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1 Ciclo de Otto Resumo O desenvolvimento após a revolução industrial e a inserção da máquina a vapor motivou diversos estudiosos a criarem mecanismos que conseguissem realizar trabalho. Antes dessa inserção os trabalhos eram realizados de diversas maneiras, porém nenhuma delas tinha uma eficiência similar a da máquina a vapor. Um destes mecanismos foi criado por August Otto, o motor quatro tempos, conhecido também motor ciclo Otto, este deu ênfase a importância da compreensão da mistura ar-combustível antes da combustão. 2 Índice 1. Introdução ................................................................................... 5 2. August Otto ................................................................................. 6 3. Ciclo Otto .................................................................................... 7 4. Motor Quatro Tempos ................................................................ 10 5. Eficiência Térmica ..................................................................... 11 6. Curiosidades .............................................................................. 12 5. Conclusão .................................................................................. 12 Referências Bibliográficas ............................................................. 14 3 1. Introdução Como resultado da revolução industrial ocorreu a migração dos métodos de produção artesanais para produção por máquinas (HOBSBAWM,1983), com isto surge uma necessidade que temos até hoje, a de uma maior eficiência energética. Durante este período houve a inclusão da máquina a vapor, que revolucionou o mundo e contribuiu para a expansão da indústria (Abimaq,2006). Antes dessa inserção os trabalhos eram realizados de diversas maneiras, porém nenhuma delas tinha uma eficiência similar a da máquina a vapor (Abimaq,2006). Antes dela os processos eram executados das seguintes formas: pelos operários de forma manual, pelo uso dos animais, com o auxílio do vento ou da água nos moinhos, entre outras formas de produção de trabalho existentes na época (HOBSBAWM,1983). Com a inserção da máquina a vapor nos meios de transportes, no caso da locomotiva e do navio, tiveram a capacidade de levarem grandes quantidades de cargas a grandes distâncias fornecendo uma independência na locomoção, pois a necessidade da utilização da tração animal e utilização das velas em um navio foi extinta. Assim favoreceu o desenvolvimento do comércio e da indústria. Este tipo de máquina é conhecido como um motor e é destinada a converter qualquer forma de energia, podendo ser hidráulica, química, térmica, elétrica, radioativa, entre outras não citadas em energia mecânica, que pode, por exemplo, ser utilizada para mover um automóvel. Os motores a combustão podem apresentar as seguintes formas, combustão externa – como no caso da máquina a vapor – e interna (MARTINS, 2006). A combustão externa é assim denominada pois o combustível está separado do fluido de trabalho, que no caso da máquina a vapor é a água. Já a 4 combustão interna o próprio combustível é o fluido de trabalho, como no caso da gasolina no motor (TILLMAN,2013). Os motores que seguem o Ciclo Otto, funcionam segundo a aspiração da mistura ar-combustível. Neste trabalho veremos os princípios de funcionamento desse ciclo. 2. August Otto Nikolaus August Otto (1832 - 1891) é conhecido como o inventor do ciclo de Otto, ou ciclo de quatro tempos. Foi a primeira pessoa a desenvolver um motor de quatro tempos e na criação do mesmo deu ênfase ao valor da compressão da mistura do combustível e ar antes de queimar. Apesar de ter patenteado este invento a patente foi revogada anos depois, pois foi verificado que suas ideias haviam sido propostas em um artigo do engenheiro francês Beau de Rochas. O francês Alphonse Beau de Rochas (1815 -1893) criou a teoria por trás do funcionamento de um motor quatro tempos destacando a importância da compressão da mistura dos gases combustíveis (mistura ar-combustível) no interior do pistão. O ciclo proposto por ele foi um grande salto no desenvolvimento dos motores, mesmo que o mesmo não tenha construído esse motor. A construção desse motor de quatro tempos confirmou a hipótese de que a fase de compressão seria responsável pelo aumento da potência. A patente do motor Otto foi posterior ao desenvolvimento do ciclo criado por Rochas, apesar disso alguns autores afirmam que um não conhecia os trabalhos de outro. Assim a maquina desenvolvida além de ser conhecido por motor Otto, o ciclo termodinâmico usado por ele também passou a se chamar de Ciclo de Otto (TILLMAN,2013). . 