 1,0 g de glicose (C6H12O6), a 20oC e sob uma pressão externa (pext) de 1,0 atm, em CO2 e (a) água líquida ou (b) vapor d’água. Explique por que os resultados são diferentes. (0,0; -81 J). (a) Reação de combustão: C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O(l) Na reação acima, apenas o volume de CO2 produzido é capaz de realizar trabalho de expansão (w), pois CO2 é o único gás produzido na reação. Considerando que a expansão ocorra de maneira irreversível, đw = -pext dV. Sob uma pressão externa (pext) constante, w = -pext ΔV. Para resolver este exercício, assumimos que o volume inicial (Vi) do sistema seja dado pelo volume de O2 (VO2) necessário para promover a combustão: Vi = VO2. Dessa maneira, o volume ocupado pela massa de glicose sólida é insignificante frente ao volume de O2. Tomando os valores fornecidos pelo enunciado e considerando a combustão completa de 5,5 mmol (1,0 g) de glicose, temos: 5,5 mmol ----- 1g x 6 ? Vi = VO2 = (nO2 R T)/p Vi = VO2 = [(3,3 x 10-2 mol) (8,314 Pa m3 mol-1 K-1) (293,15 K)]/(1,01325 x 105 Pa) Vi = VO2 = 8,0 x 10-4 m3. Agora, assumimos que o volume final (Vf) do sistema seja dado pelo volume de CO2 (VCO2) produzido pela reação: Vf = VCO2. Dessa maneira, o volume ocupado pela água é insignificante frente ao volume de CO2. Tomando os valores fornecidos pelo enunciado e considerando a combustão completa de 5,5 mmol (1,0 g) de glicose, temos: Vf = VCO2 = (nCO2 R T)/p Vf = VCO2 = [(3,3 x 10-2 mol) (8,314 Pa m3 mol-1 K-1) (293,15 K)]/(1,01325 x 105 Pa) Vf = VCO2 = 8,0 x 10-4 m3. Os cálculos acima mostram que ΔV = Vf - Vi = 0. Logo, w = 0. (b) Reação de combustão: 3 C6H12O6(s) + 6 O2(g) → 6 CO2(g) + 6 H2O(g) Neste exercício, ΔV = Vf - Vi = (VCO2 + VH2O) - VO2. Isso ocorre porque houve a formação de dois gases: CO2 e vapor d’água. Tomando os valores calculados na letra (a) e considerando a relação estequiométrica da reação, temos que ΔV = 1,6 x 10-3 m3- 8,0 x 10-4 m3 = 8,0 x 10-4 m3. Vf= VCO2 + VH2O Vf= 2 x 8,0 x10ˆ-4 m3 Assim, o trabalho de expansão (w) é: w = -pext ΔV w = -(1,01325 x 105 Pa) (8,0 x 10-4 m3) w = -81 J. O trabalho de expansão produzido na segunda reação é explicado pela formação de duas substâncias gasosas: CO2 e vapor d’água. 9) (a) Calcule o trabalho realizado por uma reação química que resulta na formação de 1,0 mol de CO2(g), a 25oC e 100 kPa. (b) Calcule o trabalho realizado pelo sistema caso a reação ocorra de maneira reversível, partindo de um volume de 1,0 L. (Dado: R = 8,314 J mol-1 K-1). (-2,5 kJ; -8,1 kJ) (a) Tomando os valores fornecidos pelo enunciado para calcular o volume de CO2 produzido, temos: VCO2 = (nCO2 R T)/p VCO2 = [(1,0 mol) (8,314 Pa m3 mol-1 K-1) (298,15 K)]/(1,00 x 105 Pa) VCO2 = 2,5 x 10-2 m3. Assumimos que o volume final (Vf) do sistema seja dado pelo volume de CO2 (VCO2) produzido pela reação: Vf = VCO2. Dessa maneira, ΔV = VCO2, já que consideramos que o volume inicial (Vi) é desprezível. Calculando o trabalho de expansão (w) irreversível, temos: w = -pext ΔV w = -(1,00 x 105 Pa) (2,5 x 10-2 m3) w = -2,5 x 103 J = -2,5 kJ. (b) O trabalho de expansão (w) reversível de um gás perfeito é dado por: đw = -p dV Para calcular w, consideramos Vi = 1,0 L (ou 1,0 x 10-3 m3) e