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LUTAS CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Lutas – Prof. Ms. Engels Câmara Meu nome é Engels Câmara, sou Mestre em Educação pelo Pro- grama de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos e graduado em Educação Física pelo Curso de Edu- cação Física e Motricidade Humana desta mesma instituição. Te- nho razoável experiência profissional com a disciplina Educação Física no Ensino Básico. Atualmente sou coordenador e professor dos Cursos de Licenciatura em Educação Física, presencial e à dis- tância, do Claretiano – Centro Universitário. Também coordeno o grupo de estudos em metodologia de ensino de Educação Física do Claretiano, no qual desenvolvo pesquisas referentes a novas propostas metodológicas para a Educação Física escolar. E-mail: coordeduca@claretiano.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação LUTAS Engels Câmara Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: dez./2014 796.8 C172l Câmara, Engel Lutas / Engels Câmara – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 144 p. ISBN: 978-85-8377-234-7 1. Educação. 2. Cultura corporal. 3. Ferramenta pedagógica. 4. Artes marciais. 5. Movimentos. 6. Capoeira. 7. Boxe. I. Lutas. CDD 796.8 CDD 658.151 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 9 UNIDADE 1 – LUTAS E EDUCAÇÃO 1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 19 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 19 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 20 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 20 5 ESTUDO SOBRE A CULTURA CORPORAL ......................................................... 20 6 LUTAS, CULTURA CORPORAL E EDUCAÇÃO NA ESCOLA ............................... 24 7 O PROFESSOR COMO AGENTE PRÁTICO-REFLEXIVO .................................... 28 8 LUTAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA .................................................... 30 9 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................................. 33 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 35 11 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 36 12 E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 36 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 36 UNIDADE 2 – CONHECENDO MAIS SOBRE LUTAS 1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 39 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 39 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 40 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 40 5 CONCEITUANDO ARTES MARCIAIS E LUTAS .................................................. 40 6 PROCESSO HISTÓRICO DAS ARTES MARCIAIS E LUTAS ................................ 42 7 LUTAS NO COTIDIANO: A INFLUÊNCIA E A RESPONSABILIDADE ................. 48 8 LUTAS E SUAS TÉCNICAS .................................................................................. 51 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 72 10 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 73 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 74 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 74 UNIDADE 3 – A CAPOEIRA 1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 77 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 77 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 78 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 78 5 APRESENTANDO A HISTÓRIA .......................................................................... 79 6 DE ONDE VEM A CAPOEIRA ............................................................................. 79 7 A HISTÓRIA OFICIAL ......................................................................................... 86 8 APRENDENDO OS MOVIMENTOS DA CAPOEIRA ........................................... 93 9 A MÚSICA NA CAPOEIRA ................................................................................. 105 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 112 11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 113 12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 113 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 114 UNIDADE 4 – O BOXE 1 OBJETIVOS ........................................................................................................119 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 119 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 120 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 120 5 A ORIGEM DO BOXE ......................................................................................... 120 6 O BOXE NO BRASIL ........................................................................................... 126 7 AS TÉCNICAS DO BOXE .................................................................................... 137 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 142 9 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 142 10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 143 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 144 CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Aspectos conceituais relacionados com as Lutas. Aspectos Antropológicos e So- ciológicos relacionados com as Lutas. Aspectos Históricos e Fundamentais de Lutas. Lutas no contexto da Educação Básica. Ensino de Lutas na Educação Básica – Lutas enquanto mediadoras de Aprendizagens. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO A Educação Física escolar, desde a década de 1980, passou por inúmeras modificações no sentido de se adequar às teorias que surgiam naquele momento, buscando justificá-la enquanto disciplina importante para o Ensino Básico. No ano de 1996, com a promulgação da LDB no 9394/96, ela passou a ser considerada, assim como as demais, imprescindível para a formação dos alunos. Adquiriu, pelo menos na letra da lei, o status de disciplina obrigatória e que deveria ser trabalhada de acordo com a proposta pedagógica da instituição de ensino. © Lutas8 Segundo a LDB 9394/96: "a educação física, integrada à pro- posta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno" (art. 26, § 3º). Embora a mudança tenha sido positiva, não foi efetivada na prática profissional dos professores, pois o trabalho de tal discipli- na ainda é visto, por grande parte da sociedade, como espaço de prática regular de atividades esportivas e/ou recreativas com um fim em si mesmas. Ponderando que devemos levar em consideração o que diz a legislação, assim como os documentos oficiais do MEC (Parâme- tros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares da Educa- ção Infantil), o professor de Educação Física escolar deve assumir sua função formadora e construir uma prática que possibilite a im- plementação da legislação vigente. As Lutas, consideradas elementos integrantes dos conheci- mentos que devem ser discutidos pela área da Educação Física es- colar, servem ao propósito descrito anteriormente. Com elas, po- demos desenvolver trabalhos que atinjam os objetivos descritos nos documentos. Para isso, é necessário compreender o trabalho do professor de Educação Física escolar enquanto alguém que possibilita muito mais que a realização dos movimentos das Lutas ou o aprendizado de sua história. Utilizar tais conhecimentos com um fim em si mes- mos significa limitar seu potencial formador e relegar o trabalho do professor de Educação Física escolar a mero treinador. A disciplina de Educação Física na escola, como já observa- mos, possui, perante a lei, o valor que merece. Basta agora que os profissionais formados para ministrá-la consigam compreender tal importância e trabalhar no sentido de desenvolvê-la para consa- grá-la enquanto indispensável. Para auxiliar nessa compreensão, segue um fragmento de texto acerca desta discussão: Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo Educação Física é uma expressão que surge no século XVIII, em obras de filósofos preocupados com a Educação. A formação da criança e do jovem passa a ser concebida como uma educação in- tegral – corpo, mente e espírito –, como desenvolvimento pleno da personalidade. A Educação Física vem somar-se à educação in- telectual e à educação moral. Essa adjetivação da palavra educa- ção demonstra uma visão ainda fragmentada do homem. O atual currículo escolar obedece aos critérios de divisão do conhecimento que impera na ciência moderna. A matemática, as ciências, as lín- guas, a geografia, etc. correspondem às áreas do saber científico e erudito que se desenvolveram especializada e isoladamente, com base em um modelo de ciência que também remonta há dois ou três séculos. A Educação Artística, a Educação Moral e Cívica e a Educação Física não se enquadram nesses limites e ocupam hoje um lugar incômodo na Escola, o que leva ao questionamento tanto delas próprias, como da Educação escolarizada e suas finalidades. Nesse contexto, é compreensível que a tradição educacional bra- sileira tenha situado, desde a década de 1920, a Educação Física como uma atividade complementar e relativamente isolada nos currículos escolares, com objetivos no mais das vezes determina- dos de fora para dentro: treinamento pré-militar, eugenia, naciona- lismo, preparação de atletas, etc. Essa concepção demonstra hoje sinais de seu esgotamento (BETTI, Mauro; ZULIANI, Luiz Roberto. Educação física escolar: uma pro- posta de diretrizes pedagógicas. Disponível em: <http://www3.ma- ckenzie.br/editora/index.php/remef/article/viewFile/1364/1067>. Acesso em: 17 ago. 2010). Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare- mos, a seguir, no Tópico Orientações para estudo, algumas orienta- ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem geral Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan- to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico © Lutas10 necessário a partir do qual você possa construir um referencial te- órico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti- va, ética e responsabilidade social. Este estudo está dividido em quatro unidades. A Unidade 1 traz uma reflexão mais aprofundada sobre o papel do professor de Educação Física escolar em relação à disciplina e ao conteúdo Lu- tas. Em seguida, na Unidade 2 serão apresentados alguns elemen- tos que constituem as Lutas. Já nas Unidades 3 e 4, estão descritos conhecimentos sobre duas Lutas (Capoeira e Boxe) que servirão de referência para os estudos de outras modalidades. Embora a disciplina seja direcionada para o trabalho com o conteúdo Lutas, fez-se necessária uma introdução acerca de ques- tões que envolvem a prática pedagógica do professor de Educação Física e os conhecimentos da cultura corporal, descritos na primei- ra unidade. Precisamos assimilar os conceitos de cultura corporal e professor reflexivo, já que são necessários para compreender o restante da disciplina com base em uma perspectiva não conteu- dista. Tal estudo dependerá de uma análise das próprias referên- cias de quem a estuda, buscando compreender as transformações que devem acontecer para que o futuro professor consiga traba- lhar nas perspectivas apontadas. Com os conceitos de cultura corporal e professor reflexivo assimilados é possível entender como esses conceitos auxiliam na construção de aulas. Apresentaremos elementos como a história das Lutas, a relação das Lutas com a violência, o desenvolvimen- to das Lutas com pessoas portadoras de deficiência, entre outros. Não devem ser considerados os únicos nem mais importantes co- nhecimentos nessatemática, mas apenas como proposições pos- síveis. Salientamos que o conhecimento apresentado na Unidade 2 de nada servirá ao professor que pretende reproduzi-lo, tornan- do sua prática estéril e limitada. Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo A orientação anterior deve ser aplicada também às Unidades 3 e 4, pois são exemplos de conhecimentos encontrados nas lutas e, também, devem auxiliar na construção de novos conhecimen- tos. Por exemplo: na Unidade 3 (Capoeira), é preciso observar as possibilidades de discussões explícitas e implícitas, como é o caso da questão do preconceito étnico-racial e da valorização de outras culturas. No Boxe, veremos que é possível refletir sobre as ques- tões socioeconômicas dos seus praticantes. Enfim, utilizar um olhar tradicional esperando encontrar res- postas prontas e receitas de como ensinar Lutas não é recomen- dado, visto que esta obra não foi elaborada com essa finalidade. A postura desejada é que você analise criticamente para encontrar aquilo que não está presente nitidamente. Um material completo não possibilita construções. Assim, desejo que esse estudo possi- bilite múltiplos questionamentos na tentativa de exercitar a análi- se e a reflexão. Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados em Lutas. Veja, a seguir, a defi- nição dos principais conceitos: 1) Cultura Corporal: devido à tentativa de adaptação do ser humano ao meio, foram desenvolvidas atividades que au- mentassem suas possibilidades de intervenção, seja por motivos militares, uso do espaço, por questões econômi- cas, relacionadas à agricultura, à caça e pesca, assim como para rituais, festas ou vivências lúdicas. Destas experiên- cias surgiram inúmeros conhecimentos que, reelaborados culturalmente nos mais diversos grupos humanos, consti- tuem a gama de atividades pertencentes à Cultura Corpo- ral. Tratam-se, portanto, dos conhecimentos utilizados na área da Educação Física (PCNs, 1997). © Lutas12 2) Educação: de acordo com MEC (1981), trata-se do "pro- cesso de desenvolvimento de aptidões, de atitudes e de outras formas de conduta exigidas pela sociedade. Pro- cesso globalizado que visa à formação integral de uma pessoa, para o atendimento às necessidades e às aspira- ções de natureza pessoal e social" (BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Serviço de estatística educacional. Cuiabá: SEC/MT; Rio de Janeiro: FENAME, 1981, p. 144). Aqui nesse estudo, deve ser ampliado para a compreen- são também de que o sujeito que aprende o faz a partir de elementos da cultura do grupo ao qual pertence. 3) Professor reflexivo: trata-se do profissional da Educação que pensa e questiona seu trabalho docente. Desenvol- ve com competência a autonomia de desenvolvimento de projetos de ensinos e aprendizagens, interpretando, desenvolvendo e implementando propostas de inter- venção. Atende às necessidades da prática com base na criação refletida de acordo com os objetivos apresen- tados. Mesmo com a complexidade e a pluralidade en- contrada no processo educativo, tal profissional procura desenvolver estratégias na tentativa de solucionar as problemáticas encontradas. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mes- mo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas pró- prias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com- plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or- denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto- ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 17 ago. 2010). © Lutas14 Cultura Corporal (Lutas) Formação do aluno Crítico e Autônomo Objetivos da Educação Física Escolar Prática Reflexiva Figura 1- Esquema dos Conceitos-chave de Lutas. Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de um processo no qual não possui elementos mais ou menos importantes, mas que o constituem de maneira indissociável. Deixar um desses elementos de lado significa modificar todo o sistema e interromper o proces- so de formação apresentado. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas, com respostas objetivas ou dis- sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as referentes aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática profissional do professor de Educação Física escolar pode ser uma forma de você avaliar o seu conheci- mento. Assim, mediante a resolução de questõespertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no © Lutas16 texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno do curso de Licenciatura em Educação Fí- sica na modalidade EAD e futuro profissional da Educação, neces- sita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipu- ladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a esta obra, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Lutas e Educação 1. OBJETIVOS • Compreender e discutir o conceito de Cultura Corporal. • Estabelecer a relação da Cultura Corporal com o ensino de lutas na Educação Física Escolar. • Analisar e discutir sobre a prática profissional do profes- sor de Educação Física na escola. 