Buscar

Introdução ao Empreendedorismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EMPREENDEDORISMO
PROF.A MA. CRISTIANE F. ALVES
 Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira 
REITOR
 (
Reitor:
Prof.
 
Me.
 
Ricardo
 
Benedito
 
de
 
Oliveira
Pró-Reitoria
 
Acadêmica
Maria
 
Albertina
 
Ferreira
 
do
 
Nascimento
Diretoria
 
EAD:
Prof.
a
 
Dra.
 
Gisele
 
Caroline
 
Novakowski
PRODUÇÃO
 
DE
 
MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
 
Thiago
 
Bruno
 
Peraro
Revisão
 
Textual:
Fernando
 
Sachetti
 
Bomfim
 
Marta
 
Yumi
 
Ando
Simone
 
Barbosa
Produção Audiovisual:
 
Adriano Vieira Marques
 
Márcio
 
Alexandre
 
Júnior
 
Lara
 
Osmar
 
da
 
Conceição
 
Calisto
Gestão
 
de
 
Produção:
Cristiane
 
Alves
)Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.”
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho.
De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, aproporcionarumensinodequalidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 (
U
 
N
 
I
 
D
 
A
 
D
 
E
01
)ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EMPREENDEDORISMO
CONHECENDO O EMPREENDEDORISMO
PROF.A MA. CRISTIANE F. ALVES
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO	4
1. O QUE É EMPREENDEDORISMO?	5
2. EMPREENDEDORISMO: BREVE HISTÓRICO	7
3. EMPREENDEDOR OU ADMINISTRADOR?	8
4. TIPOS DE EMPREENDEDORES	9
5. O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL	11
6. ESPÍRITO EMPREENDEDOR E APRENDIZAGEM EMPREENDEDORA	14
7. O PROCESSO EMPREENDEDOR	16
CONSIDERAÇÕES FINAIS	19
 (
3
) (
36
) (
WWW.UNINGA.BR
)
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), inicialmente, compreenderemos por que é difícil fazer uma caracterização do termo “empreendedorismo”. O tema é abordado sob a luz de diversas vertentes teóricas. Depois, conheceremos a origem da palavra “empreendedorismo” e os pontos significativos de sua história, mostrando como o termo evoluiu ao longo dos anos.
Abordaremos o empreendedorismo no contexto brasileiro, quando a nossa população começa a ficar consciente sobre a importância de se elaborar um plano de negócio, seja para empreender fugindo de uma situação de falta de emprego/renda seja para criar empreendimentos focados nas oportunidades de mercado.
Discutiremos, ainda, as diferenças entre empreendedor e administrador embora, para ambos, seja importante atingir o sucesso dos negócios. Além disso, explicaremos as diferentes formas de empreender.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Trataremos do espírito empreendedor e da aprendizagem empreendedora, passando pelo processo empreendedor. Isso se faz necessário, pois uma das principais causas de mortalidade nos primeiros cinco anos das empresas é a falta de planejamento, o que ajudaria a concretizar uma ideia com menos riscos e incertezas.
Vamos em frente!
 (
EDUCAÇÃO
 
A
 
DISTÂNCIA
)
 (
19
) (
WWW.UNINGA.BR
)
1. O QUE É EMPREENDEDORISMO?
O desenvolvimento do empreendedorismo como disciplina não seguiu um padrão semelhante ao de outras disciplinas das ciências humanas. A área apresenta grande variação de visões e definições entre autores e pesquisadores. Como Filion (1999) confirma, as definições para empreendedorismo são muitas, não havendo consenso entre os estudiosos do tema.
O empreendedorismo é uma área interdisciplinar entre a Psicologia, Economia, Teoria Organizacional, Finanças, Estratégia e Tecnologia Gerencial. Ou seja, o arcabouço teórico de todas essas disciplinas vem em auxílio da compreensão do empreendedorismo. E é justamente em virtude dessas contribuições que há inúmeras definições para o termo empreendedorismo. Afinal, diferentes pesquisadores utilizam os princípios de suas respectivas áreas de interesse para construir seu próprio conceito (DOLABELA, 2008). Em suma: o empreendedorismo é um fenômeno complexo e heterogêneo (BRUYAT; JULIEN, 2000).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Segundo Filion (1999), as definições de empreendedorismo ditadas por pesquisadores de um mesmo campo de estudo apresentam consonância. Por exemplo: os economistas enxergam os empreendedores como inovadores e propulsores do desenvolvimento econômico. Já os especialistas da área de marketing enxergam os empreendedores como pessoas diferenciadas, que identificam oportunidades com foco no consumidor.
O empreendedorismo é, então, um campo de estudo polissêmico, que pode ser observado por diversos ângulos. Por conseguinte, para se compreender o universo do empreendedorismo, é importante considerar as diversas perspectivas teóricas para não desconsiderar a pluralidade de aspectos que constroem e ampliam a visão do fenômeno. E, apesar das características singulares do empreendedorismo, obviamente, não se pode escrever um livro sobre o tema sem definir o termo empreendedor.
Empreendedorismo, segundo SEBRAE (2009), é
[...] o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal (SEBRAE, 2009, p. 15).
Para Kuratko (2016, p. 5), “Empreendedorismo é um processo dinâmico de visão, mudança e criação, que exige a aplicação de energia e paixão para a criação e implementação de ideias inovadoras e soluções criativas”. O comportamento empreendedor impulsiona o indivíduo a catalisar as mudanças do mundo dos negócios, transformando o contexto a partir da inovação. Em outros termos: o empreendedor reage à mudança, transformando-a em oportunidade.
Drucker (1998) completa as ideias dos autores anteriores ao afirmar que os empreendedores não causam mudanças, mas exploram oportunidades que as mudanças (sociais, econômicas, tecnológicas, políticas etc.) criam nos mais diversos contextos.
Kuratko (2016, p. 3) explica que “Empreendedores são pessoas que reconhecem oportunidades onde outros veem caos, contradição e confusão”. Para o empreendedor, uma crise econômica pode representar uma oportunidade para iniciar seu negócio uma vez que as tendências de mercado são captadas.
O empreendedorismo, segundo Schumpeter (1982), é um processo de “destruição criativa”, por meio do qual são gerados novos bens, serviços, mercados e métodos de produção que substituem os produtos e serviços já estabelecidos no mercado. O autor associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades de negócios, isto é, o empreendedor tem a intuição ou a ideia de: (I) criar uma empresa a partir da reprodução ou imitação do que outras já fazem com o mínimo de inovação; (II) criar uma empresa, novos produtos, processos ou matérias-primas totalmente inovadores; ou (III) desenvolver produtos ou serviços seja para um mercado existente seja visando a um novo mercado.
Os empreendedores são pessoas que se lançam no mercado em busca de novas oportunidades de negócio, usando inovação e criatividade e aceitando assumir os riscos e os fracassos da empreitada.
Para Filion (1999, p. 19), o “[...] empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Isto é, trata-se de alguém que tem uma imagem realista quanto à direção para a qual deseja conduzir seu empreendimento. Para Dolabela (2008, p. 25), “[...] o empreendedor é alguém que sonha e busca transformarseu sonho em realidade”.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Apesar de os conceitos apresentados não serem unânimes, podemos notar algumas características empreendedoras que gozam de concordância geral entre acadêmicos e praticantes do assunto: o empreendedor é visto como uma pessoa que toma iniciativa de abrir um negócio, que utiliza recursos de maneira criativa para transformar os contextos social e econômico locais/ nacionais e que aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar.
2. EMPREENDEDORISMO: BREVE HISTÓRICO
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)A palavra “empreendedorismo” advém da tradução do termo inglês entrepreneurship, que, por sua vez, deriva da palavra francesa entrepreneur, introduzida no contexto empresarial em 1725 pelo economista irlandês Richard Cantillon para se referir a uma pessoa que aproveita as oportunidades com o objetivo de obter lucros, assumindo os riscos inerentes. O Quadro 1 ilustra, a partir de uma perspectiva histórica do empreendedorismo, como se deu a construção do conceito.
	Idade Média
	Marco Polo – estabelecimento da rota comercial no Oriente, atuando como intermediário ao assinar contratos para comercializar mercadorias.
	Idade Média
	O empreendedor era a pessoa que gerenciava grandes projetos de produção e não assumia riscos.
	Século XVII
	Pessoa que assumia riscos de lucros (ou prejuízos) em um contrato de valor fixo com o governo.
	1725
	Richard Cantillon – foi o primeiro a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos) do capitalista (aquele que fornece capital).
	1803
	Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separados do lucro do capital.
	1876
	Francis Walker – distinguiu entre os que forneciam fundos e recebiam juros e aqueles que obtinham lucros com atividades administrativas.
	1934
	Joseph Schumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada.
	1961
	David McCelland – o empreendedor é um indivíduo dinâmico que corre riscos moderados.
	1964
	Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.
	1975
	Albert Shapiro – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econômicos e aceita riscos de fracasso.
	
