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Apostila de Teoria Musical

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EducaçãoMusical 
 Núcleo de Pós-Graduação 
 
Teoria da Voz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação. 
 
A presença da música na vida das pessoas é incontestável. Em muitas culturas 
vem acompanhando a história da humanidade e se fazendo presente em diferentes 
continentes. Ela é uma forma de expressão artística, tanto no campo popular, como no 
erudito. A linguagem musical faz-se presente especificamente no Brasil, em suas 
diversas classes sociais e também nas diferentes manifestações religiosas que se 
espalham por todo território nacional. Embora sua linguagem seja diversificada, 
dependendo de onde venha essa expressão cultural, a música acompanha o 
desenvolvimento e as relações interpessoais em suas comunidades, bairros e cidades. 
 
Existem muitas possibilidades de buscar as contribuições da música no 
desenvolvimento da criança, uma vez que ela se faz presente em suas vidas antes de 
sua alfabetização. A relação com a música, às vezes, já se inicia no ventre materno e 
segue no decorrer da sua infância. Nas brincadeiras infantis, as crianças usam a 
música como forma de expressão e também para estabelecer regras, relações sociais, 
diversão, alegria e aprendizagem. Esses exemplos dão um breve panorama da 
importância da música na educação infantil, seja ela escolar ou na família. 
 
O uso da música se dava apenas para reproduzir práticas, que muitas vezes já 
conheciam, mas sem entender o seu significado. 
 
Na hora do lanche ou almoço, por exemplo, as crianças e professores faziam 
uso de canções repetitivas apenas para dizer que estavam cantando, tornando esse 
momento mecânico e eliminando qualquer possibilidade de usar a música em uma 
proposta de socialização, desenvolvimento e aprendizagem. É importante perceber que 
o ensino de música não está somente ligado ao aprendizado de instrumentos ou de 
repetição de canções e cantigas decoradas e descontextualizadas, práticas muito 
frequentes no ambiente educacional. 
 
 
 
 
Loureiro (2008) explica que o aprendizado de música deve ser um ato de 
desprendimento prazeroso, que comungue com as experiências da criança sem ser 
uma imposição ou que busque a qualquer custo que a criança domine um instrumento, 
o qual pode minar sua sensibilidade e criatividade. 
 
Diante do exposto, entende-se que o grande desafio é que a música na 
educação infantil venha a colaborar com o desenvolvimento da criança, almejando que 
essa não seja apenas uma prática descontextualizada, mas um complemento, um meio 
para o melhor entendimento e trabalho das muitas atividades realizadas na educação 
infantil, que além de desenvolver a sensibilidade musical pode ainda ajudar no 
desenvolvimento de outras potencialidades da criança. 
 
As dificuldades percebidas em relação ao ensino de música instigaram à 
proposição de um problema norteador: como a educação musical poderá ajudar no 
desenvolvimento da criança da Educação Infantil? 
 
A busca por respostas a estas questões suscitam a necessidade do 
delineamento de objetivos que possam orientar essa pesquisa. Assim, o objetivo 
principal é analisar as contribuições que o ensino de música pode proporcionar no 
desenvolvimento das crianças na educação infantil e a forma como é usada pelos 
educadores que atuam nesta faixa etária. 
Os objetivos específicos que orientaram o estudo foram: 
- Entender os aspectos favoráveis que o ensino de música pode proporcionar às 
crianças da Educação Infantil. 
- Perceber as formas de interação da música com os demais eixos de trabalho, ou seja 
como a música pode auxiliar em diversas atividades pedagógicas na educação infantil. 
- analisar as contribuições que o ensino de música pode proporcionar no 
desenvolvimento das crianças na educação infantil. 
 
 
 
 
 BREVE APRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA DA MÚSICA 
 A MÚSICA NO BRASIL 
 A música do Brasil se formou a partir da mistura de elementos europeus, africanos e 
indígenas, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses, escravos e os padres 
jesuítas que a usava em cultos religiosos e para atrair atenção à fé cristã. Os nativos que 
aqui já habitavam também tinham suas práticas musicais, fato que ajudou a estabelecer 
uma enorme variedade de estilos musicais, que se solidificaram com o decorrer da história. 
Em terras brasileiras, as primeiras manifestações musicais, que recebem registros 
históricos, são as dos padres jesuítas, que, naquele momento, queriam mais fiéis para sua 
igreja do que promover educação ou manifestações artísticas por meio de sua música. 
França mostra esse contexto histórico em sua obra A Música no Brasil (1953, p.7): 
O coral Gregoriano mágico instrumento de conversão de que se utilizou 
o jesuíta José de Anchieta, aquela magnífica figura de evangelizador. E 
com ele os jesuítas Aspicuelta Navarro e Manuel de Nóbrega. Este dizia 
que: „com a música e a harmonia, atrevo-me a atrair para mim todos os 
indígenas da América‟. 
 
A ligação dos índios com os jesuítas ficou mais estreita por meio da 
música que os padres usavam para catequizá-los. Logo após sua chegada, os jesuítas 
construíram aldeamentos que chamavam Missões ou Reduções, esses locais serviam 
para levarem sua fé aos índios e para se manter com certa tranquilidade no Brasil 
Colonial. Davidoff (1994, p.42) caracterizou como eram estruturadas as Reduções 
jesuítas: “O armazém geral, a casa de hóspedes e a casa das moças eram mais 
pobres e os alojamentos indígenas consistiam de longos edifícios de pau-a-pique ou 
adobe, abertos para uma varanda coberta". 
Apesar de haver ensino de cantos e apresentação de instrumentos pelos padres 
jesuítas, não havia conotação educativa nessa prática, esse processo era puramente 
religioso, usado para espalhar a fé dos padres pela população indígena. 
A partir do século XVII, a música popular ganha força no Brasil, principalmente o lundo 
ou landu, inicialmente uma dança africana, assim descrita por Mário de Andrade 
(1980). No período colonial e primeiro império chegam ao Brasil as valsas, polcas, 
 
 
 
tangos e outras diversas manifestações musicais estrangeiras, que nos Brasil achavam 
veículo de expressão. Em relação a isso, Renato Almeida expressa em seu livro A 
História da Música Brasileira (1926,p.108): 
Queremos dizer que, na nossa música popular, é fácil distinguir as 
origens rítmicas, embora não se conservem exatas e essenciais. Um 
mundo de influências e interferências, o clima, o caldeamento do 
sangue, o cultivo e as condições de vida de lugar a lugar, tudo isso, que 
a arte popular reflete, refrangendo no prisma de suas intenções fez com 
que os cantares fossem variando dia por dia, contornandose, 
modificando-se, mas sem perder o caráter básico e definitivo do ritmo. 
 
Aos africanos trazidos, como escravo ao Brasil, deve-se boa parte da formação da 
nossa música popular. Foi, certamente, o contato com o povo africano que enriqueceu 
a parte rítmica da música feita no Brasil e nos levou a nossa riqueza musical. 
Já no fim século XIX e início do XX, com o fim da escravidão em 1888, são abertas 
novas fronteiras para a vinda de imigrantes europeus, para o trabalho nas lavouras de 
café e algodão. Esses chegam com diversos ritmos de sua terra natal, como a 
mazurca, que acaba sendo abrasileirada (sic.) e transformada no maxixe. Essa 
transformação de ritmo dá origem ao choro. Mas, uma música popular brasileira só se 
formaria mesmo com o carnaval carioca e a chegada do gramofone ao Brasil na 
década de 1930 do século XX. Apareceria então o samba urbano, o ritmo mais famoso 
do Brasil. Depois disso, com o rádio, a televisão e a indústria fonográfica a música 
popular se consolida e chega à variedade gigantesca que hoje encontramos. 
Essa breve história da música no Brasil mostra como ela chega por aqui pelos povos 
africanos, os padres jesuítas, imigrantes europeus e a que já se fazia presente antes 
da colonização com os povos indígenas.A música é uma forte presença no povo 
brasileiro em todas as suas classes sociais, Mário de Andrade (1980, p.163) diz: “[...] o 
estudo científico da música popular brasileira ainda está por fazer. Não há sobre ela 
senão sínteses mais ou menos fáceis, derivadas da necessidade pedagógica de 
 
 
 
mostrar aos estudantes a evolução histórica da música brasileira”. Então, é preciso 
antes de tudo estudá-la e entendê-la, para levar à música a escola com propriedade. 
Em relação ao ensino de música, do descobrimento até meados do século XX, este 
acontecia de forma geral e aleatória, sem conotação educativa, sem registros que 
esclareçam uma organização pedagógica no seu uso. Era utilizada na perspectiva de 
ensinar a tocar instrumentos (cravo, piano, violão) ou para professar a fé cristã pelos 
padres jesuítas e como manifestação cultural. 
Só em 1854, por decreto real é regulamentado o ensino de música no Brasil, mas não 
havia formação compatível, por parte dos professores, e a música era usada para o 
controle dos alunos. Loureiro (2003) explica que nessa fase era dada pouca ênfase aos 
aspectos musicais pela escola. A visão de trabalhar na educação musical os aspectos 
culturais dos alunos, seu meio e a música como elemento de interação entre as outras 
disciplinas escolares, apareceria em nossa história a partir da metade do século XX, 
junto à evolução da educação infantil como instituição educativa. 
 
