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Doenças Mieloproliferativas • Chamadas de neoplasias não hematológicas → se caracterizam pela mieloproliferação clonal da célula tronco hematopoiética e pela propensão para evoluir para leucemia mieloide aguda o Policitemia vera, mielofibrose idiopática e trombocitemia essencial. • O clone neoplásico se origina da célula-tronco e, por mutações, consegue se diferenciar nas células hematológicas maduras o Se prolifera de maneira insidiosa → com o passar do tempo células maduras se acumulam no sangue do paciente Cada uma possui quadro clínico e laboratorial estereotipado → diferem em essência pelo tipo de célula predominantemente produzida. o A policitemia vera tem como principal achado laboratorial a eritrocitose o Trombocitemia cursa com trombocitose (aumento de plaquetas), geralmente > 1 mi/mm3 o Mielofibrose idiopática caracteriza-se pela fibrose precoce da MO → estimula a hematopoiese extramedular e justifica a leucoeritroblastose e hemácias em lágrima (dacriócitos) • Características em comum → esplenomegalia, evolução indolente, medula hiperplásica na fase inicial o Possível evolução para mielofibrose com metaplasia mieloide o Possível progressão para leucemia mieloide aguda secundária • Têm em comum uma alta incidência da mutação JAK-2. o A LMC é definida pela t(9;22) → determina a produção de uma tirosina quinase anômala codificada pelo gene de fusão BCR/ABL. Epidemiologia • A idade média ao diagnóstico é geralmente 60 anos • Incidência → 0,2 a 2,5/100.000 para ET, 0,4 a 1,5 / 100k para MFP, e 0,8 a 2,6 / 100k para PV • Risco aumentado de 5-7X de NMPs entre parentes de 1° grau de pctes com NMP BCR-ABL1 negativas Policitemia Rubra Vera • Desordem mieloproliferativa neoplásica de curso insidioso → SMP mais comum • Geralmente acomete indivíduos ente 50-80 anos, com discreto predomínio no sexo masculino. Fisiopatologia • A PV se inicia após o surgimento da mutação genética conhecida como “JAK-2” → enzima Janus-Kinase, um 2º mensageiro na cascata de sinalização intracelular de receptores de fator de crescimento o Como os receptores de eritropoietina e trombopoietina • Com essa mutação ocorre ativação constitutiva e ininterrupta de vias de sinalização → induzindo a célula progenitora a se proliferar mesmo na ausência do respectivo fator de crescimento. o Em geral, a mutação é do tipo “pontual” no exon 14 do gene → mas outros polimorfismos também podem ter o mesmo efeito • JAK-2 pode ser identificada em > 95%, sendo sua demonstração considerada critério diagnóstico → também pode ser encontrada em outras SMP, mas numa proporção menor ❖ Na P. vera, o clone neoplásico derivado da stem cell dá origem a progenitores da linhagem eritroide capazes de se proliferar mesmo na ausência de eritropoietina • A EPO é um hormônio sintetizado e liberado pelas células tubulares do rim, responsável pela regulação da produção de hemácias na MO em resposta à demanda metabólica de oxigênio o Atua na medula óssea como fator de crescimento de colônias da linhagem eritroide. • A não dependência da EPO permite proliferação excessiva e desregulada dos progenitores e precursores eritroides → produção de hemácias aumenta, levando à eritrocitose progressiva o Esta, por sua vez, reduz o nível sérico de EPO → no limite inferior da normalidade ou abaixo dele. • PV também pode cursar com a proliferação dos progenitores e precursores das outras linhagens → cursando frequentemente com aumento na contagem de granulócitos e trombocitose → pancitose. Manifestações Clínicas • A PV geralmente é suspeitada em pcte assintomático com eritrocitose a esclarecer, sem alteração na morfologia das hemácias o Hematócrito > 60% em pacientes com Sat. O2 > 92% quase sempre significam PV • Porem muitos se apresentam com valores de Hct mais baixos (principalmente mulheres) e o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras patologias causadoras de eritrocitose ❖ Sintomas pelo aumento da viscosidade sanguínea → cefaleia, tontura, turvação visual, parestesias • Queixas como fraqueza e perda ponderal, febre baixa e sudorese costumam ocorrer → devido à elevada taxa de metabolismo celular replicativo • Hipervolemia está presente e pode levar à HAS (70% têm PAS > 140 mmHg) o A hipervolemia + hiperviscosidade sanguínea sobrecarrega o coração, levando à congestão pulmonar e dispneia • Prurido ocorre em quase 50%, provavelmente devido à basofilia e consequente hiper-histaminemia o É desencadeado pelo banho quente (“prurido aquagênico”) Eventos trombóticos são muito comuns, podendo ser arterial ou venoso → são responsáveis por 30% dos óbitos e pode ser a primeira manifestação da doença o Geralmente AVE isquêmico, IAM, trombose enteromesenterica, trombose de veias hepáticas, TVP de mmii ou embolia pulmonar ❖ A incidência de úlcera péptica e hemorragia digestiva está elevada na PV, pela basofilia e hiper- histaminemia → histamina estimula a secreção gástrica de ácido • O sangramento gastrointestinal crônico pode levar à ferropenia → que pode reduzir o Hct, e este ficar normal com hemácias microcíticas EXAME FÍSICO • Revela pletora facial (“vermelhidão”) e esplenomegalia em 70% o A pletora facial é mais proeminente nas bochechas, nariz, lábios, orelhas e pescoço o A esplenomegalia geralmente não é de grande monta • Hepatomegalia está presente em 40% dos casos • A pletora conjuntival (ingurgitamento dos vasos da conjuntiva) e a eritrocianose das extremidades também são características da doença o Os vasos da retina