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II Samuel

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Sumário 
 
II Samuel 1 1 
II Samuel 2 7 
II Samuel 3 14 
II Samuel 4 22 
II Samuel 5 26 
II Samuel 6 36 
II Samuel 7 44 
II Samuel 8 49 
II Samuel 9 56 
II Samuel 10 60 
II Samuel 11 64 
II Samuel 12 70 
II Samuel 13 80 
II Samuel 14 86 
II Samuel 15 93 
II Samuel 16 100 
II Samuel 17 104 
II Samuel 18 113 
II Samuel 19 120 
II Samuel 20 129 
II Samuel 21 134 
II Samuel 22 140 
II Samuel 23 144 
II Samuel 24 152 
 
 
 
 
 
 
 
 
II Samuel 1 1 
 
A Notícia da Morte de Saul 
 
Nós vemos no primeiro capítulo de 2 Samuel, que Davi havia 
retornado da batalha que empreendera contra os amalequitas para 
recuperar as esposas, filhos e bens, dele e dos seiscentos homens 
que o acompanhavam, e no terceiro dia em que se encontrava em 
Ziclague, veio ao seu encontro um jovem amalequita trazendo 
notícias da morte de Saul e de Jônatas. 
No relato de I Sm 31.3-6 sobre a morte de Saul, o escritor dá como 
fato exato e certo que ele havia sido ferido gravemente por flechas, 
que lhe foram lançadas, e que diante da morte iminente nas mãos 
dos filisteus, se lançou sobre a sua espada, e que o seu escudeiro 
fez o mesmo, mas depois de ter se certificado que Saul já havia 
morrido. 
Assim, tudo indica que era falso o relato que o amalequita fizera 
sobre os detalhes da forma como Saul fora morto por ele, pois disse 
a Davi que Saul estava apoiado sobre a sua lança (v. 6), e que lhe 
pedira que se lançasse sobre ele, porque a penetração da lança não 
foi capaz de produzir um golpe mortal (v.9). 
É até possível que o escudeiro de Saul tivesse feito uma avaliação 
incorreta sobre o momento exato da sua morte, e que tenha 
também se suicidado enquanto Saul ainda estivesse com vida e 
solicitado ao amalequita que o matasse. 
É também possível, que na hora de relatar o fato a Davi, que tenha 
se equivocado ou alterado propositalmente com qual instrumento 
Saul estava atravessado, pois em vez de dizer espada hereb, ele 
disse lança, hanit. 
Ao que tudo indica o amalequita estivera de fato com Saul nos 
primeiros momentos da sua morte, pois pegou sua coroa e 
bracelete e os trouxe à presença de Davi, como prova de que estava 
lhe dizendo a verdade. 
Em todo caso, se o relato do amalequita era falso ou verdadeiro, 
não é relevante, pois o que há de importante para se aprender neste 
capítulo é o modo como Davi recebeu as notícias, e como agiu em 
II Samuel 1 2 
 
seguida, e que nem sempre o oportunismo interesseiro será bem 
sucedido, mesmo neste mundo. 
O amalequita pensava que seria regiamente recompensado com a 
notícia da morte de Saul, e mais ainda, pelo fato de ter dito que 
havia contribuído para que fosse morto, pois sabia o quanto ele 
vinha perseguindo Davi, a ponto deste ter que se refugiar numa 
terra estranha. 
No seu modo de julgar as coisas, segundo o seu padrão de valores, 
as notícias relativas à ruína dos inimigos é um motivo de grande 
alegria, e especialmente no caso de Davi, isto significava liberdade, 
cessação de ser perseguido, e caminho livre para assumir o trono de 
Israel. 
Considerando tudo isto, o amalequita pensou ser alvo do seu favor 
e ganhar um lugar de destaque no seu reino, e escapar, além de 
tudo, do juízo de extermínio total do seu povo, que havia sido 
ordenado por Deus, o qual fora desobedecido frontalmente pelo 
próprio Saul, que não por ironia do destino, mas por obra da 
providência, caso seja fidedigno o relato do amalequita, veio a ser 
morto pelas mãos de um daqueles que ele deixara viver, em 
desobediência à ordem divina. 
Aqueles que se alegram com a queda de um inimigo costumam 
medir os outros por si mesmos, pensando que terão a mesma 
alegria deles. E foi este o erro do amalequita que veio ter com Davi, 
porque em vez de se alegrar, ele se abateu profundamente com 
aquela notícia, não somente por Jônatas, como pelo próprio Saul, e 
por todos os israelitas que haviam caído no campo de batalha. 
Aquela não era uma notícia para ser festejada, mas para ser 
lamentada, e foi por causa disto que Davi e todos os israelitas, que 
estavam com ele rasgaram as suas vestes, em sinal de luto e 
tristeza, diante de Deus. 
Os filisteus deviam estar festejando aquele feito de modo muito 
ofensivo ao Deus de Israel, pois certamente estavam tributando 
toda a glória da vitória obtida sobre os israelitas, ao deus deles, 
Dagom; e como Davi poderia ficar alegre com a notícia da morte de 
Saul e da derrota do exército israelita? 
II Samuel 1 3 
 
A queda do povo de Deus nunca será um motivo de alegria para um 
verdadeiro cristão. 
 E tal foi a consternação produzida pela notícia da morte de Saul e 
Jônatas, e da derrota do exército de Israel, que nós lemos o seguinte 
nos versos 11 e 12: 
“11 Então pegou Davi nas suas vestes e as rasgou; e assim fizeram 
também todos os homens que estavam com ele; 
12 e prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por 
Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, 
porque tinham caído à espada.”. 
Houve não somente o ato de rasgar as vestes, como pranto e jejum 
por parte de Davi e seus homens. 
Quem tem o temor de Deus não se alegra sequer pela ruína dos seus 
inimigos, quanto mais por aqueles que fazem parte do seu próprio 
povo. 
Davi sabia muito bem separar os problemas pessoais que tinha que 
viver por causa das perseguições injustas de Saul, da honra que lhe 
devia na condição de ser o seu rei, escolhido pelo próprio Deus para 
reinar em Israel. 
Antes de começarem as perseguições de Saul, ele já havia sido 
ungido para ser o futuro rei de Israel, mas enquanto Saul 
vivesse, sabia que era a ele que o reino pertencia de fato, apesar 
de ter sido rejeitado por Deus, não somente para ser removido do 
reino, no momento que Ele determinasse, como também para não 
mais operar sobre ele, com a boa direção do Espírito Santo. 
Davi havia colocado a sua vida nas mãos do Senhor, e não teve por 
usurpação o fato de ter sido ungido para ser rei tal como fora Saul. 
Ele não estava portanto, torcendo para que Deus desse logo cabo 
da vida de Saul, para que pudesse tomar o seu lugar. 
Ele não se conduzia desta forma, porque tinha o temor do Senhor e 
era guiado pelo Espírito Santo, de forma que esperava tão somente 
no Senhor e na Sua vontade. 
Ele aguardava a hora do Senhor. Os seus olhos estavam 
continuamente no Seu Deus e não em Saul. E assim, a par de todo o 
mal que Saul lhe fizera, jamais veria na sua morte um motivo de 
II Samuel 1 4 
 
alegria, senão de tristeza, porque fora ungido pelo Senhor, para 
estar à testa do Seu povo. 
Foi por este motivo que Davi ordenou a morte do amalequita, pois 
dissera que havia matado Saul, e demonstrava em sua presença que 
tivera regozijo no ato de fazê-lo, como se tivesse feito um grande 
favor a Davi, que deveria agora dar-lhe a justa recompensa. 
E ele foi recompensado de fato de modo justo, com a morte, porque 
assim como ele não temeu matar a Saul na condição de rei e ungido 
de Deus, também não teria o menor temor em matar o próprio Davi, 
se achasse oportunidade para fazê-lo. 
Quando o amalequita viu a reação de Davi e seus homens com o ato 
de rasgarem suas vestes, prantearem e jejuarem até à tarde, ele 
deve ter temido muito por sua vida, pois viu que aquela tristeza era 
sincera e não falsa, ou com motivações políticas, para ganhar a 
simpatia do povo. 
Entretanto, pelo que conhecemos do caráter de Davi, sabemos que 
não fora por este tipo de motivação que ele foi movido quando 
manifestou o seu pesar, e quando compôs o cântico em memória 
de Saul e Jônatas, e que mandou ser ensinado em Judá, para ser 
cantado em honra deles. 
A elegia que Davi compôs foi registrada no chamado livro de Jasar, 
da palavra hebraica iasar, que significa justo, e por isso temos em 
algumas versões livro dos Justos em vez de Jasar. 
Este livro é o mesmo citado em Josué 10.13. 
Esta palavra hebraica iasar é usada em inúmeras passagens do 
Velho Testamento, como por exemplo em Êx 15.26; Nm 23.10; Dt 
6.18; Jos 9.25; Jz 17.6;I Sm 12.23; Sl 7.10; 11.7, 19.8, dentre outras, 
onde é traduzida por reto, bom, justo. 
O cântico de Davi não cita uma única nota de lamento sobre 
quaisquer dos muitos erros que Saul havia cometido ao longo de 
todo o seu reinado. 
Com isto nós aprendemos que não devemos falar mal daqueles em 
quem não podemos achar o bem. 
É naquilo que é louvável que devemos concentrar a nossa atenção, 
seguindo a norma bíblica: 
II Samuel 1 5 
 
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é 
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, 
tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum 
louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8). 
Davi celebra a Saul como o homem de guerra que havia sido e que 
tinha dado a Israel muitas vitórias sobre as nações inimigas, e nisto 
a sua morte era algo para se lamentar. 
Mas sobre Jônatas havia muito mais do que isto para ser cantado 
em sua honra, pois dele Davi disse o que lemos no verso 26: 
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me 
eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de 
mulheres.”. 
A morte de todos os guerreiros de Israel, que haviam tombado na 
batalha contra os filisteus é lamentada especialmente no último 
verso (27): “Como caíram os valorosos, e pereceram as armas de 
guerra!”. 
O sentimento de Davi pode ser muito bem definido pelas palavras 
do apóstolo: 
“De maneira que, se um membro padece, todos os membros 
padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros 
se regozijam com ele.” (I Cor 12.26). 
O Israel de Deus é um só corpo, apesar de ter muitos membros. 
E todo aquele que faz parte do corpo de Cristo há de se sentir como 
Davi se sentiu quando vir qualquer parte deste corpo sendo vencida 
pelo Inimigo, em algumas das muitas batalhas que deve 
empreender contra os poderes das trevas. 
A perda de um só membro é sentida por todo o corpo e jamais será 
motivo de alegria, senão de tristeza e algo para se lamentar, tal 
como fizera Davi. 
 
