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As Leis e Normas Penais

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AS LEIS E NORMAS PENAIS 
 
 
A estrutura das normas jurídicas, via de regra, se dá por um preceito (determinação 
de conduta, procedimento, regra) e de uma sanção. As normas que prescrevem 
obrigações devem ser acompanhadas das consequências previstas ao 
descumprimento. Cabe pontuar que nem todas as normas são acompanhadas de 
sanção (no sentido de consequência pessoal), a exemplo das normas de conteúdo 
processual. 
As normas jurídicas em geral, e as normas penais em particular, possuem caráter 
prescritivo, ordenando ações, comportamentos, regras jurídicas e procedimentos. 
 
Diferença entre lei e norma 
Lei e norma se diferem entre si: uma lei pode conter várias normas, e uma mesma 
norma pode ser encontrada em várias leis diferentes. A lei fornece o texto, no qual 
se buscará encontrar a norma. 
★ Exemplificando: homicídio. 
O art. 121 do CP afirma: 
CP, Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
O texto não prescreve o comportamento vedado, mas sim narra a sua realização; a 
norma que dele se extrai é “é proibido matar alguém”. 
 
No direito estatal, a Lei é o instrumento por excelência das prescrições normativas. 
A interpretação da lei penal, ensinou Carlos Maximiliano, “adapta-se à época, atende 
aos fatores sociais, afeiçoa a norma imutável às novas teorias, à vitoriosa orientação 
da ciência jurídica. Todo Direito é vivo, dinâmico. (...). Também serve (o costume) 
para pôr de acordo o preceito expresso, com a vida e a realidade social. Variando, 
por exemplo, o conceito de honra, medicina, religião, etc.” (Hermenêutica e 
aplicação do direito, 1957, p. 403.) 
No atual direito penal brasileiro, utilizamos em geral o sistema jurídico penal finalista . 
 
 
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1. Os costumes jamais poderão servir validamente como fonte imediata de 
normas penais incriminadoras. 
VERDADEIRA 
Os princípios constitucionais penais limitadores do ius puniendi Estatal, a Teoria do 
Crime e a dogmática penal são três elementos principais da disciplina de “Direito 
Penal I”. 
 
Princípios e Regras 
Os princípios exprimem o ideal de justiça e possuem força normativa . São a 
expressão primeira dos valores fundamentais, são o molde do ideal de justiça. 
Já as regras trazem proibições, contudo, junto disso vem a certeza e segurança 
jurídica . Correspondem à tarefa de propiciar certeza na atuação cotidiana. O ponto 
em comum entre princípios e regras é que ambos são normas . 
As normas formam o gênero, do qual os princípios e as regras são suas espécies. A 
primeira diferença de relevo entre princípios e regras está na hierarquia dos 
princípios, que são superiores às regras , pois constituem a expressão inicial dos 
valores fundamentais. 
Em um aparente conflito entre ambos, que de fato inexiste, os princípios sairiam 
vitoriosos. 
★ Exemplificando: em um caso de furto, um indivíduo entra no mercado e 
subtrai um pão: ocorre conflito entre o princípio da insignificância (utilizado 
quando há inexistência ou existência mínima de ofensa ao direito) e a regra 
do art. 155. 
O art. 55 proíbe furtar, já o princípio da insignificância conduz à absolvição. Nesse 
caso, o princípio se sobrepõe à regra. Formalmente há crime, contudo, 
materialmente a conduta do sujeito deve ser considerada atípica. 
 
Ciência do direito penal 
A ciência do direito penal deve ser compreendida conforme seu objeto e seu 
método. O objeto da ciência do direito penal é explicar o que é o crime . As causas 
do crime não são importantes dentro da disciplina de direito penal (sim na 
criminologia), no direito penal importam as consequências . 
A teoria do crime é parte da ciência penal que se ocupa em explicar o crime por 
meio da dogmática penal. É o conhecimento para explicar o que é o crime através 
da dogmática. 
O direito penal regula fatos, não o autor. Deve-se investigar o modus operandi , o 
fato, o ato. Explicar o crime não é dizer o que é uma organização criminosa ou o que 
é o estelionato. É dizer o que faz uma organização criminosa, dizer o que faz um 
estelionatário. 
★ Exemplificando: não se pode acusar uma pessoa por seus antecedentes 
criminais, apenas pela conduta que cometeu. 
 
A intenção é subjetiva, então não podemos afirmar com certeza. Sendo assim, o 
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conceito de crime está ligado ao modus operandi . Explicar o crime não é especular. 
A explicação do crime deve estar ligada à prática - aplicando a teoria do crime. 
O método da ciência do direito penal é a dogmática penal . A dogmática é um saber 
voltado à realização de uma atividade prática, está relacionada com a prática do 
direito penal. 
➔ Dogmática penal: conjunto de conceitos e definições articulados em torno da 
legislação positiva de determinado ordenamento. 
Falar de ciência de direito penal é falar sobre teoria e prática. É necessário construir 
uma ponte entre ambas, bem como entre a teoria do crime e a dogmática. 
★ Exemplificando: em uma denúncia de pessoas ocupando um edifício 
abandonado, famílias os policiais vão até lá e conduzem, amigavelmente, os 
indivíduos à delegacia. O delegado, analisa o possível crime de invasão 
domiciliar e, através da análise dogmática, constata que tal caso não deve ser 
resolvido na esfera do direito penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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