A INSERÇÃO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Para entender como a música se manifesta na educação infantil é necessário 
compreender o seu contexto histórico e analisar seus antecedentes no Brasil. É difícil 
pensar a educação musical aplicada nos moldes que esse trabalho a propõe, pois nos 
primórdios da educação infantil no Brasil, já que essa tinha cunho estritamente 
assistencialista. Na esfera pública, o atendimento as crianças de 0 a seis anos, 
começa, em 1899, com a criação neste mesmo ano do Instituto de Proteção e 
Assistência a Infância no Brasil (KRAMER 2003). 
Na história da Educação no Brasil, cuidar das crianças surge como ideia pouco 
relevante na sociedade, e ainda permaneceria assim por muitos anos, com algumas 
 
 
 
 
mudanças acontecendo gradualmente, mas a ênfase era manter a ordem em sala de 
aula como diz Loureiro (2003) que para a escola, o que importava era utilizar o canto 
como forma de controle e integração dos alunos, desse modo, pouca ênfase era dada 
aos aspectos musicais na perspectiva pedagógica. 
Leis e normas que regulariam a educação infantil apresentam de forma clara como a 
criança foi tratada em nossa educação. Apenas com a nova LDBEN (Brasil, 1996) 
instituída como lei nº 9.394, se contemplaria o ensino de artes no seu Art. 26, da 
seguinte forma: “componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação 
básica, de forma que promova desenvolvimento cultural dos alunos”. A partir daí a 
música passa a ser uma linguagem possível na educação infantil já que faz parte da 
educação básica. A construção de uma metodologia para trabalhar a música na 
educação infantil está legalmente aberta. 
Em 1998, foi publicado, pelo Ministério da Educação (MEC) o Referencial Curricular 
Nacional para Educação Infantil – RCNEI (Brasil, 1998). Esse documento torna-se 
orientação metodológica para a educação infantil, nele, o ensino de música está 
centrado em visões novas como a experimentação, que tem como fins musicais a 
interpretação, improvisação e a composição, ainda abrange a percepção tanto do 
silêncio quanto dos sons, e estruturas da organização musical. 
O RCNEI da ênfase à presença da música na educação infantil, o documento traz 
orientações, objetivos e conteúdos a serem trabalhados pelos professores. A 
concepção adotada pelo documento compreende a música como linguagem e área de 
conhecimento, considerando que está tem estruturas e características próprias, 
devendo ser considerada como: produção, apreciação e reflexão (RCNEI, 1998). 
O documento apresenta ainda orientações referentes aos conteúdos musicais, estes se 
encontram organizados em dois blocos: “O fazer musical”- compreendido como 
improvisação (RCNEI, 1998, p.57), composição e interpretação e o de “Apreciação 
musical”, ambos referentes às questões da reflexão musical. A proposta do RCNEI é 
 
 
 
uma discussão sobre as práticas pedagógicas, aqui em específico a de música, e não 
engessá-las em modelos pré-definidos. 
Os avanços conseguidos foram importantíssimos, e o trabalho trata da importância da 
música enquanto área de conhecimento, possuindo conteúdos e metodologias 
próprias, o que deixa claro o RCNEI. Ainda que ela faça parte da educação infantil, e 
que não seja mais usada como se diz no jargão “como tapa buracos”, e sim com a 
propriedade que fica explicita nos documentos que embasam sua utilização e orientam 
suas metodologias. 
Para Chiarelli (2005), a música é importante para o desenvolvimento da inteligência e a 
interação social da criança e a harmonia pessoal, facilitando a integração e a inclusão 
Para ele a música é essencial na educação, tanto como atividade e como instrumento 
de uso na interdisciplinaridade na educação infantil, dando inclusive sugestões de 
atividades para isso. 
Assim, pensar as funções do ensino de música na educação infantil, nos leva ao 
cotidiano escolar e as práticas dos professores e seus alunos, de como a música 
aparece e suas particularidades, suas possibilidades e linguagens. Mas ainda é 
necessário refletir a respeito de novas possibilidades da música na educação infantil. 
 
 O SIGNIFICADO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 Presente em diversas atividades da vida humana, a música se apresenta também de 
muitas formas no contexto da educação infantil. Podemos ver isso nas diversas situações, 
como nos momentos de chegada, hora do lanche, nas comemorações escolares como 
danças, nas recreações e festividades em geral. E não é diferente na vida das crianças em 
suas relações com o mundo. 
A música também possibilita a interação com o mundo adulto dos pais, avós e outras 
fontes como: televisão e rádio, que rodeiam o dia a dia das crianças, que vem formar 
 
 
 
 
 
um repertório inicial no seu universo sonoro. Brincando fazem demonstrações 
espontâneas, quando em família ou por intervenção do professor na escola, 
possibilitando a familiarização da criança com a música. Em muitas situações do seu 
convívio social, elas vivem ou entram em contato com a música. 
Em relação a isso o RCNEI explica que: 
“O ambiente sonoro, assim como presença da música em diferentes e 
variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês, e crianças 
iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Adultos 
cantam melodias curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras 
cantadas, com rimas parlendas, reconhecendo o fascínio que tais jogos 
exercem”. (Brasil, 1998. p.51) 
 
Para Nogueira (2003, p.01) a música é entendida como experiência que: 
“[...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos 
de sua trajetória neste planeta. E, particularmente nos tempos atuais, 
deve ser vista como umas das mais importantes formas de comunicação 
[...]. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim 
compreendida, analisada e transformadas criticamente”. 
 
Ao trabalhar a música na escola, não podemos deixar de considerar os conhecimentos 
prévios da criança sobre a música e o professor deve tomar isso como ponto de 
partida, incentivando a criança a mostrar o que ela já entende ou conhece sobre esse 
assunto, deve ter uma postura de aceitação em relação à cultura que a criança traz. 
Em algumas situações pode ocorrer o fato de o professor, de uma maneira 
despercebida, deixar de lado o meio cultural e social da criança, o que não é bom, pois 
isso pode levá-la ao desinteresse pela educação musical. usar uma determinada 
música na hora de entoar a oração da manhã. Isso pode ser entendido como umaforma de expressão e de louvor, porém é necessário ter cuidado, pois nem todos têm a 
mesma religião. A alternativa, neste caso, talvez fosse pedir que cada dia uma criança 
fizesse a oração ou cantasse uma canção, assim, todos teriam a chance de expressar 
sua cultura religiosa na sala de aula. 
O envolvimento das crianças com a música acontece desde quando são ainda 
pequenos. Essa presença desenvolve nelas conhecimentos novos, como vocabulário, 
socialização e autonomia o que, infelizmente. 
Nas atividades relacionadas ao estágio obrigatório na educação infantil, foi possível 
perceber o distanciamento da música como atividade pedagógica. O que se 
presenciou, foi a música sendo usada pelas professoras de forma descontextualizada, 
reproduzindo canções e gestos sem que se explicasse o porquê daquelas atividades. 
As professoras cantavam músicas de maneira repetitiva, diariamente na hora da 
chegada dos alunos na escola, depois da oração e antes do lanche, também cantavam 
o hino nacional. Ao cantarem essas músicas repetitivas, ou o hino sem saber o que 
estão cantando, estão fazendo do ato de cantar um ato mecânico, que só serve para 
reproduzir a canção, mas não leva conhecimento algum a criança. 
Na educação infantil, o momento que enfoca a música é um dos caminhos para 
alcançar tal objetivo. A música aparece, de forma genérica na parte que trabalha a 
educação em artes. Nas observações realizadas, ficou evidente a pouca ou até 
nenhuma formação específica das professoras, já que reproduziam de forma mecânica 
canções sobre o lanche, religiosas e ainda sobre profissões, não que isso seja 
impróprio ou totalmente sem valor, mas é necessário contextualizar a atividade 
proposta. Em relação a essa discussão Souza (2000, p.164), explica que: 
 
 
 
 
 
 
Ao incluir objetivos, justificativas, experiências e condições de ensino-
aprendizagem resultantes de uma reflexão profunda, num diálogo 
permanente coma realidade sociocultural, os relatos apontam 
elementos importantes relacionados às praticas pedagógicas de sala de 
aula, como, por exemplo, a sua transformação numa ação pedagógica 
significativa. 
 
O que precisa ser esclarecido, nesses casos, não é a música ou o que se canta, mas a 
forma de repetir as canções de forma mecânica não explicando seus significados aos 
alunos, ou pior, forçando-os a somente cantar, tirando deles a oportunidade de se 
expressar e de participar do processo ativamente, não só reproduzindo o que é pedido. 
Ensinar música tem relação com a percepção e sensibilidade do professor em perceber 
como esta pode ajudar em sua aula, considerando o que as crianças querem trabalhar 
relacionado ao que o professor planejou. Ele pode propor atividades e coordená-las, 
mas é preciso que as crianças participem também, escolham músicas ou atividades 
musicais. 
A música tem como propósito favorecer e colaborar no desenvolvimento dos alunos, 
sem privilegiar apenas alguns alunos, entendendo esta, não como uma atividade 
mecânica e pouco produtiva que se satisfaz com o recitar de algumas cantigas e em 
momentos específicos da rotina escolar, mas envolve uma atividade planejada e 
contextualizada, como prevê o RCNEI, além de explorar as múltiplas possibilidades 
que a música tem em seu ensino, como explica Loureiro (2003, p.141): 
Atenção especial deveria ser dispensada ao ensino de música no nível 
da educação básica, principalmente na educação infantil e no ensino 
fundamental, pois é nessa etapa que o individuo estabelece e pode ser 
assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o no nível 
cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. 
 