”1 Depois da morte de Saul, tendo Davi voltado da derrota dos 
amalequitas e estando há dois dias em Ziclague, 
2 ao terceiro dia veio um homem do arraial de Saul, com as vestes 
rasgadas e a cabeça coberta de terra; e, chegando ele a Davi, 
prostrou-se em terra e lhe fez reverência. 
II Samuel 1 6 
 
3 Perguntou-lhe Davi: Donde vens? Ele lhe respondeu: Escapei do 
arraial de Israel. 
4 Davi ainda lhe indagou: Como foi lá isso? Dize-mo. Ao que ele lhe 
respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e 
morreram; também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. 
5 Perguntou Davi ao mancebo que lhe trazia as novas: Como sabes 
que Saul e Jônatas, seu filho, são mortos? 
6 Então disse o mancebo que lhe dava a notícia: Achava-me por 
acaso no monte Gilboa, e eis que Saul se encostava sobre a sua 
lança; os carros e os cavaleiros apertavam com ele. 
7 Nisso, olhando ele para trás, viu-me e me chamou; e eu disse: Eis-
me aqui. 
8 Ao que ele me perguntou: Quem és tu? E eu lhe respondi: Sou 
amalequita. 
9 Então ele me disse: Chega-te a mim, e mata-me, porque uma 
vertigem se apoderou de mim, e toda a minha vida está ainda em 
mim. 
10 Cheguei-me, pois, a ele, e o matei, porque bem sabia eu que ele 
não viveria depois de ter caído; e tomei a coroa que ele tinha na 
cabeça, e o bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu 
senhor. 
11 Então pegou Davi nas suas vestes e as rasgou; e assim fizeram 
também todos os homens que estavam com ele; 
12 e prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por 
Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, 
porque tinham caída à espada. 
13 Perguntou então Davi ao mancebo que lhe trouxera a nova: 
Donde és tu? Respondeu ele: Sou filho de um peregrino amalequita. 
14 Davi ainda lhe perguntou: Como não temeste estender a mão 
para matares o ungido do Senhor? 
15 Então Davi, chamando um dos mancebos, disse-lhe: chega-te, e 
lança-te sobre ele. E o mancebo o feriu, de sorte que morreu. 
16 Pois Davi lhe dissera: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, 
porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o 
ungido do Senhor. 
II Samuel 1 7 
 
17 Lamentou Davi a Saul e a Jônatas, seu filho, com esta 
lamentação, 
18 mandando que fosse ensinada aos filhos de Judá; eis que está 
escrita no livro de Jasar: 
19 Tua glória, ó Israel, foi morta sobre os teus altos! Como caíram 
os valorosos! 
20 Não o noticieis em Gate, nem o publiqueis nas ruas de Asquelom; 
para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não 
exultem as filhas dos incircuncisos. 
21 Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre vós, 
ó campos de morte; pois ali desprezivelmente foi arrojado o escudo 
dos valorosos, o escudo de Saul, ungido com óleo. 
22 Do sangue dos feridos, da gordura dos valorosos, nunca recuou 
o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul. 
23 Saul e Jônatas, tão queridos e amáveis na sua vida, também na 
sua morte não se separaram; eram mais ligeiros do que as águias, 
mais fortes do que os leões. 
24 Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia 
deliciosamente de escarlata, que vos punha sobre os vestidos 
adornos de ouro. 
25 Como caíram os valorosos no meio da peleja! 
26 Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me 
eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de 
mulheres. 
27 Como caíram os valorosos, e pereceram as armas de guerra!” (II 
Sm 1.1-27). 
 
II Samuel 2 
 
Um Reino que É Tomado por Esforço 
 
Nós vemos no segundo capítulo de 2 Samuel, que tendo Saul 
morrido, Davi perguntou ao Senhor se deveria retornar de Ziclague 
para alguma das cidades de Judá. E o Senhor respondeu 
afirmativamente. 
II Samuel 2 8 
 
No entanto, Davi não se aventurou, por tudo que havia aprendido, 
a escolher a cidade para a qual deveria retornar por sua própria 
conta, e nem entregaria esta decisão à deliberação dos anciãos das 
diversas cidades de Judá. 
Melhor do que qualquer pessoa somente o Senhor sabia qual seria 
a cidade que lhe seria mais propícia ao seu retorno, e por isso voltou 
a consultar ao Senhor pedindo-lhe que dissesse para qual cidade ele 
deveria ir. E como resposta o Senhor lhe apontou a cidade de 
Hebrom, que era uma cidade de refúgio e sacerdotal, e como todas 
as cidades de refúgio, ficava localizada numa região montanhosa. 
Quando foi para Hebrom, Davi levou consigo suas duas esposas, 
Ainoã e Abigail (v.2), e na ocasião não tinha filhos. 
No período de sete anos e seis meses, que permaneceu em Hebrom, 
tomaria mais quatro mulheres por esposas, e com estas e com 
Ainoã e Abigail gerou seis filhos, sendo um de cada uma destas seis 
mulheres, cujos nomes, e dos respectivos filhos, são citados no 
início do capítulo seguinte. 
Quando chegou a Hebrom os homens de Judá ungiram Davi rei 
sobre toda a casa de Judá, enquanto as demais tribos 
permaneceram seguindo a casa de Saul, porque Abner, seu tio, e 
general do seu exército, agiu rapidamente para constituir Is-Bosete, 
filho de Saul, como rei sobre Israel, inclusive sobre as tribos de 
Rúben, Gade e Manassés, na Transjordânia. 
Davi havia se congratulado com os gileaditas, quando soube o bem 
que eles haviam feito à honra de Saul e Jônatas, resgatando os seus 
corpos do território dos filisteus, para serem sepultados em 
Gileade. 
E antes que tomassem qualquer iniciativa no sentido de se aliarem 
a Davi, Abner se apressou em lhes apresentar Is-Bosete, que 
escapara da morte, por não ter subido à guerra contra os filisteus, 
e certamente sob a alegação de que era o legítimo herdeiro do 
trono, por ser filho de Saul, e por isso se diz que Abner fez passar Is-
Bosete por Maanaim, uma das principais regiões da Transjordânia, 
constituindo-o rei sobre Gileade. 
 
II Samuel 2 9 
 
Foi também para Maanaim que Davi se dirigiu, quando fugiu de 
Absalão, e onde permaneceu um longo período, até que a rebelião 
de seu filho fosse completamente dissolvida. 
Maanaim ficava ao Sul do rio Jaboque, e na fronteiradas tribos de 
Gade e Manassés, e pertencia à tribo de Gade. 
Judá havia se acostumado a agir separadamente, e nós vemos esta 
tribo sendo numerada à parte para a guerra, desde os dias de Saul 
(I Sm 15.4). 
A divisão de Israel em Reino do Norte, e do Sul, depois de Salomão, 
já vinha deitando raízes desde há muito, e era pela Providência 
divina que ela não se consumara antes da época determinada. 
Mas esta divisão de reinos prevaleceu nos sete anos e meio que 
Davi reinou sobre Judá em Hebrom, período em que houve guerra 
entre Judá e as demais tribos de Israel, que estavam debaixo do 
governo de Is-Bosete, e mais propriamente do general Abner, que 
era o homem forte do reino, pois este Is-Bosete era fraco, conforme 
o demonstra o relato bíblico, e não é de se estranhar portanto, que 
não tivesse subido à guerra contra os filisteus com seu pai e seus 
dois irmãos, que haviam morrido em batalha. 
Abner se opôs ao reinado de Davi, provavelmente em seu zelo pela 
sucessão linear em que a coroa tem que passar de pai para filho, e 
também por motivo de afeto à sua própria família, porque era tio 
avô de Is-Bosete, e ainda, porque ele sabia que dificilmente seria 
nomeado por Davi general de todo o seu exército, honra que até 
aquele momento fora dada aos sobrinhos de Davi, Joabe, Abisai e 
Asael, filhos de Zeruia, que era irmã de Davi (I Crôn 2.15,16). 
Os quais eram homens poderosos e influentes em Judá. 
Não podemos esquecer que a família de Jessé era descendente do 
primeiro príncipe e general do exército de Judá, nos dias de Moisés, 
chamado Naassom (I Crôn 2.10-12), e assim a família de Jessé 
desfrutava de um grande prestígio na tribo de Judá. 
Provavelmente, Is-Bosete jamais protestaria qualquer direito à 
coroa, fraco que era, caso o orgulho de Abner não lhe tivesse 
levado a agir para a consecução dos seus próprios objetivos. 
 
II Samuel 2 10 
 
Todavia, Deus permitiu tudo isto para que a fé de Davi fosse 
provada na paciência e luta que teria que travar para que a 
promessa de que seria rei sobre todo Israel fosse cumprida. 
Nisto há um grande exemplo para a Igreja de Cristo, porque ainda 
que seja fiel a promessa de que reinaremos com Ele, entretanto esta 
promessa é alcançada mediante o nosso esforço e fé, sofrendo com 
Ele neste mundo, para que sejamos achados dignos de também 
reinar com Ele quando todas as coisas Lhe estiverem sujeitas. 
Foi através de graus que o reino de Davi se estabeleceu, e nisto, vem 
a ser tipo do reino do próprio Cristo, que está sendo também 
estabelecido em graus, pois ainda não se veem ainda todas as coisas 
a Ele sujeitas (Hb 2.8). 
Mas é garantido e certo que Ele reinará sobre todos bem como 
todos os que estiverem com Ele, tal como se deu com Davi, que 
apesar de ter sido ungido por Deus para ser o sucessor de Saul, teve 
que lutar contra todos os poderes que se levantaram contra ele, até 
que se cumprisse cabalmente a promessa do Senhor, que de 
nenhum modo poderia falhar, pois tudo o que a boca do Senhor tem 
dito, cumprir-se-á. 
E o primeiro confronto entre os homens de Davi e os de Abner se 
deu junto ao açude de Gibeão, estando as tropas separadas pelas 
margens opostas do referido açude. 
E Abner desafiou as forças de Judá, propondo a Joabe que os 
valentes de ambos os lados se enfrentassem, para que através 
daquele jogo militar ficasse demonstrado quem de fato estava 
melhor preparado para a guerra. 
Sendo escolhidos doze homens valorosos de ambos os lados, lutou 
cada um com o seu oponente, e o resultado foi que se mataram 
simultaneamente, não saindo vencedor nenhum dos lados. É bem 
provável que isto foi permitido por Deus, para que Abner soubesse 
que aquela guerra civil deveria ser evitada e deveria reconhecer que 
Davi fora ungido para ser o rei de todo Israel. 
Contudo, a luta prosseguiu e os homens de Abner foram 
derrotados, tendo morrido vinte da parte de Davi (v. 30), e 
trezentos e sessenta da parte de Abner (v. 31). 
II Samuel 2 11 
 
Não poderia haver um recado mais claro da parte de Deus para as 
tribos de Israel de que Ele era com Davi e não com Is-Bosete, e seu 
tio Abner. 
Nesta batalha foi morto o sobrinho de Davi, Asael, irmão de Joabe 
e de Abisai, que obstinadamente se colocou em perseguição a 
Abner com o intuito de pôr logo um fim àquela guerra. 
De fato, se lograsse atingir o seu objetivo, matando Abner, Is-Bosete 
não teria força suficiente para reter os israelitas, e estes teriam 
seguido a Davi. Mas, como isto se deu logo no início do reinado de 
Davi em Hebrom, sete anos estavam determinados para que Davi 
viesse finalmente triunfar, e importava que Abner permanecesse 
em vida neste período, para que Israel aprendesse que é inútil lutar 
contra aquilo que foi determinado por Deus, mesmo quando se tem 
ao nosso lado um general experiente e valoroso como Abner e uma 
superioridade numérica, como tinham as demais tribos de Israel, 
em relação a Judá. 
Tal era a supremacia das forças de Davi sobre as de Abner, que a 
destruição teria sido muito maior caso o próprio Abner não tivesse 
rogado a Joabe por uma trégua, para que não houvesse um grande 
enfraquecimento das forças de Israel pela espada dos seus próprios 
irmãos (v. 26,27). 
 Depois desta batalha Abner retornou a Maanaim onde Is-Bosete 
fora entronizado, e Joabe e seus homens voltaram a Hebrom. 
 
