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Apostila-História-Medieval-PDF(1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA MEDIEVAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2 FEUDALISMO ......................................................................................................... 4 
2.1 A interação entre Cidade e Feudalismo .............................................................. 5 
2.2 Clero ................................................................................................................... 7 
2.3 Nobreza .............................................................................................................. 8 
2.4 Servos ............................................................................................................... 10 
2.5 Economia Feudal .............................................................................................. 12 
2.6 Educação, Artes e Cultura ................................................................................ 13 
2.7 Guerras ............................................................................................................. 13 
2.8 O fim do Feudalismo ......................................................................................... 14 
3 HISTÓRIA MEDIEVAL: AS CRUZADAS ............................................................... 14 
3.1 Motivações Materiais ........................................................................................ 15 
3.2 Motivações Psicológicas ................................................................................... 17 
3.3 As Cruzadas No Oriente E No Ocidente ........................................................... 17 
3.4 O Movimento Das Cruzadas No Oriente Médio ................................................ 17 
3.4.1 Primeiras Cruzadas (1095-1099) ........................................................... 18 
3.4.2 A segunda Cruzada (1147-1149)........................................................... 19 
3.4.3 Terceira Cruzada (1189-1192)............................................................... 20 
3.4.4 Quarta Cruzada (1199 – 1204) .............................................................. 21 
3.4.5 Quinta Cruzada (1217-1219) ................................................................. 21 
3.4.6 Sexta Cruzada (1228-1229) .................................................................. 22 
3.4.7 Sétima Cruzada (1248-1250) ................................................................ 23 
3.4.8 Oitava Cruzada (1270) .......................................................................... 23 
3.4.9 Nona Cruzada (1271 – 1272) ................................................................ 23 
 
 
 
3.5 O Ocidente após as Cruzadas .......................................................................... 24 
3.6 Principais consequências ................................................................................. 25 
4 HISTÓRIA MEDIEVAL: PESTE BUBÔNICA ......................................................... 26 
5 A ALTA IDADE MÉDIA E AS OFICINAS MEDIEVAIS .......................................... 28 
5.1 Alta Idade Média: Aspectos Culturais e Educacionais ...................................... 30 
6 BAIXA IDADE MÉDIA ........................................................................................... 31 
7 CULTURA MEDIEVAL .......................................................................................... 33 
7.1 Arquitetura Medieval ......................................................................................... 34 
7.2 Música Medieval ............................................................................................... 34 
8 LITERATURA ........................................................................................................ 35 
8.1 A Arte dos Livros na História Medieval ............................................................. 35 
8.2 Os Tradutores Medievais .................................................................................. 37 
8.3 Rei Artur: A Literatura Do Mito .......................................................................... 38 
9 A EDUCAÇÃO MEDIEVAL ................................................................................... 39 
9.1 As Escolas ........................................................................................................ 40 
9.2 As Universidades .............................................................................................. 42 
9.3 Estudantes e professores ................................................................................. 43 
9.4 Os Cursos ......................................................................................................... 44 
10 CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA ............................................................................. 45 
11 HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO MEDIEVAL........................................................ 46 
12 O PRÉ-CAPITALISMO MEDIEVAL ..................................................................... 51 
13 A DEPRESSÃO DE FINS DE IDADE MÉDIA ..................................................... 52 
14 A IDADE MÉDIA PARA OS MEDIEVAIS ............................................................ 55 
15 HISTÓRIA MEDIEVAL NO BRASIL .................................................................... 58 
15.1 O Desenvolvimento da Disciplina e Políticas Nacionais ....................................... 59 
16 O ENSINO DA HISTÓRIA MEDIEVAL ................................................................ 61 
16.1 Os Professores, O Livro Didático e a História Medieval ........................................ 62 
 
 
 
16.2 Proposta Metodológica Do Ensino De História Voltado Ao Medievo ................. 63 
16.3 Distâncias E Aproximações Entre A Idade Média E O Presente ........................ 64 
16.4 Recursos Didáticos Utilizados No Ensino Da Idade Média .................................. 65 
17 LEGADO DOS TEMPOS MEDIEVAIS ................................................................ 66 
18 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 69 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Fonte: www.mythologica.com.br 
Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade 
Média”, eles não teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens de 
todos os períodos históricos, eles viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos 
em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma satisfação da 
necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos 
de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, 
pois, o termo expressava um desprezo indisfarçado em relação aos séculos 
localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Este se via como o 
renascimento da civilização greco-latina, e, portanto, tudo que estivera entre aqueles 
picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não 
passara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermediário, de uma idade 
média. 
A História Medieval é identificada como o período entre a História Antiga e 
a História Moderna (séculos X e XV). O nascimento da Era Medieval aconteceu a 
partir da queda do Império Romano e com a invasão dos povos bárbaros 
(germânicos). A Idade Média funcionou, principalmente, com base na economia 
ruralista e enfraquecimento comercial. Além disso, a sociedade era dividida por 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/historia-antiga
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/historia-moderna
 
4 
 
hierarquias e marcada pela supremacia da Igreja Católica. Por muito tempo a Idade 
Média foi definida como Idade das Trevas, umaépoca de pouco desenvolvimento 
científico e artístico, no qual as pesquisas perderam espaço para crenças religiosas. 
Apesar disso, o ciclo da Idade Média trouxe grandes avanços, sobretudo na 
produção agrícola: criação de moinhos, táticas de adubamento e rodízio de terras. 
Outro patrimônio medieval são as universidades, que começaram a aparecer no 
século XIII, fora os movimentos artísticos, como o gótico e românico. Na Idade Média 
destacam-se: o Feudalismo, as Cruzadas e a Peste Negra. 
2 FEUDALISMO 
 
Fonte: www.educamaisbrasil.com.br 
Durante a História Medieval, o Feudalismo foi uma organização política, 
econômica e jurídica baseada na posse de terras, prevalecendo as relações de 
vassalagem e suserania. A sociedade feudal era composta por camadas sociais bem 
distintas (clero, nobreza e servos). Sendo assim, não existia mobilidade social, isto é, 
passagem de um patamar social para outro. 
Abordar o papel da Cidade dentro do mundo feudal, ou mais especificamente 
dentro do feudalismo enquanto um sistema socioeconômico específico, implica em 
definir de maneira mais precisa cada um destes campos. Temos aqui duas coisas 
 
5 
 
distintas. ‘Mundo feudal’, ou “sociedade feudal”, deve ser entendido em uma acepção 
mais ampla do que “feudalismo”, esta expressão que logo veremos referir-se mais 
propriamente a um aspecto econômico-social da sociedade feudal. 
O ‘modo de produção feudal’ incluía, desta forma, tanto um sistema senhorial 
de exploração econômico-social, como o conjunto de mecanismos feudo-vassálicos 
através do qual se organizava e se hierarquizava a parcelarização do poder. A própria 
realeza, situada no ápice da pirâmide feudal, seria um elemento a mais deste 
complexo sistema econômico-social. Cumpre notar que a ideia de ‘modo de produção’ 
pressupõe uma superestrutura na qual se situam, entre outros, os mecanismos 
ideológicos que dão suporte à exploração social. Desta forma, o papel da Igreja e da 
organização clerical pode ser considerado como parte integrante do sistema global. 
O conceito de ‘modo de produção’, às vezes camuflado em alguma outra noção 
substituta, expandiu-se logo para setores historiográficos não necessariamente 
marxistas. Jacques Le Goff e Georges Duby, medievalistas aliados à História Nova, 
não hesitam em empregá-lo (LE GOFF, 1992, p.55). Mas cedo surgiu, conforme o 
objeto historiográfico que se constituía nesta ou naquela investigação, a necessidade 
de separar mais claramente o que era sistema de exploração da propriedade e do 
trabalho e o que era sistema de suserania e vassalagem envolvendo os homens 
pertencentes à nobreza. 
Por isto, Georges Duby propõe, chamar ‘modo de produção senhorial’ a este 
sistema de exploração da terra que enquadra camponeses submetidos a um senhor 
que exerce sobre eles um conjunto de poderes e direitos, independente da questão 
feudal. Quanto às relações de suserania e vassalagem, ficam melhor enquadradas no 
conjunto de ‘instituições feudo-vassálicas’. Obviamente que os dois âmbitos 
continuam inter-relacionados, mas a utilização de expressões diferenciadas torna-se 
aqui uma questão de maior precisão metodológica. 
2.1 A interação entre Cidade e Feudalismo1 
Jacques Le Goff, em O Apogeu da Cidade Medieval (1980), assim resume as 
quatro posições fundamentais relativas à questão do relacionamento entre Cidade e 
Feudalismo. Uma primeira posição assimila a cidade diretamente a uma senhoria, ou 
 
1 Extraído de https://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/download/644/626 
 
6 
 
a um poder feudal. No polo oposto, existem os que veem na cidade um fenômeno 
essencialmente “anti-feudal”. Mais interessante, embora também rejeitada pelo autor, 
é a posição que considera a cidade como um “enclave territorial” no sistema feudal e 
o “sistema urbano como sistema aliado ao feudalismo”. Por fim, há os que consideram, 
como o próprio Le Goff, que Cidade e Feudalismo formam um ‘sistema integrado’, ou 
o que José Luís Romero denominou “sistema feudo-burguês” (LE GOFF, 1992, p.57). 
As duas primeiras posições quase já não são defendidas pela historiografia 
moderna. A ideia de uma cidade medieval linearmente assimilada a um poder feudal 
esteve bastante em voga no século XIX e no princípio do século XX, e isto de diversas 
maneiras. A cidade, pode possuir senhores urbanos (nobres ou eclesiásticos) a que 
se sujeita a sua burguesia, havendo inclusive um certo número de terras enfeudadas 
em solo urbano (Reims). Os próprios burgueses ricos podem, em alguns destes casos, 
conseguir adquirir terras urbanas enfeudadas e reverter elementos do feudalismo a 
seu favor (Metz, século XIII). Até aqui, o solo urbano foi visto como objeto de 
feudalização ou de senhoria. Neste último caso, a comunidade urbana de burgueses 
torna-se agente de um processo de domínio senhorial sobre o campo a ela adstrito, 
em situação inversa às anteriormente descritas. Por fim, e isto já constitui um terceiro 
caso, são conhecidas também as assimilações do vocabulário vassálico ao vínculo 
contratual entre um senhor e uma cidade. Os reis utilizaram frequentemente estes 
contratos vassálicos com concelhos urbanos no seu caminho para o fortalecimento 
das monarquias feudais. 
 
