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artigo - Aplicação do fato do príncipe e da força maior

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Fato do príncipe e força maior: Uma responsabilidade do Estado ou dos 
empregadores em época do coronavírus (covid-19)? 
1Renato dos Santos Fonseca 
 
 
Resumo 
Com a grave crise da saúde no Brasil devido ao surto do covid-19, como 
emergência de saúde pública de importância internacional e, posteriormente 
como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde – OMS, diversas 
iniciativas executivas e legislativas foram adotadas pelas autoridades brasileiras. 
Nas distintas esferas da federação, essas medidas visam a garantir o direito 
fundamental descrito em nossa carta Magna, como à saúde (principal bem) 
diante da necessidade de isolamento social no país. Assim, o presente estudo 
tem-se voltado as diversas modificações que surgem no âmbito do Direito do 
Trabalho, ou seja, os efeitos trabalhistas das normas estaduais e municipais que 
regulam a suspensão temporária de funcionamento de estabelecimentos, quanto 
ao possível reconhecimento da força maior ou do fato do príncipe, em 
consonância com sua previsão na legislação trabalhista. 
Palavras-chaves: Direito do Trabalho, Fato do Príncipe, Força maior, covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 
1 Renato dos Santos Fonseca – Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Acadêmico de Direito - 
10º período. 
 
Hecho de príncipe y fuerza mayor: ¿Una responsabilidad del Estado o de 
los empleadores en el momento del coronavirus (covid-19)? 
 
 
 
 
 
Resumen 
 
Con la grave crisis de salud en Brasil debido al brote de covid-19, como una 
emergencia de salud pública de importancia internacional y, más tarde, como 
una pandemia de la Organización Mundial de la Salud (OMS), las autoridades 
brasileñas adoptaron varias iniciativas ejecutivas y legislativas. En las diferentes 
esferas de la federación, estas medidas tienen como objetivo garantizar el 
derecho fundamental descrito en nuestra Carta Magna, en cuanto a la salud 
(principal activo) ante la necesidad de aislamiento social en el país. Por lo tanto, 
el presente estudio se ha centrado en los diversos cambios que surgen dentro 
del alcance de la Ley Laboral, es decir, los efectos laborales de las normas 
estatales y municipales que regulan la suspensión temporal de la operación de 
los establecimientos, con respecto al posible reconocimiento de fuerza mayor o 
del hecho del príncipe, en línea con su predicción en la legislación laboral. 
 
Palabras clave: Derecho laboral, traje de príncipe, fuerza mayor, covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. Fato do príncipe no direito do trabalho. 2. Força maior no direito do 
trabalho. 3. Aumento das Ações Trabalhistas nas Varas do Trabalho devido a 
covid-19 Conclusão. Referências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A pandemia do novo coronavírus (covid-19) teve o reconhecimento oficial 
da ocorrência do estado de calamidade pública no Brasil pelo Decreto Legislativo 
nº 6, de 20 de março de 2020, do Congresso Nacional. Tal medida, além de 
flexibilizar de forma significativa os limites orçamentários, permitindo a 
destinação excepcional de mais recursos à saúde sem cometimento de crime de 
responsabilidade fiscal, também legitima a instauração de regimes jurídicos 
urgentes e provisórios visando refrear os impactos da situação calamitosa. 
Particularmente, no caso desta pandemia por coronavírus, os impactos 
são significativos, profundos e ainda incalculáveis. O confinamento social 
(lockdown), aplicada para minorar a impressionante celeridade de propagação 
do vírus, gerou sérias repercussões no campo das relações de trabalho. A 
questão vai bem além da simples possibilidade de demissões em massa. O que 
está em jogo é o fechamento de um grande número de empresas, sobretudo a 
bancarrota de micro, pequenas e médias empresas, o que poderá ser uma 
verdadeira catástrofe socioeconômica. 
Nesta toada, os operadores do Direito do Trabalho no Brasil que 
costumam ver com cautela as tais modificações extremas à legislação 
trabalhista, principalmente na seara das flexibilizações de suas normas, 
observam com receio de como isso será entendido na seara da Justiça do 
Trabalho no que concerne a essas alterações. 
Nesse contexto, tem-se discutido sobre a suspensão, manutenção e/ou 
(imprevisível) retomada das atividades profissionais e comerciais, dos 
empregos, bem como da produção e circulação de bens e de serviços, com as 
inerentes e, consequências para a economia do país. Haja vista, no que tange a 
esta pandemia onde os impactos da mesma são amplos, profundos e 
incalculáveis. 
Portanto, a grande indagação prática atualmente - é a efetiva parcela de 
contribuição da comunidade jurídica na busca de soluções para o aflitivo 
momento – diz respeito ao destino dos contratos, em suas mais diversas 
naturezas, principalmente ao Direito do Trabalho. 
Com efeito, a CLT permiti, no art. 503, caput, que por motivo de força 
maior capaz de afetar de forma significativa a situação econômica e financeira 
da empresa, pudesse ser feita redução salarial de 25% por ato unilateral, de 
forma proporcional à redução da jornada. 
Entretanto, a dúvida que é suscitada no momento é: quem irá pagar a 
conta causada pelos danos causados pela pandemia do covid-19 – o Estado, 
o empregador ou o empregado? Notadamente, os mais desfavorecidos, os que 
vivem na informalidade, pois se já havia dificuldade em arrumar emprego antes 
da paralisação imagine agora com essa paralisação de toda economia por tempo 
indeterminado. 
 