“1 Sucedeu depois disto que Davi consultou ao Senhor, dizendo: 
Subirei a alguma das cidades de Judá? Respondeu-lhe o Senhor: 
Sobe. Ainda perguntou Davi: Para onde subirei? Respondeu o 
Senhor: Para Hebrom. 
2 Subiu, pois, Davi para lá, e também as suas duas mulheres, Ainoã, 
a jizreelita, e Abigail, que fora mulher de Nabal, e carmelita. 
3 Davi fez subir também os homens que estavam com ele, cada um 
com sua família; e habitaram nas cidades de Hebrom. 
4 Então vieram os homens de Judá, e ali ungiram Davi rei sobre a 
casa de Judá. Depois informaram a Davi, dizendo: Foram os homens 
de Jabes-Gileade que sepultaram a Saul. 
II Samuel 2 12 
 
5 Pelo que Davi enviou mensageiros aos homens de Jabes-Gileade, 
a dizer-lhes: Benditos do Senhor sejais vós, que fizestes tal 
benevolência, sepultando a Saul, vosso senhor! 
6 Agora, pois, o Senhor use convosco de benevolência e fidelidade; 
e eu também vos retribuirei esse bem que fizestes. 
7 Esforcem-se, pois, agora as vossas mãos, e sede homens 
valorosos; porque Saul, vosso senhor, é morto, e a casa de Judá me 
ungiu por seu rei. 
8 Ora, Abner, filho de Ner, chefe do exército de Saul, tomou a Is-
Bosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim, 
9 e o constituiu rei sobre Gileade, sobre os asuritas, sobre Jizreel, 
sobre Efraim, sobre Benjamim e sobre todo o Israel. 
10 Quarenta anos tinha Is-Bosete, filho de Saul, quando começou a 
reinar sobre Israel, e reinou dois anos, A casa de Judá, porém, seguia 
a Davi. 
11 E foi o tempo que Davi reinou em Hebrom, sobre a casa de Judá, 
sete anos e seis meses. 
12 Depois Abner, filho de Ner, com os servos de Is-Bosete, filho de 
Saul, saiu de Maanaim para Gibeão. 
13 Saíram também Joabe, filho de Zeruia, e os servos de Davi, e se 
encontraram com eles perto do tanque de Gibeão; e pararam uns 
de um lado do tanque, e os outros do outro lado. 
14 Então disse Abner a Joabe: Levantem-se os mancebos, e se 
batam diante de nós. Respondeu Joabe: Levantem-se. 
15 Levantaram-se, pois, e passaram, em número de doze por 
Benjamim e por Is-Bosete, filho de Saul, e doze dos servos de Davi. 
16 E cada um lançou mão da cabeça de seu contendor, e meteu-lhe 
a espada pela ilharga; assim caíram juntos; pelo que se chamou 
àquele lugar, que está junto a Gibeão, Helcate-Hazurim. 
17 Seguiu-se naquele dia uma crua peleja; e Abner e os homens de 
Israel foram derrotados diante dos servos de Davi. 
18 Ora, estavam ali os três filhos de Zeruia: Joabe, Abisai, e Asael; e 
Asael era ligeiro de pés, como as gazelas do campo. 
19 Perseguiu, pois, Asael a Abner, seguindo-o sem se desviar nem 
para a direita nem para a esquerda. 
II Samuel 2 13 
 
20 Nisso Abner, olhando para trás, perguntou:És tu Asael? 
Respondeu ele: Sou eu. 
21 Ao que lhe disse Abner: Desvia-te para a direita, ou para a 
esquerda, e lança mão de um dos mancebos, e toma os seus 
despojos. Asael, porém, não quis desviar-se de seguí-lo. 
22 Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detrás de mim; 
porque hei de ferir-te e dar contigo em terra? e como levantaria eu 
o meu rosto diante de Joabe, teu irmão? 
23 Todavia ele recusou desviar-se; pelo que Abner o feriu com o 
conto da lança pelo ventre, de modo que a lança lhe saiu por detrás; 
e ele caiu ali, e morreu naquele mesmo lugar. E sucedeu que, todos 
os que chegavam ao lugar onde Asael caíra morto, paravam. 
24 Mas Joabe e Abisai perseguiram a Abner; e pôs-se o sol ao 
chegarem eles ao outeiro de Amá, que está diante de Giá, junto ao 
caminho do deserto de Gibeão. 
25 E os filhos de Benjamim se ajuntaram atrás de Abner e, 
formando-se num batalhão, puseram-se no cume dum outeiro. 
26 Então Abner gritou a Joabe, e disse: Devorará a espada para 
sempre? não sabes que por fim haverá amargura? até quando te 
demorarás em ordenar ao povo que deixe de perseguir a seus 
irmãos? 
27 Respondeu Joabe: Vive Deus, que, se não tivesses falado, só 
amanhã cedo teria o povo cessado, cada um, de perseguir a seu 
irmão. 
28 Então Joabe tocou a buzina, e todo o povo parou; e não 
perseguiram mais a Israel, e tampouco pelejaram mais. 
29 E caminharam Abner e os seus homens toda aquela noite pela 
Arabá; e, passando o Jordão, caminharam por todo o Bitrom, e 
vieram a Maanaim. 
30 Voltou, pois, Joabe de seguir a Abner; e quando ajuntou todo o 
povo, faltavam dos servos de Davi dezenove homens, e Asael. 
31 Mas os servos de Davi tinham ferido dentre os de Benjamim, e 
dentre os homens de Abner, a trezentos e sessenta homens, de tal 
maneira que morreram. 
 
II Samuel 2 14 
 
32 E levantaram a Asael, e o sepultaram no sepulcro de seu pai, que 
estava em Belém. E Joabe e seus homens caminharam toda aquela 
noite, e amanheceu-lhes o dia em Hebrom.” (II Sm 2.1-32). 
 
II Samuel 3 
 
Deus Abaterá os Que Lhe Resistem 
 
É afirmado no início do terceiro capítulo de 2 Samuel, que durou 
muito tempo a guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, mas 
havia uma diferença, pois se diz também que a casa de Davi ia se 
fortalecendo, mas a de Saul se enfraquecendo (v.1). 
Nisto aprendemos que por mais tempo que dure a nossa luta contra 
a carne, o mundo e Satanás, se temos Deus por nós e ao nosso lado, 
a graça ficará mais forte e os nossos inimigos cada vez mais fracos. 
A competição entre a graça e o pecado nos corações dos cristãos é 
muito longa, mas pode ser comparada ao que é dito aqui, porque a 
vitória final será da graça e não da corrupção, ainda que dure muito 
tempo a guerra entre a casa da graça e a casa do pecado. 
Nos versos 2 a 5 nós temos um relato do aumento da própria casa 
de Davi com os seis filhos que ele teve em Hebrom, sendo o 
primogênito Amnom, que era o sucessor natural à coroa, mas que 
viria a ser morto por Absalão, por ter abusado de Tamar, sua irmã. 
O segundo foi Quileabe, que tivera de Abigail (v.2). Este nome 
Quileabe, no hebraico significa o retrato do seu pai, isto é, a cara do 
seu pai. E é possível que sendo filho da viúva de Nabal, podem ter 
feito mofa em Judá com o seu nome, referindo-se a Nabal, e talvez 
por isto tenham lhe dado o apelido de Daniel, como aparece em I 
Crôn 3.1, que significa Deus é meu Juiz. 
O terceiro filho a nascer a Davi foi Absalão, que era neto de um rei 
pagão chamado Talmai (de Gesur), pois sua mãe, Maaca, era filha 
deste rei (v.3). 
O quarto filho de Davi chamava-se Adonias, o qual foi morto por 
Salomão, e o quinto Sefatias (v.4), e o sexto e último que lhe nascera 
em Hebrom chamava-se Itreão (v.5). 
II Samuel 3 15 
 
Tendo multiplicado mulheres para si, contrariamente ao que era 
ordenado na lei (Dt 17.17) Davi deixou um mau exemplo para os 
seus sucessores, e causou muitas dores a si mesmo, como veremos 
adiante, especialmente com três destes filhos que foram 
abomináveis: Amnom, Absalão e Adonias. 
Nos versos 6 a 21 nós lemos sobre o abandono de Is-Bosete por 
Abner, e da aliança proposta por este a Davi. 
E o motivo disto foi certamente o ato de Is-Bosete ter-se enchido de 
inveja de Abner, seu tio, que era a pessoa que de fato governava, 
como se pode inferir das palavras do verso 6: “Enquanto havia 
guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, Abner ia se tornando 
poderoso na casa de Saul.”. 
Não se diz que Abner se tornava poderoso em Israel, mas na casa 
de Saul, isto é, ele era o homem forte do reino e não Is-Bosete. 
Este tentou enfraquecer Abner sob a acusação de traição à memória 
de Saul, por ter se deitado com Rispa, uma concubina de Saul (v. 7). 
Se a acusação era fundada não podemos saber, mas há razão para 
se suspeitar que tenha sido, porque Abner não a negou 
expressamente. Ele somente se ressentiu da exposição pública a 
que foi submetido por Is-Bosete, como se fosse um animal 
desprezível e sem valor (v.8), e protestou contra a falta de gratidão 
pelos serviços que havia prestado à casa de Saul. 
Nós aprendemos desta reação de Abner que os homens orgulhosos 
não suportam serem repreendidos, especialmente por aqueles que 
pensam que lhes são devedores de favores. 
E se isto acontece, a saber, se são repreendidos, se julgam no direito 
de se vingarem, tal como fizera Abner em relação a Is-Bosete, 
declarando-lhe que o abandonaria e se aliaria a Davi (v. 9, 10). 
Ele sabia que o reino fora prometido por Deus a Davi e assim mesmo 
se opôs a isto, apoiando a casa de Saul, por causa da sua ambição, 
e agora ele se sujeita à ordenança de Deus, não por obediência 
voluntária, mas por vingança e indignação. 
Is-Bosete não respondeu palavra à arrogância e insolência de Abner 
(v.11), não por ter entendido que ele estava com a razão, mas por 
causa da sua própria fraqueza, e por temer que se era ruim ser a 
II Samuel 3 16 
 
