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Sistema Lean 6 Sigma Sistemas de Planejamento e Controle Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Mariana Navega Custodio de Souza 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Sistemas de Planejamento e Controle Para início de conversa... ................................................................................ 4 Objetivo ......................................................................................................... 4 1. Definição e Conceituação .......................................................................... 5 1.1 A Produção e o Surgimento da Produção em Massa ................. 5 1.2 Evolução ................................................................................................... 6 1.3 A Contribuição de Frederick Winslow Taylor ................................ 6 1.4 A Contribuição de Henry Ford ........................................................... 7 1.5 A Produção em Massa Começa a Perder Força ............................ 8 1.6 Trabalho Padronizado .......................................................................... 9 1.7 Administração da Produção ............................................................... 10 2. Tipos de Operações .................................................................................... 10 2.1 Produção na Organização ................................................................... 10 2.2 Operações ............................................................................................... 11 2.3 Níveis de Análises das Operações ................................................... 12 2.4 Relação de Operações com Características dos Processos Produtivos ................................................................................................. 12 3. Eficácia versus Eficiência ........................................................................... 13 Referências ......................................................................................................... 15 Sistema Lean 6 Sigma 3 Para início de conversa... Neste capítulo, vamos falar sobre conceitos e definições iniciais de planejamento e controle e como isso evoluiu com o tempo. Estudaremos os primórdios da produção em larga escala e a evolução dos métodos de produção e sua relação com as necessidades históricas de cada época. Nos primeiros estudos relacionados à produção em maior escala, como os de Frederick Winslow Taylor (1856-1915) e Henry Ford (1863-1947), a preocupação das fábricas versava sobre questões internas, sem atenção às necessidades e anseios externos, ou seja, dos clientes. Também são o foco de estudo desta unidade os tipos de operações e o entendimento dos conceitos de eficiência e eficácia. Objetivo Introduzir temas fundamentais para entendimento dos sistemas de produção, planejamento e controle. Sistema Lean 6 Sigma 4 1. Definição e Conceituação Neste tópico, apresentaremos fundamentos teóricos básicos necessários ao estudo do sistema Lean Seis Sigma, introduzindo e discutindo conceitos fundamentais, como produção, produção em massa e sistemas de produção. 1.1 A Produção e o Surgimento da Produção em Massa Os primeiros objetos fabricados pela humanidade eram feitos de forma artesanal. O homem aprendeu, inicialmente, a modificar os elementos existentes na natureza, como pedras e troncos de árvore, até transformá-los em algo de utilidade no dia a dia da época. Com o passar do tempo, os objetos artesanais evoluíram. Souza (2014) afirma que o artesanato como forma mais usada para produzir durou até a Idade Média e, a partir do século XVIII, teve início a Revolução Industrial, com a mecanização dos sistemas de produção e, dessa forma, uma fabricação em maior escala. A introdução das máquinas na produção revolucionou a maneira de produzir e acelerou o ritmo de produção. A Figura 1 apresenta um desenho de homens no processo de transformação artesanal de sapatos. Figura 1: Artesãos. Fonte: Blog Indústria e Arte (2016). “[...] não se tem ideia de uma data precisa do aparecimento do artesanato, porém, historiadores revelam que as artes manuais existem desde o período neolítico (6000 a.C.).” (MIRANDA, 2019, n.p.) Sistema Lean 6 Sigma 5 1.2 Evolução No século XX, a forma de organização que passou a dominar foi a organização industrial, que contribuiu para o aumento nos índices de produtividade e progresso econômico (COSTA, 2000). A Revolução Industrial trouxe a introdução de máquinas no processo de transformação de recursos naturais em produtos acabados e com utilidade. Tais máquinas garantiram celeridade ao processo de