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Ana Victoria Soares 2020.2 Ana Victoria Soares 2020.2 O sistema imune gastrointestinal é o maior e o mais complexo devido ao: - Número de linfócitos localizados no tecido e a quantidade de anticorpos produzidos lá. O número é igual ao da medula óssea, que é o local de produção dessas células. Só perde pra baço e linfonodos que são locais de grande ativação dessas células. Tanto a proteção celular quanto a proteção humoral estão presentes na mucosa gastrointestinal. FUNÇÃO DA MUCOSA: Absorção. Além da absorção de nutrientes, é inevitável a presença de várias bactérias no lúmen. Então o sistema imune da mucosa teve que se aprimorar pra desenvolver também mecanismos de proteção contra essas bactérias luminais que sempre surgem. Essas bactérias surgem devido as características da mucosa: mole, úmida e quente, que favorecem a colonização e invasão por diferentes micro- organismos. Devido a isso, a mucosa precisou evoluir com o sistema imune, um sistema imune muito complexo, que precisa suprimir bactérias comensais, mas ao mesmo tempo estimular uma resposta inflamatória contra bactérias patogênicas. No lúmen existe uma grande parte de bactérias comensais, que nos indivíduos saudáveis elas estão mais numerosas, mas podem haver bactérias patogênicas. Então, o nosso sistema imune precisa distinguir essas bactérias, evitando uma resposta imune contra as bactérias comensais e favorecendo o desenvolvimento de uma resposta imune contra as patogênicas. Os alimentos que nós ingerimos vem de fora, são estranhos ao organismo. Mas o nosso sistema imune não pode considerar os alimentos como substâncias estranhas pois montaria uma resposta imune contra eles. Ocorre então a TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA, que é a ausência de resposta imune contra um determinado antígeno. As bactérias comensais e os antígenos alimentares devem induzir tolerância imunológica enquanto que as raras bactérias patogênicas, que são menos frequentes, devem desencadear uma resposta imunológica. Esses raros patógenos que são adquiridos durante a ingestão de alimentos ou de água contaminada são raros, mas devem ser percebidos durante a mistura no lúmen intestinal, onde existem várias bactérias boas, mas também existem vários antígenos alimentares. OBS: A gente tem a impressão de que uma doença só vai se desenvolver se um patógeno invadir a barreira epitelial e infectar o tecido. Na região de mucosa, existem doenças significativas ocorrendo mesmo sem a invasão do revestimento epitelial. Mesmo no lúmen e em pequenas quantidades, os patógenos podem causar a doença no lúmen. Devido a isso, é necessário perceber a importância do epitélio sinalizar a presença desses invasores no lúmen pra ativar a resposta imune mesmo que eles não tenham invadido o tecido mucoso. GALT: monocamada de barreira epitelial justaposta, possui batimento mucociliar. Esse epitélio produz catalicidinas, citocinas sinalizadoras pra informar as células que residem a baixo do epitélio sobre a presença da infecção a nível de lúmen. Possui linfócitos intraepiteliais (que residem no local) que é o GAMA- BELTA, que além de produzir citocinas, também matam com toxicidade. O momento que o epitélio sinaliza a presença do invasor, a resposta imune ativa a submucosa e é capaz de atravessar esse epitélio e conter esses patógenos no lúmen. Mesmo que o patógeno não invada o epitélio, o epitélio consegue ativar/informar a resposta imune. Se o epitélio for rompido e o patógeno tiver acesso a camada de baixo, a lamina própria, que é constituída de tecido conjuntivo frouxo, então contem vasos sanguíneos e linfáticos que permitem a drenagem Ana Victoria Soares 2020.2 Ana Victoria Soares 2020.2 tecido diante de uma infecção. Permite que células dendríticas e macrófagos que residem aqui possam migrar para os linfonodos periféricos para poder ativar os linfócitos e iniciar a imunidade adaptativa. Para ativar o