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- -1 RELAÇÕES HUMANAS RELAÇÕES HUMANAS - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Reconhecer o conceito de Relações Humanas; 2- Reconhecer o conceito de homem biopsicossocial e cultural; 3- Reconhecer a subjetividade e porque somos todos diferentes; 4- Relacionar conflitos e o papel da mediação de conflitos. 1 Premissa DAS UTOPIAS Mário Quintana Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas! 2 Características principais O homem é um ser biopsicossocial. O que quer dizer esta frase tão mencionada em vários espaços acadêmicos e profissionais? Segundo Morin (2000), o homem é uma unidade bio – psico – sócio – cultural. O ser humano, biológico como qualquer outro animal, é também psicológico (diferente dos outros animais) porque pensa e raciocina, fala e escreve, aprende e ensina ou, por fim, troca informações através de uma infinidade de diferentes linguagens como música, dança pintura e Matemática. O ser humano é muitas vezes classificado como um animal gregário. Russell (in: Mota, 2003), entretanto, aponta que o homem na realidade não é psicologicamente semelhante aos outros animais gregários. Seu gregarismo é mais resultante do egoísmo do que do instinto. - -3 3 O homem ser biopsicossocial Ou seja, podemos analisar sua história de vida a partir de suas características e influências biológicas, psicológicas, sociais e culturais. E nesta análise consideramos não só cada um destes aspectos, mas também como eles se relacionam; como estão interligados. Assim, recebemos e assimilamos a todo tempo influências de nossos organismos, de nossa percepção do mundo, de nossas experiências de vida (ações, pensamentos e sentimentos), da interação com diversos grupos (família, amigos, trabalho) e da sociedade e cultura em que vivemos. Podemos dizer que somos o resultado destas influências e de como as recebemos e assimilamos. Somos também igualmente “culturais”. Tudo o que fazemos não é apenas biológico; é também cultural. Comemos e vestimos segundo a culinária e a moda da época e local em que vivemos. Não comemos apenas para sobreviver; não nos vestimos apenas como proteção. Fazemos o que fazemos em função do meio cultural no qual estamos inseridos. É esta participação, aderência e concordância que nos torna parte do meio cultural. Saiba mais Formigas e abelhas servem espontaneamente aos propósitos de seus grupos. Elas não têm necessidade de regras morais, leis e, pelo menos aparentemente, nunca sentem qualquer tentação de pecar. Somos então, segundo Russell, “semigregários”, animais que vivem em sociedades. Mas as sociedades humanas evoluem: não são eternas repetições como observamos nos agrupamentos de outros animais. O homem “sócio” e a evolução de suas sociedades criam a história humana tornando única nossa experiência de vida social. Saiba mais Nosso comportamento tem, portanto, grande variedade de aspectos resultantes destas influências. Emoção, família, sexualidade, convívio social, lazer, escolaridade, religião, história profissional, saúde e doenças, ambiente cultural, questões morais, regras sociais, costumes da comunidade e da família são apenas alguns em uma lista infindável tanto em seus itens quanto na forma em que eles se relacionam. - -4 Comemos e vestimos segundo a culinária e a moda da época e local em que vivemos. Não comemos apenas para sobreviver; não nos vestimos apenas como proteção. Fazemos o que fazemos em função do meio cultural no qual estamos inseridos. O que em um lugar ou época é normal em outro pode ser considerado tabu ou até mesmo crime. A cultura é o conjunto de modos de pensar, sentir e agir de uma sociedade humana. Na Irlanda, recusar uma bebida é considerado ato rude e ofensivo. Homens e mulheres comem separadamente no Paquistão. O beijo no rosto é um cumprimento usual entre os homens na Rússia. Outro exemplo é o uso de “saia” pelos homens escoceses. - -5 Não há um ser humano como outro. Mesmo nos casos de gêmeos univitelinos - quando um óvulo é produzido e fecundado por um só espermatozoide e se divide em duas culturas de células completas com genoma idêntico - estes não se mostrarão iguais. Pesquisas recentes (Revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, 2005) indicam que nestes gêmeos o código genético em si não sofre alterações, mas que as mudanças químicas ocorridas depois do nascimento, alteram a forma como os genes se manifestam. O processo é chamado de epigenia genética. O estudo dá embasamento a teorias segundo as quais fatores ambientais, como o fumo, a dieta e a prática de exercícios físicos, afetam o DNA diretamente. 