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Câncer: Fatores de Risco e Fisiopatologia

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Câncer 
 
Câncer é o termo utilizado para designar doenças 
nas quais células anormais se dividem de maneira 
descontrolada e se tornam capazes de invadir 
outros tecidos. As células cancerígenas podem 
espalhar-se para outras partes do corpo através do 
sangue ou do sistema linfático. 
FATORES DE RISCO 
Apenas cerca de 5% a 10% de todos os cânceres 
resultam de alterações genéticas hereditárias. Os 
fatores observados em famílias com câncer 
hereditário incluem os seguintes: 
 Muitos casos de tipo incomum ou raro de 
câncer 
 Diagnóstico de câncer em idade inferior à 
idade comum para determinados tipos de 
câncer 
 Indivíduos com um tipo de câncer que são 
diagnosticados com um segundo tipo de 
câncer 
 Mais de um câncer infantil diagnosticado em 
um grupo de irmãos 
 Certos tipos de câncer observados em 
populações étnicas específicas (p. ex., 
indivíduos com ascendentes judeus 
asquenazes com câncer de mama e de ovário) 
 Síndromes de câncer reconhecidas (como 
câncer colorretal hereditário sem polipose ou 
síndrome de Lynch) que fazem que os 
indivíduos corram maior risco de desenvolver 
câncer. 
 
Uso de tabaco, consumo de álcool, dieta não 
saudável e inatividade física são os maiores fatores 
de risco de câncer em todo o mundo e também são 
os quatro fatores de risco para outras doenças não 
transmissíveis. Algumas infecções crônicas também 
estão nessa lista e têm grande relevância em países 
de baixa e média renda (ex. Helicobacter pylori, HPV, 
HBV, HCV, vírus Epstein-Barr). Os das hepatites B 
e C e alguns tipos de HPV aumentam o risco para o 
câncer de fígado e do colo do útero. 
 
Outros fatores de risco comuns são radiação, 
exposição solar e exposição a certas substâncias 
químicas. 
 
 
 
FISIOPATOLOGIA 
Carcinogênese → origem/desenvolvimento do 
câncer. 
Oncologia → estudo das formas do câncer. 
 
Os oncogenes são genes alterados que promovem o 
crescimento de tumores e alteram a apoptose 
celular. A inibição das vias de morte celular 
possibilita a sobrevida das células cancerosas 
geneticamente danificadas. 
Os genes supressores tumorais são o oposto dos 
oncogenes; esses genes tornam-se desativados nas 
células cancerosas. Essa perda de função pode levar 
ao crescimento desregulado da célula e, por fim, ao 
câncer. Um exemplo de gene supressor tumoral é o 
TP53, responsável pela proteína p53, controladora 
do ciclo celular. 
 
Tipos de tumor 
Tumor benigno 
Células bem diferenciadas mantendo estrutura 
típica do tecido de origem. Crescimento 
progressivo, passível de regressão; mitoses normais 
e raras. A massa geralmente encapsulada, 
expansiva, não invasiva nem infiltrativa. 
 
Nomenclatura: prefixo do tecido de origem + oma 
 Ex: lipoma, mioma, adenoma 
 
Câncer de mesotélio (mesotelioma), de tecido 
hemolinfopoiético (leucemia, linfoma, pasmocitoma) e 
neuroblastoma, apesar da nomenclatura semelhante a 
tumores benignos, são malignos. 
 
Tumor maligno 
Células anaplásicas, atípicas e pouco diferenciadas; 
crescimento rápido; mitoses anormais e numerosas. 
A massa pouco delimitada, localmente invasiva e 
com possível metástase. 
 
Nomenclatura: tecido de origem + carcinoma ou 
sarcoma 
 Ex: lipossarcoma, miossarcoma, adenocarcinoma 
 
Fases da carcinogênese 
Um carcinógeno é um agente físico, químico ou viral 
que induz a formação de câncer. A carcinogênese é 
um processo biológico em múltiplos estágios: 
iniciação, promoção e progressão. 
 
