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CARTAS-PATRIMONIAIS

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2 
 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – 
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida 
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta 
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma 
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
1 CONCEITO ........................................................................................ 6 
2 PERÍODO ANTERIOR DAS CARTAS ............................................... 7 
3 CÓDIGOS DE POSTURA INTERNACIONAIS: AS CARTAS 
PATRIMONIAIS .................................................................................................. 8 
4 PRESSUPOSTO DAS CARTAS ........................................................ 8 
5 CARTA DE ATENAS – 1931/1933 ..................................................... 9 
6 RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI – 1956 ................................. 10 
7 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1962 .................................................. 11 
8 CARTA DE VENEZA – 1964 ............................................................ 12 
9 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1964 .................................................. 13 
10 NORMAS DE QUITO – 1967 ........................................................ 13 
11 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968 ............................................... 14 
12 COMPROMISSO BRASÍLIA – 1970 ............................................. 15 
13 COMPROMISSO SALVADOR – 1971 .......................................... 16 
14 CARTA DO RESTAURO – 1972 .................................................. 17 
15 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972 ................................... 17 
16 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972 ................................... 18 
17 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1972 ............................................... 18 
18 ANAIS DO II ENCONTRO DE GOVERNADORES – 1973 ........... 18 
19 RESOLUÇÃO DE SÃO DOMINGOS – 1974 ................................ 19 
20 DECLARAÇÃO / MANIFESTO DE AMSTERDÃ – 1975 .............. 19 
21 CARTA DO TURISMO CULTURAL – 1976 .................................. 20 
22 RECOMENDAÇÕES DE NAIRÓBI – 1976 ................................... 20 
23 CARTA DE MACHU PICCHU - 1977 ............................................ 21 
24 CARTA DE BURRA – 1980 .......................................................... 21 
25 CARTA DE FLORENÇA – 1981 ................................................... 22 
 
 
4 
 
26 DECLARAÇÃO DE NAIRÓBI – 1982 ........................................... 22 
27 DECLARAÇÃO DE TLAXCALA - 1982 ......................................... 23 
28 DECLARAÇÃO DO MÉXICO – 1985 ............................................ 23 
29 CARTA DE WASHINGTON - 1986 ............................................... 24 
30 CARTA DE PETRÓPOLIS – 1987 ................................................ 24 
31 CARTA DE WASHINGTON – 1987 .............................................. 25 
32 CARTA DE CABO FRIO – 1989 ................................................... 25 
33 DECLARAÇÃO SÃO PAULO – 1989 ........................................... 26 
34 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1989 ............................................... 26 
35 CARTA DE LAUSANNE – 1990 ................................................... 26 
36 CARTA DO RIO – 1992 ................................................................ 27 
37 CONFERÊNCIA DE NARA – 1994 ............................................... 27 
38 CARTA BRASÍLIA – 1995 ............................................................ 27 
39 RECOMENDAÇÃO EUROPA – 1995 ........................................... 27 
40 DECLARAÇÃO DE SOFIA – 1996 ............................................... 28 
41 DECLARAÇÃO DE SÃO PAULO II – 1996 .................................. 28 
42 CARTA DE FORTALEZA – 1997 .................................................. 28 
43 CARTA DE MAR DEL PLATA – 1997 .......................................... 29 
44 CARTAGENAS DE ÍNDIAS, COLÔMBIA – 1999 ......................... 29 
45 RECOMENDAÇÃO PARIS – 2003 ............................................... 30 
46 CARTA DE NOVA OLINDA – 2009 .............................................. 30 
47 I FÓRUM NACIONAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL – 2010...... 30 
48 CARTA DE BRASÍLIA – 2010....................................................... 31 
49 CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE 
FORA – 2010 ................................................................................................... 32 
50 AS CARTAS PATRIMONIAIS E O PATRIMÔNIO URBANO ........ 32 
51 PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO 
HISTÓRICO NO BRASIL ................................................................................. 37 
 
 
5 
 
51.1 A primeira carta patrimonial de proteção arqueológica no brasil
 38 
52 MONUMENTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E 
PLANO DE CONSERVAÇÃO .......................................................................... 41 
53 A NECESSIDADE DA CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA 
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DAS CARTAS 
PATRIMONIAIS BRASILEIRAS ....................................................................... 44 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 47 
 
 
 
 
6 
 
1 CONCEITO 
 
Fonte: prezi.com 
Medidas administrativas foram adotadas há bastante tempo em antigos 
impérios e reinos para a proteção de edificações importantes para suas 
sociedades. 
A partir do século XIX um pensamento mais estruturado sobre a proteção 
do patrimônio cultural começa a ser organizado. Mas somente no início do século 
XX que posturas, legislações e atitudes mais abrangentes e concretas são 
postas em prática. 
Em 1931, surge a Carta de Atenas, que discute a racionalização de 
procedimentos em arquitetura e propõe normas e condutas em relação à 
preservação e conservação de edificações, para terem caráter internacionais e 
para garantirem a perpetuação das características históricas e culturais nos 
monumentos a serem preservados. 
As técnicas e as teorias dominantes a cada momento da evolução do 
pensamento preservacionista, muitas vezes possibilitaram a descaracterização 
de prédios de valor histórico, ao permitirem certas adaptações de técnicas 
construtivas ou ao consentirem na modernização de instalações para a 
readequação dos espaços às demandas da vida moderna. 
 
 
7 
 
Os documentos gerados inicialmente, em geral, não têm maior grau de 
observância com a explicitação de detalhes para o restauro ou para outras 
intervenções nos monumentos de patrimônio histórico. 
Assim, com a evolução do pensamento e frente a avaliações de casos 
ocorridos, outras regulamentações e orientações foram sendo editadas, no 
esforço de controle das modernizações que eram introduzidas pelas 
intervenções, e para o equacionamento de diretrizes de resgate da memória e 
da cultura na conservação do patrimônio edificado. 
Uma maior e mais criteriosa abordagem sobre restauro aconteceu em 
1964 com a elaboração da carta de Veneza - Carta Internacional do Restauro. 
As cartas ao longo do tempo,permanecem atuais e são complementadas 
por novas normas e recomendações que nos descortinam novos ou mais amplos 
procedimentos na preservação do patrimônio cultural. 
Muitas cartas, recomendações e leis propõem tipos de atitudes em 
relação aos bens patrimoniais, que é necessário analisar os conceitos nelas 
contidos para uma atitude consciente na adoção de políticas preservacionistas 
do patrimônio. 
2 PERÍODO ANTERIOR DAS CARTAS 
Para muitos, as Cartas Patrimoniais uniformizam os discursos do cuidado 
(SALCEDO, 2007, p.26). Entretanto, ao serem elaboradas por grupos de 
interesses diversos, muitas vezes, competem nas suas lógicas quanto aos 
princípios de autenticidade, de restauro do objeto, de inventário, de hierarquia, 
de valores artísticos, embora tenham influenciado a formulação de políticas de 
visitação e utilização diversas. No processo de conservação dos bens, as 
abordagens ideológicas e construtivas de duas personalidades antagônicas 
constituem a base de sua fundamentação: John Ruskin e Eugenio Violet Le-Duc 
(CESAR, 2007). 
São marcos fundamentais para a definição do conceito o III Congresso 
degle engegneri e architetti italiano (1883), além do Congresso Internacional 
sobre a Proteção de Obras de Artes e dos Monumentos (1889) e do Congresso 
Internacional de História e de Arte (1921) (LUSO, LOURENÇO e ALMEIDA, 
 
 
8 
 
2004). No encontro de outubro de 1930, realizado pela Liga das Nações, atinge-
se em uma dimensão internacional, e estudam-se os métodos científicos para o 
exame e preservação da obra de arte. 
3 CÓDIGOS DE POSTURA INTERNACIONAIS: AS CARTAS 
PATRIMONIAIS 
O século XX foi marcado pelo debate das questões de preservação, 
especialmente em decorrência da Segunda Guerra Mundial, cujos 
bombardeamentos destruíram inúmeros monumentos históricos do Velho 
Mundo. Dessas discussões, surgiram instituições internacionais como: a ONU 
(Organizações das Nações Unidas); a UNESCO (Organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); o ICOM (Conselho Internacional 
de Museus), o ICCROM (Centro Internacional para o Estudo da Preservação e 
Restauração de Bens Culturais); e o ICOMOS (Conselho Internacional de 
Monumentos e Sítios), entre outras organizações que promoveram eventos e 
encontros entre as nações, cujas discussões resultaram nas chamadas Cartas 
Patrimoniais. Esses documentos passaram, dentre outras recomendações, a 
indicar códigos de posturas internacionais e a orientar a conduta dos 
profissionais atuantes na área da conservação-restauração, além de 
proporcionar a ampliação das noções de patrimônio e bem cultural para os 
países signatários. Desses documentos, destacamos alguns cujos conteúdos 
relacionam-se diretamente, ou tangenciam, a discussão do restauro do Grande 
Hotel. 
4 PRESSUPOSTO DAS CARTAS 
As Cartas Patrimoniais têm como intuito uniformizar os discursos do 
cuidado ao bem cultural (SALCEDO, 2007, p.26). Entretanto, ao serem 
formuladas por grupos de interesses diversos, não se atende tal perspectiva. 
Existem, muitas vezes, idéias que competem, em suas lógicas, com os princípios 
de autenticidade, de restauro do objeto, de inventário, de hierarquia, de valores 
 