 
Fonte: www.conhecimentocientifico.r7.com 
 
7 
 
2.2 Clero 
 
Fonte: www.cultura.culturamix.com 
A Igreja Católica era a instituição mais poderosa da história medieval, dona de 
inúmeras extensões de terra. Para ela, cada integrante da sociedade tinha uma função 
específica a cumprir durante estadia na terra. A missão do nobre era proteger 
militarmente o corpo social, a do clero rezar e a do servo trabalhar. 
Com o desenvolvimento da fé cristã pela Europa, a Igreja passou a ter um papel 
de ação social e político cada vez mais amplo nos tempos medievais. Desde sua 
conjunção com o Estado Romano, os membros eclesiásticos dispensavam esforços 
para organizar a sua própria hierarquia, determinar as crenças e realizar a conversão 
dos pagãos. No século IV, o Concílio de Niceia definiu as bases doutrinárias da religião 
e o combate às dissidências interpretativas. 
No século seguinte, a hierarquia da Igreja se mostrava organizada em uma 
complexa estrutura. Na base estavam os padres, responsáveis pela condução das 
paróquias espalhadas em uma mesma diocese. Logo em seguida, os bispos tomavam 
conta de uma província e os arcebispos das capitais das províncias. No topo se 
encontravam os patriarcas, que tomavam conta das mais importantes cidades; e o 
papa, líder máximo que determinava as ações de todos aqueles que ocupavam os 
escalões inferiores. 
 
8 
 
Com o passar do tempo, observamos que essas ações de organização religiosa 
e administrativa passaram a conviver com outra situação. A doação de feudos como 
sinal de devoção acabou fazendo com que a Igreja se transformasse em uma grande 
proprietária de terras. Nesse novo contexto, a influência exercida no campo da fé 
passou a se estender para o campo político e econômico. Em pouco tempo, o celibato 
entre os clérigos apareceu como uma medida que conservava as propriedades 
eclesiásticas. 
O constante envolvimento da Igreja com questões políticas e econômicas 
acabou abrindo portas para outra divisão no interior da instituição religiosa. Já na 
Baixa Idade Média surgiram ordens interessadas em se abster das questões materiais 
e viver somente em função do plano da espiritualidade. Através de votos de castidade, 
pobreza e silêncio, estes clérigos buscavam uma experiência espiritual mais elevada 
e afastada das tentações do mundo material. 
Nasceu assim o movimento monástico, onde os cenobitas, mais conhecidos 
como monges, habitavam o interior dos mosteiros em busca do cumprimento dessa 
vida de resignação espiritual. No século VI, o monge Bento de Núrsia fundou a ordem 
monástica beneditina, considerado o primeiro grupo de monges de toda a Idade 
Média.Logo em seguida, as outras ordens monásticas da Igreja foram inspiradas 
pelas orientações fundadas pela “Regra de São Bento”. 
Na Idade Média, houve um período em que o clero foi dividido em dois: o clero 
regular e o clero secular. Esses membros envolvidos restritamente com a questão 
espiritual seriam reconhecidos como os integrantes do clero regular, ou seja, aqueles 
que viviam em acordo com as regras dos mosteiros. Por outro lado, os dirigentes 
religiosos ligados às questões políticas e econômicas, passaram a incorporar o clero 
secular. Nesta subdivisão, os representantes da Igreja se envolviam na administração 
das riquezas e interferiam ativamente nas questões políticas da época. 
2.3 Nobreza 
No topo da hierarquia estava o rei, que acumulava pouco poder político, já que 
medidas jurídicas também eram decididas pelos senhores feudais. A nobreza era 
proprietária de terras e exercia pleno poder em seus territórios, aplicando leis, 
liberando privilégios e administrando a justiça. A aristocracia, ou a nobreza, da época 
medieval era constituída precisamente por indivíduos que possuíam detenção de 
 
9 
 
terras e algum tipo de influência ou poder político. O título nobiliárquico para cada 
indivíduo era outorgado por reis e senhores feudais segundo uma hierarquia, que se 
dividia, esquematicamente, entre alta nobreza e pequena (ou baixa nobreza). Na alta 
nobreza figuravam aqueles poucos que detinham títulos como os de príncipes, 
arquiduques, duques, marqueses e condes. Já a baixa nobreza contava com um 
número mais elevado de nobiliárquicos, cujos títulos eram os de viscondes, barões e 
cavaleiros. 
 
 
Fonte: https://www.infoescola.com 
Aquele que recebia o título de cavaleiro geralmente se caracterizava por ser 
especialista em armas, isto é, destacava-se por ter habilidade com lança, espada, 
escudo e dedicar-se a atividades como a guerra e a caçada, que marcavam o seu 
modo de vida. Ademais, os cavaleiros viviam do trabalho dos camponeses que 
ficavam sob seu domínio nas terras que lhe pertenciam. Isso lhes garantia a 
estabilidade para dedicar-se à atividade militar. Em alguns casos, os rendimentos do 
cavaleiro também vinham de algum suserano, ou senhor, a quem devia fidelidade. 
As vitórias em combates davam aos nobres cavaleiros, além de prestígio, 
prêmios e recompensas que eram recebidos de seus senhores. A moral do nobre 
assentava-se exatamente na fidelidade ao senhor por meio de juramento, que, se 
quebrado, figurava entre a maior das ofensas da classe aristocrática. Outras 
características dos nobres eram o seu orgulho e a sua coragem. O historiador 
 
10 
 
especialista em história medieval, Marc Bloch, assim se referiu ao orgulho do nobre 
medieval: 
Uma teoria então muito difundida representava a comunidade humana como 
dividida em três «ordens»: aqueles que oram, aqueles que lutam e aqueles 
que trabalham. E isto, de acordo unânime, pondo o segundo muito acima do 
terceiro. Mas o testemunho da epopeia vai ainda mais longe; o soldado não 
hesitava em considerar a sua missão superior até à do especialista da oração. 
O orgulho é um dos ingredientes essenciais de toda a consciência de classe. 
O dos «nobres» da era feudal foi, acima de tudo, um orgulho de guerreiro. ” 
(Bloch, Marc. A sociedade feudal. Edições 70, Lisboa. 1987, p. 324). 
Esse orgulho guerreiro tornou-se fonte para vários romances épicos e canções 
de gesta. Muitas histórias de cavalaria, como os contos e lendas do Rei Arthur, 
inspiraram-se no universo da nobreza medieval. O romance considerado fundador da 
narrativa moderna também teve como base esse tipo de história, trata-se de Dom 
Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. 
2.4 Servos 
A servidão era o principal método de trabalho da conjuntura feudal. Os 
trabalhadores viviam presos a terra e submissos a uma série de obrigações, como 
impostos e serviços. Fora os servos, haviam os vilões – homens livres que moravam 
nas vilas e prestavam serviços ao senhor feudal em troca de propriedades – os 
ministeriais, que administravam os feudos e podiam até ser membros da pequena 
nobreza, e os escravos. 
Além disso, prevaleceu na sociedade feudal as relações de fidelidade entre o 
suserano e seu vassalo. O suserano, normalmente um senhor feudal, doava terras e 
até castelos ao vassalo, um nobre que recebia as terras e, em troca, oferecia trabalho 
e proteção militar, caso ocorresse alguma guerra. 
Um vassalo também podia torna-se suserano no instante em que cedesse parte 
de suas terras a outro nobre e assim sucessivamente. As redes de vassalagem, 
muitas vezes, se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. 
Os camponeses eram os constituintes da base da sociedade feudal. Mesmo 
compondo a expressa maioria da população medieval, esses eram subordinados à 
autoridade dos grandes proprietários de terra pelo sistema de servidão. Na condição 
de servos, esta classe de camponeses devia realizar todo o trabalho agrícola 
responsável pelo sustento de todas as ordens feudais. 
 
11 
 
Do ponto de vista social, podemos observar que a força de trabalho destes 
camponeses era sistematicamente explorada pelos senhores feudais. Essa relação 
desigual pode ser justificada pelo fato do servo, além de ceder parte de seu tempo no 
cultivo das terras de seu senhor, também devia oferecer uma parte de sua produção 
para o pagamento das chamadas obrigações feudais. 
A condição subordinada dos servos camponeses se mantinha estável na 
medida em que existia um forte discurso religioso que justificava essa condição. Para 
a Igreja, as condições de vida servis eram o simples resultado dos desígnios divino. 
Dessa maneira, os camponeses acreditavam que as penúrias da vida cotidiana 
pudessem ser futuramente recompensadas pelo conforto de uma vida nos céus. 
De fato, o trabalho dos camponeses era cercado por uma série de dificuldades 
a serem extrapoladas. A precariedade das terras e as limitações técnicas do plantio 
resultavam em uma produção agrícola nem sempre capaz de atender as 
necessidades básicas do camponês e de seus familiares. Por isso, podemos observar 
que a coleta de frutos silvestres, a pesca e as atividades de caça incrementavam a 
dieta camponesa. 
No século XIV, a diminuição da produção agrícola e a consequente falta de 
alimentos estabeleceram várias revoltas camponesas. Em geral, reivindicando a 
redução das obrigações feudais e maiores parcelas das colheitas, vários servos 
ordenaram atos de violência contra senhores feudais. Conhecidas como jacqueries, 
esses levantes tiveram grande presença na Bélgica e na França. 
 