1980
	Karl Vesper – o empreendedor é visto de modo diferente por economistas, psicólogos, negociantes e políticos.
	
1983
	Gifford Pinchot – o intraempreendedor é um empreendedor que atua dentro de uma organização já estabelecida.
	
1985
	Robert Hisrich – o empreendedorismo é um processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
Quadro 1 - Fatos relevantes da história do empreendedorismo. Fonte: Adaptado de Hisrich e Peters (2004).
A partir da perspectiva histórica apresentada no Quadro 1, podemos observar que o termo “empreendedorismo” passou por várias mudanças ao longo do tempo. O conceito foi se moldando ao que o mercado exigia em cada época.
Ainda, a teoria econômica e a comportamentalista foram as principais teorias que buscaram compreender o empreendedorismo. Os economistas foram os primeiros a perceber a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico, com destaque aos autores Richard Cantillon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter.
Schumpeter foi pioneiro em estabelecer as principais bases econômicas do empreendedorismo e a noção do empreendedor como inovador. O conceito de empreendedorismo não pode ser completamente entendido sem a contribuição da teoria schumpeteriana.
Para Schumpeter (1949 apud SOUZA NETO, 2017):
[...] o entrepreneur é alguém que faz novas combinações de elementos, introduzindo novos produtos e/ou processos, identificando novos mercados de consumo ou fontes de suprimento, criando novos tipos de organização. E essa definição é, segundo vários autores, ainda hoje, com poucas variações, a que parece melhor aplicar-se ao referido termo (SOUZA NETO, 2017, p. 28).
Em contrapartida, segundo Souza Neto (2017), a teoria econômica não foi capaz de criar uma ciência comportamentalista, pois os pesquisadores e estudiosos da área econômica se recusavam a aceitar modelos não quantificáveis. “[...] isso acabou por levar o universo do empreendedorismo a voltar-se para comportamentalistas - psicólogos e psicanalistas, sociólogos e outros especialistas do comportamento humano” (SOUZA NETO, 2017, p. 28), na busca de um conhecimento mais aprofundado sobre os traços que constituem a personalidade empreendedora. Nessa linha, foi David C. McClelland quem deu início à contribuição das ciências do comportamento para o empreendedorismo ao desenvolver um paradigma comportamental do perfil do empreendedor.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)É importante destacar que os estudiosos da teoria comportamentalista não se contrapuseram à teoria econômica, mas, pelo contrário, ampliaram o debate sobre as características dos empreendedores.
Antes de avançarmos nossa discussão acerca do empreendedorismo, é importante esclarecer as diferenças e similaridades entre empreendedor e administrador visto que persistem algumas dúvidas quanto aos papéis de cada um deles.
3. EMPREENDEDOR OU ADMINISTRADOR?
Para entender a diferença entre um administrador e um empreendedor, precisamos compreender o que é administrar. Segundo Maximiano (2018), administrar é o processo de planejar, organizar, liderar, fazer executar e controlar o uso de todos os recursos organizacionais para atingir os objetivos estabelecidos. Esse modelo processual foi proposto pelo engenheiro francês Henri Fayol no início do século XX, com o objetivo de definir o trabalho do administrador. O modelo continua atual até hoje e muito utilizado pelas mais diversas organizações. Na prática, todas as decisões do processo estão interligadas.
Os administradores diferem em dois aspectos: o nível que ocupam na hierarquia administrativa (que define como os processos administrativos são alcançados) e o conhecimento que detêm, o qual se divide em funcional ou geral (DORNELAS, 2018a). No tocante aos níveis, o trabalho administrativo pode ser identificado como de supervisão, médio e alto. Desse modo, independentemente do nível (estratégico, tático ou operacional) em que se encontra um administrador na organização, ele desenvolve as cinco operações do processo administrativo.
Por sua vez, o empreendedor é o indivíduo que está sempre atento às mudanças do ambiente, reage a elas e as explora como uma oportunidade. Ele cria produtos ou serviços melhores, superando os existentes no mercado. São pessoas dinâmicas, que cultivam um certo inconformismo com a situação atual e que sabem conviver com os riscos e as incertezas envolvidos em qualquer decisão. São pessoas dispostas a todos os sacrifícios para transformar a sua ideia em um bom negócio (DEGEN, 2009; DORNELAS, 2018a). O empreendedor também planeja, organiza, lidera e controla, porém, de maneira mais visionária (DORNELAS, 2018a).
Filion (1999, p. 19) complementa que o “[...] empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios”. Um empreendedor está em constante aprendizado a respeito de possíveis oportunidades de negócios e “[...] a tomar decisões moderadamente arriscadas, que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor” (FILION, 1999, p. 19). Portanto, “[...] um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999, p. 19).
Para Dornelas (2018a, p. 26), “[...] quando a organização cresce, os empreendedores geralmente têm dificuldades de tomar as decisões” rotineiras de gerenciamento dos negócios, “[...] pois se preocupam mais com os aspectos estratégicos, com os quais se sentem mais à vontade”. O autor ainda explica que as diferenças entre empreendedor e administrador podem ser comparadas em outras cinco dimensões distintas de negócio: orientaçãoestratégica; análise de oportunidades; comprometimento dos recursos; controle dos recursos; estrutura gerencial.
Enquanto o administrador se volta à organização do conjunto de recursos da organização que gerencia, o empreendedor se volta ao desenvolvimento de ações pautadas no planejamento e alinhadas com visão de futuro.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Dornelas (2018a) menciona que o que diferencia o empreendedor de sucesso de um administrador comum é o constante planejamento a partir da visão de futuro. Talvez esse seja o maior paradoxo a ser analisado visto que o ato de planejar é considerado uma das funções básicas do administrador.
Portanto, o empreendedor pode ser considerado um administrador completo uma vez que incorpora diversas abordagens existentes, sem excluir nenhuma, e interage com o seu ambiente para tomar as melhores decisões.
 (
Ser
 