 
9 
 
artísticos. Questão que tem influenciado a formulação de políticas de visitação e 
utilização diversas. 
A preservação e utilização do patrimônio sempre estiveram ligadas a 
conceitos distintos. Inicialmente, duas personalidades antagônicas constituem-
se como idealizadores deste pensamento: John Ruskin e Eugenio Violet Le-Duc 
(CESAR, 2007). Entretanto, ambos são vistos com ressalvas por não 
constituírem uma base científica. Porém, suas perspectivas possibilitam um 
estudo mais amplo da análise do patrimônio, sendo que a eles, até hoje, é 
atribuído o mérito de formadores do pensamento da conservação e uso 
patrimonial. 
Uma nova geração de profissionais se ressente da carência metodológica 
desses antecessores. Instiga-se, assim, a criação de novas abordagens, e, para 
tanto, realizam-se encontros mundiais para definir conceitos e estatutos. São 
marcos fundamentais para a formação desses novos parâmetros o III Congresso 
degle engegneri e architetti italiano (1883), além do Congresso Internacional 
sobre a Proteção de Obras de Artes e dos Monumentos (1889) e do Congresso 
Internacional de História e de Arte (1921) (LUSO, LOURENÇO e ALMEIDA, 
2004). 
 Entretanto, no encontro de outubro de 1930, realizado pela Liga das 
Nações, atinge-se uma dimensão internacional. Nele, os métodos científicos são 
colocados em discussão para o exame e preservação da obra de arte. Têm-se, 
então, as bases das cartas patrimoniais. 
5 CARTA DE ATENAS – 1931/1933 
São duas Cartas de Atenas, uma escrita em 1931 e outra em 1933, que 
exprimem ideias importantes quanto à preservação do patrimônio e ao novo 
urbanismo. 
 A primeira, contou com o Escritório Internacional dos Museus Sociedade 
das Nações trazendo para discussão questões das principais preocupações da 
época, que envolviam a legislação, as técnicas e os princípios de conservação 
dos bens históricos e artísticos. Nesse sentido, o documento mostra a 
necessidade tanto organizações que trabalhem na atuação e consultas 
 
 
10 
 
relacionadas à preservação e restauro dos patrimônios, como de legislação que 
ampare tais ações, garantindo o direito coletivo (IPHAN – Carta de Atenas, 
1931). 
 Já a Carta de Atenas de 1933 envolve questões das novas cidades, no 
período de grande crescimento urbano. Resultado do Congresso Internacional 
de Arquitetura Moderna (CIAM), este manifesto teve como tema principal a 
cidade funcional e contou com renomados arquitetos e urbanistas, dentre eles 
Le Corbusier. Foi debatido o “Urbanismo Racionalista”, levando em pauta o 
planejamento regional, a infraestrutura, a utilização do zoneamento, a 
verticalização das edificações, bem como a industrialização dos componentes e 
a padronização das construções, buscando novos rumos para o urbanismo. 
 
 
Fonte: eficienciaenergtica.blogspot.com.br 
6 RECOMENDAÇÃO DE NOVA DELHI – 1956 
A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1956, resultou a 
Recomendação de Nova Delhi, que possui um conteúdo que apoia princípios 
internacionais sobre pesquisas e preservação arqueológicas. Este documento 
 
 
11 
 
define a proteção do patrimônio arqueológico, programas educativos, instituição 
de órgãos governamentais e criação de acervo como responsabilidades do 
Estado. 
 
7 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1962 
A Recomendação Paris a Paisagens e Sítios, elaborada em uma 
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (UNESCO), foi o primeiro documento com a ideia principal 
sobre proteção da beleza e do caráter das paisagens, bem como seus 
respectivos territórios. Com esta Recomendação, o conceito de patrimônio 
cultural se tornou mais amplo, estendendo à beleza e caráter das paisagens e 
sítios, naturais, rurais ou urbanos. Ficou evidente a necessidade de estímulo nas 
áreas da educação e proteção aos bens, complementando as medidas de 
proteção à natureza. 
 
 
12 
 
8 CARTA DE VENEZA – 1964 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Em 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos 
Monumentos Históricos, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios 
(ICOMOS) elaborou a Carta de Veneza, com o foco na carência de um plano 
internacional para conservar e restaurar os bens culturais numa ação 
interdisciplinar. 
 Primeiramente, monumento histórico é definido como uma criação isolada, 
sítio urbano ou rural que testemunha uma civilização particular, evolução 
significativa ou acontecimento histórico. Posteriormente descreve sua finalidade 
como sendo a busca de conservação e restauração dos monumentos, visando 
preservar tanto a obra propriamente dita, quanto o seu testemunho histórico.Este documento defende que a conservação exige uma manutenção 
constante, sendo sempre favorecida quando sua destinação é útil para a 
sociedade, mas vale ressaltar que não podem ocorrer mudanças de disposição 
ou decoração da construção. Outro ponto levantado é a proibição de 
deslocamento do monumento, salvo quando sua preservação exige tal ação, ou 
 
 
13 
 
quando há interesses nacional e internacional. 
 A restauração é tratada como uma ação de caráter excepcional, tendo por 
objetivo a conservação e revelação dos valores estéticos e históricos do 
monumento, se fundamentando essencialmente no respeito ao material original 
e aos documentos, bem como à época de criação. Como diretriz importante, os 
elementos que substituírem as partes faltantes devem ser integrados de forma 
harmoniosa, porém é imprescindível que se distinguem das partes originais a fim 
de que a restauração não falsifique o objeto em questão 
9 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1964 
Ainda em 1964, acontece a Conferência Geral da Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que publicou 
a Recomendação Paris que fala sobre medidas de proibir e impedir a exportação, 
a importação, bem como a transferência de propriedade ilícita de bens culturais. 
Foi enfatizada questões como a identificação e inventário dos bens culturais, a 
instituição de órgãos oficiais adequados para proteção do patrimônio, legislação 
para aplicar medidas administrativas adequadas, a colaboração internacional em 
acordos e ações que impeçam operações ilícitas, etc. 
 
10 NORMAS DE QUITO – 1967 
As Normas de Quito foram elaboradas em Quito, no Equador, para tratar 
da conservação e utilização dos monumentos e lugares de interesse histórico e 
artístico. Foi recomendado que os projetos de valorização de bens fossem parte 
integrante dos planos de desenvolvimento nacional, sendo tal ação 
responsabilidade do governo. A difusão dos conhecimentos acerca dos bens 
culturais objetiva eficiência na preservação e, ainda, como produtos a serem 
explorados, assim como a legislação adequada ou disposições governamentais 
para o interesse público. O documento ainda relatou a importância da 
coordenação de projetos por instituto idôneo, contando com equipe técnica 
 
 
14 
 
11 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1968 
 
Fonte: viajeibonito.com.br 
Diante das problemáticas enfrentadas com o crescimento das cidades, em 
1968, a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, 
a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou a chamada Recomendação Paris de 
Obras Públicas ou Privadas, na qual considerações foram dispostas sobre 
intervenções urbanas que estejam relacionadas com a preservação do 
patrimônio, sendo um indicativo da necessidade e importância de assegurar o 
vínculo entre a população e os bens. 
 Este documento deixou clara a responsabilidade governamental sobre as 
medidas de preservação e salvamento do patrimônio, mesmo assegurando a 
expansão e/ou renovação urbana, obras em locais onde os bens possam correr 
qualquer tipo de perigo de destruição, modificações e reparos, construção ou 
alteração de vias de grande fluxo, implantação de barragens, oleodutos e 
trabalhos de desenvolvimento de indústria. 
Deve, ainda, ser garantido, a fim de proteger o patrimônio, o uso de uma 
legislação adequada, financiamento, medidas administrativas, métodos de 
preservação e salvamento dos bens, sanções, reparações, recompensas, 
assessoramento e programas de educação. 
 
