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COSMETOLOGIA APLICADA II Claudia Stoeglehner Sahd Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir as características dos cosméticos para a pele do bebê. Identificar quais cosméticos são indicados para crianças. Descrever as características do protetor solar infantil. Introdução Os cuidados de higiene e bem-estar devem ser específicos para as di- ferentes faixas etárias. O uso de cosmecê uticos nesse grupo especial de crianças e adolescentes se torna muito importante, mas é preciso ter precauções por se tratar de uma pele sensível, fina e frágil. A precocidade da sua barreira epidérmica diminui expressivamente a defesa contra a proliferação microbiana e torna a pele mais suscetível à toxicidade por ab- sorção percutânea de substâncias. Portanto, devido a essas características próprias da pele do recém-nascido, de lactentes e crianças, é necessário um cuidado especial no uso dos produtos cosméticos destinados à sua higiene e proteção. Neste capítulo, você verá as características dos cosméticos para a pele do bebê, além de identificar os cosméticos indicados para crianças. Você estudará, também, as características do protetor solar infantil. Características da pele e de cosméticos para bebês A pele humana apresenta diversas funções, como de barreira cutânea, proteção mecânica, termorregulação, vigilância imunológica, e previne a perda exage- rada de fl uidos corporais, contudo, apresenta também uma porta de entrada para agentes infecciosos e toxinas (CUCÉ; FESTA NETO, 2001). A pele do bebê se caracteriza por ser sensível, fina e frágil. Ao se comparar com a espessura da pele de um adulto, a pele do recém-nascido é mais fina (40 a 60%), menos pilosa e com menor coesão entre a epiderme, a função de barreira cutânea é menos efetiva, tendo como consequências mais relevantes a perda de água transepidérmica, maior absorção percutânea de químicos e sofre facilmente trauma cutâneo, acarretando em maiores chances de ocorrer infecções, toxicidade e dificuldades na manutenção da homeostasia dos fluidos corporais (MEIRELES et al., 2009). A pele do recém-nascido é recoberta fisiologicamente por um manto ácido com propriedades bactericidas. O pH ácido da superfície cutânea em adultos e adolescentes (pH < 5) tem efeito protetor contra microrganismos que podem ser patogênicos. Nos recém-nascidos, e principalmente nos prematuros, a superfície da pele apresenta pH neutro, o que reduz de forma significativa a defesa contra a excessiva proliferação microbiana, além de poder promover maior perda de água transepidérmica, demonstrando alteração da função de barreira da epiderme. Os lipídios presentes nas camadas da pele são responsáveis por realizar a manutenção da barreira epidérmica e a manutenção da integridade da pele. Nos recém-nascidos, o conteúdo lipídico da pele é menor, devido à reduzida atividade das glândulas sebáceas. A substituição do filme hidrolipídico cutâ- neo por lipídios epidérmicos não glandulares ocorre de forma progressiva, e esses apresentam uma menor eficácia quando se trata de proteção cutânea. Sendo assim, é de grande importância ter o máximo cuidado para não haver destruição dessa barreira, que pode ocorrer, principalmente, por meio do uso e aplicação inadequados de produtos químicos. Nos recém-nascidos e lactentes, a derme apresenta quantidade menor de colágeno maduro, quando comparada à do adulto. Além disso, a maior quanti- dade de água encontrada na pele infantil ocorre devido à elevada concentração de proteoglicanos (FERNANDES; MACHADO; OLIVEIRA, 2011). Quando se fala do uso de cosméticos, é de grande importância entender e conhecer sobre a absorção da pele. A absorção percutânea do recém-nascido é maior, principalmente, nas regiões axilares, inguinais, retroauriculares e escrotal. No entanto, as crianças prematuras apresentam maior permeabilidade cutânea do que os recém-nascidos. A absorção ocorre pelas células do estrato córneo e pela camada epidérmica espinhosa (via transepidérmica), e também via apêndices cutâneos, como glândulas sebáceas e folículos pilosos, desta maneira, entrando na corrente sanguínea e causando efeitos sistêmicos que podem variar de leves até letais (RIBEIRO, 2010). Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil2 É importante salientar que, como a pele da criança, na faixa etária que vai desde o nascimento até o 30º dia de vida, está em uma fase transicional, o sistema enzimático epidérmico ainda não está completamente maduro, aumentando, assim, o risco de toxicidade cutânea causada por substâncias de uso tópico. É notório que alguns produtos com ações detergentes podem alterar o pH da superfície da pele, podendo, assim, alterar a flora bacteriana encontrada na pele. Além disso, durante a higienização diária, não é recomendada a utilização de substâncias de características alcalinas presentes em sabonetes, loções ou cremes, pois elas são capazes de reduzir ou até mesmo eliminar esse manto protetor (CUCÉ; FESTA NETO, 2001). Para os banhos, deve-se utilizar água morna e substâncias de caráter neu- tro, ou com o pH próximo ao da pele do bebê, que devem ser atóxicas e não abrasivas. Na remoção de substâncias lipossolúveis que podem ser nocivas à pele do bebê, devem ser utilizados produtos cosméticos de higiene que contêm tensoativos os mais suaves possíveis em sua formulação, com o objetivo de formar micelas maiores, que são incapazes de penetrar na pele, evitando o risco de irritações cutâneas. Com isso, não há a remoção em excesso do manto epi- dérmico, evitando, assim, a perda de água transepidérmica. Portanto, produtos compostos por tensoativos complexos são mais suaves do que os compostos por tensoativos simples, devido aos tensoativos complexos formarem micelas maiores que não penetram na pele. Dessa forma, para promover um cuidado mais eficaz e seguro para a pele e diminuir a intolerância ao produto, deve-se optar por (RIBEIRO, 2010): Sabonetes e shampoos: estes produtos devem conter tensoativos com- plexos anfotéricos ou não iônicos, pH neutro, próximo ao fisiológico da pele, não irritar os olhos, não arder e de preferência não conter corantes e essências em grande quantidade. Syndets: estes produtos também são conhecidos como detergentes sintéticos ou “sabões sem sabão”, não apresentam as desvantagens do sabão e podem ser uma boa escolha. São compostos por agentes tensoativos que exercem uma boa atividade detergente, têm pH neutro ou levemente ácido, fazem pouca espuma e apresentam pouca chance de causar algum tipo de irritação. Podem ser encontrados em formas sólidas ou líquidas, no entanto, embora seu uso seja agradável, não devem ser utilizados de maneira excessiva. 3Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil Lenços umedecidos: apesar de estes produtos de limpeza serem práticos e apresentarem um cheiro agradável, não são recomendados, pois podem causar a remoção do filme lipídico da pele e também sensibilidade. Deve-se atentar que eles contêm sabões em sua formulação e que o contato continuado com a pele pode causar algum tipo de lesão à barreira cutânea, provocando dermatite de contato. Óleo de banho: é um produto que muitas vezes é considerado desne- cessário, mas alguns médicos recomendam o uso só após três meses de idade, na utilização de massagens, dando preferência aos óleos de origem vegetal. Produtos para prevenir assaduras: auxiliam na prevenção do surgimento de assaduras. Uma das afecções mais comumente encontradas na pele infantil é a dermatite das fraldas, conhecida popularmente por “assa- dura”, que nada mais é do que uma dermatite de contato irritativa. O uso de cremes e pomadas contendo óxido de zinco em sua formulação ajuda a prevenir o surgimento das assaduras, devido à sua ação prote- tora da pele, anti-inflamatória e cicatrizante. Esses produtos exercem a função de formaruma camada protetora, evitando o contato da urina e das fezes com a pele do bebê. É importante salientar que podem ser utilizados por todas as faixas etárias. Repelentes de