 
Fonte: www.pareoraio.wordpress.com 
 
12 
 
2.5 Economia Feudal 
Dentro da História Medieval, a economia do feudo girava em torno do consumo 
local, ou seja, da agricultura e pastoreio. O comércio era inexistente, já que as trocas 
eram feitas com apenas produtos. Já existiam moedas, porém eram pouco utilizadas. 
Nos feudos a produtividade era baixa, pois as técnicas agrícolas eram primitivas. 
Mesmo assim, plantavam-se cereais (trigo, aveia e cevada), ervilhas e uvas. Em cada 
feudo era possível encontrar as terras reservadas para a casa senhorial, a parte dos 
servos, onde cultivavam o necessário para sobrevivência, e as áreas em comum entre 
todos (pastos, florestas e bosques). 
Além de realizarem boa parte do trabalho, os servos eram obrigados a pagar 
diversos impostos, sendo eles: 
 
 Banalidade: o senhor feudal, além de oferecer abrigo e segurança, 
deixava a disposição de seus servos e camponeses alguns 
equipamentos que poderiam ser utilizados em seu dia a dia mediante o 
pagamento de uma taxa. Esta taxa ficou conhecida como “Banalidade” 
e era o imposto pago pelo uso dos moinhos e fornos entre outros. 
 Capitação: já o imposto chamado de “Capitação” era a contribuição 
paga referente a cada cabeça. Ou seja, se determinada família tinha 
cinco pessoas morando no feudo, aplicava-sea multiplicação da taxa 
por 5, sendo o resultado pago ao senhor feudal. 
 Corveia: um pagamento em trabalho, a “Corveia” era o imposto que 
obrigava os servos e camponeses a trabalharem duas vezes por semana 
nas terras mansas senhoriais, ou seja, aquelas pertencentes ao senhor 
feudal e cujo produto do cultivo seria inteiramente dele. 
 Talha: como se não bastassem todas as demais cobranças, a “Talha” 
procurava assegurar que cerca de metade de toda a produção das terras 
mansas servis fossem entregues também ao senhor feudal. 
 
Como se vê, a economia feudal, não muito diferente da atual economia 
mundial, era sustentada pelo povo enquanto que poucos, apenas o pico da pirâmide, 
desfrutava de uma vida de luxo e regalias infindáveis. 
 
 
13 
 
 
Fonte: https://economia.culturamix.com/ 
 
2.6 Educação, Artes e Cultura 
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada 
pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. 
Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros. A 
arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As 
pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas 
medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais 
sobre a religião. Podemos dizer que, em geral, a cultura medieval foi fortemente 
influenciada pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas 
e catedrais. 
2.7 Guerras 
A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. 
Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os 
cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados 
com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais nobre no período 
medieval. Os nobres moravam em castelos fortificados, projetados para serem 
residências e, ao mesmo tempo, sistema de proteção. 
 
 
14 
 
2.8 O fim do Feudalismo 
O feudalismo não terminou repentinamente, de uma hora para outra, ou seja, 
de forma repentina. Ele foi se enfraquecendo aos poucos e sendo substituído pelo 
sistema capitalista. Podemos dizer que o feudalismo começou a entrar em crise já no 
século XII, com várias mudanças sociais, políticas e econômicas. Em algumas regiões 
da Europa, o renascimento comercial, por exemplo, teve um grande papel na transição 
do feudalismo para o capitalismo. 
3 HISTÓRIA MEDIEVAL: AS CRUZADAS 
 
Fonte: www.todoestudo.com.br 
As Cruzadas foram expedições militares e religiosas organizadas pela Igreja 
Católica, na Europa do século XI e XIII. O principal objetivo dessas jornadas era 
dominar a chamada Terra Santa, a Palestina. Em 1095, Urbano II, em oposição a este 
impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Além 
disso, a igreja queria unir a Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica 
Apostólica Ortodoxa, separadas em 1054, e chamar atenção dos cristãos para o 
combate aos infiéis, uma forma de amenizar os conflitos dentro da religião. 
Muitas pessoas integravam as Cruzadas confiando nas promessas de salvação 
da alma. Como a influência da igreja era intensa, todos os cristãos buscavam a 
 
15 
 
remissão dos seus pecados e libertação da condenação eterna. As tentativas de 
conquistar a Terra Santa fracassaram. A Europa investiu muito dinheiro e milhares de 
pessoas morreram. Porém, as Cruzadas serviram para o desenvolvimento do 
comércio, enfraquecendo assim o modo de produção feudal. Além disso, conseguiram 
restabelecer os laços entre a Europa, o norte da África e a Ásia, colaboraram com a 
reabertura do mar Mediterrâneo ao mercado internacional, fora o aprendizado de 
novas práticas agrícolas. 
3.1 Motivações Materiais 
De fins do século XI a fins do XIII ouve um fluxo constante de ocidentais 
dirigindo-se para a periferia da Cristandade Latina de fato um conjunto de fatores 
material e espiritual provocou as Cruzadas que representaram uma espécie de 
solução para os problemas colocados pelo início da desestruturação feudal, a 
desorganização que seguira a queda do Império Romano e a insegurança provocada 
pelas invasões germânicas pediam uma nova estrutura. Assim organizava-se uma 
nova sociedade que apresentava grande distância entre a elite clerical e guerreira e a 
massa camponesa. 
Nesta, a condição social de cada indivíduo estava definida por Deus logo ao 
nascimento, ficando, portanto, estabelecia a vitaliciedade e hereditariedade: filho de 
nobre é nobre, filho de camponês é camponês daí o termo “sociedade de ordens”. 
Um dos primeiros a serem abordados é o contexto de expansão demográfica, 
a fraqueza populacional do Ocidente tinha começado lentamente a se modificar com 
o início do feudalismo, pois este removera os obstáculos que impediam a tendência 
natural que toda espécie tem a se multiplicar. Em segundo lugar o cessaram as 
invasões estrangeiras e as grandes batalhas tornando menos mortíferas. Em terceiro 
o fator determinante do surto demográfico foi a abundância de recursos naturais, onde 
vários territórios ficaram abandonados recuperando assim a fertilidade ou recobrindo-
se de florestas e pastagens naturais. Por fim o crescimento populacional está 
claramente ligado à inovação de técnicas agrícolas verificadas na época. 
O contexto comercial é outro elemento a ser levado em consideração para se 
entender a gênese das Cruzadas neste processo a Itália teve a primazia graças a 
vários fatores, sua localização geográfica no centro do Mediterrâneo, mais o estreito 
contado com a civilização bizantina e a muçulmana. 
 
16 
 
O contexto social um aspecto que nos interessa é a maior mobilidade social, 
com a passagem da sociedade de ordens para a sociedade estamental, significando 
que na primeira o indivíduo é de determinada camada social, condicionamento divino 
desde o nascimento, na segunda o indivíduo está num certo grupo social, devida a 
expansão demográfica ter reduzido o tamanho da parcela de terra de cada família 
camponesa, obrigando muitos indivíduos a tentarem um novo gênero de vida. 
Um dos elementos sociais de mais ativa participação nas Cruzadas foram os 
secundogênitos de famílias nobres, com a morte de seu detentor, a terra passasse 
indivisa para seu filho primogênito, os demais filhos entravam para o serviço de seu 
irmão mais velho ou se tornavam clérigos, recebendo, portanto, terras da Igreja. 
O contexto político em parte ligado àquela nobreza despossuída e turbulenta 
contribui para a ocorrência das Cruzadas, a questões de política eclesiástica, tinha 
outra razão que era tentar a reunificação da Cristandade, onde havia uma series de 
divergências entre a Igreja de Roma e de Constantinopla. 
 
A motivações materiais da Cruzada é o próprio discurso do papa Urbano II em 
novembro de 1095. 
 
Fonte: https://nationalgeographic.sapo.pt/ 
 
 
17 
 
3.2 Motivações Psicológicas 
No caso das Cruzadas, devemos levantar três elementos fundamentais da 
mentalidade da época: a contratualidade, a belicosidade e a religiosidade. O 
feudalismo era fortemente baseado na ideia de contrato, de reciprocidade de direito e 
obrigações, onde por um tempo acabou por se enraizar na mentalidade, 
ultrapassando o nível de relações inter-humanas para atingir a própria relações com 
Deus. E passaram a ser concebida como relação vassalo-senhor feudal. 
A belicosidade foi outro componente da mentalidade que se originou na pratica 
social para depois ganhar lugar no inconsciente coletivo. Naturalmente o inimigo era 
visto como exército demoníaco e, portanto, combate-lo era ao mesmo tempo obra 
política e religiosa. A religiosidade era o grande traço menta da época das Cruzadas 
formado a partir do contato com a realidade, onde a força do bem poderia ser levada 
a ajudar o homem a dominar a natureza a faze-la trabalhar para seu benefício (clima, 
terrafértil e animais reproduzindo). 
3.3 As Cruzadas No Oriente E No Ocidente 
As Cruzadas resultaram de um conjunto de fatores materiais e psicológicos as 
que buscavam a Terra Santa recebem tradicionalmente números no caso das 
expedições oficiais ou nomes Cruzadas popular Cruzada de Crianças para indicar a 
composição social diversa de outras. 
3.4 O Movimento Das Cruzadas No Oriente Médio 
Após o discurso do papa Urbano II despertado pela ideia de se partir para 
Jerusalém foi muito grande; a caminho estes grupos de pequenos cavaleiros, 
camponeses, clérigos, aventureiros, maltrapilho e desenraizado muitas vezes ao limite 
da fome, passando então a roubar e saquear. Milhares de peregrinos que tinham 
partido em abril de 1096, morreu durante a viagem, os que chegavam ao Império 
Bizantino maravilhavam-se com o esplendor e a riqueza de Constantinopla onde ouve 
inveja e menosprezo onde apenas alargaram o fosso entre as duas partes da 
Cristandade. 
 
