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1 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL 2 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 ATENDIMENTO AO ALUNO editorafamart@famart.edu.br 3 Sumário LEI ORGÂNICA DO SUS ........................................................................................... 4 Princípios do SUS ...................................................................................................... 4 Diretrizes do SUS ...................................................................................................... 5 Participação complementar do Setor Privado............................................................. 6 Descentralização ....................................................................................................... 7 Organização do SUS ................................................................................................. 7 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS ........................................................................ 8 Natalidade .................................................................................................................. 9 Mortalidade .............................................................................................................. 10 Doenças ................................................................................................................... 10 VIGILÂNCIA SANITÁRIA ......................................................................................... 11 SAÚDE DO TRABALHADOR ................................................................................... 19 SAÚDE INDÍGENA .................................................................................................. 24 GESTÃO DO SUS ................................................................................................... 28 Gestores do SUS e formação do sistema ................................................................ 28 Financiamento do SUS ............................................................................................ 32 Referências .............................................................................................................. 33 4 LEI ORGÂNICA DO SUS A lei orgânica do SUS se faz legal desde o ano de 1990, com as leis 8.080 e 8.142. A prática do SUS deu-se a partir do ano de 1970, com o advento da ditadura militar, onde existiam movimentos sociais e políticos, os quais lutavam por uma sociedade justa que apresentasse políticas públicas baseadas nos direitos humanos básicos, onde tivessem como primícias primordiais a qualidade e universalidade. A reforma sanitária datada nesta época, ocorreu baseada na liberdade, sendo considerados os primórdios das diretrizes constitucionais da universalidade, igualdade e participação da comunidade. A história inicia-se a partir do contexto da migração rural, onde a população evadiu-se para as zonas urbanas, uma vez que o empobrecimento tornou-se fator notável devido à ausência do estatuto da terra e reforma agrária, gerando grandes conflitos, o que faz com que as prefeituras municipais adotem medidas inviáveis a esta população, bem como atendimentos precários em vilas e postos de saúde. Neste contexto, jovens sanitaristas iniciaram qualificação dos serviços de saúde, em cima das diretrizes de atenção primaria à saúde, contando com equipes multidisciplinares, implementando ações preventivas e curativas, que ganham apoio da população, o que fortalece tais estratégias do movimento municipal de saúde, solicitando esforços ao governo estadual e nacional, para mais recursos o que futuramente vai gerar as diretrizes constitucionais da universalidade, descentralização, integralidade e regionalização. Princípios do SUS Os princípios do SUS estão baseados na constituição federal da lei 8.080 de 1990, aos quais ficam promulgados e deliberados os seguintes princípios: Universalidade: De acordo com este princípio, tange o que diz respeito ao direito de todos sem distinção ao cesso a saúde, não restringindo em nenhum momento este acesso a toda a população. 5 Equidade: De acordo com a equidade, podemos dizer que este princípio é baseado na qualidade da atenção priorizando as necessidades, de forma igualitária, ou seja, tratar a todos de forma igual, por ordem de necessidade. Integralidade: A integralidade é o princípio do SUS, que enxerga o ser humano como um todo e não apenas como um conglomerado de órgãos e aparelhos, promovendo, protegendo e recuperando a saúde da população como um todo. Diretrizes do SUS Regionalização e Hierarquização • Ligado aos gestores municipais e estaduais; • Hierarquização em níveis crescentes de complexidade; • Regulação adequada entre os níveis do sistema (fluxo de referências e contra-referência); • Nível terciário de atenção à saúde – Hospitais de referência; • Resolvem 5% dos problemas de saúde; • Nível secundário de atenção – Centros (ambulatórios) de referência – Resolvem 15% dos problemas de saúde Nível Primário de atenção; • - PSF e UBS - Responsáveis por 80% dos problemas de saúde Lei 8080 O desenvolvimento do SUS: avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios e diretrizes (MS e CNS, 2002). Resolubilidade É considerada condição de busca do indivíduo ao atendimento ou quando surgir um problema que gera impacto coletivo sobre a saúde, igualitariamente o serviço esteja pronto para o enfrentamento e resolubilidade até o nível de sua complexidade. Lei 8080: O desenvolvimento do SUS: avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios e diretrizes (MS e CNS, 2002). 6 Controle • De acordo com a promulgação dos princípios do SUS, fica estabelecido através de entidades representativas e meios legais que a população obtém direito garantido de participar da formulação de políticas de saúde e controle da execução em todas as esferas de governo; • Conselhos de saúde compreendem em representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviços, com poder deliberativo (50%); • É dever da constituição garantir a participação da população na formulação e controle da execução das políticas de saúde; • Lei 8142 – Conselho de Saúde, onde o Paritário compreende gestores, profissionais de saúde e usuários de ordem Municipal, estadual e federal; • Participação dos Cidadãos está composta em Controle Social, que compreende a Lei 8142 e Conselho de Saúde: guia de referências para a sua organização. Fonte: MS (2004). Participação complementar do Setor Privado Mostrando-se insuficiente o setor público, os serviços privados devem ser contratados: A preferência é dada aos serviços não lucrativos (hospitais Filantrópicos), A constituição diz que desta forma cada gestor deverá primeiramente planejar o setor público e em seguida efetuar a complementação a rede assistencial com o setor privado não lucrativo, gerando os mesmos conceitos de regionalização, hierarquização e universalização; • Assim sob tais condições sumariamente representadas a seguir: O contrato será realizado de acordo com as normas de direito público; • De acordo com as normas técnicas do SUS, vale ressaltar que toda instituição privada deverá estar de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, sedo a posição da rede regionalizada e hierarquizada dos serviços de saúde. 