4 Subjetividade Seguindo o referencial teórico de Bock (1999), podemos então usar o conceito de subjetividade, que é uma síntese de todas as expressões do homem: • Visíveis Comportamento • Invisíveis Nossos sentimentos • Singulares Porque "somos o que somos" • • • • • - -6 • Genéricos Porque "somos todos assim" Homem corpo, homem pensamento, homem afeto, homem ação, homem relação. “A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese – subjetividade – é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais.” (Bock, 1999) Interação social: conclusão São, portanto, as Relações Humanas que nos tornam humanos. Precisamos analisar, pensar, estudar as Relações Humanas. Isso é importante para todos nós e, de forma especial, para quem deseja entender e trabalhar com outros seres humanos, é essencial. 6 Conflitos Os contatos, as interações entre os humanos geram muitos conflitos também. As interações envolvem os mais diversos objetivos. Interagimos socialmente para transmitir uma opinião, informar sobre um aspecto, solicitar uma ação ou comportamento, supervisionar a execução de uma atividade, estabelecer um limite, agradecer um ato, declarar um sentimento... Uma lista que é limitada apenas pela criatividade. Ao longo de apenas um dia de vida podemos compilar centenas interações para os mais diversos fins. Sabemos, pela nossa própria experiência de vida, que estas interações nem sempre são saudáveis. Vamos dar um exemplo simples da vida cotidiana: você vai ao restaurante e pede um refrigerante, mas ressalta que não quer gelo e limão no seu copo. O garçom traz um refrigerante quente, tirado do engradado. Você explica que quer o seu refrigerante gelado, só não quer gelo e limão no copo. O garçom volta e mais uma vez traz o seu copo sem gelo, mas com a rodela de limão. Novamente e, pacientemente, você informa que quer o seu refrigerante gelado, somente o copo sem gelo e limão. • - -7 O garçom traz agora um pequeno copo com o suco de um limão separado e o copo somente com o gelo. É difícil de acreditar, pois se percebe que o garçom teve boa intenção e inclusive teve o trabalho de espremer o suco do limão para você. Somente na quarta vez e com ajuda de uma terceira pessoa, você consegue o seu refrigerante gelado e seu copo sem gelo e limão. Situação curiosa e bizarra que efetivamente aconteceu e que acontece no dia a dia de todas as pessoas. De fato, não houve um conflito estabelecido nesta situação, mas poderia. A pessoa que recebeu, ou melhor, não recebeu seu pedido, poderia ter se aborrecido e entrado em conflito com o garçom ou até com os donos do estabelecimento. Assim vivemos: estabelecendo relações e gerenciando conflitos. Todo conflito ocasiona desconforto. Seria melhor que sempre nos entendêssemos e que buscássemossempre o caminho que nos levasse a harmonia. Mas a realidade é diferente. Nem sempre chegamos a um resultado satisfatório. Podemos verificar isso em nossa vida diária assim como verificamos na história da humanidade. Pensemos em quantas guerras, conflitos armados, invasões, destruições o mundo já viveu e vive! Os conflitos aparecem entre pessoas individuais e entre comunidades de pessoas. Conflitos que não são encaminhados de forma satisfatória podem gerar mais conflitos e/ou a ampliação daquilo que começou de forma incipiente. - -8 Conflito é um fenômeno próprio das relações humanas. Eles acontecem por causa de posições divergentes em relação a algum comportamento, necessidade ou interesse comum. As incompreensões, as insatisfações de interesses ou necessidades costumam gerar conflitos. O conflito não é ruim em si mesmo. Ele pode ser aproveitado como oportunidade para a solução de problemas que estavam sendo muitas vezes ignorados. Esta é uma das atribuições específicas da área da Segurança: o gerenciamento, a mediação de conflitos. A capacidade de mediar conflitos depende de nossa comunicação, de nossa capacidade de lidar com o outro. Podemos dizer que depende muito de nossa competência interpessoal. 7 Mediação de conflitos A mediação de conflitos é um procedimento não adversarial em que duas ou mais pessoas, com o apoio de mediador devidamente capacitado e livremente aceito, expõem o problema, procuram identificar os interesses comuns e buscam alternativas para a solução. Dizemos que a mediação é “não adversarial”, pois não se trata de uma disputa com foco específico em algum fator como dinheiro, influência ou força física. Na mediação buscamos a melhor solução que satisfaça todas as partes envolvidas em um conflito. A pessoa ou organização que atua como mediadora em um conflito deve ser capacitada, independente e imparcial. Estas características estabelecem um grau de confiança entre as partes que habilita a mediação. Vamos nos lembrar de nosso amigo no restaurante. Se