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Hematologia 1 💉 Hematologia Aula 1 - doenças mieloproliferativas crônicas Clássicas: leucemia mieloide crônica, policitemia vera (aumento das células vermelhas), trombocitemia essencial (aumento de plaquetas), mielofibrose (processo inflamatorio que gera fibrose na medula óssea, expulsando seu conteúdo para o sangue fazendo com que nele haja células jovens)→ são uma proliferação clonal de células mielóides maduras Vai desce as células tronco as suas células progenitoras e maduras como plaquetas, eritrócito e granulócitos, com ênfase aos monócitos e neutrófilos. O marcadores das doenças mieloproliferativas são: A proteína aberrante BCR-ABL, causada de uma translocação entre dois cromossomos 9 e 22, chamado de cromossomo Filadélfia encontrado na leucemia mieloide crônica e outras. E o JAK2 que se encontra nas principais doenças mieloproliferativas crônicas quando o BCR é negativo, sendo as principais: a policitemia vera, trombocitemia essencial e mielofibrose idiopática. Obs: a esplenomegalia nos pacientes com doença mieloproliferativas crônicas A esplenomegalia pode ocorrer devido a 3 possibilidades, sendo a terceira relacionada com as doenças mieloproliferativas crônicas: Hematologia 2 a. Aumento da função:Todo quadro de anemia hemolítica aumenta o baço, pois aumenta a hemólise. Esferocitose, síndrome falciforme, talassemias, anemias hemolíticas, o grande exemplo é a anemia falciforme, no início o paciente faz uma esplenomegalia e ao longo da doença terá uma alta chance de fazer esplenectomia. A doença falciforme vai manter a esplenomegalia durante todo o curso de sua doença. Algumas doenças imunes também podem aumentar o baço, por exemplo, Lúpus, artrite reumatoide, podem cursar com esplenomegalia. Quadros infecciosos, onde é necessário fazer uma limpeza, e o baço, além de fazer a reciclagem, é também um órgão linfoide, ou seja, ele produz imunoglobulinas e faz a limpeza de células ou bactérias opsonizadas por anticorpos. Dessa forma, quadros infecciosos crônicos (endocardite infecciosa, tuberculose) podem vir acompanhados de esplenomegalia. Em resumo, quadros que fazem aumentar a função do baço causam esplenomegalia. b. Alteração na distribuição: Doença/fisiopatologia que altera a distribuição do sangue provocando esplenomegalia. Cirrose pelo mecanismo de hipertensão portal, gerando vasodilatação esplâncnica. Falando da hipertensão portal intra hepática, esta pode ocorrer em 3 localidades, pré-sinusoidal, sinusoidal e pós-sinusoidal. Na esquistossomose, por exemplo, o impacto é pré- sinusoidal, alterando o fluxo da veia porta, que, em condições normais, é um fluxo hepatopetal (do baço para o fígado), se torna hepatofugal (foge do fígado), retornando para o baço. Portanto, há uma redistribuição do fluxo, causando uma esplenomegalia e, consequentemente, as demais alterações encontradas na hipertensão portal (varizes de esôfago, varizes em região abdominal – cabeça de medusa, quadros hemorroidais). c. Infiltração com célula estranha: Qualquer neoplasia pode infiltrar o baço. E aqui estão as doenças mieloproliferativas crônicas, onde há um excesso de células que o baço tem que dar conta. Aquela célula neoplásica da policitemia vera vai circular no corpo, normalmente fica esse excesso no baço e por isso causa esplenomegalia. Nota-se a esplenomegalia principalmente em duas doenças das mieloproliferativas crônicas: na mielofibrose (A medula fibrosou, saiu aquela célula tronco que vai infiltrar outros órgãos, por isso que vai para o baço, fazendo uma esplenomegalia )e na leucemia mieloide crônica. A esplenomegalia é vista, mas não de grande monta, na policitemia vera e na trombocitemia essencial, aumento das hemácias e das plaquetas, respectivamente. Reexplicando: Toda doença mieloproliferativa tem alguma alteração em célula Hematologia 3 progenitora. No caso da policitemia vera, é na parte progenitora, não da célula tronco inicial, mas sim da célula que vai dar origem às hemácias. A célula alterada fica circulando no corpo, mas geralmente ela gosta de ficar em algum local, e o local que ela dá preferência é o baço, por isso a esplenomegalia. Todas as doenças mieloproliferativas crônicas podem apresentar esplenomegalia. Além disso, por um mecanismo ainda não muito esclarecido, as doenças mieloproliferativas, tanto as agudas quanto as crônicas (ambas consideradas neoplasias), aumentam o risco de trombose. Portanto, faz parte do quadro clínico das doenças mieloproliferativas o paciente ter algum tipo de trombose, que pode, inclusive, aparecer até antes de ser feito o diagnóstico. Por exemplo, o paciente já até tem a mutação do JAK2, mas não tem um hemograma característico da policitemia vera, então a doença vai vir a aparecer, ele tem o diagnóstico de policitemia vera e faz um quadro de trombose. Outro exemplo: na investigação de um quadro de trombose, acaba fechando o quadro de doença mieloproliferativa crônica. Policitemia vera Policitemia primária (vera): O paciente vai fazer alguma cirurgia e você vê no hemograma um aumento da massa eritrocitária. Geralmente não tem sintomas. Precisa descartar as policitemias secundárias Policetemias secundárias - As principais causas são quadros que levam a hipoxemia, sendo as mais importantes as doenças pulmonares e doenças cardíacas, seguidas de doenças renais e tumores, pois essas doenças levam ao aumento da eritropoetina causam a policitemia secundária. Se for um problema na medula, a eritropoetina está baixa, então a policitemia é primária Ocorre geralmente aos 60 anos A hb >18,5 em homens e >16, 5 para mulheres Ht >56% para homens e 50% para mulheres Se a Hb já estiver alta, faz a pesquisa do JAK2, pois esses 2 critérios ja são suficientes para fechar o diagnóstico. Hematologia 4 Fluxograma: Hematologia 5 Hematologia 6 Confirmado a policitemia, então o segundo passo é ver a dosagem da EPO (eritropoietina), pois quando é policitemia vera não é um estimulo na medula (a EPO não está indo na medulo para produzir mais hemácias), mas sim uma doença dentro da medula onde perde a regulação, pois há mutação do jack2, faz com que ocorra o estímulo da proliferação da série vermelha. Com isso a EPO do paciente vai estar baixo. Então com uma policitemia o primeiro exame de escolha é a dosagem de EPO. Se vier baixo será pensado na policitemia vera, a outra é policitemia familiar, mas que é bem rara não deve ser pensada de início, é congênita. Diagnóstico de policitemia vera: é biopsia ou pesquisa de mutação de jak2. Jak2 positivo fecha o diagnóstico e encaminha para um hemato. → Hemoglobina alta → dosagem EPO → EPO baixa → biópsia ou pesquisa de JAK 2 positivo diagnostico de policetia vera. Quadro clínico: hiperviscosidade do sangue, pletora facial, prurido aquagênico (a pessoa vai tomar banho com água quente e quando o corpo resfria começa o prurido), eritromelalgia (dor em ardência nas extremidades), eventos tromboembólicos, cefaléia, turvação visual, saciedade precoce Obs: caso a EPO esteja elevada, será visto se o paciente tem presença de cianose ou não; Se TEM CIANOSE: é doença do coração (Cardiopatia) ou é do pulmão (ex: hipertensão pulmonar). Se NÃO TEM CIANOSE, será pensado em quadro de intoxicações ou alterações congênitas (que são quadros mais raros) OU vai considerar síndromes paraneoplásicas. Tratamento: É necessário diminuir a hemoglobina, então é feita a sangria terapêutica. O paciente vai ao banco de sangue, conforme orientação do hematologista, pelo menos uma vez na semana, para doar sangue, mas esse sangue não serve para outros pacientes, será, então, descartado. A referência de valor será medida pelo hematócrito (não vai ser o valor da hemoglobina). O hematócrito deve estar menor que/em torno de 45 a 50 para suspender o uso da sangria e continuar observando o paciente. Caso o hematócrito volte a subir, retomar as sangrias terapêuticas.Importante lembrar que esse paciente, ao longo do tempo, por causa das sangrias, elevai perdendo ferro, consequentemente, podem fazer anemia ferropriva induzida pela sangria. Na maioria das vezes, NÃO se deve tratar a anemia ferropriva desse paciente, pois, mesmo com a deficiência de ferro, esses pacientes continuam fazendo a hemoglobina. A reposição de ferro será feita apenas naqueles pacientes com algum sintoma característico de anemia, como uma astenia importante, queilite angular. Hematologia 7 Portanto, inicialmente, mesmo que o paciente tenha uma ferropenia, continua-se fazendo as sangrias conforme o valor do hematócrito. Existem pacientes com policitemia vera que, além de aumentar os níveis de hemoglobina, também aumentam leucócitos e plaquetas, o que é chamado de PANMIELOSE aumento das três séries perifericamente, ou seja, o paciente tem uma hemoglobina elevada, faz uma leucocitose e uma plaquetose. Qual o tratamento desse paciente? Varia conforme a série: Para a hemoglobina, é feita a sangria, mas a sangria não reduz os níveis nem de leucócitos nem de plaquetas. Para leucócitos e plaquetas, normalmente é utilizada alguma droga que as reduza. A droga de escolha nessas doenças é a Hidroxiureia, que é a mesma utilizada no tratamento da anemia falciforme, mas com uma dose um pouco mais elevada de forma a reduzir a produção de leucócitos e plaquetas. Trombocitemia essencial Geralmente sem sintomas, identificado nos exames de rotina Média aos 60 anos Ocorrem algumas mutações, principalmente no receptor de megacariócito, perdendo o controle e liberando plaquetas sem o estímulo a mais. Com a mutação, perde-se o controle, produzindo mais plaquetas de forma que o número pode vir bem elevado. A fisiopatologia é mais ou menos a mesma da policitemia vera. Critérios de diagnóstico: Hematologia 8 Os pacientes tem um nível de plaquetas bem acima do normal, associado a esplenomegalia. 