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319_METEOROLOGIA_E_CLIMATOLOGIA_VD2_Mar_2006

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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA
Mário Adelmo Varejão-Silva
Versão digital 2 – Recife, 2006
305
A uma altitude de 8 a 12 km acima da ZCIT ocorre divergência, já que ali se localiza uma
zona de alta pressão. Afastando-se dela e fluindo sem atrito com a superfície, o ar ganha veloci-
dade ao mesmo tempo que é cada vez mais desviado para leste, por efeito da aceleração de Co-
riolis (que aumenta com o valor absoluto da latitude e com a velocidade). A componente zonal da
velocidade tende a superar rapidamente a componente meridional, de modo que esses ventos
atingiriam a alta troposfera subtropical (5 a 8 km) como uma forte componente de oeste (Fig.
VII.25). De fato, existe uma corrente de jato subtropical semipermanente, dirigida para leste, parti-
cularmente forte durante o inverno, nos dois hemisférios (Palmén e Newton, 1969). 
Durante muito tempo foi aceita a existência de ventos que deveriam migrar da zona equa-
torial para os trópicos, na alta troposfera, com direção exatamente oposta à dos alísios, chamados
contra alísios. O enriquecimento do acervo de dados meteorológicos, porém, veio a demonstrar
acentuadas discrepâncias entre aquilo que se supunha e o que as observações revelavam sobre
a alta troposfera tropical. De fato, ventos com as características dos contra-alísios são raros e se
comportam como simples predominantes de oeste em pequenas áreas sobre o continente africa-
no, a América do Sul e a Austrália, entre 10 e 20o S e só em algumas épocas do ano.
Os três grandes centros anticiclônicos semipermanentes que se situam sobre o oceano,
em torno de 30o S (Fig. VII.21), formam um cinturão de altas pressões que praticamente circunda
o planeta. No Hemisfério Norte existem igualmente três anticiclones semipermanentes, dois oceâ-
nicos e um continental (este localizado sobre a Sibéria), porém não chegam a constituir exata-
mente uma faixa contínua de pressões elevadas. O último, aliás, embora muito extenso durante o
inverno do Hemisfério Norte, pode desaparecer durante o verão, dando lugar a um núcleo ciclôni-
co de origem térmica.
A intensidade e a superfície ocupada pelos anticiclones subtropicais varia com as estações
e, ocasionalmente, podem se apresentar subdivididos. Em geral estendem-se para cima e ocasio-
nalmente podem ser ainda identificados ao nível de 300 mb (cerca de 9600m). Normalmente
apresentam o eixo inclinado de modo que o centro de altas pressões em altitude está deslocado
para oeste em relação à posição ocupada à superfície. O movimento subsidente é mais intenso à
leste que a oeste da posição do centro à superfície.
Nas áreas oceânicas, próximo aos paralelos de 30o N e 30o S, devido à presença daqueles
anticiclones, os ventos são fracos e as calmarias freqüentes. No Hemisfério Norte elas constituí-
ram um sério obstáculo aos veleiros espanhóis que se dirigiam para a América do Norte, por au-
mentar consideravelmente o tempo necessário à travessia do Atlântico. Muitos desses navios
conduziam cavalos e, ao atingirem aquelas áreas, eram obrigados a lançar parte dos animais ao
mar, talvez para aliviar a carga ou porque já não havia como alimentá-los. Daí porque a zona sub-
tropical de calmarias do Hemisfério Norte é conhecida como "latitude dos cavalos" (Miller, 1971).
Os anticiclones semipermanentes subtropicais seriam os ramos descendentes das células
de Hadley e de Ferrel de cada hemisfério. A subsidência que neles se observa provoca divergên-
cia à superfície, gerando ventos direcionados tanto ao equador (alísios) como aos pólos. Os últi-
mos, desviando-se para este, por ação da força de Coriolis, atingem as latitudes oceânicas próxi-
mas a 50 ou 60o como ventos predominantes de oeste (Fig. VII.20). Para aquelas latitudes con-
vergem igualmente ventos oriundos das cercanias dos pólos, ditos polares de este, por possuírem
uma forte componente zonal dirigida para oeste. Caracteriza-se, ali, uma outra zona de conver-
gência de ar à superfície, constituindo o limite da célula das latitudes médias com a polar, conhe-
cida genericamente como "frente polar". A faixa de encontro entre os polares de este (frios) e os
predominantes de oeste (quentes), situada ao sul do Oceano Atlântico, é conhecida como Zona

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