A iniciação envolve a transformação das células 
produzidas pela interação de substâncias químicas, 
radiação ou vírus com DNA celular. Essa 
transformação ocorre rapidamente, porém as 
células podem permanecer em um estado de 
dormência por um período variável até serem 
ativadas por um agente promotor. Após o início do 
dano celular, a transformação das células normais 
em câncer detectável pode levar muitos anos ou até 
mesmo décadas. 
 
Durante a promoção, as células iniciais multiplicam-
se e escapam dos mecanismos existentes para 
proteger o corpo de crescimento e disseminação. 
Uma neoplasia (tecido novo e anormal sem 
nenhuma função útil) é estabelecida. 
 
Na terceira fase, chamada de progressão, as células 
tumorais agregam-se e crescem em uma neoplasia 
maligna ou tumor totalmente desenvolvido. 
 
No processo conhecido como metástase, a 
neoplasia tem a capacidade de invasão, podendo 
propagar-se para tecidos e órgãos a distância. Para 
um câncer metastatizar, precisa desenvolver seu 
próprio suprimento sanguíneo, a fim de sustentar o 
crescimento de células anormais em rápida divisão. 
A angiogênese tumoral ocorre quando os tumores 
liberam substâncias que ajudam no 
desenvolvimento de novos vasos sanguíneos 
necessários ao seu crescimento e à sua metástase. 
 
 
 
NUTRIÇÃO E CÂNCER 
Alguns carcinógenos dietéticos consistem em 
pesticidas ou herbicidas de ocorrência natural 
produzidos por plantas para a proteção contra 
fungos, insetos, animais predadores ou micotoxinas 
(p. ex., aflatoxinas, fumonisinas ou ocratoxina). Os 
métodos de preparação e conservação dos 
alimentos também podem contribuir para a 
ingestão de carcinógenos dietéticos. Os exemplos 
de intensificadores dietéticos da carcinogênese 
podem incluir a gordura saturada na carne vermelha 
ou os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos 
(HAP) que se formam na superfície da carne 
grelhada em altas temperaturas. 
 
Uma alteração em um componente importante da 
dieta pode precipitar uma alteração em outros 
aspectos. Por exemplo, a redução da proteína 
animal também diminui a gordura animal. Essa 
cascata de eventos torna difícil a interpretação dos 
achados de pesquisa, visto que os efeitos não 
podem ser claramente associados a um único fator. 
 
O consumo de álcool está associado ao risco 
aumentado de câncer para os cânceres de boca, 
faringe, laringe, esôfago, pulmão, cólon, reto, fígado 
e mama (mulheres na pré e na pós-menopausa). Já 
se constatou, através de estudos selecionados, que 
o consumo de álcool após o diagnóstico de câncer de 
mama aumenta o risco de recidiva, particularmente 
entre mulheres na pós-menopausa e naquelas com 
sobrepeso ou obesidade. O uso concomitante de 
tabagismo e álcool aumenta acentuadamente o 
risco de câncer, em especial cânceres do sistema 
digestório alto e do sistema respiratório. Além 
disso, a desnutrição associada ao alcoolismo tende a 
ser importante no aumento do risco para certos 
tipos de câncer. 
 
Felizmente, as dietas contêm tanto inibidores como 
intensificadores da carcinogênese. Os inibidores de 
carcinógenos dietéticos incluem antioxidantes (p. 
ex., vitamina C, vitamina A e os carotenoides, 
vitamina E, selênio, zinco) e fitoquímicos 
(componentes biologicamente ativos de plantas). 
Os alimentos de origem vegetal podem ajudar na 
prevenção do câncer, visto que funcionam como 
inibidores, por meio de mecanismos anti-
inflamatórios e alterações na expressão gênica e na 
atividade hormonal. 
 