60% dos pacientes tem JAK2 positivo. É necessário a biópsia de medula óssea. Plaquetose → qualquer quadro de inflamação aguda leva a trombocitose (reacional) e anemia ferropriva, falciforme, cirurgias, pacientes sem baço. Precisa fazer diagnostico diferencial. Não encontrada nenhuma das hipóteses acima, começar a investigar a trombocitemia essencial biópsia de medula óssea em conjunto com a pesquisa de mutações (JAK2, CARL ou MPL) Os pacientes podem ter historia de trombose ou hemorragia (doença de vonwilebran adquirida) Vasomotores: cefaleia, vertigem, eritromelalgia, turvação visual, úlceras cutâneas, convulsões e esplenomegalia moderada Mielofibrose Menos frequente, com media aos 67 anos Geralmente apresenta sintomas Anemia 50% dos pacientes tem hb <10 Tem a fisiopatologia decorrente de uma mutação que ocorre na célula tronco, isso gera um processo inflamatório intenso que gera uma fibrose da medula óssea (A medula óssea é substituída por fibras), o gera uma substituição do conteúdo de medula por um novo conteúdo celular. O conteúdo antigo da medula é expulso, ou seja, irá para o Hematologia 9 sangue. Assim, será visto células jovens na periferia como eritoblastos (células jovens da hemácia), que sempre deveria estar na medula óssea e nunca no sangue. Também será visto células jovens da serie branca (leucócitos), como bastões, mielócitos, metamielócitos → aquele desvio a esquerda, com isso será visto até mesmo o blasto, uma vez que existe algo que esta dentro da medula óssea ocupando o espaço e expulsando as células. As células expulsas vão fazer implante em outros órgãos, fazendo uma hematopoese extramedular (Tem leucoeitroblastose: hematopoiese extramedular - sinal de que o sangue esta sendo produzido em outro local que nao a medula). Então, a característica da mielofibrose e ver no hemograma células jovens tanto da série vermelha como da série branca e notar uma hepatoesplenomegalia de grande monta. Obs: A policetemia vera e trombocitopenia essencial podem evoluir para o quadro de mielofibrose secundário, uma vez que possuem a mesma mutação JAK2. E todas essas podem ainda evoluir para um quadro de leucemia mieloide aguda no estágio final Critérios diagnósticos: Tem a fase proliferativa de leucocitose e plaquetopenia. E a fase de leucopenia e plaquetopenia Clínica: evolução para leucemia aguda, esplenomegalia de grande monta (hiperesplenismo, aumento da função do baço), hepatomegalia, astenia, febre, dor Hematologia 10 óssea, sudorese noturna, citopenias, trombose (abdominal inexplicável) Tratamento → paliativo e sintomático ou transplante de medula Leucemia mieloide crônica Produção aumentada e descontrolada de granulócitos maduros. A diferenciação é quase normal, mas a função está prejudicada. Ocorre por uma mutação de translocacao do cromossomo 9 com o 22 t(9;22) → cromossomo philadélfia. Formando a proteína aberrante BCR-ABL (tirosinaquinase) que desencadeia varias cascatas intracelulares, fazendo com que a célula perca o controle e se prolifere descontroladamente, escape da apoptose e interação Mediana de 50 anos de idade e fator de risco a radiação ionizante Clínica: alguns assintomáticos, fadiga, fraqueza, perda ponderal, sudorese, esplenomegalia, empachamento, dor em hipocôndrio esquerdo, anemia leucocitose >100.000 com desvio a esquerda, plaquetose, sangramentos, todas as fases de maturação dos neutrófilo, maior quantidade de mielócito, basofilia, eosinofilia Fase crônica → mais comum, o paciente tem uma anemia leve e uma leucocitose importante e esplenomegalia. Tem menos de 10% de blastos Fase acelerada → mais agressiva, difícil de controlar com as medicações. Tem 10-19% de blastos. Acima disso, é leucemia aguda Fase blástica → focos de blastos na MO ou extramedulares. É a ultima fase, o blasto pode ser mieloide ou linfoide. 20% de blastos em sangue periférico ou focos (leucemia mieloide aguda secundaria a crônica) Hematologia 11 Diagnóstico: exame do cariótipo, RT-PCR: P210 BCR-ABL (cromossomo Filadélfia e gene BCR-abl), biópsia de medula Tratamento: hidroxiureia ate confirmar o diagnostico para melhorar os sintomas sistêmicos 20-40mg/kg/dia. Depois de confirmado o diagnostico, o tratamento visa inibir a tirosinaquinase. É feito com os Inibidores de tirosino-quinase: age especificamente no BCR-ABL → imatinibe (glivec). Tem como efeitos colaterais: câimbras, alterações de eletrólitos Obs: hiato leucêmico: mais células imaturas do que maduras Aula 02 - Hemograma + Neutropenia Obs: Geralmente nos hemogramas usa-se o anticoagulante EDTA, mas pode ser o citrato (necessita de um pedido especial) Eritrograma: Avaliar se existe uma anemia (Hb <13,5 para homens e <12,5 para mulheres) ou policitemia (Hb >18,5 para homens e >16, 5 para mulheres) VCM → volume corpuscular, mede o tamanho das hemácidas. <80 (microcitose), >100 (macrocitose) Hematologia 12 CHCM → concentração de hemoglobina. >30 (hipercromia), <30 (hipocromia) Rdw→ mede a variação de tamanho → índice de anisocitose. Algumas hemácias grandes e outras pequenas, geralmente encontrado em deficiência de vitaminas, problemas na medula óssea, hemólise, anemia falciforme. Poiquilocitose → variação na forma Leucograma: Leucócitos normais → 3.500/4.500 - 10.000/11.000. Sendo que a maior porcentagem tem que ser de neutrófilos (segmentados). Deve-se analisar se existe descrição de algum linfócito atípico ou de blastos (suspeita de leucemia) Obs: Em leucemia mieloide crônica, a presença de eosinófilos e basófilos é um dos sinais de que a medula está produzindo normalmente, pois um dos maiores fatores que levam ao desaparecimento de eosinófilos e basófilos é a presença de processos agudos na medula como infecção. Obs: deve-se olhar os valores absolutos e não as porcentagens Questiona-se: Leucopenia ou leucocitose as custas de que célula? Existe desvio a esquerda? Desvio escalonado a esquerda? Obs: se tiver uma leucopenia com 200 neutrófilos, pôde-se dizer que é as custas de uma neutropenia. Desvio a esquerda → células jovens circulando. Ao invés de liberar o neutrófilo libera asfases de maturação dele que vem antes: mieloblasto, promieloblasto, metamielócito, bastão... é mais grave (leucemia, síndrome mielodisplásica) Desvio a esquerda escalonado → segue uma linha hierárquica. Escalonado é quando tem menor quantidade das mais jovens e maior das mais maduras. É menos grave (infecção aguda) Obs: se na descrição do hemograma tiver neutrófilos com granulações tóxicas, com vacuolização em citoplasma, com Corpos de Dohle, indicam causa infecciosa. Plaquetograma: Hematologia 13 O valor de referencia é de 150.000 - 400.000 → a partir disso, defini-se se o paciente tem plaquetopenia ou plaquetopenia Obs: precisa saber se a contagem de plaqueta foi automática ou pelo fônico (manual e mais fidedigna) Obs: sempre que as plaquetas vierem anormalmente baixas, deve-se repetir o exame com o citrato ao invés do EDTA NEUTROPENIA: Definição: <1500 neutrófilos. Até 500 neutrófilos a pessoa ainda tem alguma capacidade de se defender de algumas infecções, abaixo disso fica muito difícil. Essas células devem ser as de maior porcentagem (40-70%), se tiver em quantidade menor considerando o valor absoluto, pode-se considerar neutropenia. Para fazer a contagem absoluta de neutrófilos ou você olha no hemograma a contagem absoluta de neutrófilos (soma neutrófilos + bastonetes), e se não vier no hemograma você vai pegar o leuco total, multiplica pela porcentagem de polimorfonucleares e bastonetes e divide por 100%. ANC= leuco total x (% de polimorfo e bastonetes) / 100 Classificação: 1- Leve: Valor de neutrófilos entre 1000 e 1500 2- Moderada: De 500 a 1000 neutrófilos 3- Grave: < 500 neutrófilos 4- Muito grave: < 200 neutrófilos (chamada de agranulocitose)→ é a mesma coisa que não ter nenhum neutrófilo. Um paciente que tem 250 neutrófilos ainda tem alguma defesa, mas um paciente com menos de 200 não tem nenhum grau de imunidade. Obs: quando a neutropenia passa de 7 dias, aumenta o riso de infecções e quando passa de 3 meses é considerada crônica. Obs: se o paciente tem neutrófilos abaixo de 1500 desde a infância, é chamada de neutropenia constitucional (mais grave) Obs: Granulocitopenia: É a redução das células que tem grânulos → eosinófilos, neutrófilos e basófilos. É importante porque tem algumas medicações que podem causar agranulocitose (ou granulocitopenia). A neutropenia pode ter 3 mecanismos: Hematologia 14 1- Pensar se houve uma redução da produção/diferenciação de neutrófilos na medula óssea (talvez ele esteja sendo produzido, mas para a diferenciação em células jovens → a medula se encontra cheia de mielócitos, promielócitos, mas eles não se diferenciam em neutrófilos, ou seja, é um problema na medula 2- Pensar em um problema de redistribuição. Por exemplo, na esplenomegalia, vai ter neutrófilos acumulados no baço; ou então em quadros de infecção aguda, pois ocorre migração dos neutrófilos para o endotélio (os neutrófilos são produzidos, mas estão sendo consumidos) 3- Destruição imune: Está mais ligado ao uso de medicações, e é o mais difícil de definir, pois a destruição pode ser imediata ou idiossincrática (existem medicações que não estão definidas para causar neutropenia, mas ainda assim alguns indivíduos têm uma idiossincrasia e quando usam a medicação desenvolvem a neutropenia). Causas: Congênita→ a mais comum é a neutropenia étnica congênita (principalmente na África e na Bahia, pois é mais comum ter valores abaixo dos “normais”, já que os valores de referência são feitos com base nos caucasianos → vai desconfiar a partir de hemogramas antigos, percebendo que essa neutropenia sempre existiu). Existem também as neutropenias familiares que são casos em que as famílias tem neutropenia constitucional, mas não tem nenhum grupo étnico definido. E tem também as neutropenias congênitas por anomalias, e três delas são a síndrome de Schwachman- Diamond, a neutropenia cíclica e a síndrome de Chediak-Higashi. Deve-se pensar em neutropenia congênita ligada a síndrome, quando ela vier associada a outros sinais específicos. Adquiridas→ São causadas por qualquer infecção, mas principalmente por HIV, EBV, infecção bacteriana e hepatite. As infecções vão ter vários mecanismos: pode afetar as células tronco hematopoiéticas (como no caso do HIV), pode ter uma maior agregação dos neutrófilos às células endoteliais no sítio de inflamação, pode ter presença de autoanticorpos que são criados durante o processo de infecção, ou pode ter um consumo no sítio de infecção. Outra causa de neutropenia são os medicamentos. Tem alguns que são declaradamente citotóxicos ou imunossupressores (ou seja, causam neutropenia), mas geralmente quando a medicação causa neutropenia, ela vem também com plaquetopenia e/ou anemia → Um exemplo são os inibidores de tirosina quinase. E tem os medicamentos idiossincrásicos, como a clozapina e AINEs, onde não é esperado que cause neutropenia, mas pode ocorrer em alguns pacientes. Pode também ter causas adquiridas por fatores nutricionais, como a deficiência de vitamina Hematologia 15 B12 e a deficiência de folato (Obs: Anemia megaloblástica na maioria dos casos não vai abrir com uma anemia e si, e sim com sintomas neurológicos e neutropenia). Outra causa de neutropenia adquirida é pelas malignidades hematológicas, como por exemplo a Leucemia Large granular, a tricoleucemia e a síndrome mielodisplásica. Outra causa adquirida é por causas reumatológicas, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Avaliação inicial do paciente: 1- História e exame físico→procurando sinais de síndromes e infecções, uso de medicações, perguntar sobre a duração da neutropenia, se tem histórico na família. 2- ver se tem outras citopenias no hemograma 3- ver se tem aparecimento de células anormais no esfregaço sanguíneo Obs: A urgência é quando o paciente apresenta sinais de instabilidade hemodinâmica, como hipotensão, alteração em nível de consciência, insuficiência respiratória, elevação em lactato sérico→ Isso é igual a internamento imediato, hidratação e inicio de antibiótico na primeira hora depois do diagnóstico. Obs: Toda vez que tiver descrição de blastos, linfócitos atípicos ou até de monócitos em grande quantidade, sempre pensar em leucemia aguda, que também é indicação de internamento imediato. Se o paciente não apresenta sinais de urgência e tem neutrófilos acima de 500 ele pode ter seguimento ambulatorial e é solicitado retorno em 1 semana com repetição do hemograma Correlacionando no esfregaço sanguíneo: Se o paciente neutropênico apresenta granulações tóxicas, isso é igual a infecção. Pacientes com neutrófilos bilobados ou displásicos, normalmente é por uma síndrome mielodisplásica. Pacientes com neutrófilos hipersegmentados, geralmente é anemia megaloblástica. Paciente com leucemia mieloide aguda, esse esfregaço sanguíneo vai mostrar blastos/linfócitos atípicos (bastonetes de Auer). Neutropenia febril Hematologia 16 Paciente neutropenia e com febre maior ou igual a 38º Fazer antibiótico empírico (cefepime), hidratação e cuidados específicos a depender da gravidade. Solicita TC para avaliar o comprometimento, colhe cultura de sangue (1 amostra do sangue central e 1 amostra de sangue periférico) e urina Ver explicação melhor no resumo de tutoria Aula 03 - doenças linfoproliferativas Linfoma Hodgkin → forma nodular e forma clássica Linfoma não Hodgkin → linfomas indolentes (linfoma folicular), linfomas agressivos (linfoma difuso de grandes células B) e linfoma altamente agressivos (linfoma de Burkitt) Obs: os linfomas mais prevalentes são os não Hodgkin, sendo o difuso de grandes células B o mais prevalente. Obs: temos que saber qual o formato das células alteradas (atipia linfocitária) e qual o local do linfonodo está alterado, os marcadores celulares para que se possa nomear o linfoma. Por esse motivo que no linfoma, quando o paciente apresenta adenomegalia cervical, NÃO adianta realizar um aspirado ou punção, pois pode-se vera célula atípica, mas não se pode caracterizar o tipo do linfoma já que é preciso conhecer a estrutura do linfonodo alterado. Então, para é necessário realizar uma biópsia para que o patologista consiga avaliar a morfologia da célula estranha (anatomia patológica), junto com a imunohistoquímica que apresentam as variáveis CDs e assim, então, nomear a neoplasia maligna hematológica. Linfoma não Hodgkin Fatores que contribuem para o aumento dos indices de linfoma são: aumento da expectativa de vida, AIDS, transplante de órgãos e agentes infecciosos como o EBV, HTLV, doenças autoimunes e exposição a fatores ambientais Clínica: linfadenomegalia periférica não dolorosa, com predomínio nas cadeias cervicais. Podem estar acompanhados de sintomas B: febre > 38oC, sudorese noturna, perda ponderal superior a 10% nos últimos seis meses, e são indicativos de mau prognóstico. Outros sintomas são fadiga, mau-estar, prurido, pode haver acometimento mediastinal com tosse, síndrome da veia cava superior Hematologia 17 Obs: Deve ser indicado biópsia de todo linfonodo para qualquer linfonodo >2cm, localização supraclavicular ou escalênica, crescimento progressivo, consistência endurecida, aderido aos planos profundo. Estadiamento de Ann Harbor: Primeiro divide o diafragma do paciente. Considerar os linfonodos envolvidos acima ou abaixo do diafragma. • Estágio I: é quando tem o envolvimento de somente uma cadeia, como no exemplo, é só uma cadeia cervical. • Estágio II: Quando se tem envolvimento de outras cadeias, mas que sejam acima do diafragma. • Estágio III ou IV: Envolvimento abaixo do diafragma. Pode-se até ter linfoma não Hodgkin só em envolvimento de linfonodos intrabdominais, mas só porque é abaixo do diafragma já é estágio III. •Estágio IV: Caso tenha envolvimento de outro órgão (por exemplo, hepatomegalia por conta de alguma doença, envolvimento ósseo, envolvimento da medula óssea). Além disso, tem-se os números que indicam o número de cadeias acometidas e as letras→ B: presença de sintomas B / A: ausência de sintomas; X: massa maior que 10 cm; E: área não linfóide por contiguidade; S:baço. Os exames solicitados para estadiamento são a tomografia e o PET-CT. Prognóstico: paradoxo prognostico (quando mais agressivo o linfoma, mais rápido ele é diagnosticado e responde melhor a quimioterapia, tendo assim maior chance de cura). Fatores que interferem no prognostico são: Idade > 60 anos; LDH elevado; Status performance ≥ 2; Estágio clínico Ann Harbor III ou IV; Acometimento extranodal > 1. Linfoma linfocítico de pequenas células Indolente. Mesma morfologia, imunofenótipo e citogenética da leucemia linfocítica crônica. <5.000 linfócitos B no sangue periférico. Não há citopenias por envolvimento de MO. Geralmente são pacientes idosos e incurável, tratando apenas os sintomas. Quando é leucemia, a doença esta circulando no sangue. Quando é linfoma, o problema está dentro do linfonodo. Para fazer o diagnóstico no sangue, será vista a quantidade de linfócitos circulando na periferia, então > 5000 linfócitos (a faixa de normalidade é entre 3000 a 4000): deve ser feito imunofenotipagem, que vai dizer que aquela célula é da LLC, conseguindo dar o diagnóstico. Mas