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Prof. José Maria Aula 00 1 de 62| www.direcaoconcursos.com.br DIREÇÃO FINAL – Língua Portuguesa p/ PRF em 2 aulas Aula 01 DIREÇÃO FINAL – LÍNGUA PORTUGUESA P/ PRF Prof. José Maria C. Torres Aula 09 – Tipologia Textual Língua Portuguesa p/ Auditor do TCU Prof. José Maria C. Torres 2 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Olá, meus amigos! Prontos para mais uma aula? Moçada, estamos pertinho do final de nosso curso de Português! O assunto abordado nesta aula é, de certa forma, leve. Trata-se de Tipologia Textual. Peço que vocês privilegiem os exercícios, para que esse conteúdo seja mais facilmente assimilável. É a reta final, moçada! Não vamos fraquejar justamente agora, hein? Vamos que vamos! Uma excelente aula a todos! Bom proveito! 3 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Sumário SUMÁRIO ....................................................................................................................................................... 3 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS. .................................................................................. 4 TIPO NARRATIVO ........................................................................................................................................................ 5 Elementos da Narrativa ........................................................................................................................................ 5 Principais Gêneros Narrativos .............................................................................................................................. 10 Tipos de Discurso ................................................................................................................................................ 13 TIPO DESCRITIVO ...................................................................................................................................................... 17 TIPO DISSERTATIVO-EXPOSITIVO ............................................................................................................................... 18 TIPO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO ....................................................................................................................... 19 Principais Gêneros Argumentativos ..................................................................................................................... 20 TIPO INJUNTIVO ....................................................................................................................................................... 22 QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................... 25 LISTA DE QUESTÕES ................................................................................................................................... 45 GABARITO ................................................................................................................................................... 58 RESUMO DIRECIONADO .............................................................................................................................. 59 4 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Reconhecimento de Tipos e Gêneros Textuais. No processo de comunicação, há diversos padrões textuais, cada um com sua peculiaridade. E a criação desses padrões se dá de forma contínua. Há pouco tempo, por exemplo, não existia o tuíte, nome dado a um microtexto com limitante de caracteres, cuja principal característica é a concisão (capacidade de sintetizar). Dessa forma, a lista de textos existentes ou ainda por vir não se exaure. Textos nascem e morrem num processo dinâmico. Embora em número incalculável, é possível reunir os vários textos existentes em TIPOS, que nada mais são que agrupamentos de textos que possuem características associadas à linguagem e à estrutura em comum. Como assim, professor? Vou dar um exemplo para vocês! O que uma fábula, uma notícia, uma crônica ou um conto possuem em comum? Ora, todos eles contam uma história, possuem personagens, situam-se em um tempo e em um espaço e apresentam uma sucessão de fatos. Esses elementos comuns fazem com que reunamos esses textos no TIPO TEXTUAL NARRATIVO (a ser detalhado a seguir). Cada TIPO TEXTUAL reúne vários GÊNEROS TEXTUAIS. O que seriam GÊNEROS, professor? Os GÊNEROS são especificidades encontradas dentro de cada TIPO, que particularizam aquele padrão de texto. Por exemplo, a fábula é um texto do TIPO NARRATIVO. Difere-se dos demais textos narrativos, por apresentar algumas especificidades: seus protagonistas são bichos personificados e seu desfecho tem finalidade moralizante, ou seja, tem por objetivo transmitir um aprendizado. No mundo dos concursos, esse assunto é cobrado de forma tímida, ocupando uma ou outra questão da nossa prova. Como não abrimos não de nenhuma questão, é dever nosso mapear mais esse assunto. Mas acalmo todos vocês, já cansados dessa longa jornada: trata-se de um assunto leve, de fácil assimilação, vocês vão ver. As provas, no geral, concentram sua atenção no TIPO TEXTUAL, mais precisamente em sua identificação e caracterização. Isso posto, vamos detalhar cada um deles a seguir. Podemos listar 5(cinco) tipos de texto principais, a saber: - Texto Narrativo; - Texto Descritivo; - Texto Dissertativo - Expositivo ou Argumentativo; - Texto Injuntivo – Instrucional ou Prescritivo 5 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Tipo Narrativo Trata-se de tipo textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e um narrador. Há uma relação de anterioridade e posterioridade nesse tipo texto, principal característica desse tipo textual. Por meio dessa definição, é possível listar os componentes de um texto narrativo. É o que faremos a seguir. Elementos da Narrativa Enredo Trata-se do desenrolar dos acontecimentos. As narrativas apresentam, em geral, uma situação inicial harmoniosa e equilibrada. Num determinado momento, o equilíbrio será quebrado e aparecerá o CONFLITO. O ponto culminante desse “desequilíbrio” é chamado CLÍMAX. Quando os acontecimentos não se desenrolam do modo como se esperava, frustrando a expectativa do leitor, temos um ANTICLÍMAX. O enredo pode ser LINEAR, quando obedece a uma ordem cronológica (início – meio - fim), ou NÃO LINEAR, quando a ordem dos fatos é quebrada, ocorrendo saltos ao longo da narrativa. Ambiente ou Espaço É o cenário onde se desenrolam os acontecimentos. Personagens: São os seres que atuam, que vivem o enredo; definem-se por PROTAGONISTAS os personagens principais da história, e por PERSONAGENS SECUNDÁRIOS os demais. Há ainda a figura do ANTAGONISTA, elemento que se opõe ao protagonista. IMPORTANTE Para ser personagem, é preciso que o elemento se comporte como persona, ou seja, que ele seja personificado com ações e comportamentos humanos. Não precisa ser obrigatoriamente um humano, mas deve se comportar como tal. 6 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José MariaAula 09 Tempo A sucessão dos fatos e acontecimentos numa narrativa pode ser organizada de duas formas: cronológica, seguindo a ordem natural dos acontecimentos, e acronológica, invertendo a ordem de apresentação dos fatos. Assim, o tempo na narrativa pode seguir ou não a sequência dos fatos narrados ou ainda criar recuos de memória, como o flashback, com o intuito de enfatizar algumas ações do texto. Além disso, do ponto de vista dos acontecimentos, podemos distinguir dois tipos de tempo: a) Tempo Cronológico ou Exterior É o marcado pelo relógio. É o espaço de tempo em que os acontecimentos desenrolam e os personagens realizam suas ações. Trata-se do tempo da própria narrativa. b) Tempo Psicológico ou Interior Não pode ser medido como o tempo cronológico, pois se refere à vivência dos personagens, ao seu mundo interior (sonho, lembrança, devaneio, etc.). É o tempo não da narrativa, mas sim o tempo que se passa na cabeça do personagem. Professor, não entendi a diferença de tempo cronológico e tempo psicológico? Vou tentar explicar essa diferença com um exemplo bem familiar. Imagine