fabricação de produtos acabados e, por isso, houve um salto na velocidade de fabricação nessa época. A gestão da produção, entretanto, não acompanhou a evolução, ou seja, o aumento na velocidade da fabricação de produtos tinha mais relação com a introdução de máquinas no processo do que com uma gestão que compreendesse a melhor maneira de organizar a produção, de modo a torná-la mais rápida (SOUZA, 2014). Na estrutura industrial da época, em que a produção em massa começou a ganhar forma, a produção era feita em altos volumes padronizados, em empresas de grande porte, geralmente burocratizadas e com o emprego de mão de obra de baixa qualificação na execução de tarefas fragmentadas e repetitivas (COSTA, 2000). Liker e Meier (2007) comentam que a produção em massa trouxe a padronização das atividades, baseando-se nos princípios da engenharia industrial de Frederick Winslow Taylor. Vejamos, a seguir, suas contribuições para a produção em massa. 1.3 A Contribuição de Frederick Winslow Taylor Em meados do século XX, dois engenheiros formularam os trabalhos pioneiros a respeito da administração da produção. Um deles foi Frederick Winslow Taylor, que desenvolveu a escola da administração científica, preocupada em aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho do operário (CHIAVENATO, 2007). Segundo Schachter (2010), Taylor foi o primeiro a propor experimentos para descobrir quanto tempo um trabalhador qualificado deve levar para fazer um trabalho se os materiais e orientações corretos estiverem disponíveis. A contribuição-chave de Taylor para a inovação em produção Figura 2: Frederick Taylor. Fonte: Wikimedia. Sistema Lean 6 Sigma 6Sistema Lean 6 Sigma foi considerar o trabalho na fábrica um assunto digno de estudo sistemático, da mesma forma que as profissões tradicionais, como a medicina, exigiam estudo. Taylor acreditava que experimentos baseados em movimentos e tempos de cada atividade poderiam desenvolver métodos de produção mais assertivos. A ideia de Taylor era estudar a forma mais eficiente de realizar as tarefas e treinar os trabalhadores, dando feedback adequado quanto ao seu desempenho, de modo a garantir uma produção mais efetiva (SCHACHTER, 2010). Entretanto, um feedback adequado exigia supervisão. No esquema de Taylor, cada trabalhador deveria ter um “chefe de gangue”, para supervisionar a colocação do material na máquina; um chefe de velocidade, para a operação em si da máquina; um chefe de reparos, incumbido dos reparos do aparelho; e um inspetor, para verificar a qualidade. Quando o gerenciamento é bem-sucedido, gerentes e trabalhadores cooperam entre si,porque ambas as partes percebem que podem ganhar aumento de produção (SCHACHTER, 2010). “Filho de um rico advogado, Taylor nasceu em 1856, na cidade da Filadélfia, no estado da Pensilvânia. Quando ele era estudante, teve um professor de matemática que, depois de ensinar cada lição, dava exercícios para a turma resolver no tempo restante da aula. O jovem Taylor sempre terminava antes dos colegas. Em vez de aproveitar para fazer bagunça, ele não se conformava em ficar ocioso. Desde então, Taylor ficou obcecado por comparar o tempo gasto por diferentes indivíduos na execução de uma mesma tarefa.” (CARLOS, 2007, n.p.) 1.4 A Contribuição de Henry Ford Outro engenheiro que desenvolveu trabalhos pioneiros a respeito da administração da produção foi Henry Ford. Não à toa, Ford é conhecido como o “pai” da produção em massa, mas suas contribuições vão além, oferecendo valiosas lições para plataformas de fabricação de produtos (ALIZON; SHOOTER; SIMPSON, 2009). Uma das contribuições de Ford para as produções em alta escala foi a linha de montagem. As linhas de montagem foram e têm sido um desenvolvimento Figura 3: Henry Ford. Fonte: Wikimedia. Sistema Lean 6 Sigma 7 significativo no gerenciamento de operações, permitindo um alto volume de produção, padronização e baixo custo (ALBERNATHY, 1978; PIORE; SABEL, 1984, JONES; ROOS, 1990 apud WILSON, 2014). De todos os industriais que tornaram a vida mais fácil durante o século XX, Ford é, indubitavelmente, um dos mais conhecidos. Muitas pessoas conhecem Henry Ford e sabem que foi ele quem introduziu a linha de montagem em produção, tornando possível produzir praticamente qualquer coisa em massa (CARTER, 2019). Ford acreditava que simplicidade significa oferecer o melhor serviço da maneira mais conveniente de uso, sendo uma parte importante dos processos. Ele acreditava que uma maneira de desenvolver processos e que poderia funcionar para praticamente qualquer coisa, como um sapato, um vestido, uma máquina ou um avião, seria encontrar uma ideia que atendesse ao objetivo e, depois, eliminar as partes que são inúteis ao processo (FORD, 1922). 