estão dilatados e pode haver hemorragias o As equimoses são comuns, bem como as lesões urticariformes • Vasodilatação de pequenas aa desencadeia dor em queimação, aumento da temperatura da pele e rubor LABORATÓRIO • Pode mostrar leucocitose em 50% e trombocitose em 30% o Leucocitose pode chegar a > 50.000/mm3, confundindo com a LMC → aumento da fosfatase alcalina leucocitária e a presença da eritrocitose sugerem o diagnóstico da PV o A trombocitose pode chegar a > 1.000.000/mm3, confundindo com a trombocitemia • Hiperuricemia e a pseudo-hipercalemia são achados comuns. • Níveis de B12 costumam estar acima do normal devido à hipersecreção de transcobalamina III pelos granulócitos originários do clone neoplásico Critérios Diagnósticos • Sistema clássico, definido pelo PVSG (Policitemia Vera Study Group) no final dos anos 60 → e o sistema mais atual, proposto pela OMS (2008) ‒ e que incorpora a descoberta da mutação JAK-2 • A maior dificuldade diagnóstica se dá nos pacientes que desenvolvem ferropenia, pois podem não apresentar eritrocitose proeminente → coexistência de Hct normal / pouco aumentado, com microcitose o E em pctes com eritrocitose, mas ausência de esplenomegalia e alterações nas demais linhagens hematopoiéticas, particularmente na ausência da mutação JAK-2 ❖ Em tais casos → considerar o teste das hemácias marcadas com 51Cr → determina massa eritrocitária • Massa eritrocitária NÃO aumentada, trata-se de eritrocitose relativa ou espúria → avaliar causas de hemoconcentração, como uso de diuréticos • Na vigência de eritrocitose absoluta, pesquisamos a etiologia avaliando os seguintes parâmetros o Saturação arterial de O2 < 92% → pensar em policitemia secundária à hipóxia crônica, solicitar exames de imagem torácica e provas de função respiratória. o Saturação arterial normal → pensar em tumor produtor de eritropoietina ou nefropatia, devendo- se dosar eritropoietina e solicitar exame de imagem dos rins e fígado • Quando todos os testes forem negativos e houver história familiar de eritrocitose semelhante → pensar em hemoglobina de alta afinidade ao oxigênio o Exame de escolha é a determinação da P50 (pO2 correspondente à saturação de hemoglobina de 50% ‒ normal: 25-30 mmHg) → P50 estará baixa Tratamento FLEBOTOMIA (“SANGRIA”) • Tem sido a base do tto → comprovadamenteaumenta a sobrevida, permitindo que ultrapasse 10 anos o Sem tratamento a P. vera sintomática tem sobrevida de 6-18 meses • Pctes devem ser submetidos inicialmente à retirada diária de 100-500 ml de sangue → objetivo de atingir Hct < 45% em homens e < 42% em mulheres o Cada 500 ml retirados de um adulto mediano reduz o hematócrito em cerca de 3% • Com Hct dentro do alvo, flebotomia é realizada de forma periódica de acordo com a necessidade • Pctes coronariopatas ou história de doença cerebrovascular podem retirar volume menor → flebotomia deve ser acompanhada de reposição de cristaloides DROGAS MIELOSSUPRESSORAS • Indicadas nas seguintes situações → dificuldade na realização de flebotomias regulares, como problemas com acesso venoso ou questões logísticas o Alto requerimento de flebotomias o Trombocitose acentuada (> 1.000.000/mm3) e/ou história prévia de trombose o Prurido intratável Droga tradicional é a hidroxiureia → administração oral (500 a 1.500 mg/dia) reduz o hematócrito, a leucocitose e a trombocitose. o Objetivo é controlar o hematócrito e manter as plaquetas < 500.000/mm3, evitando queda na contagem de neutrófilos para < 2.000/mm3 • Anagrelida pode ser associada à hidroxiureia em casos refratários, ou substituí-a se intolerância o Sua posologia é 1-2 mg de 12/12h por via oral • PEG-interferon alfa também se mostrou efetivo, mas não é 1ª linha pois muitos efeitos colaterais o Só em gestantes, já que hidroxiureia e anagrelida são teratogênicas. ❖ PRURIDO pode melhorar apenas com o controle da doença → recomendável evitar banhos quentes • Alguns pacientes são refratários → nestes casos deve-se usar anti-histamínicos como a difenidramina o Podendo associar antidepressivos como doxepina ou PUVA (psoralenos + exposição ao ultravioleta A) e o PEG-interferon-alfa Aspirina em baixas doses (50-100 mg/dia) é feita para todos sem contraindicações, para prevenir trombose → ainda que alguns autores questionem a verdadeira eficácia dessa droga o Cumpre ressaltar que a aspirina em baixas doses continua sendo o tratamento da eritromelalgia → anticoagulantes são indicados apenas quando o paciente desenvolve trombose Alopurinol (300 mg/dia) é recomendado na vigência de hiperuricemia, principalmente no paciente com história de nefrolitíase e/ou gota. Mielofibrose Idiopática • A doença é caracterizada pela mielofibrose precoce e hematopoiese extramedular (metaplasia mieloide) • 3ª desordem MP em frequência → acomete adultos velhos/idosos, sem preferência por sexo. Fisiopatologia • O clone neoplásico derivado da stem cell dá origem a megacariócitos e monócitos → secretam citocinas que atraem e estimulam fibroblastos, os quais sintetizam colágeno (fibrose) o A principal citocina implicada é o PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas) • Numa fase inicial existe hiperplasia medular → em questão de pouco tempo sobrevém um processo de mielofibrose progressiva, na medida que o colágeno sintetizado se acumula • As células progenitoras hematopoiéticas e o clone neoplásico precisam continuar se proliferando e se diferenciando → são então “expulsas” da medula óssea e lançadas na circulação (valores > 10-20x) o As células “degredadas” colonizam