7 Descentralização – É considerada a maneira de compartilhar as responsabilidades quanto às ações e aos serviços de saúde entre os vários níveis de governo, sendo a municipalização ao que se refere à Lei 8.080 e as NOBs (Norma Operacional Básica do Ministério da Saúde) asquais seguem definições precisas ao que tange à obrigação de cada esfera de governo (MS e CNS, 2002); ‒ Lei 8080: O desenvolvimento do SUS: avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios e diretrizes (MS e CNS, 2002). Organização do SUS O SUS é baseado em princípios e diretrizes, os quais estão a descentralização, hierarquização e regionalização, tendo este um único gestor em cada esfera de governo, gerando conformidade dos serviços, mutualidade e suplementariedade do privado com financiamento tripartite e participação da comunidade. A descentralização une princípios e diretrizes reorganizando recursos e responsabilidades da União, dos estados e dos municípios, compreendidos como gestores do SUS, ou seja, conduzir nas mãos do município a decisão sobre a melhor maneira de executar a saúde e os meios, bem como financeiro, para então exercitar o poder de acordo com a necessidade da população, sendo facilmente inspecionados pelos mesmos. O SUS deve ter uma direção única, ou seja, sendo de responsabilidade constitucional, das três esferas de governo sendo o município comandado pelo prefeito e secretaria municipal de saúde, no estado governador e seu secretario de saúde e na União presidente e ministro de saúde, sendo a direção única em cada esfera de governo, complementar a descentralização. Desta forma temos no território municipal um único gestor municipal, concomitante a um gestor estadual e um gestor federal. A regionalização dispõe dos serviços de saúde, de forma regional, ou seja, hierarquizada, não se alocando todos os serviços em todos os lugares, independentemente de seu tamanho, território e disponibilidade de equipamentos e 8 pessoal, assim os serviços de saúde complementam-se numa associação permanente do mais simples aos mais complexos, referenciando-se e contrarreferenciando-se. De acordo com a diretriz de hierarquização, elabora-se a atenção ao individuo, família e comunidade através dos agentes comunitários (ACS), programa da saúde da família (PSF) e unidades básicas de saúde (UBS), de menor complexidade, que tange a atenção primaria a maior complexidade, partindo da atenção secundaria a nível terciário. Quando falamos em atenção primária, estamos nos referindo à prevenção de doenças e seus agravos, já em nível secundário, tratar doenças já existentes evitando os agravos, e em nível terciário tratar agravos de doenças já existentes, sendo assim é deliberado o direito do serviço de saúde complementar-se com o privado através do contato direto com o público ou convenio, assim a complementação dos serviços públicos será feita através de entidades filantrópicas e sem fins lucrativos. Vale ressaltar que todas as vezes que a estatal for insuficiente, recorre-se a complementação do privado, sendo este totalmente liberal, nos consultórios e clinicas através do pagamento direto. INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS Ao falarmos em promoção de saúde, podemos pensar em uma forma de vida mais saudável, através de políticas públicas que nos proporcionem caracterizar as patologias através da transmissibilidade, ou não transmissibilidade, onde a doença pode ser apresentada por um vetor, ambiente ou individuo. Uma das metas da saúde publica é a ascensão das doenças transmissíveis, pois são causas de morbimortalidade mundial. É de suma importância a quantificação de pessoas que morrem e adoecem numa determinada população em determinado período, sendo usadas como medida de saúde daquela população, em determinado período. Ao realizarmos o comparativo de medidas de mortalidade de diferentes populações, devemos transformá-las em valores relativos para que se obtenham 9 valores absolutos sendo importantes para o planejamento, gerenciamento e ponderação das medidas. Podem-se considerar medidas relativas de mortalidade e morbidade os indicadores de saúde, estando este sempre referido a uma população especificam e intervalam de tempo determinado, o que corresponde a frações que assumem os formatos de coeficientes e denominadores. As proporções são consideradas quocientes, quando é mostrada a parcela de situações, proporções com características ou especificações do numerador em ordem total de eventos de mesma natureza ocorridos na população e no período considerado o denominador. Ao compararmos os indicadores de saúde de populações diferentes, estes refletem as diferenças econômicas e sociais das mesmas, nos permitindo intervir dentro do cenário apresentado. Natalidade Ao citarmos o tema natalidade, devemos considerar o número de nascidos vivos por mil habitantes, na população, em um determinado espaço geográfico, no ano considerado, obtendo o score da atuação da natalidade sobre uma determinada população. A taxa bruta de natalidade é expressa pela estrutura da população quanto à idade, sexo, e quando padronizada por uma estrutura de população padrão, permite a comparação temporal e entre regiões. Salienta-se que a base de dados demográficos utilizada para o cálculo de indicador, apresenta muitas vezes imprecisos, por conta da coleta de dados ou metodologia aplicada para elaborar estimativas populacionais. Ao correlacionarmos natalidade com fecundidade devemos tomar um certo cuidado, pois a taxa de fecundidade não é influenciada por variações na sua composição etária, além da população ser apenas feminina. 10 Mortalidade O coeficiente de mortalidade é gerado a partir do número de óbitos obtidos em uma população especifica, durante certo período ponderado pelo número da população. Um dos indicadores etários mais importantes dentro do coeficiente de mortalidade é a análise da mortalidade infantil sobre a qualidade de vida e condições de saúde desta população, onde são mostrados dados evidentes sobre crianças menores de um ano, evidenciando a mortalidade neonatal até 28 dias de vida e mortalidade infantil tardia de 28 dias a um ano de vida, sendo utilizado como coeficiente o número de nascidos vivos na população durante período considerado. É nível importante levar em consideração a causa da morte, pois esta faz referência a declaração de curva de mortalidade proporcional e nível de saúde. Doenças Antigamente tínhamos alta incidência de patologias dizimadas, o que caracterizava alta incidência e mortalidade por doenças transmissíveis. Ao realizar a reorganização da universalização, as ações de saúde começam a se desenvolver de modo hierárquico diante a integralidade da rede de serviços que compõe o sistema nacional de vigilância em saúde, com outras áreas da rede de atenção à saúde. Desta maneira torna-se importante instituir registros de notificação compulsória deste grupo de doenças, além de reorganizar iniciativas do SUS, aumentando o acesso primário e gratuidade de vacinas e tratamentos para diversas doenças transmissíveis que agora passa a ser ofertado pela população de forma universal. Com ações de vigilância, prevenção e controle ficam garantidos a redução de morbimortalidade de doenças