Fitoquímicos que podem ter propriedades 
protetoras e suas fontes 
Licopeno 
Tomates e produtos à base de 
tomate, toranja rosa, melancia 
Antocianinas, 
polifenóis 
Framboesa, amora, uvas, 
vinho tinto, ameixas 
Alfa e 
betacarotenos 
Cenouras, mangas, abóbora 
Criptoxantina e 
flavonoides 
Melão, pêssegos, laranjas, 
mamão papaia, nectarinas 
Luteína e 
zeaxantina 
Espinafre, abacate, melão, 
couve e nabo, verduras, 
aspargo 
 
Sulforafanos e 
indóis 
Repolho, brócolis, couve-de-
bruxelas, couve-flor 
Sulfetos alílicos 
Alho-poró, cebola, alho, 
cebolinha 
 
A Food and Drug Administration (FDA) aprovou 
oito adoçantes não nutritivos (acessulfame-K, 
aspartame, extrato da fruta luo han guo, neotame, 
sacarina, estévia, advantame e sucralose) para uso 
no suprimento alimentar, os quais são regulados 
como aditivos alimentares; em geral, são 
reconhecidos como seguros quando utilizados com 
moderação. Os adoçantes não nutritivos fornecem 
pouca ou nenhuma energia, visto que adoçam em 
quantidades muito pequenas. 
 
Nas carnes processadas, são adicionados nitratoscomo conservantes. Os nitratos podem ser 
rapidamente reduzidos a nitritos, os quais, por sua 
vez, interagem com substratos dietéticos, como 
aminas e amidas, produzindo compostos N-nitrosos 
(CON): as nitrosaminas e nitrosamidas, que são 
mutágenos e carcinógenos conhecidos. Os nitratos 
ou nitritos são utilizados em alimentos defumados, 
salgados e em conserva. Os nitratos de sódio e de 
potássio estão presentes em uma variedade de 
alimentos e conferem aos cachorros-quentes e 
carnes processadas sua cor rosada, porém as 
principais fontes dietéticas são os vegetais e a água 
de beber. 
 
Os CON também são produzidos de forma 
endógena no estômago e no cólon de indivíduos que 
consomem grande quantidade de carne vermelha. 
Devem-se incentivar dietas com grande quantidade 
de frutas e vegetais contendo vitamina C e 
fitoquímicos capazes de retardar a conversão dos 
nitritos em CON. 
 
A carbonização ou o cozimento da carne em altas 
temperaturas sobre uma chama aberta (205 °C ou 
mais) podem causar a formação de hidrocarbonetos 
aromáticos policíclicos (HAP) e aminas 
heterocíclicas (AHC). Os HAP demonstraram ter 
uma clara indicação de mutagenicidade e 
carcinogenicidade. Em geral, assar ou fritar os 
alimentos não produz grande quantidade de HAP, 
em comparação com a quantidade produzida 
quando cozidos sobre o fogo aberto. As proteínas 
animais que produzem maior gotejamento de 
gordura sobre as chamas registram maior formação 
de HAP. Por exemplo, um bife grelhado produz 
maior quantidade de HAP que o frango grelhado, 
que, por sua vez, produz quantidade mais elevada 
que o frango assado no forno. A fonte da chama 
pode influenciar a produção de HAP; o grelhado 
com carvão vegetal promove maior produção, 
seguido da chama de gás e, por fim, do grelhado no 
forno. 
 
O bisfenol A (BPA) é uma substância química 
industrial utilizada desde a década de 1960 na 
fabricação de muitas garrafas de plástico rígido e 
revestimentos epóxi de latas à base de metal para 
alimentos e bebidas. Estudos recentes 
demonstraram que o BPA pode interferir na função 
de alguns hormônios, incluindo os sexuais, a leptina, 
a insulina e a tiroxina, além de causar efeitos 
hepatotóxicos, imunológicos e carcinogênicos. O 
dano do BPA à saúde pode não ser tão evidente, 
visto que o BPA é rapidamente metabolizado no 
organismo, em vez de ocorrer acúmulo. Até que 
sejam adquiridos mais conhecimentos, a meta atual 
é reduzir o uso e a exposição ao BPA. 
 
PREVENÇÃO 
Quimioprevenção → uso de fármacos, vitaminas ou 
outros agentes para reduzir o risco ou retardar o 
desenvolvimento de câncer ou sua recidiva. Os 
exemplos incluem anti-inflamatórios não 
esteroides, que podem proteger contra o câncer de 
cólon, e a metformina, uma medicação utilizada com 
frequência no tratamento do diabetes mellitus; 
atualmente, essas substâncias estão sendo 
exploradas como agentes para prevenção e 
tratamento do câncer. 
 
