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"Polychaeta" 1 "Polychaeta" Características Gerais Do grego Poly + chaeta = "muitas cerdas". 65% das espécies de Annelida. 5 à 10cm em média 1mm-3m) Maioria marinhos. Filtradores, predadores e alguns detritívoros. Grande diversidade de formas, cores e modos de vida. Podem ser divididos em 2 grupos gerais: Errantes (espécies móveis) e Sedentários. Anatomia Externa Cabeça bem definida com órgãos sensoriais especializados Presença de PARAPÓDIOS em todos os segmentos verdadeiros. Típicamente bilobados: Notopódio e Neuropódio. Imagem: Pechenik, Jan A. 2016. Biologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 2 Possuem funções de locomoção, proteção, ancoragem dentro do tubo ou da galeria e trocas gasosas. Geralmente são usados para rastejar e funcionam como os principais órgão respiratórios, apesar de que alguns poliquetas também tenham brânquias (que se localizam próximo aos parapódios). Contêm muitas CERDAS, também chamadas SETAS, organizadas em feixes nos parapódios. Essas setas podem ser quitinosas, silicosas ou calcárias. Imagem: Hickman. 2016. Princípios Integrados de Zoologia. "Polychaeta" 3 PROTOSTÔMIO que pode ou não ser retrátil que frequentemente apresentam: olhos 1 ou mais pares), palpos, tentáculos e cirros. O PERISTÔMIO circunda a boca e pode ter cerdas, palpos ou mandíbulas quitinosas, no caso de predadores. Possuem uma FARINGE que pode ser evertida. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. Imagem: Brusca,R.C. 2016. Invertebrados. "Polychaeta" 4 Anatomia Interna Digestão Assim como nos outros invertebrados protostômios, a parte posterior e anterior do tubo digestivo desses animais são resultado de invaginações da ectodérmicas e apenas a porção central do tubo digestório é derivada da endoderme. A PORÇÃO ANTERIOR do tudo digestório geralmente é adptado ao modo de vida do animal. Glândulas Salivares geralmente estão presentes nessa porção. Em alguns animais essa região pode produzir muco para auxiliar a deglutição do alimento, além de produzir enzimas que já iniciam o processo de digestão química do alimento. É na PORÇÃO MEDIANA do tubo digestório que ocorre a maior parte da digetão química do alimento e a absorção dos nutrientes. Essa região pode ser apenas um cilindro sem especializações, ou possuir dobras e pregas para aumentar a superficie de contato. Geralmente, a parte anterior contém células que secretam as enzimas digestivas, enquanto a posterior é especializada para a absorção de nutrientes. A digestão é predominantemente extracelular. A PORÇÃO TERMINAL do tubo digestório encontra- se revestida por cutícula e é composta por um reto curto e o ânus, que é a abertura do pigídio. O movimento do alimento ao longo do trato digestório é realizado por movimentos peristálticos de uma musculatura própria, a qual é composta por uma camada circular mais interna e outra longitudinal externa, auxiliados pelo batimento da densa ciliação que reveste o epitélio intestinal, bem como pelos próprios movimentos corporais do animal. ABERTURA ORAL → FARINGE (associada ou não à glândulas de veneno ou produtoras de muco) → PORÇÃO ANTERIOR DO "Polychaeta" 5 ESÔFAGO → PORÇÃO TERMINAL DO ESÔFAGO → ESTÔMAGO → INTESTINO LONGO (geralmente do tamanho do corpo do animal) → RETO (curto) → ÂNUS (com abertura no pigídio). Circulação Sistema Circulatório fechado. VASO DORSAL: transporta o sangue em direção anterior. VASO VENTRAL: transporta o sangue em direção posterior. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 6 Todos os vasos e seios sanguíneos são revestidos APENAS por tecido conjuntivo, NÃO apresentando um endotélio como nos vertebrados. Não há um coração prorpiamente dito, entretanto, o vaso dorsal leva o sangue oxigenado com alta pressão à cabeça. Além disso, podem haver vasos secundários muito musculares que ajuda na distribuição do sangue. E os movimentos corporais também ajudam. Há grande variedade de pigmentos respiratórios nos Annelida. Podem ser encontrados no sistema hemal, celômico ou em ambos. Além disso, podem estar também nos músculos e no sistema nervoso. Se estiverem no sistema hemal, estarão dissolvidos no plasma sanguíneo, mas se estiverem no celômico se localizarão dentro das celulas em corpúsculos celomócitos, pois como possuem alto peso molecular e por consequência um grande potencial osmótico, caso estivessem fora das