sombra de Abner no trono, seria muito pior ficar sem ele, que era o 
seu sustentáculo. 
Abner enviou mensageiro a Davi em Hebrom dizendo-lhe que 
estava disposto a torná-lo rei sobre todo Israel, e Davi o aceitou sob 
a condição de que lhe devolvesse Mical, sua esposa, filha de Saul, 
ao mesmo tempo que enviou mensageiros a Is-Bosete, para que lha 
entregasse. 
Foi sob a permissão de Is-Bosete que ela foi retirada por Abner de 
Paltiel, a quem Saul lha havia dado por esposa, em represália a Davi 
(v.12-16). 
Mical foi a primeira esposa de Davi e era filha de um rei de Israel, e 
seria certamente a primeira rainha, e a sua presença no trono seria 
uma forma de agradar politicamente os partidários de Saul. 
Depois disto, Abner foi ter com os anciãos de Israel, para convencê-
los a fazer de Davi o seu rei (v. 17). E as palavras que ele dirigiu a 
eles “de há muito procuráveis que Davi reinasse sobre vós”, 
denunciavam claramente que sabia que a sua luta contra Davi não 
prosperaria, porque os corações dos príncipes de Israel se 
inclinavam de há muito para ele, mas eram forçados a lutar contra 
ele, por causa da força opressiva que era mantida pelo próprio 
Abner. 
 Ele usou como argumento a promessa de Deus relativa a Davi como 
sendo o rei por cujas mãos ele livraria Israel da mão dos filisteus e 
de todos os seus inimigos (v.18). 
Certamente não fizera isto por um verdadeiro temor e obediência à 
vontade de Deus, que era bem conhecida dele de há muito, senão 
por ter visto que estava sendo enfraquecido mais e mais, enquanto 
o oposto se dava em relação a Davi. 
A acusação de Is-Bosete contra ele, produziria de certa forma um 
clima de suspeita contra ele, que fatalmente o enfraqueceria no 
conceito do povo, e então estava procurando na verdade se poupar 
de uma derrota certa, e por este motivo estava se apressando em 
fazer uma aliança com Davi. 
 
 
II Samuel 3 17 
 
Como Saul e toda a sua casa eram benjamitas, ele apresentou 
separadamente aos líderes de Benjamim argumentos para 
convencê-los em favor de Davi (v.19). 
Assim, Abner estava agindo politicamente,traçando os meios 
necessários para pôr um fim nos conflitos entre Israel e Judá, e não 
traiçoeiramente, conforme Joabe o acusou perante Davi, quando 
soube que Abner viera ter com ele em Hebrom, com uma comitiva 
de vinte homens, aos quais Davi havia oferecido um banquete, em 
sinal de celebração da aliança que havia feito com eles (v.20). 
Joabe, movido pelo simples desejo de vingar a morte de Asael, seu 
irmão (v. 30), viria a agir de modo traiçoeiro, pois sem que Davi o 
soubesse, enviou mensageiros a Abner pedindo que retornasse a 
Hebrom, provavelmente, fazendo-o falsamente em nome do rei, e 
mal este entrara à porta daquela cidade fortificada, Joabe veio ter 
com ele e o feriu mortalmente no abdômen. 
Quem poderá aplacar o desejo de vingança caso aquele que abriga 
tal desejo não permita ser tratado por Deus? 
Joabe se fez culpado aos olhos de Deus pelo crime covarde que 
cometera, mas ao mesmo tempo o próprio Abner foi submetido a 
um juízo que lhe sobreveio por ter resistido à ordenança de Deus e 
não ter agido, como fizera agora, em relação a Davi. 
Ele cometeu a loucura de se opor à vontade de Deus, e agora estava 
pagando por tê-lo feito. 
É interessante observar que Abner procurou uma aliança com Davi 
como que o sucesso deste dependesse das suas ações para conduzi-
lo a reinar sobre todo Israel. 
Os homens orgulhosos são iludidos em pensarem que estão de pé e 
que tudo e todos dependem deles, mesmo quando percebem que 
estão caindo. E isto se infere do que Abner disse a Davi no verso 21. 
Asael, irmão de Joabe havia sido morto por Abner, por causa da sua 
própria obstinação, porque Abner lhe alertou para que se desviasse 
dele, quando o perseguia no primeiro combate empreendido entre 
as forças de Davi e de Is-Bosete, pois não pretendia matá-lo, por ser 
irmão de Joabe, e serem muito estimados a Davi. 
 
II Samuel 3 18 
 
Ele disse a Asael que caso o matasse isto o deixaria mal com seu 
irmão Joabe (2.22), mas Asael não lhe deu ouvido e acabou sendo 
morto por ele, em legítima defesa. 
Não havia então nenhum sangue a ser vingado neste caso, porque 
não houve nenhum assassinato doloso ou crime de guerra, senão 
legítima defesa. Mas Joabe e seu irmão Abisai chamaram a si o 
dever de serem os vingadores do sangue de seu irmão Asael. 
Na verdade se fingiram vingadores do sangue, porque, como vimos 
antes, não havia nenhuma vingança amparada pela lei, neste caso. 
E o próprio Joabe e seu irmão, matando traiçoeira e friamente a 
Abner, se fizeram culpados de sangue, e golpearam não apenas 
Abner, mas o próprio Davi e o seu reino, pois havia feito uma aliança 
com Abner, e esta deveria ser respeitada, porque sem que se pese 
as verdadeiras intenções e interesses de Abner, ele havia se 
colocado de fato debaixo da autoridade de Davi, e não somente 
isto, reconheceu que era seu dever conduzir todos os líderes de 
Israel a estarem debaixo da autoridade que havia sido conferida a 
Davi pelo próprio Deus. 
Por isso, em seu funeral, Davi o pranteou (v. 32) e declarou que 
havia caído em Israel um príncipe e um grande homem (v. 38). 
Somente pelos serviços que ele havia prestado a Israel sob Saul, já 
lhe caberia tal elogio. 
Ainda que não se pudesse dizer dele que era um santo e um bom 
homem, o que ele não era na verdade, entretanto, como político 
em Israel ele fora um príncipe e um grande homem, porque lutava 
bravamente como um patriota, em Israel, contra os inimigos da 
nação. 
Assim, Davi lamentou não poder justiçar os assassinos porque o seu 
reinado havia sido inaugurado recentemente e um pequeno tremor 
poderia abalar profundamente o reino, com a morte de Joabe e 
Abisai, que eram os principais no reino depois do próprio Davi. 
Assim ele transferiu o julgamento de ambos ao cuidado de Deus 
para que a justiça fosse feita. 
 
 
II Samuel 3 19 
 
Joabe tinha grande força e influência em Judá, e Davi teve que 
suportá-lo como auxiliar, mas não inteiramente leal e submisso a 
ele. 
Ele não podia confiar-se inteiramente a Joabe. E isto sucede a todos 
que são líderes na casa de Deus. Terão que aprender a trabalhar 
com muitas pessoas com as quais não possam confiarem a si 
mesmos. E não é propósito de Deus livrar os seus servos fiéis de 
pessoas do mesmo caráter de um Joabe, para que possam aprender 
a confiar inteiramente nEle, e a serem exercitados em disciplina, 
justiça e paciência, como em tantas outras coisas que de outro 
modo não poderiam aprender, caso não tivessem que suportar 
aqueles que lhes são necessários e úteis, mas não sem lhes 
causarem muitas aflições, por conta do caráter que possuem. 
Não apoiando o ato insano de Joabe, e demonstrando a sua tristeza 
pela morte de Abner, Davi subiu no conceito do povo, pois viram 
que ali estava diante deles um rei que amava a justiça e não o que 
era da sua conveniência pessoal. 
Um homem público que não agia por caprichos, mas por meio 
daquilo que era bom para toda a nação. 
Assim, Deus pode tirar do mal o bem, quando perseveramos na 
prática do bem. 
 
“1 Ora, houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de 
Davi; porém Davi se fortalecia cada vez mais, enquanto a casa de 
Saul cada vez mais se enfraquecia. 
2 Nasceram filhos a Davi em Hebrom. Seu primogênito foi Amnom, 
de Ainoã, a jizreelita; 
3 o segundo Quileabe, de Abigail, que fôra mulher de Nabal, o 
carmelita; o terceiro Absalão, filho de Maacá, filha de Talmai, rei de 
Gesur; 
4 o quarto Adonias, filho de Hagite, o quinto Sefatias, filho de 
Abital; 
5 e o sexto Itreão, de Eglá, também mulher de Davi; estes nasceram 
a Davi em Hebrom. 
 
II Samuel 3 20 
 
6 Enquanto havia guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, Abner 
ia se tornando poderoso na casa de Saul: 
7 Ora, Saul tivera uma concubina, cujo nome era Rispa, filha de Aías. 
Perguntou, pois, Is-Bosete a Abner: Por que entraste à concubina de 
meu pai? 
8 Então Abner, irando-se muito pelas palavras de Is-Bosete, disse: 
Sou eu cabeça de cão, que pertença a Judá? Ainda hoje uso de 
benevolência para com a casa de Saul, teu pai, e para com seus 
irmãos e seus amigos, e não te entreguei nas mãos de Davi; contudo 
tu hoje queres culpar-me no tocante a essa mulher. 
9 Assim faça Deus a Abner, e outro tanto, se, como o Senhor jurou 
a Davi, assim eu não lhe fizer, 
10 transferindo o reino da casa de Saul, e estabelecendo o trono de 
Davi sobre Israel, e sobre Judá, desde Dã até Berseba. 
11 E Is-Bosete não pôde responder a Abner mais uma palavra, 
porque o temia. 
12 Então enviou Abner da sua parte mensageiros a Davi, dizendo: 
De quem é a terra? Comigo faze a tua aliança, e eis que a minha mão 
será contigo, para fazer tornar a ti todo o Israel. 
13 Respondeu Davi: Está bem; farei aliança contigo; mas uma coisa 
te exijo; não verás a minha face, se primeiro não me trouxeres 
Mical, filha de Saul, quando vieres ver a minha face. 
14 Também enviou Davi mensageiros a Is-Bosete, filho de Saul, 
dizendo: Entrega-me minha mulher Mical, que eu desposei por cem 
prepúcios de filisteus. 
15 Enviou, pois, Is-Bosete, e a tirou a seu marido, a Paltiel, filho de 
Laís, 
16 que a seguia, chorando atrás dela até Baurim. Então lhe disse 
Abner: Vai-te; volta! E ele voltou. 
17 Falou Abner com os anciãos de Israel, dizendo: De há muito 
procurais fazer com que Davi reine sobre vós; 
18 fazei-o, pois, agora, porque o Senhor falou de Davi, dizendo: Pela 
mão do meu servo Davi livrarei o meu povo da mão dos filisteus e 
da mão de todos os seus inimigos. 
 