transmissíveis. Em 1980, surgem patologias que merecem atenção, pois são produzidas por agentes desconhecidos, modificações na virulência ou patogenicidade dos que já existiam gerando epidemias de grande magnitude e gravidade. O SUS teve mais uma vez que ser reestruturado, modificando e implementando estruturas especiais de vigilância gerando respostas rápidas a estes 11 problemas. O programa de imunização (PNI) surge ofertando vacinas para diferentes patologias, bem como difteria, poliomielite, sarampo e tétano neonatal. No ano de 1995, a circulação do vírus selvagem da poliomielite foi erradicada no Brasil; O tétano neonatal foi outra patologia erradicada entre 2012 e 2016. O sarampo foi erradicado graças à implantação do Plano Nacional de eliminação do sarampo, em 1992 sendo importanteindicador de queda das doenças imunopreveníveis no Brasil. Em relevância a todos os fatos citados, a detecção antecipada dessas ocorrências e grandes bloqueios vacinais, que foram alcançados nas ultimas décadas pelo PNI, podemos comemorar a disseminação e diminuição de muitas patologias de alta virulência, transmissibilidade e patogenicidade como é o caso da rubéola, que foi erradicada em 2008, o Haemophilus influenzae B, foi inserido no calendário vacinal do PNI, gerando queda em níveis consideráveis de pneumonias e meningites em menores de cinco anos. Vale ressaltar que outra patologia com índices em queda por causa da vacina foi o rotavírus (vacina atribuída ao PNI). Assim se diminuíram abusivamente as internações em crianças menores de cinco anos. Na epidemiologia é importante citar o trabalho da vigilância em saúde, para erradicar doenças que ainda acometem a população de forma geral, tais como raiva, hanseníase, tuberculose, HIV/AIDS, esquistossomose, doença de chagas, malária e febre amarela. VIGILÂNCIA SANITÁRIA Desde os tempos antigos havia preocupação com a vigilância sanitária, portanto de modo empírico, onde a humanidade não conhecia cientificamente os processos de contaminação, onde era espalhada de forma indiscriminada a peste, cólera, varíola, febre tifoide entre outras patologias que marcaram a história. 12 Sabe-se que mesmo a população não tendo conhecimento sobre as doenças, a água poderia ser uma via de transmissão para muitas patologias, sendo assim, no Brasil, o desenvolvimento organizado das ações de vigilância sanitária, inicia-se no séc. XVIII, de acordo com modelos e regimentos adotados em Portugal. Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, inicia-se a estruturação da saúde publica, tendo como objetivo conter as epidemias e inserir os pais nas rotas de comercio internacional, o que se intensificou com o aumento do fluxo das embarcações, circulação de passageiros e mercadorias, sendo desta forma, necessário controle sanitário, o que evitaria epidemias e haveria promoção e aceitação dos produtos brasileiros no mercado internacional. Em 1820 é criada a inspetoria de saúde pública do Rio de Janeiro, com o objetivo de estabelecer normas e organizar a vida medica, como por exemplo, o isolamento de doentes portadores de moléstias pestilenciais, cemitérios, gêneros alimentícios, casas de saúde etc. Em 1832, é criado pela câmara municipal do Rio de Janeiro o código de posturas, que estabelecia a pratica da licença no controle das fabricas. Em 1842, houve a promulgação da estruturação e reformas de serviços sanitários e reorganização da estrutura do estado, bem como sua institucionalização no país. Em 1953, foi marcado por uma época de mudanças importantes, onde trouxeram grandes avanços nas áreas de medicamentos e alimentos, sendo então criado o ministério da saúde, com a publicação da lei 1944/53 que torna obrigatória a iodação do sal de cozinha para que haja controle do bócio endêmico. Em 1954 é criado o (LCCDM), Laboratório Central de Controle de Drogas e Medicamentos. Em 1961, foi regulamentado o Código Nacional de Saúde, ao qual atua junto ao ministério da saúde, na regulação de alimentos, indústrias e comercio. Em 1969, é promulgado o decreto de lei que estabelece normas básicas para os alimentos, Decreto nº 986/69. 13 Em 1976, ocorre a reestruturação do ministério da saúde, sendo então criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária com a união do serviço nacional de fiscalização da medicina e farmácia e serviço de saúde dos portos. De acordo com o decreto de lei nº 79.056 de 30 de Dezembro de 1976, no artigo 13º: Cabe à secretaria promover, elaborar, controlar, aplicar e fiscalizar o cumprimento das normas padrões que são de cunho sanitário no que se refere aos portos, aeroportos, fronteiras, produtos médico-farmacêuticos, bebidas, entre outros, além de efetuar o controle sanitário e das condições do exercício profissional relacionado à saúde. Em 1981, foi criado o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em saúde. Em 1999, foi criado a (ANVISA), com a limitação de atuação da vigilância sanitária, ao qual seguia o modelo cartorial e com o processo da democratização da sociedade da nova republica durante a década de 1980, a vigilância sanitária aproxima-se do movimento pela reforma sanitária e organização de consumidores. Em 1985, acontece o seminário nacional de vigilância sanitária com o objetivo de reafirmar a definição da política nacional de vigilância sanitária integrada à política nacional de saúde. Em 1986, acontece a VIII Conferencia nacional de saúde, que subsidiou a lei 8.078/90 que determina o código de defesa do consumidor, ao qual é marcado pela contrariedade entre sanitaristas e produtos de medicamentos, produtores de gelatinas e sucos e importadores de leite e carne. Assim, que foi instituído o SUS em 1990, a secretaria nacional de vigilância sanitária, marcando um período de desregulamentação, onde o objetivo era responder rapidamente as demandas do setor produtivo, sendo uma atividade meramente administrativa, sem que realizassem analises técnicas. Entre 1990 a 1998, ocorreram muitos óbitos de pacientes renais crônicos e idosos, além de muitos medicamentos falsificados circulando no país, denotando a fragilidade do SVS. Em 1999, com a criação da agencia nacional de vigilância sanitária, este contexto muda abruptamente. 