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Análise Territorial Brasilândia

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FIAM-FAAM Centro Universitário 
ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
DIELY ALVES DO CARMO 
 
 
 
 
 
Análise Territorial 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2021 
Acredita-se que o caos urbano e a precária situação das cidades brasileiras, que 
lidam com problemas como favelas, falta de saneamento, violência, falta de 
transporte público adequado, e outros fatores negativos não é resultante apenas 
da natureza da aglomeração por si só, mas sim pela forma que a sociedade se 
organizou ao longo do tempo. A desigualdade social é histórica, no Brasil, desde 
o século XIX, a segregação socioespacial entre escravos e donos de terras, e 
depois, com a industrialização no século XX ocorrida em São Paulo que levavam 
operários, imigrantes e ex-escravos para os bairros insalubres e periferias, 
afastando-os da elite e da região central. 
A Brasilândia, bairro localizado na zona norte do Estado, é um exemplo claro de 
como o processo de urbanização se deu informalmente, criando aglomerados 
urbanos irregulares tanto em termos fundiários como em termos urbanísticos. A 
partir de 1930, o estado de São Paulo obteve uma grande demanda de 
imigrantes nordestinos, sendo necessário a criação de uma grande quantidade 
de núcleos residenciais, exatamente nesta época que a região passou a ter um 
crescimento intenso e desenfreado. A infraestrutura do bairro potencializou esse 
crescimento, o comércio local passou a se desenvolver bruscamente, na 
expectativa de atender a população local, o entorno de áreas verdes ao redor 
das antigas chácaras que deram origem a Brasilândia teve uma perda 
acentuada, a falta de áreas verdes nesses espaços impediu que houvesse 
melhorias na qualidade de vida dos habitantes do meio urbano e os reflexos se 
dão através do índice de desenvolvimento humano. 
Atualmente é muito comum observarmos políticas urbanas destinadas à classe 
alta, políticas que excluem ao invés de incluir, a mobilidade urbana, por exemplo, 
prioriza o transporte individual, sem investir em vias e transporte público em 
massa e postergam obras relevantes e urgentes nas periferias pobres, o 
planejamento urbano não consegue acompanhar o crescimento do bairro, que 
por sua vez passa a se desenvolver irregularmente em diversos aspectos, entre 
eles, físico, ambiental e socioeconômico. 
Essa dificuldade em atender as camadas mais pobres da população mobiliza 
setores sociais implicados com a reforma urbana e culminam na aprovação do 
Estatuto da Cidade, abrindo novas possibilidades para uma ação pública 
socialmente justa e includente, uma vez que os pobres são aceitos na cidade 
formal apenas para trabalhar, nunca para viver e morar. 
Com o mercado imobiliário crescendo desenfreadamente, e a falta de áreas para 
assentamento dos mais pobres, só restou para a população pobre se instalar em 
regiões onde nem o Estado nem o mercado imobiliário podem atuar - áreas de 
proteção ambiental, beiras de córregos, mananciais, encostas de florestas, etc. 
na Brasilândia a crescente expansão urbana em direção à Serra da Cantareira 
é visível, nos anos 80, as áreas verdes e vegetadas eram consideravelmente 
vultosas, e o adensamento urbano não aparentava um “foco”, ou pontos de 
grandes aglomerações, ao contrário do que se observa atualmente, com a 
ocupação da maior parte do território, além do avanço dos assentamentos em 
áreas de risco geológico. 
A política habitacional para as pessoas com baixa renda, sem acesso à 
educação de qualidade e sem emprego formal e sem condições de acessar a 
terra urbanizada, se baseia no loteamento clandestino e ocupação informal e 
irregular das periferias. 
A partir da análise histórica de desigualdades, surge a necessidade de criação 
de planos diretores e instrumentos urbanísticos que garantam acesso legal às 
terras em áreas providas de boa infraestrutura e equipamento de qualidade, 
assegurando uma condição de vida digna e acesso a políticas públicas de uma 
área com índices elevados de precariedade, com muitos riscos e irregularidades 
e predominantemente ocupada por uma população de baixa renda. 
O Plano Diretor de São Paulo orienta o desenvolvimento e o crescimento da 
cidade, definindo instrumentos e estratégias que contribuam para o acesso à 
terra urbanizada e à moradia, utiliza de ferramentas urbanísticas, em especial 
àquelas pertinentes à delimitação das Zonas de Especial Interesse Social (ZEIS) 
e ao Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC), a escolha 
das ferramentas depende da leitura da região. Recomenda-se que os 
assentamentos precários do tipo favelas, loteamentos irregulares e cortiços, 
sejam delimitados como ZEIS para promover sua regularização fundiária, como 
acontece na Brasilândia, onde áreas vazias e ocupadas são delimitadas como 
ZEIS. Nessa região estão presentes ZEIS-1, áreas caracterizadas pela presença 
de favelas e loteamentos irregulares e habitadas predominantemente por 
população de baixa renda, ZEIS-2, áreas caracterizadas por glebas ou lotes não 
edificados ou subutilizados, adequados à urbanização e ZEIS-5, lotes vazios ou 
subutilizados, situados em áreas dotadas de equipamentos e infraestrutura 
urbana. A delimitação destes assentamentos como ZEIS permite adotar padrões 
urbanísticos especiais e procedimentos específicos de licenciamento, 
contribuindo para o reconhecimento da posse de seus ocupantes. As ZEIS 
podem ser combinadas a outros instrumentos, como o PEUC, para que a terra 
que se encontra sem uso e à espera de valorização seja utilizada, seja com a 
construção de Habitação de Interesse Social (HIS) ou para usos não 
residenciais, sejam eles de comércio, cultural, lazer, etc. estimulando a produção 
de interesse social dentro da comunidade. 
Entretanto, para que esses instrumentos sejam de fato aplicados, é necessário 
que haja uma distribuição efetiva da renda, a fim de diminuir as desigualdades e 
exclusões socioespaciais geradas ao longo do processo de urbanização, e 
acima de tudo apoiar posicionamentos políticos em defesa da população 
excluída, onde o Estado é o único controlador da função social das propriedades 
urbanas e indutor do crescimento das cidades, para que o Estatuto da Cidade

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