células do celoma comprometeria a osmorregulação desses animais, uma vez que o celoma tem contato com o meio externo. Hemocianina é completamente ausente nesse filo e a hemoglobina é o mais comum. Em Polychaeta além da hemoglobina (vermelha), também são comuns: clorocruonina (verde) e hemoeritrina (violeta). Imagem: Pechenik, Jan A. 2016. Biologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 7 Nas formas que apresentam brânquias diferenciadas, é comum estarem presentes “corações” na base destes órgãos, na forma de dilatações musculares dos vasos que neles penetram. CURIOSIDADE Nas espécies que vivem na zona entremarés, há falta de suprimento de oxigênio na maré baixa, quando a disponibilidade de água fica bastante reduzida e a pequena quantidade existente dentro dos tubos e das galerias fica aprisionada. Na maré alta, quando o suprimento de água é maior, muitos desses animais armazenam oxigênio em moléculas de hemoglobina com alta afinidade pelo mesmo, como a mioglobina e a neuroglobina, e reduzem o metabolismo na maré baixa, passando a utilizar o oxigênio armazenado. Excreção Alguns produtos de excreção são eliminados pela superfície geral do corpo, mas a maioria da excreta é eliminada por nefrídios. Geralmente, em cada segmento do corpo desses animais existem dois nefrídios, cada um aberto em ambas extremidades e são chamados de METANEFRÍDIOS. FLUIDO CELÔMICO → NEFRÓSTOMA → NEFRÍDIO → TUBOS DO NEFRÍDIO → ABSORÇÃO SELETIVA DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS → NEFRIDIÓPORO → URINA. Os nefrídios, além de fornecer saída para excretas metabólicas, podem ser utilizados para regular o conteúdo de água do fluido celômico. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 8 Trocas Gasosas Respiração cutânea e branquial. BRÂNQUIAS: estruturas com maior irrigação sanguínea e que recebem sangue sob maior pressão, por causa dos vasos musculares e contráteis em suas bases, além de possuírem maior superfície de contato para as trocas gasosas. Sistema Nervoso Evoluiu a partir de um padrão em “escada de mão”, semelhante ao encontrado em platelmintos e moluscos, por exemplo. Ao longo da linha evolutiva dos anelídeos, ocorreu uma tendência à fusão do par de cordões ventrolaterais em uma única estrutura medioventral. Imagem: Pechenik, Jan A. 2016. Biologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 9 GÂNGLIOS PODAIS: responsáveis pela coordenação dos movimentos parapodiais, em conjunto com os nervos das camadas musculares circular e longitudinal. NERVOS ENTOMOGÁSTRICOS: responsáveis pela eversão da faringe. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 10 Locomoção Os parapódios e cerdas possuem um papel importante na locomoção desses animais, seja qual for o tipo de estratégia utilizada por eles. Os parapódios NÃO são apêndices que fornecem apoio para o movimento de andar, funcionam de forma semelhante a um remo, "empurram" o substrato para que o animal se desloque no sentido contrário, no caso dos errantes. Nos sedentários, as cerdas são projetadas contra o tubo, para que haja tração e animal realize o movimento. Movimento de Escavação Peristáltica Movimento em "S" Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 11 Modos de Vida Predominantemente marinhos, que vivem enterrados nas praias, e mais no fundo dos oceanos. Tomada de Alimento Podem ser predadores, detritívoros(seletivos ou não), filtradores ou simbiontes. Utilizam a faringe eversível associada a glândula de muco ou presença de outras estruturas como mandíbula, maxilas, dentículos, além de papilas moles que facilitam a ingestão do alimento. Quando a faringe é retraída, o alimento é puxado para o interior e, então, uma série de dentículos quitinosos, denominados de paragnatas, e/ou papilas moles, situados na faringe, ficam em contato direto com o mesmo. Por ação da musculatura faríngea e da parede do corpo dos segmentos anteriores, estes dentículos e estas papilas realizam uma trituração mecânica parcial do alimento. Já os poliquetas suspensívoros ou filtradores, que, geralmente, vivem em tubos, utilizam palpos especializados, por vezes, transformados em uma coroa de tentáculos para filtrar partículas suspensas na coluna d’água. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 12 Reprodução e Desenvolvimento Reprodução Assexuada Comum de ocorrer, principalmente nos Polychaeta. Utilizado para a regeneração de partes perdidas (com a formação de uma zona de crescimento secundária) ou na reprodução, principalmente na colonização de ambientes com grande disponibilidade de espaço e de alimento. ARQUITOMIA: quando o indivíduo parental, ao adquirir determinado tamanho e, na presença de espaço e alimento abundantes, mediado por neurossecreções, fragmenta o corpo em diversos pedaços e cada um destes originará um novo indivíduo completo. PARATOMIA: também mediado por neurossecreções, células epidérmicas do indivíduo parental proliferam -se para o interior do corpo, nos septos intersegmentares, formando macrosseptos, que isolam os segmentos posteriores daqueles anteriores ao septo. A parte imediatamente anterior ao macrossepto diferencia uma zona de crescimento secundária e passa a produzir novos segmentos e o pigídio, enquanto aquela imediatamente posterior a ele se diferencia em uma nova cabeça. Sucessivos macrosseptospodem ser formados ao longo do corpo parental, sempre da parte posterior para a anterior, gerando cadeias de indivíduos em diferentes estágios de formação. Os novos indivíduos vão liberando se do corpo parental na medida em que a sua formação está completa. Reprodução Sexuada Gônadas verdadeiras não existem em poliquetas, ao invés, os gametas são produzidos por células especiais contidas na camada peritonial. "Polychaeta" 13 A liberação dos gametas para o meio externo pode ocorrer por meio dos celomodutos, por nefrídios ou ainda, mais comumente, por ruptura da parede do corpo, com a consequente morte dos indivíduos parentais. Em alguns casos raros a liberação dos gametas pode ocorrer pelo ânus. O controle da reprodução, principalmente no tocante à produção e liberação de gametas, ocorre por meio de neurossecreções cerebrais, que podem ser inibidoras em altas concentrações. Em um grupo tão diversificado como poliquetas, há muitas exceções deste padrão generalizado. Há diversos casos de espécies secundariamente hermafroditas, fato que não está relacionado com nenhum grande grupo em particular. EPITOQUIA: Os indivíduos apresentam duas fases distintas: ÁTOCOS e EPÍTOCOS. Na fase átoca, geralmente de longa duração, os indivíduos têm uma existência de vida livre bentônica. Em períodos reprodutivos, ou os indivíduos átocos metamorfoseiam- se e transformam -se em epítocos, ou produzem indivíduos epítocos, com o objetivo específico de participarem da reprodução sexuada. Imagem: Pechenik, Jan A. 2016. Biologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 14 As formas epítocas apresentam muitas diferenças morfológicas e fisiológicas, a fim de que se tornem aptas a viver uma fase planctônica de curta duração na coluna d’água. Apresentam olhos, parapódios, antenas e cirros mais desenvolvidos, bem como cerdas modificadas e adaptadas à natação. Fisiologicamente, os epítocos geralmente não apresentam sistema digestório e têm o celoma totalmente preenchido por gametas, transformando se em meros sacos de ovos. ENXAMEAMENTO: fenômeno em que milhares de epítocos na coluna d'água formam um espetáculo deslumbrante. Todos os epítocos de uma espécie, motivados pela liberação de feromônios e também por outros estímulos, como o luminoso, sobem para a coluna d’água simultaneamente. Os parceiros epítocos encontram se na coluna d’água, com os machos, em muitos casos, nadando ao redor das fêmeas. Então, ambos liberam os gametas na água, por ruptura da parede do corpo. A fecundação ocorre na água do mar, originando uma larva planctônica. Formação de epítocos: Epigamia: o próprio indivíduo átoco transforma se em epítoco, sofrendo modificações em todo o corpo ou apenas em determinadas partes, ocorrendo o aumento do tamanho dos olhos, das antenas e dos cirros ao longo do corpo, além da produção de cerdas em forma de remo, mais adaptadas à natação. Este tipo de epítoco pode liberar os gametas por "Polychaeta" 15 ruptura da parede do corpo, morrendo em seguida ou fazê - lo pelos nefridióporos. Esquizogamia: indivíduos epítocos são formados assexuadamente a partir dos átocos. Os átocos conservam seus hábitos bentônicos, não se envolvendo na fase sexuada da reprodução, enquanto os epítocos migram para a coluna d’água assim que produzidos, liberam os gametas e morrem. Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados. "Polychaeta" 16 Imagem: Fransozo, Adilson. 2017. Zoologia dos Invertebrados.
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