baço e fígado, órgãos com potencial hematopoiético → o parênquima (principalmente baço) é infiltrado por tecido hematopoiético → metaplasia mieloide ❖ Duas mutações capazes de estimular a proliferação celular podem ser encontradas o Mutação JAK-2 em cerca de 50% o Mutação envolvendo o gene do receptor de trombopoietina (MPL), presente em cerca de 5% ▪ Esta última aparece mais na mielofibrose idiopática e trombocitemia essencial • O crescimento do baço resulta em esplenomegalia importante → que leva ao hiperesplenismo (contribuindo para anemia e plaquetopenia) e a ocupação do espaço intra-abdominal o Justifica saciedade precoce, sensação de “plenitude” e dor em hipocôndrio esquerdo • A infiltração do parênquima hepático pode causar hipertensão porta → que cursa com varizes esofagogástricas, circulação colateral no abdome, ascite... • O hiperfluxo pela veia esplênica também contribui para a hipertensão porta. o Casos muito avançados podem evoluir com falência hepática → a infiltração maciça do parênquima pela metaplasia mieloide oblitera os sinusoides hepáticos Manifestações Clínicas • Cerca de 25% são assintomáticos no momento do diagnóstico • A maioria apresenta sintomas como fadiga, astenia, perda ponderal, sudorese noturna e desconforto abdominal localizado no hipocôndrio esquerdo • O achado mais frequente no EF é a esplenomegalia de grande monta, em quase todos os casos. o Hepatomegalia em metade dos pacientes • Achados menos frequentes → petéquias, equimoses, adenopatia e síndrome de hipertensão portal o Nesta última, cursa com ascite, varizes esofagogástricas, sangramento digestivo e até encefalopatia hepática • Em casos avançados, hematopoiese extramedular também pode acontecer no espaço epidural da coluna vertebral → causando compressão extrínseca da medula espinhal o Resulta em síndrome de mielite transversa → paraplegia, nível sensitivo, distúrbios esfincterianos • Dor óssea principalmente nas porções proximais dos mmii é frequente nas fases mais tardias LABORATORIO • O sangue periférico é variável → anemia está presente na maioria dos casos desde o início o Porém, em estágios mais precoces são comuns leucocitose e trombocitose (50% dos pacientes) ▪ Em 25% observa-se leucopenia com neutropenia • Com o progredir da doença, a plaquetopenia passa a ser a regra por efeito do sequestro de plaquetas no baço muito hipertrofiado ❖ Esfregaço de sangue periférico apresenta uma TRÍADE peculiar • Leucoeritroblastose → presença de formas muito jovens de hemácias e leucócitos, com grande desvio a esquerda e hemácias nucleadas o Indica alguma patologia “ocupando” a MO, pois as células hematopoiéticas jovens são “expulsas” • Poiquilocitose com predomínio de Hemácias em Lágrima → significa hematopoiese extramedular o As hemácias produzidas no fígado e no baço sofrem uma lesão na membrana antes de serem liberadas para o sangue • Plaquetas gigantes degranuladas (“fragmentos de megacariócitos”) Outros achados laboratoriais comuns → hiperuricemia, aumento da fosfatase alcalina leucocitária e sérica (devido à lesão óssea), aumento da LDH e B12, e hipoalbuminemia. • Alguns pacientes podem apresentar quadro de anemia hemolítica autoimune. Diagnostico • Para confirmar o diagnóstico é preciso demonstrar duas coisas → a existência de fibrose da MO o A ausência de outras doenças (mielofibrose idiopática é DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO) • Sendo sempre necessário realizar uma biópsia de medula óssea → aspirado é tipicamente seco o Quando puxamos o êmbolo simplesmente não vem material na seringa → devido ao excesso de tecido fibrótico • Nas fases iniciais é comum encontrarmos apenas fibras de reticulina, que podem delimitar ilhas de hiperplasia medular → com aumento predominante do número de megacariócitos • Nas fases mais avançadas, a medula se torna francamente hipocelular → fibras de reticulina claramente evidenciadas na coloração pela prata Tratamento e Prognóstico • Não há tratamento específico → nas fases iniciais oligo/assintomáticas, nenhuma intervenção é indicada. • Quando a anemia ou trombocitopenia se exacerbam, tem se recomendado a associação de corticoide (prednisona) com talidomida em baixas doses o De acordo com a necessidade, o paciente deverá receber suporte transfusional • Outras terapias não possuem eficácia confirmada e podem piorar a esplenomegalia • Não se faz esplenectomia pois a chance de complicações pós-operatórias é alta → cerca de 30% evoluem com infecções, sangramentos, TV intra-abdominais, aumenta risco de transformação leucêmica ❖ Áreas de hematopoiese extramedular “sintomática”podem ser controladas com radioterapia externa → dor óssea também pode responder a este tratamento • Os sinais e sintomas decorrentes de hipertensão porta podem ser aliviados com o emprego do TIPS (Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt) • INIBIDORES DO JAK-2 como o Ruxolitinib → estão sendo utilizados na doença avançada o Provoca discreta piora inicial nas citopenias do paciente (que posteriormente estabilizam), mas reduz o tamanho do baço e aumenta a sobrevida • A única chance de CURA é o transplante alogênico de células hematopoiéticas → porém poucos preenchem os pré-requisitos para a realização (o principal é uma idade ≤ 55 anos) • A sobrevida média atual é de cinco anos Trombocitemia Essencial • Síndrome mieloproliferativa incomum → tipicamente acomete adultos velhos (50-60), com predileção pelo sexo feminino o Uma forma infantil também é descrita • É a SMP que acarreta melhor