linfócito T precisa ter um APC carreando o antígeno, mas o antígeno chegando sozinho também ativa o linfócito B. O tecido azul contido na imagem é também um órgão linfoide, chamado de PLACA DE PEYER, é um local de ativação de linfócitos B e T e de apresentação de antígenos para essa ativação. A proteção mediada por células, ou seja, fagocitose, citotoxidade dos linfócitos T... só acontece se o micróbio invadir a lâmina própria. Imunidade celular Mas, se o patógeno permanece no lúmen, somente há produção de anticorpos, ou seja, imunidade humoral que consegue neutralizar e extinguir essa infecção. FLORA COMENSAL: São importantes tanto para ajudar na dieta quanto na digestão dos nutrientes. Previne infecções, já que são mais numerosas e por competitividade, acabam neutralizando e destruindo raros patógenos. Tanto os alimentos como as bactérias comensais são boas se permanecerem no lúmen. Se por acaso eles invadirem a barreira epitelial, podem ser potencialmente fatais, especialmente as bactérias comensais. Se elas cruzarem a barreira mucosa ou adentrem á circulação, ou cruzar a parede intestinal, principalmente de indivíduos imunocomprometidos podem causar doenças letais. CÉLULAS EPITELIAIS INTESTINAIS: Revestem os intestinos delgado e grosso são parte integrante do sistema imune inato gastrointestinal, envolvidas em respostas a patógenos, tolerância a organismos comensais e e amostragem de antígenos para a apresentação ao sistema imune adaptativo no intestino. Reconhecimento que direciona para tolerância ou imunidade. Essas células podem tanto induzir tolerância quanto resposta imunológica. CÉLULAS: CALICIFORMES: Secretoras de muco, que residem no ápice das vilosidades intestinais. CÉLULAS EPITEIALIAIS ABSORTIVAS SECRETORAS DE CITOCINA. CÉLULAS M: apresentadoras de antígenos, encontradas em estruturas especializadas em forma de cúpula que recobrem os tecidos linfoides. Transportam o antígeno do lúmen pra lâmina própria e permite a ativação da resposta imune. CÉLULAS DE PANETH: secretoras de peptídeos antibacterianos, encontradas na porção basal das criptas. Em indivíduos saudáveis, células dendríticas e macrófagos na lâmina própria do intestino inibem a inflamação e servem para manter a homeostase. Alguns macrófagos intestinais têm um fenótipo singular que os capacita fagocitar e eliminar micro-organismos, mas ao mesmo tempo secretar citocinas anti-inflamatórias, tais como IL-10. No intestino existe essa preocupação de não estender a inflamação, precisa-se de células imunes para combater a infecção rapidamente assim que ela acontece. Mas, como a mucosa é um tecido muito delicado, se você tem uma lesão muito lesiva a mucosa você prejudica não só a absorção dos alimentos como ira permitir um influxo muito maior de patógenos, e todos eles podem causar uma resposta inflamatória muito intensa que pode amplificar a lesão da mucosa. Então precisa de uma supressão muito intensa dessa resposta inflamatória a nível de mucosa intestinal. Existem células dendríticas e macrófagos com potencial inflamatório, que são os macrófagos tipo 1 e as células dendríticas tipo 1. CÉLULAS LINFOIDES INATAS (ILCs): produzem IL- 17 (promove neutrofilia) e IL-22 (cuida da função da barreira), são encontradas principalmente na mucosa intestinal e contribuem para defesa imune contra algumas bactérias, bem como para função da barreira epitelial na mucosa. • CÉLULAS M: As células M possuem microvilosidade. Elas conseguem capturar o antígeno ou o produto produzido por ele processar. Ela não apresenta, ela apenas TRANSFERE. Ela faz com que o antígeno saia do lúmen e migre pra lâmina própria. Ana Victoria Soares 2020.2 Ana Victoria Soares 2020.2 Na lâmina própria existem células dendríticas, e na mucosa elas possuem uma capacidade muito maior de induzir tolerância do que de induzir imunidade. Então elas podem reconhecer o antígeno e promover ou imunidadepra erradicar a infecção ou não. Se o patógeno consegue causar a doença no