Outros produtos naturais ou moléculas atualmente 
investigados incluem as centenas de polifenóis 
presentes em frutas e vegetais, chá verde, 
curcumina (açafrão-da-terra e curry) e resveratrol 
de uvas e frutas vermelhas. O ácido fenólico, os 
flavonoides, estilbenos e lignanas constituem os 
polifenóis mais abundantes; o potencial 
quimiopreventivo desses compostos provém de sua 
capacidade de modular as alterações epigenéticas 
nas células cancerosas. 
 
 Os adultos devem praticar pelo menos 150 
minutos de atividade física de intensidade 
moderada ou 75 minutos de atividade física de 
intensidade vigorosa por semana, ou uma 
combinação equivalente, de preferência 
distribuída durante a semana. 
 Alcançar e manter uma massa corporal 
saudável ao longo da vida. Evitar o ganho 
excessivo de massa corporal em todas as 
idades. 
 Consumir uma dieta saudável, com ênfase em 
fontes vegetais. Limitar o consumo de carne 
processada e carne vermelha. Consumir pelo 
menos 2,5 xícaras de vegetais e frutas por dia. 
Escolher grãos integrais em vez de produtos 
refinados. 
 No caso de consumo de bebidas alcoólicas, 
limitar o consumo. Não exceder mais de uma 
dose por dia para as mulheres ou duas doses 
por dia para os homens. 
 
 
Café e chá contêm vários compostos antioxidantes 
e fenólicos, alguns, inclusive, que já demonstraram 
ter propriedades anticancerígenas. O café também 
contém cafeína, um composto da família fitoquímica 
de alcaloides. São importantes fontes de 
antioxidantes na dieta que podem proporcionar um 
efeito protetor contra o câncer. 
 
A soja é uma proteína vegetal que contém 
fitoestrogênios (estrogênios vegetais muito fracos) 
e isoflavonas, como a genisteína e a daidzeína. As 
dietas que contêm quantidades modestas de soja 
protegem contra o câncer de mama, 
particularmente se os alimentos à base de soja 
forem consumidos antes de se alcançar a idade 
adulta, aparentemente devido à exposição aos 
efeitos estrogênicos fracos das isoflavonas no início 
da vida. Entretanto, o uso de soja continua 
controverso para mulheres que já foram 
diagnosticadas com cânceres sensíveis a hormônios 
(p. ex., de mama, endométrio) e para aquelas na pós-
menopausa. 
 
A American Cancer Society (ACS) recomenda que 
as sobreviventes de câncer de mama limitem o 
consumo de alimentos à base de soja para três 
porções ao dia, no máximo, e evitem o uso de 
produtos e pós de suplemento de soja preparados. 
Diferentemente das recomendações para 
mulheres, os homens com câncer sensível a 
hormônios, como câncer de próstata, podem 
beneficiar-se do consumo regular de alimentos à 
base de soja. O câncer de próstata é dependente de 
testosterona, e os estrogênios (ou fitoestrogênios) 
são antagonistas. 
 
SINTOMAS 
Constitucionais 
Anorexia, fadiga, perda de peso, febre, sudorese, 
anemia. 
 
CAUTION 
Change – mudança nos hábitos intestinais/vesicais 
A – uma ferida que não cicatriza 
Unusual – sangramento ou corrimento incomum 
Thickening – espessamento ou nódulo 
Indigestion – indigestão ou dificuldade na 
 deglutição e mastigação 
Obvious – alteração óbvia em verruga ou sinal 
Nagging – tosse ou rouquidão persistente 
 
Metastáticos 
Dor, aumento dos linfonodos ou órgãos corporais, 
tosse com ou sem hemoptise, dor óssea com ou sem 
fratura, sintomas neurológicos. 
 