uma aula num preparatório para concursos em plena sexta à noite! Moçada, ninguém é de ferro, não é mesmo? É muito provável que o tempo da narrativa – no caso, o tempo em que se desenvolve a aula – não coincida, algumas vezes, com o tempo dos personagens alunos. O professor está falando sobre um determinado assunto (tempo cronológico), mas, na cabeça do aluno, este já está se imaginando tomando aquela merecida cervejinha do “SEXTOU!” (tempo psicológico). Deu para perceber a diferença entre tempo cronológico e psicológico agora? Quantas vezes uma pessoa fala conosco e nosso pensamento está longe, não é mesmo? É nessas situações em que ocorre o descasamento entre o cronológico e o psicológico. Vejamos a seguinte questão: Caiu em prova! Não sou de choro fácil a não ser quando descubro qualquer coisa muito interessante sobre ácido desoxirribonucleico. Ou quando acho uma carta que fale sobre a descoberta de um novo modelo para a estrutura do ácido desoxirribonucleico, uma carta que termine com “Muito amor, papai”. Francis Crick descobriu o desenho do DNA e escreveu a seu filho só para dizer que “nossa estrutura é muito bonita”. Estrutura, foi o que ele falou. Antes de despedir-se ainda disse: “Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo”. Não esqueça os dois pacotes de leite, passe para comprar pão, guarde o resto do dinheiro para seus caramelos e, quando chegar, eu mostro a você o mecanismo copiador básico a partir do qual a vida vem da vida. Não sou de choro fácil, mas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos me comove. Cromossomas me animam, ribossomas me espantam. A divisão celular não me deixa dormir, e olha que eu moro bem no meio das montanhas. 7 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 De vez em quando vejo passarem os aviões, mas isso nunca acontece de madrugada — a noite se guarda toda para o infinito silêncio. Acho que uma palavra é muito mais bonita do que uma carabina, mas não sei se vem ao caso. Nenhuma palavra quer ferir outras palavras: nem desoxirribonucleico, nem montanha, nem canção. Todos esses conceitos têm os seus sinônimos, veja só, ácido desoxirribonucleico e DNA são exatamente a mesma coisa, e os do resto das palavras você acha. É tudo uma questão de amor e prisma, por favor não abra os canhões. Que coisa mais linda esse ácido despenteado, caramba. Olhei com mais atenção o desenho da estrutura e descobri: a raça humana é toda brilho. Matilde Campilho. Notícias escrevinhadas na beira da estrada. In: Jóquei. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 26-7 (com adaptações). Julgue o item, a seguir, com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, no qual a autora Matilde Campilho aborda a descoberta, em 1953, da estrutura da molécula do DNA, correalizada pelos cientistas James Watson e Francis Crick. Pode-se inferir da ausência de aspas e do estilo característico do texto que a passagem “Não esqueça os dois pacotes de leite (...) a partir do qual a vida vem da vida” é uma extrapolação imaginativa da autora a partir da carta escrita por Francis Crick a seu filho. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: Note que a autora, no início do texto, faz menção a uma carta enviada ao filho pelo cientista que descobriu a estrutura do DNA. Reproduz passagens do texto dessa carta entre aspas, como “Muito amor, papai”, “nossa estrutura é muito bonita” e “Quando chegar em casa, vou te mostrar o modelo”. A autora demonstra admiração com o tom informal e familiar com que é reportada uma das maiores descobertas do século, numa conversa comum entre pai e filho. Na sequência, a autora, em tom bem-humorado, imagina a continuidade da carta, fazendo referência a possíveis falas do cientista para seu filho. Fica bem claro que se trata de um devaneio da autora (tempo psicológico), e não de uma citação, pois o trecho em destaque, diferentemente das citações anteriores, não está isolado por aspas. É a pista que nos permite concluir que a passagem “Não esqueça os dois pacotes de leite (...) a partir do qual a vida vem da vida” é uma extrapolação da imaginação da autora. Resposta: CERTO 8 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Narrador Um dos elementos fundamentais da narrativa é o FOCO NARRATIVO, que pode aparecer em PRIMEIRA OU TERCEIRA PESSOA. O narrador em PRIMEIRA PESSOA participa da história, por isso é chamado de NARRADOR-PERSONAGEM; o de TERCEIRA, por outro lado, não faz parte do enredo como personagem, sendo, portanto, um NARRADOR-OBSERVADOR. Nas narrativas em terceira pessoa, é importante observar que há diferentes formas de o narrador apresentar os fatos. Muitas vezes, ele pode ter conhecimento de toda a história, das ações, pensamentos e intenções de seus personagens, chegando até a emitir juízos de valor e a discutir conceitos, ou seja, está em toda parte, a todo momento. Nem sempre, entretanto, o narrador dispõe de todas as informações, ou até mesmo pode não querer transmiti-las ao leitor. No primeiro caso, o narrador é ONISCIENTE, enquanto no segundo, é denominado apenas OBSERVADOR. Por ser personagem da história que conta, o narrador de PRIMEIRA PESSOA nos apresenta a sua versão dos fatos, isto é, NÃO É UM NARRADOR ONISCIENTE, já que sua visão dos fatos é parcial. ********************************************************************** Exemplo de Texto Narrativo O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria, desde que não fosse muito caro. Não seria muito fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel, o gerente, homem de maus modos, foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da portaria olhou com desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse que não tinha; na pressa da viagem esquecera os documentos. O viajante tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro hotel também não havia vagas. No quarto – que era mais uma modesta hospedaria – havia, mas o dono desconfiou do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava lotado. No hotel seguinte também não havia vaga, e o gerente, metido a engraçado, disse para hospedarem- se ali perto numa manjedoura, pois, apesar de não ser confortável, não pagariam diária. Para surpresa do gerente, o viajante achou a ideia boa e até agradeceu. Não demorou muito, apareceram os três reis magos, perguntando sobre um casal deforasteiros. E foi aí que o gerente começou a achar que talvez tivesse perdido os hóspedes mais importantes já chegados a Belém de Nazaré. (SCLIAR, Moacyr. A massagista japonesa. Porto Alegre: L&PM, 1984, p. 49-50 ) ********************************************************************** COMENTÁRIOS: Observe que ocorre uma sucessão de fatos no texto acima, marcando uma relação de anterioridade e posterioridade, principal característica dos textos de caráter narrativo. 9 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Veja a seguir uma inusitada sequência de acontecimentos fictícios, apresentados de forma linear. Note a presença de um ANTICLÍMAX em seu desfecho! ;-( Caiu em prova! Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações. Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. A presença de um narrador é um dos elementos textuais que permitem classificar o texto como narrativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: De fato! O texto traz um narrador- personagem – foco narrativo em 1ª pessoa. 