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BRENDA RODRIGUES EPIDEMIOLOGIA 3° SEMESTRE Estudo de caso-controle • Sinonímia: caso-referência • O estudo de caso-controle realiza comparações de um grupo que apresenta um desfecho (caso) de foco na investigação e outro que não apresenta (controle), comparando a frequência de exposição entre eles o A escolha dos grupos [caso/controle] independe da exposição ▪ Inicia na separação e seleção de indivíduos que apresentam uma condição clinica ou condição a ser estudada (caso) em busca de causalidade ou associação de hipóteses, e outro que não apresenta a tal condição (controle), permitindo avaliar múltiplas exposições o Deve haver homogeneidade entre os casos, ou seja, os critérios de diagnóstico, estágio e o tipo clínico devem ser iguais ou similares o Deve haver similaridade entre os casos-controle [fatores sociais, culturais e ambientais] Ao contrário do estudo de coorte que parte da causa para achar o efeito, o estudo de caso-controle parte do efeito para achar a causa, sendo assim, o estudo de caso-controle é uma pesquisa etiológica e de caráter retrospectivo [os dados são coletados a partir de informações do passado] EXEMPLO TABAGISMO E CÂNCER DE PULMÃO Estudo de coorte Estudo de caso-controle Inicia com fumantes e não fumantes Inicia com casos de câncer pulmonar e os controles são pessoas sem o câncer pulmonar Segue até o desfecho: câncer Procura no passado [tempo] por história de tabagismo Compara incidência de câncer [CP] em fumantes com incidência de CP em não fumantes Compara frequência de história de tabagismo em casos com frequência de história para tabagismo em controles • É um estudo observacional, individual [o indivíduo é a base da análise] e prospectivo [apresenta uma dimensão de tempo longitudinal], que visa investigar uma hipótese relacionada a exposição a um fator de risco e o desfecho que vem sendo estudado, ou seja, um estudo analítico que explora as associações SUBTIPOS • Não-pareado: formação dos grupos de casos e controles de forma independente; no entanto, em sua totalidade os dois grupos apresentam características comparáveis • Pareado: emparelhamento em que há um controle especifico bem definido atribuído para cada caso, semelhante em relação as características que poderiam influenciar nos resultados finais, como sexo, idade, etc. VANTAGENS • Ideais para investigar doenças raras e crônicas ou eventos com longo período de indução e exposições frequentes o Também é aplicado em identificação de fatores prognósticos de uma doença, estudos do impacto de intervenções diagnosticas ou terapêuticas, etc. • Exige menos tempo, já que a seleção de participantes é feita após o surgimento da doença • Permite tamanhos de amostras relativamente pequenos • Os custos são menores • Excelentes para gerar hipóteses que serão verificadas em outros desenhos • Pode estudar múltiplas exposições de uma doença específica • Ausência de risco entre os participantes DESVANTAGENS • Não permite avaliar os riscos, prevalência e incidência o Nesse caso, é calculada a probabilidade de exposição para ambos os casos e controles; a comparação das chances de exposição entre casos e controles é a forma de avaliar a associação entre exposição e a característica ou doença de interesse BRENDA RODRIGUES EPIDEMIOLOGIA 3° SEMESTRE • Não é ideal para exposições raras, pois os casos e controles dificilmente foram expostos • Dificuldade na escolha de controles o Deve-se ter cuidado na seleção de indivíduos do grupo controle para que não sejam selecionados controles não representativos da população de referência; • Temporalidade pode ser duvidosa • Estuda apenas uma doença por vez • Dificuldade em determinar se a exposição precedeu a doença, bem como o nível de exposição (viés de memória [casos e controles podem diferir sistematicamente, na sua capacidade de lembrar a história da