 
15 
 
12 COMPROMISSO BRASÍLIA – 1970 
Em 1970, o Brasil vivia um momento importante, e, influenciado pelos 
documentos internacionais relacionados ao patrimônio, foi promovido o 1º 
Encontro dos Governadores de Estado, Secretários Estaduais da Área Cultural, 
Prefeitos de Municípios Interessados, Presidentes e Representantes de 
Instituições Culturais, do qual resultou o Compromisso de Brasília. 
 Tal documento foi baseado na necessidade de cuidados com o patrimônio 
cultural brasileiro, e recomenda a criação de órgãos estaduais ou municipais 
onde ainda não houver, todos ligados aos Conselhos Estaduais de Cultura e ao 
DPHAN. Quanto ao plano de proteção da natureza, é importante a criação de 
legislação e serviços estaduais articulados com o Instituto Brasileiro de 
Desenvolvimento Florestal. 
 Chegou a ser discutida a carência de mão de obra especializada em níveis 
superiores, médio e artesanal, criando programas de formação de arquitetos 
restauradores, conservadores de pintura, escultura e documentos, 
arquivologistas e museólogos de várias especialidades. Nesse sentido outra 
recomendação se dá na criação de um programa que abarque todo o sistema de 
educação, com a visão de que saber da história da arte do Brasil é primordial 
para a formação da consciência. 
 Junto a este Compromisso, foi anexada uma carta assinada por Lucio 
Costa, na qual ele relata a problemática encontrada na recuperação e na 
restauração de monumentos pela dependência de técnicos qualificados, 
inventário histórico-artístico, estudo de documentos, tombamento, eleição do 
que mereça restauro, recursos financeiros, etc. Foi relatada também a questão 
da ação da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o DPHAN, em 
restauro de alguns monumentos e na ausência de preservação de outros. 
 
 
 
16 
 
 
Fonte: acervoleiloes.com.br 
13 COMPROMISSO SALVADOR – 1971 
Já em 1971, aconteceu em Salvador o II Encontro de Governadores para 
Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural do Brasil 
com o objetivo de reafirmar os itens do Compromisso de Brasília e propor novas 
ideias, resultando o Compromisso Salvador. 
 Fez parte deste documento a recomendação de criação do Ministério da 
Cultura e Secretarias, elaboração de legislação para aumentar o conceito de 
visibilidade do bem tombado e proteção mais eficiente. O fomento da indústria 
do turismo também foi pauta do Compromisso, marcando o estímulo à 
implantação de turismo visando a preservação e valorização dos monumentos 
naturais. 
 Foram descritas também recomendações aos governos sobre a inclusão 
de curso complementar de estudos brasileiros e museologia no ensino de 2º 
grau, permitindo novos profissionais fora dos grandes centros urbanos, onde não 
tivesse profissional de nível superior, mas mesmo assim possibilitando a 
formação de auxiliares. 
 
 
 
17 
 
14 CARTA DO RESTAURO – 1972 
A Carta do Restauro foi elaborada em 1972 pelo Ministério da Instrução 
Pública da Itália. São 12 artigos que descrevem diretrizes para intervenções de 
restauração em todos os tipos de obra de arte, desde monumentos 
arquitetônicos, pinturas e esculturas a conjunto de edifícios de interesse 
monumental, histórico ou ambiental, centros históricos, coleções artísticas e 
jardins de especial importância. 
 Neste documento, a restauração é definida como qualquer intervenção, 
não necessariamente direta, a fim de manter em funcionamento, facilitar a leitura 
e transmitir integralmente as obras anteriormente citadas. São descritas todas 
as diretrizes, etapas, responsabilidades, trabalhos, técnicas e programas para a 
preservação e restauração de bens históricos, artísticos e culturais. 
 
15 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972 
Foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, em Estocolmo, no ano de 1972, o documento divulgado chamado 
Declaração sobre o Ambiente Humano, também conhecido como Declaração de 
Estocolmo, atentou para a carência de critérios comuns para preservação e 
melhoria do meio ambiente. 
 A Declaração evidencia itens como a necessidade de utilização 
consciente dos recursos não renováveis; a importância de não descartar de 
substâncias que sejam prejudiciais aos ecossistemas; desenvolvimento 
econômico e social; atenuação das consequências dos graves problemas de 
subdesenvolvimentoe desastres naturais; estabilidade econômica; políticas 
ambientais; utilização de recursos para a preservação ambiental; planejamento 
urbano; educação ambiental; etc. 
 
 
18 
 
16 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO – 1972 
Foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, em Estocolmo, no ano de 1972, o documento divulgado chamado 
Declaração sobre o Ambiente Humano, também conhecido como Declaração de 
Estocolmo, atentou para a carência de critérios comuns para preservação e 
melhoria. 
A Declaração evidencia itens como a necessidade de utilização 
consciente dos recursos não renováveis; a importância de não descartar de 
substâncias que sejam prejudiciais aos ecossistemas; desenvolvimento 
econômico e social; atenuação das consequências dos graves problemas de 
subdesenvolvimento e desastres naturais; estabilidade econômica; políticas 
ambientais; utilização de recursos para a preservação ambiental; planejamento 
urbano; educação ambiental; etc. 
 
17 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1972 
Ainda no ano de 1972, foi aprovada na Conferência Geral da Organização 
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a 
Recomendação Paris sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e 
Natural, no qual é proposto um programa de proteção nacional e internacional 
de bens por meio da promoção da consciência de preservação para as gerações 
presentes e futuras. 
18 ANAIS DO II ENCONTRO DE GOVERNADORES – 1973 
Realizado em 1971, o II Encontro de Governadores ocorreu em Salvador, 
porém a publicação do documento resultado deste evento foi somente em 1973. 
Com o tema sobre a defesa do patrimônio histórico, artístico, arqueológico e 
natural do Brasil, este encontro foi marcado pela análise dos resultados 
decorridos do Encontro de Brasília, ocorrido em 1970, pela discussão acerca da 
 
 
19 
 
proteção dos acervos naturais e de valor cultural, bem como a relação do acervo 
de valor cultural e os monumentos naturais em face da indústria do turismo. 
19 RESOLUÇÃO DE SÃO DOMINGOS – 1974 
O I Seminário Interamericano sobre Experiências na Conservação e 
Restauração do Patrimônio Monumental dos períodos Colonial e Republicano 
(República Dominicana) foi realizado com a Organização dos Estados 
Americanos e Governo Dominicano em 1974. A partir deste evento, foi publicada 
a Resolução de São Domingos que registra os serviços operativos que 
materializam e tornam possível a defesa dos bens culturais. 
A Resolução descreve recomendações no plano social, econômico, no 
plano da preservação monumental, das propostas operativas e do 
reconhecimento. 
 
20 DECLARAÇÃO / MANIFESTO DE AMSTERDÃ – 1975 
O Congresso de Amsterdã, em 1975, reuniu delegados de diversas partes 
da Europa, onde foi promulgada a Carta Europeia do Patrimônio Arquitetônico, 
que fala sobre a arquitetura característica da Europa como um patrimônio 
comum, sendo importante a cooperação dos países europeus para sua proteção. 
O documento descreve considerações essenciais que envolvem a 
preservação e valorização do patrimônio europeu. 
 
 
 
20 
 
 
Fonte: prezi.com 
21 CARTA DO TURISMO CULTURAL – 1976 
Criada em 1876, pelo Conselho Internacional dos Monumentos e dos 
Sítios (ICOMOS), a Carta de Turismo Cultural define, entre outros conceitos, o 
turismo cultural como sendo uma forma de turismo que objetiva o conhecimento 
de monumentos e sítios histórico-artísticos, o que se expressa extremamente 
positivo, como fato social, humano, econômico e cultural. Assim, o turismo 
cultural justifica e incentiva os esforços para manutenção e preservação do 
patrimônio histórico e artístico. Para garantir tais feitos, são necessárias a 
criação e a aplicação de medidas políticas dirigidas aos instrumentos 
fundamentais para contínua manutenção e orientação do movimento turístico. 
22 RECOMENDAÇÕES DE NAIRÓBI – 1976 
Criadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência 
e a Cultura (UNESCO), em 1976, as Recomendações de Nairóbi tem como tema 
central a salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida 
contemporânea. 
Este documento descreve a importância da salvaguarda do patrimônio 
histórico e de sua ambiência, que envolve a proteção contra deterioração e 
 
 
21 
 
transformações abusivas ou desprovidas de sensibilidade que atentam contra 
sua autenticidade. 
23 CARTA DE MACHU PICCHU - 1977 
 
Fonte: vitruvius.com.br 
Em 1977, no Encontro Internacional de Arquitetos em Machu Picchu, foi 
elaborada a Carta de Machu Picchu que propõe uma revisão na Carta de Atenas 
de 1933. O documento ressalta a reafirmação da unidade dinâmica das cidades 
e a importância do planejamento urbano como instrumento de interpretação e 
realização das necessidades da população.. 
24 CARTA DE BURRA – 1980 
Baseada nos conhecimentos dos membros do Conselho Internacional de 
Monumentos e Sítios (ICOMOS), a Carta de Burra segue linhas de orientação e 
conservação e gestão dos sítios com significado cultural. Escrita na Austrália, 
ela reconhece a necessidade de envolver pessoas nos processos de formação 
das decisões. 
 