10 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Além do elemento narrador, é possível identificar personagens (Geraldo Viramundo e o próprio narrador), tempo (uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo), espaço (Ouro Preto) e enredo (as aventuras de Viramundo em Ouro Preto). Resposta: CERTO Principais Gêneros Narrativos São vários os gêneros narrativos, cada um com suas peculiaridades. Como dito, as provas focam atenção no reconhecimento dos tipos, e não dos gêneros. Portanto, apenas registremos as principais características dos principais gêneros narrativos: Conto A característica maior do conto é produzir em quem o lê um efeito de impacto. Esse efeito tanto pode resultar da natureza insólita do que foi contado, da feição surpreendente do episódio ou do modo como foi contado. A surpresa e o incomum estão presentes no conto, o que lhe dá, muitas vezes, um caráter ficcional. Crônica A crônica trata de fatos do cotidiano com o objetivo de despertar no leitor uma reflexão. Ironia, sarcasmo, crítica e, algumas vezes, humor são ingredientes desse texto. Os fatos cotidianos alvos da crônica podem ser extraídos do noticiário e da vida comum das pessoas, o que confere a esse gênero um tom de realidade, diferindo- a, assim, do conto. No entanto, esse retrato não é fiel, pois é carregado de subjetividade. Trata-se de uma visão subjetiva da realidade. Exemplo de Crônica Aquele era meu primeiro dia num novo apartamento, eu havia pedido folga no trabalho e, durante toda a manhã, arrumei meus móveis e objetos. O cansaço e a dor nas costas me tomaram todo o ânimo que tinha para preparar o jantar. Decidi pedir uma pizza e, enquanto esperava, fui observar o mundo através da janela do meu quarto. Deparei-me com uma situação que revelava os contrastes de nosso país entre ricos e pobres, entre pequenos e grandes, mas principalmente entre miseráveis e ambiciosos. Por trás do prédio onde morava, havia uma rua não muito movimentada, não existiam muitas casas, talvez umas três ou quatro, apenas. Havia um imenso condomínio, posso dizer que de classe alta, onde entravam e saíam pessoas da elite do Rio de Janeiro. Um pouco afastada do prédio, havia uma casa de aparência humilde. Até que um homem, que se vestia de forma maltrapilha, saiu daquele lugar e foi em direção à porta do condomínio. Não estava entendendo, até que um carro de luxo entrou na rua e seguiu até a porta do condomínio, buzinando e esperando que o portão fosse aberto. O homem aproximou-se daquele automóvel e estendeu as mãos. O portão se abriu e o carro entrou. Aquela situação repetiu-se várias vezes. Depois de quase meia hora, aquele pobre senhor voltou à sua casa sem nada nas mãos, mas, mesmo assim, colocou um sorriso no rosto ao ver sua esposa com uma criança nos braços sorrindo. Ambos entraram. Percebi, então, que as desigualdades de nosso país vão muito além dos meios de comunicação. A campainha tocou. A pizza acabara de chegar e eu havia perdido a fome. 11 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Notícia A notícia é um texto narrativo que tem como objetivo relatar fatos de forma objetiva, impessoal e imparcial. Não há interpretação ou questionamento de fatos, e sim sua simples exposição. O autor não se posiciona diante de um assunto nem emite juízos de valor. Pelo menos, não deveria. Apresenta alguns elementos estruturais que a particularizam, como a manchete – que corresponde ao título e deve ser o mais objetivo possível, de preferência uma frase simples, com uma única oração – e a lide (do inglês lead) – que corresponde ao primeiro parágrafo do texto e consiste nas respostas às seguintes perguntas: quê, quem, onde, quando, como e por quê? Na notícia, o relato deve ser linear (começo, meio e fim, nessa ordem) a pessoa gramatical empregada deve ser a 3ª pessoa, adquirindo o narrador a função de mero observador, não sendo permitido seu relato como personagem da narrativa, o que impediria o texto de ser impessoal. Fábula A fábula é uma narrativa em que os personagens são animais personificados, isto é, comportam-se como humanos nos atos e na maneira de pensar. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem. O leão, por exemplo, representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho, etc. Muito se utiliza a fábula para fins educacionais, dado o seu caráter didático. Esse caráter está ligado a um ensinamento (uma lição) presente na conclusão do texto. É a chamada MORAL, que pode se apresentar explícita ou implícita. Exemplo de Fábula Os Três Leões Numa determinada floresta havia 3 leões. Um dia o macaco, representante eleito dos animais súditos, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e disse: - Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas há uma dúvida no ar: existem 3 leões fortes. Ora, a qual deles nós devemos prestar homenagem? Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei? Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si: - É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma floresta não pode ter 3 reis, precisamos saber qual de nós será o escolhido. Mas como descobrir? Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam, pois eram muito amigos. O impasse estava formado. De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso. Depois de muito tempo eles tiveram uma ideia excelente. O macaco se encontrou com os 3 felinos e contou o que eles decidiram: - Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o problema. A solução está na Montanha Difícil. - Montanha Difícil ? Como assim ? 12 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 - É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3 deverãoescalar a Montanha Difícil. O que atingir o pico primeiro será consagrado o rei dos reis. A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha para assistir a grande escalada. O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma vez que os 3 foram derrotados? Foi nesse momento que uma águia sábia, idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra: - Eu sei quem deve ser o rei. Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa. Todos gritaram para a Águia: - A senhora sabe, mas como sabe? - É simples... eu estava voando entre eles, bem de perto e, quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse para a montanha. O primeiro leão disse: - Montanha, você me venceu! O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu! O terceiro leão também disse que foi vencido, mas, com uma diferença. Ele olhou para sua dificuldade e disse: - Montanha, você me venceu, por enquanto! Mas você, montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo. E calmamente a águia completou: - A diferença é que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota e quem pensa assim é maior que seu problema: é rei de si mesmo, está preparado para ser rei dos outros! Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que foi coroado rei entre os reis. Apólogo O apólogo é uma narrativa breve como a fábula que contém um ensinamento ou crítica a determinado comportamento humano. No entanto seus personagens não são animais, e sim objetos inanimados aos quais se atribuem qualidades humanas. A literatura brasileira possui "Um Apólogo" célebre, escrito por Machado de Assis, em que uma agulha discute com uma linha sobre qual das duas é mais importante na vida. No fim, a agulha descobre que só abre caminho para a linha passar e escuta o conselho irônico de um alfinete: "Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico". 13 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Parábola A parábola faz comparações entre realidades aparentemente diferentes para explicar uma ideia. Apresenta situações vividas por seres humanos, de natureza moral e religiosa. As doutrinas religiosas utilizam-se muito desta forma figurada para passar seus ensinamentos. São célebres as parábolas com que Jesus Cristo se comunica com o povo e com seus apóstolos, no Novo Testamento, em especial nos Evangelhos de São Mateus e São Marcos. Exemplo de Parábola O MONGE MORDIDO Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. Devido à dor, o monge deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a correr pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou. Em seguida, juntou-se aos seus discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados. — Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua compaixão! O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu: — Ele agiu conforme sua natureza e eu, de acordo com a minha. Tipos de Discurso O discurso é o recurso narrativo utilizado para exprimir o pensamento das personagens. No DISCURSO DIRETO, o narrador dá a palavra à personagem através dos chamados verbos de elocução ou dicendi: dizer, perguntar, responder, concordar, exclamar, entre outros. Exemplo: Fabio, sentado à mesa para o jantar, gritava: – Nunca comerei alface! Atente para a utilização dos sinais gráficos próprios do discurso direto: os dois-pontos, o travessão e as aspas. Já no DISCURSO INDIRETO, o narrador toma a palavra para reproduzir a fala de suas personagens. Exemplo: Sentado à mesa para o jantar, Fabio gritava QUE jamais comeria alface. Observe que, na mudança do discurso direto para o indireto, houve alteração do tempo verbal, recurso necessário para que haja uma melhor correspondência entre as frases. Além disso, fizemos uso da conjunção integrante QUE para introduzir o discurso. 