 
18 
 
3.4.1 Primeiras Cruzadas (1095-1099) 
 
 
Fonte: www.universiaenem.com.br 
A Primeira Cruzada teve início em 1095 após declaração do papa Urbano II 
durante o Concílio eclesiástico de Clermont, na França. Na ocasião, ele evocou a 
necessidade de os cristãos reconquistarem Jerusalém e libertarem o Santo Sepulcro, 
sob domínio muçulmano desde 1076. O movimento militar de caráter religioso não foi 
um episódio isolado, mas um conjunto de campanhas que incluiu a Cruzada Popular, 
a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101. 
A atitude do papa foi motivada em parte pelo imperador Aleixo I Comneno, de 
Constantinopla (1081-1118), que temia uma investida muçulmana contra seus 
territórios, dada a proximidade de seus domínios com a cidade santa de Jerusalém. 
Urbano II prometeu aos participantes da expedição, a absolvição dos pecados, além 
da garantia de terras e riquezas quando da reconquista da Terra Santa. 
As notícias sobre o concílio de Clermont e a iminente campanha a Jerusalém, 
espalharam-se com rapidez pelo Ocidente e atraíram nobres e populares. Muito antes 
da data marcada para o início da expedição, estabelecida pelo concílio de Clermont 
para o dia 15 de agosto de 1096, as primeiras multidões de camponeses começaram 
a marchar em direção ao Oriente. A caminhada de camponeses e populares ficou 
conhecida como Cruzada Popular ou Cruzada dos Mendigos. Eles causaram 
 
19 
 
desordem e chegaram em péssimas condições a Constantinopla. O imperador Aleixo 
I Comneno, desejando afastá-los de sua capital, procurou incentivá-los a atacar os 
infiéis. Foi um desastre, pois a Cruzada chegou muito enfraquecida à Ásia Menor, 
onde foi arrasada pelos turcos. 
A Cruzada dos Nobres, por sua vez, partiu da Europa utilizando cruzes 
vermelhas, que sinalizariam a motivação religiosa do conflito, e iniciaram a cruzada 
sitiando várias cidades até alcançar o seu destino final. Apesar das dificuldades 
encontradas durante a jornada, os combatentes cristãos conquistaram Niceia e 
Antioquia até início de julho de 1098. Após Beirute, prosseguiram até Jafa e Haifa. Em 
Edessa, Godofredo de Bulhão fundou o primeiro "Estado de cruzados". 
Três anos após partirem do Ocidente, eles chegaram a Jerusalém. Na cidade 
Santa, logo provocaram um grande massacre contra os muçulmanos que ali 
habitavam. Depois da conquista, Godofredo de Bulhão foi eleito chefe do Reino de 
Jerusalém. Com sua morte, em 1100, ele foi sucedido por seu irmão, Balduíno de 
Bolonha. A nova ordem do Oriente Médio não durou muito tempo, pois a região estava 
circundada por países árabes, indignados e enfurecidos com as cruzadas. Nos dois 
séculos seguintes o conflito entre muçulmanos e cristãos se intensificou, o que 
motivou novas cruzadas e consequentemente causou a morte de centenas de 
milhares de pessoas. 
Na Europa, contudo, as cruzadas acentuaram a expressão da coletividade em 
torno da cruz e do papa, o que gerou o surgimento de uma espécie de "comunidade 
europeia" cristã. O sucesso da Cruzada dos Nobres e a necessidade de reforços para 
a defesa dos novos estados sob domínio cristão levaram o papa Pascoal II, sucessor 
de Urbano II a incentivar uma nova expedição chamada de a Cruzada de 1101. A 
campanha, entretanto, não foi bem-sucedida como a anterior. As derrotas dos 
cruzados em diversas batalhas fizeram os muçulmanos perceberem que eles não 
eram invencíveis, como parecera durante a Cruzada dos Nobres. 
 
3.4.2 A segunda Cruzada (1147-1149) 
 
A Segunda Cruzada foi uma expedição dos cristãos europeus, proclamada pelo 
papa Eugénio III e pregada por São Bernardo de Claraval em resposta à conquista de 
Edessa em 1144 pelos muçulmanos. A cruzada liderada pelos monarcas Luís VII de 
França e Conrado III da Germânia ocorreu entre 1147 e 1149 e foi um fracasso: Os 
 
20 
 
cruzados não reconquistaram Edessa e deixaram o Reino de Jerusalém politicamente 
mais fraco na região. O único ponto positivo da campanha foi a recuperação de Lisboa 
em 1147. 
A Segunda Cruzada não obteve o sucesso esperado. A expedição acabou por 
complicar a relação entre os reinos cruzados, bizantinos e governantes muçulmanos. 
A única vitória cristã foi a reconquista de Lisboa em 1147 sob a solicitação de D. 
Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Nenhuma nova cruzada foi lançada até a 
conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. O condado de Edessa estava 
definitivamente perdido e o principado de Antioquia ficou reduzida à metade do seu 
antigo território. 
 
3.4.3 Terceira Cruzada (1189-1192) 
 
 
Fonte: www.fineartamerica.com 
A Terceira Cruzada pode ser compreendida como uma reação cristã à 
conquista de Jerusalém pelo líder muçulmano Saladino em 1187. A expedição teve 
como principais condutores os reis da Inglaterra e da França, respectivamente Ricardo 
I (Ricardo Coração de Leão) e Filipe Augusto, além do imperador do Sacro Império 
Romano-Germânico, Federico Barba Ruiva (traduzido por alguns como Barbarossa 
ou Barba-Roxa), o que a levou a ser popularmente conhecida como a Cruzada dos 
 
21 
 
Reis. Embora tenha reunido inicialmente um grande exército, ela se revelou um 
fracasso no seu objetivo principal. 
Assim como as anteriores, a expedição foi organizada a pedido de um papa, 
na ocasião Gregório VIII, e buscou construir e consolidar a supremacia européia 
durante a Idade Média. Além da participação ativa de monarcas cruzados, a Terceira 
Cruzada, ocorrida entre 1189 e 1192, tem como característica uma maior tolerância 
entre líderes cristãos e muçulmanos. O período marcou também o surgimento e a 
participação dos Cavaleiros Teutônicos. 
 
3.4.4 Quarta Cruzada (1199 – 1204) 
 
Com o intuito de recuperar o domínio cristão em Jerusalém, que estava sob 
hegemonia dos turcos otomanos, a Igreja Católica empreendeu as Cruzadas para 
fortalecer sua doutrina religiosa no mundo. Entretanto, com a Quarta Cruzada pregada 
pelo papa Inocêncio III, os interesses da Igreja Católica seriam desviados pelo duque 
de Veneza Enrico Dandolo. A comitiva para a Quarta Cruzada era liderada por 
Balduíno IX, Conde de Flandres e o Marquês de Montferrant. Eles estavam com 
algumas dificuldades de pagar a extrema quantia exigida por Veneza para a travessia 
dos barcos e locomoção do Exército para o Egito. 
 
3.4.5 Quinta Cruzada (1217-1219) 
 
Após o desvio de interesses que caracterizou a Quarta Cruzada em 1204, o 
papa Inocêncio III propôs, em 1215, o empreendimento de uma nova Cruzada através 
do Quarto Concílio de Latrão, um dos mais importantes eventos da Idade Média onde 
reuniam-se líderes religiosos e laicos de diversas regiões para discutir temas 
condizentes à Igreja Católica. Entretanto, ela só seria efetivamente posta em prática 
em 1217, a mando do papa Honório III. Os líderes daquela que seria a Quinta Cruzada 
eram: André II, rei da Hungria; Leopoldo VI, duque da Áustria; Jean de Brienne, 
considerado por eles rei de Jerusalém; e Frederico II, do Sacro Império Romano-
Germânico.Por mais que Jerusalém fosse o alvo dos cruzados, eles decidiram atacar 
primeiro a cidade do Cairo, no Egito. Frederico II, que estava à frente da comitiva, 
deparou-se com um conflito interno entre os sultões do Egito e Damasco. 
 
22 
 
Conquistaram uma pequena fortaleza e receberam reforço papal com a chegada do 
autoritário cardeal Pelágio. 
Em 1219, com um acordo de paz, os muçulmanos propõem a entrega de 
Jerusalém aos cristãos com a condição de que eles se retirem do Egito. O cardeal 
Pelágio nega a oferta alegando que os egípcios não resistiriam ao ataque dos 
cruzados com a chegada de Frederico II. Depois da demorada reorganização da 
Cruzada novamente até o Egito, em 1221 os cristãos avançaram até Cairo. Porém, 
após a recusa das ofertas dos muçulmanos, depararam com uma emboscada em que 
estariam completamente cercados e sem acesso à comida. Para a retirada completa 
dos cristãos, os egípcios fizeram uma nova proposta: deixaria eles se retirarem com 
vida caso aceitassem a imposição de uma trégua por oito anos de paz. 
Sem a chegada das tropas de Frederico II, os cruzados tiveram que se retirar 
da cidade. Visto como o personagem central do fracasso da Quinta Cruzada, 
Frederico II foi excomungado da Igreja pelo papa Gregório IX. 
 
3.4.6 Sexta Cruzada (1228-1229) 
 
 
Fonte: www.mundohistoria.org 
A Sexta Cruzada foi lançada pelo imperador do Sacro Império, Frederico II de 
Hohenstauffen, no ano de 1227. Não obteve o êxito esperado e marcou-se por um 
dos fatos mais interessantes, seu propagador foi excomungado pelo Papa por duas 
vezes. 
 