 
DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO DO 
CÂNCER 
Quando os sintomas ou testes de rastreamento 
sugerem câncer, os médicos utilizam os seguintes 
recursos para estabelecer um diagnóstico 
definitivo: avaliação da história médica, social e 
familiar do indivíduo; exame físico; exames 
laboratoriais; exames de imagem; e biópsia tecidual. 
 
A avaliação laboratorial consiste em análise de 
sangue, urina e outros líquidos corporais. Em 
particular, os oncologistas avaliam os marcadores 
tumorais e outras substâncias no sangue ou em 
líquidos corporais, que podem estar elevados no 
câncer. 
 
Exames de imagem: tomografia computadorizada 
(TC), ressonância magnética (RM), tomografia por 
emissão de pósitrons (PET). 
 
Estadiamento 
Aplica-se o estadiamento para identificar o grau de 
disseminação de um câncer pelo corpo. O estágio do 
câncer por ocasião do diagnóstico constitui um 
forte preditor de sobrevida e orienta os 
oncologistas sobre o plano de tratamento mais 
efetivo. 
 
Com mais frequência, o estadiamento do câncer é 
descrito como estágios I, II, III ou IV — sendo o 
estágio I a menor quantidade de doença, e o estágio 
IV, a doença mais avançada. O sistema de 
estadiamento de tumor-linfonodo-metástase 
(TNM) também é comumente utilizado pelos 
oncologistas. T refere-se ao tamanho do tumor; N 
refere-se aos linfonodos ou se houve disseminação 
para os linfonodos; enquanto M representa a 
ocorrência de metástase ou a disseminação do 
câncer para órgãos distantes. 
 
TRATAMENTO 
As modalidades convencionais incluem terapia 
antineoplásica (p. ex., quimioterapia, bioterapia ou 
terapia hormonal), radioterapia e cirurgia usada 
isoladamente ou em associação com outras terapias 
para o câncer. Os tumores sólidos e as doenças 
malignas hematológicas,como leucemias, linfomas e 
mieloma múltiplo, podem ser tratados por meio de 
transplante de células hematopoéticas (TCH). 
 
Quimioterapia 
Uso de agentes químicos ou medicamentos para o 
tratamento sistemático do câncer. Esses agentes 
interferem nas etapas ou fases do ciclo celular, 
especificamente na síntese de DNA e na replicação 
das células cancerosas. 
 
 
Os agentes quimioterápicos são, em sua maioria, 
classificados com base em sua atividade bioquímica 
e no mecanismo de ação, como agentes alquilantes 
(inespecíficos do ciclo celular), antimetabólitos 
(específicos do ciclo celular, habitualmente da fase 
de síntese de DNA) e taxanos (específicos da fase de 
mitose). 
 
As vias de administração da quimioterapia incluem: 
 Oral: cápsula, pílula ou líquido 
 Intravenosa (IV): fornecimento do 
medicamento por meio de injeção ou cateter 
de demora em uma veia 
 Intraperitoneal: administração do 
medicamento por meio de cateter diretamente 
na cavidade abdominal 
 Intravesicular: fornecimento do medicamento 
por meio de cateter de Foley diretamente na 
bexiga 
 Intratecal: administração do medicamento por 
meio de injeção no sistema nervoso central, 
utilizando um reservatório de Ommaya ou uma 
punção lombar. 
 
 
Cateter de Foley 
 
Reservatório de Ommaya 
É uma terapia sistêmica que afeta o tecido maligno, 
bem como as células normais. As células do corpo 
com rápida renovação, como a medula óssea, os 
folículos pilosos e a mucosa do trato alimentar, são 
as mais afetadas. Em consequência, a ingestão e o 
estado nutricional podem ser afetados de maneira 
adversa. Os sintomas relacionados à nutrição 
incluem mielossupressão (supressão da produção 
de neutrófilos, plaquetas e eritrócitos pela medula 
óssea), anemia, fadiga, náusea e vômitos, perda de 
apetite, mucosite, alterações do paladar e do olfato, 
xerostomia (ressecamento da boca), disfagia e 
alteração da função intestinal, como diarreia ou 
constipação intestinal. 
 