Algumas situações mostram o uso da musica de forma pouco producente, e às vezes 
até repetitiva. Brito (2003) critica as apresentações musicais que utilizam gestos 
 
 
 
repetitivos, pois acredita que esse molde não enriquece a proposta musical dentro da 
sala de aula, apenas perde-se tempo com repetições e excluem a possibilidade de 
criação, podando toda e qualquer chance de uma manifestação criativa da criança. 
Muitas vezes, ainda, vemos que a criança é impedida de usar sua criatividade, pois a 
elas são propostas músicas ou atividades já prontas, canções folclóricas já cantadas há 
décadas de maneira mecânica e em momentos específicos da rotina escolar, sem 
saber o significado e sentido daquilo do que está cantando, realizam apenas a 
memorização e gestos corporais estereotipados que deixam as crianças 
desinteressadas e poucos contribuem no seu desenvolvimento. 
 
Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e a 
interpretar músicas, desconsiderando as possibilidades de 
experimentar, improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de 
fundamental importância no processo de construção do conhecimento 
musical (BRITO 2003, p. 52). 
 
Para ser significativa e atingir seus objetivos, a música deve ser trabalhada de 
diferentes formas, como por exemplo, com exercícios de pulsação, parâmetros 
sonoros, canto, parlendas, brincadeiras cantadas, sonorização de histórias. Pode-se 
trabalhar com os alunos ruídos cotidianos, o que parece muito interessante, uma 
maneira de explorar os sons ou ruídos de uma forma muito completa. Na educação 
infantil, podemos buscar um trabalho que permita o aluno a experimentar sensações e 
sentimentos como de tristeza, alegria, e que ele venha a expressar esses sentimentos 
através da manipulação dos instrumentos musicais que lhes serão colocados a 
disposição pelo professor. 
Propor brincadeiras onde os alunos descrevem os sons que emitem quando acordam, 
escovam os dentes, comem e colocam suas roupas e sapatos. Eles ainda podem 
reproduzir sons de animais, cachorros, cavalos e o som dos carros. BRITO (2003) relata 
em especifico que “esses jogos trabalham usando ações dos cotidianos dando base 
para desenvolver muito a criatividade e atenção das crianças”. 
 
 
 
 
 
Snyders (1997, p.30) diz que “resta ao professor situar e não restringir”, situar aqui 
segundo as palavras do autor é contextualiza que o docente pode ser um mediador, 
orientando seus alunos nas atividades com a música e não minando sua criatividade. 
Para que o ensino de música na educação infantil relacione o prático com o 
pedagógico, ela deve ser usada como ferramenta educacional e para isso é necessário 
explorar diferentes possibilidades nos vários momentos da aula. Temos de lembrar que 
trabalhar a música na educação infantil não se restringe ao aspecto musical, mas 
também aos aspectos cognitivo e motor, o que promove o desenvolvimento do sujeito 
no todo. 
 
O uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o desenvolvimento global da criança 
na educação infantil, respeitando sua individualidade, seu contexto social, econômico, 
cultural, étnico e religioso, entendendo a criança como um ser único com características 
próprias, que interage nesse meio com outras crianças e também explora diversas 
peculiaridades em todos os aspectos. 
 
O ensino de música não tem o objetivo de formar músicos, a ela cabe incentivar a 
criatividade, já que algumas vezes a escola deixa pouco espaço para a criança criar e a 
música pode ser um caminho muito fértil para essa prática. Em relação a isso, 
Bellochio (2001, p.46) explica: 
“bastam 45 minutos de aulas de música semanais, de modo 
desarticulado dos demais conhecimentos, que estão sendo trabalhados 
pelos professores, para potencializar a educação musical nas escolas? 
Uma possibilidade que vejo é da articulação mais consciente, crítica e 
madura entre o professor atuante nos anos iniciais de escolarização e 
os profissionais especialistas no ensino de música”. 
O caminho para a viabilidade da música nas escolas, aqui especificamente na 
educação infantil se dá pelo uso de ferramentas para sua reflexão, práticas para que se 
faça o uso correto da música, trabalhar a diversidade e o contexto do aluno, explorando 
suaspotencialidades. A atividade musical e as demais artes, unidas ao jogo recreativo, 
são uma base forte na educação infantil. Em relação a estes aspectos, Brito (2003, 
p.46) explica que, 
 
 
 
 
[...] importa, prioritariamente, a criança, o sujeito da experiência, e não a 
música, como muitas situações de ensino musical consideram. A 
educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do 
amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje. 
 
Na prática escolar, o ensino de música deve ter atenção prioritária, já que falar em 
ensinar música ou musicalizar é falar em educar pela música, contribuir na formação do 
indivíduo, como um todo, lhe dando oportunidade de imergir em um imenso universo 
cultural, enriquecendo sua inteligência através de sua sensibilidade musical. 
O ensino e, consequentemente, o aprendizado da música envolve a construção do 
sujeito musical, a partir da constituição da linguagem da música. O uso dessa 
linguagem irá transformar esse sujeito, tanto no que se refere a seus modos de 
perceber, suas formas de ação e pensamento, quanto seus aspectos subjetivos. Em 
consequência, transformará também o mundo deste sujeito, que adquirirá novos 
sentidos e significados, modificando também a sua própria linguagem musical. 
Nogueira (2003) diz que a música deve ser vista além de uma “arma” pedagógica, 
também como uma das mais importantes formas de comunicação do nosso tempo. No 
texto a autora ainda cita Snyders (1997), o qual contribui expressando que uma 
geração nunca viveu mais a música que a nossa, mas o autor ainda ressalta que para 
entendermos o processo de desenvolvimento de uma criança, temos de ir muito além 
de seus aspectos físicos ou intelectuais, é um processo que envolve uma grande rede 
de questões, questões que são uma complexidade muito além às da maturação 
biológica. 
Ao salientar atividades que trabalham gestos, dança, os sons do meio ambiente e dos 
animais, estimula-se a criatividade, as crianças ganham noções de altura, podem 
observar o próprio corpo em movimento, atentar-se ao meio onde vivem, prestar 
atenção nele e explorar a criatividade, já que ela tira base de qualquer ambiente em 
que a professora e seus alunos estejam. Snyders (1997, p.27) diz que: 
 
 
 
 
“os métodos modernos da pedagogia musical estão absolutamente 
corretos ao propor atividades de escuta ativa, não somente para evitar 
que os alunos, se não tiverem nada de preciso a fazer, conversem ou 
se evadam da aula através de devaneios, mas por que faz parte da 
natureza da obra musical despertar uma admiração ativa: o objetivo da 
escuta ativa não é chegar a uma espécie de êxtase teológico, mas 
despertar emoções controladas, que integrem a alegria ao conjunto da 
pessoa, tanto na sua sensibilidade quanto na sua compreensão”. 
 
 
Os campos de desenvolvimentos são os que lidam com a afetividade, na prática como 
a música, que se dá pelo aprendizado de um instrumento ou a apreciação dos sons, 
isso, segundo o autor, potencializa o aprendizado, tanto no emocional quanto no 
cognitivo. Particularmente no campo do raciocínio lógico, ressalta mais uma vez o 
autor, há um grande desenvolvimento da memória e nos espaço do raciocínio abstrato. 
 
Então é preciso mostrar e entender a prática de como a música pode ser usada na 
escola, ou seja, apresentar atividades com música que contribuam no desenvolvimento 
das crianças da educação infantil, bem como atividades musicais que possam 
contribuir no trabalho com o aluno e como pode ser usada. 
 
3. A PRÁTICA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
A música é uma importante ferramenta pedagógica para auxiliar as crianças em seu 
desenvolvimento, se planejada e contextualizada. A prática da educação musical na 
educação infantil está relacionada a cultura e aos saberes que os educadores trazem 
de suas experiências pessoais, às vezes até do senso comum, pois, como vimos, a 
formação musical específica dos professores da educação infantil é muito rara. Essa 
cultura adquirida com a vivência possibilita a utilização da música em sua ação 
pedagógica. 
 
 
 
 
 
Os cursos de formação de professores, em geral não contemplam a música em 
nenhuma das suas disciplinas. Como exemplo, podemos citar o curso de pedagogia 
desta universidade, o qual teve seu currículo recentemente reformulado e em nenhuma 
disciplina contempla qualquer abordagem referente ao ensino de música em qualquer 
faixa etária. O que acontece na prática é o exercício realizado por alguns professores 
que trabalham músicas ou atividades do gênero, mais por conta própria, por 
entenderem a contribuição da música no desenvolvimento da criança do que mediados 
por um embasamento teórico. 
A música pode ser usada de forma constante nas salas de aula, como por exemplo, 
para cantar canções e quem as crianças digam seus nomes e os nomes de seus 
colegas, possibilitando uma interação muito interessante entre os alunos. 
Assim, além de promover a socialização, a música oferece grande apoio em todo 
processo de aprendizagem por favorecer a ludicidade, a memória e a criatividade. 
 