14 É de suma importância destacar um grande marco, que foi a construção da vigilância sanitária no país, datada em novembro de 2001, através da I Conferencia nacional de vigilância sanitária (CONAVISA), que discutiu amplamente a situação da vigilância sanitária no Brasil, o que subsidiou o relatório, ao qual apresentou um conjunto de proposições, onde seus princípios regem o SUS. O termo “vigilância” vem do verbo “vigiar”, do latim vigilare, que se pode entender como ficar atento, cauteloso, tomar precaução e está ligado ao conceito de saúde e doença e às ações de prevenção da disseminação de doenças. A lei orgânica da saúde, lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, a qual regulamenta o SUS, dispõe de condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, estabelecendo em seu art. 6º, que estão incluídas no campo de atuação do SUS, a vigilância epidemiológica, sanitária, saúde do trabalhador e assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. No § 1º do art. 6º, a vigilância sanitária é definida como o conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos a saúde e intervir em problemas sanitários decorrentes do meio ambiente da produção e circulação de bens e prestação de serviços de interesse da saúde, ao que abrange controle de bens de consumo, direta ou indiretamente ligados à saúde e controle da prestação de serviços. As ações de vigilância sanitária devem ser de ordens preventiva, passando por todas as práticas médico-sanitárias, que são baseadas na proteção, recuperação e reabilitação da saúde, atuando com os serviços relacionados à saúde, ambiente, trabalho e circulação internacional de transportes, cargas e pessoas. A vigilância sanitária abrange as seguintes áreas de atuação: federal, estadual e municipal. Dados epidemiológicos Os dados epidemiológicos são informações sobre doenças e os agravos provocados pela exposição a um determinado agente causador, quantificados 15 através de medidas de frequência de doenças, indicadores de morbidade entre outros aos quais irão avaliar o cenário epidemiológico de uma população estimando seu nível de desenvolvimento social e econômico. As medidas de frequência de doenças são indicadores que têm como objetivo mensurar a frequência de patologias na população, de modo que as principais medidas utilizadas são os índices, os coeficientes,as taxas e os indicadores. O índice é um termo ao qual se refere a todos os descritores da vida e saúde incluindo os termos numéricos e incidentes que marcam a noção de grandeza. Os coeficientes são as medidas que consideramos como secundarias, pois são geradas através de quocientes entre as medidas primárias e variáveis independentes, ou seja, é a frequência que um evento acontece na população. As taxas são as medidas utilizadas para o risco, cálculos de estimativas e projeções de incidências e prevalência da população a que se interessa o estudo. Os indicadores são os índices que chamamos de críticos e servem para orientar a tomada de decisão em prol das evidencias ou providencias. Quando queremos calcular a frequência em que as doenças acometem a população são utilizadas as seguintes medidas de frequência, a incidência e prevalência. A incidência é o que podemos dizer de frequência de novos casos de uma doença em um determinado período de tempo, advindo de uma população sob o risco de adoecer no início da observação. A incidência total compreende em uma mesma doença que pode incidir sob um indivíduo mais de uma vez durante o período observado. A taxa de incidência é calculada baseada no número de casos novos em determinado período, dividido pelo número de pessoas expostas ao risco no mesmo período, multiplicado pela constante que é uma potência de base (10, 100, 1.000, 10.000), pela qual se multiplica o resultado para se ter um número inteiro. Podemos citar como exemplo a seguinte situação: Durante o ano de 2017 a unidade de saúde da família “A” notificou 348 casos de dengue, dos quais 315 foram confirmados após resultado de exame sorológico. 16 Sabendo-se que esta USF acompanha um total de 4.200 pessoas, qual a incidência desta doença neste ano? Então, pegamos o número 315 e dividimos por 4.200, e multiplicamos o resultado por 100, o que nos dará um score de 7,5 casos por 100 habitantes. A mortalidade é uma medida que utilizamos como indicador de saúde, pois este nos permite avaliar as condições de saúde da população. Para calcular dividimos o número de óbitos pela população em risco. A letalidade é a medida utilizada para mensurar a gravidade da doença e podemos calcular dividindo o número de óbitos por determinada doença pelo número de casos da mesma doença. A prevalência é definida como frequência de casos existentes de uma determinada população em um dado momento. É de suma importância, que se diferencie incidência e prevalência, uma vez que a prevalência só considera um evento de determinada doença, por individuo, ou seja, se um indivíduo tiver gripe por três vezes no ano, o evento será contado apenas uma vez. Categorizamos os indicadores da seguinte forma: mortalidade e sobrevida, morbidade, nutrição, crescimento e desenvolvimento, aspectos demográficos, condições sócio econômicas, saúde ambiental e serviços de saúde. Vacinas As vacinas são de suma importância para prevenir doenças, sendo assim é melhor prevenir a ter que tratar. As vacinas tem o objetivo de formar uma barreira de proteção no corpo humano contra vírus e bactérias que podem provocar muitas doenças graves, que muitas vezes levam às pessoas a morte. Quanto maior é a cobertura vacinal, menor será o risco de estas pessoas ficarem doentes; além disso, algumas doenças que chamamos preveníveis podem ser erradicadas por completo. Hoje podemos dizer que a varíola é a única erradicada mundialmente, onde o último registro foi em 1977. 17 Outra doença que podemos citar no processo de erradicação é a poliomielite, onde em alguns países como Índia, Paquistão, Afeganistão, Nigéria, Egito, e Gana, ainda existem casos, sendo importante continuar as campanhas para erradicação total. No Brasil, temos uma gama de vacinas ofertadas gratuitamente para diversas doenças graves. As vacinas não são necessárias apenas na infância, os idosos devem se proteger contra a gripe, pneumonia, e tétano e as mulheres em idade fértil devem se vacinar contra rubéola e tétano. É importante salientar que as primeiras vacinas foram descobertas há mais de duzentos anos e hoje temos técnicas muito modernas que são utilizadas no preparo das vacinas em laboratórios. As vacinas são produzidas a partir de organismos enfraquecidos, mortos ou alguns de seus derivados, sendo elas aplicadas por via oral ou injeção. O corpo da pessoa vacinada detecta a substancia da vacina e produz anticorpos, onde estes permanecem no organismo evitando a ocorrência da doença através do que chamamos de imunidade. A vacinação de rotina implica no que é predeterminado no calendário vacinal de acordo com cada faixa etária, dada pelo ministério da saúde, além de campanhas sazonais. Para que as vacinas cheguem até a população, a Organização mundial de saúde, apoia os países nas atividades de vacinação. Em Brasília, o Ministério da saúde coordena a vacinação em todo o Brasil, além de ser o grande responsável pela produção ou compra e distribuição das vacinas utilizadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações), para os 27 estados do país. A organização pan-americana de saúde (OPAS) ajuda o ministério da saúde em muitas atividades relacionadas às vacinas. Os governos estaduais em seus respectivos estados distribuem as vacinas pelos municípios, coordenando as atividades de vacinações nestes locais, e por fim as prefeituras vacinam a população nos postos de saúde. 