lúmen, é necessário que ative a resposta imune de qualquer forma. Porem, a resposta imune só é ativada se ela tiver contato com o micróbio. Então, quando a célula M transporta o antígeno, o objetivo não é entupir a lâmina própria de bactéria, o objetivo é fornecer alguma quantidade desse patógeno pra que o sistema imune seja ativado e produza uma resposta imune celular e humoral. Se isso não ocorrer, se o micróbio não chega até a lâmina própria, a resposta imune ela não se ativa. • CÉLULAS DENDRÍTICAS: Captura de antígenos Outra forma de fazer com que o patógeno chegue à lâmina própria. Quando a célula dendrítica ativamente emite seu psdeudopoto entre as células epiteliais e captura o antígeno luminal. E aí esta pronta pra apresentar o antígeno, seja na placa de peyer ou no linfonodo mesentérico. Se tiver dano de barreira não é necessário que a célula dendrítica emita seu pseudopoto, ela mesma já recebe o antígeno que chega na lâmina própria. Então ela pode tanto ativamente capturar como ela pode passivamente reconhecer e fagocitar o antígeno que chega na lâmina própria quando tem alguma falha a nível de epitélio. RESUMÃO DO EPITELIO GASTRINTESTINAL - Junções de oclusão - Defensinas protegem contra bactérias luminais evitando invasão e doença inflamatória intestinal. - As mucinas previnem o contato entre microrganismos e o epitélio também Servem como uma matriz para exposição de substancias antimicrobianas produzidas por células epiteliais. - Células epiteliais, células dendríticas e macrófagos são capazes de montar respostas inflamatórias e antivirais. - Alguns receptores da imunidade inata que promovem inflamação em outras partes do corpo tem ações anti- inflamatórias no intestino. RECEPTORES INATOS Existem nos epitélios e nas células inatas receptores inatos, destacando os do tipo Toll (TLRs) e o tipo NOD citoplasmáticos (NLRs) expressos por células epiteliais intestinais promovem respostas imunes a patógenos invasores, mas também limitam respostas inflamatórias a bactérias comensais. As respostas inflamatórias que envolvem células epiteliais intestinais podem prejudicar a função de barreira e levar á invasão bacteriana e à inflamação patológica. Por isso existem mecanismos de controle rigorosos para limitar as respostas pró-inflamatórias induzidas por TRLs a bactérias comensais. Os receptores de membrana, que são os Toll estão na porção basal, e os receptores citoplasmáticos que são os NOD estão dentro da célula epitelial. Se eles tivessem a nível apical, favoreceria ao erro. Eles estariam o tempo todo em contato com os antígenos luminais e isso favoreceria uma reação inflamatória. O NOD irá sinalizar quando tiver infecção do epitélio, ou seja, se o micróbio infectar o epitélio vai gerar o reconhecimento e posteriormente a sinalização. Se por acaso já invadiu a barreira e infectou a lâmina própria, o receptor Toll consegue fazer o reconhecimento e ativar a resposta imune. Então, a, localização desses PRRs a nível de citoplasma e porção basal do epitélio garante que tenha uma resposta inflamatória sendo montada a todo momento contra todo e qualquer antígeno. Essa é uma característica que mostra como o GALT é preparado para suprimir as respostas inflamatórias. Quando eventualmente existe um PRR voltado pra porção apical, ele geralmente está direcionado pra placa de Peyer, que é um órgão linfoide periférico, onde pode ter uma ativação rápida da resposta imune e um controle daquele processo infeccioso. Ana Victoria Soares 2020.2 Ana Victoria Soares 2020.2 A resposta imune celular (TH1 estimula macrófago e TH17 estimula neutrófilos) protetora dominante é mediada por células efetoras TH17, que correspondem á maior parte da subpopulação de células T efetoras encontradas na mucosa intestinal. O principal mecanismo para o controle das respostas no intestino é a ativação das células regulatórias (Treg). – Secretam IL10 e TGF beta. Essas células estão em maior quantidade para suprimir a resposta