2. CONTEÚDOS • Estudo sobre a Cultura Corporal. • Lutas, Cultura Corporal e Educação na escola. • O professor como agente prático-reflexivo. • Lutas como ferramenta pedagógica. • Objetivos da Educação Física Escolar. © Lutas20 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para o estudo desta unidade é importante que você revi- se os conceitos apontados no Plano de Ensino, na medi- da em que eles são imprescindíveis para a compreensão da discussão apresentada. 2) Procure refletir sobre os pensamentos descritos e es- tabelecer relações com suas experiências pessoais na escola. Perceba o que foi vivenciado por você e aquilo que lhe parece novo. Durante esse processo de reflexão, busque maiores informações em outras fontes. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Para iniciarmos o estudo sobre lutas na Educação Física es- colar é interessante, inicialmente, compreender a discussão de Cultural Corporal, a qual servirá de suporte para esclarecer alguns pontos bastante relevantes que compõem tal estudo. Também será importante estabelecer a relação entre os conhecimentos so- bre lutas a serem utilizados com os objetivos da educação física escolar e acerca da prática pedagógica do professor de Educação Física escolar. Você está preparado? Então, vamos lá! 5. ESTUDO SOBRE A CULTURA CORPORAL A expressão "Cultura Corporal" vem sendo bastante utiliza- da no meio acadêmico, porém é compreendida, por inúmeros au- tores, a partir de interpretações e concepções divergentes. Desse modo, torna-se necessário explicitar em qual referencial teórico nos apoiamos quando mencionamos a respeito da Cultura Corpo- ral. Claretiano - Centro Universitário 21© U1 – Lutas e Educação Muitos termos vêm sendo utilizados como sinônimos de Cul- tura Corporal como, por exemplo, Cultura Motora, Cultura Física, Cultura de Movimento, Cultura Corporal de Movimento etc. Po- rém, em determinados contextos, nem sempre devem ser com- preendidos da mesma maneira. Betti (1992, p. 285) afirma que o objetivo da Educação Física escolar é: integrar e introduzir o aluno de 1º e 2º graus no mundo da cultura física, formando cidadão que vai usufruir, partilhar, produzir, repro- duzir e transformar as formas culturais da atividade física (o jogo, o esporte, a dança, a ginástica). Nesse contexto, o autor, na busca de justificar a presença da Educação Física na escola, faz tal afirmação, procurando em outros autores fundamentos teóricos sobre o conceito de cultura física. O autor define Cultura Corporal, de maneira bem abran- gente, como parte de uma cultura humana, na qual se agrupam tanto os bens materiais como os não materiais relacionados às atividades físicas, produzidos ao longo do processo histórico do homem. O autor salienta que a Cultura Corporal também pode ser entendida como um segmento autônomo da realidade cultural, cuja característica é dada pelo "domínio dos valores e padrões das atividades físicas, dentre as quais destacamos as atividades insti- tucionalizadas", como por exemplo, no caso desta obra, as lutas. É interessante ressaltar que são atribuídas, para Cultura Cor- poral, as diferentes manifestações da luta, da dança, do jogo, da ginástica e, neste contexto, cada uma somente terá sentido e sig- nificado dependendo da cultura na qual ocorre. Coletivo de Autores (1992) apontam uma preocupação no que diz respeito à delimitação de um conhecimento específico da Educação Física escolar contrapondo-se aos pressupostos da ap- tidão física. Nesta discussão tais autores sugerem que uma teoria da prática pedagógica da Educação Física necessita estar dentro do © Lutas22 conflito entre "o que vem sendo feito e o que deveria ser" e para que tal questão seja difundida, torna-se imprescindível fazer uma "reflexão sobre a cultura corporal": Uma reflexão pedagógica sobre o acervo das formas de represen- tação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da his- tória, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mími- ca e outros, que podem ser identificados como formas de represen- tação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmentedesenvolvidas. (...) a materialidade corpó- rea foi historicamente construída e, portanto, existe uma corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e historica- mente acumulados pela humanidade que necessitam ser traçados e transmitidos para os alunos na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 38). Nesse sentido, os autores apresentam uma preocupação em mostrar ao aluno uma perspectiva de historicidade, cuja intenção é fazer com que o aluno compreenda a dinâmica das relações so- ciais das quais este faz parte. Desse modo, o aluno se sentirá hábil para interferir na sociedade de forma local e global por meio da reflexão sobre a Cultura Corporal. Kunz (1994) também critica o emprego da expressão Cultura Corporal para indicar alguma área dos conhecimentos específicos da Educação Física. Segundo o autor, tal termo pode ter inúmeras interpretações. A definição de Cultura Corporal poderá salientar a questão do dualismo corpo/mente. As duas problemáticas impor- tantes, ainda segundo Kunz (1994), seriam as possíveis interpre- tações dualistas desse termo, isto é, se há uma Cultura Corporal também deve haver a "Cultura não Corporal" (Cultura Intelectual, Cultura Mental etc.); e também a utilização do termo Cultura Cor- poral ressalta uma cultura com ênfase nos aspectos do movimento humano, mas que não é necessária, pois toda atividade cultural- mente produzida trata-se de uma atividade corporal. O autor usa o termo "cultura de movimento" conceituando- -o como todas as atividades do movimento humano, que sejam ou não esportivas, mas que fazem parte do universo do movimento humano. Claretiano - Centro Universitário 23© U1 – Lutas e Educação É relevante destacar que a expressão "cultura de movimen- to", assim como Cultura Corporal, também pode ser interpretada de forma equivocada. Quando utilizamos a expressão Cultura Cor- poral é válido lembrar que esta remete ao movimento humano sem, necessariamente, limitar-se a ele. No entanto, a "cultura de movimento" deixa de lado tudo que não está relacionado ao movi- mento humano, ou seja, tal expressão resume o objeto de estudo da Educação Física somente como movimento do corpo humano. Para exemplificarmos uma atividade corporal, advinda da nossa cultura, a qual não possui características de movimento, podemos citar as artes marciais no momento em que o aprendiz pratica a introspecção, na intenção de manter-se estático, para o próprio domínio, concentração e percepção corporal. Nesse senti- do, percebe-se que o "não movimento" é objetivo principal dessa atividade. Torna-se necessário concluir aqui que independente das di- vergências semânticas entre Cultura Corporal e "cultura de movi- mento" ou qualquer outro termo, o papel da Educação Física es- colar não é de abordar tecnicamente esses movimentos e sim de conseguir apresentar um significado, um sentido, inserido em um contexto sóciocultural para a sociedade na qual ocorre. Daolio (1995) não faz diferença entre as expressões Cultura Corporal, Cultura Motora e Cultura Física, pois tais expressões têm o mesmo conceito quando se referem ao papel da Educação Física escolar. Segundo o autor, A função da Educação Física escolar, ao nosso ver, não é ensinar o basquetebol, ou o voleibol, ou o handebol, ou o futebol, mas uti- lizar atividades valorizadas culturalmente num dado grupo para proporcionar um conhecimento que permita ao aluno, a partir da prática, compreender, usufruir, criticar e transformar as formas de ginástica, as danças, as lutas, os jogos e os esportes, elementos da chamada Cultura Motora (ou Corporal, ou Física) (DAOLIO, p. 135). Assim, precisamos compreender que a Educação Física pos- sui uma gama de conhecimentos, que são constituídos histórica e © Lutas24 culturalmente, os quais independentes de sua denominação de- vem ser apresentados aos alunos como válidos e de vital impor- tância para sua existência. Portanto, ensinar lutas na Educação Física escolar significa possibilitar o acesso a conhecimentos valiosos da Cultura Corpo- ral com base em um entendimento crítico e reflexivo acerca das atividades. 