23 
 
Frederico II era o herdeiro do trono de Jerusalém e desejava tomar posse de 
seus direitos em Chipre e Jerusalém-Acre, convocou então uma Cruzada para o ano 
de 1227. Entretanto Frederico II era partidário do diálogo com os muçulmanos em 
lugar de se resolver as questões por via de guerras. No mesmo ano de 1227 o sultão 
do Egito enviou uma comitiva de paz para conversar com o imperador do Sacro 
Império, adepto do diálogo, resolveu aguardá-la mesmo tendo já sua frota partido para 
o Oriente. O Papa Gregório IX não ficou satisfeito com o comportamento de Frederico 
II e o atraso que causara no avanço da Cruzada e então, pela primeira vez, o 
excomungou. 
 
3.4.7 Sétima Cruzada (1248-1250) 
 
A Sétima Cruzada foi comandada pelo rei francês Luís IX, o objetivo era 
alcançar o Egito. Após algumas investidas o exército de cruzados conseguiu vitórias 
importantes e o domínio de alguns territórios, mas a prisão do líder francês fez com 
que tudo se perdesse. 
 
3.4.8 Oitava Cruzada (1270) 
 
O clima de instabilidade entre os cristãos no Oriente Médio na década de 1260 
foi a grande justificativa para que o rei francês Luís IX decidisse organizar uma nova 
Cruzada, no ano de 1270. No dia 2 de julho de 1270, as tropas francesas partem de 
Aigues-Mortes em direção ao Oriente Médio, dando início à Oitava Cruzada. 
Chegaram primeiramente no Egito, que estava dominado pelo sultão Bibars. Com o 
objetivo de converter os sultões ao Cristianismo, os cruzados chegaram a deparar-se 
na mesma cidade que Maomé, que disse que iria recebê-los de mãos armadas. 
 
3.4.9 Nona Cruzada (1271 – 1272) 
 
Pelo curto período de tempo entre elas, a Nona Cruzada é considerada, para 
muitos, como parte da Oitava Cruzada, onde o rei francês Luís IX e grande parte de 
suas tropas morreram no Oriente Médio em decorrência do alastramento de uma 
peste, sem chegar a confrontar os sultões, de religião islâmica. Em 1271, meses após 
o fim da Oitava Cruzada, o príncipe inglês Eduardo I mobiliza seus seguidores até a 
região do Acre, na Galileia, para reforçar o exército enviado anteriormente, na tentativa 
 
24 
 
de converter os sultões ao Cristianismo para manter a hegemonia cristã em 
Jerusalém, tida como Terra Santa. 
3.5 O Ocidente após as Cruzadas 
 
Fonte: www.super.abril.com.br 
As Cruzadas foram importantes como todo evento histórico, num certo sentido 
as Cruzadas fracassaram, ou seja, não atingiram seus objetivos, a intenção 
eclesiástica de pacificar a Europa cristã desviando a nobreza sem terras para zonas 
periféricas também não chegou a ter sucesso. As Cruzadas aceleraram a 
desestruturação da sociedade feudal, e assim contribuíram as o acirramento das 
guerras feudais; por outro lado aumento a intolerância em relação a bizantinos e 
judeus e maior tolerância com os muçulmanos. Porem a mais importante 
consequência das Cruzadas no aspecto religioso foi ter permitido uma crescente 
oposição ao clericalismo, causando grande desprestigio a Igreja. 
Socialmente ouve o enfraquecimento da aristocracia o enfraquecimento da 
servidão e o fortalecimento da burguesia. O resultado político mais importante talvez 
tenha sido no processo de centralização política acelerando da monarquia feudais 
para monarquias nacionais onde se completou após as Cruzadas. Os Cruzados foram 
responsáveis pelas grandes transformações econômicas, pois as cidades eram os 
principais centros econômicos da época e tiveram importantes participações nas 
 
25 
 
Cruzadas exemplo Veneza e Gênova, o revigoramento do comercio e da economia 
monetária por si só criava condições para o surgimento de bancos e foi possibilitada 
pelo comercio a longa distância (transferência de fundos câmbio de moedas de 
diversas origens). Os Templários tornaram os grandes banqueiros da época e com 
esse dinheiro financiava a ida de muitos as Cruzadas. Em suma as Cruzadas 
distanciaram o Ocidente e o Oriente criando umas barreiras nos dois lados 
enraizaram-se no inconsciente coletivo. 
3.6 Principais consequências 
 
Fonte: www.aulazen.com 
As Cruzadas proporcionaram também o renascimento do comércio na Europa. 
Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e montavam 
pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante reaquecimento 
da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram, na Europa, novos 
conhecimentos, originários do Oriente, através da influente sabedoria dos sarracenos. 
Não podemos deixar de lembrar que as Cruzadas aumentaram as tensões e 
hostilidades entre cristãos e muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim das 
Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas duas religiões continuou. Já 
no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento de um tipo de 
literatura voltado para as guerras e grandes feitos heroicos. Muitos contos de cavalaria 
tiveram como tema principal estes conflitos. 
 
26 
 
4 HISTÓRIA MEDIEVAL: PESTE BUBÔNICA 
 
Fonte: www.aminoapps.com 
A Peste Negra foi uma pandemia, isto é, a proliferação generalizada de uma 
doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que se deu na segunda metade do século 
XIV, na Europa. Essa peste integrou a série de acontecimentos que contribuíram para 
a Crise da Baixa Idade Média, como as revoltas camponesas, a Guerra dos Cem Anos 
e o declínio da cavalaria medieval. 
A Peste Negra tem sua origem no continente asiático, precisamente na China. 
Sua chegada à Europa está relacionada às caravanas de comércio que vinham da 
Ásia através do Mar Mediterrâneo e aportavam nas cidades costeiras europeias, como 
Veneza e Gênova. Calcula-se que cerca de um terço da população europeia tenha 
sido dizimada por conta da peste. 
A propagação da doença, inicialmente, deu-se por meio de ratos e, 
principalmente, pulgas infectadas com o bacilo, que acabava sendo transmitido às 
pessoas quando essas eram picadas pelas pulgas – em cujo sistema digestivo a 
bactéria da peste se multiplicava. Num estágio mais avançado, a doença começou a 
se propagar por via aérea, através de espirros e gotículas. Contribuíam com a 
propagação da doença as precárias condições de higiene e habitação que as cidades 
e vilas medievais possuíam – o que oferecia condições para as infestações de 
ratazanas e pulgas. 
 
27 
 
Como ainda não havia um desenvolvimento satisfatório da ciência médica 
nestaépoca, não se sabia as causas da peste e tampouco os meios de tratá-la ou de 
sanear as cidades e vilas. A peste foi denominada “negra” por conta das afecções na 
pele da pessoa acometida por ela. Isto é, a doença provocava grandes manchas 
negras na pele, seguidas de inchaços em regiões de grande concentração de gânglios 
do sistema linfático, como a virilha e as axilas. Esses inchaços também eram 
conhecidos como “bubões”, por isso a Peste Negra também é conhecida como Peste 
Bubônica. A morte pela peste era dolorosa e terrível, além de rápida, pois variava de 
dois a cinco dias após a infecção. 
Uma das tentativas de compreensão do fenômeno mortífero da Peste Negra 
pode ser vista nas representações pictóricas da chamada “A dança macabra”, ou “A 
Dança da Morte”. As pinturas que retratavam a “dança macabra” apresentavam uma 
concepção nítida da inexorabilidade da morte e da putrefação do corpo. Nestas 
pinturas, aparecem sempre esqueletos humanos “dançando” em meio a todo tipo de 
pessoa, desde senhores e clérigos até artesãos e camponeses – evidenciando assim 
o caráter universal da morte. 
 
 
Fonte: www.megacurioso.com.br 
Outro fenômeno da época em que se desencadeou a peste foi a atribuição da 
causa da moléstia aos povos estrangeiros, notadamente aos judeus. Os judeus, por 
não serem da Europa e por, desde a Idade Antiga, viverem em constante migração, 
passando por várias regiões do mundo até se instalarem nos domínios do continente 
 
28 
 
europeu, acabaram por se tornarem o “bode expiatório” das multidões enfurecidas. 
Milhares de judeus foram mortos durante a eclosão da Peste. 
Com a morte de muitos trabalhadores, a mão de obra ficou escassa, 
sobrecarregando os que sobreviveram. Por isso, esta fase da História Medieval é 
marcada por várias revoltas camponesas, desestabilizando assim as estruturas da 
sociedade feudal. O poder da burguesia aumenta e com isso vem a crise do 
feudalismo, proporcionando o surgimento do capitalismo e retomada da força 
comercial. 
5 A ALTA IDADE MÉDIA E AS OFICINAS MEDIEVAIS 
 
Fonte: www.pixelhunt.wordpress.com 
A Alta Idade Média foi o período inicial da Idade Média, que se estendeu da 
queda do Império Romano do Ocidente, em 476, até o enfraquecimento do feudalismo 
no início do século XI. Na Alta Idade Média, as atividades artesanais estiveram 
restritas às necessidades de um mesmo feudo. Geralmente, um artesão se fixava em 
uma propriedade oferecendo os seus serviços em troca da proteção e dos recursos 
disponíveis na propriedade feudal. Não raro, o artesão não dedicava todo o seu tempo 
disponível para as atividades artesanais estando também envolvido no trabalho com 
 