14 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Isso significa que, na transcrição indireta do discurso, há modificações em algumas estruturas gramaticais, como no tempo verbal (quero, queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), etc. As questões, muitas vezes, solicitam para o aluno a correspondente frase convertida do discurso direto para o indireto. Para fazer isso, devemos mapear as mudanças que se fazem necessárias. Confira a tabela a seguir: DISCURSO DIRETO Enunciado em primeira ou em segunda pessoa: "Eu não confio mais na Justiça"; "Delegado, o senhor vai me prender?" DISCURSO INDIRETO Enunciado em terceira pessoa: O detento disse que (ele) não confiava mais na Justiça; Logo depois, perguntou ao delegado se ele ia prendê-lo. DISCURSO DIRETO Verbo no presente: "Eu não confio mais na Justiça." DISCURSO INDIRETO Verbo no pretérito imperfeito do indicativo: O detento disse que não confiava mais na Justiça. DISCURSO DIRETO Verbo no pretérito perfeito: "Eu não roubei nada" DISCURSO INDIRETO Verbo no pretérito mais-que-perfeito composto ou no pretérito mais-que- perfeito simples: O acusado defendeu-se, dizendo que não tinha roubado (que não roubara) nada DISCURSO DIRETO Verbo no futuro do presente: "Faremos justiça de qualquer maneira" DISCURSO INDIRETO Verbo no futuro do pretérito: Declararam que fariam justiça de qualquer maneira. 15 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Caiu em prova! Em Knoxville, Tennessee, um policial relatou: “Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fibra vermelha no banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi usado”. Considere que o delegado de polícia tivesse de relatar o acontecimento acima mencionado em documento destinado ao Ministério Público. Nesse caso, o policial deveria incluir no documento o seguinte trecho, que mantém a correção gramatical e os sentidos originais do texto: O policial relatou que estava com um homem cujo carro fora roubado e que tal homem, tendo visto uma fibra vermelha no banco traseiro, queria que ele, o policial, descobrisse de onde a fibra havia vindo, em que loja havia sido comprada e qual cartão de crédito havia sido usado na compra. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: Destaquemos o seguinte fragmento de texto: “Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fibra vermelha no banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi usado”. DISCURSO DIRETO Verbo no imperativo: "Saia da delegacia", disse o delegado ao promotor. DISCURSO INDIRETO Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo: O delegado ordenou ao promotor que saísse da delegacia. DISCURSO DIRETO Pronomes este, esta, isto, esse, essa, isso: "Estou aproveitando este momento", disse o artilheiro do time. DISCURSO INDIRETO Pronomes aquele,aquela, aquilo: O artilheiro do time disse que estava aproveitando aquele momento. DISCURSO DIRETO Advérbio aqui: "Eu voltei para ficar, pois aqui é o meu lugar", disse Roberto Carlos em sua famosa canção. DISCURSO INDIRETO Advérbio ali: Roberto Carlos disse em sua famosa canção que tinha voltado para ficar, pois ali era o seu lugar. 16 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Esse trecho está reproduzido em discurso direto. Ao redigir o documento, o delegado deve reproduzir esse trecho em discurso indireto, relatando ao Ministério Público o que ocorrera. Lembremo-nos de que, no discurso direto, são reproduzidas fielmente as falas dos personagens e estas são identificadas no texto por meio de sinais de pontuação, como travessões, aspas, dois pontos e pelos chamados verbos dicendi (verbos que introduzem falas), como “dizer”, “falar”, etc. Já no discurso indireto, as falas dos personagens são reproduzidas pelo narrador, que diz com suas palavras o que os personagens disseram. Devem-se observar as seguintes alterações na conversão do discurso direto para o indireto: 1) Deve-se iniciar a frase com "O policial relatou que", observando-se a inserção da conjunção integrante "que" e do verbo “relatar” na forma pretérita; 2) A 1a pessoa do singular "Eu", presente no discurso direto, converte-se na 3a pessoa "Ele", no discurso indireto; 3) O presente do indicativo "estou" e “quer”, presente no discurso direto, converte-se no pretérito imperfeito do indicativo "estava" e “queria”, no discurso indireto; 4) O pretérito perfeito do indicativo "foi", presente no discurso direto, converte-se no pretérito mais que perfeito "fora" ou "havia/tinha sido"; 5) O presente do subjuntivo "descubra”, presente no discurso direto, converte-se no pretérito imperfeito do subjuntivo "descobrisse", no discurso indireto; Observemos as transformações ocorridas: Discurso Direto: Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fibra vermelha no banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi usado”. Discurso Indireto: O policial relatou que estava com um homem cujo carro fora roubado e que tal homem, tendo visto uma fibra vermelha no banco traseiro, queria que ele, o policial, descobrisse de onde a fibra havia vindo, em que loja havia sido comprada e qual cartão de crédito havia sido usado na compra. Resposta: CERTO 17 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Tipo Descritivo Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade, diferentemente do texto narrativo. Há basicamente dois tipos de descrição: a objetiva e a subjetiva. Descrição denotativa: acontece quando a exposição da pessoa, objeto ou lugar é realizada de maneira objetiva, direta, sem uso de metáforas ou de linguagem figurada. As palavras surgem no seu sentido literal, do dicionário. Este tipo de descrição é comum em textos científicos, em livros didáticos, nas bulas de remédio ou manuais de instrução. É chamada também de objetiva. Descrição conotativa: acontece quando as palavras são empregadas no seu sentido simbólico, figurado. A pessoa, objeto ou lugar não é descrito de forma como é na realidade, mas em uma pseudorrealidade. O uso da imaginação é evidenciado! É conhecida também como subjetiva. Geralmente, a descrição está presente em uma narração, sendo um de seus elementos. *************************************************************************** Exemplo de Texto Descritivo “Ali naquela casa de muitas janelas e bandeiras coloridas vivia Rosalina. Casa de gente de casta, segundo eles antigamente. Ainda conserva a imponência e o porte senhorial, o ar solarengo que o tempo de todo não comeu. As cores das janelas e da porta estão lavadas de velhas, o reboco caído em alguns trechos como grandes placas de ferida, mostra mesmo as pedras e os tijolos e as taipas de sua carne e ossos, feitos para durar toda a vida; vidros quebrados nas vidraças, resultado do ataque da meninada nos dias de reinação, quando vinham provocar Rosalina ( não de propósito e ruindade, mas sem-que-fazer de menino ), escondida detrás das cortinas e reposteiros; nos peitoris das sacadas de ferro rendilhado, formando flores estilizadas, setas, volutas, esses e gregas, faltam muitas das pinhas de cristal facetado cor-de-vinho que arrematavam nas cantoneiras a leveza daqueles balcões.” (DOURADO, Autran. Ópera dos mortos. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p. 1-2. ) *************************************************************************** 18 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Tipo Dissertativo-Expositivo Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo. *************************************************************************** Exemplo de Texto Expositivo A história do celular é recente, mas remonta ao passado –– e às telas de cinema. A mãe do telefone móvel é a austríaca Hedwig Kiesler (mais conhecida pelo nome artístico Hedy Lamaar), uma atriz de Hollywood que estrelou o clássico Sansão e Dalila (1949). Hedy tinha tudo para virar celebridade, mas pela inteligência. Ela foi casada com um austríaco nazista fabricante de armas. O que sobrou de uma relação desgastante foi o interesse pela tecnologia. Já nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, ela soube que alguns torpedos teleguiados da Marinha haviam sido interceptados por inimigos. Ela ficou intrigada com isso, e teve a ideia: um sistema no qual duas pessoas podiam se comunicar mudando o canal, para que a conversa não fosse interrompida. Era a base dos celulares, patenteada em 1940. *************************************************************************** COMENTÁRIOS: Observe que o objetivo principal do texto é simplesmente discorrer acerca do celular, expondo as mais diversas informações sobre ele. O texto não tem caráter persuasivo. 19 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Tipo Dissertativo-Argumentativo Esse texto tem a função de persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É um tipo textual muito presente no texto jornalístico: artigo de opinião, editorial, etc. Geralmente, esse texto mostra fatos para embasar a argumentação, o que caracteriza o texto como dissertativo-argumentativo. *************************************************************************** Exemplo de Texto Argumentativo A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente. A televisão difunde programas educativosedificantes, tais como o Zig Zag, os documentários sobre História, Ciências, informação sobre a atualidade, divulgação de novos produtos… Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro. *************************************************************************** COMENTÁRIOS: Observe que esse texto traz consigo uma tese, ou seja, um ponto de vista. Afirma o autor do texto que a televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Essa afirmação é defendida ao longo do texto por meio de fatos e dados, que constituem seus argumentos (justificativas). IMPORTANTE Nem todo texto que apresenta argumentos é necessariamente argumentativo. O texto pode discorrer sobre um determinado tema, trazendo para conhecimento dos leitores os diversos argumentos e pontos de vista acerca do assunto. Dessa forma, apenas expondo as opiniões, sem tomar partido de nenhuma, o texto não será argumentativo, mas apenas expositivo. Portanto, para ser argumentativo, é necessário identificar no texto uma tese, ou seja, um ponto de vista próprio. 20 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Caiu em prova! A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes, engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que chegou o seu trabalho. No que se refere à tipologia e aos sentidos do texto, julgue os próximos itens. O primeiro parágrafo do texto é predominantemente descritivo, pois apresenta as características da “polícia parisiense”. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: ERRADO De fato, são apresentadas características da polícia parisiense. No entanto, essas características são parte de um juízo de valor por parte por parte do personagem, ou seja, expressam a opinião deste a respeito da polícia de Paris. Ficamos, então, diante do seguinte questionamento: trata-se de um texto predominantemente descritivo ou argumentativo (opinativo)? Respondamos à seguinte pergunta: qual o objetivo principal do texto – simplesmente elencar as características ou expressar uma opinião, uma visão pessoal? Ora, trata-se de uma visão pessoal, sujeita a divergências diante da realidade, correto? A polícia parisiense é astuta, engenhosa e perseverante, SEGUNDO O FALANTE. Resposta: ERRADO Principais Gêneros Argumentativos São vários os gêneros narrativos, cada um com suas peculiaridades. Como dito, as provas focam atenção no reconhecimento dos tipos, e não dos gêneros. Portanto, apenas registremos as principais características dos principais gêneros argumentativos: Artigo de Opinião O artigo de opinião é um texto argumentativo que manifesta a opinião de um articulista acerca de um assunto da atualidade numa abordagem crítica e pessoal. Trata-se de um texto tipicamente jornalístico e versa sobre temas da atualidade de interesse do público-leitor. Editorial O editorial é um texto argumentativo que manifesta a opinião de grupo jornalístico acerca de um assunto da atualidade numa abordagem crítica. O assunto, em geral, é um tema de grande repercussão, principalmente na imprensa. Apresenta características muito similares a do artigo de opinião, com uma defesa mais enfática do ponto de vista, recorrendo, muitas vezes, a conotações, perguntas retóricas, tons apelativos e a uma linguagem persuasiva. 21 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 IMPORTANTE O editorial difere do artigo, pois não é a manifestação de uma opinião individual de um articulista (caso do artigo), mas sim de um meio de comunicação. Quem assina um editorial é o Editor-Chefe do meio jornalístico. Crônica-Argumentativa A crônica-argumentativa é um texto argumentativo que manifesta a opinião de um articulista acerca de um assunto da atualidade numa abordagem crítica e pessoal. Difere de outros textos argumentativos, na medida em que usa fatos do cotidiano ou dos noticiários como ponto de partida para a reflexão em torno de um assunto mais amplo. A parte narrativa é breve, restrita a uma simples descrição do fato. Nela, o foco narrativo pode ser em 1ª ou em 3ª pessoa. O texto concentra sua atenção, portanto, na defesa do ponto de vista em torno de um tema. Por isso, dizemos se tratar de um texto argumentativo, pois a narrativa é reduzida a um simples fato, pretexto para análise de um tema. IMPORTANTE Não se deve confundir a crônica narrativa com a argumentativa. A primeira se concentra na narração e descrição subjetiva de um fato cotidiano, enquanto que a segunda se concentra na argumentação pessoal, sendo a narração um simples pretexto para se analisar uma temática. Exemplo de Crônica-Argumentativa Mais um dia a mesma cena: volto do trabalho final da tarde e vejo minha vizinha lavando a calçada com litros e litros de água jorrando da mangueira. Assim como minha vizinha, outras pessoas devem fazer o mesmo, muito provavelmente pensando que a água é um recurso infindável. Este pensamento é muito equivocado. Mal sabem essas pessoas que apenas uma ínfima parte da água disponível em nosso planeta é potável. Talvez o fato de o Brasil ter uma ampla bacia hidrográfica nos faça acreditar que nosso país não está comprometido. Mas não é verdade, pois cada vez têm sido mais comum problemas de abastecimento de água em grandes metrópoles. O futuro não é otimista. Uma parcela mais significativa da população mundial sofrerá com racionamentos. Especula-se que haja disputas por tal recurso por vários setores da economia e é possível que o preço da distribuição de água se eleve consideravelmente. Para evitar cenários caóticos, é necessário otimizar o uso da água, não se utilizando para fins fúteis como lavar a calçada ou o carro. Para essas atividades, devemos reaproveitar a água ou, então, reciclá-la através de tratamento adequado. Utilizar água potável com irracionalidade é a mais pura falta de sensatez. Vou cobrar da minha vizinha essa consciência. Não podemos nos omitir esperando apenas que alguma autoridade se pronuncie. Os diretamente afetados pela escassez de água potável somos nós. 22 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Resenha Crítica A resenha crítica consiste em uma análise de produção artística, em que se emitem juízos de valor acerca de seu conteúdo e de seus elementos componentes. Difere do resumo (sinopse), pois, diferentemente deste, não tem como objetivo simplesmente destacar os principais acontecimentos da obra, mas sim avaliar de forma crítica, apontando qualidades e defeitos. Tipo Injuntivo O texto injuntivo tem por objetivo incitar o leitor a uma ação, impondo regras (texto injuntivo- prescritivo) ou fornecendo instruções e indicações para a realização de um trabalho ou a utilização correta de instrumentos (texto injuntivo-instrucional). Por tal finalidade, combina com esse padrão de texto verbos no modo imperativo. Receitas culinárias, manuais de instruções, leis, códigos de ética, entre outros, são exemplos de textosinjuntivos. Caiu em prova! O texto apresentado combina elementos das tipologias expositiva e injuntiva. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: O texto esclarece ao público o que seriam as pequenas corrupções do dia a dia, enumerando-as. Esse caráter informativo é marca do texto de caráter expositivo. Além disso, a presença de construções imperativas, tais como “Diga não” e “Faça sua parte” sinalizam o caráter injuntivo. Resposta: CERTO 23 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 IMPORTANTE Um mesmo texto pode apresentar trechos de diversos tipos textuais. Deve-se, no entanto, verificar qual tipologia predomina. Veja o exemplo a seguir: ****** O termo groupthinking foi cunhado, na década de cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão, tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos. Os manuais de gestão definem groupthinking como um processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos, fracos ou simplesmente estúpidos. Tão antigas como o conceito são as receitas para contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o pensamento crítico e as visões alternativas à visão dominante; segundo, é necessário adotar sistemas transparentes de governança e procedimentos de auditoria; terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de decisão. ****** Observemos que a sequência narrativa inicial, relatando a origem do termo "groupthinking", não caracteriza o texto como narrativo, pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo. Para que diagnostiquemos qual tipologia predomina, devemos questionar qual o objetivo principal do texto: se este é relatar um fato, então se trata de um texto predominantemente narrativo; se é explicar algo, então se trata de um texto predominantemente expositivo; se é defender um posicionamento, trata-se de um texto predominantemente argumentativo, ... 24 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Tipos de Texto TEXTO NARRATIVO O objetivo principal de um texto predominantemente NARRATIVO é CONTAR UMA HISTÓRIA, RELATAR UM FATO. Sua principal característica é a SUCESSÃO DE FATOS e seus principais elementos são: TEMPO, AMBIENTE, NARRADOR, ENREDO e PERSONAGENS. TEXTO DESCRITIVO O objetivo principal de um texto predominantemente DESCRITIVO é CARACTERIZAR UM SER, UM SENTIMENTO, UM AMBIENTE, UMA ROTINA, ETC. TEXTO DISSERTATIVO - EXPOSITIVO O objetivo principal de um texto predominantemente EXPOSITIVO é EXPLICAR UM ASSUNTO, FALAR SOBRE UM TEMA, apresentando fatos, dados, informações. TEXTO DISSERTATIVO - ARGUMENTATIVO O objetivo principal de um texto predominantemente ARGUMENTATIVO é EMITIR UM POSICIONAMENTO, DEFENDER UM PONTO DE VISTA. TEXTO INJUNTIVO O objetivo principal de um texto predominantemente INJUNTIVO é EMITIR UM COMANDO. Pode ser INSTRUCIONAL, quando o comando tem por objetivo INSTRUIR, ORIENTAR. Pode ser PRESCRITIVO, quando o comando é acompanhado de uma AMEAÇA ou COAÇÃO. 25 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Questões Comentadas 1. CESPE - Soldado Militar (PM MA)/Combatente/2018 Texto CG2A1CCC A questão da segurança pública passou a ser considerada problema fundamental e principal desafio ao Estado de direito no Brasil. A segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história recente, esteve tão presente nos debates. A amplitude dos temas e problemas relativos à segurança pública alerta para a necessidade de qualificação do debate sobre segurança e para a incorporação de novos atores, cenários e paradigmas às políticas públicas. O problema da segurança, portanto, não pode mais estar adstrito apenas ao repertório tradicional do direito e das instituições da justiça. Evidentemente, as soluções devem passar pelo fortalecimento da capacidade do Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade gerencial no âmbito das políticas públicas de segurança, mas também devem passar pelo alongamento dos pontos de contato das instituições públicas com a sociedade civil e com a produção acadêmica mais relevante à área. Em síntese, os novos gestores da segurança pública devem enfrentar esses desafios, além de fazer o amplo debate nacional sobre o tema transformar-se em real controle sobre as políticas de segurança pública e, mais ainda, estimular a parceria entre órgãos do poder público e da sociedade civil na luta por segurança e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. Internet: <www.observatoriodeseguranca.org> (com adaptações). Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto CG2A1CCC, julgue o seguinte item. No texto, predominam o uso de linguagem denotativa e o tipo textual argumentativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: De fato! O texto defende uma opinião bem clara acerca da temática de Segurança Pública, propondo intervenções. Praticamente todas as palavras do texto foram empregadas no sentido literal, ou seja, ao pé da letra, também denominado denotativo. Resposta: CERTO 26 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 2. CESPE - Analista Judiciário (STM)/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018 Texto 6A3AAA A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, seja nas empresas, seja em cada um de seus departamentos. Ela é essencial em todas as funções da administração: o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. Para os humanistas, a liderança pode ser analisada sob diversos ângulos, entre os quais estão: Liderança como um fenômeno de influência interpessoal. Liderança é a influência interpessoal exercida em uma situação e dirigida por meio do processo da comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. A liderança ocorre como um fenômeno social e exclusivamente nos grupos sociais. Ela decorre dos relacionamentos entre as pessoas em determinada estrutura social. Nada tem a ver com os traços pessoais de personalidade do líder. A influência significa uma força psicológica, uma transação interpessoal na qual uma pessoa age de modo a modificar o comportamento de outra de modo intencional. A influência envolve conceitos como poder e autoridade, abrangendo maneiras pelas quais se provocam mudanças no comportamento de pessoas ou de grupos sociais. Liderança como um processo de redução da incerteza de um grupo. O grau em que um indivíduo demonstra a qualidade de liderança depende não somente de suas próprias características pessoais, mas também das características da situação na qual ele se encontra.Liderança é um processo contínuo de escolha que permite que a empresa caminhe em direção a sua meta, apesar de todas as perturbações internas e externas. O grupo tende a escolher como líder a pessoa que lhe pode dar maior assistência e orientação (que defina ou ajude o grupo a escolheros rumos e as melhores soluções para seus problemas) para que alcance seus objetivos. A liderança éuma questão de redução da incerteza do grupo, e o comportamento pelo qual se consegue essa redução é a escolha, a tomada de decisão. Nesse sentido, o líder é um tomador de decisões ou aquele que ajuda o grupo a tomar decisões adequadas. Idalberto Chiavenato. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 122 (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto 6A3AAA, julgue o item. De cunho predominantemente argumentativo, o texto tem o objetivo geral de convencer o leitor da validade da perspectiva humanista em relação à noção de liderança. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: A autora não tem a intenção de convencer o leitor da validade da perspectiva humanista. O texto, na verdade, explica para o leitor como os humanistas abordam a temática da liderança. Dessa forma, não emite o texto um juízo de valor, e sim apenas expõe as informações. Trata-se de um texto predominantemente expositivo. Resposta: ERRADO 27 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 3. CESPE - Técnico Judiciário (STM)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018 (e mais 1 concurso) Texto CB4A1AAA Narração é diferente de narrativa, uma vez que mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas, peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas, desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas, nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração, por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia. Uma contagem de palavras na base de dados do Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas seu sentido vem mudando. A expressão disputa de narrativas, que teve um boom dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito à acepção mais literária do termo, como narrativa de um romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser elaboradas e disputadas. É um uso do termo que talvez aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas escolhas de um narrador. Sofia Nestrovski. Narrativa. Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações). Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item a seguir. Dadas a temática apresentada e a presença de referências temporais, como as expressões “nas últimas décadas” e “dos anos 80 do século XX para cá”, o texto classifica-se como narrativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: A principal característica do texto narrativo é a sucessão de fatos. Não é o que se observa no texto lido. Nele há um tema: a diferença de sentido entre narrativa e narração. Trata-se não de uma história, mas sim de uma análise. O texto, portanto, é predominantemente expositivo. Resposta: ERRADO 28 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 4. CESPE - Técnico de Enfermagem (IHB DF)/2018 Texto CG2A1AAA A vida de Florence Nightingale, a criadora da moderna enfermagem, daria um romance. Florence estava destinada a receber uma boa educação, a casar-se com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos dezesseis anos, algo aconteceu: Deus falou-me — escreveu depois — e convocou-me para servi-lo. Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma; providenciava comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava das péssimas condições de saneamento. Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca mais deixou o quarto. É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um livro sobre esse treinamento. Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis. Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao mundo pouco deve importar que sejam estranhas. Moacyr Scliar. Uma estranha, e admirável, mulher. Internet: <http://moacyrscliar.blogspot.com.br> (com adaptações). No que se refere às ideias e à tipologia do texto CG2A1AAA, julgue o item que se segue. O texto, embora contenha trecho narrativo dedicado a contar a trajetória da precursora da moderna enfermagem, é essencialmente dissertativo, pois está estruturado em introdução, desenvolvimento e conclusão. ( ) CERTO ( ) ERRADO 29 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 RESOLUÇÃO: Não é a mera divisão em introdução, desenvolvimento e conclusão que define o texto como dissertativo. O que é o define como tal é a abordagem de um tema, por meio da mera exposição de informações (dissertação expositiva) ou por meio de uma defesa de ponto de vista (dissertação argumentativa). O trecho final do texto tem características argumentativas, mas, na sua essência, o texto relata a trajetória de Florence Nightingale. É, portanto, predominantemente narrativo. Resposta: ERRADO 5. CESPE - Agente de Inteligência/2018 Texto A atividade de inteligência é o exercício de ações especializadas para a obtenção e análise de dados, produção de conhecimentos e proteção de conhecimentos para o país. Inteligência e contrainteligência são os dois ramos dessa atividade. A inteligência compreende ações de obtenção de dados associadas à análise para a compreensão desses dados. A análise transformaos dados em cenário compreensível para o entendimento do passado, do presente e para a perspectiva de como tende a se configurar o futuro. Cabe à inteligência tratar fundamentalmente da produção de conhecimentos com o objetivo específico de auxiliar o usuário a tomar decisões de maneira mais fundamentada. A contrainteligência tem como atribuições a produção de conhecimentos e a realização de ações voltadas à proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas — comunicações, transportes, tecnologias de informação — e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do Estado e da sociedade. O trabalho desenvolvido pela contrainteligência tem foco na defesa contra ameaças como a espionagem, a sabotagem, o vazamento de informações e o terrorismo, patrocinadas por instituições, grupos ou governos estrangeiros. Internet: <www.abin.gov.br> (com adaptações). Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos linguísticos do texto. No texto, predomina a tipologia textual expositiva, dado o seu objetivo comunicativo de transmitir ao leitor um conjunto de informações relativas às atividades desenvolvidas sob o rótulo de inteligência. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: Exato! O texto discorre sobre as atividades de inteligência e contrainteligência, sem emitir juízo de valor acerca delas. Restringe-se a expor informações acerca das duas atividades. É, portanto, predominantemente expositivo. Resposta: CERTO 30 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 6. CESPE - Analista Judiciário (STJ)/Administrativa/2018 (e mais 7 concursos) Texto CB1A1BBB O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres. Uma vez que todos esses pressupostos são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão da universalidade dos direitos humanos se tornou tão acesamente debatida. Boaventura de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. Internet: <www.dhnet.org.br> (com adaptações). Acerca do texto CB1A1BBB e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se segue. O texto é essencialmente dissertativo-argumentativo e nele o autor expressa sua opinião a respeito do assunto tratado. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: O autor expõe informações acerca do tema durante grande parte do texto. Ao final, emite um juízo de valor acerca do assunto, levantando uma necessidade de questionamento. Resposta: CERTO 7. CESPE - Assistente de Aluno (IFF)/2018 (e mais 3 concursos) Texto O alemão Max Weber, um dos mais renomados pensadores sociais, fundador e expoente da teoria sociológica clássica, elaborou um conceito de burocracia baseado em elementos jurídicos do século XIX, concebidos por teóricos do direito. A divisão e distribuição de funções, a seleção de pessoal especializado, os regulamentos e a disciplina hierárquica são fatores que fazem da burocracia moderna o modo mais eficiente de administração, tanto na esfera privada (em uma empresa capitalista) quanto na administração pública. O leigo, em geral, costuma criticar o aparelho burocrático da administração pública devido à sua rigidez administrativa, inadequação das normas e grande quantidade de regulamentos. Esses aspectos produzem resultados contrários aos esperados pelo cidadão, como, por exemplo, a lentidão dos processos. De fato, a crescente racionalidade do sistema burocrático tende a gerar efeitos negativos, que podem diminuir drasticamente a eficiência de uma organização ou sociedade. Em contrapartida, novos modelos de estruturas burocráticas, alternativos ao modelo weberiano, têm sido experimentados. Burocracia: Max Weber e o significado de ‘burocracia’ Internet: <https://educacao uol com br> (com adaptações) 31 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 O texto tem, predominantemente, a função de a) divertir o leitor. b) informar o leitor. c) dialogar com o leitor. d) convencer o leitor de algo. e) narrar um fato ao leitor. RESOLUÇÃO Trata-se de um texto meramente expositivo, em que o autor enumera uma série de informações relacionadas ao tema da burocracia. Resposta: B 8. CESPE - Auxiliar em Administração (IFF)/2018 Texto Sete anos após receber o título de Patrimônio Cultural do Brasil, o Complexo Cultural Bumba Meu Boi, uma das manifestações culturais mais marcantes do estado do Maranhão, pode receber reconhecimento internacional. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) entregou ao Ministério das Relações Exteriores o dossiê de candidatura dessa manifestação cultural ao status de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título é conferido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O Bumba Meu Boi é uma apresentação que mistura brincadeira, música, dança e artes cênicas. Os participantes dramatizam a história dos personagens Pai Francisco e sua mulher grávida, Mãe Catirina. Pai Francisco rouba a língua de um dos bois da fazenda onde trabalhava para satisfazer os desejos de Catirina. O dono da fazenda, porém, perdoa o trabalhador após os participantes do folguedo recuperarem a saúde do boi. A história termina com uma festa para celebrar o final feliz de todos. Internet: <www brasil gov br> (com adaptações) O texto é um(a) a) conto. b) crônica. c) ensaio. d) artigo de opinião. e) notícia informativa. 32 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 RESOLUÇÃO: Trata-se de um relato objetivo e impessoal acerca de um fato, como foco narrativo em 3ª pessoa, apresentados de forma linear. São marcas, portanto, de uma notícia de jornal. Resposta: E 9. CESPE - Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (IFF)/Administração/2018 (e mais 19 concursos) Educar para a transcendência é tentar estabelecer um equilíbrio entre a educação para a sobrevivência e a educação para a transcendência. Explico melhor: a educação tem sido até hoje, na melhor das hipóteses, uma transferência cultural que oferece aos jovens a possibilidade de sobreviver dentro da sua cultura, entendida como modo de vida. Isso ocorre no contexto das formas mais tribais da educação, até nas mais sofisticadas, mas não menos egoístas. Com a evolução da espécie humana ― que existe diferenciada dos animais há 4 ou 5 milhões de anos ―, foi se acentuando a nossa diferença fundamental em relação aos animais: consciência do espaço temporal em que vivemos — isto é, consciência do começo e do fim da vida — e curiosidade intensa sobre o que éramos antes e o que iremos ser depois. Ao penetrarmos, conscientemente, nesse campo desconhecido por meio do raciocínio, da filosofia e, por que não, da ciência, estaremos no caminho da transcendência. É preciso que a educação nos prepare para esse caminho com o qual poderemos entender melhor de onde viemos e para onde vamos. Isso nos tornará mais humildes, mais humanos e mais éticos. Estes dois aspectos, ética e transcendência, andam juntos e só se logram com uma maior abertura e um conteúdo humanístico e filosófico cadavez maior no processo educativo. José Aristodemo Pinotti Discurso [sobre o processo de discussão da reforma universitária] Internet: <www camara gov br> (com adaptações) O texto é essencialmente a) descritivo. b) narrativo. c) expositivo. d) argumentativo. e) injuntivo. RESOLUÇÃO: O autor deixa claro, ao longo do texto, seu juízo de valor acerca dos caminhos a serem trilhados pela educação. É fato que o texto traz várias informações, mas estas servem de suporte para a defesa de um ponto de vista, objetivo principal do texto. Trata-se, portanto, de um texto argumentativo. Resposta: D 33 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 10. CESPE - Ag (TCE-PB)/TCE-PB/Documentação/2018 Texto O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o papel forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens. No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais simples, a escrita teve como missão conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escritas podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites. O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos, foi considerado um perigo tão grande quanto seu contrário. Embora fosse temido, o apagamento era necessário, assim como o esquecimento também o é para a memória. Nem todos os escritos foram destinados a se tornar arquivos cuja proteção os defenderia da imprevisibilidade da história. Alguns foram traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois escrever de novo. Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino Ferreira. São Paulo: UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações). Predomina no texto a tipologia a) narrativa. b) prescritiva. c) argumentativa. d) descritiva. e) expositiva. RESOLUÇÃO COMENTÁRIOS: Tipologia textual diz respeito às diferentes formas que um texto pode apresentar. Assim, um conjunto de enunciados é estruturado de acordo com sua intenção comunicativa e com suas características predominantes. ALTERNATIVA A: A narração é uma história contada por um narrador, e o texto em análise tem caráter dissertativo. ALTERNATIVA B: Texto prescritivo, como uma receita médica, tem a finalidade de orientar ou de instruir acerca de algo, o que não ocorre no texto em análise. ALTERNATIVA C: O texto não argumenta, porque não há uma tese sendo defendida. Assim, o autor não procura convencer o leitor a respeito de um ponto de vista. 34 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 ALTERNATIVA D: O texto descritivo, geralmente, serve para enriquecer o texto narrativo. Muitas vezes, cria-se um “retrato verbal” daquilo que se descreve, a fim de tornar o texto mais visual. Apresenta, pois, de forma detalhada, detalhes específicos sobre algo. ALTERNATIVA E: O texto expõe a importância que teve a escrita na sociedade, com ênfase no seu papel de dominar a inquietação do homem diante do medo do esquecimento que assolou a sociedade europeia em determinado momento de sua história, que corresponde à sua primeira fase de modernidade. Resposta: E 11.CESPE – MPE/PI - 2018 Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas: infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações. Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os itens a seguir. A presença de um narrador é um dos elementos textuais que permitem classificar o texto como narrativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: De fato! O texto traz um narrador- personagem – foco narrativo em 1ª pessoa. Além do elemento narrador, é possível identificar personagens (Geraldo Viramundo e o próprio narrador), tempo (uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo), espaço (Ouro Preto) e enredo (as aventuras de Viramundo em Ouro Preto). Resposta: CERTO 12. CESPE – MPE/PI - 2018 Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam (500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston, inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o Atlanta Journal Constitution. Revista da Semana, dez./2008 (com adaptações). 35 de 62| www.direcaoconcursos.com.br Língua Portuguesa para Auditor do TCU Prof. José Maria Aula 09 Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado. O texto é essencialmente informativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO: De fato! O principal objetivo do texto é detalhar o conteúdo da obra 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam. Entenda-se “essencialmente” não como “exclusivamente”, mas sim “predominantemente”. Não se pode afirmar que o texto seja exclusivamente informativo, pois há juízo de valor manifestado por parte do autor no trecho: “moda que parece ter contagiado o planeta”. Mas é correto afirmar que predomina no texto o caráter informativo. O item, portanto, está CERTO! Resposta: CERTO Texto para as questões 13 a 14 A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes, engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que chegou o seu trabalho. — Até o ponto a que chegou o seu trabalho? — perguntei. — Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas, mas realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse depositada dentro do raio de suas investigações, esses rapazes, sem dúvida, a teriam encontrado. Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo aquilo com a máxima seriedade. — As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia em serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo conjunto de recursos altamente engenhosos é, para o delegado, uma
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