1.5 A Produção em Massa Começa a Perder Força Segundo Pine II (1994 apud GUSMÃO, 1997), durante ¾ do século XX, as empresas industriais atuaram dentro dos princípios do sistema de produção em massa, ou fordismo, até aqui discutido. Dessa forma, e sob a influência do sistema de produção em massa, os membros da cadeia produtiva atuaram conforme os princípios de eficiência e alta produção a baixos custos. No entanto, as transformações ocorridas após esse período afetaram as empresas e provocaram mudanças dramáticas na estrutura dessa cadeia (GUSMÃO, 1997). Tais transformações indicavam que o sistema de produção em massa estava sendo substituído. O mercado se tornou mais heterogêneo com o advento da crescente globalização, exigindo cada vez mais qualidade, velocidade, flexibilidade e preços baixos. Todas essas novas exigências sugerem que o sistema de produção em massa não tem mais espaço e, na verdade, estaria sendo substituído por um novo modelo de customização maciça. A palavra “customização” vem da palavra inglesa customer, que significa cliente, e identifica o modelo no qual sua característica fundamental é a orientação para o cliente. Dessa forma, customização maciça seria a produção intensa de itens diferenciados para atender às necessidades individuais dos clientes. Entende-se, em suma, que, dessa forma, o sistema de produção em massa precisava ser substituído por um método que entendesse as necessidades dos clientes e obtivesse um processo capaz de produzir produtos customizados (GUSMÃO, 1997). Sistema Lean 6 Sigma 8 1.6 Trabalho Padronizado Segundo Ferro (2004 apud SOUZA, 2014), trabalho padronizado é a definição precisa das atividades de todos os operadores. Liker e Meier (2007) afirmam que a lógica do trabalho padronizado é a intenção de manutenção dos níveis de qualidade, produtividade e segurança. Vejamos, a seguir, a definição desses termos: Qualidade: Segundo Toledo et al. (2013), se, por um lado, a palavra “qualidade” é significativamente difundida junto à sociedade, por outro, existe pouco entendimento e até uma certa confusão quanto ao seu uso. A confusão existente se deve ao subjetivismo associado à qualidade e também ao uso genérico com que essa palavra é empregada para representar coisas bastantes distintas. Já segundo Slack, Chambers e Johnston (2018, p.644), “qualidade é a consistente conformidade com as expectativas dos consumidores”. Produtividade: Slack, Chambers e Johnston (2018) explicam que produtividade é igual ao resultado da divisão de “saídas” por “entradas”. As medidas de “entradas” e “saídas” são usadas de modo que comparações de produtividade possam ser feitas, por exemplo, na indústria automobilística, em que a produtividade é algumas vezes medida em termos de carros produzidos por ano. Segurança: De acordo com o dicionário on-line Dicio, segurança pode ser conceituada como: “Situação do que está seguro; afastamento de todo perigo”. Figura 4: Trabalho Padronizado. Fonte: Adaptado Dreamstime. Sistema Lean 6 Sigma 9 O estabelecimento de um padrão nos processos e procedimentos é requisito-chave para a criação do desempenho consistente. A obtenção de melhorias nos padrões é facilitada quando os padrões de operação estão previamente definidos. Um processo não padronizado é, muitas vezes, aleatório e caótico. Segundo Liker e Meier (2007), os requisitos mínimos para a implantação do trabalho padronizado são: ▪ a tarefa ser passível de repetição; ▪ a linha de produção e os equipamentos serem confiáveis; ▪ o tempo de parada ser mínimo; ▪ os problemas de qualidade serem mínimos. Além disso, os produtos devem ter o mínimo de defeitos e ser coerentes com os principais parâmetros. 1.7 Administração da Produção A administração da produção trata de como as organizações produzem bens e serviços. Muito do que é utilizado pelas pessoas, como vestuário, alimentação e demais utilidades, é fabricado com contribuição de gerentes de operações que organizam as produções dos produtos finais. Figura 5: Peças dentro do sistema de gerenciamento e controle da produção. Fonte: Dreamstime. 2. Tipos de Operações Operações de processos de produção estão voltadas para atividades de produção de bens físicos ou atividades desenvolvidas em empresas que prestam serviços. 