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Microbiologia - infecções virais do trato respiratório

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- MICROBIOLOGIA
Infecções virais do trato respiratório 
O resfriado comum é a síndrome infecciosa mais frequentemente encontrada em seres humanos e a influenza continua a ser uma causa maior de mortalidade. As infecções respiratórias frequentemente complicam o curso clínico de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e com asma. Os pacientes imunocomprometidos têm maior morbidade e mortalidade após infecções respiratórias virais. 
Epidemiologia 
A incidência das infecções respiratórias agudas é maiores em crianças menores que um ano e permanece elevada até a idade de seis anos. A maior parte dos antibióticos prescritos para adultos na prática médica ambulatorial é para infecções respiratórias. O uso indevido dessas medicações para as infecções respiratórias virais é muito grande e contribui para o incremento da resistência bacteriana aos antibióticos.
Agentes etiológicos 
Os vírus mais frequentemente envolvidos nas infecções respiratórias são rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR), coronavírus, adenovírus, parainfluenza e influenza.
A classificação viral depende, em parte, do tipo e configuração do ácido nucléico no genoma viral, das características da estrutura protéica viral e da presença ou ausência de um envelope de conteúdo lipídico envolvendo a partícula viral.
Alguns grupos virais, como o adenovírus e o rinovírus, são compostos por um grande número de imunotipos antigenicamente distintos, enquanto outros grupos, como os paramyxovírus e coronavírus, são compostos de um limitado número de imunotipos. Como regra geral, a imunidade é mais duradoura e a reinfecção menos comum nos grupos virais com maior número de imunotipos do que nos grupos com poucos imunotipos. Também o grau de estabilidade antigênica do vírus é um fator importante em determinar a frequência de reinfecção. Essa característica é especialmente importante para o vírus da influenza A, o qual sofre periodicamente variações antigênicas menores e maiores em seus antígenos de superfície.
Transmissão 
As vias de transmissão dos vírus respiratórios incluem contato direto, fômites contaminados e gotículas de secreção transportadas pelo ar. O rinovírus e o vírus sincicial respiratório (VSR) disseminam-se, pelo menos em parte, pelo contato direto das mãos com a pele contaminada do paciente e com as superfícies ambientais, seguido da auto-inoculação do vírus na mucosa nasal ou conjuntiva. Outros, como o vírus da influenza, vírus do sarampo e vírus da varicela zoster, podem disseminar-se por distâncias maiores através de pequenas partículas de aerossóis, mas mesmo assim o contato direto, os fômites e as grandes partículas são também importantes na transmissão. 
Quadro clínico
As doenças causadas pelos vírus respiratórios são classificadas em diferentes síndromes clínicas: resfriado comum, faringite, crupe (laringotraqueíte aguda), laringite, bronquite aguda, bronquiolite, síndrome de influenza símile e pneumonia. O resfriado comum apresenta-se como uma doença leve e auto-limitada. Os sintomas principais são coriza, espirros, congestão nasal e dor de garganta. Pode ocorrer tosse a febre não é comum, durando geralmente uma semana. Os principais vírus envolvidos nessa síndrome são: rinovírus, coronavírus, parainfluenza, VSR, influenza e adenovírus.
A faringite é a condição inflamatória da faringe cujo principal sintoma é a dor de garganta. Os vírus são os responsáveis pela maior parte das faringites. As faringites ocorrem com maior frequência como parte do resfriado comum, apresentando-se com um desconforto faríngeo leve a moderado. Os vírus que causam faringite podem ser divididos em dois grupos: aqueles que mais frequentemente estão associados a exsudato faríngeo ou amigdaliano (adenovírus, herpes simplex vírus, Epstein-Barr vírus) e aqueles que geralmente não estão associados a exsudato (rinovírus, coronavírus, parainfluenza, influenza e VSR). A otite média aguda é a infecção do ouvido médio caracterizada por dor de ouvido e febre. Vírus respiratórios têm sido identificados em casos de otite média aguda em crianças, sendo os vírus mais frequentes rinovírus, VSR e coronavírus. A laringite viral tem por sintoma cardinal a rouquidão e dificuldade em falar. O paciente tem dor ao tossir e ao tentar remover secreções das vias aéreas. Tosse e faringite podem estar presentes. Os principais vírus envolvidos são influenza, parainfluenza e adenovírus. A síndrome clínica de influenza símile ou gripe é caracterizada pelo surgimento abrupto de febre, calafrios tremulantes, prostração, mialgias, cefaleia e de sintomas dos tratos respiratórios superior e inferior. A febre é elevada, atingindo 39º C a 40º C e dura de um a cinco dias. Os sintomas sistêmicos podem dominar os primeiros dias da síndrome, enquanto os sintomas respiratórios, principalmente a tosse, dominam a fase mais tardia, Os agentes etiológicos mais importantes da síndrome são os vírus da influenza A e B. Entretanto, a síndrome pode ocorrer devido à infecção por outros vírus, como adenovírus, parainfluenza e VSR. 
Diagnóstico e Tratamento
Grande parte das infecções virais do trato respiratório, como o resfriado comum, faringite, laringite e bronquite são doenças autolimitadas com apresentação clínica sem gravidade. O manejo baseia-se no tratamento sintomático da congestão nasal, da tosse ou da dor. Do ponto de vista clínico, a necessidade de buscar a identificação de um possível agente viral será determinada pela gravidade do quadro clínico ou por situações de imunossupressão. 
A influenza possui tratamento anti-retroviral efetivo. A amantadina e a rimantadina são eficazes contra a influenza A, embora crescentes níveis de resistência tenham sido relatados para essas medicações. Os inibidores da neuraminidase (oseltamivir e zanamivir) são eficientes tanto contra a influenza A quanto contra a influenza B. O tratamento tem sua maior eficácia se administrado precocemente dentro das primeiras 48 h de sintomas.
