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Universidade Estácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus O médico de famíl ia costuma prescrever contracep5vo oral (oral contracep5ve - OC) para mulheres em idade fér5l. Entretanto, há estudos que mostram que o uso de OC aumenta o risco de infarto do miocárdio. a) Que 'po de questão médica é esta (e'ologia, frequência, diagnós'co, terapia, prognós'co)? R: E5ologia (fatores de risco). b) Qual a pergunta PICO (ou PECO) rela'va ao problema apresentado? R: População - mulheres em idade fér5l; Exposição: Uso de contracep5vos; Comparação: mulheres que não usam contracep5vo; Desfecho: infarto agudo do miocárdio. c) Como você inves'garia este problema? Com qual desenho de estudo? R: Estudos de coorte ou caso- controle. Seleção de mulheres com diagnós5co de IAM (grupo de casos) e mulheres sem diagnós5co de IAM (grupo controle). A exposição é inves5gar se a u5lização de contracep5vos aumenta a chance de diagnós5co de infarto. Tipos de população base: A população de estudo pode ser selecionada da seguinte forma: pode-se selecionar todos os casos (ou uma amostra) de uma determinada população base e uma amostra (do grupo controle) dos indivíduos sob risco de adoecer desta mesma base populacional. Exemplo: Selecionam-se mulheres com IAM e depois seleciona-se uma amostra de mulheres que não possuem IAM. Ou seja, o grupo controle vem da mesma população fonte. - Base populacional/primária/geográfica - casos e controles são definidos por critérios geográficos; - Base secundária/hospitalar - casos que chegam a um serviço. Base definida a par5r da captação dos casos; Casos e controles devem ser selecionados de forma independente do status de exposição para evitar viés de seleção. Exemplo, se a relação for entre 1 Estudos Caso - Controle Universidade Estácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus tabagismo e câncer de pulmão, seleciona-se indivíduos com câncer de pulmão. Para selecionar o grupo de controle, escolhe-se por exemplo, indivíduos com DPOC. Ou seja, se a escolha do grupo controle depender da exposição, quem tem DPOC provavelmente tem uma maior chance de ter sido tabagista. Então, a escolha desse grupo de controle não pode estar relacionada com a exposição, ou seja, nesse caso não pode-se escolher uma população com uma doença que está associado com o tabagismo, pois isso vai levar a um viés do resultado. A exposição deve ser inves9gada de forma independente e “mascarada" para status de casos ou controles como forma de evitar um viés de aferição (viés de memória, etc). Ou seja, em um exemplo, na hora de inves5gar o tabagismo em mulheres com IAM e quem não tem IAM, isso deve ser feita da forma mais independente possível, sendo obje5vo e de preferência de forma mascarada (sem saber quem é caso e quem é controle), para evitar o viés de aferição. O viés de memória é um erro sistemá5co que ocorre quando os par5cipantes não se lembram de eventos ou experiências prévias de forma acurada ou omitem detalhes. O viés de memória é um problema em estudos que u5lizam dados auto- relatados, como estudos de caso-controle e em coortes históricos. Seleção dos Casos Pode envolver casos incidentes (ex: realizar um estudo de caso controle com todas as mulheres que foram diagnos5cadas com infarto no primeiro semestre, e para seleciona-se mulheres sem infarto que vieram por outra causa. Ou seja, ocorre o surgimento de casos ao longo do período) ou prevalentes (ex: selecionar todas as mulheres que 5veram infarto no úl5mo ano. Dessas todas, seleciona-se um grupo de mulheres que não 5veram infarto. Ou seja, casos que já aconteceram). O ideal é que u5lize-se principalmente casos incidentes. O uso de casos prevalentes aumenta a possibilidade de viés de sobrevivência, por isso prefere-se a u5lização de casos novos, recém diagnos5cados. Ou seja, no exemplo, pega-se todas as mulheres que 5veram infarto no ul5mo ano, e seleciona-se agora as mulheres que não 5veram infarto, sendo então, selecionadas em momentos diferentes. Portanto, o grupo controle precisa ter sobrevivido até o tempo atual para ser selecionado. Também existe a seleção de casos hospitalares ou casos de diferentes serviços (todos os casos). O uso de casos hospitalares pode selecionar apenas os casos mais graves ou relacionados ao perfil do hospital ou serviço (casos com determinadas caracterís5cas especiais diferentes dos demais casos da população - viés de seleção). Ou seja, talvez os estudos realizados em hospitais, não sirvam para população como um todo, pois estamos pegando pessoas com caracterís5cas específicas do que aquilo que estou pesquisando. Seleção de Controles Representam a base populacional. São pessoas que se viessem a adoecer, seriam escolhidos como caso. Tipos de controle: - Controles populacionais: vizinhança, amigos… - Controles hospitalares: com outras condições não associadas à exposição; - Um estudo pode ter mais de um 5po de controle para cada caso. Eficiência: até 4 controles por caso. Emparelhamento ou pareamento: Controles devem ser semelhantes aos casos. Para isso é preciso re5rar as variáveis de confusão (sexo, idade, situação