Quando falamos no processo de usar a música na educação infantil, temos de lembrar 
que as crianças usam sons de forma espontânea, cantam e criam músicas. 
Outra forma de se trabalhar a música são os jogos musicais, que podem ser realizados 
na educação infantil para trabalhar os sons. Um exemplo apresentado pelo 
pesquisador, compositor e educador francês François Delalande (1979) se relaciona à 
atividades lúdicas infantis proposta por Jean Piaget e propõe três dimensões para a 
música: 1) jogo sensório-motor, ligado a exploração de sons e gestos. Jean Piaget diz 
que o estágio pré-verbal se configura aproximadamente nos primeiros 18 meses da 
criança. Nesta fase Delalande (1979) entende que é construída a noção temporal como 
sucessão, aqui as crianças ouvem, percebem o som, manuseiam instrumentos 
musicais; 2) jogo simbólico, ligado ao valor expressivo da linguagem musical. Nesta 
 
 
 
fase o jogo acompanha a construção do pensamento representativo; 3) jogo com 
regras proposto por Piaget está relacionado com a estruturação da linguagem musical. 
O trabalho proposto por Delalande (1979) pode ser iniciado utilizando os sons corporais 
da criança, ela pode bater em sua barriga, seus braços, pernas, encher suas 
bochechas com ar e bater em sua boca etc. Todas essas ações emitem sons graves 
(som mais grosso) e agudos (mais fino). Esses sons podem ser trabalhados em jogos 
ou até com os sons que emitimos ao pronunciarmos as letras do alfabeto, como, por 
exemplo, se uma letra tem o som mais grave ou o som mais agudo, e comparar com o 
som que foi emitido por determinada região do corpo, fazendo ligação direta daquela 
atividade com os sons e o aprendizado das letras do alfabeto. 
 
Delalande (1979) ainda trás que a noção de ritmo também é muito importante e 
para isso usamos alguns instrumentos musicais, que podem ser adquiridos 
(comprados) e também construídos, como chocalhos, ocarinas (instrumento de sopro 
que emite sons graves e agudos), apitos e pandeiros, o que vai desenvolver na criança 
sua noção rítmica, alguns vão ter essa noção naturalmente, outros, vão desenvolvê-la 
com essas atividades. E caso o professor domine algum instrumento, como violão ou 
piano, ele pode acompanhar percussivamente a ação das crianças, ou pode cantar 
alguma canção, pois qualquer pessoa é capaz e tem conhecimento para fazê-lo. 
 
A autora Jeandot (1997) apresenta diversas possibilidades na construção de 
instrumentos como, por exemplo: selecionar chaves velhas que não são mais usadas 
presas a um suporte de madeira que as deixe suspensas, para a crianças passam as 
mãos, tem um som suave, ou, ainda com chaves velhas, colocá-las como o molho de 
chaves que conhecemos a criança só precisa balançá-las ou bater nelas com uma 
vareta. Também podemos usar várias tampinhasde garrafa de refrigerante, com um 
barbante passando ao meio delas e amarrado para sacudir isso dá o som de um 
chocalho, e é só ir passando de uma mão para outra. 
 
 
 
Ainda existem outras diversas possibilidades como encher latas de refrigerantes e 
copos de iogurte com arroz e construir chocalhos, usar tampas de panelas como 
pratos. A autora Jeandot (1997), ainda mostra possibilidades de usar cascas de coco 
vazias que podem se transformar instrumentos de percussão, cabaças, com sementes 
de flamboaiã, que dão um ótimo maracá, tubos de papel higiênico vazios, com uma 
extremidade coberta com papel de seda, quando a criança sopra produz o timbre de 
instrumentos de sopro e outras diversas possibilidades.Éfoi possível observar uma 
professora trabalhando com a música, cantou com seus alunos “o sítio do seu Lobato”, 
para trabalhar sons dos animais, ritmo, entonação e gestos. A pedido dos alunos 
cantou a canção “Fui ao mercado”, antes já tinha contado a história aos alunos da 
“Cotia e o fazendeiro”, para contextualizar a partir da história o tema dos animais que 
viria a ser trabalhado na musicalização. 
Essa mesma professora construiu com os alunos instrumentos feitos de sucata. As 
crianças trazem a sucata de suas casas, como latas, tambores de leite, doce e madeira 
e outras. A professora usa a banda para além da atividade musical, trabalhando 
também a consciência ecológica. Exemplos assim demonstram a validade da música 
enquanto ferramenta pedagógica que ajuda no desenvolvimento da criança na 
educação infantil. 
A autora Jeandot (1997) apresenta outra intervenção que se chama 
“atenção-concentração”, que consiste em batidas nas mãos e partes do corpo. Batese 
palmas 3 vezes sem perder o ritmo e mais 3 vezes depois de se dizer concentração, 
em seguida, no mesmo ritmo, pede-se aos alunos: Batam palmas, batam as coxas, 
batam no rosto, batam no pé, batam na barriga, batam no peito, e assim por diante. 
Para dificultar, se diz a palavra bata cada vez mais rápido. A autora ainda enfatiza que 
esse trabalho traz conhecimento de esquemas do copo e noção de andamento e ritmo. 
É possível trabalhar também os sons da boca e para tal Jeandot (1997) nos mostra 
algumas experiências, como vibrar os lábios com os dedos, estalar a língua, bater nas 
 
 
 
 
 
bochechas cheias de ar, e depois dessa atividade perguntar à criança o que ele achou 
de cada som, qual ele mais gostou de ouvir e fazer, de como se sentiu fazendo esse 
som. A autora também apresenta a possibilidade de se emitir som com os pés, é uma 
atividade livre onde as crianças ouvem uma música, e batem os pés no ritmo dela, 
podem pular correr etc., essa atividade pode ser feita com as crianças descalças ou 
calçadas, o jogo possibilita diversas movimentações com os pés e o reconhecimento 
corporal e auditivo. 
Rosa (1990) também apresenta exemplos de atividades que trabalham os sons, como 
por exemplo, usar uma parte de mangueira de jardim para as crianças aos pares 
conversarem com a boca nos orifícios das extremidades da mangueira. Elas vão notar 
como o som de suas vozes se propaga pelo ar da mangueira, ou ainda, que a criança 
fale consigo mesma, colocando um orifício da mangueira na boca e outra em no seu 
ouvido. A autora dá o exemplo do uso de um sarrafo de madeira colocado junto a um 
relógio, uma extremidade no relógio e outra encostada no ouvido da criança, desta 
forma ela vai sentir a vibração do som em seus ouvidos. Chiarelli (2005, p.4) explica a 
importância de realizar um trabalho em que haja a participação do aluno em conjunto 
com o professor e apresenta como sugestão: 
 
“gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada um, ou 
produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que 
elas os identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto 
(metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido (agitado, 
esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são de grande 
importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e 
estabelecer a distância em que o som foi produzido (perto, longe). Para 
isso o professor pode andar entre os alunos utilizando um instrumento 
ou outro objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento 
do som com as mãos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outro exemplo de atividade, por exemplo, é a música cantada, com estas, as crianças 
dançam, se soltam, descobrem seu corpo e como ele se movimenta. Batem os pés no 
chão, batem palmas e, além disso, aprendem com a letra da música vem com assuntos 
que tratam do cotidiano escolar. Felinto (2000) apresenta uma versão politicamente 
correta para a canção atirei o pau no gato: 
 Não atire! 
O pau no ga-tô-tô! 
Por que isso-sô! 
Não se faz-faz-faz! O 
gati-nhô-nhô, 
É nosso ami-gô-gô, Não 
se deve, 
Maltratar os animais, Miau! 
 É importante ressaltar que o trabalho não se limita a cantar em sala de aula, é 
necessário discutir o tema da canção a ser cantada, ouvir o que as crianças querem 
dizer, o que entendem e se têm alguma canção para sugerir sobre o assunto pertinente 
aquele momento da aula. As crianças possuem uma bagagem musical, mesmo que 
pouca e podem contribuir com suas opiniões e sugestões vão se aproximando da 
música de forma alegre, podendo potencializar suas visões de mundo pela música, 
tendo o professor a sensibilidades de tratar a música com exercícios alegres e 
interessantes e pedagógicos que ajudem as crianças a se desenvolverem e a 
aprenderem mais. 
Silva (2001, p.140) propõe uma atividade muito interessante e muito simples que tem 
como finalidade trabalhar o ritmo com as crianças da seguinte forma: uma ao lado da 
outra, levantam uma perna podendo começar com a esquerda ou direita e ao levantar 
tirando a perna do chão ele conta 1, depois colocam as pernas juntas voltando ao 
 
 
 
 
 
normal e conta 2 isso seguindo um ritmo ditado pela professora. Uma variação dessa 
atividade seria levar a perna a frente, ora a esquerda ora a direita e contando 1 e 2 
como na anterior, a última forma levantando e abaixando, contando 1 e 2, dobrando os 
joelhos e se erguendo, sempre seguindo um ritmo na voz ao contar os números 1 e 2. 
A autora apresenta ainda outra atividade de exercícios rítmicos ao acentuarem as 
sílabas tônicas (que para crianças pode ser colocado como a sílaba, forte da palavra) 
exemplo: Cai, chuvinha, neste chão, cai chuvinha, vai molhando a plantação. Uma 
variação é para as crianças baterem os pés no chão ao invés de palmas nas silabas 
tônicas. Ou seja, no ritmo das palmas nas silabas tônicas e com uma melodia que a 
professora pode improvisar ou pedir que os alunos cantem como quiserem. 
Também é possível trabalhar uma canção bem popular: A cobrinha, como uma 
proposta interdisciplinar. 
 