celular, seja a TH1 ou a TH17. Em nenhum outro local do corpo, existe um comprometimento do sistema imune tão extenso para manter a tolerância a antígenos estranhos. A principal forma de imunidade adaptativa no intestino é a imunidade humoral. Somente os anticorpos conseguem atravessar a barreira epitelial, ou seja, são produzidos na lâmina própria a nível de linfonodo mesentérico e placa de peyer, mas só eles são capazes de atravessar o epitélio e neutralizar antígenos que estão a nível de lúmen. Dentre os anticorpos envolvidos, os principais são os IgA diméricos que são secretados para o lúmen do intestino ou, no caso de lactantes, a IgA que é secretada no colostro e no leite materno ingerida pelo bebê. Além do IgA, os anticorpos igG e IgM também estão presentes no lúmen intestinal e contribuem para a imunidade humoral nesse local. Eles conseguem se ligar ao patógeno, neutralizar e destruir esses patógenos. Eles previnem que as células epiteliais e o tecido mucoso sejam infectados. RESUMO: Dentro do lúmen, os anticorpos igA, IgG e IgM se ligam a microrganismos e toxinas e os neutralizam, prevenindo sua ligação aos receptores em células do hospedeiro. A célula B ativada vai produzir esses anticorpos e eles vão ser transportados através do epitélio até o lúmen. Isso é possível porque esses anticorpos se ligam a um receptor de anticorpo chamado receptor ig que já fica na base do epitélio. Assim que eles se ligam, ocorre a trancitose, que é o transporte que se dá do sentido basal para o sentido luminal. COMO A RESPOSTA INFLAMATÓRIA PODE CONTRIBUIR PRO DANO DE BARREIRA E CONSEQUENTE INFLUXO DOS CONTEÚDOS LUMINAIS. Vamos supor que já teve o dano na barreira e a entrada de antígenos que não deveriam. A célula dendrítica vai reconhecer esse antígeno através do PRR, vai sinalizar, processar e vai apresentar pra célula T nos órgãos linfoides. A depender de como a célula dendrítica por estimular a célula T, vai se diferenciar ou em célula Th1 ou em célula Th17, que vão conferir imunidade celular. Vão se diferenciar em Th2, que vai conferir imunidade humoral, ou se diferenciar em célula regulatória. Esses são as quatro possibilidades de resposta que ela pode se desenvolver. Se a resposta Th1 for desenvolvida: Th1 secreta interferon Gama (IPNy) e TNF alfa e elas conseguem atuar sinalizando pras células epiteliais aumentando o fluxo de escape das junções comunicantes onde tem o maior vazamento de produtos antibacterianos do lúmen pra lamina própria. Isso acaba danificando o ciclo de informação, já que quanto mais antígeno entra, maior a ativação da resposta imune, mais imunidade celular. Quanto mais imunidade celular, mais inflamação, mais lesão. Isso acaba se tornando um ciclo. Por isso que tanto a resposta Th1 quanto a Th17 precisam ser rápidas devido a esse poder que elas possuem de lesionar o epitélio. Se a resposta Th2 for gerada: a Th2 secreta IL-13 dentre outras citocinas. A IL-13 pode aumentar o fluxo através de outro local, pelos pequenos polos positivos dos claudin, e isso não só permite a entrada de claudin, mas também de pequenos componentes solúveis, contribuindo potencialmente para uma doença. É o desenvolvimento da célula T regulatória a chave para todo o processo, modulando Th1 e Th2 que são essenciais para controlar a infecção no primeiro momento, mas que precisam ser rapidamente moduladas pelas citocinas regulatórias que são IL-10 e TNF beta. Ana Victoria Soares 2020.2 Ana Victoria Soares 2020.2 O epitélio também contribui para diferenciação da célula T regulatória através da liberação de TGFBeta e Ácido retinóico. Elas também contribuem para o desenvolvimento do intermédio e, consequentemente, uma supressão do eixo inflamatório. Th1 e Th17 são muito maisdanosos, mas Th2 também tem grande potencial de permitir um influxo de antígenos luminais nessa lâmina própria. • LEMBRANDO QUE Th17 é mais recorrente que a Th1 nesse local.
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