II Samuel 3 21 
 
19 Do mesmo modo falou Abner a Benjamim, e foi também dizer a 
Davi, em Hebrom, tudo o que Israel e toda a casa de Benjamim 
tinham resolvido. 
20 Abner foi ter com Davi, em Hebrom, com vinte homens; e Davi 
fez um banquete a Abner e aos homens que com ele estavam. 
21 Então disse Abner a Davi: Eu me levantarei, e irei ajuntar ao rei 
meu senhor todo o Israel, para que faça aliança contigo; e tu 
reinarás sobre tudo o que desejar a sua alma: Assim despediu Davi 
a Abner, e ele se foi em paz. 
22 Eis que os servos de Davi e Joabe voltaramde uma sortida, e 
traziam consigo grande despojo; mas Abner já não estava com Davi 
em Hebrom, porque este o tinha despedido, e ele se fora em paz. 
23 Quando, pois, chegaram Joabe e todo o exército que vinha com 
ele, disseram-lhe: Abner, filho de Ner, veio ter com o rei; e o rei o 
despediu, e ele se foi em paz. 
24 Então Joabe foi ao rei, e disse: Que fizeste? Eis que Abner veio 
ter contigo; por que, pois, o despediste, de maneira que se fosse 
assim livremente? 
25 Bem conheces a Abner, filho de Ner; ele te veio enganar, e saber 
a tua saída e a tua entrada, e conhecer tudo quanto fazes. 
26 E Joabe, retirando-se de Davi, enviou mensageiros atrás de 
Abner, que o fizeram voltar do poço de Sira, sem que Davi o 
soubesse. 
27 Quando Abner voltou a Hebrom, Joabe o tomou à parte, à 
entrada da porta, para lhe falar em segredo; e ali, por causa do 
sangue de Asael, seu irmão, o feriu no ventre, de modo que ele 
morreu. 
28 Depois Davi, quando o soube, disse: Inocente para sempre sou 
eu, e o meu reino, para com o Senhor, no tocante ao sangue de 
Abner, filho de Ner. 
29 Caia ele sobre a cabeça de Joabe e sobre toda a casa de seu pai, 
e nunca falte na casa de Joabe quem tenha fluxo, ou quem seja 
leproso, ou quem se atenha a bordão, ou quem caia à espada, ou 
quem necessite de pão. 
 
II Samuel 3 22 
 
30 Joabe, pois, e Abisai, seu irmão, mataram Abner, por ter ele 
morto a Asael, irmão deles, na peleja em Gibeão. 
31 Disse Davi a Joabe e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as 
vossas vestes, cingi-vos de sacos e ide pranteando diante de Abner. 
E o rei Davi ia seguindo o féretro. 
32 Sepultaram Abner em Hebrom; e o rei, levantando a sua voz, 
chorou junto da sepultura de Abner; chorou também todo o povo. 
33 Pranteou o rei a Abner, dizendo: Devia Abner, porventura, 
morrer como morre o vilão? 
34 As tuas mãos não estavam atadas, nem os teus pés carregados 
de grilhões; mas caíste como quem cai diante dos filhos da 
iniquidade. Então todo o povo tornou a chorar por ele. 
35 Depois todo o povo veio fazer com que Davi comesse pão, sendo 
ainda dia; porém Davi jurou, dizendo: Assim Deus me faça e outro 
tanto, se, antes que o sol se ponha, eu provar pão ou qualquer outra 
coisa. 
36 Todo o povo notou isso, e pareceu-lhe bem; assim como tudo 
quanto o rei fez pareceu bem a todo o povo. 
37 Assim todo o povo e todo o Israel entenderam naquele mesmo 
dia que não fora a vontade do rei que matassem a Abner, filho de 
Ner. 
38 Então disse o rei aos seus servos: Não sabeis que hoje caiu em 
Israel um príncipe, um grande homem? 
39 E quanto a mim, hoje estou fraco, embora ungido rei; estes 
homens, filhos de Zeruia, são duros demais para mim. Retribua o 
Senhor ao malfeitor conforme a sua maldade.” (II Sm 3.1-39). 
 
II Samuel 4 
 
Não Há Justiça Negociando com o Mal 
 
Nós vemos no quarto capitulo de 2 Samuel que, quando Is-Bosete 
soube que Abner havia morrido, caiu em sua fraqueza, porque 
apesar de Abner tê-lo abandonado em relação à sua confirmação 
no reino, certamente esperava, em razão do seu parentesco com 
II Samuel 4 23 
 
ele, que fizesse com Davi uma negociação política que o preservasse 
quando da passagem do reino para as suas mãos. 
Mas agora, com a morte de Abner, ficou desnorteado e sem 
esperanças, especialmente porque foi abandonado pelos israelitas, 
nem tanto porque quisessem de fato servir a Davi voluntariamente, 
mas para não serem prejudicados em seus interesses, vendo que 
agora, estando Abner morto, que ele tomaria as rédeas de toda a 
nação, e o melhor que eles fariam em sua própria causa, era apoiar 
o novo rei. 
Assim, diante da fraqueza de Is-Bosete, dois de seus próprios 
servos, chamados Baaná e Recabe, que deveriam lutar em sua 
defesa, se sentiram incentivados pelas condições do momento, a 
tirar-lhe a vida, pensando com isso, agradarem a Davi, e 
conseguirem um lugar de destaque junto a ele, pela avaliação da 
sua ação ousada, como sendo digna de uma recompensa. 
Quando eles levaram a cabeça de Is-Bosete a Davi, foram 
surpreendidos com a decisão do rei, que em vez de aprovar o 
assassinato deles, deu ordens para que fossem executados, por tal 
ato covarde contra um homem justo, no dizer de Davi, pois de fato 
a Bíblia não relata nenhum ato vil que tivesse sido praticado por Is-
Bosete, prevalecendo-se da condição de ser rei, e o fato de ser um 
homem fraco não demandaria que fosse assassinado de modo tão 
covarde, quando estava dormindo em sua cama, à hora da sesta, 
em pleno calor do dia. 
No verso quarto há um breve relato sobre a causa da deficiência 
física a que ficou sujeito o filho de Jônatas, chamado Mefibosete, 
como forma de introdução do que será dito dele adiante no nono 
capítulo, e talvez para revelar que o desespero que havia invadido 
a alma de Is-Bosete, quando soube da morte de Abner, era do 
mesmo tipo e grau do desespero que havia sentido a ama de 
Mefibosete quando ele tinha apenas cinco anos, e que tomou a 
iniciativa de fugir apressadamente para escondê-lo de um possível 
extermínio que os filisteus poderiam intentar contra toda a 
descendência de Saul, quando ela soube que este e seu filho Jônatas 
haviam morrido na batalha que empreenderam contra os filisteus. 
II Samuel 4 24 
 
Na pressa em fugir ela o deixou cair e Mefibosete ficou coxo para 
sempre. Este temor de ser morto por ordem de Davi deve ter se 
apoderado de Is-Bosete, mas ele acabou sendo morto pelos seus 
próprios servos. 
Quando Davi pronunciou sua sentença de morte sobre Baaná e 
Recabe, ele introduziu suas palavras com a expressão: “Vive o 
Senhor, que remiu a minha alma de toda a angústia!”, indicando 
com isto a eles que continuaria dependendo exclusivamente de 
Deus para ser posto sob o governo de todo Israel, e não precisava 
da ajuda de homens ímpios como eles para ser poupado de seus 
problemas e tribulações. 
Davi pretendeu dizer que o Senhor que lhe havia livrado de muitas 
angústias até ali, certamente lhe continuaria livrando, e de fato foi 
o que ocorreu ao longo de toda a sua vida. 
Davi lhes disse que assim como ele não havia poupado da morte 
aquele que lhe trouxera a coroa de Saul, gabando-se de tê-lo morto, 
muito menos pouparia aqueles que lhe trouxeram a cabeça de seu 
filho. 
Ele agiria como o vingador do sangue daquele assassinato doloso, 
na condição de magistrado supremo da nação, e nenhuma 
intercessão em favor deles seria ouvida, porque pronunciara a sua 
sentença sobre eles com a introdução que fizera em nome do Deus 
vivo, que testemunhou aquele crime que haviam confessado com 
suas próprias bocas. 
Um rei justo como Davi estava capacitado a fazer uma avaliação de 
tal caso como lhe sendo desfavorável e completamente injusto, e 
não como uma ação justa que tivesse sido praticada em seu 
benefício. 
Se tivesse se alegrado e poupado aqueles homens, cairia no 
descrédito de muitos israelitas, especialmente dos da tribo de 
Benjamim à qual pertencia Is-Bosete, e seria lançada uma suspeita 
sobre ele como sendo o mandante daquele assassinato covarde. 
E assim, nas vidas dos servos de Deus, muitas tentações e 
facilidades ser-lhe-ão apresentadas pelo Inimigo de suas almas, 
disfarçando-se de amigo e cooperador, que poderão ser discernidas 
II Samuel 4 25 
 
somente no Senhor, e que devem ser rejeitadas de forma decidida, 
porque não se pode ser bem sucedido e ser agradável a Deus a não 
ser somente pela prática daquilo que é justo aos Seus olhos. 
E para serem expostos como um monumento da justiça, que havia 
no trono de Davi, foi ordenado que se cortassem as mãos e os pés 
daqueles assassinos para que se assinalasse qual é o destino de 
todos aqueles que pensem em servir os interesses do Filho de Davi 
por meio de práticas imorais, de violência, de fraude, roubo, ou por 
quaisquer outros meios que são usados por aqueles que têm 
procurado se estabelecer através da prática da injustiça, pensando 
estarem fazendo um bom serviço a Deus. 
 Davi citou neste capitulo, como vimos antes, os sofrimentos 
angustiososque estava sofrendo, e isto certamente, por causa do 
seu amor à justiça. 
 
“1 Quando Is-Bosete, filho de Saul, soube que Abner morrera em 
Hebrom, esvaíram-se-lhe as forças, e todo o Israel ficou perturbado. 
2 Tinha Is-Bosete, filho de Saul, dois homens chefes de 
guerrilheiros; um deles se chamava Baaná, e o outro Recabe, filhos 
de Rimom, o beerotita, dos filhos de Benjamim (porque também 
Beerote era contado de Benjamim, 
3 tendo os beerotitas fugido para Jitaim, onde têm peregrinado até 
o dia de hoje). 
4 Ora, Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Este 
era da idade de cinco anos quando chegaram de Jizreel as novas a 
respeito de Saul e Jônatas; pelo que sua ama o tomou, e fugiu; e 
sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu, e ficou coxo. O seu 
nome era Mefibosete. 
5 Foram os filhos de Rimom, o beerotita, Recabe e Baanã, no maior 
calor do dia, e entraram em casa de Is-Bosete, estando ele deitado 
a dormir a sesta. 
6 Entraram ali até o meio da casa, como que vindo apanhar trigo, e 
o feriram no ventre; e Recabe e Baaná, seu irmão, escaparam. 
 