empreendedor
 
é
 
mudar
 
um
 
pensamento
 
de
 
rotina
 
para
 
um
 
pensamento
 
dinâmico
 
e
 
inovador.
)
4. TIPOS DE EMPREENDEDORES
Cada ser humano é único em sua essência, da mesma forma como o empreendedor também o é. Logo, não existe um tipo de empreendedor ideal e não é possível rotulá-lo. Tornar- se empreendedor é algo que pode acontecer a qualquer pessoa. A seguir, seguem os tipos de empreendedores conforme Dornelas (2015).
· Empreendedor nato (mitológico): geralmente, são imigrantes ou filhos deles. São
visionários, otimistas e se envolvem profundamente para realizar seus sonhos. Normalmente, começaram do nada e logo cedo adquiriram habilidade de negociação e de vendas.
· Empreendedor que aprende (inesperado): é uma pessoa que, quando menos esperava,
deparou-se com uma oportunidade de mercado e tomou a decisão de mudar de vida, abrindo um negócio. Geralmente, demora um pouco para tomar a decisão de empreender e para se acostumar com ela.
· Empreendedor serial (cria novos negócios): é uma pessoa apaixonada pelo ato de empreender. Não se contenta em estar à frente do seu negócio enquanto ele não se torna uma grande corporação; por isso, está sempre em busca de novos negócios. Sua maior habilidade é identificar oportunidades e não descansa enquanto não as vê implementadas.
· Empreendedor social: tem como missão de vida construir um mundo melhor para as
pessoas. Suas características são similares às dos outros empreendedores; a diferença é que ele não busca desenvolver um patrimônio próprio: prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das pessoas.
Esse típico empreendedor social não aufere lucro com a iniciativa, mas pode ser remunerado como um funcionário ou associado; mais recentemente, surgiu um modelo intermediário, conhecido como setor dois e meio, no qual o empreendedor social busca cumprir seu objetivo de mudar e melhorar a sociedade em que vive e ainda consegue auferir lucro com a iniciativa (DORNELAS, 2015, p. 16).
No empreendedorismo social, “[...] todo e qualquer problema social é foco de suas ações, não importa a área ou o esforço físico e mental necessário para a resolução do problema” (SCHNEIDER; BRANCO, 2012, p. 28).
· Empreendedor por necessidade: cria seu próprio negócio em razão de não ter alternativa
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)de emprego. Geralmente, não tem acesso à formação e tem poucos recursos para empreender de maneira estruturada. Assim, envolve-se em negócios informais e sem planejamento, o que leva muitas vezes ao fracasso do empreendimento.
· Empreendedor herdeiro (sucessão familiar): tem a missão de levar à frente o
negócio de sua família. Muitos já começam cedo a entender como o negócio funciona e a ter responsabilidades. Ademais, muitas famílias e os próprios herdeiros têm se preocupado com a preparação do sucessor familiar e com a profissionalização da gestão.
· Empreendedor “normal” (planejado): é aquele que faz a “lição de casa”. Busca
minimizar os riscos e se preocupa com cada passo do negócio por meio do planejamento de suas ações. A utilização do planejamento é uma atividade comum para esses empreendedores, apesar de não ser o caso da maioria.
· Empreendedor franquia: as franquias também são uma forma de empreender visto que
ocorre a abertura de um negócio com a experiência e o suporte operacional de um franqueador com uma marca já consolidada.
- Intraempreendedor: o empregado é dotado de características empreendedoras e atua
no contexto de uma organização existente. São aqueles empregados/trabalhadores que acreditam que algo pode ser feito de forma diferente e melhor. Mas, para que surjam os intraempreendedores, as organizações devem criar uma estrutura e um clima favorável para explorarem essas potencialidades. Desse modo, qualquer trabalhador (diretores, gerente e demais profissionais) pode fazer a diferença na organização.
Uma organização que estimula o intraempreendedorismo procura criar uma cultura organizacional que encoraja, estimula e sustenta as ações intraempreendedoras. Em outras palavras: cria-se um ambiente de trabalho em que o comportamento empreendedor é desejável, viável e cujas iniciativas inovadoras serão encorajadas, suportadas e recompensadas pela organização.
5. O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
No contexto brasileiro, o movimento do empreendedorismo se fortaleceu em 1990. Antes desse período, não se ouvia falar de empreendedorismo, mesmo porque o ambiente político e econômico do País não era propício ao desenvolvimento de novos negócios (DORNELAS, 2018a). Antes dos anos 1990, o empreendedor não encontrava suporte nem informações para auxiliá-lo na jornada empreendedora.
Foi com investimento do governo e parceira com algumas entidades (como SEBRAE e Sociedade Brasileira para Exportação de Software – SOFTEX) que o empreendedorismo foi elevado a outro nível no Brasil.
A propósito, o SEBRAE criou programas de capacitação empreendedora para dar suporte aos pequenos empreendedores, além de diversos outros cursos de capacitação e consultoria. A SOFTEX estimulou o empreendedorismo na área de software, proporcionando capacitação em gestão e tecnologia, impulsionando, assim, a abertura de novas startups. Além do desenvolvimento de startups, as incubadoras ganharam espaço no mercado.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)A partir das ações dessas entidades, a sociedade brasileira começou a tomar conhecimento da importância da realização do plano de negócios (até então, nada valorizado pelos pequenos empresários) e a buscar informação sobre empreendedorismo e programas públicos de incentivo. Para compreendermos o movimento do empreendedorismo em terras brasileiras, devemos olhar para as ações históricas desenvolvidas no País, bem como para aqueles que construíram e fizeram parte delas. Para tanto, de acordo com Dornelas (2018a), seguem algumas
ações históricas do movimento do empreendedorismo no contexto brasileiro.
· Na década de 1990, foram criados os programas SOFTEX e Geração de Novas Empresas de Software, Informação e Serviços (GENESIS), que apoiavam atividades de empreendedorismo em software, o ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de software (startups).
· De 1999 a 2002, vigorou o programa Brasil Empreendedor, do Governo Federal, que foi dirigido à capacitação de mais de 6 milhões de empreendedores, destinando recursos financeiros e operações de crédito para estímulo ao empreendedorismo.
· Os programas EMPRETEC e Jovem Empreendedor, do SEBRAE, são voltados à capacitação do empreendedor.
· Nos anos de 1999 e 2000, houve a explosão do movimento de criação de empresas pontocom no País, o que motivou o surgimento de diversas empresas startups na Internet, desenvolvidas por jovens empreendedores. Atualmente, um novo ciclo de criação de startups tem ocorrido no País, com o desenvolvimento de aplicativos, sites de comércio eletrônico e redes sociais.
· Destaque para o crescimento do movimento de incubadoras de empresas. Segundo dados da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), em 2016, cerca de 370 incubadoras de empresas se encontravam em atividade noPaís.
· Repercussão na imprensa nacional dos resultados anuais da pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (doravante, GEM).
· Mais recentemente, várias escolas estão estruturando programas não só de criação de novos negócios, mas também focados em empreendedorismo social e empreendedorismo corporativo, além de programas específicos criados por escolas de administração de empresas.
· Aumento da quantidade de entidades de apoio ao desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil.
· A consolidação de programas de apoio à criação de novos negócios, tais como Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), fundações de amparo à pesquisa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dentre outros.
· A constatação de que realizar o planejamento do negócio já faz parte do início da jornada empreendedora; porém, apesar de muitos empreendedores reconhecerem a importância de planejar, muitos não o fazem.
· O desenvolvimento do empreendedorismo nacional também passa pelo crescimento do número de franquias.
· (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)A Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 marcaram uma nova fase do empreendedorismo no País uma vez que estimularam novas oportunidades empreendedoras.
Emresumo,nosúltimosanos,nota-seumasériedeiniciativasemproldoempreendedorismo no contexto brasileiro. No entanto, o empreendedorismo no contexto brasileiro passou de figurante para protagonista após a divulgação do resultado do primeiro relatório executivo do GEM 2000. Segundo Dornelas (2018a, p. 19), no relatório, “[...] o Brasil apareceu como o país que possuía a melhor relação entre número de habitantes adultos” que iniciaram um “[...] novo negócio e o total da população: um em cada oito adultos”. Porém, os números da pesquisa GEM também mostraram que, no Brasil, o empreendedorismo por oportunidade era inferior ao de empreendedorismo de necessidade. Essa classificação de empreendedorismo (por oportunidade e necessidade) é utilizada pelo GEM.
No entanto, nos últimos anos, tem-se observado uma melhora significativa e até a reversão dessa tendência de empreendedorismo por necessidade. Os números mostram que, em 2002, 42% dos empreendimentos eram motivados por oportunidades, e 55%, por necessidade. Já em 2018, para cada empreendedor por necessidade, havia 1,6 empreendedores por oportunidade no Brasil, ou seja, exatamente 61,8% dos empreendedores no País empreenderam por oportunidade (GEM, 2003). Isso significa que os empreendedores brasileiros estão identificando uma oportunidade de negócio viável a ser concretizada para se começar um novo negócio na região onde vivem.
Contudo, apesar de avanços do empreendedorismo no Brasil, ainda faltam políticas públicas para consolidar o empreendedorismo no País, com o objetivo de garantir o surgimento e o interesse no desenvolvimento de atividade empreendedora, além da ampliação da educação e capacitação empreendedora e maior apoio financeiro, principalmente, às pequenas empresas.
O GEM é o maior estudo contínuo de abrangência mundial sobre as características do empreendedorismo no mundo, inclusive no Brasil. O GEM estuda, em nível detalhado, o comportamento dos indivíduos com respeito à criação e gerenciamento de novos negócios, incluindo comparações globais, relatórios nacionais e tópicos especiais baseados nos dados coletados anualmente. Saiba mais em http://www.ibqp.org.br/gem/.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)O empreendedorismo por necessidade ocorre, porque as pessoas que não possuem outra opção de trabalho e de renda buscam o empreendedorismo como alternativa de subsistência. Assim, acabam se aventurando na jornada empreendedora, criando qualquer tipo de negócio informal que, com pouco ou nenhum planejamento, muitas vezes fracassa rapidamente. Esse tipo de empreendedorismo muitas vezes não cumpre a sua função social de geração de emprego e renda e ainda contribui para as estatísticas de mortalidade de pequenas empresas.
Já o empreendedorismo por oportunidade é o empreendedor visionário que sabe aonde quer chegar, que cria um empreendimento a partir de um planejamento, que tem em mente o crescimento que deseja buscar para o empreendimento e que visa à geração de lucros, empregos e riqueza (DORNELAS, 2018). Nesse caso, o empreendedorismo cumpre a sua função de desenvolvimento econômico e social.
A obra recomendada é O Empreendedor: Empreender Como Opção De Carreira, de Ronald Jean Degen, 2009.