1-A cobra não tem pé, 
A cobra não tem mão 
Como é que a cobra sobe 
No pezinho de limão 
2-A cobra vai subindo 
Vai, vai , vai. 
Vai se enrolando, 
Vai, vai ,vai... 
 
 
 
 
 
A autora Silva (2001) expõe ainda as seguintes possibilidades a serem usadas para 
trabalhar essa canção: depois de cantar, as crianças desenham a cobra se 
desenrolando e se enrolando, como fala a canção, executando assim, exercícios 
musculares, pode até trabalhar ciências, colocando que a cobra é um animal 
vertebrado, ou seja, possui ossos e que existe também na natureza animais 
invertebrados que não possuem ossos, e por fim, a matemática, pedindo às crianças 
que desenhem a cobra de diversas formas, em linhas retas, curvas abertas e fechadas 
(círculos). 
Uma maneira muito interessante de trabalhar outras canções pela professora da 
educação infantil é pedir para que a criança depois de ouvir uma determinada canção, 
com um tema mais simples relate algo corriqueiro da vida delas ou de seus familiares 
relacionado ao tema, peça que desenhem, ou achem figurasque representem 
elementos daquela música que ouviram, mas o importante é que elas expressem o que 
lhes chamou a atenção, o que entenderam sem haja imposição por parte do professor 
na escolha da criança. 
Outra canção que pode colaborar é a dos indiozinhos, onde podemos trabalhar os 
números de 1 até 9, ou apenas contando os números usando objetos para simbolizar a 
contagem, não é necessário usar instrumentos para tocar e cantar, mas se o professor 
tocar violão, ou utilizar instrumentos de percussão, pode enriquecer a atividades. 
Segue a letra da canção: 
1,2,3, indiozinhos. 
4,5,6, indiozinhos. 
7,8,9, indiozinhos. 
 10, num pequeno bote. 
 
 Iam navegando pelo rio abaixo quando 
o jacaré se aproximou 
 e o pequeno bote dos indiozinhos quase, 
quase, virou! 
 
 
 
 
Rosa (1990, p73-74) propõe exercícios motores que são de muita ajuda para auxiliar 
na aprendizagem da escrita: “o exercício motor dirigido dá condições para o 
aperfeiçoamento da escrita, mas isto não impede que, a partir dele, a criança crie e 
recrie cada vez mais por meio da escrita”. Neste caso, a criança vai ouvindo uma 
determinada canção como, por exemplo: “Bate, bate reloginho, bate, bate sem parar, 
marca as horas direitinho, bate sempre sem parar”. Assim, a criança vai ouvindo ou 
cantando junto com a professora esses versinhos usando a melodia da música ciranda, 
cirandinha. A professora pede que os alunos façam desenhos circulares em sentido 
horário, como círculos, ondas sempre acompanhando a pulsação da canção. 
Na educação infantil existem inúmeras possibilidades de se trabalhar a música 
e os benefícios que ela pode oferecer. Os materiais podem ser diversos, não 
necessariamente é preciso dispor de materiais caros. Isso evidencia que um trabalho 
criativo e competente colaborará com a criança para desenvolver sua criatividade, 
socialização, expressão e também serve como estímulo para o aluno da educação 
infantil aprender mais e de forma contextualizada. 
A música e suas utilidades 
De acordo com os documentos do Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI): 
 
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e 
comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e 
relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em 
todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais 
religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. (BRASIL, 1998, p. 45). 
 
Podemos observar que a música está presente em acontecimentos diversificados; existem 
músicas infantis, músicas religiosas, músicas para dançar, música instrumental, vocal, 
erudita e popular, músicas cívicas. Se compararmos dois tipos de música distintos, iremos 
constatar que existe uma grande mudança no que diz respeito a organização do material 
sonoro, na variação dos instrumentos musicais presentes, na forma e no material como 
 
 
 
são construídos esses instrumentos. Se analisarmos somente à utilização da voz no canto, 
constataremos alterações de timbre1 e também e de como ela é empregada em músicas 
distintas. Para Sekeff (2007): 
 
[...] o fazer musical não é o mesmo nos diversos momentos da história da 
humanidade ou nos diferentes povos, pois são diferenciados os princípios de 
organização dos sons. E esse aspecto dinâmico da música é essencial para que 
possamos compreendê-la em toda a sua riqueza e complexidade. (p. 20). 
 
Dessa maneira verificamos essa diversidade cultural no fazer musical identificando as 
mudanças que ocorreram na organização do som e do material sonoro utilizados na 
confecção musical. Essas transformações acompanham a evolução da humanidade no que 
se refere às transformações causadas pelo avanço tecnológico e também pelas 
características ideológicas que acompanham o ser humano nos diversos períodos da 
história. 
 
A criança e a música 
 
 Independentemente do seu papel dentro da sociedade, a música exerce forte atração 
sobre os seres humanos, fazendo mesmo que de forma inconsciente que nos 
relacionemos com ela, muitas vezes quando a ouvimos começamos a nos familiarizar, 
movimentando o corpo ou cantarolando pequenas partes da melodia. As crianças quando 
brincam ou interagem com o universo sonoro, acabam descobrindo mesmo que de 
maneira simples, formas diferentes de se fazer música. De acordo com Joly (2003): 
 
A criança, por meio da brincadeira, relaciona-se com o mundo que descobre a cada 
dia e é dessa forma que faz música: brincando. Sempre receptiva e curiosa, ela 
pesquisa materiais sonoros, inventa melodias e ouve com prazer a música de 
diferentes povos e lugares. (p. 116). 
 
 
 
 
 
 
Por meio das brincadeiras de explorar como: brincar com os objetos sonoros que estão ao 
seu alcance, experimentar as possibilidades da sua voz e imitar o que ouve, a criança 
começa a categorizar e a dar significado aos sons que antes estavam isolados, agrupando-
os de forma que comecem a fazer sentido para ela. Pensando na importância que essa 
experiência pode proporcionar para a criança Maffioletti (2007) escreve que: “É isso que 
fará dela um ser humano capaz de compreender os sons de sua cultura [...]” (p. 130). Por 
meio desse contato o ser humano começa e desenvolver uma identidade a música que 
está a sua volta. É por isso que ela assume significados diferenciados em cada cultura, 
pois segundo Penna (2008) devido a ela ser: 
 
[...] uma linguagem cultural, consideramos familiar aquele tipo de música que faz 
parte de nossa vivência; justamente porque o fazer parte de nossa vivência permite 
que nós nos familiarizemos com os seus princípios de organização sonora, o que 
torna uma música significativa para nós. (p. 21). 
 
Dessa maneira acabamos nos acostumando com esses padrões de organização o que nos 
permite estabelecer vínculos com as pessoas, com os costumes e tradições do local onde 
vivemos. Ainda de acordo com a autora, dessa forma: 
 
[...] a compreensão da música, ou mesmo a sensibilidade a ela, tem por base um 
padrão culturalmente compartilhado para a organização dos sons numa linguagem 
artística, padrão este que, socialmente construído, é socialmente apreendido – pela 
vivência, pelo contato cotidiano, pela familiarização – embora também possa ser 
aprendido na escola. (PENNA, 2008, p. 29). 
 
Podemos detectar que mesmo reforçando a importância desse contato com um 
determinado padrão, o ensino de música nas escolas pode também contribuir para que 
esse processo ocorra. Dessa forma torna-se importante para a criança começar a se 
relacionar com a música ainda que seja no ambiente escolar, pois é nessa fase que ela 
constrói os saberes que irá utilizar para o resto de sua vida. Mas para isso é importante 
que elas consigam entendê-la. Gordon (2000) ressalta que: 
 
 
 
 
Através da música, as crianças aprendem a conhecer-se a si próprias, aos outros e à 
vida. E, o que é mais importante, através da música as crianças são mais capazes 
de desenvolver e sustentar a sua imaginação e criatividade ousada. Dado que não 
se passa um dia sem que, duma forma ou doutra, as crianças não ouçam ou 
participem em [sic] música, é-lhes vantajoso que a compreendam. Apenas então 
poderão aprender a apreciar, ouvir e participar na música que acham ser boa, e é 
através dessa percepção que a vida ganha mais sentido. (p. 6). 
 
Para o autor é importante que a criança consiga compreender a música, dessa forma ela 
poderá estabelecer vínculos com os gêneros e estilos que mais tenham significado para 
ela. Mas como podemos trabalhar com o ensino musical com crianças pequenas? 
Aproximando-as desse universo, sensibilizando as mesmas para que elas possam se 
apropriar desse conhecimento? 
 
A presença da música na escola 
 
Podemos realizar inúmeras atividades com a presença da música no cotidianoescolar. 
Nos documentos do Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI), o volume 
número 3 tem uma parte dedicada a esse conteúdo, dessa forma verificamos a importância 
dada pelos mesmos ao assunto. Verificamos em Brasil (1998) que para a criança a 
vivência musical pode proporcionar a integração de experiências que passam pela prática 
e pela percepção, como por exemplo: aprender, ouvir e cantar uma canção, realizar jogos 
de mão ou brincar de roda. Dessa maneira por meio do desenvolvimento e da 
compreensão dessas atividades, as crianças atingem patamares cada vez mais 
sofisticados, visto que começam a dominar tais conteúdos o que permitem a elas uma 
transformação e uma recriação dos mesmos. Os RCNEI destacam ainda uma parte 
importante no processo, aliando a essa prática o movimento corporal: 
 
 
 
 
 
 
O gesto e o movimento corporal estão ligados e conectados ao trabalho musical. 
Implica tanto em gesto como em movimento, porque o som é, também, gesto e 
movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os diferentes sons que 
percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção, estiramento etc., e os de 
locomoção como andar, saltar, correr, saltitar, galopar etc., estabelecem relações 
diretas com os diferentes gestos sonoros. (BRASIL, 1998, p. 61). 
 