18 Patologia de notificação compulsória A notificação compulsória é a comunicação da ocorrência de uma determinada doença de agravo à saúde, sendo esta feita a autoridade sanitária por profissionais da saúde ou ainda qualquer cidadão para que haja medidas de intervenção. Toda notificação deve ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico sanitário em caso de risco para a comunidade, sempre respeitando o direito do anonimato dos cidadãos. A notificação compulsória é obrigatória para médicos, outros profissionais da saúde, ou ainda responsável por serviços públicos ou privados de saúde, que prestam assistência ao paciente. Todas as instituições de saúde, sejam elas públicas, privadas ou filantrópicas, bem como serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais, instituições de pesquisa, ensino e cidadãos. A inobservância da notificação compulsória é considerada infração as normas sanitárias brasileiras, pressupondo penalidades que vão de advertências a multas, previstas no Decreto lei nº785, de 1969. Consideremos notificação compulsória imediata aquela realizada em até 24 h a partir do conhecimento da ocorrência da doença, agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. Logo se inicia a investigação epidemiológica avaliando as doenças de disseminação e desenvolvimento rápidos, investigação de urgência com visita domiciliar, tendo como objetivo romper a cadeia de transmissão, utilizando quimioprofilaxia ou vacinação. Posteriormente, ocorre investigação de doenças de evolução e disseminação lentos, que designamos de investigação de rotina, com o objetivo de recolher informações que instrumentalizem a visita externa. É importante o devido preenchimento da ficha de notificação, juntamente com a ficha individual de investigação para que haja uma investigação acurada acerca da patologia em questão. 19 A investigação pode ser realizada com coleta de dados ativa e passiva, onde a forma passiva possibilita melhor preenchimento da ficha de ações reduzindo novas ocorrências. Para cada doença ou agravo, deve-se tomar comparáveis os critérios diagnósticos, seja este como suspeito compatível ou diagnóstico confirmado, de acordo com a apresentação clinica diagnóstico laboratorial e situação epidemiológica especifica para cada doença. De acordo com a lista nacionalde doenças de notificação compulsória, portaria do MS nº 1271, de 06 de junho de 2014. O art. 2º define as terminologias adotadas em legislação nacional, doença sendo uma enfermidade ou estado clinico independente da origem, qual representa um dano significativo aos seres humanos. Já o agravo, configura qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos causado por circunstâncias nocivas, bem como acidentes, intoxicações, abusos de drogas, lesões auto ou heteroinflingidas. Dentre a lista de notificação compulsória podemos citar: Acidente de trabalho, animais peçonhentos, animal transmissor de raiva, doença de chagas aguda, Haemophilus Influenzae, botulismo, caxumba, cólera, coqueluche, dengue, diarreia, difteria, meningites, doença meningocócica etc. O fluxo de informações sobre a notificação compulsória circula no SINAN (Sistema de informação de agravo de notificação), sendo local, municipal, regional, estadual e federal em hospitais, consultórios, laboratórios, UBS, PSF, UPA, ambulatórios, clínicas e hemocentros. SAÚDE DO TRABALHADOR A partir da revolução de 1930, houve uma aceleração no processo que regulasse e montasse uma estrutura nova que gerisse as relações trabalhistas. O Ministério do Trabalho foi criado com o objetivo de regular a sindicalização das classes patronais e classe operaria, instalando desta forma o departamento 20 nacional do trabalho em 1932, funcionando juntamente com as comissões mistas de conciliação e as juntas de conciliação e julgamento. Em 1934 é instituída a justiça do trabalho com o objetivo de dirigir as questões entre empregadores e empregados, regidas pela legislação social, após 1937, no estado novo de Vargas com um projeto imposto e incorporado através de mecanismos de enrijecimento da estrutura sindical e seu controle. Em 1943, acontece a consolidação das leis de trabalho (CLT), que objetivou os direitos e definiu o perfil dos sindicatos e limites de sua atuação. A CLT controlava a formação das associações, o funcionamento e sua reprodução, exigindo unicidade sindical, prevendo imposto compulsório ao qual financiava o sistema e inibia a greve. Este quadro perdurou de 1945 a 1964, mesmo tendo maior tolerância com as manifestações dos trabalhadores e conquistas alcançadas por setores agressivos das classes. Neste momento é dado início um processo de direitos que atingiu apenas um grupo privilegiado de trabalhadores, ao qual se tornaria uma referência fundamental, ao que tange os termos sociais para os trabalhadores de nosso país. A partir de 1980, acreditava-se que as relações de trabalho seriam retomadas pelos trabalhadores, mas devido à queda do crescimento indústrias e econômico, além do grande processo inflacionário, gera um score voltado a uma agenda sindical defensiva que objetivava a recuperação de direitos sem deixar de acreditar na reforma trabalhista e crescimento da cidadania social e política. Surge então, o novo sindicalismo de setores considerados dinâmicos da indústria paulista, baseado em greves, negociação direta com patronato, aumento da participação de bases sindicais, dando prioridade aos problemas nos locais de trabalho, o que culminou em respostas mistas ao sistema. A constituição de 1988 é de suma representatividade na área trabalhista, pois atribuiu igualdade de direitos aos trabalhadores urbanos e rurais, o que aumentou a proteção legal do trabalho e liberdade sindical, lateralmente, consolidou poderes atribuídos ao Ministério público do trabalho e sindicatos que atuam nos direitos 21 difusos ou coletivos da categoria, por ações civis públicas. Assim é mantido o monopólio de representação, unicidade sindical e imposto sindical obrigatório. O setor da saúde tem um papel muito importante para sustentar o mercado de trabalho brasileiro, porém o trabalho torna-se sem qualidade, o que ocasiona vários vínculos empregatícios, precarizando os contratos de trabalho na área da saúde repercutindo na justiça do trabalho e ministério público do trabalho. Sendo assim foi liberada a terceirização em atividades que determinava a responsabilidade da empresa principal em relação aos direitos trabalhistas destes. Ao que tange o SUS, um dos grandes desafios é a saúde do trabalhador, pois a exploração do trabalho pelo capital e o silencio dos governantes denota o reflexo da governança nos níveis da grande decisão política. O SUS chega como universalista e participativo ao que se refere à responsabilidade com a saúde do trabalhador, entrando como um grande debate político normativo e epistemológico justificado pelo grande impacto de adoecimento e morte no trabalho. O trabalhador não se vende ao capitalismo, mas sim sua força de trabalho, a elaboração e demonstração da mais-valia, e o significado de uso, assim sendo chegamos ao conceito das necessidades as quais são importantes. As muitas formas de acolhimento por parte do sistema de saúde interessam na atuação da gestão do SUS, o que é expresso através das pactuações e normativas operacionais frente à saúde do trabalhador. Usualmente, esta gestão atende as necessidades ao que condiziam aos efeitos dos problemas de saúde, centrada na atenção da doença. A vigilância de saúde e a atenção primária são custeadas com o financiamento da própria gestão do SUS. A saúde do trabalhador é contemplada a partir do processo saúde doença, ao qual é resultado das condições de trabalho e vida dos trabalhadores. De acordo com a evolução da modernidade e implementos tecnológicos na organização e gestão do trabalho, incidem sobre a saúde do trabalhador. A saúde do trabalhador deve ser