O livro descreve, de maneira didática e objetiva, a substancial evolução nos fundamentos da iniciativa empresarial, cobrindo todos os aspectos que devem ser levados em consideração por aqueles que almejam tornar-se empreendedores ou que têm interesse em conhecer as atividades inerentes ao exercício da livre iniciativa.
Organizado de forma didática, o livro é dividido em quatro partes: (I) apresenta a atividade empreendedora como opção de carreira e mostra como o futuro empreendedor pode escolher seu negócio; (II) orienta o futuro empreendedor no
Fonte: Livrofácil (2020).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)planejamento de um empreendimento seguro; (III) descreve como desenvolver, organizar, administrar e vender seu negócio; (IV) mostra como o empreendedorismo pode ser abordado nas escolas técnicas e universidades e apresenta alguns mitos e realidades sobre o empreendedorismo.
6. ESPÍRITO EMPREENDEDOR E APRENDIZAGEM EMPREENDEDORA
Será que nascemos empreendedores? É possível aprender a ser empreendedor? Há alguns anos, diversas literaturas abordavam o empreendedorismo como uma característica inata; no entanto, esse conceito foi modificado à medida que novos estudos e análises sobre empreendedorismo foram desenvolvidos. Atualmente, acredita-se que o processo empreendedor pode ser ensinado e que é uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer pessoa. Dornelas (2018a) complementa, afirmando que o sucesso do empreendimento dependerá de uma série de fatores internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra na rotina do empreendimento.
Fabrete (2019) relata que estudos apresentados nos relatórios de empreendedorismo do GEM mostram ter havido mudança no perfil do empreendedor: as pessoas, atualmente, estão iniciando seus negócios aos 18 anos de idade ao passo que, antigamente, novas empresas eram abertas por pessoas com a idade média de 30 anos.
Diante dessa mudança de perfil, seria interessante que os cursos nas instituições de ensino passassem a abordar conteúdos como:
[...] a identificação e o entendimento das habilidades empreendedoras; a identificação e análise de oportunidades; as circunstâncias nas quais ocorrem a inovação e o processo empreendedor; a importância do empreendedorismo para habio desenvolvimento econômico; a preparação e utilização de plano de negócios; a identificação de fontes e obtenção de financiamento para o novo negócio; e o gerenciamento e crescimento da empresa (DORNELAS, 2018a, p. 31).
Se esse fosse o caso, teríamos uma base universal de ementa do curso de empreendedorismo, que ajudaria na formação de melhores empresários, melhores empreendimentos e geração de riqueza ao País.
Além disso, para empreender, não basta possuir habilidades técnicas e administrativas. É necessário ter também habilidades empreendedoras e traçar uma estratégia para desenvolvê- las. “Sem as habilidades empreendedoras bem desenvolvidas”, você pode não reconhecer oportunidades e “[...] não se realizar como empreendedor” (DORNELAS, 2018b, p. 33).
Habilidades Técnicas	Habilidades Administrativas
Habilidades Empreendedoras Pessoais
- Redação
ter- Expressão oral
· Monitoramento do ambiente
· Administração comercial e técnica
- Tecnologia interpessoal
- Capacidade de ouvir
· Capacidade de organizar
· Construção de rede de relacionamento
· Estilo administrativo
- Treinamento
· Capacidade de trabalho em equipe
· 
Planejamento e estabelecimento de metas
· Capacidadede tomar decisões
· Relações humanas
· Marketing
· Finanças
· Contabilidade
· Administração
- Controle
- Negociação
· Lançamento de empreendimentos
· Administração do crescimento
· 
Controle interno e de disciplina
· (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Capacidade de correr riscos
· Inovação
· Orientação para mudanças
· Persistência
- Liderança visionária
· Habilidade para administrar mudanças
Quadro 2 – Habilidades necessárias aos empreendedores. Fonte: Hisrich e Peters (2004).
À medida que um novo empreendimento cresce, talvez surja a necessidade de mais habilidades administrativas, técnicas e empreendedoras. Portanto, o empreendedor está em constante aprendizado, tanto para aperfeiçoar o novo empreendimento quanto para as mudanças no ambiente do dia a dia e fora dele, no sentido de ser capaz de reconhecer e potencializar oportunidades.
Cameron Herold, em uma palestra no TED Talks, estimula o desenvolvimento de uma educação que ajude crianças e adultos a amadurecerem como futuros empreendedores. A palestra intitula- se Vamos educar as crianças para serem empreendedoras e está disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=nx3GuO41Jyg .
7. (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)O PROCESSO EMPREENDEDOR
A decisão de empreender não acontece do nada; tudo nasce de uma ideia, que pode vir a se tornar uma oportunidade de negócio ou não. A oportunidade para criar algo novo surge de mudanças (sociais, econômicas, tecnológicas etc.) ou da interação desses fatores (Figura 1). Uma oportunidade pode ser explorada por meio da criação de um novo produto ou serviço, abertura de novos mercados, novos métodos de produção e formas de organização. Por isso, o empreendedor precisa estudar e compreender as mudanças do contexto em que vive, o qual é palco para que emerjam novas oportunidades.
Figura 1 – Aspectos que influenciam a oportunidade. Fonte: Adaptado de Baron e Shane (2007).
Por exemplo, o crescimento da população idosa no Brasil pode ser uma condição favorável para criar produtos, serviços, matérias-primas, métodos de produção e formas de organização. Uma única mudança no contexto social é capaz de gerar inúmeras oportunidades de negócio. Novas ideias passíveis de serem transformadas em oportunidade podem estar mais próximas do que você imagina. O problema é que poucas pessoas prestam atenção aos acontecimentos ao redor de maneira criativa.
O empreendedorismo é um processo iniciado “[...] com o reconhecimento do potencial para algo novo nas mentes de um ou mais indivíduos que, se optarem por desenvolver essas oportunidades, se tornarão empreendedores” (BARON; SHANE, 2007).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Para compreendermos como funciona o processo empreendedor, utilizar-nos-emos do modelo de Baron e Shane (2007), composto de seis etapas. Cada etapa recebe influência de variáveis individuais, grupais e sociais (Figura 2).
Figura 2 – O empreendedorismo como processo: algumas fases importantes. Fonte: Baron e Shane (2007).
Os autores citados estruturam o processo empreendedor em etapas. Porém, não se trata de um processo linear e temporalmente ordenado; pelo contrário, o processo empreendedor é dinâmico uma vez que é influenciado por diversos fatores, e o empreendedor pode avançar ou voltar etapas quantas vezes forem necessárias.
Em questão de dias ou semanas, a ideia pode ser amadurecida até se tornar a solução de uma situação real (pode ser que leve meses ou anos, é claro). É valido ressaltar que o fato de o empreendedor ter uma ideia viável de ser concretizada, decidir prosseguir com ela e reunir todos os recursos necessários não significa que vai dar certo. Afinal, o empreendedor pode perder o timing e não ser mais interessante que aquela ideia seja transformada em oportunidade.
A possibilidade de o empreendedor precisar voltar uma ou duas etapas durante o processo de empreender sempre pode ocorrer, pois essas etapas são influenciadas por variáveis de nível individual, grupal e social, que alteram o resultado.
Contudo, para os empreendedores por necessidade, o processo de empreender é muito mais intuitivo e sem planejamento; ou seja, a maioria dos empreendedores por necessidade inicia seu empreendimento sem um plano de negócios. Já para os empreendedores por oportunidade, o processo de empreender recebe muito mais atenção, pois todas as fases são colocadas no papel e analisadas cuidadosamente para se minimizarem armadilhas e erros típicos de início de negócio.
Imagine que você pretenda viajar sozinho para um destino turístico qualquer. Para que essa viagem aconteça, é preciso fazer um cuidadoso planejamento. É necessário escolher o local a ser visitado, o tempo de estada, quanto dinheiro levar, comprar passagens, reservar hotel, arrumar as malas, dentre tantas outras coisas. Pense: se, para uma viagem, precisamos fazer tudo isso, imagine para se iniciar um empreendimento!
Empreender, muitas vezes, é uma viagem para um lugar desconhecido. Nessa viagem ao mundo dos empreendedores, o plano de negócio será o mapa do percurso, pois será ele que orientará a busca de informações detalhadas sobre o mercado, produtos e serviços a serem oferecidos, possíveis clientes, tipo de concorrência, fornecedores e pontos fortes e fracos do negócio. Contribui, assim, para a identificação da viabilidade da ideia e da gestão da empresa.
Independentemente do tamanho do empreendimento que realizaremos, o fato é que precisamos elaborar um plano de negócio para respondermos às questões: Onde estou agora? Para onde estou indo? Como chegarei lá?
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Um dos objetivos do plano de negócios é minimizar as possibilidades de fracasso quando da implantação prática de uma ideia. Entretanto, fazer um plano de negócio não garante o sucesso do negócio, mas pode diminuir os impactos dos obstáculos que venham a surgir.
O plano de negócio é uma ferramenta que auxilia o empreendedor a pensar sobre o futuro do negócio. A elaboração de um plano de negócio é uma oportunidade para o empreendedor analisar e refletir sobre todas as facetas da nova empresa, produto ou serviço, fornecendo uma visão integrada do empreendimento. Essa ferramenta permite ao empreendedor saber a situação real do seu empreendimento no presente e visualizar o futuro. E claro que somente um planejamento bem estruturado torna isso possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
À guisa de conclusão, a definição de empreendedorismo tem sido abordada em diversas áreas, como Economia, Psicologia, Sociologia etc. O empreendedorismo é um campo polissêmico e que, como tal, pode ser observado de diversos ângulos. Por isso, não existe uma definição única de empreendedorismo, um único tipo de empreendedor e um modelo único de empreender.
Conhecemos a história do movimento empreendedor, desde a sua concepção na pessoa de Marco Polo (na busca por novos mercados) até a sua concepção atual. Entendemos como o empreendedorismo se desenvolveu no Brasil e como algumas ações o impulsionaram. Vimos que houve um crescimento da proporção de empreendedores brasileiros que estão iniciando alguma atividade empreendedora por reconhecerem oportunidades de mercado. Contudo, considerável porcentagem de brasileiros ainda empreende por necessidade, pois possui poucas opções de trabalho e renda.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
1
)Estudamos as diferenças entre empreendedores e administradores no contexto organizacional. Além disso, apesar da busca constante do empreendedor por novas oportunidades, nem sempre ele abre uma nova empresa. Existem os empreendedores que trabalham para donos de empresas, bem como existem os empreendedores donos de seus próprios negócios.
Aprendemos que cabe ao empreendedor buscar se capacitar para entender melhor como gerir o seu negócio e a sua equipe. Além disso, o Brasil é um País de empreendedores, mas, em sua maioria, empreendedores por necessidade – o que leva à elevada mortalidade de empresas antes ainda de seus dois primeiros anos de existência. Em virtude da falta de estímulo à educação empreendedora,esse potencial não é explorado.
Por fim, parte do sucesso de um empreendimento depende do processo empreendedor, ou seja, da elaboração de um plano de negócios, no qual as estratégias para o desenvolvimento e crescimento do futuro empreendimento serão criadas e precisarão estar de acordo com a realidade e contexto do negócio.
 (
02
U
 
