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Desenvolvimento humano na infância e adolescência Perspectiva cognitiva: Piaget Perspectiva cognitivista Concentra-se nos processos de pensamento e no comportamento que reflete esses processos. Essa perspectiva abrange tanto teorias mecanicistas quanto teorias organicistas. Inclui a teoria dos estágios cognitivos de Piaget e a teoria sociocultural de Vygotsky. Também inclui a abordagem do processamento de informação e as teorias neopiagetianas, que combinam elementos da teoria do processamento de informação com a teoria piagetiana. A teoria dos estágios de Piaget Foi precursora da atual “revolução cognitiva”. Piaget era biólogo e filósofo por formação, tinha uma visão organicista (não somos seres passivos ao ambiente e sim ativos) do desenvolvimento como o produto dos esforços da criança para entender e agir em seu mundo. Importante tanto para a psicologia quanto para a pedagogia. Visão interacionista A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio. Piaget mostrou a criança e o homem num processo ativo de contínua interação, procurando entender quais os mecanismos mentais que o sujeito usa nas diferentes etapas da vida para poder entender o mundo. Sim, pois para Piaget a adaptação à realidade externa depende basicamente do conhecimento. A criança é vista como agente de seu próprio desenvolvimento. Ela irá construí-lo a partir dos quatros determinantes básicos: maturação, estimulação do ambiente físico, aprendizagem social e tendência ao equilíbrio (pré-disposição em se adaptar). O individuo se desenvolve na medida em que ele interage, se relaciona com o meio durante toda a sua vida. Como nos adaptamos ao mundo: através do conhecimento. Sem o conhecimento, não há adaptação. Piaget estudou o desenvolvimento do conhecimento da lógica, espaço, tempo, moralidade, brinquedo, linguagem e percepção, imaginação, memória, imitação, ação. Além disso, preocupou-se em elaborar uma posição filosófica, a epistemologia genética. – investigação de como nasce o conhecimento; estudo da historia do pensamento cientifico; estudo do desenvolvimento da inteligência do nascimento à adolescência. Conceitos fundamentais HEREDITARIEDADE O individuo herda uma série de estruturas biológicas (sensoriais e neurológicas) que predispõe ao surgimento de certas estruturas mentais. Herdamos um organismo que vai amadurecendo em contato com o ambiente; influencia no conhecimento. A maturação do organismo (basicamente o sistema nervoso central) vai contribuir de forma decisiva para que apareçam essas novas estruturas mentais que proporcionam a possibilidade de adaptação. Método clínico de Piaget Combinava observação com indagação flexível. Ao perguntar por que as crianças respondiam as perguntas da maneira como o faziam, ele percebeu que crianças da mesma idade cometiam tipos semelhantes de erro em lógica. Exemplo: Ele descobriu que uma criança típica de 4 anos acreditava que moedas ou flores eram mais numerosas quando dispostas em filas do que quando empilhadas. A partir de suas observações acerca de seus próprios filhos e de outras crianças, ele criou uma abrangente teoria de desenvolvimento cognitivo. Piaget propôs que o desenvolvimento cognitivo começa com uma capacidade inata de se adaptar ao ambiente. Ao procurar o seio da mãe, pegar uma pedra ou explorar as fronteiras de um quarto, a criança pequena desenvolve um quadro mais preciso de seus arredores e maior competência para lidar com eles. Esse crescimento cognitivo ocorre através de três processos inter-relacionados: organização, adaptação e equilibração. ORGANIZAÇÃO/ESQUEMAS É a tendência a criar categorias, tais como pássaros, observando as características que membros individuais de uma categoria, como pardais e cardeais, têm em comum. Segundo Piaget, as pessoas criam estruturas cognitivas cada vez mais complexas chamados esquemas, que são modos de organizar informações sobre o mundo, que controlam a maneira como a criança pensa e se comporta numa determinada situação. Na medida em que a criança adquire mais informações, seus esquemas tornam-se cada vez mais complexos. Exemplo: ato de sugar (esquema biológico). O recém-nascido tem um esquema