PREPARATÓRIO PARA OAB Professor: Dr. Marcel Leonardi DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 3 Aula 3 DA NULIDADE DOS ATOS JURÍDICOS - PARTE II Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 Da Nulidade dos Atos Jurídicos - Parte II "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br Pelo artigo 159 do Código Civil, é suscetível de fraude o negócio jurídico a titulo oneroso quando praticado por devedor insolvente ou quando a insolvência for notória, ou se houver motivo para ser conhecida do outro contratante, podendo ser anulado pelo credor. Por exemplo, quando se vender imóvel em data próxima ao vencimento das obrigações, inexistindo outros bens para saldar a divida. Será notória a insolvência de certo devedor se for tal estado de conhecimento geral. Todavia, dessa notoriedade não se poderá dispensar prova; logo, todos os meios probatórios serão admitidos. Por exemplo, será notória a insolvência se o devedor tiver seus títulos protestados ou ações judiciais que impliquem a vinculação de seus bens. Será presumida a insolvência quando as circunstâncias indicarem tal estado, que já devia ser do conhecimento do outro contraente, que tinha motivos para saber da situação financeira precária do alienante. Por exemplo, preço vil, parentesco próximo, alienação de todos os bens, relações de amizade, de negócios mútuos, etc. Pelo artigo 160 do Código Civil, os credores não poderão mover ação revocatória se o adquirente dos bens do devedor insolvente que ainda não pagou o preço, que é o corrente, depositá-lo em juízo, com citação de todos os interessados, ou, ainda, se o adquirente, sendo o preço inferior, para conservar os bens, depositar quantia corresponde ao valor real. Ou seja, se isso for feito, exclui-se a possibilidade de anulação do negócio jurídico oneroso fraudulento, desde que os seguintes requisitos sejam observados pelo adquirente: a) ele ainda não tenha pago o preço real, justo ou corrente; b) ele promova o depósito judicial desse preço; e c) ele requeira a citação por edital de todos os interessados, para que tomem ciência do depósito. O Código também estabelece contra quem essa ação pode ser movida no artigo 161, pelo qual a ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. Pelo artigo 162 do Código, o credor que vier a receber pagamento de dívida ainda não vencida será obrigado a devolver o que recebeu, mas essa devolução não apenas aproveitará aos que o acionaram, pois reverterá em beneficio do acervo do devedor, que deverá ser partilhado entre todos os credores que legalmente estiverem habilitados no concurso creditório. Isto é assim porque o pagamento antecipado do débito a credores frustra a igualdade que deve existir entre os credores quirografários, que, por tal razão, poderão propor ação pauliana para invalidá-lo, determinando que o beneficiado reponha o que recebeu em proveito do acervo. O artigo 163 presume como fraudatória a outorga de garantias reais pelo devedor insolvente a um dos credores quirografários, lesando os direitos dos demais credores, o que acarretará a sua anulabilidade. Isto porque estando caracterizada a insolvência, se o devedor der garantia real de divida, vencida ou não, a um dos credores quirografários, este ficará em posição privilegiada em relação aos demais, que, então, poderão mover contra o devedor ação pauliana para declará-la anulada, por estar configurada a fraude contra credores. Se tal garantia for dada antes da insolvência do devedor, não haverá fraude contra credores. Por outro lado, o artigo 164 dispõe que se presumem de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Aula 3 02 Art. 165: Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo Único: Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. A ação pauliana tem por primordial efeito a revogação do negócio lesivo aos interesses dos credores quirografários, repondo o bem no patrimônio do devedor, cancelando a garantia real concedida em proveito do acervo que se tenha de efetuar o concurso de credores, possibilitando a efetivação do rateio, aproveitando a todos os credores e não apenas ao que a intentou. Se, porventura, o ato invalidado tinha por único escopo conferir garantias reais, como penhor, hipoteca e anticrese, sua anulabilidade alcançará tão- somente a da preferência estabelecida pela referida garantia; logo, a obrigação principal (débito) continuará tendo validade. Com a anulação da garantia, o credor não irá perder seu crédito, pois figurará, perdendo a preferência, como quirografário, entrando no rateio final do concurso creditório. Art. 166: É nulo o negócio jurídico quando: 1) celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 2) for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 3) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 4) não revestir a forma prescrita em lei; 5) for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 6) tiver por objeto fraudar lei imperativa; 7) a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Nulidade é a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio jurídico praticado em desobediência ao que prescreve. Com a declaração da nulidade absoluta do negócio jurídico, este não produzirá qualquer efeito por ofender princípios de ordem pública, carregado de vícios essenciais. Por exemplo, se for praticado por pessoa absolutamente incapaz; se tiver objeto ilícito, impossível ou indeterminável; se não revestir a forma prescrita em lei ou preterir alguma solenidade imprescindível para sua validade; se tiver por objetivo fraudar lei imperativa e quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito. De modo que um negócio nulo é como se nunca tivesse existido desde sua formação, pois a declaração de sua invalidade produz efeito desde então. O artigo 167 trata da simulação. A simulação consiste num desacordo intencional entre a vontade interna e a declarada para criar, aparentemente, um negócio jurídico que inexiste, ou para ocultar, sob determinada aparência, o negócio querido, enganando terceiro, acarretando a nulidade do negócio. Temos a simulação absoluta quando a declaração enganosa da vontade exprime um negócio jurídico bilateral ou unilateral, não havendo intenção de realizar negócio jurídico algum. Por exemplo, é o caso da emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, feita pelo marido antes da separação judicial para lesar a mulher na partilha de bens. A simulação relativa é a que resulta no intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada. Ocorrerá sempre que alguém, sob a aparência de um negócio fictício, realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no topo ou em parte, do primeiro, com o escopo de prejudicar terceiro. Apresentam-se dois contratos: um real e outro aparente. Os contratantes visam ocultar de terceiros o contrato real,