inseto: podem ser classificados como cosméticos e se apresentam no mercado nas mais variadas formas, como loções, géis, misturas líquidas, spray, entre outras, e são aplicados diretamente sobre a pele. Os ativos presentes nas formulações de repelentes infantis aprovados para uso são: diethyl toluamide (DEET), ethyl butylacetylami- nopropionate (IR3535) e icaridina (picaridina). É importante ficar atento a cada produto, à sua formulação e à indicação para cada faixa etária. O uso de algumas substâncias deve ser evitado em recém-nascidos, lactentes e crianças, como: Lauril sulfato de sódio: pode causar forte irritação da pele, gerando danos à barreira lipídica, além do processo inflamatório, sendo um potente irritante da pele, que danifica a barreira lipídica e causa inflamação e descolamento das camadas da pele. Além disso, a aderência desse composto pode ser potencializada com a associação a outros produtos, como triclosan. Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil4 Para saber mais sobre o assunto, faça a leitura do artigo “Avaliação da toxicidade de parabenos em cosméticos”, de Ana Carolina Hoppe e Mariana Castello Novo Pais. Cosméticos indicados para crianças A pele da criança apresenta algumas diferenças em relação à do recém-nascido, pois a maturidade se completa à medida que ocorre o crescimento, e a relação peso/superfície corpórea reduz de forma gradual. A pele ainda produz pouca oleosidade, apresenta pelos fi nos e o estrato córneo é um pouco mais delgado, a epiderme e a derme são mais fi nas, além disso, a região dérmica apresenta uma quantidade inferior de colágeno maduro do que o indivíduo adulto (KEDE; SABATOVICH, 2004). Sabendo que a pele da criança não é tão sensível quanto a dos recém- -nascidos, mas também não tão resistente quanto a de uma pessoa adulta, esse público ainda requer cuidados e produtos especiais. Essa imaturidade ocorre devido às estruturas que constituem a pele infantil, uma vez que não estão completamente desenvolvidas estruturalmente e funcionalmente. Desta maneira, a derme da criança apresenta facilidade de descamação e maior perda de água, pois as células estão menos coesas entre si, tendo uma menor resistência a agentes externos, com isso, a pele da criança fica mais exposta e mais susceptível ao surgimento de determinadas patologias. Portanto, os cuidados com a pele têm a finalidade de prevenir a integridade cutânea, a Lauril-sulfato de sódio e lauril-sulfato de amônio: são responsáveis pela formação de espumas, mas são irritantes, podendo causar danos proteicos e úlceras na mucosa oral. Metilisotiazolina: é um ingrediente presente em xampus e condicionadores, mas tem sido relacionado a complicações neurológicas. Parabenos: alguns exemplos desse grupo de substâncias são metilparabeno, pro- pilparabeno, etilparabeno e butilparabeno. Podem estar presentes em loções e xampus para bebês e em lenços de higienização, mas podem causar dermatite de contato e rash cutâneo. 5Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil toxicidade e evitar exposições químicas que podem ser prejudiciais e causar danos à saúde da pele. A utilização de produtos cosméticos é cada vez mais frequente nas crian- ças, necessitando ter especial cuidado na fabricação e nos ingredientes utilizados, que devem ser apropriados para o uso em crianças, de forma a diminuir os riscos de hipersensibilidade ou alergia aos seus componentes, ou aparecimento de dermatites de contato (FERNANDES; MACHADO; OLIVEIRA, 2011). A melhor alternativa para escolher um cosmético infantil é sempre optar pelos hipoalergênicos, que contêm menos conservantes e costumam não apre- sentar perfumes, cosméticos com pequena quantidade de corantes e ausência de conteúdo alcoólico. Também é importante ter atenção quanto à procedência, às condições de armazenamento e se eles têm registro do Ministério da Saúde na embalagem. Na área da cosmética infantil existe uma diversidade de produtos que necessitam cuidado especial no uso (RIBEIRO, 2010). Sabonete infantil: é normalmente seguro, seja na forma de líquido ou barra, e pode ser usado desde os primeiros dias de vida. Deve-se fazer uso somente dos sabonetes infantis, que já têm o pH semelhante ao da pele. Condicionador: pode ser evitado, uma vez que os cabelos das crianças não precisam da aplicação de cremes. No entanto, se achar necessário, é importante aplicar apenas nas pontas dos fios e apenas em crianças com idade superior a dois meses. Maquiagem: este produto cosmético pode causar irritações na pele e alergias, sendo recomendada a sua utilização após os 7 anos de idade, dando sempre preferência a produtos específicos para crianças, e que saiam facilmente com água. Hidratante: o uso deste produto pode ser necessário em casos de resseca- mento da pele ou devido a algumas doenças, como a dermatite atópica. Além disso, é recomendado fazer o uso de hidratantes de forma diária, preferencialmente sobre a pele úmida depois do banho. Esmalte: evite o uso deste produto em crianças menores de 7 anos, pois há em sua composição a presença de alguns solventes que podem ser prejudiciais à saúde. Se for fazer o uso desse produto, busque sem- pre alternativas destinadas ao público infantil e solúveis em água. As Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil6 substâncias presentes nos esmaltes são altamente alergênicas, podendo causar irritação e lesões na pele. Perfume: este produto pode causar alguns efeitos adversos, como irrita- ção respiratória e cutânea. Assim, é importante dar preferência para os produtos que não contêm álcool, com pouco ou nenhum corante. Uma dica importante é aplicar na roupa, e não na pele da criança, evitando potenciais complicações. Gel de cabelo: o uso regular deste produto pode aumentar o acúmulo lipídico na região do couro cabeludo, causando coceira, ressecamento e irritação. Sendo assim, deve-se evitar o uso contínuo. Produtos para inibir o hábito de roer unhas: estes cosméticos são indi- cados para crianças maiores de 5 anos, ajudando na inibição do hábito de roer unhas, pois apresentam um gosto amargo. Podem se apresentar em formas líquidas ou géis compostos pelo ativo benzoato de denatônio, uma substância química que, embora seja amarga, não é toxica. Características do protetor solar infantil Fotoproteção Fotoproteção são medidas destinadas a reduzir ou amenizar a exposição da pele à radiação solar e minimizar seus efeitos e danos, o que pode acarretar sérios problemas, como, por exemplo, o desenvolvimento de neoplasias cutâ- neas (câncer). O sol emite radiação ultravioleta (UV) em três formas: UVA, UVB e UVC. Os raios UVA (Figura 1) estão presentes durante o dia, sendo capazes de penetrar profundamente nas camadas mais internas da pele, o que pode causar vários danos, principalmente a longo prazo. Além disso, essa radiação é responsável pelo bronzeamento, surgimento de manchas e envelhecimento cutâneo, causando danos indiretos ao material genético (DNA). Os raios UVB são responsáveis por estimular a produção de vitamina D nos indivíduos, todavia, eles também são responsáveis por causar queimaduras, vermelhidão e danos ao DNA, assim aumentando o risco de câncer de pele. No entanto, a radiação UVC não chega até a pele, pois é bloqueada pela atmosfera terrestre (BALOGH et al., 2011). 7Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil Figura 1. Penetração das radiações UVA e UVB nas camadas da pele. Fonte: Adaptada de solar22/Shutterstock.com. Epiderme Derme Camada subcutânea Para se obter um filtro solar de FPS (Fator de Proteção Solar) mais eficaz, é preciso que ele tenha em sua formulação filtros químicos, estes são capazes de absorver a radiação UV e, em seguida, liberar essa energia comoradiação térmica, criando uma sensação de calor; e minerais, que são caracterizados por pigmentos minerais orgânicos que refletem ou dispersam a radiação UV quando ela atinge a superfície, mas não a deixam penetrar na pele, para que ocorra a proteção contra os raios UVA e UVB. Acesse o link a seguir para saber mais sobre os