prognóstico Fisiopatologia • O clone neoplásico derivado da stem cell se diferencia preferencialmente em megacariócitos → aumento na produção de plaquetas é o grande marco da doença • Trombocitose excessiva, especialmente quando > 1.000.000/mm3, predispõe eventos trombóticos e, também à hemorragia o Por um defeito qualitativo das plaquetas, por ex.: adsorção dos polímeros do fator de Von Willebrand = doença de Von Willebrand adquirida • A mutação JAK-2 é encontrada em 50%, além das mutações MPL e TET2 CAUSAS DE TROMBOCITOSE • A trombocitemia essencial é na verdade uma causa RARA de trombocitose → 3% • As etiologias mais frequentes são infecções → 20-30% dos casos o Injúrias teciduais (politrauma, IAM, cirurgia o Anemia ferropriva, sangramento agudo, pós-esplenectomia o Anemia hemolítica em crianças • Outras condições também podem causar trombocitose, às vezes acentuada → DII, neoplasias o Nestas e nas infecções e injúrias teciduais, a trombocitose é reativa ▪ O aumento de plaquetas é secundário à secreção de fatores estimuladores de colônias de megacariócitos pelas células inflamatórias ou neoplásicas → IL6 • Todas as SMP podem cursar com trombocitose, eventualmente grave → diagnóstico de trombocitemia essencial só pode ser dado após a exclusão dessas doenças Manifestações Clinicas • A maioria é assintomática → diagnóstico suspeitado por trombocitose persistentemente > 600.000/mm3 • Quando presentes, os sinais e sintomas refletem as complicações da doença → que costumam ocorrer com plaquetometrias > 1.000.000/mm3 • Eventos Trombóticos → podem ser arteriais (mais comum) ou venosos. o AVE isquêmico, AIT (ataque isquêmico transitório), IAM, trombose mesentérica e femoral. o TV iliofemoral, trombose dos seios venosos cerebrais e trombose da veia mesentérica. • Eventos Hemorrágicos → múltiplas e extensas equimoses, petéquias, hemorragia digestiva e sangramento grave no pós-operatório são os principais exemplos o Exames da função plaquetária mostram resultados variáveis → tempo de sangramento só está alterado em uma pequena percentagem dos casos (20%) o Hemorragia significativa é observada em 2% a 5% • Distúrbios vasomotores → cefaleia, desorientação, sintomas visuais como borramento e escotomas o Palpitações, dor torácica, eritromelalgia, parestesia distal Eritromelalgia é o sintoma vasomotor mais drástico, porém é raro e não inteiramente específico → caracteriza-se pelo súbito aparecimento de dor, calor, rubor e disestesia nas extremidades, principalmente mmii o O episódio pode ser autolimitado ou pode evoluir para gangrena o O mecanismo está relacionado à obstrução microvascular por agregados de plaquetas • Eventos Obstétricos → aborto espontâneo no primeiro trimestre de gestação • Esplenomegalia e hepatomegalia presentes em uma pequena parcela LABORATÓRIO • Achado mais comum é a trombocitose • Leucocitose neutrofílica pode ocorrer, mas não se espera eritrocitose ou anemia importante • Alterações morfológicas nas plaquetas são frequentes → megatrombócitos, anisocitose plaquetária • A trombocitemia essencial é causa clássica de hipercalemia espúria → excesso de plaquetas metabolicamente ativas libera potássio intracelular dentro do tubo de ensaio após coleta o O tubo de ensaio deve ser imediatamente posto no gelo após a coleta • A gasometria arterial também pode mostrar hipoxemia espúria, por consumo do O2 pelas plaquetas Diagnostico • Confirmação pode ser feita em pacientes com trombocitose > 500.000/mm3, após exclusão de trombocitose reativa e das outras síndromes mieloproliferativas o Na presença de leucocitose > 20.000/mm3, devemos pensar em LMC e pesquisar o cromossomo Filadélfia → se for positivo indica LMC o A presença de eritrocitose aponta para PV, e a presença de hemácias com formato anômalo indica o diagnóstico de MI • A OMS também propôs critérios revisados para o diagnóstico de TE o Elevação sustentada das plaquetas > 450.000/mm3 o Biópsia de MO com proliferação megacariocítica anormal (megacariócitos grandes, maduros) sem eritrocitose e neutrófilos em número aumentado o Ausência de critérios para PV, mielofibrose, LMC, mielodisplasia ou trombocitose reativa o Presença da mutação JAK-2 Tratamento • São considerados de “alto risco” para eventos trombóticos e hemorrágicos, pacientes que possuem o Idade > 60 anos, leucócitos > 11.000/mm3 e história prévia de evento trombótico • Para tais pacientes existe indicação de controle da plaquetometria → mantida < 500.000/mm3 • Tratamento feito com agentes mielossupressores → hidroxiureia e anagrelida o Esta última deve ser associada à hidroxiureia em casos refratários, ou substituí-la se intolerância • PEG-interferon-alfa também pode ser usado ❖ Na vigência de trombose aguda, anticoagulação plena está indicada • Se evento hemorrágico grave, plaquetas podem ser prontamente reduzidas através da plaquetaférese. • AAS costuma ser prescrito de forma rotineira na ausência de contraindicações o Também é a droga de escolha para o tto agudo da eritromelalgia Cerca de 10-15% evoluem com mielofibrose secundária após 15 anos • O risco de leucemização (geralmente LMA) é de aproximadamente 1-5% • Pacientes sintomáticos têm sobrevida média de 15 anos Anemia da Doença Crônica • Estado anêmico moderado (queda de 5-15 no Hct ou 2-5 pontos na Hb) que se desenvolve nos pctes com condições inflamatórias ou neoplásicas → quando presentes por > 20-60 dias o Doenças inflamatórias/infecciosas agudas com repercussão sistêmica, podem causar anemia leve (queda de 6-9 no Hct) em apenas 