N
 
I
 
D
 
A
 
D
 
E
)ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EMPREENDEDORISMO
CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES
PROF.A MA. CRISTIANE F. ALVES
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO	21
1. MITOS SOBRE EMPREENDEDORES	22
2. AS CARACTERÍSTICAS E O PERFIL DO EMPREENDEDOR	23
3. COMPETÊNCIAS DO EMPREENDEDOR	25
4. AUTOCONHECIMENTO E CRIATIVIDADE	27
5. TÉCNICAS PARA DESENVOLVER A CRIATIVIDADE	29
6. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO	33
CONSIDERAÇÕES FINAIS	35
 (
20
) (
20
) (
WWW.UNINGA.BR
)
INTRODUÇÃO
O sucesso de um empreendimento inovador não depende de “mágica” e, sim, de uma série de fatores e condições – tanto pessoais como do negócio – que o empreendedor deve levar em consideração antes de iniciá-lo.
Diz-se que a visão empreendedora já nasce com o indivíduo, não sendo construída. No entanto, temos convicção de que o empreendedorismo pode ser desenvolvido, e esse potencial empresarial é uma qualidade muito comum entre a população em geral.
Antes de iniciar qualquer tipo de atividade de risco no ramo de negócios, é fundamental identificar seu potencial empreendedor, desenvolver habilidades empreendedoras, desenvolver suas características de comportamento empreendedor e identificar oportunidades e recursos.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Os problemas que afligem ou desafiam os empresários são ilimitados. Eles variam desde motivação pessoal, família, empregados e sócios até fornecedores e impostos. Dentre os problemas mais pontuais que os novos empresários enfrentam, podemos destacar os atrasos nos processos de licença e outras aprovações governamentais, pois nem sempre o empresário está ciente das regras e regulamentos, e os atrasos acabam sendo inevitáveis, acarretando perdas desnecessárias.
Uma série de problemas é de competência da administração, e um dos mais difíceis é o de pessoal, contratação, treinamento e supervisão. Um erro comum entre os novos empresários é contratar alguém sem conhecimento prévio do que exatamente será contratado para fazer.
O treinamento de novos empregados é um item de alto custo, que os proprietários de negócios muitas vezes não percebem claramente. Administrar significa conseguir que os outros façam as coisas de forma organizada e estejam motivados a fazê-lo. Embora isso possa ser demorado e levar anos para se aprender, os resultados são significativos e positivos.
Por tudo isso, é essencial conhecer as características dos empreendedores e como isso pode ajudar na melhor gestão das organizações. Há muitos mitos que costumam ser exaltados nas trajetórias de empreendedores de sucesso, os quais, quando desmistificados, revelam uma realidade muito diferente.
 (
EDUCAÇÃO
 