2.1 Produção na Organização A função de produção é central para as organizações, visto que estas produzem os bens e serviços que são a razão de sua existência. A função Sistema Lean 6 Sigma 10 de produção, no entanto, não é a única e nem, necessariamente, a mais importante função organizacional. Todavia, neste capítulo, vamos nos concentrar em discutir apenas esta. 2.2 Operações Todas as operações produzem produtos e serviços por meio da transformação de entradas em saídas, o que pode ser chamado de processo de transformação. A Figura 6 ilustra o modelo geral de produção. Em resumo, a produção envolve um conjunto de recursos de entrada usado para transformar algo, ou para ser transformado, em bens e serviços. Recursos de ENTRADA SAÍDA de produtos ou serviçosProcessamento Figura 6: Modelo geral de produção. Fonte: Elaborada pela autora. Embora todas as operações possam ser vistas conforme esse modelo entrada-processo de transformação-saída, elas possuem entradas, saídas e processos específicos. Perceba que uma fábrica de automóveis e um hospital podem parecer similares quando avistados de determinada distância, entretanto, ao avaliar essas duas operações de perto, é possível observar significativas diferenças. A fábrica de automóveis produz produtos, os carros, enquanto o hospital produz o atendimento de serviços a pacientes e pode alterar suas condições fisiológicas (SLACK; CHAMBERS, JOHNSTON, 2018). Internamente, as operações exemplificadas da fábrica e do hospital são diferentes. A fábricatem atividades como conformação de metais, soldagem e processos de montagem; por sua vez, o hospital tem operações de diagnóstico e assistência, por exemplo. Assim como diferentes operações, a entrada de recursos também é representativamente diferente, sendo, por exemplo, metal e plástico, em um caso, e pessoas, no outro. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2018), as entradas de um processo de transformação são geralmente chamadas de materiais, informações ou consumidores, em que operações que processam materiais podem transformar suas propriedades físicas, como as fábricas de roupas, que transformam tecidos em vestuário. Já operações que processam informações podem transformar suas propriedades informativas, como contadores e operações, que processam consumidores e podem alterar suas propriedades físicas de forma similar aos processadores de materiais, como os cabeleireiros. Sistema Lean 6 Sigma 11 Conforme anteriormente salientado, os processos existem para produzir produtos e/ou serviços. Ainda que produtos e serviços sejam diferentes, essa distinção pode ser sutil. Uma diferença intuitiva é a tangibilidade: em geral, produtos são tangíveis e é possível tocar neles, a exemplo de uma camiseta; muitos serviços, por sua vez, são intangíveis, como a informação de uma consultoria. Algumas operações produzem produtos apenas, ou serviços apenas, mas muitas produzem os dois. Uma hamburgueria delivery, por exemplo, produz o produto hambúrguer, que é tangível, mas também produz o serviço de entrega, que é intangível. Dentro de cada operação, os mecanismos que transformam entradas em saídas são chamados de processos. Sendo assim, podemos dizer que processo é um conjunto sequencial e particular de ações com um objetivo. 2.3 Níveis de Análises das Operações Slack, Chambers e Johnston (2018) afirmam que a administração da produção pode usar o modelo entrada-transformação-saída para analisar o negócio em diferentes níveis. Um deles seria a função produção de um negócio, em que qualquer operação pode ser vista como parte de uma rede mais ampla de operações ou de outros negócios. A operação do negócio anterior suprirá as necessidades da operação do negócio posterior. Assim, existirão operações no processo que irão suprir as necessidades da operação seguinte, que, por sua vez, também irão suprir as necessidades da operação seguinte, até que se chegue ao cliente. Dessa forma, pode-se dizer que cada operação pode ter múltiplos fornecedores e múltiplos consumidores, assim como pode estar em concorrência com outras operações que produzem serviços similares. Essa coleção de operações é chamada de rede de suprimentos. Cada processo é, ao mesmo tempo, um fornecedor interno e um consumidor interno. Esse conceito de consumidor interno fornece um modelo para analisar atividades internas de uma operação. Também é significativo ressaltar que, ao tratar os consumidores internos da mesma forma que se trata os consumidores externos, a eficácia de toda operação pode ser melhor. 