exposição] levando a viés temporal/de seleção [casos e controles podem diferir sistematicamente, devido a um erro na seleção de participantes]) • Inapropriado quando não se conhece o resultado de interesse ao começo do estudo ou quando o resultado é uma variável contínua DELINEAMENTO i. Seleção dos casos a. Especificar bem a doença em questão o Uma definição bem especifica garante que a doença em questão está realmente entre os indivíduos o Essa estratégia pode exigir a exclusão de indivíduos com formas mais leves de uma determinada doença [ou incluí-los, melhorando a precisão diagnóstica], a fim de se concentrar em casos mais avançados, que podem ser diagnosticados com maior segurança b. Selecionar casos incidentes o Casos incidentes [novos] são geralmente preferidos do que os casos crônicos, de longa duração, estabelecendo se a exposição de interesse esteve claramente presente antes da ocorrência da doença ii. Seleção dos controles a. Selecionar controles da mesma base populacional dos casos o Os estudos caso-controle comparam a frequência da exposição entre os indivíduos que tem uma doença e os indivíduos que não têm a doença; assim, a interpretação do estudo CC depende do pressuposto de que o grupo controle foi obtido de uma população adequada para estimar a frequência de exposição b. Os controles devem ter a mesma oportunidade de serem selecionados como casos se, ao invés de saudáveis, fossem ou se tornassem doentes o No estudo do CP, os controles tiveram a mesma oportunidade de serem diagnosticados como casos porque faziam parte do mesmo sistema de saúde que capturou os doentes, utilizando códigos de diagnóstico c. Pareamento o Os estudos de caso-controle muitas vezes usam o pareamento para aumentar o grau de semelhança entre os casos e os controles o Utilizando técnicas analíticas apropriadas, o pareamento pode reduzir a possibilidade de que outros fatores atrapalhem a associação entre a exposição e o desfecho (denominado confundimento – para ser considerado como tal é necessário que o fator esteja associado com a exposição e com o desfecho) d. Número de controles o Mais controles geralmente fornecem uma estimativa mais precisa da frequência de exposição no grupo controle e podem aumentar o poder de estudo (a capacidade de detectar uma associação se ela está realmente presente) Depois, verifica-se a ocorrência da exposição no passado Primeiramente, selecionam-se Doentes (casos) Não doentes (controles) Presente A B Ausente C D Total A + C B + D • A força da associação no estudo de caso- controle é dada pela Odds Ratio (OR), que é definida como a Razão de Odds – número de casos expostos sobre número de casos não expostos, dividido pelo número de controles expostos sobre o número de controles não expostos BRENDA RODRIGUES EPIDEMIOLOGIA 3° SEMESTRE 𝑶𝒅𝒅𝒔 𝒓𝒂𝒕𝒊𝒐 = 𝒂 𝒄 ÷ 𝒃 𝒅 = 𝒂𝒅 𝒃𝒄 Se existir associação entre a exposição e a doença, espera-se que a Odds da exposição entre casos seja maior que a observada entre controles, além da variação esperada devida ao acaso Análise dos dados OR < 1 A exposição é um fator de risco para o desfecho OR = 1 A ocorrência é igual entre expostos e não expostos RP > 1 A exposição é um fator de proteção para o desfecho EXEMPLO I. Entre as 989 mulheres que tinham câncer de mama, 273 usaram previamente contraceptivos orais e 716 não usaram. Das 9.901 mulheres que não tinham câncer de mama, 2.641 usaram previamente contraceptivos orais e 7.260 não usaram. Assim, a razão de chances (OR) de desenvolvimento do câncer de mama é dada por: Doentes Não doentes Presente 273 2641 Ausente 716 7260 𝑶𝒅𝒅𝒔 𝒓𝒂𝒕𝒊𝒐 = 𝟐𝟕𝟑 𝟕𝟏𝟔 ÷ 𝟐𝟔𝟒𝟏 𝟕𝟐𝟔𝟎 = 𝟎, 𝟑𝟖 𝟎, 𝟑𝟔 = 𝟏, 𝟎𝟓 • Resolução: Uma razão de chances de 1,05 implica que as mulheres que usaram contraceptivos orais têm chancede desenvolver câncer de mama que é 1,05 vezes maior do que a chance das que não usaram
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