29 
 
a terra. De fato, os portadores desse tipo de habilidade possuíam um raio de ação 
limitado. 
Contudo, entre os séculos XI e XII, este panorama se modificou na medida em 
que as cidades e os contingentes populacionais da Europa cresceram 
significativamente. Podendo agora atender uma ampla gama de consumidores, esses 
artesãos passaram a se deslocar para o ambiente urbano onde tinham maior 
autonomia para organizar suas atividades. Progressivamente, o trabalho artesanal foi 
incorporando um significativo número de pessoas e se organizou de forma mais 
complexa. 
Foi nesse contexto que surgiram as chamadas oficinas. Nela observamos 
artesãos desempenhando funções variadas e a presença de relações de trabalho 
diferentes daquelas observadas no interior das propriedades feudais. Sob a 
perspectiva de uma economia monetarizada, os funcionários de uma oficina 
costumavam receber um salário em troca de uma jornada de trabalho. Além disso, 
vemos que a oficina congregava a matéria-prima e as ferramentas necessárias à 
produção. 
O dono de uma oficina era conhecido como o mestre-artesão. Ele possuía os 
contatos comerciais necessários para vender a produção, era proprietário das 
ferramentas e obtinha a matéria-prima a preços mais baixos. Na condição de dono da 
oficina, ele desfrutava da grande parte dos lucros obtidos com a venda de suas 
mercadorias finalizadas. Apesar de dono, muitos mestres também ocupavam o seu 
tempo participando do processo de fabricação. 
Logo abaixo do mestre-artesão estavam os oficiais jornaleiros, também 
conhecidos como companheiros. Na qualidade de artesãos – e muitas vezes tendo 
um grau de parentesco próximo ao mestre, os oficiais executavam grande parte das 
tarefas ligadas ao processo produtivo. Em troca de seu serviço ganhavam um salário 
estipulado pelo mestre e que variava muito em função do desempenho comercial 
apresentado pela oficina. 
Na última escala da hierarquia de uma oficina temos os aprendizes. Em geral, 
o aprendiz era um jovem que disponibilizava a sua ajuda aos artesãos enquanto 
tomava conhecimento das técnicas empregadas na produção de uma mercadoria. Em 
troca dos seus serviços, o aprendiz recebia moradia, alimentação e vestuário. Para 
ele, tal condição poderia ser vantajosa, pois, ao longo do tempo, poderia ascender 
socialmente, se transformando em artesão ou mestre. 
 
30 
 
Apesar de demonstrarem tal configuração, as oficinas medievais não podem 
ser simplesmente equiparadas ao ambiente fabril que se instala com a Revolução 
Industrial, no século XVIII. Dentro de uma gama de limites, podemos ver que as 
oficinas medievais foram uma primeira etapa do processo de complexificação da 
economia europeia que, séculos mais tarde, se configuraram sob a hegemonia das 
indústrias. 
5.1 Alta Idade Média: aspectos culturais e educacionais 
 
A conquista do Império Romano do Ocidente pelos germânicos significou, em 
primeiro plano, a descentralização de poder. O extenso território romano, que antes 
formava um único grande Império, foi dividido em vários pequenos reinos, nos quais 
prevaleciam a autoridade do Papa, do Rei e dos Senhores Feudais e o trabalho da 
gleba serviçal, com a produção de subsistência retirada da terra como exclusiva fonte 
de renda. Nesse sentido, a Alta Idade Média é caracterizada pelo poder centralizado 
da Igreja Católica e do Rei, bem como pela agricultura, patriarcalismo, ruralismo, 
estatismo social e teocentrismo, sendo invertido esse estado categórico na Baixa 
Idade Média. 
No âmbito cultural, o antigo Império Romano do Ocidente é dividido “[...] em 
três espaços culturais diferentes. Na Europa ocidental, formou-se uma cultura cristã 
de língua latina, cuja capital era Roma. Na Europa oriental, surgiu um núcleo cristão 
de língua grega, cuja capital era Bizâncio”; no Norte da África e no Oriente Médio, “[...] 
desenvolveu-se na Idade Média uma cultura muçulmana de língua árabe” (Gaarder, 
2004, p. 191, grifo do autor). Vale a pena ressaltar que, no contexto da Idade Média, 
“[...] os árabes foram os líderes em ciências tais como a matemática, química, 
astronomia e medicina. Até hoje empregamos os algarismos arábicos [...]. Em alguns 
campos, a cultura árabe era mesmo superior à cristã” (Gaarder, 2004, p. 191). 
Com efeito, a cultura greco-romana foi mantida em razão da Igreja Católica 
Primitiva, que vinha trabalhando desde as bases e ganhando espaço, principalmente 
desde que havia sido permitido seu credo, no século III d.C. Assim, a Igreja Católica 
foi a principal responsável pela manutenção do legado cultural greco-romano e por 
sua integração com a cultura dos conquistadores, os germânicos. 
 
 
31 
 
6 BAIXA IDADE MÉDIA 
 
Fonte: www.resumosprontos.site 
A Baixa Idade Média (XI ao XV) com suas crises e seus rearranjos, representou 
exatamente o parto daqueles novos tempos, a Modernidade. A crise do século XIV, 
orgânica, global, foi uma decorrência da vitalidade e da contínua expansão 
(demográfica, econômica, territorial) dos séculos XI-XIII, o que levara o sistema aos 
limites possíveis de seu funcionamento. Logo, a recuperação a partir de meados do 
século XV deu-se em novos moldes, estabeleceu novas estruturas, porém ainda 
assentadas sobre elementos medievais:o Renascimento (baseado no Renascimento 
do século XII), os Descobrimentos (continuadores das viagens dos normandos e dos 
italianos), o Protestantismo (sucessor vitorioso das heresias*), o Absolutismo 
(consumação da centralização monárquica). 
Em suma, o ritmo histórico da Idade Média foi se acelerando, e com ele nossos 
conhecimentos sobre o período. Sua infância e adolescência cobriram boa parte de 
sua vida (séculos IV-X), no entanto as fontes que temos sobre elas são 
comparativamente poucas. Sua maturidade (séculos XI-XIII) e senilidade (século XIV-
XVI) deixaram, pelo contrário, uma abundante documentação. É essa divisão 
cronológica que nos guiará ao longo do exame de cada uma das estruturas básicas 
da Idade Média. Se nos capítulos a seguir dedicamos atenção desigual a cada uma 
 
32 
 
daquelas fases, é porque, grosso modo, acompanhamos inversamente o ritmo 
histórico c diretamente a disponibilidade de fontes e trabalhos sobre elas. 
 
 
Fonte: https://www.colegioweb.com.br/ 
 
A divisão histórica do período medieval é marcada por dois momentos com 
características diferenciadas, conforme a síntese a seguir: 
 
Alta Idade Média (do século V ao X): 
 
 Formação do feudalismo; 
 Decadência do comércio; 
 Economia rural; 
 Fortalecimento do poder local exercido pelos senhores feudais; 
 Ascensão da Igreja e da cultura teocêntrica; 
 Europa ocupada por povos “bárbaros”; em seguida, por árabes e 
mulçumanos; 
 
Baixa Idade Média (do século X ao XV): 
 
 Renascimento comercial e urbano. 
 Decadência do feudalismo. 
 
33 
 
 Decadência do poder local e fortalecimento do poder nacional, 
representado pelo rei. 
 Efervescência cultural urbana. 
 Europa invasora, conquistadora, com as Cruzadas e outras investidas. 
7 CULTURA MEDIEVAL 
 
Fonte: www.segundosssa.blogspot.com 
A Cultura Medieval é caracterizada pela influência da Igreja Católica sobre as 
culturas greco-romanas e germânicas durante a Idade Média. Nesse contexto, 
entende-se como cultura todas as atividades relacionadas à educação, à ciência, à 
filosofia, à arquitetura e à música, entre outros elementos. A Idade Média (476-1453), 
também chamada de Idade das Trevas, por muito tempo foi vista como uma época de 
atraso cultural devido, principalmente, a interferência da igreja na produção científica. 
A visão negativa também advém das várias guerras, doenças e desigualdades sociais 
que ocorreram. 
 
34 
 
Contudo, atualmente essa conotação negativa não é tão utilizada. A ideia de 
escuridão tem sido desmitificada aos poucos por alguns historiadores do século XX, 
que reconheceram que houve sim produção de conhecimentos que contribuíram para 
a Cultura Medieval. 
7.1 Arquitetura Medieval 
Na arquitetura medieval destacaram-se os estilos Romântico (Alta Idade 
Média), caracterizado pela austeridade e solidez e o estilo Gótico, marcado pela 
leveza e formas esguias. A arquitetura medieval ficou muito conhecida pela 
construção de castelos, mas foram nas Igrejas e Catedrais que a arquitetura religiosa 
floresceu. Nesses espaços sacros, eram necessárias a retratação de cenas religiosas 
e moralizadoras para catequizar a população. 
7.2 Música Medieval 
 
 
Fonte: www.universonerd.net 
A música também recebeu grande influência da Igreja, haja vista o canto sacro, 
especialmente o gregoriano de Gregório Magno (Papa Gregório I), composto por 
vozes masculinas em formato de coral. Contudo, enquanto o monge italiano Guido 
d'Arezzo cria a pauta de quatro linhas e escala musical, os trovadores e menestréis 
 
35 
 
difundiam a música popular. Os principais estilos musicais da época foram a música 
modal, a música polifônica, a ars antiqua e a ars nova, bem como as variações da 
música profana. 
8 LITERATURA 
A literatura medieval foi marcada pelo uso do latim na maioria dos textos, os 
quais repercutiam os temas religiosos e existenciais da moral cristã. Contudo, as 
manifestações vernáculas em forma lírica e narrativa do século XII, romperam com 
essa tradição e marcaram o abandono do latim clássico. Tem-se o surgimento da 
poesia trovadoresca, como nas canções de gesta, escárnio, de amor, de amizade, 
que marcaram o pensamento medieval até o aparecimento do Quinhentismo, em 
meados de 1418. 
8.1 A Arte dos Livros na História Medieval 
 
Fonte: www.apaixonadosporhistoria.com.br 
Antes da invenção da impressão mecânica, os livros eram objetos feitos à mão, 
valorizados como obras de arte e símbolos do conhecimento duradouro. De fato, na 
Idade Média, o livro se tornou um atributo de Deus. Cada etapa da criação de um livro 
medieval exigia trabalho intensivo, às vezes envolvendo a colaboração de oficinas 
inteiras. Pergaminho para as páginas tinha que ser feito a partir das peles secas de 
 