implementada e executada, tendo como base a proteção social para o conjunto da classe trabalhadora. A proteção social garante acesso aos meios de produção e reprodução de vida material e social, 22 atendendo as procuras ao que se relaciona à saúde do trabalhador, em uma manifestação multidimensional ao que tange a questão social. A seguridade social inicia-se estruturada a partir da assistência e previdência social, onde esta tem sua lógica baseada no seguro e contribuição, sendo apresentada como política seletiva para os trabalhadores inseridos no mercado de trabalho, regidos pela CLT, Consolidação das Leis de Trabalho. No Brasil, o SUS incorpora a política de saúde, integrando a seguridade social, sendo um direito universal. A saúde do trabalhador defere dos outros programas, pois lida diretamente com a complexidade e dinamismo das mudanças no processo de produção, ao qual define o perfil da classe trabalhador. A Constituição de 1988 e a regulamentação da lei orgânica 8.080/90 possibilitaram o acesso à atenção básica de saúde no SUS; institucionalizado nas três esferas de governo municipal, estadual e federal, segundo modelos diferenciados em busca da atenção integral à saúde, a qual se organiza a partir da inserção diferenciada dos trabalhadores nos processos de trabalho, ao que se traduz em ações integradas de assistência e vigilância com participação dos trabalhadores e estruturada a partir dos centros de referência em saúde do trabalhador. A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1979, aprova a declaração de alma-ata a qual é datada de 1978, mostrando que a atenção primária em saúde (APS) é a principal estratégia que evidencia alcançar a promoção da assistência à saúde a todos sem distinção. Na saúde coletiva, a saúde do trabalhador é implementada, através do SUS, pois este realiza ações integradas e articuladas, desafiando a efetivação ao direito à saúde. Quando tratamos a atenção básica de saúde, sabemos que esta deve ser totalmente descentralizada sendo uma importante porta de entrada e centro de comunicação da rede de atenção à saúde, mas ao que tange a saúde do trabalhador um dos grandes desafios possibilidades de diagnóstico, vigilância,atenção, direito à informação, ainda são consideradas distante da realidade. 23 Essa realidade comprova que a saúde do trabalhador, não é devidamente acolhida pela saúde pública, sendo desafiador seu desenvolvimento técnico, operacional, das práticas em saúde geral, sendo assim um dos grandes desafios é considerar o foco da categoria de trabalho nos determinantes sociais e agravos da população. A saúde do trabalhador é fundamentada através da secretaria de assistência à saúde do ministério da saúde dando a oportunidade para a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), através da portaria 1.679 de 19 de setembro de 2.002, propondo ampliação e fortalecimento da rede melhorando sua estrutura, ofertando propostas de mudanças na gestão, denotando a gestão plena dos municípios e definição clara dos mecanismos de controle social, dos critérios de habilitação e acompanhamento dos centros de referencia em saúde do trabalhador (CEREST) e sistema de informação ambulatorial (SAI/SUS). A CEREST e o RENAST mostram a reflexão sobre o saber técnico cientifico e a relação das forças sociais e a relevância de estudar a saúde do trabalhador no âmbito de seus vínculos institucionais, históricos e sociais. O CEREST apesar de ser considerado como porta de entrada para os agravos de saúde dos trabalhadores, ainda necessita atenção especifica, sendo assim, há um distanciamento entre o serviço e rede básica de saúde. O CEREST apresenta ausência de ações que ocorre devido à falta de suporte técnico, do próprio sistema, que se faz resistente, pelos seus gestores em colocar suas ações de forma efetivamente regionalizada e não municipalizada. O desconhecimento do tamanho do impacto do trabalho na saúde dos trabalhadores afeta todo o processo de investimentos em capacitação de recursos humanos, sendo de grande carência nos serviços de saúde. 24 SAÚDE INDÍGENA História do sanitarismo na saúde do indígena A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas é parte integrante da Política Nacional de Saúde, realizando um comparativo das leis orgânicas da saúde e da constituição federal, reconhecendo os povos indígenas através de suas peculiaridades étnicas, culturais e seus direitos territoriais. Para colocar em pratica a PNASPI, política nacional de atenção a saúde dos povos indígenas é importante adotar um modelo que complemente e torne diferente a organização dos serviços já existentes garantindo ao povo indígena acesso pleno a proteção, promoção e recuperação da saúde. Para que haja sucesso neste programa devera ser criada uma rede de serviços em terras indígenas que façam com que estes tenham pleno acesso e sejam aceitos no SUS. Para tanto, torna-se importante capacitar os profissionais da área da saúde, bem como realizar a devida aplicabilidade dos princípios e diretrizes do SUS, ao que tange a universalidade, equidade, participação da comunidade e controle social. Vale ressaltar, que os povos indígenas devem ter atenção a saúde voltada para suas especificidades culturais, epidemiológicas e operacionais. A política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas, contou em sua formulação com a participação de representantes dos órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e ação indigenista do governo, além de sociedade civil, ao que tange os representantes das organizações indígenas que possuem experiência em projetos no campo da saúde junto a seu povo. No Brasil, a população indígena foi dizimada por expedições, que acreditavam apenas em suas manifestações religiosas e resistência, além das epidemias por muitas doenças infecciosas, devido à colonização de brancos em terras indígenas. Outro grande fator de perda da população indígena foi a desestruturação social, econômica e valores coletivos. 25 Desde a colonização portuguesa os povos indígenas foram escravizados e massacrados levando altos índices de mortes. Em 1910, foi criado o serviço de proteção ao índio e trabalhadores nacionais, órgão este que foi vinculado ao ministério da agricultura, que protegia os índios e suas terras no sistema produtivo nacional. Até este momento a saúde indígena, continuava desorganizada e esporádica; frente a este quadro em 1950, foi criado o SUSA, serviço de unidades sanitárias áreas, no ministério da saúde, com o objetivo e rural em áreas de difícil acesso. Estas ações contemplavam apenas vacinação atendimento odontológico, controle de tuberculose e algumas doenças transmissíveis. Em 1967, o SUSA sai de cena e é então criado a FUNAI, fundação nacional do índio, o qual tinha como objetivo atendimentos esporádicos às comunidades indígenas, com assistência médica, vacinas e supervisão do trabalho de saúde local. A FUNAI passou por uma enorme crise em 1970, onde teve grandes dificuldades para contemplar a saúde das comunidades, o que ocasionou falta de profissionais qualificados para atendimento até de primeiros socorros, sendo estes realizados de forma empírica. Em 1988, a constituição federal determina que sejam reconhecidas e respeitadas as organizações socioculturais dos povos indígenas, onde estes devem exercer capacidade civil plena. A constituição define também os princípios gerais do SUS que foi regulamentado pela lei 8.080/90. Posteriormente a algumas conferências, as quais debatiam a saúde indígena, é proposta a estruturação de um modelo de atenção diferenciada garantindo aos povos indígenas direito ao acesso universal e integral à saúde, atendendo as necessidades das comunidades ao que tange a população indígena em todas as etapas do planejamento, execução e avaliação das ações. Em 1991, o Ministério da Saúde torna-se responsável pela coordenação das ações de saúde aos povos indígenas estabelecendo os distritos sanitários especiais, o qual foi considerado base da organização dos serviços de saúde. 