1-2 dias. • Anemia de grau leve a moderado, podendo ser assintomática o Em geral, se manifesta como processo normocrômico e normocítico → até 50% com microcitose o O que chama atenção é o achado de ferro sérico baixo com ferritina normal ou alta • Segunda causa mais comum de anemia no mundo → a mais comum em pctes hospitalizados • Porém nem todas as “doenças crônicas” justificam o desenvolvimento de ADC → em geral são aquelas que aumentam as citocinas pró-inflamatórias o Insuficiência hepática e renal, endocrinopatias, hemólise e sangramento não estão incluídas! PRINCIPAIS ETIOLOGIAS Infecções Subagudas ou Crônicas o Abscesso pulmonar, empiema, tuberculose, pneumonia bacteriana prolongada o Endocardite infecciosa, osteomielite, doença inflamatória pélvica o Infecção urinária crônica, micoses profundas, meningite, HIV Doenças Inflamatórias Não Infecciosas o Artrite reumatoide, LES, vasculites sistêmicas o Doenças inflamatórias intestinais, sarcoidose, trauma severo Neoplasias Malignas o Carcinomas e neoplasias hematológicas Idiopática Fisiopatologia • Os estados inflamatórios e neoplásicos promovem liberação de várias citocinas → principalmente IL-1, IL-6, TNF-alfa e o gama-IFN (interferon) • Em conjunto, acabam levando a → redução da vida média das hemácias para cerca de 80 dias o Redução daprodução renal de eritropoetina o Menor resposta dos precursores eritroides à eritropoetina o “Aprisionamento” do ferro em seus locais de depósito (principal). • Em condições normais a transferrina transporta o ferro dos seus locais de depósito para a medula → na ADC esta etapa é “bloqueada”. ❖ IL-6 é a principal neste bloqueio → após aparecer uma DIC, os macrófagos começam a liberar ela, que estimula o fígado a produzir hepcidina (se comporta como reagente de fase aguda) o A hepcidina determina redução na absorção intestinal de ferro ao inibir a síntese de ferroportina → além de aprisionar o ferro no interior dos macrófagos e demais locais de depósito • Isso compromete o abastecimento da produção eritrocitária → eritropoiese restrita em ferro o Tais efeitos justificam a HIPOFERREMIA encontrada na anemia de doença crônica ❖ A IL-1 estimula a síntese de lactoferrina, proteína que compete pelo ferro → ela é mais ávida por ferro do que a transferrina, e não libera o ferro para a medula de forma adequada • O interferon-gama atua promovendo apoptose e down-regulation dos receptores de eritropoetina nas células precursoras da MO o Age para aumentar a apoptose de células progenitoras eritroides, e antagoniza os pró-fatores hematopoiéticos Manifestações clínicas • Dominadas pelo processo patológico subjacente • Maioria das vezes anemia leve → níveis de Hb 8-10g/dL • Eventualmente pctes assintomáticos com anemia leve descobrem a doença oculta → um pcte com perda ponderal significativa, anemia + aumento do VHS, deve ser investigado p doença sistêmica! • A ADC em geral se instala progressivamente ao longo dos primeiros 1-2 meses, estabilizando-se o Hct > 25% em 80% → e o quadro anêmico costuma acompanhar a atividade da doença. • ADC é na maioria das vezes normocítica-normocrômica o Quando existe microcitose, é discreta e quase nunca o VCM fica < 72 f • O índice de produção reticulocitária encontra-se normal ❖ Exames do metabolismo do ferro → ferro sérico baixo (< 50 mg/dl) o Ferritina sérica normal ou alta → 50-500 ng/ml o TIBC normal ou baixo → < 300 mg/dl o Saturação de transferrina levemente baixa → 10-20% o A Protoporfirina Livre Eritrocitária (FEP) encontra-se elevada, mas em menor grau o A TRP (Proteína Receptora de Transferrina) está baixa Tratamento • O tratamento deve enfocar apenas a doença de base. • Nos casos incomuns de anemia grave (hct < 25%) → tto realizado com eritropoietina recombinante, para evitar as hemotransfusões repetidas o Tto com EPO deve ser acompanhado de reposição de ferro parenteral, pois aumenta o consumo deste elemento • Transfusão de sangue leva a resolução imediata da anemia → indicada quando há risco à vida • Geralmente envolve outra perda de sangue intercorrente ou outro processo agudo que agrava a ADC o Cuidar riscos secundário → sobrecarga de Fe, sensibilização dos antígenos leucocitários humanos e efeitos colaterais Anemia Sideroblástica • Representa um grupo heterogêneo e se distinguem das demais pela presença de grandes quantidades de ferro no interior das mitocôndrias dos eritroblastos • Encontro de sideroblastos em anel, repletos de ferro, na medula óssea → resultam de defeitos na biossíntese do anel porfirínico do heme ou no metabolismo do ferro dentro das mitocôndrias o São associados a anemia de grau moderado a intenso • Anemias sideroblásticas adquiridas, apesar de raras, são mais comuns que as hereditárias o As anemias sideroblásticas hereditárias ligadas ao X geralmente se manifestam na infância ou no início da idade adulta Fisiopatologia • As duas principais formas de anemia sideroblástica hereditária ligada ao X envolvem distúrbios na síntese do heme, desde que não seja a carência de ferro • Esse processo ocorre no interior da mitocôndria dos eritroblastos → logo, deficiências enzimáticas ou defeitos mitocondriais podem prejudicar a síntese o Gerando prejuízo na síntese de Hb, com hipocromia e anemia → com acúmulo de Fe na mitoc. • Fisiologicamente, o heme inibe a captação de ferro pelo eritroblasto → como pouco heme é formado, o ferro continua se acumulando na célula, culminando com a formação dos sideroblastos em anel. o O ferro acumulado é potencialmente lesivo ao eritroblasto → levando à sua destruição na medula ▪ Eritropoiese ineficaz explica a leve hiperplasia eritroide na MO sem aumento d reticulócito • A redução da síntese do heme + eritropoiese ineficaz estimula a absorção intestinal de ferro → hemocromatose eritropoietica após vários anos, com hepatoesplenomegalia, lesão hepática e cardíaca MECANISMO GENÉTICO • O tipo hereditário é causado pelas mutações no gene que codifica a ALA sintase no cromossomo X → catalisa a síntese do ácido aminolevulínico, a partir da glicina e succinil-CoA o Essa enzima tem como principal cofator a vitamina B6 (como piridoxal 5-fosfato) → o mutante da ALA sintase só “funciona” quando doses suprafisiológicas de vitamina B6 são oferecidas • Existe ainda um tipo causada por uma mutação na proteína hABC7 → auxilia a enzima ferroquelatase a incorporar o ferro ao heme EXPOSIÇÃO A DROGAS OU TOXINAS • A forma mais comum de AS resulta de deficiência nutricional ou exposição a drogas ou toxinas exógenas Álcool → em geral a AS só é vista nos casos de alcoolismo associado a deficiências nutricionais o Inibe diretamente a eritropoiese, interfere na interação entre a piridoxina e a ALA sintase o Inibe diversas enzimas da síntese protoporfirínica e promove disfunção mitocondrial • Outros casos incluem exposição à isoniazida, cloranfenicol e cicloserina, Pb Deficiência de cobre → enzima mitocondrial que converte Fe+3 em Fe+2 contem cobre o Causas → nutrição parenteral total, gastrectomia, reposição desnecessária de sais de zinco o Excesso de zinco induz à formação de uma proteína intestinal que quela todo o cobre da dieta FORMA IDIOPÁTICA • No tipo adquirido há fortes indícios de que mutações no DNA mitocondrial prejudicam a ação de uma enzima que converte o íon férrico (Fe+3) em íon ferroso (Fe+2) o O íon férrico não consegue ser incorporado à protoporfirina IX • Tais mutações podem determinar outras consequências, provocando síndrome mielodisplásica Manifestações Clínicas e Diagnostico • Variam conforme causa fisiopatológica subjacente • Maioria das vezes a anemia é moderada a grave → níveis de Hb permanecem entre 4-10g/dL • Hemácias circulantes com microcitose e hipocromia → reflete produção inadequada de Hb o Geralmente se encontra dimorfismo eritrocitário, com RDW aumentado o Uma população hipocrômica e microcítica e outra normocítica e, eventualmente, macrocítica ▪ Na forma herdada predominam os micrócitos, e na adquirida predominam macrócitos • Em alguns pctes, as hemácias circulantes podem reter as mitocôndrias sideróticas por um breve período → esfregaço identifica precipitados de ferro conhecidos como corpúsculos de Pappenheimer Como há um estímulo à absorção intestinal de ferro, o FeS é alto (> 150 µg/dl) o Ferritina sérica normal alta ou alta (> 100-200 ng/ml) o TIBC normal, e saturação de transferrina alta (30-80%) ❖ Se suspeita de AS sempre que houver coexistência de hipocromia com ferro sérico alto, saturação da transferrina elevada e ferritina elevada → talassemias descartadas por eletroforese de Hb • Diagnostico confirmado por aspirado da MO com uso de corante azul da Prússia → evidencia Fe o Revela siderossomos verde-azulados grandes e numerosos no interior de no mínimo 15% dos eritroblastos → aparência de anel • A anemia sideroblástica pode estar acompanhada de deficiência de ferro, complicando o diagnóstico → pois há ausência dos sideroblastos em anel o Se repõe ferro e repete o exame da MO ANEMIA SIDEROBLÁSTICA HEREDITÁRIA • Apesar de menos comum do que as adquiridas, a AS é importante pois é potencialmente reversível com o tto, na forma hereditária e adquiridareversível • Esta anemia é mais comum em homens (herança ligada ao X), com grau de anemia variável → leve, moderada ou grave (Hg < 7 g/dl) • Os casos leves a moderados podem ser descobertos só na idade adulta, ao aparecer hemossiderose com hepatoesplenomegalia ao exame físico o A anemia é microcítica (VCM podendo chegar a 50-60 fL) e hipocrômica ▪ Com intensa anisocitose (aumento do RDW) e poiquilocitose • Casos mais graves podem evoluir com lesões orgânicas da hemossiderose ❖ Mulheres heterozigotas podem apresentar leve anemia ou curva de anisocitose “bífida” no hemograma • Existem casos de herança autossômica dominante e recessiva → esse caso, não há preferência de sexo. • Existe um tipo relacionado à porfiria eritropoiética, pela deficiência da enzima ferroquelatase → pode haver tanto a AS quanto lesões cutâneas de porfiria (fotossensibilidade), pelo acúmulo de protoporfirina. • Uma forma muito rara é a síndrome de Pearson, resultante de um distúrbio mitocondrial congênito ANEMIA SIDEROBLÁSTICA ADQUIRIDA IDIOPÁTICA • Após uma mutação de um clone progenitor hematopoiético ou eritroide, este ganha uma “vantagem proliferativa” sobre as outras células da hematopoiese normal → começa a se sobressair na MO • Estes pacientes geralmente são adultos de meia-idade ou idosos → com anemia leve a moderada, lentamente progressiva (paciente mantém aquele hematócrito por anos) o Também existe hemocromatose eritropoiética, com hepatoesplenomegalia em 1/3 a 1/2 “Anemia sideroblástica pura” → as demais alterações displásicas medulares são inexistentes • Sobrevida média boa e a chance de transformação leucêmica é praticamente nula. “Forma verdadeiramente mielodisplásica” → a displasia medular é encontrada em sua forma típica • Sobrevida média está reduzida e há risco para transformação leucêmica (em torno de 5%) Tratamento ❖ Anemia sideroblástica hereditária (especialmente aquela ligada ao X) é