Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ERGONOMIA APLICADA Dulce América de Souza Principais conceitos de ergonomia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os principais conceitos relacionados à ergonomia. Identificar as principais correntes teóricas da ergonomia. Reconhecer as diversas áreas de atuação da ergonomia. Introdução A ergonomia adota conceitos multidisciplinares sempre voltados à ade- quação do trabalho e dos seus sistemas ao bem-estar do ser humano. Esses conceitos possuem diversas abordagens teóricas, que partem desde perspectivas técnicas e vão até enfoques holísticos. Da mesma forma, a ampla gama de atuação dos ergonomistas dispõe de uma considerável amplitude e estudá-la nos permite reconhecer a importância da visão sistêmica no âmbito das ações ergonômicas corretivas. Essa visão sistêmica e integrada é a tônica dos diagnósticos e proposições ergonômicos na contemporaneidade, sendo referenciada na bibliografia do ramo como macroergonomia, visto que é defendida e adotada por grande parte das gestões e administrações de empresas do mercado global. Neste capítulo, serão apresentados alguns dos conceitos básicos relacionados à ergonomia e as múltiplas aplicações dessa área do co- nhecimento em variados âmbitos laborais. Também serão discutidas as teorias basilares que fundamentam as suas principais correntes teóricas e o modo como tais correntes foram adotadas ao longo do século XX. Por fim, serão analisadas as contribuições ergonômicas no que tange à solu- ção de problemas que se apresentam no cotidiano do setor produtivo. Principais correntes teóricas As correntes teóricas da ergonomia delimitaram-se ao longo de debates e refl exões ocorridos nas últimas décadas. Trata-se de correntes de pensamento, isto é, modelos de abordagem de estudo que adotam perspectivas diferentes, e, portanto, não são teorias totalizantes. Dentre os principais focos teóricos, destacam-se dois que apresentam pontos de divergência e complementaridade: o anglo-saxão, também chamado de ergonomia clássica, e o francês, também conhecido como ergonomia contemporânea. A linha de pensamento anglo-saxônica sugere que a ergonomia é a ciência que agrega conhecimentos advindos de outras ciências para otimizar as condi- ções de trabalho humano. Por essa perspectiva, o homem faz parte do sistema, é uma peça dele, já que o entendimento dominante é o da sua adaptação à profissão. Por outro lado, a estrutura do pensamento francês enfatiza o estudo específico do trabalho humano com o objetivo de melhorá-lo. Assim, o homem é entendido como um ator do sistema, pois interage com ele. A corrente francesa considera a importância do equipamento (máquina, ferramenta, mobiliário), mas prioriza o estudo da inter-relação entre trabalhador e ambiente laboral (VIDAL, 2002; WISNER, 1987). Podemos sintetizar os princípios gerais das duas correntes sob a ótica do usuário, isto é, do trabalhador: a corrente clássica centra-se no fator humano (human factor), de forma que o indivíduo é um componente do sistema de trabalho, ao passo que a corrente contemporânea aborda a atividade humana em si, na qual o indivíduo é mero ator do sistema de trabalho. Dessa maneira, os paradigmas ergonômicos referem-se ao ser humano inserido ou contido no seu ambiente de trabalho e aos equipamentos empregados no processo produtivo (MORAES; MONT’ALVÃO, 2000). Para que compreendamos a essência, a complementaridade e as divergên- cias entre essas abordagens, a seguir, esboçaremos um panorama das duas correntes e as suas influências na contemporaneidade. Ergonomia anglo-saxônica, ou clássica As relações entre ser humano e trabalho são sempre dinâmicas, uma vez que sofrem constantes transformações, especialmente após a Revolução Industrial, entre meados dos séculos XVIII e XIX. O próprio sistema industrial alavan- cou alterações em função das novas metas de produtividade, de modo que um ritmo laboral cada vez mais veloz foi imposto com o objetivo de obter-se maior produtividade. Principais conceitos de ergonomia2 No fim