 
 
1. Fato do Príncipe no Direito do Trabalho 
 
Muito tem se falado após a citação do Presidente da República Jair 
Bolsonaro, sobre o cabimento do Fato do Príncipe no atual cenário em que o 
País vivencia, o da pandemia do covid-19. Em outras palavras, o mesmo se 
referia a uma possibilidade jurídica de todo empresário ou comerciante que teve 
de fechar o seu estabelecimento por decisão do chefe do executivo devido a 
pandemia, poderiam recorrer aos governadores e prefeitos para que fossem 
pagas as indenizações decorrentes da cessação das atividades. 
Vale ressaltar que essa teoria é um instituto do Direito Administrativo 
previsto na lei de licitações nº 8.666/93, pois “príncipe” significa a Administração 
Pública, o Estado, ou seja, é o ato do governo em qualquer grau, que impede o 
prosseguimento de qualquer atividade particular. Portanto, a tal força maior, 
supõe-se que seja em caso específico, que não haja culpa direta e indiretamente 
de quem alega. Assim, o fato do príncipe ocorrerá tanto por ato da Administração 
Pública Municipal, como a Estadual ou Federal. 
O fato do príncipe poderá ser externo e interno. No primeiro, ocorre 
interferência na relação jurídica privada, mas transfere à autoridade pública a 
responsabilidade da indenização, a exemplo da desapropriação. No segundo é 
conservada a responsabilidade nas mãos do sujeito passivo da relação jurídica 
por ele afetada. Podemos citar como exemplos, a interdição ou fechamento de 
estabelecimento ou prédio que ponha em risco os seus usuários. 
Para que haja o dano expresso no art. 486, CLT a responsabilidade da 
Administração Pública, ou seja, factum principis é preciso que venha ocorrer o 
fechamento da empresa. Assim, Administração Pública só poderá responder 
pelo pagamento da indenização de 40% (sobre o saldo do FGTS) e aviso prévio. 
Em relação as demais verbas rescisórias devem ser pagas pelo empregador, 
que assume os riscos do negócio. No Direito do Trabalho, esta hipótese é 
cuidada no artigo 486, da CLT, vejamos: 
 
“Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, 
motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela 
promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, 
prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo 
responsável”. 
 
 Desta forma, a responsabilidade será sempre do empregador que devearcar com o risco do negócio, não constrangendo em hipótese alguma o 
empregado. Ademais, é bastante precipitado estabelecer relação direta entre o 
“fato do príncipe” e as medidas tomadas por prefeitos e governadores no sentido 
de restringir as atividades empresariais por conta do covid-19. Portanto, no que 
tange o posicionamento majoritário que defende que decretos de isolamento 
durante a pandemia, não configura o fato do príncipe e, consequentemente, 
afasta a aplicação do referido artigo da CLT, ou seja, não há de se falar em 
pagamento de indenização pelo Estado. 
 Em outras palavras, este dispositivo exprime dupla excepcionalidade 
jurídica. Em primeiro lugar, porque mitiga – e não anula – o vetor jus laboral 
tradicional de que os riscos do empreendimento correm por exclusiva conta do 
empregador (CLT, art. 2º). Em segundo lugar, porque atribui incomum 
responsabilidade trabalhista a ente público que não integra a relação de trabalho, 
direta ou indiretamente, envolvendo atingimento do erário público. Ora, se para 
qualquer disposição normativa impositora de excepcionalidade jurídica a diretriz 
hermenêutica clássica demanda firme exegese restritiva, o que se deve imaginar 
quando detentora de duplo caráter excetivo? Partindo dessa linha de raciocínio, 
é possível reconhecer que o art. 486 da CLT há de receber interpretação 
maximamente restritiva. 
 