 
22 
 
Com 29 artigos, a Carta aborda questões relacionadas às definições de 
conceitos, conservação e preservação por meio de manutenção e restauração, 
reconstrução (dadas às exceções, circunstâncias e características de elementos 
a serem implantados e mantidos) e procedimentos de intervenção. 
25 CARTA DE FLORENÇA – 1981 
Criada em 1981, pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios 
(ICOMOS), a Carta de Florença visou o cuidado com os jardins históricos, sendo 
estes uma composição arquitetônica e vegetal que apresenta interesse público. 
Os jardins históricos possuem características que devem ser preservadas, 
como o traçado e a topografia, vegetação, mantendo espécies, volumes, cores, 
distâncias e alturas, elementos estruturais e/ou decorativos. Cuidados devem ser 
tomados para a manutenção, conservação, restauração e reconstrução dos 
jardins. 
A reestruturação e reconstrução dos jardins devem acontecer depois de 
estudos através de documentos para assegurar o caráter científico da 
intervenção. A sua utilização precisa ser controlada e o seu acesso para 
visitação deve ser limitado para conservar a sua substância e sua mensagem 
cultural. 
O documento ainda defende a importância de identificar, inventariar e 
proteger os jardins históricos, criar medidas legais financeiras para manutenção, 
conservação e restauro. 
26 DECLARAÇÃO DE NAIRÓBI – 1982 
A Declaração de Nairóbi foi elaborada em 1982, pela Organização das 
Nações para o Meio Ambiente na Assembleia Mundial dos Estados, no Quênia. 
Foi uma comemoração do décimo aniversário da Conferencia das Nações 
Unidas sobre o Ambiente Humano de Estocolmo, recapitulando todas as 
diretrizes e o plano de ação, ambos descritos na Declaração de Estocolmo. 
A análise realizada deixou clara que a Conferência de Estocolmo 
contribuiu para uma conscientização acerca da fragilidade do meio ambiente, um 
 
 
23 
 
progresso na educação, nos meios de informação e na capacitação profissional, 
programas ambientais, organizações governamentais e não governamentais. 
Porém, o plano implantado foi um instrumento com resultados pouco 
satisfatórios, uma vez que, entre outras questões, os objetivos e as ações não 
garantem disponibilidade e distribuição dos recursos naturais. 
Por fim, a Declaração de Nairóbi reafirma o apoio ao fortalecimento do 
programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e, ainda, convoca toda a 
população e todos os governos para assumirem suas responsabilidades na 
garantia de vida do planeta. 
27 DECLARAÇÃO DE TLAXCALA - 1982 
O 3º Colóquio Interamericano sobre a Conservação do Patrimônio 
Monumental “Revitalização das Pequenas Aglomerações” foi realizado pelo 
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) no México. Neste 
evento foi elaborada a Declaração de Tlaxcala que diz respeitoaos perigos e 
ameaças ao patrimônio na América, recomendando revitalizações envolvendo 
etapas de pesquisa e prática, reafirmação de responsabilidades de serviços 
públicos e aperfeiçoamento na educação e profissionalização de técnicos da 
restauração. 
28 DECLARAÇÃO DO MÉXICO – 1985 
Em 1985 foi realizada a Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais, 
no México, com o intuito de discutir e conceituar cultura, identidade cultural e 
patrimônio cultural acerca da dimensão cultural do desenvolvimento, da cultura 
e da democracia. Foi destaque também a relação entre elementos da sociedade 
como cultura, educação, ciência e comunicação, bem como recomendações que 
envolvem principalmente a aproximação cultural entre os povos. 
 
 
24 
 
29 CARTA DE WASHINGTON - 1986 
A Carta de Washington foi criada pelo Conselho Internacional dos 
Monumentos e dos Sítios (ICOMOS), no ano de 1986, em Washington (EUA), é 
a Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas. Este 
documento diz respeito às grandes ou pequenas cidades, centros ou bairros 
históricos, com seu ambiente natural ou edificado, que expressam valores 
próprios das civilizações urbanas tradicionais. 
Salvaguardar as cidades históricas significa adotar medidas para 
proteção, conservação e restauro, assim como ao seu desenvolvimento coerente 
e à sua adaptação harmoniosa à vida contemporânea. Os valores a preservar 
são: 
 Forma urbana definida pela malha fundiária e pela rede viária; 
 As relações entre edifícios, espaços verdes e espaços livres; 
 A forma e o aspecto dos edifícios (interior e exterior) definidos pela sua 
estrutura, volume, estilo, escala, materiais, cor e decoração; 
 As relações da cidade com o seu ambiente natural ou criado pelo 
homem; 
 As vocações diversas da cidade adquiridas ao longo da sua história. 
 
Segundo esta Carta, qualquer ataque a estes valores comprometeria a 
autenticidade da cidade histórica. 
30 CARTA DE PETRÓPOLIS – 1987 
A Carta de Petrópolis foi elaborada no 1º Seminário Brasileiro para 
Preservação e Revitalização de Centros Históricos, em 1987. Nela, é tratada a 
questão de preservação e consolidação da cidadania, ao reforçar a necessidade 
de dar ao patrimônio função na vida da sociedade. 
A preservação do sítio histórico urbano deve ser pensada desde o 
planejamento urbano, entendido como processo contínuo e permanente. É 
fundamental a ação integrada de órgãos federais, estaduais e municipais, bem 
como a participação da comunidade interessada. 
 
 
25 
 
Os instrumentos de proteção descritos no documento são: tombamento, 
inventário, desapropriação, isenção e incentivos fiscais, normas urbanísticas e a 
declaração de interesse cultural. 
 
 
Fonte: prezi.com 
31 CARTA DE WASHINGTON – 1987 
A Carta de Washington, de 1987, é conhecida como a Carta Internacional 
para a Salvaguarda das Cidades Históricas e descreve sobre cidades e 
centros/bairros históricos que expressam valores históricos ameaçados, seja por 
degradação, desestruturação ou destruição. 
Como um complemento à Carta de Veneza, de 1964, este documento 
traça princípios, objetivos, métodos e instrumentos que visam à proteção da 
qualidade das cidades históricas. 
32 CARTA DE CABO FRIO – 1989 
A Carta de Cabo Frio foi redigida no Encontro de Civilizações nas 
Américas que comemorou os 500 anos da vinda de Colombo América e 
homenageou o navegador Américo Vespúcio. 
 
 
26 
 
33 DECLARAÇÃO SÃO PAULO – 1989 
A Declaração São Paulo, elaborada em 1989, teve como tema a 
comemoração do 25º aniversário da Carta de Veneza e uma análise sobre este 
documento de 1964. Foi pauta de debate: 
 A insuficiência de trabalho com relação à preservação e ao 
restauro; 
 Necessidade de revisão conceitual de determinados elementos; 
 Necessidade de levantamento de informações de áreas naturais, 
graças ao avanço tecnológico; 
 Importância da preservação do patrimônio natural; 
 Utilização de sistemas de tecnologia avançada para trabalhos de 
restauro; etc. 
Por fim, o documento ressalta a importância da permanência da Carta de 
Veneza como modelo e fonte de consulta. 
34 RECOMENDAÇÃO PARIS – 1989 
A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1989, realizou a Recomendação 
sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular. A Recomendação Paris 
abordou itens para identificação, conservação, salvaguarda, difusão, proteção e 
cooperação internacional no que diz respeito à cultura tradicional e popular. 
35 CARTA DE LAUSANNE – 1990 
Foi elaborada uma Carta para a Proteção e Gestão do Patrimônio 
Arqueológico que descreve, além da definição e introdução, sobre políticas de 
conservação integrada; legislação e economia; inventários; intervenções no sítio; 
preservação e conservação; apresentação; informação; reconstituição; 
qualificações profissionais; e cooperação internacional. 
 
 
27 
 
36 CARTA DO RIO – 1992 
A Carta do Rio foi elaborada na Conferência Geral das Nações Unidas 
Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 
1992. Ela reafirma a Declaração aprovada em Estocolmo, de 1972, e apresenta 
28 princípios a fim de estabelecer nova aliança e novos níveis de cooperação 
para alcançar os acordos internacionais que visam a integridade do sistema 
ambiental e do desenvolvimento mundial. 
 