A
 
DISTÂNCIA
)
 (
21
) (
WWW.UNINGA.BR
)
1. MITOS SOBRE EMPREENDEDORES
A proliferação de literaturas dedicadas ao tema faz com que surjam alguns mitos em torno do empreendedor, transportando-o para um “[...] reino fabuloso e até mesmo [...] irreal” (SOUZA NETO, 2017, pp. 57-58). Segundo Degen (2009), histórias de heróis e sucesso são contadas avidamente nas revistas de negócios. Souza Neto (2017) arremata, afirmando que essas “Narrativas que ressaltam trajetórias de empreendedores de sucesso” são tão comuns na literatura de negócio, que “[...] contribuem para sustentar essa perspectiva, criando um imaginário de poder e de sucesso vinculado ao empreendedor” (SOUZA NETO, 2017, p. 58).
Tudo isso confere uma visão romântica ao empreendedor, uma visão que desconsidera as dificuldades e glorifica o sucesso, sobressaindo-se aspectos que tornam o empreendedor um personagem especial dentre os demais atores da sociedade (SOUZA NETO, 2017). E, para arrematar, os próprios empreendedores (os “heróis desses mitos”) contribuem com essas narrativas quando relatam apenas seu sucesso, omitindo suas dificuldades (DEGEN, 2009).
Muitas pessoas acreditam nisso e se encantam com “[...] os mitos de como heróis tiveram sucesso e fizeram fortuna”, sonhando “[...] um dia conseguir imitá-los e ter sucesso igual” (DEGEN, 2009, p. 421).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Esse panorama torna cada vez mais difícil distinguir o que é mito e o que é realidade sobre os empreendedores. Para tanto, recorrendo a Degen (2009) e Dornelas (2016), listamos a seguir alguns mitos e a realidade que os contradiz.
· Mito: empreendedores são natos, nascem para o sucesso.
Alguns empreendedores nascem com certo nível de inteligência, mas acumulam habilidades, experiências e contatos com o passar do tempo. Qualquer pessoa pode desenvolver e aprimorar habilidades e competências para ser um empreendedor.
· Mito: qualquer pessoa pode começar um negócio.
Qualquer pessoa pode iniciar um negócio, porém, o ponto crucial é sobreviver e prosperar no mercado. Muitas pequenas empresas fecham antes de completarem cinco anos.
· Mito: os empreendedores precisam de muito dinheiro para iniciar seu negócio.
Dependendo do setor, não é necessário muito dinheiro para iniciar um negócio. A maioria dos empreendedores inicia seu negócio utilizando suas economias.
- Mito: as mulheres têm as mesmas probabilidades de serem empreendedoras que os
homens.
Segundo estatísticas, as mulheres têm menor probabilidade de iniciar um negócio quando comparadas aos homens. Isso se dá em razão do interesse, falta de acesso a recursos financeiros e a oportunidades de negócio e capital humano.
· Mito: empreendedores devem ser jovens e cheios de energia.
A faixa etária não é uma barreira para quem deseja empreender. O importante é a pessoa ter conhecimento e experiências para reconhecer oportunidades de negócios de sucesso sustentado.
· Mito: a maioria dos novos negócios se inicia em setores de alta tecnologia e rápido
crescimento.
A maioria dos novos negócios se inicia em setores comuns e pouco sofisticados, pois os empreendedores escolhem os setores nos quais detêm conhecimento e nos quais é fácil iniciar.
· Mito: empreendedores são pessoas isoladas e solitárias.
Os empreendedores são ótimos líderes, criam equipes competentes e desenvolvem um excelente relacionamento interpessoal.
· Mito: empreendedores são jogadores.
Os empreendedores, sozinhos ou em conjunto, assumem riscos calculados e evitam riscos desnecessários.
· Mito: há tantas receitas para o sucesso dos empreendedores quanto há autores e
livros sobre o tema.
“O sucesso do empreendedor depende de seu esforço em conhecer, observar e analisar o negócio antes de iniciá-lo” (DEGEN, 2009, p. 426). Quanto mais conhecimento e experiência no setor o empreendedor tiver antes de iniciar o negócio, maiores serão suas chances de sucesso.
· Mito: o novo negócio típico é inovador e com crescimento rápido.
Os novos negócios típicos são comuns ou similares aos produtos ou serviços existentes no mercado, pouco inovadores e sem barreira à entrada de novos concorrentes. Além disso, segundo Degen (2009, p. 423), “Iniciar um novo negócio não é rápido, indolor, linear, coletivo ou um processo compreensivo e abrangente”.
Após todo o exposto, como podemos notar, a realidade do empreendedorismo é muito diferente dos mitos que tendem a ser exacerbados pela literatura de negócios. Boa parte dos empreendedores é de pessoas comuns, que, por necessidade, iniciaram seu próprio negócio. Poucos o fizeram por reconhecerem uma oportunidade de negócio.
2. (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)AS CARACTERÍSTICAS E O PERFIL DO EMPREENDEDOR
Não existe um perfil empresarial ideal, que abarque todas as características do empreendedor de sucesso. Os empreendedores provêm das experiências educacionais, situações familiares, vivências profissionais variadas e características psicológicas e emocionais, diferenciando-se, portanto, um do outro (HISRICH; PETERS, 2004). Porém, é possível identificar umconjunto de características que contribuem para a condução de um negócio de sucesso.
O empreendedor precisa ter visão: ele deve conseguir enxergar o que as outras pessoas não veem, imaginar como será o seu empreendimento a longo prazo e acreditar nele. Ele precisa ter habilidades, determinação para implementar o seu negócio e não permitir que a insegurança o atrapalhe a lidar com as adversidades. Um empreendedor não deve ter medo de correr riscos; deve seguir em frente, saber quando tomar uma decisão e saber lidar com a pressão.
E mais: os empreendedores são inovadores, superam as adversidades, agregam valor a seus produtos e serviços, fazem a diferença, percebem necessidades e desejos do consumidor, exploram ao máximo as oportunidades que encontram, estão sempre aprendendo com seus erros e buscam fazer melhor do que a última vez.
Além de todas essas características, também se pode dizer que os empreendedores são determinados, dinâmicos e atropelam as adversidades, ultrapassando os obstáculos com uma vontade ímpar de fazer acontecer. São dedicados e comprometidos, otimistas e apaixonados pelo que fazem, dedicando-se ao seu negócio 24 horas por dia e sete dias por semana. Ademais, encontram energia para continuar mesmo quando se deparam com problemas. São independentes e constroem seu próprio futuro; por isso, buscam liberdade, traçam o seu caminho e geram empregos. Desejam a riqueza, pois acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios. São naturalmente líderes, pois sabem valorizar, estimular e recompensar os seus funcionários, além de conseguirem formar boas equipes. São cordiais e possuem uma ampla rede de contatos que os auxilia no ambiente externo da empresa junto a clientes, fornecedores e entidades de classe. São organizados, planejadores e vivem em busca de novos conhecimentos, pois sabem que, quanto maiores forem o seu conhecimento e aprendizado, maiores serão as chances de sucesso no negócio. Eles assumem riscos calculados e se sentem satisfeitos quando os superam.
Os empreendedores não somente criam valor para si mesmos, mas geram valor para a sociedade e para a economia do País ao desenvolverem produtos ou serviços e ao criarem modelos de negócio, tecnologias ou novos recursos.
Segundo Julien (2010), a trajetória do indivíduo, o ambiente familiar na infância, a educação, os valores pessoais e a experiência profissional prévia são elementos que devem ser considerados na formação do perfil do empreendedor. Além de todas essas características, também podemos dizer que os empreendedores:
· Possuem bons relacionamentos: “uma pessoa bem-relacionada tem grandes chances de
ser bem-sucedida” (TAJRA, 2019, p. 41). Quando o empreendedor tem uma boa rede de contatos, aumentam as oportunidades, as vantagens em negociações e há mais credibilidade no mercado.
· São inovadores: o empreendedor está sempre buscando “[...] novas formas de fazer as
coisas e, dentro dessa busca, rompe com paradigmas, aceitos quase como lei pela maioria das pessoas” (BIAGIO, 2012, p. 17).
· São criativos: a criatividade tem relação direta com a capacidade de inovar e de criar
soluções para determinados problemas (TAJRA, 2019). A chave da criatividade está em ser inovador. Para aprimorá-la, o empreendedor deve buscar soluções e modelos alternativos.
Dornelas (2016) argumenta que as três principais características dos empreendedores de sucesso, encontradas em qualquer literatura de empreendedorismo, são:
· (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Ter iniciativa para criar um negócio e ter paixão pelo que faz.
· Transformar o ambiente social e econômico onde vive.
· Aceitar assumir os riscos calculados.
Muitas dessas características apresentadas podem ser identificadas em pessoas com perfil empreendedor; porém, isso não significa que todos os empreendedores possuem todas as características citadas já que algumas características podem ser desenvolvidas ao longo do tempo. Outras são inatas ou despertadas pela vontade do indivíduo de iniciar um negócio. Em outras palavras, não se nasce empreendedor: torna-se um, pois o indivíduo adquire os traços de ser empreendedor gradualmente (JULIEN, 2010).
A literatura sobre o empreendedorismo apresenta uma vasta lista de características dos empreendedores por diferentes visões de mundo, no entanto, há pouca variação dessas características. De modo geral, podemos afirmar que existem muitas semelhanças entre os conceitos. Isso confirma, mais uma vez, que não há um modelo único de empreendedor. Portanto, qualquer pessoa pode tornar-se empreendedora.
Por fim, é importante ressaltar que, no nosso País, temos dificuldade para caracterizar o perfil ideal do empreendedor brasileiro. Isso porque o Brasil é um País de diversidade, tanto no que se refere aos ambientes cultural, institucional e social quanto às características dos sujeitos considerados empreendedores.
Segundo Drucker (1998), “O trabalho específico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente”. E continua: “Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática”.
3. COMPETÊNCIAS DO EMPREENDEDOR
Em grande medida, a performance do empreendedor está associada a características pessoais, como iniciativa, empatia e capacidade de adaptação e de persuasão. Goleman (2005) agrupou as competências emocionais em quatro grandes grupos e, dentro de cada um dos grupos, há um conjunto de competências específicas.
1. Autoconsciência:
· Autoconsciência emocional – Essa competência permite reconhecer e compreender os diferentes estados de espírito e a forma como eles afetam o desempenho social e profissional e as relações com os outros.
· Autoavaliação rigorosa – Trata-se da capacidade de avaliar, de forma realista, as suas forças, mas também as suas fraquezas.
· Autoconfiança – Competência que permite valorizar devidamente os seus pontos fortes e as capacidades mais distintivas.
2. (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Autogestão:
· Autocontrole – Capacidade para manter as emoções sob controle.
· Inspirar confiança – A confiança se conquista por meio de comportamentos que revelam integridade, honestidade, confiabilidade e autenticidade.
· Responsabilidade - Capacidade para se autogerir de modo responsável (ser organizado e cuidadoso no trabalho).
· Adaptabilidade – Competência revelada pela abertura a novas ideias e abordagens, flexibilidade na resposta à mudança e tolerância à ambiguidade.
· Orientação para o êxito - Otimismo, necessidade de autoaperfeiçoamento e de alcance de um padrão interno de excelência; persistência.
· Iniciativa - Prontidão para aproveitar as oportunidades e inclinação para exceder objetivos; proatividade.
3. Consciência social:
· Empatia – Capacidade para perceber os sentimentos e perspectivas dos outros, interesse ativo pelas suas preocupações, sensibilidade às suas especificidades.
· Consciência organizacional - Capacidade para ler a realidade organizacional, construir redes de decisão e ter consciência das correntes sociais e políticas da organização.
· Orientação para o cliente - Capacidade para antecipar, reconhecer e ir ao encontro das necessidades dos clientes.
4. Competências sociais:
· Liderança visionária - Capacidade para inspirar e guiar os indivíduos ou grupos em torno de uma visão convincente.
· Influência - Capacidade para persuadir os outros a partir dos métodos mais adequados a cada situação.
· Desenvolver os outros - Capacidade para identificar necessidades/oportunidades de desenvolvimento dos outros e para agir de forma a promover o alargamento das suas competências.
· Comunicação - Ser bom ouvinte e ser capaz de comunicar de modo claro e convincente.
· Catalisador da mudança – Capacidade para promover e incentivar a mudança dentro da organização, contribuindo ativamente para a eliminação das resistências por parte da equipe que lidera.
· Gestão de conflitos - Capacidade para gerir os conflitos emergentes na organização.
· (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Criar laços– Competência que permite a criação e o desenvolvimento de redes de relações interpessoais.
· Espírito de equipe e cooperação – Capacidade de colaborar eficazmente com os outros, conseguindo criar sinergia de grupo na execução de objetivos comuns.
É certo que o desenvolvimento desse conjunto de competências é desejável para qualquer pessoa, mas, no caso do empreendedor, será decisivo para o seu sucesso. E o profundo conhecimento de si próprio(a) é condição prévia ao bom desenvolvimento dessas características.
4. AUTOCONHECIMENTO E CRIATIVIDADE
Uma das principais características do empreendedor é o conhecimento que ele tem de si próprio. Isso significa que o empreendedor consegue perceber que não é rentável desperdiçar esforços em áreas e/ou atividades nas quais não tem competências.
Figura 1 – Ideia. Fonte: Emperifa (2020).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)A sua base de desenvolvimento pessoal e profissional é o conhecimento dos seus pontos fortes, dos seus valores e objetivos e das formas concretas de alcançar o que pretende.
De todas as características do empreendedor, uma das essenciais e que mais facilmente podemos desenvolver é a criatividade. Embora todos tenhamos talentos criativos, falta-nos, muitas vezes, confiança na nossa própria criatividade. O termo criatividade tem um significado que vai muito além de possuir um talento artístico. É, sim, a capacidade de utilizar a imaginação para criar ideias.
A criatividade é uma característica inata a todos os seres humanos. Cabe a cada um de nós desenvolver essa capacidade. Antes de tudo, você deve estar atento ao que se passa à sua volta: o desenvolvimento da capacidade criativa, tal como qualquer outra competência, exige concentração e atenção. Comece por ver o mundo que construiu à sua volta: a sua casa, o seu trabalho e as suas relações sociais são expressões criativas que foram criadas por você mesmo. Compreender que a criatividade pode assumir muitas formas é o primeiro passo para desenvolver a sua capacidade de criar de forma consciente.
Muitos empreendedores de sucesso que conhecemos usaram os obstáculos como força para impulsionar sua criatividade. Hoje, possuem negócios de sucesso.
O argentino Federico Vega tinha o sonho de criar um negócio que gerasse impacto real no mercado. E foi no Brasil que ele encontrou essa oportunidade: após analisar os gargalos do transporte de carga por aqui, decidiu investir numa forma de tornar nosso sistema logístico mais eficiente.
Se o problema da logística no Brasil é complexo, a solução também não viria de forma fácil. Vega conta que buscou investimento para sua ideia com diversos investidores, no Brasil e no exterior, sem sucesso. ‘Falei com vários investidores, muitos deles mais de uma vez. Chegou um momento que eles nem me atendiam mais. Recebi mais de 200 negativas, teve investidor que me disse ‘não’ umas 20 vezes’, lembra o CEO.
Após algumas negociações, incluindo uma com seu ex-chefe, a situação começou a melhorar. A CargoX, uma startup que funciona como o Uber dos caminhões, começou a operar efetivamente no início deste ano e tem um escritório em São Paulo, outro no Mato Grosso e mais um na Argentina A empresa recebeu recentemente um grande aporte liderado pelo banco Goldman Sachs, totalizando 35 milhões de reais. Com isso, a startup recebeu até agora 49 milhões de reais em investimento, desde o início do projeto (FONSECA, 2016).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Criatividade e inovação são dois conceitos completamente diferentes, mas que se complementam. “Enquanto a criatividade é o processo de gerar novas ideias e pensar em coisas novas, a inovação é o processo de transformar ideias em produtos, processos ou serviços que tenham valor para a sociedade” (MARIANO; MAYER, 2011, p. 129). Portanto, inovação é a consolidação da ideia criativa.
A base do processo de inovação é a criatividade, pois, sem a geração de ideias, não há como inovar. Por outro lado, para promover a inovação, é necessário desenvolver a capacidade criativa dos envolvidos no processo.
No entanto, no mundo dos negócios, para que uma ideia seja considerada inovadora, ela precisa gerar valor para o mercado; caso contrário, será apenas uma curiosidade ou uma invenção. Vale frisar que nem todas as ideias serão inovação (MARIANO; MAYER, 2011). Assim, quanto mais ideias você tiver, maiores são as chances de encontrar uma grande ideia que atinja sucesso no mercado. Então, continue praticando. A seguir, veremos algumas técnicas para desenvolver a criatividade.
5. TÉCNICAS PARA DESENVOLVER A CRIATIVIDADE
De onde surgem as ideias? Uma ideia não surge no nada. Geralmente, as ideias surgem a partir da base de conhecimento do empreendedor. Sendo assim, quanto mais instrução e conhecimento ele tiver, maior será a probabilidade de o empreendedor ter ideias inovadoras.
A busca por solucionar um problema pode ser um estímulo à geração de novas ideias, “[...] pois quando o indivíduo tenta solucioná-lo, seu cérebro o força a pensar em inúmeras possibilidades, que geram uma diversificação de novas ideias e estimulam a criatividade pessoal” (FABRETE, 2019, p. 58). As ideias também surgem de perspectivas e de visões abrangentes, experiências de trabalhos anteriores, redes de relacionamento, hobbies etc.
Além disso, é interessante frequentar feiras, exposições, museus, ler jornais, blogs, revistas ou qualquer outro meio que possa gerar conhecimento sobre o segmento desejado. Busque olhar ao seu redor de forma questionadora, sair do senso comum, quebrar padrões habituais quanto à forma de pensar e olhar para um produto ou serviço, tentando enxergar novas funcionalidades a ele. Tudo isso ajuda a gerar novas ideias: quanto mais você praticar, melhores serão a sua perspectiva e a habilidade de gerar ideias.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Novas ideias podem estar mais próximas do que você imagina. O problema é que poucas pessoas prestam atenção ao que acontece ao redor de forma criativa. Mas, para isso, existem algumas técnicas que podem colaborar para o desenvolvimento da criatividade.
· Brainstorm: a técnica da “tempestade de ideias” é um processo que permite gerar um conjunto de ideias, associações e conceitos livres e aleatórios que, se vistos de fora, poderão parecer sem nexo. Contudo, e por se tratar de uma técnica na qual as ideias fluem sem qualquer censura, o brainstorm permite bons resultados em termos de criatividade. A velocidade do processo permite ultrapassar o circuito lógico do hemisfério esquerdo do nosso cérebro, permitindo o surgimento de ideias imaginativas vindas do hemisfério direito – o lado criativo. Desse processo, nascem muitas vezes soluções para problemas ou produtos/ serviços especialmente inovadores.
· Potencializar o surgimento de ideias: essa estratégia consiste em reunir o máximo de informação possível sobre determinado problema (por meio de leitura ou conversas com outras pessoas entendidas no assunto, por exemplo). Depois, dever-se-á pensar sobre esse tema durante o tempo que for necessário para o surgimento de uma ideia. A solução encontrada é razoável? Em caso afirmativo, experimente-a. Caso contrário, continue a pensar. Se resultar, ótimo! Se não, recomece o processo até que surja uma ideia. O importante é aprender a não colocar obstáculos à sua mente.
· Estimular o lado criativo do cérebro: existem técnicas que permitem “desligar” o lado lógico do cérebro, permitindo o livre trabalho do nosso lado criativo. Uma dessas formas é escrever ou desenhar algo com a mão não dominante, deixando o instinto conduzir os músculos. O que disso resultar é um produto do seu lado criativo. Outra possibilidade é fechar os olhos e desenhar o que você visualiza em sua mente. Poderá, ainda, escrever os seus pensamentos diariamente à medida que eles vão surgindo. As ideias deverão fluir livremente, procurando não fazer qualquer juízo de valor. Quanto mais praticar essa técnica, mais facilidade terá para deixar fluir as suas ideias, pensar de forma abstrata e tomar decisões. A sua mente estará progressivamentemais aberta a novas ideias e menos preconceituosa.
· Relaxe e medite: o pensamento lógico gera ondas beta no cérebro enquanto a meditação e o relaxamento produzem ondas alfa, as quais têm muitos efeitos positivos e, dentre eles, o pensamento criativo. Existem técnicas de respiração que ajudam a libertar a mente e a mudar a atividade cerebral de ondas beta para alfa. Ouvir melodias simples e suaves também ajuda a mudar a frequência das ondas cerebrais.
· Faça qualquer coisa fora de contexto: ser criativo é estar aberto a novos pensamentos e experiências. Tente quebrar algumas rotinas, fazendo algo que nunca fez, algo simples (como alterar a rota para o emprego ou sentar-se num diferente lugar à mesa). Você ficará surpreendido com o efeito criativo que as pequenas mudanças conseguem provocar.
· Uma experiência interessante pode ser pedir a ajuda de uma criança ou de um familiar mais velho durante a resolução de um problema particularmente difícil. A criança (sem o constrangimento do conhecimento) e a pessoa mais velha (com a sabedoria da experiência) poderão trazer algo de novo ao problema e novas perspectivas, que se poderão revelar bastante úteis e inspiradoras.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Por fim, é importante ressaltar que, no que diz respeito à geração de novas ideias, devem- se considerar todas, desde as mais viáveis até às mais absurdas, pois o que para um empreendedor pode soar absurdo, para outro pode se apresentar como uma nova perspectiva ou análise, fazendo com que essa ideia se torne a ideal.
 (
É possível inovar vendendo pipoca? Há como se diferenciar no
 