Vf = Vi + VCO2. Logo, Vf = 2,6 x 10-2 m3. Tomando esses valores, temos: w = -n R T ln(Vf/Vi) 4 w = -[(1,0 mol) (8,314 Pa m3 mol-1 K-1) (298,15 K)] ln(2,6 x 10-2 m3/1,0 x 10-3 m3) w = -8,1 x 103 J = -8,1 kJ. photomath 10) Uma amostra de 4,50 g de metano gasoso ocupa 12,7 L a 310 K. (a) Calcule o trabalho realizado quando o gás se expande isotermicamente contra uma pressão externa constante de 30,0 kPa, ate ́seu volume aumentar 3,30 L. (b) Calcule o trabalho realizado pelo gás se a mesma expansão ocorrer de maneira isotérmica e reversível. (-99,0 J; -167 J) 5 11) Calcule o trabalho de expansão (w) realizado por 1,0 mol de gás argônio confinado num cilindro de 1,0 L, a 25oC, quando ele se expande isotermica e reversivelmente atéo volume de 2,0 L. (-1,7 kJ) Tomando os valores fornecidos pelo enunciado para calcular o trabalho de expansão (w) reversível, temos: w = -n R T ln(Vf/Vi) w = -[(1,0 mol) (8,314 Pa m3 mol-1 K-1) (298,15 K)] ln(2,0 L/1,0 L) w = -1,7 x 103 J = -1,7 kJ. 12) Uma cobaia de laboratório é obrigada a se exercitar numa esteira ergométrica acoplada a uma roldana. Durante seu exercício, o animal consegue erguer uma massa de 200 g a uma altura de 1,55 m. Para isso, perde 5,0 J de energia como calor. Considerando que o animal constitui um sistema fechado e desprezando outras perdas, calcule a sua variação de energia interna (ΔU). (Dado: g = 9,8 m s-2). (-8,0 J) Trabalho (w) tambémpode ser definido como “processo de transferência de energia cujo único resultado possível é o levantamento de um peso nas vizinhanças”. Assim, o trabalho realizado pela cobaia é: w = m g h w = (0,200 kg) (9,8 m s-2) (1,55 m) w = 3,0 J. Como o animal realizou trabalho nas vizinhanças e perdeu 5,0 J de energia como calor, consideramos w = -3,0 J e q = -5,0 J, respectivamente. Assim, sua variação de energia interna (ΔU) é: ΔU = q + w ΔU = -5,0 J - 3,0 J ΔU = -8,0 J. sistema realiza trabalho então w é negativo, seria positivo se a vizinhança realizasse o trabalho pelo sistema 13) Quando 229 J de energia são transferidos como calor, à pressão constante, a 3,0 mol de gás argônio, sua temperatura aumenta 2,55 K. Calcule CV,m capacidade calorríficado argônio. (21,6 J K-1 mol-1) Tomando os valores fornecidos pelo enunciado, temos: ΔH = qp = +229 J. À pressão constante, dH = Cp dT, onde Cp é a capacidade calorífica à pressão constante. Portanto, assumindo que Cp seja constante (independente da temperatura), temos: Cp = ΔH/ΔT. É possível, agora, calcular Cp de 3 mol de Ar, assumindo que ΔT = 2,55 K: Cp = 229 J/2,55 K Cp = 89,8 J K-1. 6 O valor de Cp calculado acima é para 3 mol de Ar. Para 1 mol do gás nobre, temos: Cp,m = 89,8 J K-1/3 mol Cp,m = 29,9 J K-1 mol-1. Sabendo que, para um gás perfeito, Cp,m - CV,m = R, temos: CV,m = Cp,m - R CV,m = 29,9 J K-1 mol-1- 8,314 J K-1 mol-1 CV,m = 21,6 J K-1 mol-1. 