6. LUTAS, CULTURA CORPORAL E EDUCAÇÃO NA ES- COLA A disciplina de Educação Física no universo escolar, sob uma ótica da Cultura Corporal, se desvincula com a hegemonia do mo- delo tecnicista, cuja importância dada está associada à competên- cia técnica do "saber fazer". O objetivo da discussão sobre as lutas na escola, com base na perspectiva da Cultura Corporal, não é ter uma opinião conclu- siva sobre o assunto, mas sim desenvolver uma visão crítica que responda as questões que pertencem ao cenário da Educação Fí- sica escolar, direcionado para a ação, no sentido da transformação social. É relevante salientar que cada componente curricular tem a função de contribuir para a concretização dos objetivos educacio- nais da escola por meio do conhecimento específico. Segundo Saviani (1995, p. 89) "tal contribuição será tanto mais eficaz quanto mais o professor for capaz de compreender os vínculos de sua prática social global". Nessa perspectiva, torna-se necessário, para alcançar os ob- jetivos educacionais, o rompimento da Educação Física com o re- ducionismo e o biologicismo pertencentes a sua área. Porém, tal desvinculação necessita ir além da eliminação ou substituição do que já existe; torna-se prioridade, a partir dessa discussão, pro- Claretiano - Centro Universitário 25© U1 – Lutas e Educação mover uma reflexão crítica sobre os conhecimentos históricos da Educação Física que vem sendo construídos, com base nos conhe- cimentos da Cultura Corporal. Será dessa maneira que as temáti- cas referentes à área poderão ser compreendidas. É importante destacar que toda ação educativa está intima- mente relacionada à ação política, e as propostas pedagógicas es- tão fundamentadas em concepções filosóficas que contêm concei- tos e valores sobre finalidades da Educação. Toda ação educativa é também uma ação cultural, direcio- nada por representações e significados que são transmitidos por gerações, de modo que a cultura escolar nada mais é que a recons- trução da própria cultura. Segundo Giroux & Simon (1995), a escola tem um caráter de reivindicação, na qual a pedagogia é uma forma de política cultu- ral. Diante dessa perspectiva é possível planejar uma escola que seja voltada para a formação de homens capazes de atuar no meio social, opondo-se à dominação e apoiando uma sociedade mais democrática. De acordo com os autores, As escolas são formas sociais que ampliam as capacidades huma- nas, a fim de habilitar as pessoas a intervir na formação de suas próprias subjetividades e a serem capazes de exercer o poder com vistas a transformar as condições ideológicas e materiais de domi- nação em práticas que promovam o fortalecimento do poder social e demonstrem as possibilidades de democracia (p.95). Surgem, nas últimas décadas, dentro do contexto educacio- nal no Brasil, várias vertentes que se opõem ao modelo pedagó- gico cujo discurso é tradicional e tecnicista. Tais vertentes vêm de um processo de reflexão crítica do papel social da Educação. Zabala (1997, p. 27) argumenta que, A função fundamental que a sociedade atribuiu à educação tem sido a de selecionar os melhores em relação à sua capacidade para seguir uma carreira universitária ou para obter qualquer outro títu- lo de prestígio reconhecido. © Lutas26 Nesse sentido, a escola deixa de lado os processos forma- tivos pertencentes às relações de ensino-aprendizagem para dar atenção a alguns conteúdos escolhidos a partir de critérios e inte- resses dominantes. Assim, a escola tem explicitado uma concepção de formação tecnocrática e especializada, isto é, tecnicista e instrumentalizada, não conseguindo desvincular a aprendizagem como "transmissão" de conteúdos. Ao deixar para trás a história sóciocultural dos alu- nos por meio de modelos pedagógicos, a instituição atende os in- teresses político-econômicos das elites. Se interpretarmos o conteúdoda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional teremos como resultado um produto prove- niente da tensão que existe entre os grupos conservador e progres- sista. No entanto, a nova LDB, segundo Pereira & Teixeira (1997) observam, enquanto o grupo progressista tentava redimensionar a Educação do Brasil, o grupo conservador buscava a adaptação da nova legislação às características da política atual do governo federal. A LDB no 9394/96 demonstra uma visão diferenciada sobre o modelo de Educação vigente: A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas institui- ções de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (...) A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da ci- dadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996). Zaballa (1997) sugere, ainda, outra perspectiva para se des- vincular da pedagogia tecnicista. O autor prioriza uma Educação escolarizada na qual o aluno desenvolva a equidade entre capa- cidades cognitivas ou intelectuais, motoras de equilíbrio e auto- nomia pessoal ou afetivas, de relação interpessoal e de inserção e atuação social. Claretiano - Centro Universitário 27© U1 – Lutas e Educação Coll (1999, p. 66) também defende a ideia de que as ativi- dades da educação são "atividades intencionais que respondem a algum propósito e perseguem a consecução de algumas metas". Segundo Pereira e Teixeira (1997), a nova LDB caminha para um conceito que envolve a plenitude da vida cultural, possibili- tando uma visão crítica das práticas educativas. De acordo com os autores: Ao situar a educação escolar no espectro amplo da vida social, a atual LDB induz a uma reflexão crítica da nossa prática educacio- nal: a forma estreita como ela vem sendo concebida, o isolamento da escola em relação ao mundo exterior; a distância entre teoria e prática; entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; a orga- nização escolar rígida; o ensino e as práticas de adestramento e; em especial, a formação de atitudes que, contrariando interesses e necessidades da maioria levam à obediência, passividade e subor- dinação (p. 84). Para Demo (1996), a educação deve possibilitar a transposi- ção do ensinar, instruir, para formá-lo, educá-lo. O aluno deve su- perar o simples "aprender" para o "aprender a aprender". A Edu- cação deve ser compreendida como sinônimo de formação com a intenção de construir um "sujeito histórico formal" capaz de ter uma visão política, construtiva e participativa. No entanto, para que o professor consiga atingir essa linha de pensamento, torna-se fundamental que modifique sua prática pedagógica, mudando a concepção que compreende o papel da Educação enquanto instituição reprodutora do conhecimento ela- borado "na" e "para" a sociedade. A Educação Física, como qualquer outra disciplina, necessita estar embasada na prática educativa que apresentamos até agora. Então é papel da Educação Física "formar" pessoas humanas. Nesse sentido, essa disciplina deve ter a função de propor- cionar um ambiente pedagogicamente propício às experiências de reflexões acerca dos conhecimentos da Cultura Corporal, no qual o professor tem a responsabilidade de mediar a prática de ativi- dades corporais na tentativa de atingir os objetivos próprios da educação como um todo. © Lutas28 7. O PROFESSOR COMO AGENTE PRÁTICO-REFLEXIVO Donald Schön (2000) introduziu, na década de 1980, o con- ceito de "profissional reflexivo" com o intuito de problematizar as questões que se referem à teoria e à prática do processo pedagó- gico. Nessa época, foram propostas ideias que apontassem uma crítica à "racionalidade técnica", cuja uma das características era a aquisição, por parte do professor, de técnicas de ensino universais desconsiderando a realidade e partindo da padronização dos pro- cessos de ensino-aprendizagem. Tal ideia enfatiza que o conhecimento do professor deve ser reduzido a determinadas técnicas de ensino, sendo que a raciona- lidade técnica proporciona um pensamento mecânico, deixando para trás a realidade da prática vivenciada. No entanto, cada realidade deve ser compreendida como di- ferente das demais e uma resposta dada a determinada situação em um grupo específico não pode, necessariamente, ser reprodu- zida mecanicamente em outra. A partir das situações inesperadas que ocorrem em sala de aula, cabe aos professores identificar as questões e tratá-las de forma individualizada, nem que para isso seja necessário mobilizar novos conhecimentos e habilidades. Assim, não devemos deixar que as atitudes errôneas ou a falta de atitude sejam mais fortes que a prática de refletir. Schön (2000) ressalta que, no momento em que o professor passa a problematizar a sua prática, surgem situações que mais adiante possibilitarão a elaboração de novos conhecimentos sobre o processo de ensino e aprendizagem. Segundo o autor são três si- tuações que possibilitam tal elaboração: o conhecimento na ação, a reflexão na ação, a reflexão sobre a ação. 1) O conhecimento na ação é o elemento considerado como o saber-fazer, é constituído a partir da experiência vivida do professor, seja durante a formação inicial ou na conti- nuada. Trata-se de um conhecimento já adquirido, tácito. Claretiano - Centro Universitário 29© U1 – Lutas e Educação 2) A reflexão na ação trata-se da reflexão realizada durante a aula (ação). A partir da situação vivenciada elabora-se nesse processo conhecimentos que são aplicados ime- diatamente na tentativa de superar as dificuldades en- contradas. 