pode ter no hemograma um linfócito normal, e aí, será feito a biópsia do linfonodo. Terá os mesmos marcadores Hematologia 18 que seriam feitos no sangue, mas dentro do linfonodo, e nesse caso então, não será chamado de LLC e sim de LINFOMA LINFOCÍTICO DE PEQUENAS CÉLULAS. O fundo genético é o mesmo, o tratamento é o mesmo, mas a apresentação clínica é diferente. O tratamento é: Se não tem nenhum sintoma associado acompanha o paciente e aguarda. Se apresentar algum sintoma relacionado aquele linfoma, normalmente os sintomas B ou o desenvolvimento de alguma citopenia (faz uma anemia que relaciona ao linfoma, uma plaquetopenia que relaciona ao linfoma), o paciente será tratado. Linfoma folicular de células B Indolente, segundo mais comum, predomínio do sexo feminino e idade 60 anos. Cursa com linfadenomegalia insidiosa e indolor com períodos de regressão espontânea. Marcador CD10 e CD43. O tratamento é paliativo pois na maioria das vezes a quimio não altera a sobrevida ou com quimioterapia quando diagnosticado precocemente ou em quando surgem sintomas. A sobrevida é de em média 10 anos. Pode evoluir com transformação leucêmica Linfoma difuso de grandes células B Agressivo, é o mais comum, predomina no sexo masculino aos 64 anos. Cursa com massa linfonodal cervical de crescimento rápido com acometimento extranodal e sintomas B. Marcador CD45. Possui variantes como linfoma B difuso imunoblástico, forma anaplásica, forma mediastinal, forma rica em células T, granulomatose linfomatoide e linfoma B intravascular. O tratamento é com radioimunoquimioterapia Linfoma de Burkitt Altamente agressivo, predomina em crianças e em pacientes HIV+. Dividido em forma esporádica (prevalente em crianças de 11 anos, do sexo masculino que cursa com manifestações extranodais e gastrointestinais), forma endêmica (prevalente em crianças de 7 anos da África, associada a infecção pelo EBV e cursa com grande massa mandibular) e a forma dos pacientes HIV (semelhante a forma esporádica porem com sintomas B). O marcador é o CD10 e o tratamento é o mesmo da leucemia linfoide aguda Hematologia 19 Linfoma de Hodgkin Predomina no sexo masculino dos 20-30 anos e 50-60 anos. A célula de reed-sternber (olho de coruja) é o clone neoplásico derivado da célula B. O diagnostico é feito pela presença dessa célula num plano de fundo inflamatório formado por células ao redor como linfócitos T, eosinófilos, plasmócitos e com biópsia. Os marcadores são CD15 e CD30. São dividido em forma clássica e forma nodular. Cursam com adenomegalia, de consistência elástica, maiores que 2cm, persistentes e associados a fibrose, geralmente cervicais e associados a dor após a ingestão alcoólica. Sua disseminação é por contiguidade, ou seja, os linfonodos acometidos são de cadeias adjacentes. Pode ocorrer esplenomegalia, sintomas B e outros sintomas sistêmicos como prurido, sudorese fraqueza. No laboratório encontra-se com anemia normo normo, neutrofilia, eosinofilia, linfopenia na doença avançada, plaquetas altas inicialmente e baixas na fase tardia e marcadores inflamatórios elevados. O estadiamento de Ann Harbor e os exames são iguais ao não Hodgkin. O tratamento é com quimioterapia + radioterapia Aula 04 - Hemograma nas doenças hematológicas LMA Quadro clínico: Os sintomas são relacionados a pancitopenia. Ou seja, infecções, fadiga, palidez, achados hemorrágicos (podem ser por distúrbios de coagulação como sangramentos de origem do TGI ou hemartrose pela plaquetopenia como epistaxe, gengivorragia, equimose e hematuria), dor óssea nos MMII (pouco frequente, e ocorre devido a povoação de células doentes no interior da medula presente dentro dos ossos, fazendo com que haja dilatação do periósteo, levando a dor), hepatoesplenomegalia e linfonodomegalia (pouco comum), poliartrite, artralgia simétrica ou migratória (4% da população), leukemia cutis (lesão violácea devido a infiltração da pele por células leucêmicas. Deve pedir biópsia), chloroma ou sarcoma granulocítico em órbita, gengiva infiltrada. Ao hemograma: anemia normo normo, baixa contagem de reticulócitos (devido ao superpovoamento da medula pelos blastos), menos de 100.000 plaquetas (plaquetopenia), pode ter pacientes com mais de 20.000 leucócitos (leucocitose) e pode ter paciente com menos de 5.000 leucócitos (leucopenia), 95% de mieloblastos circulantes e bastonetes de Auer. Hematologia 20 LLA Quadro clínico: Os sintomas são relacionados a pancitopenia. Ou seja, infecções, fadiga, palidez, achados hemorrágicos (podem ser por distúrbios de coagulação como sangramentos de origem do TGI e hemartroseou pela plaquetopenia como epistaxe, gengivorragia, equimose e hematuria), dor óssea nos MMII (extremamente frequente, e ocorre devidoa povoação de células doentes no interior da medula presente dentro dos ossos, fazendo com que haja dilatação do periósteo, levando a dor), hepatoesplenomegalia e linfonodomegalia (muito comuns, até 50% dos casos), sintomas constitucionais frequentes (sintomas B - emagrecimento maior que 10% nos últimos 6 meses, sudorese e febre de 38 graus), poliartrite, artralgia simétrica ou migratória (muito frequente), SNC e testículos (a infiltração desses órgãos é comum devido ao tamanho pequeno dos blastos na LLA, porem são sítios em que a quimioterapia não alcança, principalmente no SNC). Ao hemograma: anemia normo normo, baixa contagem de reticulócitos (devido ao supor povoamento da medula pelos blastos), leucograma normal, baixo ou elevado (sendo mais comum encontrar leucocitose) LMC Vide aula 01 LLC Quadro clínico: sem sintomas. Chegam ao consultório com hemograma apresentando leucocitoses acima de 100.000, tendo descrição de linfócitos típicos e ausência de blastos. Tem linfonodomegalias que aparecem e desaparecem. 5 a 10% dos pacientes apresentam sintomas B. Podem apresentar infecções, anemia hemolítica auto-imune considerável, plaquetopenia, patergia (intensa inflamação na pele após algum arranhão ou picada de insetos), quase metade dos pacientes apresentam esplenomegalia e hepatomegalia. Pode ter hiperviscosidade devido ao aumento da quantidade de linfócitos (>250.000), pode ocorrer também anemia, neutropenia e plaquetopenia devido a redução da produção dessas outras células por conta dos linfócitos estarem ocupando toda a medula. Deve solicitar o coombs direto (exame para detectar anticorpo ligado a anemia hemolítica auto-imune) e estará positivo em 10% dos pacientes (ver se tem anticorpo diretamente ligado na superfície da hemácia). Se Hematologia 21 suspeitar que o anticorpo não está na superfície e sim no plasma, pede o coombs indireto. Imunodeficiência Quadro clínico: infecções de repetição (otite, sinusite, pneumonia, diarreia, infecção de partes moles, celulite, erisipela, CMV, EBV, herpes virus). Ao hemograma, pode vir normal, com linfopenia e neutropenia (mais comum), redução das albuminas e das imunoglobulinas (IgM, IgA, IgG) Aula 5 - esplenomegalia de grande monta Baço: Órgão funcionalmente diverso, pesa de 80-200g em homens e de 70-180g em mulheres. De 400-500g já é considerada esplenomegalia e acima de 1000g já é uma esplenomegalia maciça. Geralmente tem 11cm. E segundo a classificação de Poulin, acima de 12cm e até 20cm já é considerada esplenomegalia moderada e acima de 20cm já é uma esplenomegalia severa. O baço é dividido em polpa branca (linfócitos B e T) e polpa vermelha. Zona marginal (leva o sangue até o centro germinativo e onde contem os a maior parte dos macrófagos) O baço é um órgão linfopoiético. Todas vez que há um processo agudo como destruição de células, hematopoiese extramedular, o baço aumenta sua atividade e tamanho. Esse aumento do tamanho pode se dá por ingurgitamento das veias (cirrose hepática, trombose de veia esplênica), pode ser por aumento da polpa vermelha (como ocorre nas anemias hemolíticas) ou aumento da polpa branca (como ocorre nas infecções e doenças proliferativas) O baço tem 3 funções principais: uma delas é remover da corrente sanguínea impurezas e bactérias opsonizadas (células ligadas a anticorpos) → é o mecanismo fisiopatológico das citopenias imunes. Outra função do baço é a remoção de hemácias velhas e deformadas pelos macrófagos que ficam na polpa vermelha. Outra função do baço é remover células defeituosas ou pedaços de células defeituosas como os corpúsculos de Howell-jolly (restos de material nuclear) e corpúsculos de Heinz (precipitados insolúveis de globina, comum nas talasseminas). Quando essas células Hematologia 22 estão presentes em sangue periférico, significa que a função do baço está defeituosa. Ou seja, as funções do baço são: clearance de micro-organismos e partículas antigênicas, síntese de imunoglobulinas, remoção de hemácias anormais e hematopoiese Esplenomegalia À palpação do baço é facilitada com a manobra de Schuster Causas: hipertrofia por resposta imune por aumento da polpa branca (inflamatória, infecciosa), hipertrofia por destruição de glóbulos vermelhos, congestivas (tromboses), mieloproliferativas (hematopoiese extramedular), infiltrativas, neoplásicas Etiologia: trauma (rotura esplênica), cistos, hemangiomas, metástases, abcesso, drogas Obs: nas causas inflamatórias, chama-se atenção para o Lúpus eritematoso sistêmico, pois em casos mais graves pôde-se apresentar com a síndrome de Felty (artrite reumatóide, neutropenia e esplenomegalia), outras causas de esplenomegalia são anemia, trombocitopenia, linfadenopatia e manifestações articulares e sistêmicas (acometimento pulmonar) Obs: a síndrome de Schnitzler acomete mais mulheres aos 40 anos e cursa com artralgia, rash cutâneo, esplenomegalia aumento de imunoglobulinas e geralmente esta associado a doenças linfoproliferativas. Obs: de causas infecciosas as mais comuns são: hepatites virais, EBV, HIV, febre tifóide, endocardite bacteriana, brucelose, sífilis secundária, leptospirose, malária, esquistosomose e leshimaniose visceral Obs: de causas hiperplásicas, as mais comuns são: talassemia, anemia falciforme (1 a 2 anos de doença), esferocitose Obs: de causas congestivas as mais comuns são: hipertensão portal (cirrose) - sendo que esses pacientes podem se apresentar com leucopenia e plaquetopenia por conta do baço -, aumento da pressão venosa (ICC), trombose de veia esplênica e síndrome de obstrução sinusoidal hepática Obs: de causas infiltrativas as mais comuns são: aumento das partículas não degradadas em macrófagos, síndrome de Gaucher (doença congênita dos lisossomo), sarcoidose, amiloidose Hematologia 23 Obs: as causas mais comuns são: cirrose, malignidade hematológicas como linfoma, infecção como AIDS e endocardite, congestão ou inflamação, doença primária do baço como cistos ou trombose de veia esplênica Obs: hiperesplenismo (aumento da função) é diferente de esplenomegalia (aumento do tamanho) Causas de esplenomegalia maciça: cruza a linha média e chega até a fossa ilíaca → leucemia mieloide crônica, mielofibrose, policitemia vera, trombocitose essencial, doença de Gaucher, linfoma, leshimaniose visceral, malária, beta talassemia e AIDS Sinais e sintomas: dor abdominal (referida ou não em ombro esquerdo), saciedade precoce, febre, palidez, dispnéia, petéquias, hematomas, perda ponderal, pancreatite crônica Abordagem diagnóstica: hemograma completo (anemia, leucopenia, plaquetopenia), esfregaço de sangue periférico, TC de abdome, USG de abdome (ver tamanho do baço) Pacientes que fizeram ou farão esplenectomia tem grande chance de fazer sepse por bactérias tipo streptococcus pneumoniae, H. Influenza do tipo B, neisseria meningitis, streptococci do grupo A → logo, esses devem ser vacinados 2 meses antes ou 24 horas após com a pneumo 23, antimeningococica e influenza Aula 6 - anemia ferropriva e anemia megaloblástica Anemia ferropriva Estoques de ferro corporal total varia de 3 a 4g distribuídos por todo o corpo. O ferro da dieta é cerca de 1 a 2mg e é absorvido no duodeno. 20 a 25mg de ferro são reciclados diariamente pelo sistema reticuloendotelial. 1g fica estocado no fígado. 300mg estocado na medula óssea. 1800mg nas hemácias. Prescrição de ferro: nas vilosidades dos enterócitos existe um receptor DMT1 que só absorve o ferro na forma ferroso. Existe uma enzima que reduz o ferro (da forma férrica pra ferrosa). O ferro pode ficar na forma inorgânica e na forma heme (ligada ao grupo heme). O ferro penetra na célula, uma parte do ferro é depositada na forma de ferritina no nosso organismo e outra parte sai da célula, vai para o plasma e se transforma na forma férrica novamente e se liga a transferrina Hematologia 24 Obs: a ferritina mede o estoque de ferro no organismo Obs: quanto mais necessidade de ferroo corpo tem (anemia ferropriva), mais ele vai produzir proteínas receptores para fazer o seu transporte (aumento DMT1, Dcytb, ferroportina, transferrina) Obs: a vitamina C aumenta a absorção de ferro enquanto alimentos ricos em cálcio, fitatos (feijão) e polifenóis diminuem a absorção do ferro O ferro na corrente sanguínea, vai ser encaminhado para órgãos como fígado e lá fica depositado na forma de ferritina Hematologia 25 A anemia ferropriva é a causa mais comum no mundo e se manifesta com uma anemia microcítica e reticulocitopenia, onde os reticulócitos são < 2,5%. O que precisa para produzir as hemácias? Precisa de progenitores hematopoiéticos, ferro, citocinas (eritropoetina), vitaminas (zinco), macroambiente medular saudável. Na anemia ferropriva, todos os fatores estão presentes, exceto o ferro. Absorção intestinal de ferro: depende da quantidade de ferro na dieta e da necessidade do organismo. Se não houver muita carência, o organismo absorve 10% de ferro inorgânico e 30% do ferro heme. E também depende da biodisponibilidade (fatores que atrapalham e que ajudam a absorção) Na tabela mostra fatores que reduzem e ajudam a absorção → leite, chocolate, Coca Cola, cha preto, cafe após o almoço são ruins para a absorção. Deve-se investir nos sucos cítricos, e legumes Causas de deficiência de ferro: Hematologia 26 Hematologia 27 Crianças → Ausência de suplementação na dieta, dietas ricas em leite de vaca (pois o cálcio reduz a absorção do ferro), perda de ferro por enteropatias associadas a parasitas Mulheres → perda menstrual, consumo insuficiente, gravidez, lactação (aumento da necessidade do organismo) Homens → perda em TGI Estágios da anemia: Hematologia 28 A primeira fase da anemia ferropriva não é anemia propriamente. Primeiro você reduz os níveis de ferro estocados (ferritina baixa e hemoglobina normal), depois de consumir o estoque começa a fase de restrição da hematopoiese, onde já começa a aparecer microcitose, estoque de ferro baixo, mas a hemoglobina continua normal. Quando a deficiência ja esta instalada, a hemoglobina esta reduzida, associada a microcitose, baixíssima ferritina Obs: o TIBC na anemia instalada está alto pois você aumenta a produção de transferrina, então a capacidade total de ligação ao ferro da transferrina (TIBC) vai estar aumentada. É o grande dividir de águas para diferencias a anemia ferropriva da anemia de doença crônica Quadro clinico: pode ser assintomático ou pode se apresentar com a síndrome de pica (compulsão por comer coisas que não são comida, por exemplo prato, gelo (pagofagia), terra, telha, barro. No exame físico o paciente chega com palidez de mucosa, estomatite, glossite (língua com perda de papilas), queilite angular (ressecamento do angulo labial), coiloníquia (unha em formato de colher), sintomas de síndrome anêmica também como dispneia aos esforços, intolerância a exercícios Hematologia 29 Investigação: deve-se solicitar o hemograma e os reticulócitos → os achados são de microcitose, hipocromia, RdW elevado (células fabricadas de modo anárquico, umas grandes e outras pequenas) e plaquetose. Pede-se também, a cinética do ferro → ferro sérico, ferritina (mostra o estoque de ferro e ela se eleva por outros motivos que não o ferro, por isso não deve pedir ela sozinha) e saturação de transferrina (mede a disponibilidade do oxigênio da transferrina) quem veem todos baixos. Pede também a transferrina e TIBIC (capacidade de se ligar ao ferro) que vem altos na tentativa de compensar o deficit de ferro Obs: ferritina (aumenta em inflamação). Valores seguros → Sem inflamação <30, com inflamação <100 e saturação <20. A ferritina deve casar com a clinica do paciente Obs: ferro sérico e TIBIC oscilam muito com a dieta, com o ritmo circadiano e a transferrina pode se alterar a depender do estado nutricional Pôde-se pedir também EDA e a colonoscopia para investigar sangramentos do TGI não detectados Pode fazer teste terapêutico com sulfato ferroso quando a EDA e a colonoscopia vem sem alteração mas o paciente tem anemia ferropriva sem outra causa encontrada. Nos refratários ao tratamento, ou seja, após 4 semanas de reposição não subiu nem 1g da hemoglobina deve-se descartar sangramento oculto, investigar doença celíaca e gastrite atrófica → pede anti transglutaminase igA, anti endomísio IgA, gastrina, anti célula parietal, anti fator intrínseco. Pode ser considerada também a erradicação do H.pylori Tratamento: 1- estimar o déficit de ferro se IV: pensa em repor o ferro de forma parenteral ou venosa se o paciente tem hemoglobina muito baixa ou síndrome anêmica (dispneia, cansaço) Hematologia 30 No geral faz a reposição de 100 a 200mg de ferro elementar por dia para adultos e para crianças a dose é 3 a 6mg/kg de ferro elementar. Deve ser dividido em 3 tomadas, pois quanto menor a quantidade, melhor é a absorção Estudos mais recentes, trazem como dose 65mg de ferro elementar A melhor absorção é em jejum ou 30 minutos antes das refeições. Quando associado a suco de laranja ou limão feito na hora, a absorção é ainda melhoror. Deve ser mantida por tempo de 3 meses no mínimo e para quando a ferritina estiver > 30 e a saturação > 20 Anemia megaloblástica Para a fabricação da metiotina (componente dos ácidos nucleico), necessita de vitamina B12 (que funciona como coenzima) quanto de ácido fólico. Quando não há, a produção