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Amebíase Joyce Emanuelle Moreira – 73B Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais Protozoários • Unicelulares • Eucariontes • Constituídos organelas • Reprodução: - sexuado: HD - assexuada: HI • Formas de vida: - trofozoito; forma ativa (alimenta e reproduz) - cisto e oocisto: forma de resistência - gametas Filo SARCOMASTIGOPHORA • Locomoção por pseudópodes (falso pés), flagelos ou ambos • Reprodução usualmente assexuada • Ex: Entamoeba, Trypanosoma, Leishmania, Giardia, Trichomonas Caso clinico Paciente vem a este serviço queixando-se de dor abdominal tipo cólica e flatulência com diarreia crônica de cerca de 6 anos. Nega febre, tosse e emagrecimento. Criança do sexo masculino, nove anos de idade, raça branca, natural e residente desde sempre em Portugal, com história de ingestão de água não canalizada e contato com cães. Em aparente estado de saúde até nove dias antes do internamento, altura em que inicia quadro clínico de febre alta e dor abdominal. Foi admitido em ambulatório e medicado com azitromicina tendo sido posteriormente internado devido ao agravamento progressivo da sintomatologia e do estado geral. Ao exame destacava-se febre alta com calafrio, hepatomegalia de 4 cm e dor à palpação no hipocôndrio direito. • Caso típico de amebíase extra intestinal • Amebíase hepática: - tríade: febre, hepatomegalia e dor no hipocôndrio • Agente etiológico: Entamoeba histolytica Amebas • Patogênica (agente etiológico) • De vida livre: não depende parasitar para sobreviver - entamoeba, iodameba, endolimax - não tem tratamento -> não causa prejuízo Formas de vida do parasito • Trofozoito -> pre cisto -> cistos -> metacisto • Trofozoíto - forma que invade o intestino - causa prejuízo tecidual no intestino - mononucleado, emissão de pseudópodes, pode conter eritrócitos fagocitados - pode ser liberado nas fezes; sensível ao O2 • Pré-cisto - entre trofozoíto e cisto - menor que trofozoíto. • Cistos - arredondado, 4 núcleos - forma infectante -> ingerido no alimento contaminado - liberados nas fezes contaminando a água e alimentos - sobrevive ao ambiente ácido estomacal, eclode no ID liberando os trofozoítos que se instalam no cólon - importante no diagnostico! • Metacisto - multinucleada; emerge do cisto no ID; sofre divisões dando origem aos trofozoítos Trofozoito • Forma invasiva • Vivem na luz intestinal (IG) podendo penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais • Presente no figado, pulmão, rim e raramente no cerebro -> amebíase extra intestinal • Anaeróbicos • Podem ser encontrados em fezes diarreicas • Alimentam-se por fagocitose e pinocitose • Reprodução: divisão simples ou binária Ciclo biológico • Simples, monoxemico • Ingere o cisto por agua ou alimento contaminado -> sobrevive ao estômago -> eclode no ID -> origina o trofozoito que habita o IG - pode penetrar, perfurar e cair na corrente sanguínea -> fígado, pulmão, cérebro - permanecer no intestino -> cisto -> sai nas fezes • Diagnóstico: presença nas fezes • O cisto em resistência ao suco gástrico! • Se o trofozoito contaminar o alimento a doença não e transmita pois o trofozoito não tem a resistência que o cisto tem Formas clínicas • Assintomática - 80 a 90% dos casos - cistos encontrados nas fezes - E. Dispar • Sintomática - colite não desenterica: diarreia (fezes liquefeitas), cólicas - colite disentérica: disenteria (fezes liquefeitas com sangue); amebomas (massa granulomatosa), úlceras - extraintestinal (hepática, cutânea, pulmonar, cerebral) Colites não desntericas • mais frequente • 2 a 4 evacuações por dia diarreicas ou não • Fezes moles ou pastosas • Desconforto abdominal ou cólica • Pode ocorrer disenteria • Febre pouco frequente • Alternância entre sintomas e normalidade Colite desenterica • Cólicas intestinais e diarreia • Evacuações mucossanguinolentas com cólica intensa, tenesmo ou tremores de frio • 8 ou mais evacuações/dia • Prostração e desidratação • Perfuração no intestino • Em crianças: hospitalização • Perfurações e peritonite: 0,5% dos casos - mortalidade: 40% Complicações da amebíase intestinal • Perfurações, peritonite, hemorragia, colite pós disentéricas e raramente estenose, apendicite e ameboma Extraintestinal • Hepática: - tríade: dor, febre e hepatomegalia • Abscesso (pus que se acumula em tecidos, órgãos ou espaços dentro do corpo): - febre irregular, calafrio, anorexia e perda de peso • Amebíase pleuropulmonar, pericardites • Abscesso cerebral • Baço, rim Fatores que influenciadores de infecção assintomática ou invasiva • Linhagem de E. histolytica • Interação com bactérias (Escherichia coli, Salmonella, Shiguella. Enterobacter, Clostridium) - potencializam ação da E. hystolitica • Reinfecção sucessiva • Fatores do hospedeiro - susceptibilidade genética: síntese das proteínas de defesa - idade - status imunológico - sexo (anal) - estado nutricional: as vitaminas são coenzimas importantes no organismo - dieta - alcoolismo - clima - hábitos sexuais • A ameba pode viver como comensal -> alimenta dos restos no intestino sem nos causar prejuizo Fatores de risco para doença severa e mortalidade • Idade <: sistema imune imaturo • Gravidez: baixa do sistema imune • Corticoesteroides: causa imunossupressão • Ma-nutrição • Alcoolismo • Malignidade • Geralmente relacionado ao hospedeiro Patogenia • Geral: - adesão do parasito e liberação de enzimas proteolíticas: morte do tecido e formação de úlceras (lesões superficiais em tecido cutâneo ou mucoso, conhecidas como feridas- ruptura do epitélio e exposição dos tecidos profundos) - adere -> enzimas proteolítico -> morte do tecido -> pode formar ulcera • Caracterizado por 3 principais eventos: - invasão do parasito - inflamação - morte da célula hospedeira • Contato com parasito-célula hospedeira - morte celular pelos trofozoítos - secreção de proteinases - lise da célula alvo - apoptose - formação de amebaporos – peptídeos – poros na membrana - mudanças na permeabilidade - trogocitose (ingestão de frag. de céls. humanas - Mediado pela interação da molécula de adesão do parasito Gal/GalNAc lecitina (mucosa intestinal) (N-Acetilgalactosamina) • Pode continuar no lúmen fagocitando baterias ou penetra pela vilosidade intestinal quando há reconhecimento da leptina • Entra e libera protelasse, invadindo pela cripta • Fagocitando e emitindo pseudopodes fragmentos celulares e penetra o tecido epitelial do instestino • Chega no tecido subjacente, causando uma lesão tecidual (ulcera botão de camisa) • No TC: morte celular e formação de ulcera, proteases lesionam o tecido Invasão intestinal: Entamoeba histolyica • Inflamação no cólon (colite amebiana) Aspecto histopatologico – intestinal • Trogocitose, liberação de enzimas que digerem proteínas -> devido a ameba Diagnóstico clinico • História e exame físico - fatores de risco (higiene não é adequada após utilizar o banheiro, ingestão de água potável, higienização correta de alimentos) - diarreia (94-100%) - sangue nas fezes. (94-100%) - dor abdominal generalizada (12-80%) - dor no quadrante sup. Direito - perda de peso (50%) Diagnóstico laboratorial • Intestinal: exame de fezes (métodos a fresco, HPJ ou Faust) - coleta em dias letrados aumenta a positividade do exame • Extraintestinal: exame de imagem e sorologia (anticorpo contra o parasito)Exames diagnósticos • Parasitológico de fezes(microscopia- cistos de E. histolytica em fezes consistentes, em diarreica trofozoíto). • Antígenonas fezes (ELISA) • qPCR (DNA do parasito) - alta sensibilidade (alto custo) • Sorologia (ELISA, Imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta) - pode ser (-) <7 a 10 dias do início do quadro clínico • Colonoscopia (não indicado como rotina) - suspeita clínica com EPF negativo - biópsia; encontro de trofozoítos • Se é intestinal: fezes • E não e intestinal: sorologia+ imagem • Exames de imagem: ultrassom, tomografia, radiografia, ressonância magnética Diagnóstico diferencial • Infecções bacterianas : diarreia aguda ou sangue nas fezes – Shigella – Escherichia coli – Salmonella – Campylobacter – Clostridium difficile – Espécies de Vibro • Esquistossomose • Etiologia não infecciosa - isquemia intestinal - doença inflamatória do intestino Tratamento • Mais usados (imidazolicos) – Secnidazol – Metronidazol – Tinidazol • Forma extraintestinal: metronidazol apenas Profilaxia • Educação sanitária • Consumo de água potável • Exames em pessoas manipuladoras de alimentos • Lavar bem os alimentos: - verduras: 15min imersas em solução de 0,3g de permanganato de potássio para 10l de água ou 3 gotas de iodo/l de água; 1 colher de hipoclorito de sódio (água sanitária) para 1litro de água - vinagre não!! • Práticas sexuais: contato fecal-oral • Vacinas em desenvolvimento Epidemiologia • Brasil: colite não disentérica e casos assintomáticos • Prevalência (650 milhões no mundo – 10% alterações intestinais e extra-intestinais) – Sul e sudeste: 2,5 a 11% – Região amazônica: 19% – Restante do país: 10% • Animais sensíveis: coelhos, gatos, cães, porcos e primatas • Cistos permanecem viáveis cerca de 20 dias • E. histolytica: globalmente 2 a 4% dos casos de diarreia em hospitais e clínicas • Não causa epidemia • Atinge mais adultos, homens e mulheres • Homossexuais: em maior risco (maioria E. dispar) - amebíase em pacientes HIV+ (Japão e Taiwan). -> imunossupressão • 90% dos infectados eliminam cistos durante 12 meses; 20 dias de viabilidade. • Transmissão por cistos através da via fecal-oral. • Os cistos, no homem se transformam em trofozoítos. • Os cistos podem contaminar a água e alimentos. Ocorrência associada a condições inadequadas de saneamento básico.
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