3) A reflexão sobre a ação consiste na elaboração de co- nhecimentos a partir da situação vivenciada e da refor- mulação ocorrida durante a aula, no sentido de mudan- ças para as próximas ações. O profissional reflexivo que se baseia nesses três conceitos desenvolve sua competência pessoal mediante reflexões sobre e na prática vivida. Nesse sentido, o processo de reflexão se dá de maneira investigativa ao invés de ser proporcionado por meio da reprodução dos conhecimentos já existentes. Neira (2003) salienta que a atuação profissional, juntamente com a capacidade reflexiva, é fundamental na prática pedagógi- ca. O autor argumenta ainda que para haver uma análise reflexiva torna-se necessário uma prática que considere a discussão, a des- crição, os registros e a necessidade de interagir com os colegas. Nesse sentido, o professor necessita de espaço para expor suas ideias e seus trabalhos, observando se suas decisões estão relacio- nadas com o projeto político- pedagógico da escola. De acordo com Valadares (2005, p. 199), A formação do professor reflexivo e autônomo é importante por- que na prática sempre despontam elementos perturbadores: resis- tências, bloqueios e os mais diversos imprevistos. As reflexões são mais eficazes quando realizadas por grupo, e desta forma, a prática de trabalhos e planejamentos coletivos e interdisciplinares despon- ta com certa importância para a formação inicial e continuada . Nessa proposta, é importante a criação de grupos de forma- ção tendo sempre uma pessoa para coordenar as ações coletivas e assim coletar as contribuições dos participantes. Com base nesse trabalho e dessa maneira organizacional, constitui-se uma pauta significativa possibilitando uma reflexão dialética entre teoria e prática. © Lutas30 Para que seja possível desenvolver uma dinâmica coerente para a construção da proposta pedagógica, torna-se necessário reorganizar o trabalho coletivo, no sentido de que todos os mem- bros da comunidade (diretores, professores, funcionários, pais e alunos) possam participar e colaborar, possibilitando o direito de cada um se expressar. A intenção de atribuir responsabilidades aos membros da comunidade escolar visa buscar o melhordesenvolvimento e qua- lidade da educação e, dessa maneira, com a colaboração nas deci- sões coletivas e ações compartilhadas, encurta-se a distância entre o desejado e a realidade. É relevante ressaltar que faz parte do papel do educador participar de todas as etapas de planejamento, ou seja, o profes- sor não deve se atentar somente à disciplina a qual ministra, pois, além de determinado pela legislação vigente, LDB 9394/96, artigo 13, o educador é membro da comunidade escolar e deve também se responsabilizar tanto pela construção do projeto político-peda- gógico quanto por sua implementação. 8. LUTAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA Muitas pessoas insistem na ideia de que para ensinar algum conhecimento da Educação Física escolar é necessário que o pro- fissional tenha uma vasta formação sobre o assunto. Porém, atu- almente, a realidade no que diz respeito ao processo de ensino- aprendizagem tomou rumos divergentes aos conceitos anteriores, pois é possível trabalhar de maneira competente mesmo que o professor não possua uma formação aprofundada sobre o que irá ensinar. Para compreender tal pensamento, é interessante ressaltar que as aulas de Educação Física escolar não podem e nem devem ser tratadas a partir da ideia de repetições de exercícios para trei- nar alguma habilidade específica. Claretiano - Centro Universitário 31© U1 – Lutas e Educação Em se tratando de lutas, observa-se que nas academias e até em algumas escolas o ensino das "técnicas básicas" se dá de maneira sistêmica, ou seja, o professor apresenta para o aluno o movimento, que deve ser repetido várias vezes. A função do pro- fessor é corrigi-lo e orientá-lo para que faça o movimento correto. Dessa forma, o professor aumenta o número de exercícios para que, a partir do treinamento repetitivo, o aluno chegue à perfeição técnica. No entanto, como visto anteriormente, não cabe ao profes- sor de Educação Física escolar ministrar aulas visando à eficiência do movimento, já que tais aulas, consideradas práticas, nada mais são do que vivências dos conhecimentos apresentados na disci- plina. Por exemplo, historicamente, a quadra sempre foi o espaço de aula da Educação Física; quando o professor utilizava a sala de aula, era para discutir as questões denominadas teóricas (regras ou relacionadas à história). Nesta nova proposta, entende-se que todo conhecimento da disciplina deve ser apresentado a partir de sua construção teórica e a quadra ou outro espaço passível de uti- lização é o lugar de vivenciar e refletir sobre os conhecimentos. Durante a aula é interessante que o aluno reflita questões pertinentes sobre lutas, como, por exemplo, a cultura dos países de origem das lutas, como se deu o processo histórico das lutas, como são interpretadas as lutas no cotidiano, as lutas sob a ótica da mídia entre outras questões relevantes, as quais podem ser in- terpretadas por meio de análise de filmes, pesquisas, debates etc. O objetivo do professor não deve ser simplesmente repassar o conteúdo ao aluno, pois qualquer conteúdo pode ser pesquisado anteriormente e desenvolvido, mas a principal questão a que o professor deve se atentar é formar alunos capazes de refletir sobre as lutas e tudo que a envolve. Nesse sentido, o aluno também se formará um cidadão crí- tico e hábil para desempenhar qualquer atividade, independen- temente se ela ainda não faz parte do seu conhecimento prévio. © Lutas32 É possível que o professor coordene um projeto de pesquisa na disciplina de lutas e esse aluno aprenderá, além das técnicas e his- tória sobre as lutas, a pesquisar e se aprofundar em qualquer as- sunto assim que sentir necessidade ou curiosidade. Nada impede que tanto os alunos como os professores pes- quisem em academias e assistam treinamentos ou competições para compreender mais especificamente sobre golpes das lutas. Há também alternativas, como, por exemplo, encontrar, por meio da internet, vídeos demonstrativos de lutas que possibilitem a de- monstração de movimentos ou também recorrer a livros técnicos como o Judô: da Escola à Competição, de Carlos Fernando dos San- tos Baptista, no qual são descritas as execuções dos movimentos de maneira bem detalhada. Há inúmeras possibilidades em que o professor possa fazer com que o aluno compreenda sobre as téc- nicas de lutas por meio de pesquisa. Existem inúmeras possibilidades para se trabalhar com lutas no Brasil, cujas variantes dependem da realidade, por exemplo, se a região é carente ou não, se a cidade é grande ou pequena, se a escola é pública ou particular, qual é a faixa etária, as condições socioeconômicas dos alunos, entre outras. Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apresen- tem as lutas como um conhecimento da Cultura Corporal, não deter- minam qual modalidade de luta deve ser trabalhada em cada ciclo do Ensino Fundamental e Médio. Nesta perspectiva, fica a critério do professor como irá escolher a modalidade para ministrar aulas. No entanto, o professor deve questionar se as lutas escolhi- das devem ser aquelas mais divulgadas na região na qual ministra aula, ou se as modalidades olímpicas serão mais atrativas para os alunos, ou ainda, as modalidades mais populares como o Judô, o Karatê e a Capoeira. Todos esses quesitos podem ser levados em consideração desde que a decisão do professor esteja baseada em critérios pertinentes com a realidade, isto é, a escolha da modali- dade deve sempre estar relacionada com a necessidade do aluno e ao contexto local. Claretiano - Centro Universitário 33© U1 – Lutas e Educação É necessário observar se o planejamento do currículo esco- lar é adequado ao projeto político pedagógico da escola. Torna- se relevante também verificar se a proposta político-pedagógica é oriunda de uma interpretação adequada dos referenciais (PCN’s e diretrizes curriculares) e se de fato atende as necessidades peda- gógicas do educando. Enfim, desenvolver o conteúdo de lutas no Ensino Básico deve seguir as orientações expressas nos referenciais e permitir a formação do aluno de acordo com o projeto pedagógico da escola. Embora pareça difícil o trato com tal conhecimento, experiências têm demonstrado que a discussão e vivências sobre as lutas na escola é viável. 9. OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Atualmente os objetivos a serem alcançados na Educação Fí- sica escolar são descritos no projeto político-pedagógico de cada instituição de ensino e referenciados pelas propostas dos Sistemas de Educação aos quais pertencem. No entanto, seguiremos aqui aqueles apontados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) de acordo com cada ciclo do Ensino Básico. São eles: OBJETIVOS GERAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMEN- TAL – Participar de atividades corporais, estabelecendo relações equili- bradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou so- ciais; – Adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de vio- lência; – Conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de mani- festações de Cultura Corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as como recurso valioso para a integração entre pessoas e entre dife- rentes grupos sociais; © Lutas34 – Reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotan- do hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corpo- rais, relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de re- cuperação, manutenção e melhoria da saúde coletiva; – Solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contex- tos, regulando e dosando o esforço em um nível compatível com as possibilidades, considerando que o aperfeiçoamento e o desenvol- vimento das competências corporais decorrem de perseverança e regularidade e devem ocorrer de modo saudável e equilibrado; – Reconhecer condições de trabalho que comprometamos proces- sos de crescimento e desenvolvimento, não as aceitando para si nem para os outros, reivindicando condições de vida dignas; – Conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que existem nos diferentes grupos sociais, compreenden- do sua inserção dentro da cultura em que são produzidos, anali- sando criticamente os padrões divulgados pela mídia e evitando o consumismo e o preconceito; – Conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de lazer, reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano e um direito do cidadão (Fonte: PARÂMETROS CUR- RICULARES NACIONAIS. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2010). COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO – Compreender o funcionamento do organismo humano, de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como recurso para melhoria de suas aptidões físicas; – Desenvolver as noções conceituais de esforço, intensidade e fre- quência, aplicando-as em suas práticas corporais; – Refletir sobre as informações específicas da Cultura Corporal, sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma na seleção de atividades e proce- dimentos para manutenção e aquisição da saúde; – Assumir uma postura ativa na prática de atividades físicas, e cons- ciente da importância delas na vida do cidadão; – Compreender as diferentes manifestações da Cultura Corporal, reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, lingua- gem e expressão; Claretiano - Centro Universitário 35© U1 – Lutas e Educação – Participar de atividades em grandes e pequenos grupos, compre- endendo as diferenças individuais e procurando colaborar para que o grupo possa atingir os objetivos a que se propôs; – Reconhecer na convivência e nas práticas pacíficas, maneiras efi- cazes de crescimento coletivo, dialogando, refletindo e adotando uma postura democrática sobre os diferentes pontos de vista pos- tos em debate; – Interessar-se pelo surgimento de múltiplas variações da atividade física, enquanto objeto de pesquisa, área de grande interesse social e mercado de trabalho promissor; – Demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais, assim como capacidade para discutir e modificar regras, reunindo elementos de várias manifestações de movimento e estabelecen- do uma melhor utilização dos conhecimentos adquiridos sobre a Cultura Corporal (Fonte: PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24. pdf>. Acesso em: 19 ago. 2010). 10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em responder às questões, procure revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma coope- rativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas. Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Discuta o conceito de Cultura Corporal e sua importân- cia para a área da Educação Física escolar. 2) Procure analisar sua perspectiva acerca da Educação Fí- sica escolar e a função desta disciplina na escola. A partir de tal análise estabeleça relações com os objetivos apre- sentados nesta unidade. © Lutas36 3) A Cultura Corporal possibilita elencarmos uma série de lutas para serem trabalhadas na escola. Estabeleça cri- térios para a escolha de uma determinada luta, levando em consideração que o conhecimento técnico do profes- sor deva ser o último a ser considerado. 11. CONSIDERAÇÕES O estudo desta unidade teve o intuito de iniciar a discussão entre as lutas na educação. Já na segunda unidade, você estudará um pouco sobre as artes marciais. Até lá! 12. E-REFERÊNCIA BRASIL. LDB 9394/96. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 14 ago. 2010. 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BETTI, M. Ensino de primeiro e segundo graus: educação física para quê? Revista Brasileira de Ciências do Esporte. V. 13, n. 2, p. 282-7, 1992. BRASIL. Parecer nº 9 de 08 de maio de 2001 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial da União, Brasília, l8 jan. 2002, Seção 1, p. 31. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1999. DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas: Papirus, 1995. DEMO, P. Educação e qualidade. Campinas: Papirus, 1996. GIROUX, H. A. ; SIMON, R. Cultura popular e pedagogia crítica: a vida cotidiana como base para o conhecimento curricular. In: MOREIRA, A. F. e SILVA, T. T. da (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994. NEIRA, M. G. Educação Física: Desenvolvendo Competências. São Paulo: Phorte editora, 2003 Claretiano - Centro Universitário 37© U1 – Lutas e Educação PEREIRA, E. W. ; TEIXEIRA, Z. A. A Educação Básica redimensionada. In: BRZEZINSKI, I. (Orgs.). LDB interpretada: diversos olhares se entrecruzam. São Paulo: Cortez, 1997. SAVIANI, D. Escola e democracia. Campinas: Autores associados, 1995. SCHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2000. VALADARES, J. M. O professor diante do espelho: reflexões sobre o conceito de professor reflexivo. In: PIMENTA, S. G. e GHEDIN, E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2005. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. Claretiano - Centro Universitário EA D Conhecendo mais sobre Lutas 2 1. OBJETIVOS • Conhecer o conceito de artes marciais e lutas. • Apresentar e compreender a origem das artes marciais orientais e ocidentais. • Apresentar e analisar os elementos relacionados com as artes marciais e lutas. 2. CONTEÚDOS • Conceituando artes marciais e lutas. • Processo histórico das artes marciais e lutas. • Lutas no cotidiano: a influência e a responsabilidade. • Lutas e suas técnicas. © Lutas40 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Aproveite esta unidade para refletir a partir de uma perspectiva antropológica do conhecimento na qual de- vemos compreender as situações vividas no passado e que afetaram de maneira significativa a construção do mundo moderno. 