37 CONFERÊNCIA DE NARA – 1994 
A Conferência de Nara, realizada em 1994 no Japão, trata sobre 
Autenticidade em relação a Convenção do Patrimônio Mundial. Este documento 
traz o reconhecimento do valor da autenticidade do patrimônio, assunto já 
comentado em 1964 na Carta de Veneza, porém, visando estudos científicos, 
planos de conservação e restauração, etc. 
38 CARTA BRASÍLIA – 1995 
Novamente o tema de Autenticidade é abordado, dessa vez em Brasília, 
no ano de 1995. Representantes do Cone Sul discutem a questão diante da 
situação regional de uma cultura “sincretista” e de resistência, no qual relaciona 
a autenticidade e a identidade; autenticidade e a mensagem; autenticidade e o 
contexto; a autenticidade e a materialidade. Outros pontos são levantados como 
a graduação e a conservação da autenticidade. 
39 RECOMENDAÇÃO EUROPA – 1995 
Elaborada pelo Comitê da Europa em 1995, a Recomendação Europa fala 
sobre a conservação integrada das áreas de paisagens culturais e indica que os 
governos adaptem suas políticas com a finalidade de conservar e evoluir com 
orientação as áreas consideradas de paisagem cultural. Para isso, são propostos 
 
 
28 
 
10 artigos que relacionam o campo de aplicação de tal recomendação; objetivos; 
o processo de identificação e a avaliação das áreas de paisagem natural; níveis 
de competência e estratégia de ação; estrutura legal ou reguladora; a 
implementação de políticas de paisagem; proteção legal e conservação das 
áreas de paisagem cultural, procedimentos específicos de proteção, aplicação 
de medidas específicas de proteção, medidas específicas para conservação e 
evolução controlada; informação e incremento da conscientização; treinamento 
e pesquisa; e cooperação internacional. 
40 DECLARAÇÃO DE SOFIA – 1996 
A XI Assembleia Geral do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios 
(ICOMOS), em 1996, elaborou a Declaração de Sofia que faz recomendações 
sobre a utilização, a proteção e exploração do patrimônio subaquático. Todos os 
processos devem contar com a participação da sociedade civil em parceria com 
Estados, entidades públicas e órgãos do governo, a fim de garantir a efetiva 
preservação e desenvolvimento equilibrado dos recursos naturais. 
41 DECLARAÇÃO DE SÃO PAULO II – 1996 
Membros do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) 
do Brasil se reuniram em São Paulo com o objetivo de discutir o tema central da 
Declaração de Sofia, tendo em vista a necessidade de enfrentar os conflitos 
entre expansão urbana e preservação do PatrimônioCultural no país, resultando 
na Declaração de São Paulo II. 
42 CARTA DE FORTALEZA – 1997 
A Carta de Fortaleza foi escrita em 1997, comemorando aos 60 anos do 
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O evento foi 
marcado pelo Seminário do Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de 
Proteção, que teve o objetivo de recolher subsídios que viabilizassem a 
elaboração de diretrizes e instrumentos legais e administrativos para identificar, 
 
 
29 
 
proteger, promover e fomentar os processos e bens do patrimônio cultural 
brasileiro. 
 
43 CARTA DE MAR DEL PLATA – 1997 
Ainda no ano de 1997, foi elaborada a Carta de Mar Del Plata sobre 
Patrimônio Intangível que recomenda, entre outras ações, a promoção do 
registro documento e catalogação do patrimônio intangível, criação de banco de 
dados com todas as publicações, incrementar pesquisas, organizar informações 
acerca do patrimônio cultural intangível, estimular educação. 
44 CARTAGENAS DE ÍNDIAS, COLÔMBIA – 1999 
 
Fonte: estevampelomundo.com.br 
O Conselho Andino de Ministros das Relações Exteriores da Comunidade 
Andina elaborou, em 1999, escreve sobre proteção e recuperação de bens 
culturais do patrimônio arqueológico, histórico, etnológico, paleontológico e 
 
 
30 
 
artístico da Comunidade Andina. Composto por 9 artigos, este documento 
propõe políticas e normas comuns para a identificação, registro, proteção, 
conservação, vigilância e restituição, assim como o impedimento de importação, 
exportação e transferência ilícita dos bens culturais. 
45 RECOMENDAÇÃO PARIS – 2003 
A 32ª Sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) elabora em 2003 a chamada 
Recomendação Paris. Tal documento é uma convenção para a preservação do 
patrimônio cultural imaterial, visando o respeito aos bens das comunidades, a 
conscientização e reconhecimento nacionais e internacionais, etc. 
46 CARTA DE NOVA OLINDA – 2009 
A Carta de Nova Olinda foi elaborada em 2009, no I Seminário de 
Avaliação e Planejamento das Casas do Patrimônio, visando avaliar as Casas 
do Patrimônio, elaborar diretrizes e instrumentos legais que assegurem o 
cumprimento de tais propostas 
47 I FÓRUM NACIONAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL – 2010 
O I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural ocorreu em 2009 na cidade de 
Ouro Preto, porém, foi somente em 2010 que o trabalho foi publicado com o 
objetivo de disponibilizar para consulta os conteúdos dos relatórios e análises 
realizados no evento. O Fórum foi uma parte do processo de instituição do 
Sistema Nacional do Patrimônio Cultural (SNPC) que busca a coordenação e 
realização de ações na área de gestão do patrimônio cultural. 
 
 
31 
 
48 CARTA DE BRASÍLIA – 2010 
 
Fonte: embarquenaviagem.com 
A Carta de Brasília de 2010 foi um documento elaborado no Fórum Juvenil 
do Patrimônio Mundial Brasil Brasília, que contou com a participação de 46 
jovens de diferentes países, como Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia 
e Uruguai. O encontro reuniu diferentes realidades e experiências com o 
patrimônio sendo um denominador comum. Foram propostas nove ideias como 
a participação ativa dos jovens no Comitê do Patrimônio Mundial da Organização 
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); a 
promoção do turismo sustentável e responsável, divulgando o patrimônio sem 
comprometê-lo; etc. 
 
 
32 
 
49 CARTA DOS JARDINS HISTÓRICOS, DITA CARTA DE JUIZ DE FORA – 
2010 
 
Fonte: http://auepaisagismo.com 
Em Juiz de Fora, no ano de 2010, foi elaborada a Carta dos Jardins 
Históricos descreve conceitos, diretrizes e critérios para a defesa e preservação 
dos jardins históricos como sítios e paisagens criados pelo homem. 
50 AS CARTAS PATRIMONIAIS E O PATRIMÔNIO URBANO 
Na Carta de Restauro de Atenas, de 1931, não se fala em patrimônio 
urbano, porém fala-se em vizinhança, e sublinha-se o respeito ao caráter 
histórico e artístico do monumento, do qual tal vizinhança faz parte. A próxima 
carta que toca a questão do patrimônio urbano, sem utilizar, no entanto, o termo, 
é a Recomendação de Paris de 1962, um documento da UNESCO (United 
Nations Educational, Scientific, Cultural Organization) e do ICOM (International 
 
 
33 
 
Council of Museums), que ainda que dirigida a paisagens naturais, trata de 
paisagens e sítios urbanos. 
 Na Carta de Veneza (1964), em seu primeiro artigo, afirma que a noção 
de monumento histórico: “Estende-se não só às grandes criações, mas também 
às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, significação cultural." 
Nota-se, portanto, que os termos, ambiência, vizinhança, entorno e paisagem 
das primeiras cartas estão relacionadas com o patrimônio urbano, porém apenas 
o edifício isolado é considerado monumento (valor excepcional) ou documento 
(valor histórico), a mudança só será sentida a partir da Carta de Veneza. 
A próxima carta patrimonial a tratar do patrimônio urbano é a Norma de 
Quito, um documento da OEA (Organização dos Estados Americanos). Nesta 
carta recomenda-se que os planos de valorização monumental devem ser vistos 
juntamente com planos de desenvolvimento nacional, além disso, recomenda-
se zonas de proteção tanto para conjuntos monumentais urbanos ou ambientais. 
O ponto negativo desta carta é que se recomenda o uso dos sítios históricos 
para uso turístico, sem antever os efeitos nocivos que possam ter e ser evitados. 
Recomendações neste sentido, serão feitas apenas na década seguinte na 
Carta do Turismo Cultural, documento do ICOMOS (International Council on 
Monuments and Sites) de 1976. No ano seguinte, a Recomendação de Paris, 
também atenta para que os planos de urbanização tenham em consideração a 
preservação dos monumentos: “(...) Os arredores e o entorno de um monumento 
ou de um sítio protegido por lei deveriam também ser objeto de disposições 
análogas para que seja preservado o conjunto de que fazem parte e seu 
caráter(...)" (p. 9) O patrimônio urbano aparece neste documento ainda sob a 
forma de entorno ou conjunto. Gostaria de citar aqui duas cartas patrimoniais 
brasileiras, o Compromisso de Brasília (1970 – assinada por Lúcio Costa) e o 
Compromisso de Salvador (1971), este último trata o patrimônio urbano ainda 
sob o conceito de ambiência: "Recomenda-se a criação de legislação 
complementar, no sentido de ampliar o conceito de visibilidade de bem tombado, 
para atendimento do conceito de ambiência.", como também fala da necessidade 
de estudos e planos diretores, e que contém com apoio do IPHAN, IBDF, órgãos 
estaduais e municipais com obras públicas que afetem áreas de valor natural e 
cultural. Nota-se nestes documentos que, mesmo antes da Declaração de 
Amsterdã (1975), considera a carta do patrimônio urbano, fala-se na 
 