2.4 Relação de Operações com Características dos Processos Produtivos Ainda que as operações possuam o modelo geral de produção “entrada- processamento-saída”, segundo Slack, Chambers e Johnston (2018), elas possuem características diferentes, dentre as quais quatro são particularmente importantes: Sistema Lean 6 Sigma 12 ▪ volume de produto acabado; ▪ variedade de produto acabado; ▪ variação de demanda do produto acabado; ▪ visibilidade dos consumidores em relação à produção dos produtos acabados. Tais características influenciam as operações dos processos de produção e, por isso, é significativo avaliar cada uma delas. O parâmetro volume de produção, conforme mencionado, tem relação com a quantidade de produtos acabados que são produzidos. Volumes muito altos de produção possuem, geralmente, operações com tarefas altamente repetitivas, principalmente quando existem poucas variedades nas especificações dos produtos fabricados, ou seja, pouca variedade de produtos oferecidos aos clientes, produtos altamente padronizados. O parâmetro variedade de produtos também impacta as operações de produção. Operações com altíssima variedade de produtos podem implicar operações menos padronizadas, menos repetitivas. Já a alta variedade aliada ao pouco volume de produção muitas vezes operacionaliza as atividades do processo no modelo de projeto. A variação de demanda, por sua vez, é um parâmetro que deve buscar operações flexíveis que consigam se adaptar às mudanças no interesse pelo produto ou serviço no tempo. O parâmetro visibilidade, que diz respeito ao nível de exposição dos processos de produção aos clientes, influencia a operação no que se refere ao atendimento, por exemplo. É esperado que profissionais da “linha de frente”, ou seja, aqueles que lidam diretamente com os clientes finais de um produto ou serviço, tenham maior grau de experiência e expertise em lidar com pessoas. 3. Eficácia versus Eficiência Ao pensarmos em gerenciar, uma das questões levantadas é: Como saber se a empresa vai bem ou mal? Para isso, os indicadores de desempenho podem ajudar a identificar a saúde da empresa. Sem dúvidas, os indicadores de custo financeiro, por exemplo, podem contribuir para a avaliação do sucesso organizacional. Imagine que você possua um indicador que prove que suas entradas de caixa foram superiores às suas saídas de caixa. É intuitiva a ideia de que esse saldo positivo no caixa da sua empresa é um bom indicador. Para uma análise profunda da real situação do sucesso organizacional, entretanto, geralmente é necessária a avaliação de um conjunto de indicadores, e não apenas de um. A eficiência e a eficácia são indicadores vastamente reconhecidos como importantes para a organização e, por isso, são muito utilizados Sistema Lean 6 Sigma 13 Figura 7: Colaborador eficiente x colaborador não eficiente. Fonte: Dreamstime. nas análises organizacionais. Quando há redução de custos ou perdas ao realizar determinada tarefa, um colaborador pode ser considerado eficiente. O conceito de eficiência está relacionado ao custo-benefício da operação: quanto menores o esforço e o gasto de recursos para a realização de uma tarefa, maior é a eficiência do trabalho produzido. Um exemplo de eficiência seria um setor conseguir melhorar os resultados de um mês para o outro, mas com a utilização dos mesmos recursos. A eficiência está relacionada à melhoria de processos de trabalho e à geração de economias ao fazer um mesmo serviço. Já a eficácia consiste em fazer o que deve ser feito, ou seja, obtendo um resultado satisfatório. A preocupação, nesse caso, é a qualidade da entrega, e não a redução dos custos ou dos recursos da operação; aqui, o foco é que o desempenho alcance os objetivos e as metas estipuladas inicialmente (ROCK CONTENT, 2018). A eficácia tem relação com o objetivo traçado – quando uma pessoa consegue completar uma missão que lhe é dada, pode-se dizer que ela foi eficaz. Já a eficiência tem a ver com a utilização de recursos utilizados para completar o respectivo objetivo, ou seja, se duas pessoas realizam uma atividade no mesmo grau de excelência, mas uma faz mais rápido, isso significa que ela foi mais produtiva, mais eficiente e que utilizou melhor o recurso tempo. A Figura 7 faz uma brincadeira didática com a analogia de um colaborador eficiente, que utiliza o recurso tempo de forma mais produtiva, pois trabalha e produz, versus um outro colaborador menos eficiente, que não sabe utilizar bem o recurso tempo. Chegamos ao final deste capítulo, no qual apresentamos requisitos conceituais importantes para a posterior introdução aos conceitos e métodos do sistema Lean Seis Sigma. Estudamos os primórdios da fabricação de produtos, quando ainda eram feitos por artesãos, bem como a evolução da produção com os conceitos de Taylor e Ford, que visavam a um gerenciamento da produção mais relacionado às necessidades internasdo que Sistema Lean 6 Sigma 14 às necessidades externas (consumidores) à organização, uma grande diferença em relação aos dias atuais. Essa diferença é significativa para entender que o gerenciamento