2) Para uma compreensão das artes marciais cabe a análise do desenho Kung Fu Panda produzido pela Dreamworks. É apresentada uma discussão acerca das tradições e princípios filosóficos de uma das mais conhecidas artes marciais chinesas, o Kung Fu. É interessante observar que além destes princípios são explicitadas característi- cas da luta como, por exemplo, cinco estilos do Kung Fu, descritos por personagens do desenho. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade você conhecerá um pouco sobre lutas e artes marciais. Não é objetivo fazer uma discussão aprofundada sobre o conteúdo, mas apresentar inúmeras facetas, nas quais os conheci- mentos das lutas e artes marciais estão presentes. Bom estudo! 5. CONCEITUANDO ARTES MARCIAIS E LUTAS A princípio, não é difícil confundir os conceitos de artes mar- ciais e lutas. No entanto, ao procurar a definiçãode Arte Marcial, encontra-se: "sistemas para treinamento de combate, geralmente sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos modernos". A origem da palavra vem "do latim arte (conjunto de preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa), e martiale (refe- rente à guerra, bélico, relativo a militares ou a guerreiros)" (Wiki- Claretiano - Centro Universitário 41© U2 – Conhecendo mais sobre Lutas pédia, 2010). A ideia de ser um sistema possibilita refletir acerca de elementos que o compõe de maneira fundamental como, por exemplo, as técnicas, a filosofia e as tradicões. De acordo com Pinto e Valério (2002), as artes marciais são um: Conjunto de técnicas rigidamente hierarquizadas em níveis pro- gressivos que orientam e homogeneízam as suas práticas, confe- rindo-lhe universalidade, lastrada por princípios, ritos, protocolos e uma base histórico-conceitual que estrutura e fundamenta a sua organização em organismos internacionais, promovendo o seu crescimento, competição e regramento. (p. 25). Os mesmos autores afirmam ainda, que se trata de uma "dis- ciplina que busca desenvolver o corpo e a mente, através de con- ceitos filosóficos conjugados à prática de exercícios físicos e técni- cas voltadas à Defesa Pessoal" (PINTO; VALÉRIO, 2002, p. 25). Em uma análise mais profunda nota-se então que este termo está intimamente relacionado às artes de guerra e lutas de origem militar, assim como as lutas orientais, com enfoques filosóficos. É importante salientar que esse termo é utilizado tanto para os sis- temas de combates de origem ocidental quanto oriental, usando ou não armas tradicionais. Durante sua difusão para o mundo ocidental, parte das lutas advindas do Oriente perde o caráter filosófico baseado em cren- ças, segundo o qual o praticante era preparado física e espiritu- almente. Ao invés disso são ressaltados aspectos competitivos e o de defesa pessoal. As lutas são reconstruídas com formato de competições, independentes dos preceitos filosóficos e culturais em que estavam inseridas. Atualmente, grande parte das modali- dades de lutas desenvolvidas em todo mundo está descaracteriza- da do conceito de arte marcial. Acerca do conceito de Luta, no dicionário Houaiss encon- tram-se algumas definições que nos ajudam a perceber a diferen- ça entre os dois conceitos: © Lutas42 1 - Combate entre duas ou mais pessoas, com armas ou sem elas, com intenção de subjugar, pôr em fuga ou matar. 2 - Competição em que dois homens se agarram corpo a corpo, para medir as for- ças, procurando derrubar um ao outro, observando certas regras (HOUAISS, 2010). Juntamente com as definições sobre luta apresentadas an- teriormente, utilizaremos também o conceito elaborado nos Parâ- metros Curriculares Nacionais - PCNs, o qual diz que: As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação es- pecífica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira, do Judô e do Karatê (BRASIL, 1998, p. 70). A partir dos esclarecimentos sobre os conceitos Artes Mar- ciais e Lutas percebe-se que, embora os significados de ambos sejam muito semelhantes, nem sempre podem ser usados com o mesmo propósito. Com base nas definições e estudos sobre cada termo compreende-se que o conceito de luta engloba todo tipo de combate entre dois ou mais praticantes, independentemente se existe um conjunto de técnicas específicas para tal fim ou princí- pios filosóficos que subsidiam seu treinamento. Embora os conceitos sejam diferentes, utilizaremos nessa obra, uma combinação entre ambos na tentativa de aproveitar o máximo de informações para a formação do educador que traba- lhará com tais conhecimentos. Nesse sentido, compreender as Ar- tes Marciais enquanto Luta é imprescindível para sua utilização na Educação Física do Ensino Básico. 6. PROCESSO HISTÓRICO DAS ARTES MARCIAIS E LUTAS A origem da Arte Marcial no Oriente Com base em inúmeros personagens e lendas relacionados com a história das Artes Marciais do Oriente e a partir de registros Claretiano - Centro Universitário 43© U2 – Conhecendo mais sobre Lutas históricos e arqueológicos, torna-se possível compreender de ma- neira confiável e objetiva como surgiram as Lutas orientais e como esse processo vem se desenvolvendo até os dias atuais. Na região em que hoje se situa a República Popular da Chi- na, durante os períodos mesolíticos e paleolíticos, existia o uso de armas de pedras em formatos de faca, lanças e machados feitos de madeira para se defender de animais predadores e confrontos entre tribos. Dessa forma é possível afirmar que, nesse momento, começam a surgir os primeiros conhecimentos acerca das lutas no oriente. No entanto, no período de 2100 a 1700 a.C. surge, nessa mesma região, a primeira estrutura social, organizada sob forma de dinastia, chamada Xia, fundada pelo imperador Yu, a qual de- senvolve os primeiros conceitos de combate corporal, denomina- dos de Jiji (técnicas de ataque). Neste percurso, após a dinastia de Xia, surge a dinastia de Shang de 1751 a 1111 a.C., na qual são elaboradas armas de co- bre e bronze. Porém, paralelamente à dinastia de Shang surge a dinastia de Zhou, na qual ocorreram inúmeras batalhas violentas e, nesse período, os imperadores de ambas dinastias incentivaram o desenvolvimento de armas cada vez mais poderosas. A espada reta, que é uma das armas mais simbólicas das artes marciais chi- nesas, aparece neste contexto. Nesse cenário de guerras, a dinastia de Zhou vence e, junto a sua vitória, traz tecnologias cada vez mais avançadas direcionadas para o desenvolvimento e fabricação de instrumentos agrícolas. Lan- çanova (2010), discutindo a origem das artes marciais, afirma que: Sua origem confunde-se com o desenvolvimento da civilização, quando, logo após o desenvolvimento da onda tecnológica agríco- la, alguns começam a acumular riqueza e poder, desejando o surgi- mento de cobiça, inveja, e seu corolário, a agressão. A queda da dinastia Zhou, por meio de guerrilhas e guerras civis, dá inicio a dois períodos históricos consecutivos: Chun Qiu e Zhan Guo Shi. O primeiro significa período da primavera e outo- © Lutas44 no e o segundo período dos estados guerreiros e, neste quadro, ocorrem grandes evoluções bélicas. Após o período de Zan Guo Shi, estados guerreiros aparecem como necessidades para ascensão de qualquer nação o aprimora- mento e desenvolvimento cada vez maior das técnicas marciais. Acontecem, assim, inúmeros torneios de combate com e sem ar- mas (mãos livres). Esses torneios tinham como intuito o entretenimento da cor- te e a seleção de oficiais das forças armadas e, dessa forma, vários nobres, sentindo a necessidade de usar as técnicas marciais em seus exércitos, começaram a codificar "tratados" de tais técnicas. Tais tratados representavam os procedimentos referentes às disputas, com a utilização das técnicas desenvolvidas. Atualmente poderíamos estabelecer uma relação destes tratados com as re- gras das lutas. Embora muitos conhecimentos acerca das Artes Marciais te- nham sido construídos durante toda história do Oriente, é com o surgimento do Mosteiro Shao Lin que o conceito de Artes Marciais se constitui enquanto tal. No ano de 495 d.C., na província de Henan, o imperador Xiao Wen, grande incentivador do budismo, constrói o mosteiro de Shao Lin com a intenção de ser o maior centro de