36 
 
animais, cortadas no tamanho correto e costuradas juntas; tintas tinham que ser 
misturadas, penas preparadas e as páginas alinhadas para as letras. 
Um escriba copiava o texto de uma edição pronta e os artistas então faziam o 
embelezamento com ilustrações, iniciais decoradas e ornamentos nas margens. Os 
livros medievais mais luxuosos estavam encadernados em capas com esmaltes, jóias 
e esculturas de marfim. O surgimento de universidades em toda a Europa criou a 
demanda por Bíblias de volume único, livros de direito e outros textos copiados em 
páginas com margens amplas para anotações e comentários. Textos importantes 
foram traduzidos do latim para o francês e outras línguas locais. As ilustrações de 
alguns manuscritos, notáveis por sua qualidade e originalidade, foram executadas por 
artistas de primeira linha; muitos outros, embora pequenos, têm a elegância 
monumental de obras maiores. 
Durante a alta idade média a produção de livros esteve restrita aos meios 
religiosos. Mosteiros por toda a cristandade faziam cópias à mão de livros 
considerados importantes na época, entre eles estavam às obras clássicas de 
pensadores da antiguidade como Platão, Aristóteles, Cícero e centenas de outros. 
Em um mundo dominado pelo cristianismo, conservar as obras de escritores 
pagãos era considerado um mal necessário, pois só nelas se encontravam noções 
essenciais sobre filosofia que contribuíram para o desenvolvimento da teologia cristã. 
É interessante notar que as bibliotecas dos mosteiros estavam divididas em duas 
partes, uma para os livros pagãos e outra para os livros cristãos. Isso para facilitar a 
pesquisa e impedir que os religiosos lessem obras pagãs caso esse não fosse seu 
desejo. Em seu completo trabalho sobre o mundo feudal, Mario Curtis Giordani faz um 
relato de como funcionava o processo de produção de livros nos primeiros séculos do 
medievo: 
Nos mosteiros a sala de trabalho em que os livros eram escritos e decorados 
chamava-se scriptorium. Esses scriptoria eram de importância e dimensões 
variáveis. Cabia a um monge já experimentado, o armarius, dirigir a 
confecção de livros: zelava pelo aprovisionamento do scriptorium com o 
material devido, repartia, dirigia e fiscalizava o trabalho dos copistas. (...) O 
trabalho era executado separadamente em cadernos que reunidos formavam 
um códex. As obras originais eram geralmente ditadas a um notário que as 
grafava em tabletes de cera. A seguir, os copistas do scriptorium passavam-
na a limpo sobre um pergaminho. Os tabletes serviam de rascunho e 
permitiam correções eventuais. Este processo explica a raridade de 
manuscritos autógrafos dessa época. Quando havia pressa na confecção de 
um livro, os cadernos eram distribuídos entre diversos copistas. (GIORDANI, 
1982 p. 312-313) 
 
37 
 
Os livros eram todos escritos em latim em pergaminhos produzidos com pele 
de ovelha ou de cabra, e por isso mesmo esse era um produto muito caro. Houve 
mesmo casos em que os monges rasparam pergaminhos já escritos para escrever 
obras que considerassem mais importantes. As obras eram escritas em letra cursiva 
com o uso de pena e tintas pretas e coloridas.Durante a alta Idade Média os livros 
eram copiados para permanecerem nas bibliotecas dos mosteiros, onde seriam 
estudados por clérigos que poderiam vir de qualquer lugar da cristandade para 
consultá-los. Eles também eram vendidos a pessoas que se interessassem, mas 
custavam pequenas fortunas e levavam meses para ficarem prontos. Conforme nos 
conta Will Durant: “Mesmo a Bíblia era muito rara fora dos mosteiros; era preciso um 
ano para copiá-la e a renda anual de um sacerdote para se poder comprá-la. Poucos 
eram os clérigos que dela possuíam uma cópia completa. ” (2004 p. 811) 
8.2 Os Tradutores Medievais 
Durante o período que assistiu a decadência do império romano e a formação 
dos novos reinos, muitas obras sumiram na Europa simplesmente por não serem 
recopiadas, numa época em que ainda não havia uma estrutura montada para isso. 
No entanto, essas obras permaneceram salvas nas bibliotecas de Constantinopla e 
foram estudadas por sábios árabes, que mantinham relações comerciais com o 
império do oriente muito antes da expansão islâmica. Algumas obras importantes para 
o desenvolvimento do pensamento medieval também foram escritas pelos próprios 
árabes, tais como Avicenas e Averróis. 
Quando as universidades começaram a se desenvolver no ocidente muitas 
dessas obras ainda estavam fora do seu alcance, escritas em árabe ou grego nas 
bibliotecas do oriente. Foi graças ao trabalho de centenas de tradutores que elas 
foram transcritas para o latim e assim puderam ser implementadas nos currículos 
universitários. 
Os principais centros de tradução ficavam em áreas onde havia grande contato 
entre as diversas culturas, principalmente na Espanha muçulmana, nas cidades 
comerciais italianas e na Sicília, onde a corte dos reis normandos mantinha intensos 
contatos com muçulmanos e bizantinos. Papel muito importante nesse contexto foi o 
dos judeus que se tornaram intermediários entre as duas diferentes culturas, muitas 
obras foram inclusive traduzidas por eles. 
 
38 
 
Um fato interessante que podemos destacar é o de que na falta de uma palavra 
correspondente no latim os tradutores usavam expressões árabes nas traduções, 
dessa forma muitas palavras de origem árabe acabaram se integrando ao vocabulário 
europeu, tais como: açúcar, alcova, alface, alfaiate, algoritmo, almanaque, almofada, 
álgebra, etc. 
8.3 Rei Artur: A Literatura Do Mito 
 
Fonte: https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/ 
Arthur foi um rei que teria governado a Inglaterra no início da Idade Média. Sua 
história, como a conhecemos hoje, é um conjunto de diferentes relatos escritos por 
diversos autores em épocas distintas. Segundo a lenda, Arthur era o primeiro filho de 
Uther Pendragon e Igraine, rainha da Cornuália, portanto, herdeiro do trono da Grã-
Bretanha. Todavia, devido à grande instabilidade política do momento, Merlin, um 
mago tido como muito sábio, aconselhou o rei a criar Arthur em segredo, sem que sua 
identidade fosse revelada. Conforme sua previsão, quando Uther morreu houve um 
grande conflito sobre quem o sucederia, o que levou Merlin a usar sua magia e a 
cravar a lendária espada Excalibur em uma pedra. Nela, havia dizeres segundo os 
quais apenas o legítimo herdeiro do trono conseguiria sacar a espada. Nenhum dos 
pretendentes o conseguiu, apenas Arthur, que depois disso se tornou rei. 
Ele reuniu então os cavaleiros e lutou contra os saxões, impedindo seu avanço. 
Em Camelot, ele construiu sua fortaleza, onde se reunia com seus guerreiros em uma 
mesa redonda (a famosa “távola” redonda), demonstrando que nenhum homem, aos 
olhos do rei, era mais ou menos importante. Depois de vários anos de paz irrompeu 
uma guerra civil, na qual Arthur foi gravemente ferido por seu sobrinho Mordred. Seu 
 
39 
 
corpo teria sido resgatado pela fada Morgana e levado até a ilha de Avalon, onde 
deveria repousar para ser curado e salvar o país novamente caso fosse necessário. 
9 A EDUCAÇÃO MEDIEVAL 
 
Fonte: www.apaixonadosporhistoria.com.br 
Quando estudávamos na escola o Renascimento do século XV, ficávamos com 
a ideia de que a Idade Média ou - como era muitas vezes chamada pelos professores 
e historiadores – “Idade das Trevas”, “Noite de Mil Anos” ou “Espessa Noite Gótica”, 
havia sido um período de completa estagnação cultural. Mil anos em que a Europa 
ficou isolada dos outros continentes e coberta por um manto de ortodoxia religiosa 
que impedia qualquer possibilidade de progresso cultural e intelectual. Mil anos 
durante os quais os servos explorados por seus senhores não tinham nenhuma 
possibilidade de elevação social. 
Talvez devêssemos rever essa ideia. Muito do nosso senso comum sobre o 
período medieval é parte de uma visão preconceituosa e distorcida criada pelos 
iluministas franceses no século XVIII. 
Foram eles que definiram a antiguidade Greco-romana como um período de 
glórias e avanços, e a Idade média como um período de escuridão e retrocesso. 
Retrocesso que só teria acabado com o ressurgimento da cultura clássica no século 
XV, por isso o nome de Renascimento. Daí também vem a ideia de que esses mil 
anos foram apenas um período do meio, um período em que a civilização européia 
 
40 
 
teria ficado num casulo aguardando o ressurgimento da cultura. Por isso o nome Idade 
Média. 
Devemos nos lembrar, no entanto, que o período romano realmente viu um 
grande crescimento econômico e cultural, mas tudo isso começou a ir por água abaixo 
já no ano 180, quando a dinastia dos Antoninos teve fim e o império foi mergulhado 
novamente em guerras civis e começou a sofrer cada vez mais com as invasões de 
suas fronteiras. Tudo isso em uma época em que não tinha mais o mesmo exército e 
a mesma economia de outros tempos. 
A queda da parte ocidental do império em 476 não deve então ser vista como 
um evento catastrófico, repentino e inesperado, mas sim como o fim de uma longa e 
angustiante queda e, de certa forma, um acontecimento previsível se observarmos 
sobre quais estruturas políticas e econômicas o império se sustentava. Segundo o 
historiador norte-americano Will Durant, a queda de Roma “não foi um súbito 
acontecimento, mas sim um processo que durou 300 anos” e completa afirmando 
“algumas nações não duraram tanto quanto levou Roma para cair. ” (DURANT, 1971, 
p. 520) 
Esse pensamento pode facilitar nosso entendimento sobre a Idade média. Os 
povos ditos “bárbaros” não destruíram uma grande civilização e colocaram um reino 
das trevas em seu lugar. Eles apenas tomaram os territórios de um império decadente 
que já não conseguia se sustentar sobre suas próprias pernas, e a partir daí 
começaram a erguer uma nova civilização, que em muitos sentidos ainda se utilizava 
das contribuições dos grandes gênios da antiguidade. 
9.1 As Escolas 
Segundo Pernoud: “A criança na Idade Média, como em todas as épocas, vai 
à escola. É, em geral, a escola de sua paróquia ou do mosteiro mais próximo. ” (1981, 
p.99). Realmente as escolas episcopais e monásticas eram as mais comuns durante 
o final da alta idade média. É de se supor que durante os três primeiros séculos do 
medievo a educação tenha sido basicamente feita dentro do seio da família, de acordo 
com as necessidades de cada classe social, tendo em vista esse que foi um período 
muito conturbado politicamente. Acima de tudo, foi um período em que tanto a igreja 
quanto os novos reinos tentavam se organizar dentro da nova ordem que havia 
surgido. 
 