 
II Samuel 4 26 
 
7 Porque entraram na sua casa, estando ele deitado na cama, no 
seu quarto de dormir, e o feriram e mataram, e cortando-lhe a 
cabeça, tomaram-na e andaram a noite toda pelo caminho da 
Arabá. 
8 Assim trouxeram a cabeça de Is-Bosete a Davi em Hebrom, e 
disseram ao rei: Eis aqui a cabeça de Is-Bosete, filho de Saul, teu 
inimigo, que procurava a tua morte; assim o Senhor vingou hoje ao 
rei meu Senhor, de Saul e da sua descendência. 
9 Mas Davi, respondendo a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de 
Rimom, e beerotita, disse-lhes: Vive o Senhor, que remiu a minha 
alma de toda a angústia! 
10 Se àquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul é morto, 
cuidando que trazia boas novas, eu logo lancei mão dele, e o matei 
em Ziclague, sendo essa a recompensa que lhe dei pelas novas, 
11 quanto mais quando homens cruéis mataram um homem justo 
em sua casa, sobre a sua cama, não requererei eu o seu sangue de 
vossas mãos, e não vos exterminarei da terra? 
12 E Davi deu ordem aos seus mancebos; e eles os mataram e, 
cortando-lhes as mãos e os pés, os penduraram junto ao tanque em 
Hebrom. Tomaram, porém, a cabeça de Is-Bosete, e a sepultaram 
na sepultura de Abner, em Hebrom.” (II Sm 4.1-12). 
 
II Samuel 5 
 
Estratégias para Derrotar o Mal 
 
No quinto capítulo de 2 Samuel, vemos Davi sendo ungido rei pela 
terceira vez (v. 3), agora sobre todo Israel. 
Antes, havia sido ungido por Samuel quando era ainda muito jovem, 
e depois foi ungido em Hebrom como rei sobre Judá, e agora, 
finalmente, dando-se pleno cumprimento à promessa de Deus, ele 
é ungido rei sobre todo Israel. 
Ele tinha trinta anos quando começou a reinar (v. 4), mas não se diz, 
se sobre Judá, ou sobre todo Israel. 
 
 
II Samuel 5 27 
 
Se o início do seu governo com trinta anos foi computado a partir 
do reinado apenas sobre Judá, podemos concluir que Davi morreu 
com setenta anos de idade, pois isto se obtêm somando os trinta 
anos de idade que tinha na ocasião com os quarenta anos totais de 
governo. 
Mas se esta citação se refere à data do início do seu governo sobre 
todo Israel, então deve-se somar os trinta anos de idade aos trinta 
e três anos restantes do seu governo, e neste caso, teria morrido 
aos sessenta e três anos de idade. 
A vida atribulada de Davi fez com que envelhecesse precocemente. 
Não foram os muitos problemas de estado que o envelheceram de 
tal modo, a ponto de não poder se aquecer nos seus últimos dias de 
vida, senão com o auxílio de uma jovem que foi designada para isto, 
chamada Abisague. 
Certamente foram os problemas familiares e as muitas traições e 
perseguições que ele sofreu, que o conduziram a tal estado. 
Moisés por exemplo morreu aos cento e vinte anos em pleno vigor, 
tendo peregrinado no deserto durante os últimos quarenta anos de 
sua vida. 
Entretanto, ele foi protegido por um viver fiel em toda a casa de 
Deus, não tendo por conseguinte os muitos conflitos de consciência 
que afligiram Davi, especialmente o de ter contraído matrimônio 
com várias mulheres, e de ter tido várias concubinas, e sobretudo o 
seu pecado de adultério com Bate-Seba e o assassinato de seu 
marido Urias. 
Neste sentido Davi também se tornou um exemplo para muitos do 
povo de Deus, de modo a não imitarem estas suas obras que 
acabaram em se lhe tornando um laço, no qual ele se emaranhou a 
si mesmo, e que lhe trouxe muitas angústias e dores, a par de toda 
a graça que lhe foi exibida por Deus, em razão do seu caminhar 
humilde em Sua presença. 
Em I Crôn 12.23-40 nós temos um detalhamento de quantos de 
Israel vieram ter com Davi em Hebrom, na ocasião que foi aclamado 
rei sobre todo Israel, e os três dias que permaneceram com ele. 
II Samuel 5 28 
 
Nos versos 6 a 9 é relatado o modo como Jerusalém foi conquistada 
por Davi. 
Informações adicionais sobre a conquista de Jerusalém se 
encontram em I Crôn 11.4-9, e ali se diz que Davi disse que aquele 
que subisse primeiro aos jebuseus seria feito chefe do seu exército. 
E foi Joabe quem se dispôs a isto, e foi a partir de então que se 
tornou general, não apenas sobre o exército de Judá, mas de todo 
o exército de Israel. 
Os jebuseus eram tão confiantes na fortaleza da sua cidade de 
Jebus, cujo nome foi mudado para Jerusalém, que provavelmente 
colocavam os cegos e coxos sobre os seus muros para 
ridicularizarem aqueles que intentavam tomar a cidade, e talvez foi 
por isso que os seus habitantes disseram a Davi que os coxos e os 
cegos da cidade o repeliriam, e de Davi ter dito a seus homens que 
ferissem aos cegos e os coxos daquela cidade que a sua alma 
aborrecia. 
Depois da tomada de Jerusalém, em razão disto, passou a ser 
comum em Israel o ditado que nem cego nem coxo entrarão na 
casa. 
Tendo conquistado Jerusalém, Davi se transferiu de Hebrom para lá 
(v. 9). 
E se diz no verso 10 que “Davi ia-se engrandecendo cada vez mais, 
porque o Senhor Deus dos exércitos era com ele.”. 
Isto não significa que todo aquele com o qual for o Senhor Deus dos 
exércitos será engrandecido por Ele neste mundo, mas que, no caso 
específico da grandeza de Davi, a causa dela era Deus mesmo quem 
a estava produzindo. 
Ele determinara engrandecer a Davi por amor do Seu nome, como 
determinara fazer o mesmo no passado com Abraão, Moisés e 
Josué, conforme afirmara com Sua própria boca, que o faria em 
relação a eles. 
Assim engrandece a quem quer, e abate a quem quer, humilha a 
quem quer, e exalta a quem quer, e faz o mesmo em relação à 
misericórdia e ao endurecimento. 
 
II Samuel 5 29 
 
Ele manifesta através destes atos soberanos que Ele é Senhor sobre 
tudo e todos, e não é dado ao homem dirigir o seu próprio destino. 
 “O Senhor empobrece e enriquece; abate e também exalta.” (I Sm 
2.7). 
“Os olhos altivos do homem serão abatidos, e a altivez dos varões 
será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia. Pois o 
Senhor dos exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e 
contra todo o que se exalta, para que seja abatido;” (Is 2.11,12). 
“Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e 
qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.” (Mt 23.12). 
Assim, a glória do reino de Davi estava sendo acrescentada por 
Deus, e não era decorrente da sua própria iniciativa, e uma das 
grandes provas disto é que o rei Hirão de Tiro se dispôs a construir 
um palácio para Davi, enviando-lhe tanto o material de construção 
como os artífices (v.11). 
Davi reconheceu sabiamente que era a mão de Deus que estava em 
tudo isto, conforme se depreende da palavras do verso 12: 
“Entendeu, pois, Davi que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, e 
que exaltara o reino dele por amor do seu povo Israel.”. 
Saul foi feito rei mas o seu reinado não foi confirmado por Deus, ao 
contrário, foi rejeitado, mas Davi não foi feito somente rei, como 
também o seu reino foi estabelecido e confirmado por Deus, e nisto 
o seu reinado foi um tipo do reinado de Cristo,conforme se vê no 
Salmo 89. 
Foi por amor do seu povo, Israel, que Deus engrandeceu o reino de 
Davi e o confirmou como rei sobre o seu povo. 
Era para o bem do povo e não para a exclusiva exaltação de Davi. 
Ministros são engrandecidos por amor da Igreja, e não 
propriamente para que exibam a si mesmos como troféus de um 
alegado favor divino que é dado exclusivamente a eles. 
Os talentos que são recebidos são para serem aplicados no favor de 
outros em amor. 
O que se tem recebido é para ser dado e não entesourado. 
Não é para o próprio bem exclusivo que somos enriquecidos pela 
graça, mas para promover o bem de outros. 
II Samuel 5 30 
 
Foi por isso que Deus engrandeceu o reino de Davi. Para que Israel 
pudesse desfrutar das bênçãos do Senhor sob o Seu reinado. 
Assim como a grande glória do reino de Jesus está em que Ele 
manifeste toda a bondade e justiça de Deus em favor dos pecadores 
penitentes, tanto quanto nos juízos que Ele trará sobre os perversos 
e incrédulos, dando-lhes a justa paga pelas suas más obras. 
Davi foi engrandecido portanto, para ser não somente instrumento 
da bondade de Deus para com Israel, como também para 
manifestar a Sua justiça, julgando o povo segundo a Sua Lei. 
Entretanto, o que se diz logo no verso seguinte (v. 13) não procedia 
de Deus para o engrandecimento de Davi, porque Ele não agiria 
contra a Sua própria determinação de que os reis de Israel não 
ajuntassem mulheres para si. 
“Davi tomou ainda para si concubinas e mulheres de Jerusalém, 
depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas.” 
(v.13). 
E com estas ele gerou em Jerusalém mais onze filhos, além dos seis 
que havia gerado em Hebrom, chegando a dezessete o número de 
filhos que tivera, sem contar o que tivera com Bate-Seba e que havia 
morrido. No lugar deste foi-lhe dado Salomão, que é contado 
dentre os onze que são nomeados nos versos 14 a 16. 
Davi havia sido levantado como rei para derrotar definitivamente 
os filisteus, e fazer com que Israel dominasse o território que eles 
ocupavam, e que foi dado por promessa aos israelitas juntamente 
com todas as demais terras de Canaã até o extremo norte do rio 
Eufrates. 
Então nós temos nos versos 17 a 25 as circunstâncias e o modo com 
que se deu tal conquista. 
Os filisteus vieram contra Israel porque souberam que Davi havia 
conquistado Jerusalém e que havia sido feito rei sobre todo Israel e 
não apenas sobre Judá. 
E intentaram destruí-lo antes que se fortalecesse no trono, porque 
se lhes fizera tantos danos enquanto vivia Saul, ferindo aos seus dez 
milhares, sendo apenas um dos seus capitães, o que não poderia 
lhes fazer agora como rei de todo Israel? 
II Samuel 5 31 
 
Então marcharam em grande número contra ele e se acamparam 
perto e defronte de Jerusalém no vale de Refaim (v. 18). . 
Mas Davi não se precipitou logo sobre eles sem que antes 
consultasse ao Senhor para saber se deveria enfrentá-los num 
combate frontal em campo aberto, tropas contra tropas, e por 
motivo de prudência perguntou também ao Senhor se Ele 
entregaria os filisteus em suas mãos (v. 19). 
Foi somente depois de ter recebido uma resposta afirmativa da 
parte de Deus, que Davi subiu para pelejar contra eles, e os derrotou 
no lugar que passou a ser chamado Baal-Perazim, que significa que 
Baal foi rompido, isto é, as forças que lutavam em seu nome foram 
rompidas, pois Davi viu aquela derrota como sendo o resultado do 
braço forte do Senhor, que rompeu seus inimigos diante dele como 
as águas de uma represa rompem as suas barreiras, depois que é 
feita uma brecha numa de suas paredes. 
Afinal, fora o Senhor que o enviou à luta debaixo de uma promessa 
de vitória, e se Deus nos enviar, Ele nos confirmará e se levantará 
por nós. 
A garantia da vitória que Deus nos deu sobre os nossos inimigos 
espirituais, repousa na promessa que Ele fez de que esmagará 
brevemente Satanás debaixo dos nossos pés. 
Então, isto deveria nos animar em nossos conflitos espirituais. 
Nós não lutamos debaixo da incerteza da vitória, e esta não 
depende da nossa superioridade numérica e nem mesmo da nossa 
própria força, porque poderoso e fiel é Aquele que fez a promessa, 
e assim, não lutamos confiando na nossa própria força e 
capacidade, mas na promessa do Senhor que é a nossa força. 
Davi tributou toda glória daquela vitória a Deus, quando disse que 
fora Ele quem havia rompido os seus inimigos diante dEle. E não 
fizera isto por mera expressão verbal, mas para expressar uma 
grande realidade que ele havia presenciado, porque Deus não fez 
apenas a parte principal do trabalho, mas fizera tudo. 
Deus fez tudo e Davi e seus homens fizeram tudo porque foram 
capacitados e protegidos pelo Senhor para fazê-lo. 
 