mercado
 
vendendo
 
um
 
produto
 
tão
 
simplório
 
para
 
ganhar
 
o
 
coração
 
de
 
seus
 
clientes?
Assista ao vídeo 
Os Pipoqueiros Mais Famosos do Brasi
l, de 2014,
 
disponível
 
em
 
https:/
/www.youtube.com/watch?v=i13iYWJP1lo.
)
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)
 (
Questionário
 
de
 
autoavaliação
 
do
 
perfil
 
empreendedor
)Dornelas (2018a) desenvolveu um questionário em que avalia ambiente, atitude e knowhow de um empreendedor. Vamos averiguar se você é um empreendedor em potencial? Lembre-se: todos podem ser empreendedores desde que trabalhem e se dediquem para isso. As habilidades empreendedoras podem ser aprendidas. Instruções: responda ao questionário de maneira sincera. Atribua nota de 1 a 5 para cada uma das características a seguir e escreva a nota na última coluna. Some as notas obtidas para todas as características.
	
Características
	Excelente
	Bom
	Regular
	Fraco
	Insuficiente
	
Nota
	
	5
	4
	3
	2
	1
	
	Comprometimento e determinação
	1. Proatividade na tomada de decisão
	
	
	
	
	
	
	2. Tenacidade, obstinação
	
	
	
	
	
	
	3. Disciplina, dedicação
	
	
	
	
	
	
	4. Persistência em resolver problemas
	
	
	
	
	
	
	5. Disposição ao sacrifício para atingir metas
	
	
	
	
	
	
	6. Imersão total nas atividades que desenvolve
	
	
	
	
	
	
	Obsessão pelas oportunidades
	7. Procura ter conhecimento profundo das necessidades dos clientes
	
	
	
	
	
	
	8. É dirigido pelo mercado (market driven)
	
	
	
	
	
	
	9. Obsessão em criar valor e satisfazer os clientes
	
	
	
	
	
	
	Tolerância ao risco, ambiguidades e incertezas
	10. Tomar riscos calculados (analisa tudo antes de agir)
	
	
	
	
	
	
	11. Procura minimizar os riscos
	
	
	
	
	
	
	12. Tolerância às incertezas e falta de estrutura
	
	
	
	
	
	
	13. Tolerância ao stress e conflitos
	
	
	
	
	
	
	14. Hábil em resolver problemas e integrar soluções
	
	
	
	
	
	
	Criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação
	15. Não convencional, cabeça aberta, pensador
	
	
	
	
	
	
	16. Não se conforma com o status quo
	
	
	
	
	
	
	17. Hábil em adaptar-se a novas situações
	
	
	
	
	
	
	18. Não tem medo de falhar
	
	
	
	
	
	
	19. Hábil em definir conceitos e detalhar ideias
	
	
	
	
	
	
	Motivação e superação
	20. Orientação a metas e resultados
	
	
	
	
	
	
	21. Dirigido pela necessidade de crescer e atingir melhores resultados
	
	
	
	
	
	
	22. Não se preocupa com status e poder
	
	
	
	
	
	
	23. Autoconfiança
	
	
	
	
	
	
	24. Ciente de suas fraquezas e forças
	
	
	
	
	
	
	25. Tem senso de humor e procura estar animado
	
	
	
	
	
	
	Liderança
	26. Tem iniciativa
	
	
	
	
	
	
	27. Poder de autocontrole
	
	
	
	
	
	
	28. Transmite integridade e confiabilidade
	
	
	
	
	
	
	29. É paciente e sabe ouvir
	
	
	
	
	
	
	30. Sabe construir times e trabalhar em equipe
	
	
	
	
	
	
	TOTAL
	
	
	
	
	