2. Força Maior no Direito do Trabalho 
Caso fortuito é um evento extraordinário da natureza, imprevisível e 
inevitável, que cria ou interfere numa relação jurídica, alterando-a ou 
extinguindo-a. Podemos citar como exemplo, um incêndio por fato natural 
acidental, que leva à destruição de estabelecimento onde trabalhava o 
empregado, ou a morte do empregado, atingido por um raio enquanto trabalhava 
a céu aberto, numa região onde é rara a ocorrência de raios. Nas hipóteses em 
que a lei não atribui de forma expressa a responsabilidade, apesar da ocorrência 
do fortuito, os efeitos serão variados conforme se trate de fortuito natural interno 
(não exclui a responsabilidade) ou externo (exclui a responsabilidade). 
A paralisação de atividades não essenciais é uma das medidas 
adotadas pelo Governo para o enfretamento da pandemia. 
Consequentemente, é possível que o empregador, em razão de 
acontecimentos alheio à sua vontade, por motivo de força maior, tenha que 
rescindir o contrato de trabalho. Ademais, o parágrafo único do art. 1º da 
Medida Provisória 927/2020, dispõe sobre o prazo de validade da mesma e as 
medidas que são possíveis para preservação a empresa, que seria durante o 
estado de calamidade pública reconhecida pelo Decreto Legislativo nº 6 de 20 
de Março de 2020. 
A rescisão do contrato individual de trabalho, ainda em tempos de 
pandemia, continua sendo um direito potestativo do empregador, uma vez que não 
há nenhuma lei ou decreto que proíba a rescisão, desde que efetue o pagamento de 
todas as verbas a que faz jus o obreiro. A luz da MP 927/2020, é clara em afirmar que 
a força maior está prevista no art. 501§, CLT, vejamos: 
 
“Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em 
relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não 
concorreu, direta ou indiretamente”. 
“§ 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar 
substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação 
econômica e financeira da empresa não se aplicam as restrições desta Lei 
referentes ao disposto neste Capítulo.” 
 
Portanto, as medidas previstas na MP só poderão ser adotadas por empresas 
que foram impactadas pela contenção do coronavírus. Assim, empresas que não 
sofreram com os impactos desta contenção e que continuam a funcionar 
normalmente, não poderão aplicar o disposto no § 2º do art. 501 da CLT. Contudo, a 
empresa que mantém fundamentação da rescisão nos termos dos efeitos da 
pandemia e, consequentemente, o não pagamento das verbas a que faz jus o 
empregado, poderá gerar passivo trabalhista com discussão, inclusive, com 
relação ao direito à reintegração e indenização, além do pagamento das 
demais verbas de direito. 
Nos casos em que o empregador não resistir e tiver perdas substanciais, 
resultando na extinção da empresa, a rescisão do contrato de trabalho poderá 
ser realizada com o pagamento das verbas rescisórias ao qual o empregado tem 
direito, sem o aviso prévio, e com o pagamento de multa reduzido pela metade, 
ou seja, 20%, conforme previsto nos artigos 501 e 502, II, ambos da CLT. 
Ademais, para que seja utilizado o gênero “força maior” para fins do 
direito trabalhistas, dependerá de: I- fato inevitável; II- sem concorrência do 
empregador; III- imprevisível; IV- suscetível de afetar substancialmente a situação 
econômica e financeira da empresa. 
No que tange os serviços essenciais como, por exemplo, farmácias, onde o 
movimento poderá até aumentar, não caberá a MP, visto que o texto do art. 2º é claro 
em dispor que as medidas servem para salvaguardar empregos. Neste caso, 
não há justificativas do empregador aplicar esta medida no caso concreto. 
Por fim, o gênero de força maior ocorre em razão de algum evento 
imprevisto, sem qualquer culpa do empregador. Porém, vale ressaltar que 
mesmo nessa situação, eventual demanda de redução salarial apenas pode 
ocorrer através de negociação coletiva. 
3. Aumento das Ações Trabalhistas nas Varas do Trabalho devido a 
covid-19 
 