II Samuel 5 32 
 
É por este motivo que nós veremos adiante, que Davi destruiu 
centenas de carruagens e inutilizou centenas de cavalos que havia 
conquistado aos sírios, porque a sua confiança não estava em 
carruagens e cavalos, para obter vitória nas batalhas contra os seus 
inimigos, mas no Senhor. 
Os ídolos que os filisteus trouxeram para o campo de batalha e que 
representavam os seus deuses foram deixados para trás para 
vergonha deles porque não puderam livrá-los. E haviam se 
transformado numa grande carga para os seus cavalos cansados (Is 
46.1,2). E Davi e seus homens pegaram estas imagens para serem 
queimadas, conforme determinado pela lei de Moisés (Dt 7.5). 
Não para recuperarem seus deuses, e nem mesmo para vingarem o 
ato de suas imagens terem sido queimadas pelos israelitas, mas 
para darem cumprimento ao intento inicial deles de impedir que 
Davi se estabelecesse e se fortalecesse como rei sobre todo Israel, 
eles voltaram a se espalhar no mesmo vale de Refaim para uma 
segunda batalha (v. 22). 
E Davi havia amadurecido na fé o suficiente nas experiências que 
tivera antes, principalmente naquelas em que havia falhado por 
não ter consultado antes ao Senhor, que importa ter uma completa 
dependência dEle, e assim havia aprendido que não deveria ousar 
agir com base na ordem do Senhor relativa à primeira batalha. 
Para cada luta a sua respectiva oração e dependência do Senhor. 
A bênção de ontem não deve ser motivo para a negligência de se 
buscar a Deus hoje ou amanhã, pensando que podemos agir com 
base nas mesmas instruções que recebemos da parte dEle no 
passado. 
Basta a cada dia o seu próprio mal. 
Devemos orar pelo nosso pão material e espiritual em cada dia. 
Então Davi não se dispôs a atacar os filisteus subindo contra eles 
num ataque frontal, confiado na consulta que fizera na primeira 
batalha, antes voltou a consultar a Deus e desta vez recebeu como 
resposta que não deveria subir como da primeira vez, mas rodear 
os filisteus por detrás e vir sobre eles apressadamente quando 
ouvisse um ruído de marcha pelas copas das amoreiras, porque era 
II Samuel 5 33 
 
o Senhor que saía adiante dele para ferir o arraial dos filisteus 
(v.23,24). 
O que Deus havia prometido a Davi desta vez é que Ele se 
encarregaria em ferir o exército dos filisteus com um exército 
invisível de anjos, que marchariam sobre as copas das amoreiras. 
Eles não seriam vistos, mas o estrondo da marcha deles seria 
ouvido, e isto seria um sinal para que Davi se apressasse a atacar 
também os filisteus. 
Aquelas amoreiras deviam estar enfileiradas como uma cerca viva, 
separando os dois exércitos, e é bem possível que os filisteus 
ouviram aquele grande estrondo de marcha de um exército vindo 
sobre eles e certamente ficaram confusos e começaram a bater em 
retirada exatamente pelas amoreiras nas quais se defrontaram com 
o exército de Davi e foram duramente golpeados desde Geba até 
Gezer (v. 25). 
Veja que embora Deus tenha prometido ir adiante de Davi para 
golpear os filisteus, contudo ele tem que se mover apressadamente 
e deve se empenhar para obter a vitória. 
Assim se dá com a pregação do evangelho. É Deus quem unge, é 
quem dá graça, é quem subjuga os poderes das trevas, é quem 
justifica, regenera, santifica, cura, restaura, masos que pregam 
devem se empenhar muito em fazê-lo com todas as suas forças, 
enquanto percebem que o exército celestial está operando em seu 
favor. 
O mesmo pode ser dito em relação aos que oram, que jejuam, que 
ensinam, que presidem, que exercem misericórdia, enfim, isto é um 
princípio a ser aprendido por todos os que se empenham na obra 
de Deus. 
Nós não fazemos a nossa parte e Deus faz a dEle. 
Ao contrário, nós devemos estar em completa sintonia com o 
Senhor, trabalhando com todo o empenho e esforço enquanto Ele 
tudo faz por meio de nós. 
Isto nos faz lembrar das palavras do grande Jonathan Edwards que 
disse o seguinte: “Na graça eficaz não somos meramente passivos, 
nem ainda Deus faz um pouco e nós fazemos o restante. Mas Deus 
II Samuel 5 34 
 
faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus produz tudo, e nós agimos em 
tudo. Pois é isso que ele produz, isto é, os nossos atos. Deus é o 
único verdadeiro autor e a única verdadeira fonte; nós somos tão-
somente os verdadeiros agentes. Somos, em diferentes aspectos, 
totalmente passivos e totalmente ativos.”. 
Assim, se a graça de Deus está operando em nosso favor nós não 
devemos sentar e cruzar os braços, como quem não tem nada mais 
para fazer. 
Ao contrário é nosso dever nos apressarmos em agirmos e nos 
esforçarmos muito em oração e em todos os deveres que Ele nos 
tem ordenado, para que haja uma justa cooperação entre o poder 
que Ele libera para nós, e o trabalho que estivermos fazendo para 
Ele. 
Na primeira batalha foi ordenado que Davi se lançasse num 
combate frontal, e na segunda foi ordenado que aguardasse por um 
sinal para que atacasse os seus inimigos. 
Deus pode assim traçar várias estratégias de luta para colocar à 
prova a nossa dependência dEle e obediência à Sua vontade. 
E importa que o consultemos em todas as coisas, especialmente 
naquelas relativas às lutas que temos que empreender contra os 
poderes das trevas na realização da Sua obra. Este é o modo de 
sermos bem-sucedidos, por contarmos com a Sua ajuda e 
capacitação. 
Para a obra geral da Igreja já se ouviu o som da marcha sobre a copa 
das amoreiras quando o Espírito Santo foi derramado no dia de 
Pentecoste, quando os apóstolos ouviram um som vindo do céu 
como de um vento impetuoso (At 2.2) que era um sinal para eles do 
derramamento do Espírito Santo para revestir-lhes de poder para a 
obra que lhes havia sido designada. 
E no sentido particular para as necessidades de cada dia, 
deveríamos nos colocar em ação somente depois de percebermos 
que foi liberada a operação do Espírito Santo, através dos diversos 
sinais da Sua santa presença, que são manifestados a nós, quando 
nos colocamos na disposição correta de espírito daqueles que 
 
II Samuel 5 35 
 
buscam de fato a Deus, tal como Davi fizera antes de entrar em 
combate contra os filisteus. 
Deus deve ser consultado para tudo, e algumas vezes Ele nos 
ordenará que aguardemos o som de marcha sobre a copa das 
amoreiras antes que comecemos a agir. 
 
“1 Então todas as tribos de Israel vieram a Davi em Hebrom e 
disseram: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne! 
2 Além disso, outrora, quando Saul ainda reinava sobre nós, eras tu 
o que saías e entravas com Israel; e também o Senhor te disse: Tu 
apascentarás o meu povo de Israel, e tu serás chefe sobre Israel. 
3 Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ter com o rei em 
Hebrom; e o rei Davi fez aliança com eles em Hebrom, perante o 
Senhor; e ungiram a Davi rei sobre Israel. 
4 Trinta anos tinha Davi quando começou a reinar, e reinou 
quarenta anos. 
5 Em Hebrom reinou sete anos e seis meses sobre Judá, e em 
Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá. 
6 Depois partiu o rei com os seus homens para Jerusalém, contra os 
jebuseus, que habitavam naquela terra, os quais disseram a Davi: 
Não entrarás aqui; os cegos e os coxos te repelirão; querendo dizer: 
Davi de maneira alguma entrará aqui. 
7 Todavia Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi. 
8 Ora, Davi disse naquele dia: Todo o que ferir os jebuseus, suba ao 
canal, e fira a esses coxos e cegos, a quem a alma de Davi aborrece. 
Por isso se diz: Nem cego nem, coxo entrara na casa. 
9 Assim habitou Davi na fortaleza, e chamou-a cidade de Davi; e foi 
levantando edifícios em redor, desde Milo para dentro. 
10 Davi ia-se engrandecendo cada vez mais, porque o Senhor Deus 
dos exércitos era com ele. 
11 Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de 
cedro, e carpinteiros e pedreiros, que edificaram para Davi uma 
casa. 
12 Entendeu, pois, Davi que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, 
e que exaltara o reino dele por amor do seu povo Israel. 
II Samuel 5 36 
 
13 Davi tomou ainda para si concubinas e mulheres de Jerusalém, 
depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas. 
14 São estes os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalém: Samua, 
Sobabe, Natã, Salomão, 
15 Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, 
16 Elisama, e Eliadá e Elifelete. 
17 Quando os filisteus ouviram que Davi fora ungido rei sobre Israel, 
subiram todos em busca dele. Ouvindo isto, Davi desceu à fortaleza. 
18 Os filisteus vieram, e se estenderam pelo vale de Refaim. 
19 Pelo que Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei contra os 
filisteus? entregar-mos-ás nas mãos? Respondeu o Senhor a Davi: 
Sobe, pois eu entregarei os filisteus nas tuas mãos. 
20 Então foi Davi a Baal-Perazim, e ali os derrotou; e disse: O Senhor 
rompeu os meus inimigos diante de mim, como as águas rompem 
barreiras. Por isso chamou o nome daquele lugar Baal-Perazim. 
21 Os filisteus deixaram lá os seus ídolos, e Davi e os seus homens 
os levaram. 
22 Tornaram ainda os filisteus a subir, e se espalharam pelo vale de 
Refaim. 
23 E Davi consultou ao Senhor, que respondeu: Não subirás; mas 
rodeia-os por detrás, e virás sobre eles por defronte das amoreiras. 
24 E há de ser que, ouvindo tu o ruído de marcha pelas copas das 
amoreiras, então te apressarás, porque é o Senhor que sai diante 
de ti, a ferir o arraial dos filisteus. 
25 Fez, pois, Davi como o Senhor lhe havia ordenado; e feriu os 
filisteus desde Geba, até chegar a Gezer.” (II Sm 5.1-25). 
 