14) Suponha que a energia interna molar (Um) de uma substância possa ser expressa, numa faixa limitada de temperatura, como um polinômio de segunda ordem em T: Um = a + b T + c T2, sendo a, b e c constantes. Derive uma expressão para a capacidade calorífica molar a volume constante (CV,m) da substância. A volume constante, dUm = CV,m dT. Logo, . Assim, basta derivar Um em função de T para encontrar uma expressão para CV,m: CV,m = b + 2 c T. 15) A energia interna de um gás perfeito não varia quando o gás sofre uma expansão isotérmica. Nessa situação, q = -w. Isso ocorre porque apenas a energia cinética das moléculas de um gás perfeito contribui para a sua energia interna. Por exemplo, para um gás perfeito monoatômico, como He ou Ar, U(T) = U(0) + 3/2(n R T). Qual é a variação de entalpia (ΔH) de um gás perfeito numa expansão isotérmica? Justifique. Por definição, H = U + p V. Para um gás perfeito, p V = n R T. Logo, H = U + n R T. Assumindo que H sofra uma variação infinitesimal, temos: dH = dU + d(n R T) dH = dU + n R dT. Para um gás perfeito sofrendo uma transformação isotérmica, dU = 0 e dT = 0. Logo, dH = 0. Dessa maneira, a variação de entalpia (ΔH) de um gás perfeito numa expansão isotérmica é nula: ΔH = 0. 16) Uma amostra de soro, de massa igual a 25 g, é resfriada de 290 K para 275 K à pressão constante, retirando-se dela 1,2 kJ de energia como calor. Calcule q e ΔH, e estime a capacidade calorífica da amostra. (qp = ΔH = -1,2 kJ; Cp = 80 J K-1) 7 À pressão constante, qp = ΔH. Como foram retirados 1,2 kJ de energia como calor, à pressão constante, qp = -1,2 kJ = ΔH. Como Cp = ΔH/ΔT (veja o exercício 13), temos: Cp = ΔH/ΔT Cp = -1,2 x 103J/-15 K Cp = 80 J K-1. 17) (a) Mostre que, para um gás perfeito, Cp – CV = n R (onde n é dado em mol). (b) Quando são fornecidos 229 J de energia como calor, à pressão constante, a 3,00 mol de CO2, sua temperatura aumenta 2,06 K. Calcule Cp,m e CV,m do gás. (Cp,m = 37 J K-1 mol-1; CV,m = 29 J K-1 mol-1) (a) Por definição, H = U + p V. Para um gás perfeito, p V = n R T. Logo, H = U + n R T. Derivando ambos os lados da igualdade acima em relação à temperatura (T), temos: dH/dT = dU/dT + d(n R T)/dT dH/dT = dU/dT + n R dT/dT Cp = CV + n R Cp - CV = n R. (b) Tomando os valores fornecidos pelo enunciado, temos: Cp = ΔH/ΔT Cp = 229 J/2,06 K Cp = 111 J K-1. O valor de Cp calculado acima é para 3 mol de CO2. Para 1 mol do gás, temos: Cp,m = 111 J K-1/3 mol Cp,m = 37,1 J K-1 mol-1. Para um gás perfeito, Cp,m - CV,m = R. Logo, CV,m = Cp,m - R CV,m = 37,1 J K-1 mol-1- 8,314 J K-1 mol-1 CV,m = 28,7 J K-1 mol-1. 18) Considere que o valor de Cp,m do CO2 seja dado por um polinômio de segunda ordem em T: Cp,m = a + b T + c T-2, onde a, b e c são constantes. Use a expressão acima para estimar a variação de entalpia molar (ΔHm) do CO2, quando ele é aquecido de 15oC a 37oC. (Dados: a = 44,22 J K-1 mol-1; b = 8,79 x 10-3J K-2 mol-1; c = -8,62 x 105J K mol-1). (+818 J mol-1) À pressão constante, dHm = Cp,m dT. Integrando ambos os lados, temos: 8 Tomando os valores fornecidos pelo enunciado, temos: ΔHm = (44,22 J K-1 mol-1) (22 K) + (0,5) (8,79 x 10-3J K-2 mol-1) (13162,6 K2) - (-8,62 x 105J K mol-1) (-2,46 x 10-4 K-1) ΔHm = 972,8 J mol-1 + 57,8 J mol-1- 212 J mol-1 ΔHm = +818 J mol-1. 19) O exercício acima fornece uma expressão para a dependência de Cp,m em função de T, para uma faixa limitada de temperatura. (a) Como varia a entalpia molar (Hm) da substância nessa mesma faixa de temperatura? (b) Faça um gráfico Hm x T usando os dados do problema 18. 9
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