do século XIX e início do XX, o engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915) iniciou o movimento de administração científica, ou taylorismo, que se consagrou com a publicação da obra Princí- pios de Administração Científica, em 1912 (IIDA, 2005). Taylor se dedicou a observar os operários em atividade e estabelecer métodos baseados na divisão do tempo e das tarefas em série conforme determinada linha de produção. Esses métodos contemplavam alterações nas ferramentas e na maneira de utilizá-las com intuito de alcançar mais eficiência e desempenho quantitativo. Taylor considerava que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método correto de executá- -la, com um tempo determinado, usando as ferramentas corretas. Haveria uma divisão de responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica, cabendo a esta determinar os métodos e os tempos, de modo que o trabalhador pudesse se concentrar unicamente na execução da atividade produtiva (IIDA, 2005, p. 8). A pesquisa de Taylor é considerada por diversos autores como o embrião dos estudos de ergonomia, que recebem novos olhares e abordagens desde então. Denis (2002) destaca que todo o empenho na racionalização dos processos e das etapas analisadas era apresentado sob a égide de melhoria das condições de trabalho, mas desconsiderava as reivindicações dos operários, justamente os maiores interessados no bem-estar laboral por estarem na linha de frente da produção. Na realidade, todo o esforço dos métodos empregados visava obter uma performance mais eficaz dos trabalhadores e, por conseguinte, uma maior produtividade industrial. O estímulo à produtividade culminava com o pagamento de incentivos salariais aos funcionários mais produtivos, conforme ressalta Iida (2005, p. 8): “Os trabalhadores deveriam ser controlados, medindo-se a produtividade de cada um e pagando-se incentivos salariais àqueles mais produtivos”. Ele se justifica ao explicar que até mesmo uma tarefa simples, como executar um carregamento com uma pá, deve ser cuidadosamente estudada com vistas a determinar o tamanho adequado para cada tipo de material. Afinal, antes a mesma pá era utilizada para o carregamento de materiais de dife- rentes densidades, como o carvão e a cinza, por exemplo. Segundo o autor, o melhor método de realizar o trabalho deveria ser desenvolvido para cada tipo de tarefa, de forma que nenhuma decisão logística fosse deixada ao livre arbítrio do operário. Esse método era implantado como um padrão a ser seguido por todos e previa que, para cada tarefa, determinasse-se o seu respectivo tempo padrão. 3Principais conceitos de ergonomia Os métodos adotados pela gestão taylorista prescreviam a centralização do poder com limitada flexibilidade para mudanças no ambiente de trabalho, baixo envolvimento dos trabalhadores nas decisões administrativas e total atenção às normas, inclusive com restrições à comunicação entre as pessoas. A ênfase, então, situa-se nos procedimentos que valorizam as tecnologias, não nos indivíduos. A abordagem focada na eficiência e na produtividade exclui os conceitos de eficiência propagados pela ergonomia, que defende que os resultados positivos decorrem do conforto na execução da atividade laboral. O controle de tempos e movimentos por meio de atividades cronometradas sugerido por Taylor difundiu-se com rapidez nos Estados Unidos, onde a maioria das fábricas instituiu departamentos responsáveis por cronometragem e racionalização do trabalho, e confirmou-se no período de hegemonia mun- dial das indústrias norte-americanas na produção massificada de produtos. Havia um ambiente favorável para a aplicação da ergonomia clássica e o ramo da indústria de armamentos bélicos permitiu a consolidação desse modelo (MORAES; MONT’ALVÃO, 2000; WACHOWICZ, 2013). A resistência às imposiçõesque recaíram sobre os trabalhadores foi sentida de imediato nas fábricas, pois o trabalho prescrito pela gerência não considerava as condições reais dos trabalhadores, que se sentiam desrespeitados inclusive em relação ao domínio