 
34 
 
necessidade da preservação do monumento e seu entorno, ou conjunto urbano, 
dentro do planejamento urbano e regional, como dos planos de 
desenvolvimento. Conforme anteriormente citadas, experiências neste sentido, 
já vinham sendo testadas tanto na França como na Itália desde a década de 
1960, e inspiradas nestes modelos, também foram aqui testadas, resta saber por 
que motivo funcionam bem lá, e não aqui. Porém isto foge ao nosso escopo 
nesta apresentação. Uma última carta antes de citar a Declaração de Amsterdã: 
a Recomendação de Paris, de 1972, um documento da UNESCO que traz 
medidas para proteção do patrimônio cultural e natural, de valor excepcional 
(mundial). O patrimônio urbano é contemplado nos chamados conjuntos, na 
parte de patrimônio cultural, porém de valor excepcional. Ainda que não seja 
objetivo desta apresentação, mas uma questão a ser levantada é: os critérios de 
valoração ao considerar o que é patrimônio ou não, que por sua vez, levam a 
tratamentos e gestão diferentes dos bens patrimoniais. 
Tal questão é enfrentada por RIBEIRO (2007), ao falar de paisagem 
cultural epatrimônio, que afirma que dependendo da conceituação da paisagem 
cultural, que por si só é bastante variada, haverá uma metodologia para abordá-
la e que por sua vez orientará os resultados de identificação e preservação da 
paisagem. Esta diferenciação fica clara, quando o autor comenta sobre a 
paisagem cultural adotada pela UNESCO, e a Convenção Européia da 
Paisagem. Ambos organismos tomam a paisagem cultural como um bem, e 
reconhecem a interação entre o ambiente natural e as ações humanas, no 
entanto, os objetivos são diferentes. Enquanto que a UNESCO, tem como 
objetivo principal fazer uma lista de bens de valor excepcional, a Convenção 
Européia não tem a valoração de “excepcionalidade” como objetivo principal, 
mas sim o de “introduzir regras de proteção, gerenciamento e planejamento para 
todas as paisagens baseadas num conjunto de regras, constituindo um elemento 
fundamental da gestão do território.” (RIBEIRO 2007, p. 52). Dado que os 
objetivos dos dois organismos são diferentes, os critérios de valoração e 
classificação se diferenciam: a UNESCO, além do valor de excepcionalidade, 
possui entre outros critérios, a integridade e a autenticidade do bem, enquanto 
que para a Convenção Européia da Paisagem, não são critérios importantes, 
tanto que classifica as paisagens em: de considerável importância, ordinárias e 
 
 
35 
 
degradadas. Além disso, as escalas que cada organismo trabalha são diferentes, 
na Unesco a escala é mundial, na Convenção é regional. 
Voltando às cartas patrimoniais: a Declaração de Amsterdã, resultado da 
reunião do Conselho da Europa e Congresso do Patrimônio Arquitetônico 
Europeu, em 1975, é claramente a carta do patrimônio arquitetônico urbano, 
juntamente com a Carta de Washington que veremos a seguir. Nela utiliza-se o 
termo “conservação integrada”, onde se mescla conservação do patrimônio e o 
planejamento urbano, sendo este confiado aos poderes locais juntamente com 
a participação da população. A novidade desta carta é reforçar o aspecto de ligar 
a preservação aos planos urbanos, e ao mesmo tempo, falar da participação 
popular. A próxima carta é a Recomendação de Nairóbi, de 1976, da UNESCO, 
que se autodenomina “Recomendações relativa à salvaguarda dos conjuntos 
históricos e sua função na vida contemporânea”, em toda a carta fala-se muito 
em ambiência e da necessidade de planejamento urbano, e planejamento físico-
territorial. De maneira geral, quando se fala da dimensão contemporânea do 
patrimônio, nota-se a tendência de uni-lo ao planejamento urbano e físico-
territorial. 
A Carta de Burra, é uma carta do ICOMOS de 1980, traz várias definições, 
não utiliza o termo “patrimônio urbano”, porém o faz indiretamente ao definir o 
que é um bem: “O termo bem designará um local, uma zona, um edifício ou outra 
obra construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que possuam 
uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, o conteúdo e o entorno 
a que pertence. ” E acrescenta: “(...) o termo significação cultural designará o 
valor estético, histórico, científico ou social de um bem para as gerações 
passadas, presentes ou futuras. ”. Diferentemente da UNESCO, não se fala 
nesta carta de “valor excepcional”, mas sim em “significação cultural”, acredita-
se muito mais adequada para abarcar “arquiteturas modestas” e outros 
conjuntos, porém por outro lado, contribui-se ainda mais para o alargamento do 
conceito de patrimônio. 
A Carta de Washington (1986), documento do ICOMOS, juntamente com 
a Declaração de Amsterdã (1975), são consideradas as cartas relativas ao 
patrimônio urbano. A de Washington difere e de certa maneira ultrapassa esta 
última, por possuir caráter internacional. A carta busca complementar, 
retomando os princípios e objetivos da Carta de Veneza (1964) bem como a 
 
 
36 
 
Recomendação de Nairóbi (1976) e, novamente reforça que para a eficácia da 
preservação das cidades e bairros históricos, deve estar conectado às políticas 
de desenvolvimento econômico social e considerada nos planos urbanos e 
planejamento físico-territorial em todos os níveis. Como reflexo desta carta no 
contexto brasileiro, podemos citar a Carta de Petrópolis, de 1987, resultado do 
1º Seminário Brasileiro para Preservação e Revitalização dos Centros Históricos, 
nela define-se o que é “sítio urbano histórico” (SHU), como "parte integrante de 
um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construída, assim como 
a vivência de seus habitantes num espaço de valores produzidos no passado e 
no presente, em processo dinâmico de transformação , devendo os novos 
espaços urbanos ser entendidos na sua dimensão de testemunhos ambientais 
em formação." É pois, quase uma definição de paisagem cultural, e ainda nota-
se a presença da dimensão contemporânea do patrimônio. Outro aspecto 
interessante desta carta é a polifuncionalidade: 
“Sendo a polifuncionalidade uma característica do SHU, a sua 
preservação não deve dar-se à custa de exclusividade de usos, nem 
mesmo aqueles ditos culturais, devendo necessariamente, abrigar os 
universos do trabalho e do cotidiano, onde se manifestam as 
verdadeiras expressões de uma sociedade heterogênea e plural. 
Guardando essa heterogeneidade, deve a moradia construir-se na 
função primordial do espaço edificado, haja vista a flagrante carência 
habitacional brasileira. Desta forma, especial atenção deve ser dada à 
permanência do SHU das populações residentes e das atividades 
tradicionais, desde que compatíveis com sua ambiência.” 
 
Porém não é o que aconteceu na maioria dos casos dos projetos de 
revitalização realizados no Brasil, onde predominou-se o uso turístico, e 
afugentando a população original, nos tão conhecidos processos chamados de 
“gentrificação”. 
As demais cartas internacionais, de maneira geral, tratam de aspectos 
específicos do patrimônio: como a autenticidade, Conferência de Nara (1994) e 
a correspondente brasileira, a Carta de Brasília (1995); e cada vez mais 
consideram as dimensões sociais do patrimônio. Um exemplo disso é a 
Declaração de Sofia, de 1996, do ICOMOS. E a partir da década de 1990, a partir 
das questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, o conceito de 
patrimônio ganha novos matizes, ganhando força o conceito de paisagem 
cultural. 
 
 
37 
 
51 PRIMEIRAS PREOCUPAÇÕES SOBRE PATRIMÔNIO HISTÓRICO NO 
BRASIL 
Com a divulgação da carta de Atenas, em outubro de 1931, passa a 
ocorrer no Brasil preocupações nas autoridades governamentais sobre a 
necessidade da inclusão de leis que viessem a proteger os monumentos 
históricos no Brasil. No próprio texto da Carta de Atenas havia recomendações 
no sentido de que os poderes públicos tivessem responsabilidades quanto à 
preservação, quando afirma: 
A conferência, profundamente convencida de que a maior garantia de 
conservação dos monumentos e das obras de arte vem do afeto e do 
respeito do povo e considerando que estes sentimentos podem ser 
bastante favorecidos mediante uma atuação apropriada dos poderes 
públicos, expressa o desejo de que os educadores ponham todo seu 
empenho em habituar a infância e a juventude para que se abstenham 
de qualquer atuação que possa degradar os monumentos.... 
As repercussões são imediatas e as primeiras medidas do Estado 
brasileiro já são visualizadas a partir do texto constitucional de 16 de Julho de 
1934, quando podemos ler no artigo 148, Capítulo III – Da Educação e Cultura: 
“Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o 
desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral, 
proteger os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do País, bem 
como prestar assistência ao trabalhador intelectual”. 
Tal responsabilidade fica revestida de uma abrangência mais significativa, 
quando passa a ser incluída a necessidade de preservação de uma gama bem 
maior de bens que pudessem inferir a ideia de patrimônio cultural.Embora ainda 
não existisse um conceito exato do que seria patrimônio cultural e patrimônio 
histórico, na Constituição outorgada1 de 1937, tenta-se relacionar uma ligação 
intrínseca dos bens culturais e históricos com o próprio conceito de patrimônio 
nacional, em seu artigo 134: “Os monumentos históricos, artísticos e naturais, 
assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, 
gozam da proteção e dos cuidados especiais da União, dos Estados e dos 
Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão equiparados aos 
cometidos contra o patrimônio nacional” 
 