A neutropenia (redução dos leucócitos ou 
neutrófilos) e a mielossupressão constituem os 
principais fatores que limitam a administração de 
quimioterapia. 
 
Bioterapia 
Uso de agentes biológicos para produzir efeitos 
anticancerígenos indiretamente, por meio de 
indução, intensificação ou supressão da própria 
resposta imune do indivíduo. Os agentes 
antiangiogênicos são empregados para inibir o 
desenvolvimento de novos vasos sanguíneos 
necessários pelos cânceres (vascularização do 
tumor) e, assim, impedir seu crescimento, invasão e 
propagação. 
 
Os diferentes tipos de agentes de bioterapia usados 
para ajudar o sistema imune a reconhecer as células 
cancerosas e a fortalecer sua capacidade de destruí-
las incluem: 
 Citocinas, como a interferona e a IL-2, para o 
tratamento do melanoma maligno e do 
melanoma metastático. 
 Anticorpos monoclonais, como o 
trastuzumabe, para o tratamento de tipos 
específicos de câncer de mama; e o rituximabe, 
para o tratamento do linfoma não Hodgkin. 
 Os inibidores antiangiogênicos evitam ou 
reduzem o crescimento de novos vasos 
sanguíneos e impedem a invasão pelo tumor. 
Esses agentes são utilizados com mais 
frequência em associação com outros agentes 
quimioterápicos, a fim de maximizar sua 
eficácia. O bevacizumabe é um bom exemplo 
de agente antiangiogênico utilizado no 
tratamento do câncer de cólon ou do cérebro. 
 
Outros tipos de agentes de bioterapia incluem 
grupos de proteínas que induzem o crescimento e a 
maturação das células sanguíneas (fatores de 
crescimento hematopoéticos). Atualmente, as 
vacinas contra o câncer, como sipuleucel-T, 
preparadas a partir do próprio câncer ou de 
substâncias de células tumorais do indivíduo, estão 
em fase de pesquisa em ensaios clínicos sobre o 
câncer. 
 
Terapia hormonal 
Terapia sistêmica utilizada no tratamento de 
cânceres sensíveis a hormônios (p. ex., de mama, 
ovário, próstata) por meio de bloqueio ou redução 
da fonte de um hormônio ou seu sítio receptor. Os 
 
efeitos colaterais incluem comumente ondas de 
calor, diminuição da libido e dor óssea. 
 
Radioterapia 
Recorre a uma alta energia (radiação ionizante) em 
múltiplas doses fracionadas, ou substâncias 
químicas radioativas para tratar o câncer. 
 
Os efeitos colaterais agudos da radioterapia, 
quando usada isoladamente, ocorrem, em geral, em 
torno da segunda ou da terceira semana de 
tratamento e regridem habitualmente dentro de 2 a 
4 semanas após o término da radioterapia. Os 
efeitos tardios da radioterapia podem ocorrer 
várias semanas, meses ou até mesmo anos após o 
tratamento. Os sintomas relacionados com a 
nutrição comumente apresentados incluem fadiga, 
perda de apetite, alterações cutâneas e queda dos 
cabelos na área tratada. 
 
A resposta ao tratamento do câncer é definida como 
resposta completa ou parcial (melhora), doença 
estável (igual) ou progressão da doença 
(agravamento). Os fatores que afetam a resposta do 
indivíduo ao tratamento incluem carga tumoral 
(quanto maior o tumor, maior o risco de doença 
metastática), a taxa de crescimento do tumor (os 
tumores de rápido crescimento são habitualmente 
mais responsivos à terapia) e a resistência aos 
fármacos (os tumores sofrem mutação à medida 
que vão crescendo, e, com mutações sucessivas, as 
novas células cancerosas tendem a ser resistentes à 
terapia). Outros fatores que contribuem para a 
resposta de um indivíduo ao tratamento do câncer 
incluem doenças comórbidas (p. ex., diabetes 
mellitus, doença renal, doença cardiopulmonar), 
idade, estado de desempenho, sistemas de apoio 
psicossocial, reserva de medula óssea e saúde geral. 
 