41 
 
Uma pessoa que estimulou muito a educação foi o imperador franco Carlos 
Magno, que através de sua escola palatina e, com o apoio do monge inglês Alcuíno, 
instituiu um verdadeiro sistema de ensino no reino dos Francos. Carlos chegou 
inclusive a instituir capitulares ordenando que os bispos criassem e organizassem 
escolas. Os responsáveis pelas aulas eram os clérigos, padres e bispos, que atuando 
como professores, lecionavam para as mais variadas classes sociais, e não somenteaos nobres. O ensino era baseado em um currículo que desde a antiguidade vinha 
sofrendo poucas mudanças. O estudo das chamadas Artes Liberais. Sobre esse tema, 
Giordani anota: 
Essa denominação está evidentemente relacionada com a divisão 
fundamental da sociedade antiga entre homens livres e escravos. A estes 
pertenciam, via de regra, o trabalho manual. Àqueles cabia o 
desenvolvimento das atividades intelectuais. As disciplinas integrantes das 
artes liberais eram consideradas dignas de serem postas a serviço somente 
dos livres. (GIORDANI, 1976 p.173) 
 
As Artes Liberais eram divididas em dois grupos: O Trivium e o Quadrivium 
 
 
Fonte: kaleidociclo.blogspot.com 
 
42 
 
 
 Trivium era o grupo das três matérias básicas: Gramática, Retórica e 
Lógica. Ou seja, inicialmente o estudante era estimulado a escrever, a 
se expressar (falando ou escrevendo) e a pensar. É importante frisar que 
a gramática presente nesse currículo é a gramática do latim, afinal todas 
as obras que o estudante leria durante seu aprendizado, inclusive na 
Universidade, estavam nesse idioma, sendo assim aprender sua 
gramática era fundamental. 
 Quadrivium era o grupo das quatro matérias mais avançadas: Aritmética, 
Geometria, Música e Astronomia. Note que o nome dessas disciplinas 
não tinha exatamente o mesmo significado restrito que tem hoje, sobre 
isso Giodani ressalta que “a geometria, por exemplo, sempre incluía 
rudimentos de geografia; a astronomia incluía a física (natural, ou seja, 
biologia), a gramática incluía a literatura, a retórica incluía a história. ” 
(GIORDANI, 1976 p.175) 
 
Além disso, o aluno também estudava as Sagradas Escrituras. O método de 
ensino era conhecido como lectio: o professor fazia a leitura do texto em voz alta, 
fazendo pausas quando necessário para comentar os pontos mais importantes. 
Enquanto isso o aluno tomava notas. 
9.2 As Universidades 
Segundo Giordani as universidades europeias surgiram de três diferentes 
formas: espontâneas, criadas e por migração. 
 
 Espontâneas – Escolas que evoluíram para universidades na medida 
em que seus cursos de artes liberais se especializavam cada vez mais. 
 Criadas – Universidades criadas pelo Papa ou pelo Imperador. Eles 
eram os únicos que poderiam conceder a licença. 
 Migrações – Quando havia dissensões em uma universidade alguns 
mestres e alunos migravam para outras regiões onde fundavam novas 
universidades. 
 
 
43 
 
Entre o século 13 e 15, mais de cinquenta universidades foram fundadas na 
Europa e seu surgimento está intimamente ligado as transformações que a sociedade 
da época estava sofrendo com o desenvolvimento das cidades e da economia. Por 
outro lado, a política também se tornava mais complexa e os estudos do direito 
romano e do direito canônico contribuíram para o progresso do ensino, aliás muitas 
universidades se desenvolveram e se tornaram centros de estudos jurídicos. 
Cada universidade costumava ter sua especialidade, medicina, direito ou artes, 
mas todas só poderiam se considerar verdadeiras universidades se oferecessem mais 
de três cursos e recebessem do Papa ou do Imperador uma licença especial. Essa 
licença tornava o grau universitário válido em toda a cristandade, ou seja, em toda a 
Europa ocidental cristã. Isso abria um amplo leque de opções para os novos 
diplomados que poderiam trabalhar em qualquer reino onde houvesse trabalho 
disponível. Nesse sentido os graus eram realmente “universais”. E a vida na própria 
universidade também o era. 
A existência do latim, um idioma e uma escrita utilizada por todos os intelectuais 
cristãos, facilitava em muitos os estudos e a distribuição do conhecimento. Um novo 
livro de filosofia escrito por um intelectual na Itália, rapidamente chegava as mãos de 
um estudante na Inglaterra, sem necessidade de tradução, pois estava em latim, uma 
língua comum aos dois. Grandes nomes da época poderiam fazer palestras por várias 
universidades sem se preocupar com o idioma, o latim era compreendido por todos 
que viviam no meio universitário. 
9.3 Estudantes e professores 
Mas quem eram os estudantes medievais, Will Durant nos diz o seguinte: 
 
O estudante medieval podia ser de qualquer idade. Podia ser cura, prior, 
abade, mercador e também casado. Podia ser jovem de 13 anos, às voltas 
com a súbita dignidade que lhe trazia a idade. Ia a Bolonha, Orléans ou 
Montpellier para tornar-se médico ou advogado e as outras universidades a 
fim de preparar-se para serviços governamentais, em geral para fazer carreira 
em uma igreja. Não havia exame de admissão; as únicas exigências eram o 
conhecimento do latim e a capacidade de pagar uma modesta taxa a cada 
professor do curso que seguisse. Se era pobre podia ser auxiliado com uma 
bolsa ou pela sua aldeia, amigos, igreja ou bispo. Havia milhares nessa 
situação. (...). Um estudante que viajasse de uma universidade para outra 
recebia geralmente transporte grátis bem como alimento e hospedagem 
gratuitos nos mosteiros que ficavam no caminho. (DURANT, 2004, p.827) 
 
44 
 
Normalmente os professores eram alunos que, já tendo concluído o 
bacharelado, ganhavam o grau de magisterium. Para isso o estudante trabalharia dois 
anos para um professor. Os professores eram pagos pelos próprios alunos ou - no 
caso da universidade ser ligada ao papado - pela igreja. 
9.4 Os Cursos 
 
Fonte: www.pedagogia.com.br 
Havia quatro cursos disponíveis nas universidades medievais: 
 
 Medicina, 
 Direito (canônico ou civil), 
 Teologia, 
 Artes liberais. 
 
O curso de Artes era o mais procurado pelos estudantes. Ele era considerado 
uma porta de entrada para o mundo universitário. Vários alunos entravam com doze 
ou treze anos de idade, muitas vezes sem nunca ter cursado a escola. Nesse curso, 
as matérias ensinadas eram as mesmas do trivium e quadrivium, só que o currículo 
era mais complexo, abrangendo mais estudos filosóficos e sobre ciências naturais. 
 
 
45 
 
10 CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA 
 
Fonte: www.diverletras.wordpress.com 
A Centralização Política é geralmente caracteriza através de dois elementos - 
a formação dos Estados Nacionais e o surgimento do Absolutismo – e compreendida 
como fator essencial de ruptura com a Idade Média. Questionamos essa proposição, 
uma vez que os líderes desse movimento – os monarcas – são personagens 
essencialmente medievais e sua luta para submeter e controlar seus vassalos e 
estabelecer sua autoridade está intrinsicamente ligado ao Medievo. 
Percebem-se tentativas de fortalecimento do poder real no desenvolvimento da 
legislação e das instituições de chancelaria e administração da justiça régia durante o 
governo de Henrique II da Inglaterra no século XII. O mesmo ocorre na França no 
início do século XIII, quando Filipe Augusto e seus sucessores utilizam a Cruzada 
Albigense para submeter a nobreza rebelde do Languedoc, mais ligada ao Reino de 
Aragão que à coroa francesa. 
Segundo Hilário Franco Júnior (2001, p. 156): 
A Centralização Política [...] era a conclusão lógica de um objetivo perseguido 
por inúmeros monarcas medievais. O Estado moderno, unificado, 
caracterizava-se pelo fato de o soberano ter jurisdição sobre todo o país, 
poder de tributação sobre todos os seus habitantes, monopólio da força 
(exército, marinha, polícia). 
 
46 
 
Obviamente, não existia na Idade Média concepção de Estado como a 
contemporânea, por demais abstrata. Nas mentes medievais são as relações homem 
a homem que compõe o tecido social, laços de sangue, amizade e lealdade: 
Para eles, um ‘país’ é um modo de viver, sentir, falar, comer, que une entre 
si as pessoas aproximadas também pelo serviço de um mesmo senhor, pelas 
relações de homem a homem, familiares ou de vassalagem, que lhes dão 
coesão. É, no fundo, uma noção mais real, ligada ao sangue, à antiga 
concepção tribal, clânica, mais profunda e mais profundamente ancorada que 
uma espécie de ‘direito do solo’, demasiadamente

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