socioeconômica, ocupação, etc), por 2 Universidade Estácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus meio do pareamento para evitar que os controles sejam diferentes dos casos. Medida de associação: Normalmente podemos afirmar que os estudos ca s o - co nt ro l e s ã o co n s i d e ra d o s e st u d o s incompletos, uma vez que u5lizam-se casos e uma amostra de controle de uma base populacional. Por conta disso, não é possível calcular a incidência de uma doença, pois não u5liza-se no estudo a população toda e sim uma amostra! O cálculo do risco é realizado somente nos estudo de coorte! O total vai depender de quantos controles serão u5lizados para o estudo! Portanto, não é possível es5mar uma incidência/risco. Portanto, em estudos de caso-controle vai ser u5lizada a razão de chances (Odds ra5o). Razão de Chances - é a medida de associação calculada através da razão entre duas medidas de chance. Ou seja, para obtermos uma medida do efeito da exposição, dividimos a chance de exposição dos casos pela chance de exposição dos controles. Se a captação de casos e controles for adequada, o OR é um bom es5mador do risco rela5vo, se o desfecho for raro. Exemplo: Uso de contracep5vos e trombose venosa profunda. 1. Estudo de Coorte: População do estudo: mulheres em idade fér5l; Exposição: uso de contracep5vos; Controle: Não uso de contracep5vos; Desfecho: casos de TVP 3 Universidade Estácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus Incidência de TVP em mulheres que usam contracep5vo oral: 150/820 = 0,1829 Incidência de TVP em mulheres que não usam contracep5vo oral: 1020/9060 = 0,1125 Por conta do resultado, o uso de contracep5vo oral é considerado um fator de risco para trombose, pois é maior que 1. Portanto, podemos afirmar que o risco de desenvolver trombose venosa profunda é 1,6 maior em mulheres que u5lizam contracep5vo oral do que em mulheres que não u5lizam contracep5vo oral. 2. Estudo de caso - controle População do estudo: mulheres em idade fér5l; Exposição: uso de contracep5vos; Controle: Não uso de contracep5vos; Desfecho: casos de TVP MESMA PERGUNTA PECO! Esse total não é fixo! Vai variar! Dependendo do número de mulheres selecionados para o estudo. Chance de exposição entre os casos (quem tem a doença - TVP): 15/102 = 0,1470 Chance de exposição entre o controle (quem não tem a doença - TVP): 67/804 = 0,0833 Isso significa que a chance das mulheres com TVP terem u5lizado previamente o contracep5vo oral é 1,8 (80% maior) vezes maior do que as mulheres que não sofreram TVP. Podemos então afirmar que pode ser considerado um possível fator de risco. Vantagens e Desvantagens comparado ao estudo de Coorte 4 UniversidadeEstácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus Exemplo de estudo População: indivíduos com diabetes mellitus; Casos: Diabé5cos com amputação dos membros inferiores; Controles: Diabé5cos que não sofreram amputação dos membros inferiores; Exposição: disputa no ar5go; “Foram iden'ficados 117 pessoas com diabetes mell itus e subme'das a amputações de extremidades inferiores (…) Os casos foram comparados com 234 controles, pessoas com diabetes mellitus, mas não subme'das a amputações.” “As variáveis consideradas no emparelhamento foram sexo, idade e duração da doença.” - com o obje5vo de 5rar os efeitos das variáveis de confusão no resultado final. OR bruto - não foi controlado para as possíveis variáveis de confundimento. Olhar sempre o OR ajustado. Intervalo de confiança - o quanto eu posso confiar nessa medida. Categoria de referência - é escolhida para representar o não exposto, normalmente indicado com o número 1. - Tabagismo • Fumante - é um fator de risco para amputação de membros inferiores; o intervalo de confiança está todo acima do 1; OR 4,62. • Indivíduos que 5veram que amputar os membros inferiores, 5nham uma chance 4,62 vezes maior de serem fumantes, que os indivíduos diabé5cos que não precisaram amputar. • Ex- fumante - não é um fator de risco para amputação de membros inferiores; o intervalo de confiança passa pelo 1, então aquele 3,12 encontrado no OR não significa muita coisa. • Portanto, em relação ao tabagismo, indivíduos fumantes possuem maior chance de amputação de extremidades inferiores em diabé5cos, porém, ser ex-fumante não está associado. 5 Universidade Estácio de Sá M4 - Epidemiologia 2 Danielle Mistieri Matheus - Tratamento do DM • Estar em tratamento - é um fator de proteção com relação a amputação de membros inferiores; o intervalo de confiança está todo abaixo de 1. • O fato do indivíduo estar tratando o DM diminui a chance em 97% de amputação de membros inferiores, do que aqueles que não estão em tratamento de DM. - Glicemia • 150-200 mg/dl - não tem associação com a amputação de membros inferiores; • > 200 mg/dl - é um fator de risco para amputação de membros inferiores; - Neuropa9a • Ter neuropa5a - não é considerado fator de risco (mas no ar5go provavelmente colocaram como fator de risco); - Vasculopa9a • Ter vasculopa5a - é considerado um fator de risco; - Consultas de enfermagem • Ter consultas com enfermagem - considerado um fator de proteção; 6
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