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Calculose Biliar

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CALCULOSE BILIAR 
 
 
 
 
 
 O termo “calculose” ou “litíase biliar” 
pode ser definido no seu conceito mais 
amplo como a presença de concreções, 
sejam elas cálculos (> 3 mm) ou barro 
biliares (< 3 mm) na vesícula, nos ductos 
biliares ou em ambos. 
 
 
 
 
 A composição da bile compreende água, colesterol, fosfolípides (lecitina), sais biliares, 
bilirrubina conjugada, proteínas e eletrólitos,13 sendo o colesterol,os fosfolípides e os sais 
biliares os elementos mais importantes para a manutenção da solubilidade do conteúdo biliar. 
A variação nas características e na proporção entre esses elementos pode alterar o equilíbrio, 
favorecendo a supersaturação biliar de colesterol e o desenvolvimento da calculose. Os 
hepatócitos da parte final do espaço portal sintetizam a bile contendo solutos orgânicos 
(colesterol, ácidos biliares, fosfolipídios e pigmentos biliares). Na sequência da síntese, os sais 
biliares organizam-se em micelas simples e o colesterol agrega-se aos fosfolípides formando 
vesículas unilamelares, semiestáveis; sob essa forma o colesterol é transportado para a 
vesícula e, durante o processo de passagem pelo trato biliar, vários agregados lipídicos são 
convertidos em micelas mistas que promovem a solubilização do colesterol. Se o teor de 
colesterol na bile exceder a capacidade de solubilização pelas micelas mistas, ocorre a 
formação de bile supersaturada ou litogênica, com vesículas multilamelares menos estáveis e 
ricas em colesterol, que podem se fundir e propiciar a formação de cristais de mono-hidrato de 
colesterol, iniciando o processo de nucleação que é facilitado pelas glicoproteínas secretadas 
pela vesícula biliar. 
 
 
 
 
Cálculos de colesterol: representam 80% dos cálculos biliares e resultam de alterações na 
homeostase do colesterol na bile (saturação maior que a capacidade de solubilização pelos sais 
biliares e fosfolípides), hiperprodução de colesterol versus hipossecreção de sais biliares e 
lecitina (resultando em nucleação do colesterol e formação de cristais). Entre os cálculos de 
colesterol, existem os chamados puros compostos principalmente de colesterol, que são 
maiores e menos numerosos, às vezes únicos, e os mistos com mucina, menores e em geral 
múltiplos. Sua formação compreende a sequência: vesículas multilamelares – nucleação – 
cristais – barro biliar – cálculos. 
 
Cálculos negros: formados de colesterol + bilirrubina não conjugada + mucina (matriz). São 
mais radiopacos que os de colesterol; ocorrem quando há elevação da bilirrubina indireta e 
estão associados a doenças hemolíticas crônicas22 e eritropoiese ineficaz induzida pela 
circulação êntero-hepática de bilirrubina. Outras causas são: hipomotilidade da vesícula biliar, 
DEFINIÇÃO 
FISIOPATOLOGIA 
TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES 
 
CALCULOSE BILIAR 
 
secundária ao diabete melito ou outras condições, nutrição parenteral total e vagotomia 
troncula. 
 
Cálculos marrons: formados de bilirrubinato de cálcio + sais de cálcio + colesterol e ácidos 
graxos. Ocorrem em alguns processos infecciosos, e a cultura da bile na maioria dos casos 
revela a presença de E. coli, atribuindo-se a desconjugação da bile à glucoronidase bacteriana. 
Esses cálculos podem ocorrer em condições de estase biliar, em portadores de divertículos 
duodenais, septicemia e outros estados infecciosos.Estão associados, ainda, a infecções 
bacteriana ou parasitária dos ductos biliares. A ocorrência de parasitas nos ductos biliares 
pode estimular a formação de cálculos, pois os ovos dos parasitas servem de ninho para a 
precipitação de bilirrubinato de cálcio. 
 
 
 
OBS:Fatores de risco para essa condição são: aumento da idade, origem asiática, inflamação 
crônica do ducto biliar e, possivelmente, hipotiroidismo 
 
 
 
 
 Cerca de 60 a 85% dos portadores de calculose biliar são assintomáticos e não requerem 
tratamento preventivamente, exceto em condições de risco. Sintomas dispépticos que, 
frequentemente, são atribuídos à presença de litíase biliar, em geral não constituem expressão 
da doença; um estudo de metanálise indica que apenas a dor no HD, náuseas e vômitos são 
sintomas característicos da colecistolitíase sintomática e caracterizam a cólica biliar, que 
traduz a impactação de cálculo no cístico, provocando espasmos da vesícula. A repetição e a 
frequência desse quadro ou o aparecimento de complicações orientam a necessidade de 
tratamento. Após o primeiro episódio de cólica biliar, a chance de recorrência dos sintomas é 
de 70%. O risco de complicações, tais como colecistite, colangite obstrutiva e pancreatite, 
aumenta de 0,1 a 0,3% por ano após o primeiro episódio de dor.2 Presença de febre, icterícia 
ou colúria durante as crises indica complicações, como: colangite, colecistite ou 
coledocolitíase; nesses casos, costumam ocorrer leucocitose, elevação das aminotransferases 
(TGO e TGP), gama-glutamiltranspeptidase (GGT), fosfatase alcalina e hiperbilirrubinemia do 
tipo conjugada. Quando ocorre impactação do cálculo no canal comum, pode haver 
modificação da dor e elevação da amilase e da lipase, traduzindo um quadro de pancreatite 
aguda de maior ou menor gravidade. 
QUADRO CLÍNICO 
 
 
CALCULOSE BILIAR 
 
 
 
 
A confirmação da litíase biliar e de suas complicações é obtida por meio dos seguintes exames 
de imagem: 
Ultrassonografia (US): o exame mais utilizado e eficaz, principalmente na colecistolitíase. 
Ultrassonografia endoscópica (US-EDA): utilizada para diagnóstico de microlitíase. 
Colangiopancreatografia retrógrada (CPRE): empregada quando se pretende avaliar a árvore 
biliar ou como procedimento terapêutico. 
Tomografia computadorizada (TC): avalia a árvore biliar quando a CPRE não é possível. 
Colangiopancreatografia por ressonância nuclear magnética (CPRNM): substitui a CPRE 
no diagnóstico, mas não permite a realização de procedimentos, exceto quando associada a 
outros métodos. 
 
 
 
Tratado de gastroenterologia : da graduação à pós-graduação / editores Schlioma Zaterka, 
Jaime Natan Eisig. -- 2. ed. -- São Paulo : Editora Atheneu, 2016. 
DIAGNÓSTICO 
 
 
REFERÊNCIA

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