Se não for possível curar ou controlar o câncer, são 
oferecidos cuidados paliativos. Os cuidados 
paliativos ajudam o indivíduo a se sentir o mais 
confortável possível. O tratamento paliativo é 
desenvolvido para aliviar a dor e controlar os 
sintomas da doença; diminuir o isolamento, a 
ansiedade e o medo; e ajudar a manter a 
independência o maior tempo possível. 
 
DIETOTERAPIA 
 
Tto antineoplásico ou 
paliação 
25 a 30 kcal/kg 
> 1g PTN/kg 
1,2 a 2g PTN/kg se 
tiver inflamação 
sistêmica 
Sobreviventes 
25 a 30 kcal/kg 
0,8 a 1g PTN/kg 
Obesos 20 a 25 kcal/kg 
1,2 a 1,5g PTN/kg 
Caquexia/desnutrição 
30 a 35 kcal/kg 
1,2 a 1,5g PTN/kg 
IMC < 18,5 
32 a 38 kcal/kg 
1,2 a 1,5g PTN/kg 
Recomendações hídricas: 30 a 35 ml/kg 
 
Pode ocorrer alteração do balanço hídrico na 
presença de febre, ascite, edema, fístulas, vômitos 
ou diarreia profusos, múltiplas terapias 
intravenosas concomitantes, comprometimento da 
função renal ou medicamentos, como diuréticos. Os 
indivíduos necessitam de monitoramento rigoroso à 
procura de desidratação, hipovolemia e efeitos 
nefrotóxicos de tratamentos para o câncer. Os 
sinais e sintomas de desidratação incluem fadiga, 
perda de peso aguda, hipernatremia, turgor 
deficiente da pele, mucosa oral seca, urina escura ou 
de odor forte e diminuição do débito urinário. Para 
uma avaliação cuidadosa da hipovolemia, devem-se 
avaliar também os níveis de eletrólitos séricos, ureia 
e creatinina. 
 
Se os indivíduos tiverem dificuldade na alimentação 
e efeitos colaterais relacionados com o tratamento, 
o uso de um suplemento multivitamínico e de 
minerais que não ultrapasse 100% das ingestões 
dietéticas de referência (DRI) é considerado seguro. 
 
EFEITOS ADVERSOS DA TERAPIA 
ANTINEOPLÁSICA 
Odinofagia 
✓ Alterar a consistência da dieta, de acordo com 
a tolerância do paciente 
✓ Aumentar o aporte calórico e proteico das 
refeições 
✓ Ofertar suplemento oral conforme 
individualidade do paciente 
✓ Evitar alimentos secos, duros, cítricos, 
salgados, picantes e condimentados 
✓ Evitar alimentos em extremos de temperatura. 
 
Disgeusia 
✓ Estimular a ingestão dos alimentos preferidos 
✓ Preparar pratos mais coloridos e visualmente 
apetitosos 
✓ Usar ervas e especiarias para acentuar o sabor 
dos alimentos. 
 
Náuseas e vômitos 
✓ Oferecer bebidas à base de gengibre 
✓ Realizar refeições em ambientes tranquiloscom mastigação lenta e pequenas porções de 
alimentos 
✓ Alimentar-se em locais arejados, longe de 
odores forte de comida 
 
✓ Preferir alimentos secos e sem alto teor de 
gordura 
✓ Preferir alimentos cítricos e gelados 
✓ Evitar líquidos durante as refeições, (consumir 
30 a 60 minutos antes/depois). 
 