 
Assim sendo, o corpo torna-se um aliado no processo de ensino aprendizagem musical, 
proporcionando por meio dos diferentes movimentos oportunidades para o aprendizado. 
Por meio desse recurso podemos desenvolver atividades que envolvam a percepção e 
interiorização do ritmo, intensidade e altura, trabalhar com a forma musical e também 
desenvolver a expressividade das crianças. Para Fonterrada (2005) o educador musical 
Dalcroze desenvolveu em sua prática educativa musical um meio para trabalhar com a 
escuta, a música e movimento corporal de uma maneira que fossem ligados e 
interdependentes. Ainda para a autora: 
 
O sistema Dalcroze parte do ser humano e do movimento corporal estático, ou em 
deslocamento, para chegar à compreensão, fruição, conscientização e expressão 
musicais. A música não é um objeto externo, mas pertence, ao mesmo tempo, ao 
[sic] fora e ao [sic] dentro do corpo. (FONTERRADA, 2005, p. 120). 
 
Podemos averiguar que para Dalcroze as diversas possibilidades de movimento corporal 
podem levar o aluno a vivenciar, praticar e compreender os conteúdos musicais, pois para 
ele essa atividade acontece simultaneamente dentro e fora do nosso corpo. Outra maneira 
de trabalhar o ensino musical com as crianças proposta pelos RCNEI é a apreciação 
musical. De acordo com Brasil (1998), o trabalho com apreciação musical poderá 
proporcionar a ampliação e o enriquecimento de saberes relacionados à produção da área, 
além de ampliar o repertório das crianças. Por meio da escuta e de conversas podem ser 
trabalhados aspectos referentes à diversidade de instrumentos musicais existentes e suas 
 
 
 
 
 
maneiras de produção de som e também as diferentes possibilidades de combiná-los 
resultando em diversas formações instrumentais. Podem também serem discutidas as 
diferentes formas como a voz é trabalhada, suas possibilidades, classificação (tessitura2) e 
diferentes formações onde são empregadas. 
Outro ponto que pode ser desenvolvido está ligado à diversidade de estilos e gêneros 
musicais existentes no mundo. Dessa maneira o aluno passa a ter contato com obras não 
só de seu país, mas também de outras localidades o que pode resultar com que o mesmo 
consiga fazer comparações entre produções de diferentes épocas e lugares. Como 
resultado dessa comparação o mesmo pode verificar como cada grupo social constrói sua 
música e identifica diferenças entre os instrumentos utilizados, a organização do som, a 
forma musical entre outros. 
Como podemos observar a forma com que utilizamos a música pode ser diversificada, e 
assim é possível verificar que a prática musical é apenas uma possibilidade dentre várias. 
Por meio da música podemos expressar nossas ideias e sentimentos, compreender 
valores e significados culturais presentes na sociedade ou no grupo onde ela foi criada. Por 
meio do movimento e da dança nós interagimos corporalmente com a mesma, apreciamos 
sua beleza ao escutar com atenção uma obra musical. Transmitimos nossas emoções ao 
interpretar uma peça seja tocando um instrumento ou cantando. Comunicamos nossos 
pensamentos e por meio da composição, trabalhamos com o aspecto cognitivo quando 
pensamos e construímos uma obra. Entendemos dessa forma, que a maneira como 
alguém se apropria de uma determinada obra simplesmente pelo fato do prazer do ouvir é 
diferente da forma como uma outra utiliza os elementos sonoros para fazer uma 
composição. 
O ensino de música nas escolas tanto de Educação Infantil, pode contribuir não só para a 
formação musical dos alunos, mas principalmente como uma ferramenta eficiente de 
transformação social, onde o ambiente de ensino e aprendizagem pode proporcionar o 
 
 
 
 
 
respeito, a amizade, a cooperação e a reflexão tão importantes e necessárias para a 
formação humana. Dessa forma, é interessante que ela esteja presente no ambiente 
escolar. Na escola, o ensino musical não tem a intenção de formar o músico profissional, 
assim como o ensino das ciências não visa à formação de cientistas. Para as educadoras 
musicais Hentschke e Del Ben (2003) as funções da música no contexto escolar são: 
 
[...] auxiliar crianças, adolescentes e jovens no processo de apropriação, transmissão 
e criação de práticas músico-culturais como parte da construção de sua cidadania. O 
objetivo primeiro da educação musical é facilitar o acesso à multiplicidade de 
manifestações musicais da nossa cultura, bem como possibilitar a compreensão de 
manifestações musicais de culturas mais distantes. Além disso, o trabalho com 
música envolve a construção de identidades culturais de nossas crianças, 
adolescentes e jovens e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. 
Nesse sentido, é importante que a educação musical escolar, seja ela ministrada 
pelo professor unidocente ou pelo professor de artes e/ou música, tenha como 
propósito expandir o universo musical do aluno, isto é, proporcionar-lhe a vivência de 
manifestações musicais de diversos grupos sociais e culturais e de diferentes 
gêneros musicais dentro da nossa própria cultura. (p. 181). 
 
Por meio da fala das autoras constatamos as finalidades do conteúdo musical no currículo 
escolar. Assim sendo, o professor deve ter como proposta colocar os alunos em contato 
com uma gama maior de estilos e gêneros, proporcionando a diversidade e expandindo o 
universo musical dos mesmos. Dessa forma ele fortalecerá os traços culturais já existentes 
e também poderá fazer com que entendam e respeitem os gostos e a cultura de outras 
pessoas. 
Nas aulas de música em grupo são trabalhados aspectos como, por exemplo, o respeito 
pelos colegas, a cooperação que as atividades realizadas em coletivo exigem e a união da 
turma na busca de alcançar objetivos que sejam comuns a todos, como por exemplo, 
cantar e dançar em roda ao mesmo tempo. Dessa maneira, fortalecemos a ideia de que 
este conteúdo específico deve ter seu lugar reservado nas grades curriculares escolares. A 
educadora Hentschke (1995) destaca algumas razões que justificam a presença da 
educação musical nas escolas: 
 
 
 
 
Entre elas, estão proporcionar à criança: o desenvolvimento das suas habilidades 
estéticas e artísticas, o desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um 
sentido histórico da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical 
de seu meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o 
desenvolvimento da comunicação não-verbal. (apud JOLY, 2003, p. 117). 
 
Constatamos que os conteúdos musicais devem ser desenvolvidos nas aulas de música 
paracrianças, mas outras habilidades como a socialização, a afetividade, a criatividade, a 
imaginação, a comunicação entre outros, também estarão sendo trabalhadas 
simultaneamente. De acordo com o RCNEI: 
 
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim 
como a promoção de integração e comunicação social, conferem caráter significativo 
à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que 
por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na 
educação infantil, particularmente. (BRASIL, 1998, p. 45). 
 
 Podemos verificar que todas essas características que a linguagem musical pode 
proporcionar através da aula de música justificam a sua presença na educação infantil. 
Para Guilherme (2006) isso deve-se ao fato de que: “A música é um dos estímulos mais 
potentes para ativar os circuitos do cérebro na infância. Os estudos atuais apontam que a 
janela de oportunidade musical, ou a inteligência musical, abre-se aos 3 anos e começa a 
se fechar aos 10 anos”(p. 158). Assim sendo, essa faixa etária torna-se o momento ideal 
para que ocorram os primeiros estudos musicais por meio do processo de musicalização 
com as crianças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O conceito de musicalização 
 
De acordo com a educadora musical Gainza (1988) “O objetivo específico da educação 
musical é musicalizar, ou seja, tornar o indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, 
promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical”. (p. 101). Para Penna 
(2008) musicalizar é: 
 
[...] desenvolver os instrumentos de percepção necessários para que o indivíduo 
possa ser sensível à música, apreendê-la, recebendo o material sonoro/musical 
como significativo. Pois nada é significativo no vazio, mas apenas quando 
relacionado e articulado ao quadro das experiências acumuladas, quando compatível 
com os esquemas de percepção desenvolvidos. (p. 31). 
 
Como podemos verificar por meio das autoras, nesse processo desenvolvem-se a 
sensibilidade e a percepção ao som, atribuindo-lhe qualidades. A criança dessa maneira 
conseguirá compreender melhor as músicas que a rodeiam e é assim que estas começam 
a fazer sentido na vida da mesma. Verificamos que ambas as autoras focam suas 
atenções na sensibilização para o som, que faz parte dos conteúdos musicais, mas 
existem outros tipos de aprendizagem que podem estar relacionados a essas aulas? Outro 
ponto de destaque nos RCNEI diz que a aprendizagem musical é uma forma de 
conhecimento e expressão que deve estar ao alcance de bebês e crianças, incluindo as 
que apresentem necessidades especiais. Além disso, enfoca que a linguagem musical é 
uma importante fonte para o desenvolvimento humano e também uma ferramenta valiosa 
de transformação e integração social. 
Verificamos que embora sejam nos conteúdos musicais que a Educação Musical deva 
construir suas justificativas para sua presença não só no contexto escolar (seja ele em que 
nível for), mas também na grade curricular escolar, podemos constatar que ela também 
pode proporcionar diversos outros tipos de aprendizagens nos alunos. A partir das 
reflexões obtidas no decorrer do estudo do referencial teórico, a questão norteadora para a 
coleta e análise de dados foi: Quais são as aprendizagens que podem ocorrer em uma 
 
 
 
aula de musicalização no contexto escolar de educação infantil? Com a intenção de 
responder os questionamentos e as curiosidades levantadas no decorrer do trabalho 
buscou-se alcançar o objetivo de observar, descrever e analisar quais foram as 
aprendizagens que podem ocorrer nas aulas de musicalização. 
 