de DNA fica deficitária. Os pacientes apresentam macrocitose, reticulopenia, neutrófilos hipersegmentados e pancitopenia Deficiência de vitamina B12 (cobalamina) → a absorção da B12 ocorre no íleo terminal. A deficiência está geralmente associada a má absorção. Deve-se pensar em falta de ingestão pacientes que referem dietas veganas. A B12 é estocada por anos, então um deficit é manifestado depois de 4 ou.5 anos após o prejuízo na absorção. Causas: Hematologia 31 A principal é a anemia perniciosa, onde são produzidos anticorpos que destroem as células parietais, produtoras de fator intrínseco. E é esse fator intrínseco que se liga a B12 para que ocorra a absorção da mesma. Assim, a B12 deixa de ser absorvida Outra causa comum é a cirurgia bariátrica, pois retira a parte do intestino que absorve ferro e B12, então você tem que repor sempre Hematologia 32 Clínica da deficiência de vitamina B12: Hematologia 33 Anemia macrocítica com VCM altíssimos, alterações neuropsiquiátricas como parestesia, instabilidade na marcha e fraqueza muscular, defeito na produção de mielina, anorexia e diarreia Achados laboratoriais: hematopoiese ineficaz → anemia macrocitica com VCM >120, elevação em LDH, bilirrubina indireta, reticulocitopenia, pancitopenia Diagnostico: Não há exame padrão ouro e o nível de B12 varia muito, inclusive na mesma pessoa. Deve-se suspeitar pela clinica e um nível de B12 <200. Mas deve considerar se o nível estiver maior ou acima de 200, mas com uma clínica compatível. Se tiver duvida pode fazer o teste terapêutico com citoneurin e se houver melhora, confirma a deficiência O ácido metilmalônico e a homocisteína ficam muito altos quando falta B12, e eles se elevam bem antes da B12 abaixar no exame de sangue. Porém, é um exame muito caro Tratamento: Tratamento parenteral de 1000 microgramas por dia durante 1 semana, depois 1 vez por semana por 4 semanas e depois acompanha o paciente para ver a necessidade. O excesso é eliminado na urina Depois de 7 dias, deve-se ver uma reticulocitose. Porém, o hemograma e o VCM só se normalizam depois de 2 ou 3 meses. Já os sintomas neurológicos so cessam após 3 a 12 meses Falando sobre a deficiência de folato, é bem raro pois ele esta presente nas farinhas e nos pães. Então, deve-se pensar de etiologia doenças do TGI como doença de Chron ou doença celíaca ou deficiência de ingestão O desenvolvimento da doença é mais rápido, pois o estoque de folato é mais baixo. A dose minima que deve-se ingerir é de 400 microgramas por dia e a absorçãoé no jejuno. Causas: Os grandes alcoólatras tem deficiente absorção de folato e dieta pobre Hematologia 34 Diagnóstico: O folato deve estar < 2 ng/ml Ao exame tem altos níveis de homocisteína Hematologia 35 Tratamento: 1 comprimido de folato de 5mg por dia durante 4 meses ate normalizar a anemia Observações: Hematologia 36 Aula 7 - anormalidades da hemostasia na doença hepática Sistema pró coagulante e anticoagulante → no fígado estão os principais fatores da cascata de coagulação, inclusive a trombopoietina, hormônio responsável pela produção de plaquetas. Logo, o fígado esta diretamente ligado a capacidade de hemostasia (regular a fluidez do sangue). Na doença hepatica, esses dois sistemas (anticoagulante e pró coagulante) estão desbalanceados. Hemostasia primaria → (ativação e agregação de plaquetas, cuja deficiência leva a sangramentos mucosos, como gengivorragia, epistaxe, hematúria) Coagulação → firma o agregado de plaquetas através da cascata de coagulação (formação do trombo de fibrina) Fibrinólise → capacidade do organismo de dissolver os coágulos Obs: na doença hepática, todas essas 3 etapas da coagulação estão alteradas. Hematologia 37 Obs: não se pode presumir que um paciente hepatopata é um anticoagulado naturalmente. Apesar das anormalidades no teste de coagulação, não se pode dizer que ele está anticoagulado. Os exames só detectam a cascata pró trombótica. Esses pacientes tem ao mesmo tempo tendencia de sangrar e de fazer coágulos Fatores que contribuem para a tendência pró trombótica: fluxo sanguíneo alterado → a síndrome da hipertensão portal faz com que haja uma diminuição do retorno venoso, gerando uma forte tendência a formar trombos na circulação abdominal); alem disso, o paciente hepatopata tem hipoalbuminemia, o que leva a retenção de líquido na periferia, essa retenção + o estado acamado do paciente em internamento pode levar também a formação da trombose venosa. Numero e função plaquetária reduzidos → geralmente na síndrome de hipertensão portal o baço pode aumentar de tamanho e também de função. Dessa forma, aumenta muito a quantidade de plaquetas aprisionadas no baço e uma quantidade menor de plaquetas sendo formada, devido a trombopoietina (produzida pelo fígado) esta em menor produção. Contribuindo para o sangramento Células endoteliais → alteração inflamatória dessas células, contribuindo com o sangramento. Ou seja, alguns fatores contribuem com a formação de trombos e outros contribuem com sangramento Desordens da coagulação: O hepatócito é responsável pelos principais fatores da coagulação, logo, se eu perco os hepatocitos (se transformam em fibrose), existe uma tendência a redução da coagulação. Síntese e modificação na estrutura → glicosilação, gamma-carboxilação. Como faz modificação da estrutura, perde a função. Ou seja, ja ta produzindo pouco e os fatores que são produzidos ficam inativamos. Com isso, facilita o sangramento Trombocitopenia → devido ao mecanismo de hiperesplenismo (aumento do baço), pode ser pela redução da trombopoietina, pode ser pela supressão da medula óssea (por hepatite C ou álcool. Perde plaqueta, facilita sangramento Disfunção plaquetaria → a função da plaqueta é alterada devido a uremia, presente na insuficiência renal aguda (afeta a agregação plaquetária), é alterada também por Hematologia 38 infecções e distúrbios do endotélio. Plaquetas ineficientes, facilita sangramento Obs: mesmo o paciente hepatopata, é normal se as plaquetas > 50.000. Consegue manter a hemostasia, n tem risco de sangramento. A não ser que seja um paciente com infecção importante Infecção → incidência elevada nos pacientes com doença hepática (até 30%). Na sepse, ocorre uma menor agregação plaquetária, pois na sepse são produzidos substâncias como glicosaminoglicanos, que são heparinóides, ou seja, tem função anticoagulante, facilitando o sangramento Sistema fibrinolítico: As principais proteínas de fibrinólise, também são produzidas no fígado. Hiperfibrinólise clínica → ou seja, tendência para sangramento, é menos frequente Hipofibrinólise → ou seja, tendência para a formação de trombos, é mais frequente. Pois se o fígado tem capacidade reduzida de produção de proteínas fibrinolíticas, os fatores de coagulação que existem vão tender para a formação de coágulos. Além disso, devido a tendência para formar processos infecciosos, tem-se o sistema endotelial ativado, levando a formação de trombos. Outro fator para a redução das proteínas fibrinolíticas e dos fatores de coagulação é a redução do clearance Obs: o uso de anticoagulante não esta recomendo, pois o paciente tem tendência a trombo, assim como tem a sangramento. Alterações pró trombóticas: Fatores inibidores da coagulação → redução das proteínas anticoagulantes, representadas pela proteína C, S e antitrombina Elevação do fator de von wilebrand → ele se eleva devido ao endotélio sempre inflamado por constantes infecções. É produzido pelas plaquetas e pelo endotélio inflamado. Esse fator age facilitando a formação do agregado de plaquetas Hematologia 39 Redução da enzima ADAMTS13 → essa enzima degrada os multímetros do fator de von Willebrand. Para esse fator funcionar, ele precisa ser degradado em fatores menores. Se ha redução dessa enzima, os multímetros ficam muito aumentados, favorecendo a ocorrência de trombos Elevação do PAI-1 (inibidor do ativador de plasminogênio) → o ativador de plasminogênio, leva a produção de plasmina, que degrada a fibrina. Se tem o inibidor do sistema anticoagulante, favorece a trombos Estase vascular → hipertensao portal e edema periférico, leva a uma menor velocidade do fluxo sanguíneo. Faz parte da tríade de virchof Infecções → levam a inflamação no vaso, levando a tendencia pró trombótica e hemorrágica Testes de coagulação na doença hepática: TP, TTPA → estão prolongados, mas eles só refletem os fatores anticoagulantes (não refletem os fatores pró coagulante). A cascata de coagulação com tendência para a formação de trombos não está representada. Logo, mesmo com o TP e TTPA alargados, o paciente ainda tem risco de formar trombos. Fibrinogênio → cai na doença hepática nas fases iniciais. Além disso, tem valor prognóstico para estratificar o risco de sangramento na doença crônica parenquimatosa. Ou seja, fibrinogênio abaixo de 100, abaixo de 70, a tendência para sangramento é real, diferente do TP e TTPA Tromboelastograma → coloca o sangue na maquina, há a formação do coágulo e o computador interpreta o tempo