26 Logo é criada no MS a coordenação de saúde do índio COSAI que gera um novo modelo à saúde do índio. Ainda em 1991, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), criou a comissão Intersetorial de saúde (CISI), o qual avaliava o CNS, a elaborar princípios e diretrizes no campo da saúde indígena posteriormente a FUNAI retoma os poderes ao que tange a saúde indígena, onde dividiu com MS, e este ficaria responsável pelas ações de imunizações saneamento, formação de recursos humanos e controle de endemias. A FUNASA e FUNAI começam a dividir as responsabilidades ao que tange a saúde do índio, o que gerou alguns conflitos. Patologias prevalentes De uma maneira geral, não temos dados globais plenos sobre a situação de saúde dos índios, mas atualmente o que temos são alguns dados fornecidos pela FUNAI e FUNASA, organizações não governamentais, missões religiosas, aos quais tem prestado atenção á saúde dos indígenas. Mesmo com dados escassos, temos poucos números ao que tange as taxas de morbidade e mortalidade, o que é evidenciado amplamente, através de altos números de óbitos devido a pouca cobertura e baixa capacidade de resolução de serviços disponíveis. De acordo com a morbidade é evidenciado através da alta incidência de infecções respiratórias, gastrointestinais agudas, malária, tuberculose, DSTs, desnutrição e doenças preveníveis por vacinas, onde o quadro sanitário fica evidenciado pelo alto índice de agravos que poderiam ser previníveis através de ações sistemáticas e que denotam continuidade na atenção básica à saúde indígena. Outros fatores que ocasionam extermínio desta população por causas externa seriam a violência e o suicídio. A cobertura sanitária escassa nas comunidades indígenas, com destruição de suas condições de vida, por contatos com brancos, além da falta de uma base de 27 busca ativa dos casos infecciosos e problemas de acessibilidadeaos centros de saúde com ausência de cuidados com os doentes em regime ambulatorial e abandono de doentes em tratamento aumentam probabilidade de endemias por tuberculose. Outro agravo é pelo HIV que ameaça grande número de população indígena o que é agravado pelos processos sociais e culturais que são originados do contato com a sociedade, bem como as relações intergrupais e ações de prevenção. O déficit no sistema de informações em saúde, a identificação étnica e a localização do domicilio indígena atrapalha a instituição do perfil epidemiológico e traz dificuldades de sistematizar ações que atendam a saúde destes povos. Outros problemas de saúde que vem crescendo abusivamente nos últimos anos são as patologias introduzidas de acordo com as mudanças no estilo de vida desta população, especialmente ao que tange a alimentação, bem como hipertensão arterial, diabetes, câncer, alcoolismo, depressão e suicídio. Cuidados básicos do índio As comunidades indígenas frente a este quadro caótico de saúde de sua população começaram a se mobilizar através de organizações juridicamente constituídas e dão origem a processos locais e regionais de capacitação de agentes indígenas de saúde e valorização da medicina tradicional indígenas, com outras instituições envolvidas. Estes agentes trabalhavam voluntariamente sem acompanhamento ou insumos para contemplar suas atividades. De acordo com o propósito da política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas, garante-se a este povo acesso à atenção integral a saúde, dentro dos princípios e diretrizes do SUS, respeitando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política avaliando os fatores que fazem com que esta população fique vulnerável aos agravos a saúde acreditando na eficácia da medicina e direitos dos índios a sua cultura. 28 Dentre as diretrizes de planejamento, implementação, avaliação e controle da atenção aos povos indígenas podemos citar os serviços de atenção à saúde do índio em forma de distritos sanitários, onde estão situados a atenção primária e serviços de referência, preparo de recursos humanos, agindo no contexto intercultural, observação de ações de saúde de povos indígenas, contemplação aos sistemas tradicionais indígenas de saúde, promovendo o uso correto e consciente de medicamentos, promovendo ações em situações especiais, ética em pesquisa e ações de atenção em saúde, promovendo um ambiente saudável e proteção da saúde indígena e controle social. GESTÃO DO SUS De acordo com a gestão do SUS em cada esfera de governo, podemos conceituar os gestores em hierarquia de gerência, onde há uma administração da unidade ou órgão de saúde caracterizados como prestadores de serviços e gestão, que é qualificada como atividade e responsabilidade de comando ao sistema de saúde, no que tange às 3 esferas de governo, exercendo funções de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. Gestores do SUS e formação do sistema Os gestores são considerados representantes, os quais são responsáveis pelo desenvolvimento das funções do Executivo na saúde: no âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no âmbito estadual, o Secretário de Estado da Saúde; e no municipal, o Secretário Municipal da Saúde (CONASS, 2003). O SUS é contemplado com os grupos aos quais tem macro funções que gerem a saúde, onde são eles, a formulação de políticas de planejamento financiamento, coordenação, regulação, controle, avaliação de todo o sistema e 29 prestadores de serviços seja público ou privado e prestação direta dos serviços de saúde. Cada uma destas macrofunções é subdividida em pequenas funções que geram atribuições aos gestores da área da saúde, identificando prioridades e programação de ações. Para que seja definida a atuação de cada esfera de governo, é preciso especificar de forma coerente os princípios e objetivos estratégicos das políticas de saúde em cada campo de atuação. É importante ressaltar que a constituição federal estabelece os princípios e diretrizes do SUS, portanto não definiu o papel de cada esfera de governo, sendo este realizado pela lei 8.080/90, lei orgânica do SUS. A estrutura institucional e decisória do SUS é composta por gestores, comissão intergestores e colegiado participativo, nas esferas municipal, estadual e nacional. Ao que tange a esfera municipal podemos atribuir algumas funções sendo de planejar, organizar, controlar e avaliar as ações dos serviços de saúde gerindo e executando-os. O município deverá participar na execução, controle e avaliação de condições no ambiente de trabalho, além de realizar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, alimentação, nutrição, saneamento