Inapetência 
✓ Aconselhamento nutricional por profissional 
especializado em nutrição oncológica 
✓ Aumentar a densidade calórica dos alimentos 
✓ Orientar dietas hipercalóricas hiperproteicas 
fracionadas e em pequenas porções 
✓ Introduzir suplementos orais hipercalóricos e 
hiperproteicos nos intervalos 
 
Neutropenia 
✓ Lavar as mãos com frequência e manter as 
superfícies da cozinha e os utensílios limpos 
✓ Evitar produtos de origem animal crus ou 
inadequadamente cozidos, incluindo carne de 
vaca, carne de porco, caças, aves, ovos e peixes. 
✓ Lavar todas as frutas e vegetais frescos antes 
de sua ingestão. 
✓ “Quando tiver dúvida, jogar fora” e “não comer 
nada velho ou mofado” 
 
Saliva espessada 
✓ Beber líquidos durante todo o dia para manter 
a umidade da cavidade oral. 
✓ Afinar as secreções orais com club soda, água 
com gás ou suco de mamão papaia. 
✓ Tentar a guaifenesina para ajudar a afinar as 
secreções orais. 
✓ Uso de um umidificador de vapor frio durante 
o sono. 
 
Caquexia 
Perda progressiva de peso, anorexia, perda 
generalizada da massa muscular e fraqueza, 
imunossupressão, alteração da taxa metabólica 
basal e anormalidades no metabolismo hídrico e 
energético. Há também perda aumentada de tecido 
adiposo, que está relacionada com o aumento da 
taxa de lipólise, e não com a diminuição da 
lipogênese. 
 
A caquexia do câncer é causada, em parte, por 
citocinas (agentes imunomoduladores), que são 
produzidas pelo próprio câncer ou pelo sistema 
imune em resposta ao câncer. As citocinas podem 
causar alteração e perda da massa muscular 
semelhantes àquelas observadas na inflamação. 
 
Embora a caquexia do câncer não possa ser 
revertida por meio de suporte nutricional 
convencional, a anorexia, que é uma condição 
frequente relacionada com o câncer, responde ao 
tratamento com aconselhamento nutricional, 
modificação da dieta e farmacoterapia. 
 
Outros efeitos 
Os vômitos persistentes estão associados a 
obstrução intestinal, radioterapia do estômago e do 
abdome ou cérebro, agentes quimioterápicos 
altamente emetogênicos (causadores de náusea), 
tumores intracranianos e câncer avançado. A 
verificação e a avaliação cuidadosas da causa da 
diarreia ou dos vômitos são de importância crítica 
para o manejo efetivo. 
 
A má absorção pode ser causada por disfunção 
pancreática relacionada com tratamento, síndrome 
do intestino curto pós-cirúrgica, enterite por 
radiação (inflamação dos tecidos do trato GI em 
consequência de radiação) aguda ou crônica, 
excesso de serotonina, esteatorreia ou diarreia 
crônica. 
 
Pode ocorrer hipercalcemia em indivíduos com 
metástases ósseas, que é causada pela atividade 
osteolítica das células tumorais que liberam cálcio 
no líquido extracelular. A hipercalcemia é 
potencialmente fatal e, com mais frequência, está 
associada a mieloma múltiplo, câncer de pulmão e 
câncer avançado de mama e de próstata. O 
tratamento clínico da hipercalcemia consiste em 
reidratação e uso de agentes anti-hipercalcêmicos. 
A restrição do consumo de alimentos contendo 
cálcio não está indicada, visto que a ingestão desses 
alimentos exerce pouco efeito sobre o manejo 
global da hipercalcemia. 
 
Conferir outros resumos para demais efeitos (xerostomia, 
disfagia, mucosite, diarreia, constipação, esofagite). 
 
CUIDADOS PALIATIVOS 
Os objetivos consistem em proporcionar uma boa 
qualidade de vida; aliviar os sintomas físicos; 
amenizar o isolamento, a ansiedade e o medo 
associados à doença avançada; e ajudar os pacientes 
a manter sua independência pelo maior tempo 
possível. 
 
As metas de intervenção nutricional devem ter 
como foco o controle dos sintomas relacionados 
com a nutrição, como dor, fraqueza, perda de 
apetite, saciedade precoce, constipação intestinal, 
ressecamento da boca e dispneia. A nutrição deve 
ser fornecida “conforme tolerada ou desejada”, em 
conjunto com apoio emocional, percepção e 
respeito das necessidades e dos desejos individuais. 
Por conseguinte, devem-se enfatizar os aspectos 
agradáveis da alimentação, sem preocupação 
quanto à quantidade ou ao teor de nutrientes e 
energia.

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