ele efetivamente não conseguisse controlar sua vontade de tomar seu refrigerante e se alterasse, poderia chegar a uma disputa física. A disputa física poderia chegar a uma morte. A morte daquela pessoa levaria ao ódio entre a família do falecido e a família do assassino. E assim teríamos o início de uma guerra entre duas comunidades. Fique ligado Saiba mais O problema é que, quando as pessoas não estão preparadas para lidar com os conflitos, estes podem ser transformados em confronto, violência. Não há como evitar os conflitos. Mas há como “tratá-los”, melhor dizendo, há como aprender a viver bem com eles. - -9 O papel do mediador é o de auxiliar as partes a se comunicarem de modo positivo e a identificarem seus interesses e necessidades comuns, para a construção de um acordo. Há diversas técnicas utilizadas para estabelecer esta comunicação e entendimento de objetivos. Abaixo, uma possível trilha a ser seguida pelo mediador: Pré-mediação Entrevistas de pré-mediação são uma técnica normalmente utilizada no início de um processo de mediação de conflitos. As entrevistas de pré-mediação são realizadas isoladamente com cada uma das partes. Seu objetivo é construir junto ao mediador o entendimento de cada parte sobre o conflito. Através destas entrevistas o mediador pode entender o que cada parte considera estar envolvido no conflito, o que acredita ser uma solução satisfatória e onde está a raiz do conflito. Nas entrevistas de pré-mediação é também construída ou reforçada a credibilidade do mediador junto a cada uma das partes: cada parte precisa acreditar que transmitiu suas demandas e dificuldades para que possam ser negociadas. Investigação Após ter construído conhecimento do conflito, dos fatores envolvidos, das expectativas das partes e dos pontos de divergência, o mediador passa à fase de investigação. Nesta fase o mediador aprofunda a análise do conflito e define claramente para as partes os pontos de divergência, sejam eles primários ou secundários. A manutenção de uma comunicação clara e eficiente é essencial para que todas as partes vejam que seus pontos foram considerados e são parte do processo de mediação. Busca da solução Após a investigação do conflito o mediador passa ao levantamento de alternativas onde o objetivo é orientar o diálogo para definir e discutir possibilidades de solução a partir da compreensão das narrativas e do reenquadramento da situação. A habilidade de construir opções viáveis e comunicá-las de forma eficiente é o ponto chave desta fase do processo de mediação. Negociação O processo de mediação segue com a negociação e a escolha de opções: o mediador promove a negociação e agiliza a escolha das alternativas propostas na etapa anterior a partir da aproximação dos interesses comuns e acomodação dos interesses divergentes. Nesta fase, é importante a isenção do mediador que deve evitar emitir opiniões ou sugestões de forma que as partes tenham tranquilidade para decidir. - -10 Conclusão No encerramento o mediador busca a conclusão do procedimento e a elaboração de um acordo de forma clara e concisa. É importante que o acordo aborde todos os pontos negociados e que o compõe. É também desejável que contenha o racional da negociação de maneira que possa servir de referência para eventuais futuros conflitos. 8 Competência interpessoal Uma pessoa com razoável competência interpessoal mantém bom desempenho em atingir os objetivos de seus encontros sociais. Esta taxa de sucesso não deve, entretanto, ser considerada de forma isolada. Alguém sempre poderá não conseguir atingir seus objetivos devido a outros fatores e, ainda assim, ser considerado competente. Assim, a maneira pela qual um gerente, advogado, médico faz as perguntas (tendo ou não estabelecido um “clima” psicológico favorável e uma relação de confiança) pode influenciar as informações que recebe. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre: A invenção do emprego; O ser humano no mundo globalizado; Ética no mundo globalizado; Relações Humanas na Segurança Pública; Competências atitudinais na Segurança Pública. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Reconheceu o conceito de Relações Humanas; • Reconheceu o conceito de homem biopsicossocial e cultural; • Reconheceu a subjetividade e porque somos todos diferentes; • Relacionou conflitos e o papel da mediação de conflitos. • • • • Olá! 1 Premissa 2 Características principais 3 O homem ser biopsicossocial 4 Subjetividade Visíveis Invisíveis Singulares Genéricos Interação social: conclusão 6 Conflitos 7 Mediação de conflitos 8 Competência interpessoal O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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