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Concurso Formal de Crimes - Exasperação

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Concurso Formal de Crimes
O concurso formal de crimes foi instituído no ordenamento jurídico como medida de política criminal, com a finalidade de evitar penas desproporcionais nos casos que o agente cometer mais de um delito dentro do mesmo contexto fático.	
Dispõe a legislação penal que haverá concurso formal de crimes quando o agente mediante uma ação ou omissão pratica dois ou mais delitos, sejam esses delitos idênticos (mesma tipificação) ou diferentes.
Art. 70 – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único – Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Da análise do artigo supratranscrito do Código Penal podemos afirmar que existem alguns requisitos para aplicação do instituto jurídico em análise.
 Conduta única, ação ou omissão (unidade de conduta);
 Pluralidade de delitos que decorram de uma única conduta.
	
O requisito da “unicidade da conduta” não pode ser interpretado de forma absolutamente restritiva, sob o risco de esvaziar a finalidade do instituto. Nesse sentido a conduta pode ser fracionada em diversos atos, conduta única com ações desdobradas.
Ilustrando, o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Habeas Corpus n°459.546, entendeu pela caracterização do concurso formal de crimes na praticada do roubo mediante uma só ação, contra vítimas distintas, pois atingidos patrimônios diversos.
Quanto a classificação o concurso formal de crimes pode ser disposto como homogêneo (quando os delitos são idênticos) ou heterogêneo (quando os delitos não são idênticos).
Ainda, o concurso formal poderá ser próprio, normal ou perfeito, quando o agente não atua com desígnios autônomos, p. ex., quando dispara para matar determinada vítima, o que ocorre, contudo, acerta mais uma pessoa gerando uma lesão corporal leve. O concurso formal perfeito ocorrerá nos casos envolvendo crimes culposos (culpa + culpa) ou entre um crime doloso e um culposo (dolo + culpa).
APLICAÇÃO DA PENA – EXASPERAÇÃO
	Deverá ser aplicado o instituto da exasperação da pena quando reconhecido o concurso formal de crimes (próprio, normal ou perfeito), devendo o magistrado aumentar a pena de um sexto até metade.Exasperação: Consiste na aplicação da pena do crime mais grave praticado pelo agente, acrescida de uma majorante (fração) prevista em lei. Esse sistema é estabelecido para o concurso forma próprio (art. 70, caput, 1° parte, do CP) e para o crime continuado (art. 71 do CP)
	Ilustrando, o agente dispara sua arma de fogo com dolo de matar a vítima, o que de fato ocorre, contudo, por culpa, atinge terceiro, neste caso, causando apenas lesões corporais leves.
	Conforme nosso exemplo o agente agiu com dolo e culpa (dolo + culpa), digamos que o magistrado na sentença reconheça aplicação de homicídio simples para o primeiro delito e lesão corporal leve no segundo.
	Aplicando o sistema de exasperação da pena deverá condenar o agente a 06 (seis) anos pelo homicídio simples e aumentar a pena em 1/6 em decorrência da lesão corporal leve, totalizando 07 (sete) anos de condenação.
	O quanto a pena deve ser aumentada (exasperada) em face a aplicação do instituto do concurso formal de crimes deve seguir o entendimento sedimentado do STJ, sendo:
1. Praticando o agente 02 crimes aumentam-se em 1/6.
2. Praticando o agente 03 crimes aumentam-se em 1/5.
3. Praticando o agente 04 crimes aumentam-se em 1/4.
4. Praticando o agente 05 crimes aumentam-se em 1/3.
5. Praticando o agente 06 ou mais crimes aumenta-se em 1/2.
A jurisprudência desta Corte Superior reconhece que a prática de três infrações penas autoriza a exasperação da pena, no percentual de 1/5 (um quinto), pelo concurso ideal de crimes. Pertinente, assim, a adequação da condenação do Paciente ao referido patamar (HC 243120 – STJ).
	
O magistrado não está adstrito a tabela de exasperação da pena, se tratando de um referencial fixado pelo STJ, caberá ao defensor a análise e recurso contra a tese utilizada pelo julgador na decisão, se prejudicial a seu cliente.
Continuando com nosso exemplo, é possível que o magistrado deixe de aplicar a exasperação da pena e se utilize do cúmulo material benéfico”, previsto no parágrafo único do art. 70 do Código Penal.
Delimitamos acima que o agente foi condenado por homicídio simples a pena de 06 anos, bem como, o magistrado exasperou a pena em 1/6, o que resultou em 07 anos de condenação. Ocorre que a lesão corporal leve culposa pode ter como pena base 02 meses, desta feita, se as penas forem somadas (cúmulo material benéfico) a pena imposta ao agente seria de 06 anos e 02 meses, portanto, mais benéfica que a fixada em decorrência da aplicação da exasperação.
Isto posto, quando o sistema de exasperação da pena for prejudicial ao agente em comparação com o cúmulo material benéfico, este deverá ser aplicado em detrimento daquele.
APLICAÇÃO DA PENA – CÚMULO MATERIAL
	As penas estipuladas em decorrência dos delitos deverão ser somadas quando reconhecido que o agente atuou com desígnios autônomos, mesmo que por intermédio de uma única conduta (concurso formal imperfeito).
	Ilustrando, podemos citar o exemplo de um agente que dispara sua arma de fogo contra duas vítimas, com a intenção de matar ambas, concretizando os homicídios por intermédio de único disparo, estaremos diante de uma hipótese de concurso formal imperfeito.
	Devendo o magistrado neste caso aplicar o sistema do cúmulo material da pena, ou seja, fixando a pena de cada delito e somando-as. 
	Neste caso, o concurso de crimes é formal, porém, a pena é aplicada conforme o concurso material (art. 70, parte final, CP) em decorrência do reconhecimento dos desígnios autônomos na conduta do agente, ou seja, dolo quanto a cada conduta.
CONCLUSÃO
	A interpretação quanto a desígnios autônomos na conduta do agente para que seja possível estipular se estamos diante de um concurso formal perfeito e aplicarmos o sistema de exasperação da pena ou se diante de concurso formal imperfeito e aplicarmos o sistema do cúmulo material, não é pacifica na doutrina e jurisprudência.
	Ocorre que nem sempre o entendimento é que existem “desígnios autônomos” quando o agente comete mais de um crime doloso.
	O concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas ou mais infrações penais mediante uma única ação ou omissão; já o concurso formal imperfeito evidencia-se quando a conduta única (ação ou omissão) é dolosa e os delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos. Ou seja, a distinção fundamental entre os dois tipos de concurso formal varia de acordo com o elemento subjetivo que animou o agente ao iniciar a sua conduta.
	Assim, verificada a ocorrência de concurso formal entre o crime de roubo e de corrupção de menores, as penas referentes aos dois delitos serão aplicadas cumulativamente somente quando demonstrada a existência de desígnios autônomos por parte do agente. Caso contrário, é de ser aplicada a mais grave das penas cabíveis aumentada de 1/6 (um sexto) até 1/2 (metade), por expressa disposição legal (Art. 70, primeira parte, do CP).
	Tendo em vista que as instâncias não indicaram se os crimes concorrentes resultaram em desígnios autônomos, inviável a aplicação do concurso formal impróprio na hipótese em apreço (HC 134640 – STJ).
	Pois bem, caberá ao defensor aplicar a tese que melhor se aproveitar ao seu cliente, demonstrando a inexistência de desígnios autônomos, e como se extraí do julgado supra na ausência de elementos deve se aplicar a tese mais favorável.

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