simples para sugar, mas logo desenvolve esquemas diversos de como sugar o peito, a mamadeira ou o dedo. Esquema: conhecimento generalizado sobre alguma coisa – nós generalizamos conhecimentos. É a partir do esquema que iremos conseguir relacionar uma coisa a outra. ADAPTAÇÃO O ambiente físico e social coloca continuamente a criança diante de questões que rompem o estado de equilíbrio do organismo e eliciam a busca por comportamentos mais adaptativos. O conhecimento possibilita novas formas de interação com o ambiente proporcionando uma adaptação cada vez mais completa e eficiente. Utilizamos estruturas mentais já existentes ou então, quando estas estruturas se mostram ineficientes, elas serão modificadas a fim de se chegar a uma forma adequada para se lidar com a nova situação. Equilibro – algo que eu conheço . Exemplo: criança conhece o seio materno. Desequilíbrio – algo que eu não conheço. Exemplo: criança entra em contato com a mamadeira (objeto que ela não conhece). Adaptação é quando conseguimos nos adaptar a algo novo – capacidade de entrar em equilibro novamente. A adaptação ocorre por intermédio de dois processos complementares: - assimilação: absorve informação nova e incorpora as estruturas cognitivas existentes; compreensão de coisas que são facilmente entendidas porque são familiares; compreende algo novo com base no conhecimento que já possui. - acomodação: ajusta as próprias estruturas cognitivas para encaixar a informação nova; modificação dos conhecimentos prévios para dar conta das novas informações com as quais está se deparando. Exemplo: ato de sugar. O bebê que mama no peito ou na mamadeira e que começa a sugar o canudinho de uma caneca para crianças está demonstrando assimilação – usando um velho esquema para lidar com uma situação nova: a caneca. Como nos adaptamos? Assimilação e acomodação. Para fazermos acomodação, primeiramente assimilamos. Temos a tendência a buscar equilibro – a se adaptar. Exemplos de assimilação: Imagine uma criança de 5 anos que nunca viu uma boneca. Quando ela ver a boneca pela primeira vez pode achar que se trata de uma pessoa, pois a aparência da boneca é muito semelhante a de um ser humano (possui nariz, boca, olhos, ouvidos). Neste caso, a assimilação é caracterizada no ato de reconhecer a boneca com base no conhecimento que já possui. A partir, do momento em que uma criança aprende a subir escadas, saberá fazê-lo em qualquer circunstância. O mesmo exemplo vale para a aquisição de outros comportamentos motores, como correr, andar de bicicleta, chutar bola, varrer a casa, etc. Exemplos de acomodação: Uma boneca não é uma pessoa! Quando a criança começar a mexer na boneca vai perceber que a textura da pele e o cabelo são diferentes, que não respira e nem reage a contato físico. Em pouco tempo, a criança vai perceber que não se trata de uma pessoa, mas de um objeto que ela desconhecia. Sendo assim, o processo de assimilação se torna insuficiente para compreender a boneca. Neste caso, a acomodação é caracterizada na modificação dos conhecimentos anteriores para dominar adequadamente a compreensão sobre a boneca. Um bebê que brinca com bolas e que já tenha formado um esquema de brincar com bolas. Ao receber uma nova bola, a criança irá manipulá-la da mesma forma como fez anteriormente com objetos semelhantes (assimilação); mas, supondo que a nova bola seja ligeiramente maior ou menor do que aquela anteriormente manipulada será necessário um processo de acomodação. EQUILIBRAÇÃO Um esforço constante para atingir um equilíbrio estável – estabelece a passagemda assimilação para a acomodação. Quando a criança não consegue lidar com novas experiências dentro das estruturas cognitivas existentes, ela experimenta um estado motivacional desconfortável conhecido como desequilíbrio. Exemplo: a criança sabe o que são pássaros e vê um avião pela primeira vez. A criança rotula o avião como “pássaro” (assimilação). Com o passar do tempo, ela nota diferenças entre aviões e pássaros, o que a deixa um tanto inquieta (desequilíbrio), motivando-a a mudar sua compreensão (acomodação) e dar um novo rótulo para o avião. Ela então se encontra em equilíbrio.
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