cuidados da pele infantil direcionados à fotoproteção na infância. https://qrgo.page.link/RSK2A Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil8 Fotoproteção nos recém-nascidos A fotoproteção apresenta uma enorme importância nos recém-nascidos (0 a 6 meses de vida). Nesta idade, a proteção deve ser apenas de forma física, ou seja, por meio do uso de roupas leves, chapéus e abrigo à sombra. O banho de sol do recém-nascido pode durar de cinco a dez minutos, entre 7 e 9h da manhã, ou após às 16h30, horários em que a radiação UVB não é muito intensa. A FDA não recomenda o uso de fi ltro solar para crianças com idade inferior a 6 meses, em razão de a pele ser sensível e das características relacionadas com a absorção da pele do bebê. O risco do uso de fi ltro solar em idades precoces é decorrente da elevada superfície em relação ao peso do bebê, imaturidade do sistema metabólico cutâneo e da barreira cutânea. No entanto, os bebês maiores de seis meses devem usar protetor solar sempre que estiverem expostos ao sol, devendo ser aplicado em todo o corpo 30 minutos antes da exposição solar (BERNEBURG; SURBER, 2009). Fotoproteção em crianças Um grande percentual da exposição solar ocorre durante os primeiros 18 anos de vida. Essa exposição na infância é um dos principais fatores de risco no desenvolvimento do câncer de pele, sendo fundamental a utilização de fi ltros solares diariamente desde a infância, pois os efeitos nocivos das radiações solares são acumulativos. O uso de fotoprotetores químicos é recomendado a partir dos 6 meses de idade, dando preferência com FPS maior do que 15, sempre atendendo aos seguintes critérios: oferecer proteção efetiva contra os raios UVA e UVB; ter a relação fator proteção solar (FPS) com fator de proteção UVA (PPD); permanecer fi sicamente estável; ter um conservante seguro e efetivo, mantendo o produto livre de fungos e bactérias; ter boa distribuição e uniformidade ao ser aplicado e não provocar ardência nos olhos. Produtos inorgânicos contra a radiação UV têm sido utilizados em foto- protetores infantis. Estes são substâncias opacas que formam uma película sobre a pele e contêm em sua formulação óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO), exercem a função de barreira, são inertes e não causam irritações cutânea. A eficácia desses filtros apresenta a capacidade de interagir com a radiação incidente por meio de três mecanismos básicos: reflexão, dispersão e absorção, e apresentam efeito imediato quando aplicados. 9Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil Nos fotoprotetores com partículas micronizadas à base de ZnO e TiO, não há penetração de partículas além do estrato córneo, o que indica que não são absorvidos pela pele, desta forma, é improvável que causem efeitos sistêmi- cos, toxicidade ou alergia, além disso, são capazes de proteger a criança ao longo de todo espectro UVA e UVB, sendo considerados seguros para o uso pelo público infantil. Pela natureza do óxido de zinco, essas formulações são emulsões de água em óleo, o que as fazem mais oleosas. Esta característica tem seu lado positivo, pois as formulações são muito resistentes na retirada, assim, são favoráveis quando aplicadas em crianças expostas por muito tempo ao mar e ao sol (MACK; STAMATAS; HOROWITZ, 2011). Os protetores químicos (orgânicos) são substâncias que absorvem a radiação UV (Figura 2), dissipando a energia sob a forma de calor, com a capacidade de absorver os fótons de UVB e UVA. É comum a combinação de vários tipos de filtros químicos em um único fotoprotetor, pois o uso de diferentes subs- tâncias possibilita a absorção de diversos comprimentos de onda de radiação UV. O uso de protetores solares químicos é permitido em crianças com idade superior a 6 meses, mesmo que os agentes de filtro UV não sejam diferentes para as crianças e os adultos, no entanto, é recomendado o uso de protetores solares próprios para cada faixa etária, onde no rótulo esteja especificado "uso infantil". É importante enfatizar que protetores que apresentam PABA (ácido p-aminobenzoico) em sua formulação devem ser evitados em razão do potencial alergênico, com isso, ao realizar o uso dos filtros, é recomendado dar preferência às formulações cremosas, pois apresentam melhor aderência na pele, sendo mais resistentes (BALOGH et al., 2011). Figura 2. Proteção contra radiação UV sem e com protetor solar. Fonte: solar22/Shutterstock.com. Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil10 O conceito de fotoproteção no período da infância é o mesmo aplicado para os adultos, com o objetivo de utilizar diferentes ferramentas fotoprotetoras de forma associada, como o uso de roupas e chapéus, controlar os horários da exposição solar e, principal- mente, o uso de fotoprotetores. Embora sejam raras as reações alérgicas, dermatites de contato e fotocontato alérgicas, devido aos protetores solares, esses efeitos adversos podem ocorrer pela presença de algumas substâncias, como oxibenzona e PABA. Como utilizar protetores solares: O uso de fotoprotetor deve ser apropriado à criança, com FPS 30, além disso, esses produtos não podem causar ardência nos olhos. Para que as substâncias ativas no filtro solar atuem nas camadas super- ficiais da pele, a aplicação deve ocorrer, no mínimo, 30 minutos antes da exposição solar. É de extrema importância realizar a reaplicação do filtro solar a cada 2 horas, devido à transpiração e em caso de contato com água. Na hora da aplicação, é importante aplicar o protetor solar em toda a su- perfície corporal, evitando que alguma parte fique sem proteção adequada. No Quadro 1 vemos as principais características dos protetores solares, de acordo com a faixa etária. Seis meses a 2 anos 2 anos até a adolescência Adolescentes Protetores solares com predomínio de filtros inorgânicos em sua formulação FPS superior a 30 Proteção UVA balanceada Formas galênicas com maior aderência, como cremes e bastões Resistentes à água Protetores solares com ba- lanço adequado de filtros orgânicos e inorgânicos FPS superior a 30 Proteção UVA balanceada Forma galênica que ofe- reça alto espalhamento e facilidade na aplicação, como loções cremosas Resistentes à água FPS superior a 30 Proteção UVA balanceada Forma galênica com cosmética agradá- vel e adaptada à pele mais oleosa do jovem Resistentes à água Quadro 1. Características específicas dos protetores solares de acordo com a faixa etária 11Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil O uso do protetor solar é de vital importância o ano todo, pois tem a capacidade de reter os raios UVA e UVB, prevenindo diversos problemas relacionados à pele, como o câncer, devendo ser utilizado na infância um protetor solar que contenha um FPS 30. Outros hábitos saudáveis, como alimentação e ingestão de líquidos, e outras formas de proteção, como o uso de roupas leves e chapéus, também ajudam. BALOGH, T. S. et al. Ultraviolet radiation protection: current available resources in pho- toprotection. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 4, p. 732–742, 2011. BERNEBURG, M.; SURBER, C. Children and sun protection. British Journal of Dermatology, v. 161, n. 3, p. 33–39, 2009. CUCÉ, L. C.; FESTA NETO, C. Manual de dermatologia. São Paulo: Atheneu, 2001. FERNANDES, J. D.; MACHADO, M. C. R.; OLIVEIRA, Z. N. P. Prevenção e cuidados com a pele da criança e do recém-nascido. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 1, p. 102–10, 2011. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2004. MACK, C.; STAMATAS, G.; HOROWITZ,P. Micronized sunscreen particles were not shown to penetrate beyond the stratum corneum on human skin in vivo. Journal of the Ame- rican Academy of Dermatology, v. 64, n. 2, p. AB138, 2011. MEIRELES, C. et al. Caracterização da pele infantil e dos produtos cosméticos destina- dos a esta faixa etária. Revista Lusófona de Ciências e Tecnologias da Saúde, ano 6, n. 1, p. 73–79, 2009. RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2010. Produtos cosméticos para públicos especiais: infantil12