5 3. Ciclo Otto O Ciclo de Otto que descreve os motores quatro tempos, estes são assim denominados por possuírem quatro fases: admissão, compressão, explosão e escape. Através de todo esse procedimento este motor consegue converter a energia gerada pela combustão de um combustível em energia mecânica (MARTINS, 2006). Figura 1: – Esquema dos requisitos de um motor para produção de trabalho Os motores que operam seguindo o ciclo de Otto utilizam combustíveis de baixa volatilidade, como a gasolina e o álcool. Para sua ignição é necessária uma centelha produzida pela vela para que ocorra a explosão da mistura de ar- combustível. Se entende por volatilidade à facilidade que a substância tem de passar do estado líquido para o gasoso. Em um motor de quatro tempos cada tempo é responsável por uma das fases já citadas anteriormente, a imagem abaixo representando os quatro tempos de um motor. 6 Figura 2: – Processos de um motor quatro tempos. No 1º tempo ocorre a admissão (aspiração) da mistura de ar com o combustível. O pistão desce até o ponto morto inferior – limite máximo inferior, até onde o pistão pode descer – e a válvula de admissão é aberta possibilitando a entrada da mistura. No 2º tempo ocorre a compressão. Estando as válvulas fechadas, o pistão sobe até o ponto morto superior – limite máximo superior, até onde o pistão pode subir – e comprime a mistura de ar e combustível. No 3º tempo ocorre a explosão. Quando o pistão atinge o ponto de compressão máximo, uma faísca elétrica instigada pela vela provoca a explosão do combustível, a explosão empurra o pistão para baixo. No 4º tempo ocorre a exaustão. A válvula de escape está aberta possibilitando a expulsão dos gases resultantes da explosão. Reiniciando o ciclo. O mesmo pode ser observado o diagrama do ciclo de Otto apresentado na imagem abaixo. 7 Figura 3: Digrama PxV para o ciclo de Otto No 1º tempo ocorre a admissão da mistura de ar com o combustível. Este processo ocorre de forma isobárica, ou seja, pressão constante. E isso é descrito pelo caminho 0 – 1 da figura acima. No 2º tempo ocorre a compressão adiabática, pois não há nenhum tipo de troca de calor com o ambiente. E isso é descrito pelo caminho 1 – 2 da figura acima. No 3º tempo ocorre a explosão isovolumétrica, representada pelo caminho 2 - 3. E logo após uma expansão adiabática, representada pelo caminho 3 – 4. No 4º tempo ocorre a exaustão onde se elimina os gases, caminho 4 – 5. Logo após ocorre uma exaustão isobárica, caminho 5 – 0. E com isso chega ao fim do ciclo e todo o processo se repete. Uma observação a ser feita sobre este tipo de motor é que em apenas um destes tempos o motor produz energia mecânica, que no caso seria a combustão, no 3º tempo (TILLMAN, 2013). 8 4. Motor quatro tempos Os motores de combustão interna que respeita o ciclo de Otto, são compostas de no mínimo um cilindro, contendo um êmbolo móvel (pistão) e diversas peças móveis. Abaixo temos uma imagem com a representação simplificada dosprincipais componentes deste motor. Figura 4: Componentes de um motor 4 tempos As válvulas de admissão (entrada) e exaustão (saída) são responsáveis, respectivamente, pela entrada da mistura de ar-combustível na câmara de combustão (1º tempo) e pela saída dos gases resultantes após a combustão da mistura (4º tempo). As válvulas são acionadas com sincronia em relação as movimentações do virabrequim, para os tempos serem realizados de forma corretamente. Um item essencial para o funcionamento do motor é a vela de ignição, que tem a responsabilidade de criar uma centelha elétrica que inicia a combustão da mistura de ar-combustível no 3º tempo. Os pistões são os componentes que se movimentam dentro da câmara de combustão. São fabricados com de ligas de alumínio para resistir às variações de temperatura e as altas pressões a eles submetidas. O virabrequim é responsável por transforma o movimento de subida e descida do pistão em movimento de rotação, ele é construído de uma forma que se alinhe ao movimento dos pistões e consiga converter o movimento dos 9 mesmo em rotação no eixo do motor. Abaixo temos uma imagem de um virabrequim com 4 pistões. Figura 5: Virabrequim com 4 pistões 5. Eficiência Térmica A eficiência térmica é uma forma de medir o desempenho de uma máquina térmica, ela é uma relação entre o trabalho realizado pela máquina e o calor cedido para a mesma para que ela gerasse este trabalho, a equação abaixo mostra como deve ser feito o cálculo da eficiência térmica. 𝜂 = 𝜔 𝑄𝑞 (1) No ciclo Otto, a eficiência térmica vária de acordo com o combustível utilizado e com a compressão no motor, para a gasolina a eficiência térmica chaga aos 32% e para o álcool temos uma eficiência de 38%. Ao analisar a compressão do motor com uma razão de 12:1, utilizando o álcool desidratado, este poderia chegar a uma eficiência de 52,5%. 