	
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Quadro 1 – Questionário de autoavaliação do perfil empreendedor. Fonte: Dornelas (2018a).
Análise do desempenho:
120 a 150 pontos: você provavelmente já é um empreendedor, possui as características comuns aos empreendedores e tem tudo para se diferenciar no mundo dos negócios.
90 a 119 pontos: você possui muitas características empreendedoras e, às vezes, comporta-se como um; porém, você pode melhorar ainda mais se equilibrar os pontos ainda fracos com os já fortes.
60 a 89 pontos: você ainda não é muito empreendedor e, provavelmente, comporta-se na maior parte do tempo como um administrador, e não como um “fazedor”. Para se diferenciar e começar a praticar atitudes empreendedoras, procure analisar seus principais pontos fracos e definir estratégias pessoais para eliminá-los.
Menos de 59 pontos: você não é empreendedor e, se continuar a agir assim, dificilmente será um. Isso não significa que você não tenha qualidades, mas apenas que prefere seguir a ser seguido. Se você pretende ter um negócio próprio, reavalie sua carreira e seus objetivos pessoais.
Com base no resultado do questionário de autoavaliação do perfil do empreendedor, você pode criar um plano de estratégia. Primeiro, identifique seus pontos fortes e fracos. Analise o que precisa e pode ser melhorado, descreva de que maneira você pretende realizar essa melhoria e quais os meios e métodos você vai utilizar. Quais serão os prazos necessários para poder atingir os seus objetivos?
6. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO
O intraempreendedorismo vem da palavra inglesa entrepreneur, que significa “empreendedor interno”. Esse termo surgiu em 1985, com Gifford Pinchot III, empreendedor, autor e cofundador da Universidade Pinchot (FABRETE, 2019).
O empreendedorismo não precisa necessariamente ser aplicado à abertura de um novo negócio; é possível empreender em um negócio já existente. Ou seja, “[...] o empreendedor é aquele que assume riscos e inova continuamente, mesmo que não possua sua própria empresa, o chamado intraempreendedor” (FABRETE, 2019, p. 16). O intraempreendedor é o indivíduo que, embora não seja dono da empresa, direciona sua energia e dedica-se a promover mudanças e melhorias dentro de uma organização.
Com a globalização e o aumento da concorrência, o tema intraempreendedorismo passou a despertar interesse no mundo empresarial, pois muitas empresas se viram obrigadas a serem inovadoras. Ocorre que, para isso, elas precisam de funcionários que também sejam inovadores. Geralmente, são organizações que possuem estruturas flexíveis, proativas, inovadoras, possuem visão de médio e longo prazos e abrem espaço para seus funcionários empreenderem de maneira controlada, calculando os riscos em prol do desenvolvimento organizacional. Segundo
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Fabrete (2019), os funcionários empreendedores:
[...] são ambiciosos, hábeis comunicadores, focados em resultados, líderes natos, excelentes vendedores de suas ideias, possuem alta capacidade gerencial, possuem diversas habilidades técnicas, possuem autonomia moderada, têm atitudes de dono da empresa, são apaixonados pelo que fazem, são proativos, são focados no cliente (FABRETE, 2019).
Google, Apple, 3M, Toyota, Microsoft, Procter & Gamble, Starbucks e Samsung são exemplos de organizações com características inovadoras e proativas, que estimulam o intraempreendedorismo.
O espírito do empreendedor corporativo somente pode florescer em uma empresa com características empreendedoras e se o indivíduo tiver iniciativa pessoal de empreender. “Quando isso ocorre,o intraempreendedorismo tornar-se uma verdadeira conjunção de forças e um poderoso estimulante para se construir um novo papel para as pessoas na organização, bem como um novo papel para as empresas” (HASHIMOTO, 2013).
Ainda de acordo com Hashimoto (2013), para uma empresa criar uma cultura empreendedora, ela deve: (a) abrir passagem para o espírito empreendedor, dando oportunidades reais e concretas de maneira que os potenciais empreendedores internos possam ser aproveitados e estimulados; (b) adequar seus processos para incentivar a criatividade, atitude, inovação e iniciativa pessoal dos funcionários; (c) utilizar um sistema de avaliação baseado numa abordagem proativa e fundamentado em metas e resultados a atingir; (d) valorizar o empreendedorismo, cultivar hábitos, crenças e ideias; (e) estimular o intraempreendedorismo por meio de programas de treinamento e ações gerenciais, além de valorizar o espírito empreendedor por meio de programas de remuneração e incentivos financeiros, recompensas financeiras e simbólicas aos empreendedores internos, entre outros incentivos e premiações; (f) transformar o trabalho individual e isolado em uma atividade social e grupal; (g) delegar responsabilidades administrativas aos intraempreendedores de maneira que eles tenham cada vez mais autonomia e liberdade de ação em suas atividades.
Além de inserir todos esses elementos para criar uma cultura empreendedora, Hashimoto (2013) pontua que a empresa deve introduzir o empowerment. O empowerment ocorre quando a empresa ou grandes líderes delegam poder a suas equipes.
Uma organização intraempreendedora promove a distribuição livre do poder para todos os níveis hierárquicos, dependendo de quão empreendedores são ou, em outras palavras, de quão responsáveis demonstram ser ao receber essa delegação para conduzir suas iniciativas próprias. A distribuição do poder envolve a capacidade de reconhecer um problema e identificar a autoridade, o desejo de contribuir para a sua solução e o poder de realizar algo a respeito, e assumir a responsabilidade sobre os resultados decorrentes de suas decisões (HASHIMOTO, 2013, p. 101).
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Quando um poder é bem distribuído dentre os líderes ou gestores, isso gera um clima de comprometimento/envolvimento de todos e minimiza, ou até zera, o desequilíbrio de poder que ocorre dentro das organizações. Além disso, organizações que promovem a distribuição de poder dão oportunidade para as pessoas aumentarem a produtividade, aprimorarem a qualidade de seu trabalho e alinharem seus interesses pessoais aos organizacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos que existem muitos mitos sobre o empreendedorismo, o que se dá em razão de uma visão romântica sobre o assunto, criada pelas literaturas de negócios e até mesmo pelo próprio empreendedor.
Ser empreendedor é um grande desafio. Encontram-se, na literatura sobre empreendedorismo, várias listagens das características pessoais de um empreendedor, o qual, muitas vezes, se sobressai às características do negócio. Obviamente, para ser empreendedor, a pessoa precisa ter um sonho e um plano para conduzir esse sonho à realidade.
O empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. O empreendedor transforma ideias em realidade, para benefício próprio e para benefício da comunidade. Portercriatividadee umalto níveldeenergia, o empreendedordemonstraimaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, habilitam-no a transformar uma ideia simples e mal estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
2
)Assumir riscos é a primeira e uma das maiores qualidades do verdadeiro empreendedor. Arriscar conscientemente é ter coragem de enfrentar desafios, de tentar um novo empreendimento, de buscar, por si só, os melhores caminhos. É ter autodeterminação. Os riscos fazem parte de qualquer atividade, e é preciso aprender a lidar com eles.
Identificar oportunidades: ficar atento e perceber, no momento certo, as oportunidades que o mercado oferece, reunindo as condições propícias para a realização de um bom negócio, são outra marca importante do empresário bem-sucedido. Ele é um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.
Conhecimento, organização e independência. Quanto maior o domínio de um empresário sobre um ramo de negócio, maior será sua chance de êxito. Esse conhecimento pode vir de inúmeras fontes: experiência prática; informações obtidas em publicações, jornais, blogs; observação do que acontece ao seu redor; ou mesmo dicas de pessoas que montaram empreendimento semelhante.
 (
03
U
 
N
 
I
 
D
 
A
 
D
 
E
)ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EMPREENDEDORISMO
PLANOS E PLANEJAMENTOS
PROF.A MA. CRISTIANE F. ALVES
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO	38
ELABORAÇÃO DE UM PLANO ESTRATÉGICO	39
BUSINESS MODEL CANVAS (OU SIMPLESMENTE CANVAS)	40
ELABORAÇÃO DO MODELO CANVAS	42
SEGMENTOS DE CLIENTES	43
PROPOSTA DE VALOR	44
CANAIS	45
RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES	45
RECURSOS PRINCIPAIS	46
ATIVIDADES-CHAVE	47
PARCERIAS PRINCIPAIS	47
 (
36
) (
36
) (
WWW.UNINGA.BR
)
2.1.6 ESTRUTURA DE CUSTO	48
1. DIFERENCIANDO CANVAS DE PLANO DE NEGÓCIO	48
2. MAPA DE EMPATIA	50
2.1 O QUE É MAPA DE EMPATIA?	50
2.2 COMO APLICAR O MAPA DE EMPATIA?	51
CONSIDERAÇÕES FINAIS	54
WWW.UNINGA.BR	37
INTRODUÇÃO
Criar o futuro é estar bem preparado para enfrentar os desafios, sejam pessoais sejam profissionais. Por isso, temas como gestão, comportamento, planejamento dos negócios, decisões estratégicas, estudos de viabilidade, implementação de mecanismos de controle e acompanhamento devem estar presentes na prática do empreendedor.
Os parâmetros de um empreendimento podem ser definidos tecnicamente por meio de um planejamento. Planejar significa criar um esquema para fazer algo desejável. Detectar, analisar e conhecer os pontos fortes e fracos dos ambientes externo e interno. Improvisar ou agir ao acaso não é recomendável, pois isso pode demonstrar falta de planejamento e de conhecimento dos ambientes de atuação. Elaborar cenários, ou seja, criar visões parciais do futuro é uma boa técnica para limitar o conjunto de circunstâncias que podem vir a ocorrer.
 (
EMPREENDEDORISMO
 
|
 
UNIDADE
 
3
)Planejar consiste em decidir antecipadamente o que, por quê, como e quando fazer para alcançar os objetivos organizacionais a curto, médio e longo prazos. É preciso muito mais do que coragem para arriscar no mercado. A falta de planejamento antes de abrir o próprio negócio é uma das maiores falhas dos empreendedores iniciantes. Além disso, o planejamento deve ser atitude permanente da organização e do empreendedor; ele não deve ser engavetado depois da abertura do negócio, pois se trata de um processo contínuo de tomada de decisões, com impacto significativo a longo prazo.
Projetar o futuro de um novo negócio ou de um negócio existente implica inovar e, para que isso aconteça, é importante ter metodologias e ferramentas que ajudem o empreendedor nesse processo. De nada adianta ter mentalidade empreendedora e inovadora sem ferramentas que possam viabilizar novas oportunidades. Lembre-se de que toda mudança pode ser uma oportunidade de melhoria, seja no produto/serviço, processos, forma de distribuição etc.
Bons estudos!
 (
EDUCAÇÃO
 
A
 
DISTÂNCIA
)
 (
38
) (
WWW.UNINGA.BR
)
1. ELABORAÇÃO DE UM PLANO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico de uma organização é baseado no propósito geral dessa organização, que envolve a missão, a visão e seus valores. Na sequência, estabelecem-se os objetivos e realiza-se uma análise do ambiente de marketing (microambiente e macroambiente). Somente após essas etapas é que os gestores decidem quais estratégias serão implementadas nos outros planos (marketing, operacional, recursos humanos e financeiro).
Todo planejamento

Outros materiais