A abordagem utilizada no trabalho foi a pesquisa-ação que consiste em um 
processo cíclico onde a prática é sempre transformada pela reflexão. Para Tripp (2005) 
nesse tipo de pesquisa: 
 
[...] se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e 
investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma 
mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, 
tanto a respeito da prática quanto da própria investigação. (p.445-446). 
 
 Podemos ressaltar que na pesquisa-ação a prática está em constante transformação, 
transformando a atuação do investigador nas suas ações. Para Franco (2005) quando o 
pesquisador opta por trabalhar com essa metodologia: 
 
[...] por certo tem a convicção de que pesquisa e ação podem e devem 
caminhar juntas quando se pretende a transformação da prática. No 
entanto, a direção, o sentido e a intencionalidade dessa transformação 
serão o eixo da caracterização da abordagem da pesquisa-ação. (p. 485). 
 
No contexto escolar, essa metodologia pode beneficiar a prática educativa em sala de aula. 
Para Tripp (2005) “A pesquisa-ação educacional é principlamente uma estratégia para o 
desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas 
pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos” [...] 
(p. 445). Percebemos que tanto educador (pesquisador) como educando são beneficiados, 
pois por meio da ação podem ser identificados quais aspectos do processo de ensino e 
aprendizagem podem ser modificados em busca de aperfeiçoar o ensino em sala de aula. 
 
 
 
A reflexão sobre essa ação proporciona ao investigador uma forma de transformar seu 
trabalho em busca de melhorias na sua prática educacional. 
 [...] a transformação é previamente planejada, sem a participação dos sujeitos, e 
apenas o pesquisador acompanhará os efeitos e avaliará os resultados de sua 
aplicação, essa pesquisa perde o qualificativo de pesquisa-ação crítica, podendo ser 
denominada de pesquisa-ação estratégica. (p. 486). 
 
 
[...] é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador se debruça no intuito de 
construir detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes momentos da 
pesquisa. Demanda um uso sistemático que se estende desde o primeiro momento 
da ida ao campo até a fase final da investigação. Quanto mais rico for em anotações 
esse diário, maior será o auxílio que oferecerá à descrição e à análise do objetivo 
estudado. (p. 64). 
 
O canto 
 
O canto esteve presente em todas as aulas por meio de canções, sempre com as 
adequações necessárias para se ajustar a tessitura vocal dos alunos. O repertório utilizado 
foram músicas infantis, folclóricas e brincadeiras de roda. Para Brito “A cultura popular e, 
especialmente, a música da cultura infantil são ricas em produtos musicais que podemos e 
devemos trazer para o ambiente de trabalho das creches e pré-escolas”. (BRITO, 2003, p. 
94). O meio da fala das crianças “eu conheço essa música!” que essas músicas já estão 
presentes no seu cotidiano dentro e fora da escola, mas nas aulas elas puderam ser 
trabalhadas de maneira mais criteriosa com cuidados com a afinação e também com a 
forma como elas cantam cuidando para que não forcem a voz. De acordo com Fonterrada 
“A voz infantil se desenvolve pela prática e a repetição é um fator fundamental. Daí a 
importância de que lhe seja oferecido um modelo vocal de qualidade, pois é a partir dele 
que sua voz se desenvolverá”. (FONTERRADA, 2005, p. 188). Para Joly se a criança “for 
solicitada a cantar, por exemplo, perceberá com alguma orientação e pouca dificuldade, as 
diferenças entre cantar e gritar”. (JOLY, 2000, p. 11). Nas aulas buscava-se deixar claro 
para elas que cantar forte não é o mesmo que gritar, nesses momentos algumas crianças 
comentavam que gritar poderia prejudicar a garganta deixando-as com dores e rouquidão. 
 
 
 
 
Quando uma nova canção era apresentada, primeiramente trabalhávamos a letra com o 
ritmo, na sequência era tocada a melodia na flauta doce e por último cantávamos todos 
juntos com o acompanhamento harmônico do violão. Como podemos verificar em Granja 
(2006): 
Cantar um simples “Parabéns pra você”, juntamentecom outras pessoas, requer 
habilidades de escuta notáveis, que ocorrem de maneira quase inconsciente: a 
busca de uma tonalidade comum, a coordenação dos ritmos, a articulação entre a 
palavra e a melodia, entre outras. (p. 66). 
 
É interessante verificarmos a quantidade de habilidades musicais que estão sendo 
desenvolvidas no ato de cantar em grupo. Brito (2003) reforça a idéia acima, pois segundo 
a autora “Cantando coletivamente, aprendemos a ouvir a nós mesmos, ao outro e ao grupo 
todo”. (BRITO, 2003, p. 93). Por meio dessa coletividade conseguimos encontrar algo que 
seja comum e unificador para o grupo naquele momento. Pensando na integração do som 
com o corpo e nas reações que este apresenta na presença do primeiro, se faz necessário 
dar liberdade para as crianças expressarem-se também por meio do canto. Como salienta 
Brito (2003): 
É certo que música é gesto, movimento, ação. No entanto, é preciso dar às crianças 
a possibilidade de desenvolver sua expressão, permitindo que criem gestos, que 
observem e imitem os colegas e que, principalmente, concentrem-se na 
interpretação da canção, sem a obrigação de fazer gestos comandados durante o 
tempo todo [...] (p. 93). 
 
Por diversas vezes, as crianças trocaram e inventaram uma nova letra para a canção, 
achando esse processo divertido e engraçado. Outro fato recorrente era o de criar gestos 
enquanto cantavam, eles imitavam os gestos dos colegas ou fingiam que estavam tocando 
um instrumento musical. Em uma aula um menino relatou que não gostava de cantar, foi 
proposto que o mesmo não precisa assim fazer, mas que seria importante que continuasse 
na roda com os colegas. Mesmo não cantando como os colegas, ele ficou gesticulando na 
canção o que pode ser considerada como uma participação na atividade. 
 
 
 
 
O Repertório 
As crianças em um repertório que não estava presente na escola. Entre as obras do 
repertório escolhido podemos destacar o “Andantino Op. 139 nº 1” do compositor 
Mauro Giuliani e o “Adágio” do compositor Johann Kaspar Mertz ambos tocados no 
violão, a “Sagração da Primavera” do compositor Igor Stravinsky (CD), “Tontinha” do 
grupo Anima (CD), “Gavota Choro” e o “Trenzinho do Caipira” do compositor Heitor 
Villa Lobos (CD). Dessa forma foram trabalhadas músicas de diferentes estilos e 
gêneros entre eles podemos destacar o estilo Clássico, o Romântico e o 
Contemporâneo e gêneros populares como o Baião e o Choro. Como podemos 
constatar em Fonterrada, para o educador Rao “a criança deve ser posta em contato 
desde cedo com a literatura musical, pois somente assim sua musicalidade se 
desenvolverá com tranqüilidade e sem sobressaltos”. (FONTERRADA, 2005, p. 
188). Verificamos a importância dessas audições para o ensino musical da criança, 
além disso, é importante destacar que a mesma começa a ter contato com um 
repertório diferenciado se compararmos com as canções da cultura infantil que ela 
normalmente tem acesso. Segundo Joly (2000): 
 
A expressão Corporal 
 
[...] o professor de música está inserido num ambiente privilegiado, à medida que tem 
um contato constante com obras-primas de grandes mestres da música, com 
manifestações folclóricas e culturais de seu povo, e contato com as expressões 
musicais do mundo contemporâneo, de forma que possa criar boas oportunidades de 
desenvolvimento cultural de seu aprendiz. (p. 69). 
 