estudos, traduções e difusão do budismo. Muitos militares e nobres perseguidos na China refugiavam- -se em locais como o mosteiro Shao Lin. Assim, existiam encontros entre várias pessoas que possuíam técnicas marciais e dessa for- ma puderam criar, aprimorar, aprender e estudar inúmeros estilos de Artes Marciaiscom que tivessem contato. E nesse momento iniciou-se a formação das Artes Marciais do mosteiro Shao Lin. "Por volta da metade do século XVI especialistas militares vindos de todo o império viajavam ao mosteiro para estudar suas técnicas de combate" (SHAHAR, 2003, p. 5). Claretiano - Centro Universitário 45© U2 – Conhecendo mais sobre Lutas Muitos afirmam que o monge Damo (Bodhidharma) esteve no mosteiro Shao Lin e por lá ficou durantes anos criando e desen- volvendo Artes Marciais. Segundo a história lendária, Damo foi o vigésimo oitavo patriarca do budismo e junto aos seus treinos e ensinamentos deixou exercícios como Yi Jin Jing (tratado da Re- novação dos Tecidos e Tendões) e o Xi Sui Jing (Tratado da Medu- la). Porém, toda a história de Damo não tem registros ou evidên- cias concretas, até mesmo de que se ele existiu. Os ensinamentos eram divididos em pequenos grupos e para cada sala havia um único monge responsável por cada esti- lo. O mosteiro possuía dezoito salas e, inicialmente, esses ensina- mentos eram passados somente para monges. Em 1650 o mostei- ro sofreu um grande ataque deixando em riscos os monges e suas técnicas marciais. Após esse ataque e, na tentativa de evitar que os conhecimentos acerca das Artes Marciais se perdessem com o extermínio dos monges, foram aceitos discípulos não monges e leigos somente para o aprendizado das técnicas. Segundo Shahar (2003, p. 93), "muitas das tradições marciais chinesas consideram o mosteiro como seu lugar de nascimento" e, embora não seja possível afirmar o momento no qual as Artes Marciais foram introduzidas nas rotinas do mosteiro, sabe-se que o treinamento militar passou a configurar elemento fundamental na sua existência. Outra contribuição histórica para as Artes Marciais e Lutas, advinda do Oriente, deve-se também ao povo Drávida que, loca- lizado no vale do Indo (parte da atual Índia), pertenciam à proto- história, isto é, período pré-histórico anterior à escrita, porém des- crito nas primeiras fontes escritas. Algumas características dos Drávidas como, por exemplo, a de ser um povo com grande desenvolvimento sensorial, pacífico, com grande ligação à natureza, bastante desenvoltos na dança, a qual formava uma cadeia de movimentos em sequência, fazem al- guns autores defenderem a ideia de que o Yôga e o mito de Shiva Nataraja nasceram com esse grupo. © Lutas46 Durante o processo histórico, os povos Drávidas sofreram ataques dos Hindus, que dominaram a região. Assim, houve uma fusão de culturas e, com as técnicas hindus de lutas reorganizadas com base na cultura drávida, surgem o Vjaramushti, e o Karali- payat. Tanto Vjaramushti quanto Karalipayat são sistemas de lutas bastante semelhantes, nas quais utilizam-se golpes como chute baixo e rasteira. Os praticantes dessas lutas aperfeiçoavam seus golpes com a flexibilidade do Yôga. Em relação à cultura indiana as camadas sociais eram e ainda são divididas em castas. Os sistemas de castas são determinados a partir da hereditariedade. As castas são definidas de acordo com a posição social que determinadas famílias hindus ocupam e esse é o motivo pelo qual se estabelece uma espécie de hierarquia social delineada por privilégios e obrigações. Antigamente existiam somente quatro divisões de casta na Índia: Os Brahmanes que eram formados por sábios, estudiosos e sacerdotes; os Vaishyas, constituída por fazendeiros, médicos e comerciantes; as Súdrás formada por pessoas que serviam as cas- tas superiores; e os Kshastriyas, que eram os guerreiros. Os Kshas- triyas valorizavam os exercícios físicos e os eventos que possibilita- vam colocar em prática os conhecimentos acerca das habilidades marciais. Neste cenário, os reis e os príncipes pertenciam à casta Kshastriyas e assim recebiam orientações dos brâmanes e se apro- fundavam nas filosofias e práticas de meditação, isto é, Samyama, que significa contenção, e no Yôga, que é um conjunto de habilida- des compostas por Dhárama (concentração), Dhyána (meditação) e Samádhi (iluminação ou hiperconsciência). As técnicas de com- bates eram realizadas em pé, com o uso das mãos, pois na cultura hindu o chão é compreendido como espaço repleto de sujeira. Neste sentido, as contribuições dos povos orientais para as Artes Marciais e Lutas foram além dos aspectos técnicos, propor- Claretiano - Centro Universitário 47© U2 – Conhecendo mais sobre Lutas cionando a reflexão acerca de inúmeros elementos como a tradi- ção, os valores morais e ampliação da consciência. Mais próximo de nossos tempos, Pequim, por volta de 1860, se tornou o principal centro de praticantes de Artes Marciais orien- tais e, dessa forma, os países ocidentais acabaram por conhecê- las, quando a Europa estabelece relações comerciais com a China. Assim, as Artes Marciais orientais, gradativamente, também foram ocupando seu espaço em todo o planeta por meio da imi- gração dos povos orientais para o restante do mundo. Na moder- nidade, com o advento do cinema, os filmes produzidos em Hong Kong tiveram bastante influência na divulgação das Artes Marciais do Oriente. As lutas na antiguidade ocidental Embora o Oriente seja palco da elaboração e reflexão das Artes Marciais, encontramos, em diversos pontos do planeta e em inúmeros momentos históricos, outras formas de lutas que a partir de reelaborações passam a fazer parte do patrimônio cultural dos povos contemporâneos. Um exemplo é a Luta Greco-romana. A luta conhecida hoje como Greco-romana surgiu na Grécia Antiga, na qual era considerada um esporte de grande relevância nos festivais gregos. Tal luta tinha bastante semelhança ao Pancrá- cio, luta antiga que, baseado na mitologia grega, iniciou-se com os heróis Hércules e Teseu e teve sua primeira participação nos Jogos Olímpicos em 648 a.C. Atualmente, a Luta Greco-romana adotou um estilo de luta que envolve predominantemente a parte superior do corpo, o qual o participante pode utilizar apenas os braços para atacar. A inten- ção nesta luta é imobilizar os ombros. É bem característico da Luta Greco-romana usar as mãos, ou seja, o lutador precisa dominar as mãos e braços do seu oponente, e assim se ganha vantagem, pelos membros superiores; sendo proibido nessa modalidade ataques abaixo da cintura. © Lutas48 A Luta Greco-romana atual é bem semelhante à Luta Livre; o que diferencia ambas são os movimentos de ataque, sendo que na Luta Greco-romana o participante utiliza somente os braços contra o seu adversário, enquanto na Luta Livre existem rápidas trocas de posições e podem ser feitas pelo corpo inteiro (parte superior e inferior), sendo que as pernas são usadas ao atacar o oponente. 7. LUTAS NO COTIDIANO: A INFLUÊNCIA E A RESPON- SABILIDADE É notório, se pararmos para analisar, como a luta está pre- sente no nosso dia a dia. Por meio de filmes, desenhos, jogos, li- vros estamos cercados por personagens com super poderes e ex- tremamente habilidosos em lutas. Esta constante influência da mídia atinge qualquer indiví- duo independente de sua faixa etária, nível sóciocultural ou eco- nômico. Os filmes tradicionais de Artes Marciais, feitos na China, nas décadas de 1960 e 1970, tornaram-se sucessos mundiais no momento em que o país estava economicamente em ascensão e também devido às Olimpíadas. Nestes filmes foram destacados a beleza, a coordenação, a agilidade, os golpes de ataque e defesa, lutas armadas com espadas bastão, entre outras. Tais filmes estavam inseridos dentro do contexto histórico- social do Oriente, utilizando temas interessantes como o precon- ceito racial (observado no filme A Fúria do Dragão), sofrimento e pobreza, na maioria das vezes, por motivo de vingança ou justiça. Na década de 1970, o tema de luta marcial ganhou forças com Bruce Lee. Em 1984, o filme Karate Kid se diferencia dos de- mais, inserido em um contexto de valores como conduta, perseve- rança e autoconfiança. Hoje, os filmes produzidos sob uma ótica ocidental, tomam nova dimensão com os efeitos especiais
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