básico e saúde do trabalhador, executando políticas de insumos e equipamentos para à saúde ajudando o na fiscalização de todo o tipo de agressão ao meio ambiente que podem prejudicar a saúde humana, atuando com outras esferas de governo, formando consórcios administrativos intermunicipais gerando laboratórios públicos de saúde e hemocentros auxiliando a União e Estados na execução da vigilância sanitária de portos aeroportos e fronteiras realizando contratos e convênios com entidades que prestam serviços privados de saúde, controlando e fiscalizando tais procedimentos, normatizando ações de saúde no seu âmbito de atuação. No âmbito da direção estadual, as competências tangem a promoção e descentralização para os municípios das ações e serviços de saúde, acompanhamento, controle e avaliação de redes hierarquizadas do SUS, prestando ajuda técnica e financeira, executando ações e serviços de saúde aos municípios, 30 realizando a coordenação de execução de vigilância epidemiológica, sanitária, alimentação, nutrição, saúde do trabalho participando de controle de agravos do meio ambiente, formulando políticas de ações de saneamento básico, controle e avaliação do ambiente de trabalho. Encontrando estabelecimento hospitalares de referência, gerindo sistemas públicos de alta complexidade com referência estadual e regional coordenando rede de laboratórios de saúde pública e hemocentros, coordenando unidades que fiquem em sua organização administrativa, formulando normas suplementares, estabelecendo padrões de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano, ajudando a União na vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, acompanhando os indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da União federativa. As competências da União tangem a formulação, avaliação e apoio as políticas de alimentação e nutrição, participação da definição de normas e modos de controle, de órgãos e a fim de agravo ao meio ambiente que tenha repercussão na saúde humana, participação na definição de normas de controle de condições e coordenação do ambiente de trabalho ao que cerne a saúde do trabalhador, participação na coordenação da vigilância epidemiológica, estabelecimento de normas e total execução de vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, sendo estas complementadas pelos Estados, Distrito federal e Municípios, controlando a qualidade sanitária de produtos, substancias e serviços de consumo e uso humano articulando com órgãos educacionais e fiscalização do exercício profissional atuando na execução de política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, sendo este articulado com outros órgãos governamentais, normatização e coordenação do Sistema Nacional de sangue, componentes e derivados estabelecendo auditorias, coordenação e avaliação técnica e financeira do SUS em território nacional, em cooperação com Estados, Municípios e Distrito federal. A gestão do SUS é formada pelo Conselho Nacional de secretários municipais de saúde (CONASEMS), sendo este instituídoem 1988, representado pelos secretários municipais de saúde. 31 Tendo o conselho como objetivo o fortalecimento e autonomia de gestão municipal auxiliando no desenvolvimento de políticas publicam, valorizando experiências de saúde, em âmbito intersetorial, promovendo equidade e participação social, participando da comissão intergestora tripartite, Conselho Nacional de saúde, sendo representado pelas secretárias municipais em fóruns de negociação e deliberação sobre a saúde pública. Os secretários municipais de saúde se organizam em COSEMS, Conselho Estadual de secretários municipais de saúde, sendo os representantes da comissão intergestores bipartite em cada estado. Em estados grandes, são organizados os Conselhos Regionais de Secretários Municipais de Saúde, CRESEMS, que são parte integrante das comissões intergestores bipartite regionais. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASS, tem o objetivo de unir as secretárias de saúde dos estados e Distrito Federal, sendo estes entidades de direito privado, objetivando os princípios que regem o direito público com seus secretários e substitutos legais com sede e foro em Brasília. O CONASS representa politicamente os interesses comuns das secretárias de saúde, dos Estados e Distrito Federal, frente às esferas de governo entre outros parceiros gerando estratégias entre os gestores estaduais de saúde atuando como órgão fixo de intercâmbio de experiências e informações de seus membros, complementando ações de serviços de saúde. A missão do CONASS é promover responsabilidades nas secretarias de saúde dos Estados, ao que tange as políticas de saúde, atuando em conjunto, com os órgãos setoriais, federais e municipais, poderes legislativo e judiciário e outras entidades da sociedade civil sendo este composto por assembleia geral, diretoria, comissão fiscal, secretaria executiva e câmaras técnicas. O financiamento deste conselho é realizado através do fundo do CONASS de acordo com valores estabelecidos em assembleia. Dentre as comissões intergestoras, a portarias GM/MS nº 545, de 20 de maio de 1993, estabelece todas as normas e procedimentos que irão regular o processo 32 de descentralização da gestão das ações e serviços de saúde, ao qual aprova a NOB, Norma operacional básica – SUS 01/93. A comissão intergestores tripartite é composta por representantes do ministério da saúde e órgãos de representação do conjunto de secretários estaduais de saúde CONASS e secretários municipais de saúde CONASSEMS, atuando no âmbito nacional. A comissão intergestores bipartite é composta por representantes da secretária estadual de saúde e secretários municipais de saúde do estado COSEMS. Financiamento do SUS O financiamento do SUS gera gastos públicos atuando em ações e serviços de saúde, por parte do governo federal, estados e municípios. O governo federal atualmente tem um alto custo com programa de atendimento ambulatorial emergencial e hospitalar com atendimentos de média e alta complexidade, ambulatórias e internações hospitalares. O governo federal tem um alto gasto realizado com transferências de recursos para estados e municípios. De acordo com os artigos 195 a 198, ao que tange a Constituição Federal, o financiamento do SUS é de total responsabilidade da União, Estado, Distrito Federal e Municípios. As despesas com ações e serviços públicos de saúde estão dentro daquelas com pessoal ativo e outras despesas de custeio e capital, financiadas pelas três esferas de governo, atendendo aos serviços de acesso universal igualitário e gratuito, estando em conformidade com os objetivos dos planos de saúde, sendo de responsabilidade unicamente do setor de saúde, sendo estas, a vigilância sanitária, nutricional, educação em saúde, saúde do trabalhador, assistência farmacêutica, atenção aos povos indígenas, captação de recursos do SUS, pesquisa cientifica e tecnológica, saneamento básico, serviços de saúde penitenciária e portadores de deficiência. 33 Referências BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS. Brasília: CONASS, 2003. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A Gestão do SUS. Brasília: CONASS, 2015. 133 p. 34
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