10 6. Curiosidades Quando se ouve que um motor tem 1000 cc (cilindradas) ou é 1.0, 2.0, esses valores estão relacionados com o que pode se dizer o “tamanho do motor”, isso não quer dizer as dimensões físicas, mas sim o deslocamento volumétrico ou também chamado de cilindradas. Esse valor é obtido através da multiplicação do volume da parte de movimentação do curso do pistão pela quantidade de pistões. Se um carro possui 4 pistões e eles comportam 500 cm³ isso significa que o motor tem um deslocamento volumétrico de 2 litros ou tem 2000 cc ou ainda mais é um motor 2.0. Um outro ponto interessante no motor Otto é a possibilidade de injetar água para que isto auxilie no aumento da potência. Já na Segunda Guerra, alguns aviões de caça da Alemanha tinham injeção de água em seus motores de pistão. Assim, aumentava-se a taxa de compressão e, ao mesmo tempo, resfriava-se as câmaras de combustão. De acordo com a empresa, 20% do combustível injetado no motor em altos regimes é perdido na refrigeração da câmara de combustão. É aí que entra a tecnologia WaterBoost, injetando água destilada no motor de combustão. Isso reduz a temperatura na câmara e, consequentemente a ocorrência de pré-ignição. A quantidade de água injetada na câmara de combustão é tão pequena que 5 litros de água destilada são suficientes para rodar até 3.000 km. A economia de combustível chega a 13%, com a consequente redução de emissões de 4% (face um aumento de 5% na potência), segundo a Bosch. 6. Conclusão O avanço das pesquisas na área da termodinâmica proporcionou o desenvolvimento de diversas máquinas térmicas e essas contribuíram para a evolução da indústria e da economia. Foi devido a elas que hoje tem-se meios de transportes com uma independência para carregar grandes cargas e percorrer grandes distâncias. 11 Se tem também um ponto chave na história, que é um divisor de águas entre a sociedade “antiga” e a moderna, que foi a criação da máquina à vapor e a sua inserção na indústria, assim modificando os meios de trabalhos existentes, diminuindo a utilização dos operários para trabalhos braçais e inserindo esses motores de combustão externa para a realização do mesmo. Após a revolução industrial, onde a criação de motores, para a utilização em indústrias, em outros locais ou mecanismos, se tornou algo comum. Pesquisas teóricas para a criação de novos modelos que apresentassem um rendimento térmico elevado em relação aos existentes no mercado – coisa que existe até os dias de hoje – se tornou o alvo de muitos engenheiros da época. Um deles foi francês Beau de Rochas que desenvolveu a teoria por traz do funcionamento de um motor quatro tempos destacando a importância da compressão da mistura dos gases combustíveis (mistura ar-combustível) no interior do pistão. Outro foi August Otto que foi a primeira pessoa a desenvolver um motor de quatro tempos dando ênfase ao valor da compressão da mistura do combustível e ar antes de queimar. Este engenheiro é conhecido como o criador do ciclo de Otto, apesar deste ciclo ter sido proposto anos antes por Beau de Rochas. O ciclo Otto ou de um motor quatro tempos ocorre em quatro etapas, sendo estas: a admissão da mistura de ar com o combustível; a compressão da mesma mistura; a explosão que empurra o pistão para baixo, proporcionando uma força para a movimentação; exaustão que é a expulsão dos gases resultantes da explosão. 12 Referências Bibliográficas 1 - MARTINS, Jorge. Motores de combustão interna. Publindústria, 2006. 2 - TILLMAN, Carlos Antonio da Costa. Motores de Combustão Interna e seus Sistemas, 2013. 3 - O Ciclo Otto e os Motores de Combustão Interna. Disponível em: http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/15cOtto/materiais /saiba_mais.pdf. Último acesso em 31/08/2017. 4 - HOBSBAWM, Eric John. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. Forense-universitaria, 1983. 5 – Abimaq, A história das máquinas, 2006. 6- Nicolaus Otto. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolaus_Otto. Ultimo acesso em 31/08/2017. 7- Como funciona a injeção de água para motores a combustão? Disponível em: https://quatrorodas.abril.com.br/auto-servico/como- funciona-a-injecao-de-agua-para-motores-a-combustao/. Último acesso em 06/09/2017 http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/15cOtto/materiais/saiba_mais.pdf http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/15cOtto/materiais/saiba_mais.pdf https://quatrorodas.abril.com.br/auto-servico/como-funciona-a-injecao-de-agua-para-motores-a-combustao/ https://quatrorodas.abril.com.br/auto-servico/como-funciona-a-injecao-de-agua-para-motores-a-combustao/
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