ate a formação do coágulo e a estabilidade do coágulo até ele se degradar. É usado em pacientes na UTI em que necessita guiar a reposição de fatores, em pacientes que vão fazer transplante hepático. Intervenções: não é necessário em assintomáticos. Faz-se apenas quando o paciente apresentar sangramentos ou for ser submetido a alguma cirurgia. A reposição de vitamina K (ativa os fatores 2, 7, 9 e 10) → apenas quando o paciente é hepatopata e se apresenta com desnutrição, doença colestático, alcoolistas ou com diarreia Hematologia 40 Suporte em pacientes sangrando: Quando o hepatopata sangra, você pensa nas plaquetas (principalmente se for sangramento mucoso). Deve manter o nível de plaquetas > 50 mil se estiver sangrando. As indicações para transfusão são de a hemoglobina estiver abaixo de 7. Daí transfunde para ficar acima de 7. Se o sangramento do paciente for no SNC, ou se ele for fazer alguma cirurgia no SNC ou cirurgias nos olhos, ai o valor das plaquetas tem que ser acima de 100.000 Aula 8 - CIVD e trombofilias CIVD Processo sistêmico, onde há um fator desencadeante que desequilibra o sistema de hemostasia do sangue, tendo uma tendencia tanto para coagulação quanto para trombose. É um processo dinâmico, ou seja, o paciente tem ao mesmo tempo a tendencia para sangrar e coagular. Deve-se pensar se é um processo agudo (quando é um quadro mais grave) ou se é um processo crônico (quandohá compensação). Fisiopatologia: Hematologia 41 Há uma condição inicial que pode ser quando há uma exposição há polissacarídeo de bactérias (caso de sepse), exposição a fator tecidual (liberado por tumores), pacientes que sofreram traumas com lesão endotelial grande. Com essa patologia de base necessária, ocorrem 3 processos simultâneos: exposição de fator tecidual qua ativa a cascata de coagulação intravascular; ativação de neutrófilos; manutenção do dano e da ativação endotelial. A ativação da cascata de coagulação leva a formação de depósitos de fibrina, favorecendo a formação de trombos na microcirculação e isso pode levar ao consumo de plaquetas (plaquetopenia por destruição da microvasculatura). Há também consumo dos fatores de coagulação a medida que a fibrina é formada e também a ativação da fibrinólise (para manter a hemostasia). Esses processos são agudos, levando ao consumo de plaquetas, alteração dos testes de coagulação, e a elevação Hematologia 42 dos produtos de degradação da fibrina (como d-dímero) e isso tudo leva a uma coagulação deficitária. Obs: o d-dímero em grande quantidade atrapalha a agregação plaquetária e a formação de fibrina. Ao mesmo tempo, a condição de base do paciente leva a ativação da cascata inflamatória, com ativação dos neutrófilos. Estes ativados formam redes de neutrófilos, que acabam levando a uma tendencia pró trombótica, pois quando o sangue flui por essas redes a cascata de coagulação é ativada. O dano endotelial causado pela doença de base, leva também a cascata de inflamação e trombose microvascular. O sangue não chega aos órgãos, causando isquemia orgânica. E se o sangue não consegue fluir, as plaquetas e hemácias serão destruídas, por isso que na CIVD encontram-se esquizócitos na periferia (hemácias destruídas). Obs: a presença de esquizócitos é um marcador de microangiopatia Diagnóstico diferencial: A CIVD está dentro do grupo das microangiopatias trombóticas. Ou seja, os trombos nos pequenos vasos levam a distúrbios da hemólise intravascular e de plaquetas também CIVD → cursa com plaquetopenia, e alteração das provas de coagulação (TP/TTPA) PTT → doença causada pela deficiência da enzima ADMTS13, responsável pela degradação do fator de Von Willebrand. → causa plaquetopenia, porem as provas de coagulação estão normais SHU → síndrome hemolítica urêmica → alteração na via alternativa do complemento → formam complexos de agressão a membrana (MAC) → leva a lesão endotelial, formação de microtrombos, plaquetopenia e TP/TTPA normais. Obs: pode evoluir para isquemia de órgãos e ai sim ter a alteração das provas de coagulação Síndrome HELP → apenas em grávidas → cursa com elevação das enzimas hepaticas, hepatomegalia, anemia e plaquetopenia Hematologia 43 Achados típicos das microangiopatias trombóticas → hemácias deformadas em formato de capacete ou formas aleatórias (esquizócitos) CIVD e MAT (microangiopatia trombótica): O que fazer quando você suspeita de uma microangiopatia trombótica? Há suspeita quando o paciente tem anemia, plaquetopenia, marcadores de hemólise e presença de esquizócitos. Deve-se confirmar a anemia hemolítica e a trombocitopenia. Depois deve- se investigar as patologias de base que podem causar esse quadro. Se for uma criança com diarreia, pensa-se em SHU, desencadeada por subtipos de E.coli (toxina shiga). Se for um adulto e se diarreia, as causas não geralmente congênitas. Nesses casos, debe-se avaliar também se há lesão renal, seja aguda ou crônica (pode ser que uma droga esteja causando a microangiopatia). A doença de base pode ser: coagulação intravascular disseminada (em sepse), com infecção, tumores e câncer, gestantes com pré eclampsia ou síndrome HELP, paciente com hipertensão severa, doença reumática, pacientes com transplante de células Hematologia 44 tronco ou órgãos sólidos. → deve-se tratar a causa base, pois é ela que está causando o quadro de CIVD Causas: Hematologia 45 Laboratório: Na fase aguda, a exposição ao fator tecidual é feita em quantidades muito grandes. Já no crônico, essa exposição não é intensa. Além disso, na fase aguda não há tempo para a produção de mais plaquetas e mais fatores de coagulação como faz no crônico (compensação). Na fase aguda a contagem de plaquetas está reduzida e os testes de Hematologia 46 coagulação estão prolongados. Já no crônico, a contagem de plaquetas é variável e os testes de coagulação estão normais. Causas de d-dímero elevado: Manejo: Tratar a causa base Suporte → hemodinâmico / ventilatório / transfusional Obs: não usar profilaticamente pró-hemostáticos nem anticoagulantes Se o paciente não apresentar sangramento, e tiver até 20.000 plaquetas não há necessidade de transfusão. Se as plaquetas cairem desse ponto de corte, ele tem Hematologia 47 muita tendencia de sangrar então faz a transfusão Se o paciente estiver sangrando, deve-se manter as plaquetas acima de 50.000 com a transfusão de plaquetas, com 1 unidade randômica a cada 10kg ou 1 aférese (espera- se que aumente as plaquetas em 30.000 unidades) Plasma fresco congelado → só prescreve para pacientes que tiverem sangramento ativo e TP ou TTPA alterados. Faz uma quantidade de 10 a 15 ml/Kg. Como cada unidade tem de 200 a 250 ml, faz-se geralmente 3 a 5 unidades. Com isso espera-se que os fatores de coagulação aumentem em 30% Crioprecipitado → só prescreve se o paciente tiver sangramento ativo e fibrinogênio abaixo de 100ml/dl. Faz 1 unidade a cada 10kg do paciente. Espera-se que aumente em 50ml o fibrinogênio Obs: não se deve utilizar na CIVD os inibidores de fibrinólise como o ácido tranexâmico (inibe a formação de plaminogênio e plasmina, ou seja, inibe o sistema fibrinolítico). Obs: o CPP (complexo pró trombínico), tem uma tendência a formar muitos coágulos, por isso é evitado nos casos de CIVD Profilaxia para TVP e TEV → só se deve utilizar para pacientes com internação hospitalar sem sangramento. Nos casos gerais não se deve utilizar. Se o paciente tiver trombose documentada, utiliza anticoagulantes. Trombofilias Formação de coágulo → tríade de Virchow: 1- fluxo sanguíneo reduzido (estase) 2- hipercoagulabilidade sanguínea 3- lesão endotelial Obs: precisa desses 3 fatores para a formação do trombo, ou seja, não é porque o teste de trombofilia veio positivo que o paciente precisa ser anticoagulado. Pq ele pode não ter esses outros fatores e ai não vai gerar trombo. Trombose: Multifatoriais → alteração genética + fatores ambientais Hematologia 48 Trombose venosa: distúrbios no sistema de coagulação (grande quantidade de fatores de coagulação levando a formação do trombo) e participação mínima de plaquetas. Ex: TVP, TEP. Só pede investigação de trombofilia para as tromboses venosas Trombose arterial: as plaquetas tem papel fundamental (agregação plaquetária) e tem mínima participação do sistema de coagulação. Tem em comum a formação da placa de ateroma ou de vasoespasmo e a partir disso que o trombo é gerado. Ex: AVE, IAM Obs: para ter trombose não adianta ter só a trombofilia, precisa dos outros fatores da tríade de Virchow. Obs: independente dos resultados de trombofilia, toda vez que há trombose há mais risco de ter um segundo evento. Se houver parentes de primeiro grau, esse risco é ainda mais aumentado, independente de ter ou não trombofilia. Trombofilias: fator V de Leiden, mutação no gene da protrombina, deficiência de proteína S, deficiência de proteína C, deficiência de antitrombina. Obs: pesquisa de hemoglobinúria paroxística noturna e síndrome do anticorpo antifosfolípide → essas doenças além do risco de trombose venosa, tem risco também de trombose arterial Fator V de Leiden: A cascata de coagulação → ativação do fator Va → formação de trombina. Toda vez que o fator V é ativado, tem a ativação do sistema fibrinolítico (junção da proteína S e Hematologia 49 C). Toda vez que tem trombina, tem a presença também da antitrombina.O fator V de Leiden é o fator V normal, porem sem o ponto de clivagem (506) que é onde a proteína C se liga, sem o sítio ela não consegue se ligar. Ou seja, se torna resistente a inativação pela proteína C não causando a fibrinólise É uma mutação pontual G1691A, que faz a abolição do sítio de clivagem. 