II Samuel 6 
 
A Honra Devida ao Senhor 
 
O décimo terceiro capítulo de I Crônicas é paralelo aos versos 1 a 11 
deste sexto capítulo de II Samuel, que estaremos comentando. 
A arca havia ficado em Quiriate-Jearim desde o seu retorno do 
cativeiro entre os filisteus (I Sm 7.1,2). 
II Samuel 6 37 
 
A cidade de Baalim, mencionada no verso 2 é Quiriate-Jearim, como 
se vê no texto paralelo de I Crônicas de 13.6. 
Para empreender a remoção da arca de Quiriate-Jearim para 
Jerusalém, Davi reuniu uma comitiva de 30.000 pessoas da nobreza 
de Israel, de modo a produzir em todos os israelitas a convicção da 
importância e da deferência que era devida à arca, em face da 
solene reunião de tantos líderes escolhidos, que estariam 
acompanhando a sua transferência para Jerusalém. 
E tal era a envergadura do cortejo que a forma singela de se 
transportar a arca pelos seus varais, pelos levitas, foi desprezada, e 
se mandou construir um carro novo de bois para efetuar o seu 
transporte. 
Havia certamente da parte de Deus a intenção de transmitir um 
ensino didático na forma de se transportar a arca, porque o 
transporte pelos varais impedia que a arca propriamente dita fosse 
tocada por mãos humanas, ensinando-se assim a reverência e 
respeito que são devidos ao Senhor, e que Ele não pode ser 
conduzido pelos homens, tanto que o ato de se tocar na arca, seria 
punido com a morte. 
Talvez tenha sido este um dos motivos de não ter havido 
anteriormente um interesse em se remover a arca de Quiriate-
Jearim, em razão do temor das mortes que poderia causar um 
transporte indevido de objeto tão sagrado. 
E ao que tudo indica Davi talvez tenha intentado se prevenir destes 
juízos divinos, por meio da grandiosa solenidade que ele planejou 
juntamente com os líderes de Israel para trazê-la a Jerusalém. 
Cânticos de louvor eram entoados com acompanhamentode toda 
sorte de instrumentos musicais, e havia grandes manifestações de 
alegria, mas nada disso foi capaz de impedir que Deus matasse Uzá, 
pela sua falta de reverência, quando ele tocou a arca quando os bois 
que a transportavam tropeçaram (v. 6,7). 
Deus nunca prestigiará a grandiosidade das solenidades que 
realizemos para cultuá-lo, pela suspensão dos seus juízos 
determinados sobre tudo o que tem definido como transgressão da 
Sua vontade. 
II Samuel 6 38 
 
Ele manterá o que tem prometido fazer e cumprirá tudo o que a Sua 
boca tem proferido, independentemente do fato se a Sua atuação 
poderá ou não frustrar as nossas expectativas, tal como Ele sabia 
que sucederia com Davi, e com todo o cortejo que o acompanhava, 
quando a Sua ira se acendeu contra Uzá, e produziu a cessação de 
toda a atmosfera festiva da ocasião. 
Ainda que toda aquela alegria pública estivesse sendo manifestada 
na presença de Deus, de forma que não havia o risco de que se 
transformasse numa alegria carnal e sensual, como costuma ocorrer 
com toda alegria pública, que não é manifestada na Sua presença, 
Ele não deixou, nem mesmo por isso, de castigar a irreverência de 
Uzá. 
E nem mesmo levou em conta o fato de ser ele um levita, tal como 
o seu irmão Aiô, e nem ainda o de a arca ter ficado na casa deles 
durante a sua permanência em Quiriate-Jearim, ou seja, na casa de 
Abinadabe, que era pai de Aiô e Uzá. 
Uzá tinha sido traído pela sua familiaridade com a arca, julgando 
que possuía direitos sobre ela, que não eram permitidos aos 
demais. 
Ele pode ter desejado manifestar publicamente que tinha um certo 
privilégio em relação àquele objeto sagrado, colocando-se ao lado 
dela, quando estava sendo transportada pelos carros de bois, 
enquanto seu irmão Aiô ia adiante deles. 
Foi talvez por isso que não teve qualquer constrangimento em 
estender sua mão para segurar a arca quando os bois tropeçaram, 
sendo o seu gesto considerado por Deus como uma irreverência, 
que despertou a Sua ira, conforme é dito diretamente na Bíblia. 
Note que não se diz que a arca estava caindo quando ele a segurou, 
e poderoso é o Senhor para impedir que ela caísse. 
Aquele gesto irreverente à vista de todos os líderes e de muitos do 
povo de Israel, não passaria impune, e o Senhor vindicou a Sua 
santidade em Uzá, e todos temeram e tremeram, inclusive o próprio 
Davi. 
 
 
II Samuel 6 39 
 
Ele não somente se desgostou (v.8), como também temeu ao 
Senhor naquele dia (v.9) a ponto de desistir de trazer a arca para 
junto de si em Jerusalém (v.10), e providenciou para que ela ficasse 
na casa de Obede-Edom, que ficava nas cercanias do lugar onde 
ocorreu a morte de Uzá. 
Ele deve ter cogitado que Uzá não era mais pecador do que ele, para 
que Deus o matasse daquele modo. 
Ele temeu que Deus o matasse da mesma maneira. Ele temeu que 
Deus poderia matá-lo tal como fizera com Uzá. 
E a arca permaneceu três meses na casa de Obede-Edom, mas 
nenhum mal lhe fizera, ao contrário, tanto ele quanto a sua casa 
foram abençoados pelo Senhor (v. 11). 
A mesma mão que castigou a presunção de Uzá abençoou a 
coragem humilde de Obede-Edom, e se a arca foi cheiro de morte 
para a morte para o primeiro, ela foi aroma de vida para a vida, para 
o segundo, tal como Cristo é em relação a toda a humanidade. 
Cristo é o mesmo, mas Ele é tanto motivo de ruína para os que se 
perdem, quanto é de bênção para os que se salvam. 
Quando Davi soube que Obede-Edom e a sua casa haviam sido 
abençoados por Deus (v. 12), ele se dispôs novamente a trazer a 
arca para Jerusalém, porque se a presença da arca havia abençoado 
sua casa, todo Israel poderia ser abençoado por ela. E o fato de 
Obede-Edom ter sido abençoado significava que a ira do Senhor 
havia cessado. 
Em I Crôn 15.1-15; 25-28, nós encontramos informações adicionais 
ao texto de II Sm 6.12-23, que descreve a remoção da arca da casa 
de Obede-Edom para Jerusalém. 
Desta vez Davi reconheceu que havia errado em não transportar a 
arca segundo o que estava prescrito na Lei, e não somente separou 
os levitas para isto, como também estes se santificaram antes, e 
quando a arca começou a ser transportada pelos varais, foram 
oferecidos sacrifícios de bois e carneiros cevados (v. 13), 
provavelmente como forma de reparação dos erros cometidos 
anteriormente. 
 
II Samuel 6 40 
 
E holocaustos e ofertas pacíficas foram trazidos quando a arca foi 
colocada na tenda que havia sido preparada para ela (v. 17,18). 
Estas ofertas simbolizavam a consagração, a comunhão e a gratidão 
por Deus ter-se mostrado propício a eles. 
Tal era a alegria de Davi que ele dançava com todas as suas forças 
diante do Senhor, e se despojou dos seus trajes reais, para se cingir 
de uma estola sacerdotal de linho v. 14), como símbolo de sua 
consagração ao serviço de Deus e de sua inteira devoção a Ele. 
Assim, ele acompanhou o cortejo não como um rei, mas como um 
simples servo de Deus, que é o verdadeiro e eterno rei de Israel. 
Era de tal ordem a humildade, simplicidade e alegria com que Davi 
entrou na cidade de Jerusalém, que sua mulher Mical, 
contemplando o que ele fazia, através da janela do palácio, 
desprezou-o em seu coração (v. 16). 
Mas mesmo que Davi soubesse disto, certamente não se intimidaria 
e continuaria com sua alegria, prestando as homenagens públicas, 
que entendia serem devidas por ele ao Senhor, por todo o bem que 
estava fazendo a ele e a todo o povo de Israel. 
Foi por este motivo que ele pretendeu que todo o povo que 
acompanhara o transporte da arca, participasse das ofertas 
pacíficas que foram apresentadas a Deus, e por isso ele abençoou o 
povo em nome do Senhor, e repartiu a todos eles um bolo de pão, 
um pedaço de carne e passas (v. 18,19). 
Foi quando chegou em sua casa, depois de ter despedido o povo, 
para abençoar os seus, que Mical veio ao seu encontro, 
repreendendo-o com as seguintes palavras: “Que bela figura fez o 
rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus 
servos, como sem pejo se descobre um vadio qualquer.” (v. 20). 
Foi o orgulho de Mical que a levou a agir de tal maneira. Ela pensava 
que Davi havia se rebaixado muito diante dos olhos das servas dos 
seus oficiais, nivelando-se a elas, e isto faria com que elas não o 
respeitassem mais e não lhe dessem a devida honra, uma vez que, 
segundo ela, Davi não havia respeitado a sua elevada posição de rei 
diante deles. 
 
II Samuel 6 41 
 
A devoção religiosa daqueles que são sinceros diante de Deus 
sempre soa mal aos ouvidos e fere os olhos daqueles que não Lhe 
são devotados. 
Este era o problema com Mical. Ela não conhecia a alegria de quem 
derrama a sua alma na presença do Senhor. 
Mas Davi defendeu a honra de Deus quando justificou o seu 
comportamento com as seguintes palavras: 
 “Perante o Senhor, que escolheu a mim de preferência a teu pai e 
a toda a sua casa, estabelecendo-me por chefe sobre o povo do 
Senhor, sobre Israel, sim, foi perante o Senhor que dancei; e 
perante ele ainda hei de dançar. Também ainda mais do que isso 
me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; mas das servas, de 
quem falaste, delas serei honrado.”. 
O teor destas palavras indica que não foi dos seus servos que 
recebeu a honra de ser escolhido rei sobre Israel, mas foi do próprio 
Deus que a recebeu. 
Se Mical havia repreendido Davi, pensando que foram seu pai e sua 
casa que emprestaram a verdadeira dignidade e honra à realeza, 
Davi lhe fez recordar que Saul e toda a sua casa haviam sido 
rejeitados por Deus para não reinarem sobre Israel, e que lhe havia 
escolhido para ser o rei do Seu povo. 
Como poderia então ser desonrado pelas servas dos seus servos por 
ter dado a honra devida a Deus, que o pai de Mical, Saul, negou a 
Ele durante toda a sua vida? 
Como Deus desprezaria aqueles que não O desprezam? 
Como permitiria que não fossem honrados aqueles que O estavam 
honrando? 
Se alguma serva de Davi não lhe estivesse honrando tal como Mical, 
pelo fato dele estar se alegrando na presença de Deus, certamente

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