das operações tem muita relação com as necessidades de cada época, e não foi diferente com o surgimento do sistema Lean Seis Sigma. Hoje, vivemos uma época em que as empresas têm uma preocupação crescente com as necessidades dos clientes, que, por sua vez, se tornaram mais exigentes e seletivos. Com isso, a concorrência obriga diversas empresas a melhorarem seu atendimento aos clientes e a aumentar investimentos em produtos mais adequados aos consumidores modernos. Referências ALIZON, F.; SHOOTER, S. B.; SIMPSON, T. W. Henry Ford and the Model T: lessons for product platforming and mass customization. Design Studies, v. 30, n. 5, p. 588-605, 2009. BLOG INDÚSTRIA E ARTE. Os primeiros artesãos e a urbanização das cidades. 2016. Disponível em: industriaearte.blogspot.com/2016/09/os- primeiros-artesaos-e-urbanizacao-das.html. Acesso em: 27 abr. 2020. CARLOS, C. S. Frederick Winslow Taylor: o senhor do tempo. Aventuras na História, 2007. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ noticias/acervo/frederick-winslow-taylor-senhor-tempo-435026.phtml. Acesso em: 27 abr. 2020. CARTER, J. F. Henry Ford: a curiosa vida de um dos maiores visionários da história. São Paulo: Golden Pages, 2019. CHIAVENATO, I. Administração. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2007. COSTA, A. B. Inovações e mudanças na organização industrial. Ensaios FEE, v. 21, n. 2, p.7-31, 2000. Disponível em: https://revistas.fee.tche.br/ index.php/ensaios/article/view/1971. Acesso em: 27 abr. 2020. DICIO. Segurança. Disponível em: https://www.dicio.com.br/seguranca/. Acesso em: 27 abr. 2020. Sistema Lean 6 Sigma 15 https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/1971 https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/view/1971 https://www.dicio.com.br/seguranca/ FORD, H. My life and work. First published in 1922. Enhanced Media, 2017. GUSMÃO, S. L. L. A influência da customização sobre a cadeia produtiva: uma interpretação analítica. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 17, 1997, Gramado. Anais… Gramado: ENEGEP, 1997. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_ T5202.PDF. Acesso em: 18 maio 2020. LIKER, J. K.; MEIER, D. O Modelo Toyota: manual de aplicação. Tradução Lene Belon Ribeiro, 2007. MIRANDA, L. Curiosidade sobre a história do artesanato. 2019. Disponível em: https://www.ferpam.com.br/blog/curiosidade-sobre-a-historia-do- artesanato.html. Acesso em: 27 abr. 2020. ROCK CONTENT. Eficiência, eficácia e efetividade: saiba quais são os três Es da administração e qual a diferença entre eles. 2018. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/eficiencia-eficacia-efetividade/. Acesso em: 27 abr. 2020. SCHACHTER, H. L. The role played by Frederick Taylor in the rise of the academic management fields. Journal of Management History, v. 16, n. 4, p. 437-448, 2010. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2018. SOUZA, M. N. C. Implementação da manufatura enxuta em uma indústria metalúrgica. 2014. Dissertação (Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. TOLEDO, J. C. et al. Qualidade: gestão e métodos. Rio de Janeiro: LTC, 2013. UCHOA, F. R. M.; SANTOS, S. C. F.; MARQUES, C. A. N. Análise do processo de atendimento ao cliente em uma empresa de transporte intermunicipal. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 39, 2019, Santos. Anais… Santos: ENEGEP, 2019. Disponível em: http://www. abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_290_1634_38188.pdf. Acesso em: 27 abr. 2020. WILSON, J. M. Henry Ford vs. assembly line balancing. International Journal of Production Research, v. 52, n. 3, p. 757-765, 2014. Sistema Lean 6 Sigma 16 http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T5202.PDF http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T5202.PDF http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_290_1634_38188.pdf http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_290_1634_38188.pdf Histórico da Administração de Recursos Humanos Para início de conversa… Objetivos Sistemas de Planejamento e Controle Para início de conversa... Objetivo 1. Definição e Conceituação 1.1 A Produção e o Surgimento da Produção em Massa 1.2 Evolução 1.3 A Contribuição de Frederick Winslow Taylor 1.4 A Contribuição de Henry Ford 1.5 A Produção em Massa Começa a Perder Força 1.6 Trabalho Padronizado 1.7 Administração da Produção 2. Tipos de Operações 2.1 Produção na Organização 2.2 Operações 2.3 Níveis de Análises das Operações 2.4 Relação de Operações com Características dos Processos Produtivos 3. Eficácia versus Eficiência Referências:
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