Por meio desse repertório variado foi proporcionado para a turma um momento de 
enriquecimento cultural, onde puderam conhecer por meio da escuta outras formas de 
produção musical. As conversas sobre as impressões das crianças foram realizadas 
sempre que o som terminava, nessas discussões elas falavam sobre os instrumentos que 
executavam na obra e o que sentiam durante a escuta como, por exemplo, medo, alegria e 
tranquilidade. 
 Inicialmente as propostas eram apenas de escuta, com objetivos de proporcionar um 
repertório diversificado, mas quando era colocado um som ou uma música e era cobrada a 
 
 
 
 
escuta silenciosa, foi identificado que algumas crianças não conseguiam ficar paradas e 
quietas em seus lugares, começavam a expressar corporalmente o que estavam 
escutando, então foi decidido que essa parte dos movimentos livres deveria ser uma parte 
importante da aula. Segundo Fonterrada para o educador musical Willems “A escuta 
sensível raramente vem só, sendo acompanhada por efeitos autônomos, concomitantes e 
consecutivos, de ordem física e mental”. (FONTERRADA, 2005, p. 131). Nas atividades a 
proposta era trabalhar essa expressividade que aparentemente já carregavam com elas, 
antes de colocar a música ou tocá-la no violão era combinado que elas podiam se 
movimentar ou dançar da maneira como quisessem e que deveriam aproveitar o espaço da 
sala para isso. A única restrição era com relação uma tentativa de minimizar os conflitos 
entre eles como empurrões e evitar que ficassem caindo no chão já que algumas vezes 
elas tropeçavam uma nas outras. Fonterrada destaca que na proposta do educador 
musical Orff existe uma “grande ênfase no movimento corporal e na expressão plástica, 
interligados à experiência musical”. (FONTERRADA, 2005, p. 148). Nesse tipo de atividade 
não havia um certo ou errado, mas sim era permitido que as crianças ficassem livres (sem 
movimentos pré-estabelecidos) para expressarem a música da maneira como a 
compreendiam. 
Durante a execução do Andantino Op. 139 nº 1 do compositor Mauro Giuliani, elas se 
movimentavam de forma expressiva. Quando foram questionadas sobre a forma como 
dançaram disseram que “fizeram por graça”, mas elas conseguiram representar de 
maneira clara uma parte da música e sua intensidade. Por meio de seus movimentos elas 
representavam um trecho tocado forte com movimentos rápidos e curtos e quando o trecho 
era fraco elas faziam movimentos lentos e amplos. Como ressalta Fonterrada para 
Dalcroze “As estruturas musicais vão sendo abordadas nas próprias atividades, de modo 
que, dirigidas pela escuta, as pessoas expressem o que ouvem por meio de movimentos”. 
(FONTERRADA, 2005, p. 123). Quando a música chegou à parte final a Coda3 as crianças 
 
 
 
 
 
conseguiram mesmo que de forma inconsciente expressar por meio de movimentos e 
gestos toda a dinâmica desse trecho. 
No Adágio do compositor Johann Kaspar Mertz , elas também dançaram de forma bem 
expressiva, essa música possuía um andamento mais lento do que a anterior. Algumas 
meninas da turma perguntaram se a música era de “bailarina”, foi respondido que não, mas 
que combinava devido a esse caráter lento e bem expressivo. Essas alunas fazem aulas 
de ballet, assim a dança torna-se uma forte referência para as mesmas. 
Na música “A volta da Asa Branca” de Gilberto Gil onde foi utilizado o recurso do rádio e 
CD, as crianças deveriam andar livremente se movimentando (dançando) pela sala quando 
ouviam a voz do cantor, quando tocava a parte instrumental elas deveriam se movimentar 
(dançando) paradas no local. Os objetivos da atividade eram: desenvolver a percepção da 
música com e sem a presença da voz, desenvolver a concentração e a expressão corporal 
de forma livre. As crianças demonstraram euforia ao se movimentar expressando o caráter 
alegre e contagiante do som que escutavam, dançaram em pequenos grupos e aos poucos 
foram entendendo o momento correto onde deveriam andar e parar. Como ressalta 
Fonterrada para Dalcroze 
 
“O corpo expressa a música, mas também transforma-se em ouvido, transmutando-
se na própria música. No momento em que isso ocorre, música e movimento deixam 
de ser entidades diversas e separadas, passando a constituir, em sua integração 
com o homem, uma unidade”. (FONTERRADA, 2005, p. 120). 
 
Dessa forma as crianças reproduziam por meio de expressões corporais conscientes ou 
não aquilo que escutavam e utilizavam-se do próprio corpo para exteriorizar essa 
percepção.Aprendizagens não musicais 
 
 Nessa parte são apresentados outros tipos de aprendizagens que ocorrerão nas aulas de 
musicalização, entre elas estão as regras, o convívio com os colegas, o respeito e a 
afetividade, que poderão contribuir para a formação humana das crianças. Para que as 
aulas pudessem acontecer e o planejamento pudesse ser colocado em prática, fez-se 
necessário o estabelecimento de algumas regras que nos ajudaram a atingir tais objetivos. 
De acordo com Chateau “A regra é a ordem posta em nossos atos”. (CHATEAU, 1987, p. 
62). Para que possamos conviver de maneira pacifica na sociedade é importante o 
cumprimento de regras que são estabelecidas nas nossas relações com o outro. Ainda 
segundo o autor “obedecendo à regra, a criança procura ainda afirmar o seu eu. [...] a 
submissão à regra social é um dos meios de que a afirmação do eu pode se utilizar para 
sua realização. A regra é o instrumento da personalidade”. (CHATEAU, 1987, p. 55). Por 
meio dela a criança se compreende no mundo em que vive e entende como funcionam as 
relações sociais presentes na sua vida. 
Combinamos algumas dessas regras que deveriam ser respeitadas para que a aula 
pudesse ser desenvolvida, entre elas podemos destacar: a permanência na roda mesmo 
para as crianças que diziam não gostar de música (nos momentos em que fosse 
necessário), fazer silêncio quando era solicitado (as mãos fechadas representavam essa 
regra) e nas atividades com movimento ou locomoção pelo ambiente elas não deveriam 
agarrar os amigos e ficar caindo no chão (nesse último muitas vezes elas caiam e outros 
colegas tropeçavam ou pisoteavam que estava no chão). 
 Nas aulas foi constatado que a prática musical em grupo contribuiu para o 
desenvolvimento de uma união do mesmo, nos momentos em que deveriam trabalhar em 
equipe como, por exemplo: no canto coletivo, essa colaboração se fez presente. Para Brito 
 
 
 
 
 
quando cantamos coletivamente “desenvolvemos também aspectos da personalidade, 
como atenção, concentração, cooperação e espírito de coletividade”. (BRITO, 2003, p. 93). 
Percebemos que a partir do desenvolvimento da própria concentração a criança começa 
também a utilizá-la em benefício do grupo, trabalhando para a realização do combinado. 
Em certa ocasião, as crianças chamaram um aluno que havia saído da roda para voltar, 
esse menino não demonstrava muito interesse nas aulas. Por diversas ocasiões ele foi 
solicitado a participar das atividades, suas participações eram sempre elogiadas, mas por 
diversas vezes ausentava-se por vontade própria. Demonstrávamos satisfação em vê-lo 
participar das atividades, mas nessa aula foram as crianças que apresentaram essa 
necessidade de estarem juntos. Como ressalta Chateau “O homem atrai o homem, é um 
fato. Tudo se passa como se, em cada um de nós, houvesse uma espécie de pré 
conhecimento e como uma necessidade do outro. O sorriso, primeira reação social, é a 
melhor prova disso”. (1987, p. 44). Ainda sobre essas relações humanas, Granja afirma 
que “ninguém se constitui sozinho no mundo. Cada pessoa se constitui como um nó de 
uma complexa rede de relações sociais e, dessa forma, sempre depende do outro”. 
(GRANJA, 2006, p. 103). Podemos verificar a necessidade do ser humano de se 
relacionar, assim as crianças sentiram falta da presença do colega, pois era importante 
para eles que o mesmo estivesse presente com o grupo na brincadeira. 
 Para terminar as aulas que ocorriam no período da tarde cantávamos a canção “Com a 
música sou mais feliz”, na parte final a letra dizia: “com a música sou mais feliz”, em uma 
aula duas alunas se abraçaram e sorriram, foi um belo gesto de carinho por parte delas. 
Podemos destacar aqui a construção e manutenção dos laços afetivos presentes na vida 
das crianças. 
 
 
 
 
 
 
 
CONDERAÇÕES FINAIS 
 O ensino de música pode proporcionar às crianças da educação infantil, bem 
como verificar a importância do seu aprendizado e sua contribuição na 
socialização das crianças e perceber as formas de interação desta com os 
demais eixos de trabalho. 
Apontar a maneira que a música pode ser trabalhada nas salas de aula da educação 
infantil e entender o significado da música enquanto ferramenta pedagógica também 
foram destacadas neste estudo. Com esta pesquisa verificar se que a música deve ser 
trabalhada com brincadeiras e canções, aqui compreendidas como atividade de canto 
liderado pelo educador e acompanhadas pelas crianças de forma criativa. 
É com base no dia a dia com a música na sala de aula, com as atividades 
desenvolvidas pelos professores no cotidiano da educação infantil e das experiências 
pessoais com a música, que nascerá uma prática pedagógica que contemple a música 
como elemento importante que venha a colaborar com o trabalho e o desenvolvimento 
da criança. 
A música aliada ao ensino é entendida por muitos autores pesquisados como 
importante ferramenta pedagógica. O ensino de música aqui discutido não é o de 
formação de instrumentistas, concertistas e nem dominar instrumentos ou cantar 
almejando uma carreira profissional como músico. O aluno pode sim no futuro almejar 
uma dessa carreiras, mas o ato do professor cantar, trabalhar a música ou tocar alguns 
instrumento, deve ter como objetivo o desenvolvimento da criança, aliando a música a 
elementos pertinentes do currículo da educação infantil. 
Sendo assim para que seja repensado o papel da música na educação infantil, não só 
criticando os professores, mas revendo sua formação, os recursos que eles tem a sua 
disposição, e tentando ressignificar a música na educação infantil, mostrando que é 
possível uma prática consistente com a música na educação infantil. Acredito ser 
importante que as professoras tenham essa consciência, mas ainda são necessárias 
 
 
 
politicas que envolvam a formação dos professores para atuação com música e 
melhores recursos para seu trabalho em sala. 
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