 
38 
 
Entretanto, a proteção legal aos bens arqueológicos ocorre com a 
divulgação do Decreto-Lei nº 25, de 30 de Novembro de 1937, que introduz já 
em seu primeiro artigo uma conceituação do que seria patrimônio histórico 
(englobando a ideia também do artístico): “Art. 1º - Constitui o patrimônio 
histórico e artístico nacional, o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes 
no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a 
fatos memoráveis da História do Brasil, quer por seu excepcional valor 
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”. 
51.1 A primeira carta patrimonial de proteção arqueológica no brasil 
 
Fonte: prezi.com 
 
Nesse contexto, os sítios arqueológicos, em todas as regiões do Brasil, 
ficaram por décadas no século XX expostos à própria sorte e ao esquecimento. 
Somente a partir do final da década de 50, com o trabalho desenvolvido pelas 
equipes de arqueólogos americanos e franceses (entre os quais podemos citar 
Joseph Emperaire, Annette Laming, Clifford Evans e Betty Meggers) e a 
relevância dos achados arqueológicos, foi despertada a necessidade de uma lei 
federal que viesse efetivamente a proteger o patrimônio histórico, de forma mais 
concreta, inclusive com medidas punitivas. 
 
 
39 
 
Essa necessidade não era somente do Estado brasileiro. Em 5 de 
Dezembro de 1956, é publicada em Nova Delhi, na Índia, a recomendação 
advinda da conferência geral da UNESCO, sobre os princípios internacionais a 
serem aplicados em matéria de pesquisas arqueológicas, que estipulava em 
seus artigos quarto e quinto, obrigações e responsabilidades dos Estados-
membros ante o patrimônio arqueológico: 
4. Cada Membro-Estado deveria garantir a proteção de seu patrimônio 
arqueológico, levando em conta, especialmente, os problemas 
advindos das pesquisas arqueológicas e em concordância com as 
disposições da presente recomendação. 5. Cada Estado-Membro 
deveria, especialmente: a) submeter as explorações e as pesquisas 
arqueológicas ao controle e à prévia autorização da autoridade 
competente; b) obrigar quem quer que tenha descoberto vestígios 
arqueológicos a declará-los, o mais rapidamente possível, as 
autoridades competentes; c) aplicar sanções aos infratores dessas 
regras; d) determinar o confisco dos objetos não declarados; e) 
precisar o regime jurídico do subsolo arqueológico e, quando esse 
subsolo for propriedade do Estado, indicá-lo expressamente na 
legislação; f) dedicar-se ao estabelecimento de critérios de proteção 
legal dos elementos essenciais de seu patrimônio arqueológico entre 
os monumentos históricos. 
Essas recomendações vieram a servir de base teórica para a elaboração 
de uma lei brasileira que viesse a regular a exploração arqueológica e a defesa 
do patrimônio histórico. Tal lei deveria contemplar medidas que viessem a 
obstaculizar o processo destrutivo do patrimônio histórico nacional. Discussões 
foram travadas pelas autoridades competentes sobre os motivos de depredação 
e destruição do patrimônio histórico e aspectos conceituais sobre conservação, 
restauração e preservação dos monumentos históricos e bens culturais. 
Segundo Morley (2000:371-374), historicamente existem três causas 
principais para a destruição dos sítios arqueológicos (baseado em estudos feitos 
pelo IPHAN no Estado de Santa Catarina): 1 – Obras de grande porte – Abertura 
de estradas, construção de hidreléticas e crescimento das cidades. 
 1 - Aproveitamento econômico de áreas de interesse arqueológico - 
Utilização de áreas para lavouras. 2 - Vandalismo – crenças em 
tesouros fantásticos serve como justificativa para atos destrutivos. 
Dentro desse contexto surge, então, a Lei nº 3.924, de 26 de Julho de 
1961, publicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - 
IPHAN, que dispunha sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos. 
Expressando obrigações da União e listando direitos e deveres dos proprietários 
 
 
40 
 
de áreas com sítios arqueológicos, o documento permanece até os dias de hoje 
como elemento regulador das atividades de escavação, conservação e proteção 
desse patrimônio histórico. Apesar de já estar ultrapassado em vários aspectos, 
mas trazia alguns avanços com relação à definição do que seria considerado 
monumento arqueológico ou pré-histórico, conforme preconiza o seu artigo 2º e 
suas letras a, b, c e d: 
Art. 2º. - Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos: 
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que 
representem testemunhos da cultura dos paleoameríndios do Brasil, 
tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, 
jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas 
aqui, mas de significado idêntico, a juízo da autoridade competente; b) 
os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos 
paleoameríndios, tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha; c) os 
sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso 
prolongado ou de aldeamento, estações e cerâmicos, nos quais se 
encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou 
paleoetnográfico; d) as inscrições rupestres ou locais com sulcos de 
polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de 
paleoameríndios. 
Apesar de deixar brechas ao não explicitar em termos conceituais o que 
seria “sítio” (confundindo-se com jazidas) e o que seriam os “paleoameríndios”, 
a Lei 3.924 tentava conter, de forma intimidatória, os atos de vandalismos e 
depredação que estavam sofrendo os sítios arqueológicos de forma desenfreada 
em todas as regiões do território brasileiro, ao destacar: 
Art. 3º. _ São proibidos em todo o território nacional o aproveitamento 
econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer fim, das jazidas 
arqueológicas ou pré-históricas conhecidas como sambaquis, 
casqueiros, concheiros, birbigueiras e sernambis, e bem assim dos 
sítios, inscrições.... 
 Por algum tempo essas medidas punitivas ficaram somente na teoria, 
tanto pela falta de fiscalização quanto pela própria ausência de institutos de 
pesquisas arqueológicas. Outro fator importante foi a total ausência de 
informação da população brasileira do que seria “um sambaqui” ou mesmo um 
sítio arqueológico qualquer. A falta de clareza do que seria patrimônio histórico 
ou do que seria monumento histórico, também dificultava a execução dessa 
primeira Carta Patrimonial (que está em vigor até os dias de hoje) em seu sentido 
mais prático. 
 
 
41 
 
52 MONUMENTOS HISTÓRICOS, PATRIMÔNIO CULTURAL E PLANO DE 
CONSERVAÇÃO 
 
Fonte: http://m.portalangop.co.ao 
Em maio de 1964 é publicada a Carta de Veneza, que exemplifica que “o 
monumento não pode ser separado da história da qual é testemunho e nem do 
ambiente no qual se encontra” e em seu primeiro artigo já clarifica na formulação 
conceitual o que seria monumento histórico: 
A noção de monumento histórico compreende tanto a criação 
arquitetônica isolada, como o ambiente urbano ou paisagístico que constitua o 
testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de 
um acontecimento histórico. Se aplica não somente as grandes obras, como 
também as obras modestas que com o tempo tenham adquirido um significado 
cultural. 
Diante de um passado espelhado na dispersão científica e no 
emaranhado de conclusõesarqueológicas desprovidas de embasamentos 
teóricos, entre 1965 e 1970, elaborou-se no Brasil, um projeto amplo de 
sistematização e padronização de procedimentos nas atividades arqueológicas, 
denominado de PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas), 
agrupando diversas instituições e pesquisadores, sob a égide dos ensinamentos 
da chamada “escola Ford” (metodologia americana). Prous (2000:29) resume em 
 
 
42 
 
poucas linhas essa primeira tentativa de sistematização da pesquisa 
arqueológica no Brasil: Coordenado pelos Evans, foi montado um ambicioso 
programa que reunia 11 arqueólogos de oito estados: o PRONAPA (1965/1970), 
destinado a fornecer uma primeira visão sintética da Pré-História dos estados 
costeiros brasileiros a partir de uma pesquisa integrada graças à utilização de 
uma metodologia única e de uma mesma perspectiva teórica. 
Não obstante a boa vontade de alguns pesquisadores o projeto se 
mostrou falho por insistir em parâmetros estatísticos (nem sempre confiáveis) e 
esquemas metodológicos fora de uso até mesmo nos Estados Unidos. 
Entretanto teve o aspecto positivo de incentivar a pesquisa arqueológica em 
algumas áreas praticamente desconhecidas5 da comunidade acadêmica. Com 
a publicação da Carta de Burra (carta Del ICOMOS Austrália para sítios com 
significado cultural) em 19 de agosto de 1979, estimulam-se novas vertentes 
quanto a conservação do patrimônio histórico. Com os conceitos de bem, 
substância, sítio, significado cultural, conservação, manutenção, preservação, 
restauração e reconstrução, a Carta de Burra avançou consideravelmente a 
conscientização acadêmica quanto à necessidade de reavaliação de 
procedimentos no trato do patrimônio histórico no Brasil: 
 Bem – designará um local, uma zona, um edifício ou outra obra 
construída, ou um conjunto de edificações ou outras obras que 
possuam uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, 
o conteúdo e o entorno a que pertence. 
 Substância – será o conjunto de materiais que fisicamente 
constituem o bem. 
 Sítio – significa lugar, área, terreno, paisagem, edifício ou outra 
obra, grupo de edifícios ou outras obras, e pode incluir 
componentes, conteúdos, espaços e visuais. 
 Significado cultural – significa valor estético, histórico, científico, 
social ou espiritual para as gerações passadas, presentes ou 
futuras. 
 Conservação – significa todos os processos de cuidado de um sítio 
para manter seu significado cultural. 
 