Em um levantamento divulgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) 
mostrou que, até o mês de abril deste ano, o país registrou 1.457 ações trabalhistas 
nas Varas do Trabalho com o assunto Covid-19. Isso significa que processos de 
trabalhadores pedindo verbas rescisórias, como aviso prévio e multa de 40% do FGTS, 
estão relacionados à doença causada pelo coronavírus e a aplicação de forma errada 
do instituto do Fato do Príncipe e da Força Maior. 
De acordo com este levantamento, os setores que registraram o maior 
número dessas reclamações trabalhistas foram o da indústria, transporte e comércio 
respondendo a 42,6% do total. Entretanto, a maioria dessas reclamações trabalhistas 
derivam do Estado de Manaus/AM. 
Isso deixa claro, alguns dos impactos imediatos da epidemia: de primeiro 
de janeiro para cá foram mais de 10 mil processos e 9 mil demissões e 
afastamentos. O valor total das causas já ultrapassam o valor de R$ 596 milhões. 
Ou seja, “A crescente judicialização das questões relacionadas à Covid-19 na 
seara laboral demonstra que isso é uma tendência cada vez maior, durante esse 
período de pandemia, devendo ser vista com preocupação pelos empresários e 
as empresas de nosso país”, afirma Ricardo Calcini, professor da FMU, mestre 
em Direito do Trabalho pela PUC/SP. 
Normalmente o momento em que empregados procuram o ajuizar as 
reclamações trabalhistas é logo após sua dispensa e, como têm havido muitos 
desligamentos, inclusive em massa, era de se esperar um número de 
reclamações significante. Vale ressaltar, que o aumento dessas ações devem 
ultrapassar também do período de pandemia. 
O Termômetro Covid-19 na Justiça do Trabalho avaliou toda a base de 
dados abertos da Justiça Trabalhista, tendo como fonte as publicações 
relacionadas a esses processos, utilizando técnicas de ciência de dados, 
metodologia de pesquisa científica e tecnologia de última geração. 
A plataforma permite o monitoramento constante do fenômeno nos 
próximos meses, com base nas publicações da Justiça do Trabalho, por meio de 
uma plataforma online e de relatórios semanais sobre a evolução dos casos. 
Conclusão 
Em razão do covid-19, previstas na MP só poderão ser adotadas por 
empresas que foram impactadas pela contenção do coronavírus. Empresas 
que não sofreram com os impactos desta contenção e que continuam a 
funcionar normalmente, não poderão aplicar o disposto no § 2º do art. 501 da 
CLT. 
Entretanto, a determinação governamental de paralisação de negócios, 
por motivo de saúde pública, em hipótese alguma poderá ser apontada como 
fato do príncipe, esteligado apenas aos atos administrativos de interesse público 
de origem normal, e não aos excepcionais, derivados, como ocorre no presente 
momento, de calamidade pública originada de fato da natureza e não de 
necessidade pública. 
 
Outro motivo de relevância na indagação está no fato de que a CLT não 
faz menção em relação ao caso fortuito, o mesmo refere-se apenas ao fato da 
força maior. Desta forma, é determinado o pagamento da indenização por 
metade, em caso de rompimento do contrato por motivo de força maior (fortuito 
humano), sendo de se indagar se na hipótese de encerramento das atividades 
de uma empresa por motivos naturais essa indenização é devida. Não o é, por 
exemplo, no caso de falecimento do trabalhador, sem responsabilidade do 
empregador, que exclui direito de indenização à família do trabalhador. Daí 
questiona-se em que categoria e com quais efeitos a COVI-19 interfere nas 
relações jurídicas de trabalho. 
Em relação a responsabilidade civil dos empregadores, fórmulas serão 
encontradas para manter as empresas e os empregos vivos. O Estado deverá 
fazer esforços neste sentido, da mesma forma que ocorre nos países de 
capitalismo avançado. Por fim, reformular o sistema sindical e prestigiar os 
sindicatos é uma imposição democrática e inteligente de obtenção de um 
parceiro no diálogo das relações de trabalho. Assim, os sindicatos não servem 
apenas para reivindicação, mas também para mediação. Já a negociação 
coletiva de trabalho se apresenta no momento como o melhor e mais inteligente 
instrumento de solução de conflitos coletivos em face da pandemia do 
coronavírus, pelo diálogo social que permite, entre empresários, trabalhadores e 
o próprio Estado, no sentido de minimizar ou arrefecer os impactos dos enormes 
prejuízos que poderão ocorrer, sob a forma de diminuição da atividade 
econômica/paralisação e encerramento de atividades e perspectivas de aumento 
do desemprego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Referências 
BELMONTE, Alexandre Agra. Imprevisão, Força Maior, Fato do Príncipe e as 
normas excepcionais e temporárias para enfrentamentos dos impactos da 
covid-19 nas relações de trabalho. Editora Jus podivm; Academia Brasileira 
de Direito do Trabalho; 2020. 
CALCINE, Ricardo. Indenizações Trabalhistas: força maior e fato do 
príncipe. Prática Trabalhista. Revista Jurídica Conjur, 2020. 
MARTINS, Camila. Estados e Municípios podem ser responsabilizados pelo 
pagamento das verbas rescisórias durante a pandemia? Revista Jusbrasil, 
2020. 
PEREIRA, Tiago; FALASQUI, Lucas. Comentários à MP 927/2020. Advocacia 
na Prática. 2020. 
PINTO, Renata de Camargo; MONTORO, Guilherme. Aplicação do “Fato do 
Príncipe” e o coronavírus. Migalhas, 2020. 
PRITSCH, César Zucatti. Força maior e factum principis – responsabilidades 
nas paralisações de correntes do Covid-19. Redação Jornal Estado de 
Direito, 2020. 
ROCHA, Débora Machado. Rescisão do contrato de trabalho por motivo de 
força maior em tempos de coronavírus (covid-19). Revista Jus.com, 2020. 
TEIXEIRA, Leandro Fernandez. Força Maior e fato do príncipe no direito do 
trabalho. Jus.com.br, 2020.

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