corrigida em 40-60% pela reposição de doses suprafisiológicas de piridoxina (vitamina B6) o Dose proposta de 100-200 mg/dia por 3 meses → após 2-3 semanas já é observada reticulocitose ❖ Anemia sideroblástica adquirida idiopática → não costuma responder a nenhum tratamento • A resposta aos androgênios é muito discreta e inconsistente • Alguns pctes com baixa necessidade de hemotransfusões e níveis séricos de eritropoetina < 200 U/ml respondem à administração de Eritropoetina recombinante o Nos refratários à EPO sozinha, a associação de G-CSF pode oferecer benefício adicional ❖ Hemocromatose eritropoietica → pcte deve ser acompanhado pela sua ferritina sérica. • Caso > 500 ng/ml, está indicada a terapia para reduzir o acúmulo corporal de ferro o Se anemia leve (Hg > 9 g/dl), o método escolhido pode ser a flebotomia repetida ▪ Nos casos mais graves, refratários, ou anemia moderada/grave, indicamos o quelante de ferro desferoxamina 40 mg/kg/dia • A esplenectomia é contraindicada nas AS, pelo alto risco de tromboembolismo no pós-operatório Hemotransfusão Antígenos e Anticorpos • Os Antígenos são proteínas ou carboidratos encontrados na superfície das hemácias, leucócitos e plaquetas → além de circularem livremente no plasma o Cada antígeno tem uma função biológica específica → para fins transfusionais, são subdivididas • Dentro de cada grupo existem tipos sanguíneos, definidos pelo antígeno do grupo que está presente → variam de pessoa a pessoa, variando as compatibilidades • Quando indivíduo é exposto a antígeno sanguíneo que não faz parte de seu organismo, ele desenvolve anticorpos contra aquele antígeno → aloimunização o Os anticorpos formados os aloanticorpos → a existência deles no soro explica a aglutinação de um sangue de tipo diferente • Para maioria dos tipos sanguíneos, a aloimunização só acontece após uma 1ª transfusão de sangue não compatível ou gestação (se feto possuir antígenos diferentes da mãe) o Para outros é “natural” → microrganismos no ambiente secretam substâncias que “mimetizam” seus antígenos, e todas as pessoas acabam desenvolvendo (no início da vida) aloanticorpos ▪ Assim, reações adversas já ocorrem na 1ª hemotransfusão → explica por que o sistema ABO é o “mais importante” dos grupos sanguíneos ❖ Além de ter grande carga antigênica no sangue humano, a aloimunização natural ocorre com mais frequência e intensidade → compatibilidade ABO é o 1º pré-requisito para transfusão bem sucedida • 2º grupo + importante é o Rh → foram descritos + de 40 antígenos, mas só 5 deles costumam ser encontrados em combinações variadas o O principal é o antígeno D → se presente, Rh é (+), se ausente, Rh é (-) • Pessoa Rh (-) desenvolve aloimunização importante se receber sangue Rh (+) ou tiver gestação com feto Rh (+) (surgimento de IgG anti-D no sangue) o Na 1ª exposição não há reação adversa, mas exposições subsequentes resultarão em reação hemolítica transfusional ou doença hemolítica perinatal → IgG é capaz de cruzar a placenta TESTAGEM PRÉ-TRANSFUSÃO • Toda vez que é solicitada hemotransfusão, o banco de sangue realiza procedimentos visando à seleção da bolsa de sangue mais apropriada ao paciente • Os 3 testes feitos de rotina são o Tipagem sanguínea → identifica isoaglutininas presentes no sangue do pcte o Screening de aloanticorpos → identifica aloanticorpos contra outros grupos sanguíneos o Reação cruzada → verifica compatibilidade ABO e RH Hemocomponentes • Muitas vezes, quando uma doação é coletada, o sangue é fracionado em hemocomponentes • Primeiro se faz a centrifugação lenta da amostra → separando unidade de concentrado de hemácias do “plasma rico em plaquetas” o Este é submetido à centrifugação rápida, gerando unidade de concentração de plaquetas e uma unidade de plasma fresco que é congelado (PFC) ▪ PFC pode ser reaquecido lentamente → isso faz as principais proteínas precipitarem → depois passam por outra centrifugação e são separadas → obtém-se crio precipitado • Na transfusão de plaquetas com concentrado “convencional”, várias unidades precisam ser ministradas para produzir efeito clínico significativo → oriundas de múltiplos doadores distintos • Em certas ocasiões apenas as plaquetas são coletadas na doação, por AFÉRESE → aparelho separa as plaquetas dos demais componentes do sangue, que são devolvidos à circulação o Obtém-se o Concentrado de Plaquetas de Doador Único PROCESSAMENTO DOS HEMOCOMPONENTES • Eles podem ser modificados para aumentar a segurança da transfusão. Concentrado de Hemácias (CHA) → pode ser leucodepletado, lavado e/ ou irradiado • Leucodepleção → passagem do CHA por um “filtro de leucócitos”, que reduz o nº de céls brancas sem eliminá-las por completo • Lavagem → remove o plasma em pacientes com história de reação transfusional alérgica o O plasma é responsável por essa reação, principalmente se receptor tem deficiência congênita de IgA → uma transfusão prévia sensibiliza e leva a produzir anticorpos anti-IgA • Irradiação → “inativa” os leucócitos remanescentes na bolsa após a Leucodepleção o Este cuidado deve ser tomado quando o CHA for transfundido num paciente imunodeprimido, ou quando doador e receptor forem parentes de 1º grau. INDICAÇÕES ❖ CHA → hemorragia aguda, pré-operatório e anemias ❖ Concentrado de plaquetas o Transfusão terapêutica → presença de sangramento ativo + plaquetometria ▪ Disfunção plaquetária provável, pós-operatório de cirurgia cardíaca o Transfusão profilática → ausência de sangramento + procedimento invasivo com plaquetometria, neurocirurgia ou