 
43 
 
 Manutenção – designará a proteção contínua da substância, do 
conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com 
o termo reparação. 
 Preservação – será a manutenção no estado da substância de um 
bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada. 
 Restauração – Será o restabelecimento da substância de um bem 
em um estado anterior conhecido. 
 Reconstrução - Será o restabelecimento, com o máximo de 
exatidão, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela 
introdução na substância existente de materiais diferentes, sejam 
novos ou antigos. 
 
A preocupação girava então, em torno da necessidade de conservação 
adequada do patrimônio histórico. No mundo já eram visíveis as expectativas 
quanto às intervenções ocorridas nas cidades históricas devido ao crescente 
desenvolvimento urbano. Com algumas cidades brasileiras já sendo 
consideradas como patrimônio cultural da humanidade, foi extremamente salutar 
a publicação da Carta Internacional para a Conservação das Cidades Históricas 
(Carta de Toledo) em 1986, no qual se recomenda a “adesão dos habitantes” na 
conservação das cidades e que o “Plano de Conservação deve ter uma relação 
harmônica entre a área histórica e a cidade”. 
Entretanto, somente podemos verificar progressos conceituais no Brasil 
quanto ao que seria patrimônio cultural, com a promulgação da Constituição 
Federal em 05 de outubro de 1988, que “inscreveu explicitamente três títulos, 
quatro capítulos, seis artigos (mais os incisos), enfatizando os modos e as 
responsabilidades de sua proteção” (Spencer, 2000:25). No seu capítulo III – Da 
Educação, da Cultura e do Desporto, sob o título Da Ordem Social, o artigo 216 
evidencia o conceito de patrimônio cultural: 
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II _ os modos de 
criar, fazer e viver; III _ as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV _ as 
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
 
 
44 
 
manifestações Artísticos-culturais V _ os conjuntos urbanos e sítios de valor 
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, Paleontológico, ecológico e 
científico. 
Posteriormente, com a divulgação da Carta de Lausanne, em 1990, sobre 
a proteção e a gestão do patrimônio arqueológico, fica mais concreta a 
percepção do conceito de patrimônio arqueológico: 
Art. 1º - O “patrimônio arqueológico” compreende a porção do 
patrimônio material para a qual os métodos da arqueologia fornecem 
os conhecimentos primários. Engloba todos os vestígios da existência 
humana e interessa todos os lugares onde há indícios de atividades 
humanas, não importando quais sejam elas; Estruturas e vestígios 
abandonados de todo tipo, na superfície, no subsolo ou sob as águas, 
assim como o material a eles associados. 
E essa mesma Carta amplia a percepção do conceito de patrimônio 
arqueológico, alertando quanto à aplicação da legislação: A legislação deve 
fundar-se no conceito de que o patrimônio arqueológico constitui herança de toda 
a humanidade e de grupos humanos, e não de indivíduos ou de nações. 
53 A NECESSIDADE DA CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA 
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DAS 
CARTAS PATRIMONIAIS BRASILEIRAS 
A necessidade de um planejamento a curto, médio e longo prazo, para a 
preservação do patrimônio histórico e pré-histórico, pelos poderes públicos e, 
principalmente, pela educação da sociedade, tornou-se imperativo. 
Essa diretriz não é nova e já aparecia na Carta de Atenas, de 1931, 
quando no capítulo VII, item “b”, mostrando a importância da educação dos 
jovens na defesa do patrimônio cultural: 
b) O papel da educação e o respeito aos monumentos A conferência, 
profundamente convencida de que a melhor garantia de conservação 
dos monumentos e obras de arte vem do respeito e do interesse dos 
próprios povos, considerando que esses sentimentos podem ser 
grandemente favorecidos por uma ação apropriada dos poderes 
públicos, emite o voto de que os educadores habituem a infância e a 
juventude a se absterem de danificar os monumentos, quaisquer que 
eles sejam, e lhes façam aumentar o interesse de uma maneira geral, 
pela proteção dos testemunhos de toda a civilização. 
 
 
45 
 
Claro que existem leis severas quanto aos danos praticados ao patrimônio 
cultural, como explicita Caldarelli (2000:53) se referindo em especial “a Lei dos 
crimes ambientais (lei 9.605/98 e regulamentada pelo Decreto 3.179/99) que 
estipulam multas que variam de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 50.000,00 
(cinqüenta mil reais) para quem cometer destruição de bens culturais protegidos 
por Lei federal (caso dos sítios arqueológicos), além do infrator responder 
processo administrativo e criminal”. 
O próprio código penal brasileiro estipula as sanções praticadas contra o 
patrimônio cultural, conforme pode ser visualizado em seu título “Dos crimes 
contra o patrimônio”, em seu capítulo IV (Do dano), no artigo 165: 
Artigo 165° - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela 
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou 
histórico: Pena: detenção, de seis meses a dois anos, e multa, de mil 
cruzeiros e vinte mil cruzeiros.Entretanto, Morley (2000:374) reforça um ponto de vista importante ao 
esclarecer que somente a criação de leis mais severas ou ações judiciais não 
resolve os problemas de conservação do patrimônio histórico, e aponta a 
educação da sociedade como “a resposta mais adequada para uma situação 
que se agrava a cada dia”. Destaca então, alguns passos essenciais para que a 
sociedade venha a adquirir um grau de conscientização cultural que permita a 
defesa desse patrimônio histórico pela própria população: 
 Difusão de informações científicas, traduzidas em linguagem de 
duplo alcance, de modo a desmistificar a arqueologia, destituindo-
a dos aspectos fantásticos e equivocados e fortalecendo sua 
importância intrínseca. 
 Valorização das manifestações culturais que nos antecederam, 
principalmente no que diz respeito ao período que precede à 
chegada do europeu no Brasil. 
 Inclusão de temas relacionados à arqueologia, principalmente no 
que se refere à pré-história, nos currículos escolares, utilizando 
sempre informações provenientes de textos produzidos no Brasil, 
de modo a que não continuem a ocorrer as distorções atualmente 
existentes. 
 
 
46 
 
 Estabelecimento de uma relação verdadeira entre o Brasil dos 
tempos passados e o da atualidade, de modo a que, para o cidadão 
comum, este passado deixe de ser tão obscuro. 6 – Formação de 
uma consciência nacional sobre a importância do patrimônio 
arqueológico como extraordinária fonte de informações e que pode 
e deve ser usufruída por todos. 
 
O estabelecimento desse roteiro parece ser o caminho mais viável para 
um país que somente agora começa a descobrir um patrimônio histórico e pré-
histórico de valor inestimável. Implantar a obediência da Lei 3.924 sobre a 
proteção dos sítios arqueológicos, do IPHAN, sem uma conscientização cultural 
através da educação da sociedade, não parece ser a melhor solução. O aspecto 
punitivo e intimatório que a Lei transmite, choca frontalmente com o 
desconhecimento da sociedade sobre o que seria um patrimônio histórico, 
trazem desconfortos e antipatias. 
A dificuldade de aplicação e fiscalização dessa Lei, devido a deficiências 
do próprio Órgão governamental ante ao enorme contexto geográfico brasileiro, 
parece ser outro entrave substancial, conforme ressalta Etchevarne (2002:222), 
quando aborda alguns fatores sociais atinentes ao patrimônio arqueológico: Os 
dispositivos legais existentes e a sua aplicabilidade: neste ponto devemos alertar 
sobre as dificuldades de aplicabilidade das leis de preservação do patrimônio 
cultural, quando elas são de caráter federal. Os controles do órgão competente 
IPHAN em territórios vastos, como por exemplo o da Bahia, são praticamente 
nulos. A legislação existente, essencialmente punitiva, não consegue coibir os 
atos de destruição intencionais, posto que os agentes de fiscalização não 
existem ou se encontram impossibilitados materialmente para efetuar a 
autuação. Leis de proteção de índole municipal são mais fáceis de normatizar e 
de aplicar, podendo representar uma opção aos dispositivos federais. 
Se existem dificuldades para fiscalização a nível federal9 diante das 
carências de mão de obra qualificada e recursos financeiros, no âmbito municipal 
o quadro é bem pior. Embora na constituição federal seja competência dos 
municípios, conforme preconiza em seu artigo trigésimo “promover a proteção 
do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação 
 
 
47 
 
fiscalizadora federal e estadual”, a realidade do poder público municipal quanto 
a esse aspecto, vai de mal a pior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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