Prevenção 
Adesão a uma prática adequada de lavar as mãos pode contribuir significativamente para reduzir a disseminação das infecções virais. Na prática clínica, a vacinação está disponível apenas para o vírus da influenza A e B. 
Vírus influenza 
Família: ORTHOMYXOVIRIDAE 
Gênero: INFLUENZA VIRUS 
Influenza: TIPO A (aves, mamíferos e humanos. Mais importante, grandes pandemias); TIPO B (menor frequência de epidemias, infecta somente humanos); TIPO C (doenças respiratórias leves, infecta somente humanos). 
Causam a gripe verdadeira: Enfermidade respiratória mais importante das doenças epidêmicas.
Características: Pleomórficos; Simetria do nucleocapsídeo (Helicoidal); Envelopados; RNA fs negativa (Segmentado A e B: 8 segmentos; C: 7 segmentos – tem maior capacidade de mutação); Segmentos não idênticos, codificam genes diferentes; Ocorrência de rearranjos genéticos; Carregam a RNA polimerase viral (Transcreve RNA fita (-) em (+)); RNA não infeccioso; 2 proteínas importantes no envelope (H - hemaglutinina: aglutina hemácias e N - neuraminidase: espícula que cliva o ácido neuramínico e estão presente no muco); Mudanças na antigenicidade em H e N (epidemias). A depender da combinação desse genoma dos vírus, vai existir um sorotipo diferente, que o sistema imune não reconhece, tendo que produzir anticorpos específicos diferentes.
Somente o tipo A causa pandemias quando capaz de transmitir-se de humano para humano. Tipos B e C não apresentam hospedeiro intermediário. Tipo C: ocorrência de surtos isolados. 
Forma de contágio: contato (aperto de mão, beijo); aerossóis (espirro); ambiente cheio e fechado. 
Evolução das pandemias: 1918 (fim da 1 guerra mundial) – H1N1 – gripe espanhola. Recomendações à época: Frequentemente complicada com Pneumonia; Prevalente na América; se estiver resfriado e com tosse, não entre no teatro; Vá para casa e fique na cama até melhorar. O combate foi feito com desinfetantes; máscaras contra a gripe que deixavam o nariz exposto.
Sintomas: depende da imunidade prévia do indivíduo. Febre, calafrios, tremores; descarga nasal, espirros, tosse,rouquidão, Dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, mal-estar, fraqueza, cansaço. Duração de 1 a 4 dias. Quadros + graves da doença: tipo A – Mortalidade: em crianças e idosos. 
Complicações: Pneumonias; Aumento de risco de infarto e AVCs pós-infecção; Otite média, exacerbação de asma; Síndrome de Reye (esteatose, encefalopatia aguda); Amostras asiáticas (aviárias) presentemente: – Pneumonia fatal – Falha múltipla de órgãos 
Drogas anti-influenza: Amantadina e Rimantadina que nibem a replicação viral inativando o canal iônico da proteína M2 do vírus Influenza. Zanamivir (Relenza) e Oseltamivir (Tamiflu) são Inibidores de neuraminidases. 
Diagnostico: Imunofluorescência; ELISA (detecção de antígenos virais no lavado nasal); Cultura e isolamento; RT-PCR (Reação de polimerase em cadeia com transcriptase reversa). 
Profilaxia: Vacinas (proteção de curta duração e eficácia de 70-90%); Higiene das mãos e uso de máscaras. 
 O individuo com influenza, possui as particulas virais. No envelope dessas particulas existem dois receptores: hemaglutinina e neuroaminidase. A hemaglutinina reconhce seu receptor (ácido siálico), fazendo com que ele entre (por fusão ou endocitose) e o vírus sofra desnudamento. Ele vai tentar sintetizar as polimerases (produção de enzimas para a síntese de proteínas e montagem da partícula viral) e vai liberar o seu genoma e sofrer brotamento infectando as células vizinhas, causando um processo inflamatório local. 
Pandemia: novo vírus da influenza que o individuo não possui memoria imunológica. 
Gripe sazonal: ocorre todos os anos, gera memoria imunológica. Drift antigênico: mudança pontual (pequena) do genoma. Quando o individuo entra em contato com esse vírus, ainda consegue ter imunidade porém não com muita eficiência. É o que ocorre na gripe sazonal. 
Shift antigênico: mudança drástica do genoma viral. Tem contato com um hospedeiro diferente e uma outra linhagem do influenza, origina uma nova cepa, diferente do original. Quando o indivíduo entra em contato, não desenvolve resposta imune. É o que ocorre nas pandemias. 
Rhinovírus
Causa mais importante do resfriado comum (mais de 100 sorotipos); Pequenos vírus 28-30nm; Simetria icosaédrica; Não envelopados; RNA fita simples; Crescem melhor a 33 C; Predileção pelo ambiente da mucosa nasal, com temperatura mais baixa. 
Diagnóstico: ELISA (detecção de antígenos virais no lavado nasal); Cultura e isolamento; PCR; Sorologia inviável. 
Tratamento: Inexistência de drogas anti-virais. 
Profilaxia: Inexistência de vacinas; Higiene das mãos
Vírus sincicial respiratório (RSV)
Família: Paramyxoviridae; Principal causa de doença respiratória em lactentes; RNA, fita simples; Helicoidal com envelope; Sinais: resfriado comum, bronquiolite e pneumonia. 
Diagnóstico: ELISA (detecção de antígenos virais no lavado nasal); PCR.
Tratamento: De suporte; Imunização passiva (Palivizumabe).
Profilaxia: Inexistência de vacinas.

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