cirurgia oftalmo com plaquetometria ▪ Plaquetometria em pctes pós quimio ou com leucemia/anemia aplásica (s/ febre) ▪ Plaquetometria em pctes pós quimio ou com leucemia/anemia aplásica (s/ febre) ❖ PFC → contém todos os fatores de coagulação. o Intoxicação por cumarínicos, Insuficiência hepática o Coagulação Intravascular Disseminada o PTT, CoagulopatiasHereditárias (exceto Hemofilia A) ❖ Citoprecipitado → derivado do plasma fresco congelado, rico em fibrinogênio, fator VIII e FVW, fator XIII e fibronectina o Principal indicação → CIVD ▪ 1-2 bolsas para cada 10kg de peso Reações Adversas à Hemotransfusão • Mesmo com todas as precauções, as reações adversas ainda acontecem → na maioria das vezes são complicações brandas e sem ameaça à vida. • Essas Reações podem ser imunes → mediadas por anticorpos pré-formados no soro do receptor ou do doador, ou por leucócitos do doador presentes no hemocomponente transfundido o Ou não imunes → mediadas por fatores químicos ou físicos relacionados ao hemocomponente ou seus aditivos - ex.: conservantes, anticoagulantes REAÇÕES IMUNES ❖ REAÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA • É a + comum → mecanismo é a presença de anticorpos anti-HLA no soro do receptor que “atacam” os leucócitos do doador, levando à liberação de citocinas pirogênicas o Conduta → interrupção da transfusão e adm de antitérmicos ❖ INJÚRIA PULMONAR AGUDA RELACIONADA À TRANSFUSÃO • Principal causa de morte relacionada • Mecanismo é a presença de anticorpos anti-HLA no soro do doador que “atacam” os leucócitos do receptor → promove sua agregação e degranulação no leito vascular pulmonar o Isso aumenta a permeabilidade dos capilares alveolares causando edema agudo de pulmão não cardiogênico • Quadro inicia durante ou até 6h após término da transfusão, evoluindo com dispneia progressiva, hipoxemia e infiltrados bilaterais no RX de tórax ❖ REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL AGUDA • Causada pela presença de aloanticorpos pré-formados no soro do receptor que “atacam” as hemácias transfundidas, promovendo hemólise intravascular o Forma + comum é por incompatibilidade ABO → na maioria é por erro operacional (etiquetagem incorreta etc) • Quadro clínico (min após) → desconforto na região do acesso venoso, febre com calafrios, taquipneia, taquicardia, hipotensão arterial, dor no peito, nos flancos e urina “escura” • Lab → marcadores de hemólise → aumento de LDH e bilirrubina indireta e diminuição de haptoglobina, hemoglobinemia, hemoglobinúria) o De coagulação intravascular disseminada → alargamento do TAP e PTTa, queda de plaquetas e fibrinogênio, aumento de D-dímero) • Além de interromper a hemotransfusão, é preciso hiper-hidratar o paciente, “forçando” diurese o Depois de volemicamente reposto → furosemida ou manitol para “lavar” a Hb dos túbulos renais ❖ REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL TARDIA • Causada por aloanticorpos no soro de um receptor previamente aloimunizado • Aqui os aloanticorpos inicialmente estão em baixos títulos, não sendo detectados nas testagens pré- transfusionais o 1-2 semanas após a transfusão, por mecanismo de “memória imunológica” a síntese desses aloanticorpos aumenta → hemácias transfundidas são hemolisadas • Quadro clínico é mais brando que o da aguda, raramente ameaçando a vida ❖ REAÇÃO ALÉRGICA/ANAFILÁTICA • Mediada por proteínas plasmáticas do doador contra as quais o receptor foi previamente sensibilizado. • Formas brandas (reações cutâneas urticariformes) → interromper transfusão e adm anti-histamínicos o Nas formas graves → quadro de anafilaxia (urticária, edema de glote, broncoespasmo, hipotensão arterial) se inicia após a infusão dos 1ºs mLs de sangue • Deve ser abordado com a suspensão imediata da hemotransfusão e adm subcutânea de adrenalina, além de anti-histamínicos e glicocorticoide IV ❖ DOENÇA ENXERTO VS HOSPEDEIRO TRANSFUSIONAL • Mediada por linfócitos T do doador, e cursa febre, rash cutâneo, diarreia e alterações na função hepática • Linfócitos T do doador podem não ser eliminados pelo sistema imune do receptor porque o receptor está profundamente imunodeprimido ou doador e receptor são parentes o Sobrevivência desses linfócitos T permite-os elaborar resposta imune voltada contra o HLA do receptor → lesão de múltiplos órgãos e tecidos ao mesmo tempo • Tem péssimo prognóstico, geralmente é resistente ao tto imunossupressor e citotóxico • Sinais e sintomas iniciam 8-10 dias após transfusão, e óbito ocorre após 3-4 semanas. Eritropoetina • A eritropoiese é controlada por retroalimentação • Um sensor nos rins detecta alterações no suprimento de O2 e modula a excreção da eritropoetina → altitudes, DPOC, recém-nascido... ❖ O fator induzível de hipoxia HIF1 → fator de transcrição heterodimérico → sofre uma metabolização e degradação → auxiliados pela proteína de Von Hipen Lindau • Na hipoxia, a prolil-hidroxilase é inativada → acumula HIF1-alfa e ativa produção de EPO o Que estimula a expansão de progenitores eritroides → se liga a receptores de superfície dessas células na medula e é internalizada Usos terapêuticos • DRC, anemias associadas a cirurgias • AIDS, quimioterapia, prematuridade • Distúrbios inflamatórios crônicos Cuidados • Deficiência de ferro → ferritina normal e baixa saturação de transferrina • Incapacidade de mobilizar as reservas de ferro para acompanhar a eritropoiese o Os pctes acabam necessitando de suplemento de ferro para manter a saturação
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