90% desses pacientes tem essa resistencia. Ela tem alta prevalência na população geral e em caucasianos ela é heterozigótica em 3-8% dos casos, tendo um risco de até 5x maior de TVP em 1º evento. Quando a mutação é em homozigose, tem um risco de 18X mais. Pacientes idosos, tabagistas, obesos, em uso de estrógenos e gestantes, os riscos aumentam beeeeem mais. Risco de recorrência: leve na forma heterozigótica, e aumentado na forma homozigótico, aí faz anticoagulação Sem associação clínica com trombose arterial. Testa mulheres com parentes positivos se a decisão de ACO ou tromboprofilaxia em pós parto Mutação no gene da protrombina: Em heterozigose o risco aumenta em 3x, mas tem baixa chance de recorrência. Não se tem dados sobre a homozigose. Não é necessário testar parentes, pois o risco de trombose é baixo. Só testa mulheres que querem iniciar ACO ou gestação. Deficiência de proteína C: Altíssimo risco de trombose. Dependente de vitamina K. Inativa o fator Va e VIIIa. Pode ser do tipo quantitativo (pouca quantidade da proteína C) ou qualitativo (proteína ineficaz). É uma doença rara. Deve-se pedir o teste funcional para avaliar a atividade da proteína, uma vez que o teste de antígeno não detecta a alteração qualitativa. Atentar para o momento em que foi realizado o teste, pois o paciente não pode estar fazendo uso de medicamentos que contenham vitamina K ou a varfarina. Como é uma doença com alto risco de trombose, deve-se testar os parentes de primeiro grau após a confirmação. Não está relacionada a eventos trombóticos arteriais. Tem alto risco de Hematologia 50 necrose epidérmica em inicio de uso de inibidores de vitamina K (varfarina). Anticoagulante o paciente pro resto da vida Deficiência de proteína S: Também dependente de vitamina K. É um cofator da proteína C. Pode estar livre no plasma ou ligada a C4b-BP. Tem o tipo I (quantitativo livre e ligada), tipo II (qualitativo), tipo III (quantitativo, mas somente para a forma livre que está reduzida). Deve testar a atividade e o antígeno. Tem prevalência desconhecida. A proteína S está naturalmente baixa em pacientes que usam ACO, no pós parto, em hepatopatas, CIVD, Uso de varfarina, síndrome nefrótica. Tem alto risco para trombose, mas risco de recorrência moderado. Não está associado a trombose arterial. Possui uma apresentação clínica variável. Na pratica faz-se uma anticoagulação plena. Tem risco de necrose epidérmica. Deficiência de antitrombina: Inibe a trombina, e os fatores IXa e Xa. Tem o tipo quantitativo e qualitativo. Pede-se o teste de atividade e de antígeno. Geralmente se manifesta em pacientes heterozigóticos. É a deficiência que mais tem risco de trombose. O tratamento é com heparina, afim de reduzir a antitrombina em 30%. Tem alto risco de recorrência e define anticoagulação plena. Prevalência de trombofilias: Hematologia 51 Exames: Trombofilias adquiridas: Câncer, doenças mieloproliferativas, hemoglobinúria paroxística noturna, ACO, gestação, SAAF, homocisteína, mutação no gene do tetrahidrofolato redutase (esses dois últimos não tem risco de TVP) Testagem de trombofilia: Hematologia 52 Hematologia 53 Suspeita de trombofilia → testar: TVP não provocada < 50 anos, sítio atípico, história familiar em 1 ou mais membros, definir duração de anticoagulação, homens Obs: lembrar que os testes negativos não predizem baixo risco de recorrência. A clinica é mais importante Aula 9 - anemia de doença crônica Introdução: Também conhecida como anemia de inflamação ou inflamação crônica ou hipoferritinemia da inflamação. É a segunda maior causa de anemia no mundo. Etiologia: Essa anemia é causada por qualquer processo inflamatório crônico, neoplasias, DM, obesidade, ICC, trauma severo, LES, artrite reumatoide, DII, vasculites Hematologia 54 Fisiopatologia: Há um quadro infeccioso, inflamatório ou malignidade. Esse quadro tem ação diretamente nos macrófagos do sistema reticuloendotelial (que está na medula, baço, figado..). Esse processo inflamatório crônico, estimula os macrófagos que começam a produzir citocinas que tem diversas funções no organismo, as principais são IL-6 e IL- 1b. Elas atuam no fígado estimulando a produção de hepcidina, que é um peptídeo, Hematologia 55 fazendo com que ela se aumente muito no sangue. Essa hepcidina atua no trato gastrointestinal diminuindo a expressão de ferroportina (mólecula que faz o ferro passar da luz do enterócito para a corrente sanguínea), ou seja, reduz a absorção e a exportação do ferro, faz com que ocorra uma menor biodisponibilidade do ferro. Esse ferro ele fica estocado nos macrófagos, porque não consegue sair da célula. Esses macrófagos cheios de ferro vão produzir outras citocinas, como IL-1b e TNF-alfa e gama, que tem ação no rim, fazendo com que ocorra a diminuição da produção de eritropoietina e tem ação na medula óssea, fazendo com que ocorra uma redução dos reeceptores de eritropoietina. Ou seja, tem menos hormônio estimulando a produção de células do sangue e o pouco que tem não consegue ativar as células da medula pois elas estão com menos receptores. É como se o organismo ficasse refratário a todas as citocinas que estimulam a produção, absorção e liberação adequada de ferro. A hepcidina muda completamente o metabolismo do ferro como se a tendencia do corpo fosse estocar. Na medula óssea tem menor estimulo as células progenitoras hematopoiéticas, uma menor resposta dessas células a eritropoetina e menor eritropoese. Resumindo: a inflamação crônica e a formação da hepcidina vai levar a essas alterações e consequentemente a instalação da anemia Hematologia 56 Papel central da hepcidina: regula citocinas e é produzida em resposta a citocinas e peptídeos bacterianos, por isso que a inflamação é estimuladora da hepicidina. Ela regula também a ferritina (reagente positivo de fase aguda), então em quadros inflamatórios crônicos essa ferritina aumenta, deixando de ser fidedigna para avaliar o estoque de ferro. Interação entre a hepcidina e a ferroportina: Toda célula tem ferroportina (portal que leva o ferro de dentro da célula para o plasma). Existem sítios de ligação na ferroportina com a hepcidina, ou seja, quando a hepcidina se liga, leva a internalização da molécula de ferroportina e depois a desintegração dela dentro do citoplasma. Assim, fica sem ter como tirar o ferro de dentro da célula. Por Hematologia 57 isso a inflamação, através da hepcidina, leva o ferro a ficar preso dentro da célula. Quando há bloqueado da hepcidina, o ferro consegue voltar a circular. A hepcidina reduz a absorção intestinal de ferro, reduz a liberação de ferro pelos macrófagos, comprometendo a hematopoiese. Outra função da hepcidina é reduzir o transporte de ferro através da placenta, logo, crianças de mães que tem doença crônica, podem ter uma menor circulação placentária levando a hipoxemia e anemia. Marcador na anemia de doença crônica: Aumento da hepcidina, ferro sérico baixo (no sangue), ferritina elevada (ferro pres dentro das células na forma de ferritina), saturação de transferrina baixa, TIBIC (capacidade total de ligação de transferrina) baixo. Hematologia 58 Obs: em pacientes desnutridos a saturação de transfererrina pode estar normal, pela pouca quantidade de transferrina Características: Anemia normo normo, pode ser hipo micro, tem reticulopenia (hipoproliferativa, pois não tem ferro para a produção das hemácias), tem uma intensidade de leve a moderada (Hb 8-11), Rdw normal ou aumentado, PCR elevada. Associação com ferropenia: Pode ter um quadro de doença crônica e com ferropenia (paciente com neoplasia esofágica que cursacom sangramento diário) → tem um quadro de microcitose, hiupoferritinemia ou ferritina. Se a ferritina for menor que 30 é ferropenia até para pacientes normais. Em pacientes que não fazem diálise, se a ferritina for menor que 100 considera que há ferropenia. Se o paciente tiver doença renal crônica em diálise, o nível de ferritina tem que ser menor que 200 para ter ferropenia. Comparação: anemia por deficiência de ferro X alfa ou beta talassemia X anemia de doença crônica: Hematologia 59 Objetivos terapêuticos: Tratar a doença crônica, melhorar os sintomas e não normalizar a Hb. Suplementação de ferro se suspeitar de doença crônica associada a anemia ferropriva Reposição de eritropoietina em pacientes com neoplasias e doença renal crônica
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