das suas habilidades. Oprimidos, descumpriam regras e adulteravam máquinas de propósito como uma maneira de vingar-se da chefia. Assim, os padrões estabelecidos unilateralmente ultrapassaram as reivindicações individuais e chegaram às organizações sindicais. A partir de então, muitas mudanças foram instituídas para adequar os princípios rígidos do taylorismo à capacidade real do ser humano. Revisão dos métodos tayloristas O modelo taylorista se originou a partir da observação empírica do trabalho dentro das fábricas, cujas propostas não possuíam bases científi cas conso- lidadas. Contudo, estudos científi cos destinados a conhecer a fi siologia do trabalho humano já eram desenvolvidos em laboratórios paralelamente. A esse respeito, Vidal (2002) afi rma que, em 1915, na Inglaterra, médicos, fi siologistas e engenheiros fundaram um comitê para estudar a saúde dos trabalhadores da indústria bélica e, assim, buscar soluções para a discrepância entre as tarefas laborais e os seus executores. Os conhecimentos científicos adquiridos em consequência dessas pes- quisas contribuíram para transformar os rígidos pressupostos tayloristas de forma gradativa. Enquanto o taylorismo atribuía os insuficientes níveis de Principais conceitos de ergonomia4 produtividade sobretudo à má vontade dos trabalhadores, os novos saberes acumulados revelavam uma série de outros fatores, que se relacionavam a projeto de máquinas, ambiente físico e relacionamento humano. Frente a isso, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos formaram-se novos grupos de estudos multidisciplinares — então com a participação de psicólogos — com o objetivo de aumentar a eficiência do trabalho aliada à garantia de conforto e segurança do trabalhador. Nesse ponto, cabe destacarmos que diversos fatores organizacionais antes pouco considerados podem influenciar diretamente o desempenho do trabalho humano. “Os acidentes não acontecem simplesmente, mas são consequências de diversos fatores pré-existentes” (IIDA, 2005, p. 9). Ao fim da Segunda Guerra Mundial, inúmeros erros de projeto que de- safiavam os combatentes foram solucionados e os ergonomistas tiveram a oportunidade de atentar a outros setores, posto que as máquinas e demais equipamentos de uso cotidiano apresentavam problemas semelhantes. Esses profissionais notaram que características físicas, psíquicas e cognitivas hu- manas não eram contempladas na maioria dos equipamentos, constatação que impulsionou novos estudos. Assim, houve a publicação de vários artigos, a realização de conferências e a fundação de novas instituições, como relatam Boletti e Corrêa (2015, p. 5): Inicialmente, esses problemas eram mais evidentes no setor militar, em que se exigia muito dos operadores, tanto física quanto cognitivamente. Con- forme os avanços tecnológicos da Segunda Guerra Mundial eram aplicados ao cotidiano civil, percebeu-se a dificuldade que as pessoas tinham de lidar com os equipamentos, resultando numa performance pobre e aumentando a chance de erro humano. Isso levou acadêmicos e psicólogos militares a realizarem pesquisas na área e, posteriormente, investigações sobre a inte- ração entre pessoas, equipamentos e ambiente. Embora o foco inicial tenha sido ambientes de trabalho, a importância da ergonomia foi gradualmente se tornando reconhecida em outras áreas, como no projeto de produtos para consumidores (carros e computadores, por ex.). O engenheiro inglês Kenneth Frank Hywel Murrell (1908–1984) fundou, em 1949, a Ergonomics Research Society, a primeira associação de ergono- mia composta por fisiologistas, psicólogos e engenheiros com a finalidade de estudar alternativas de adaptação do trabalho ao indivíduo. Em 1957, nos Estados Unidos, a Human Factors Society foi fundada. Dado o nome da instituição, é interessante atentarmos ao fato de que termo human factors (em língua portuguesa, “fatores humanos”) é preferido pelos norte-americanos e usado como sinônimo de ergonomia até hoje. Contudo, voltando ao nosso 5Principais conceitos de ergonomia panorama histórico, em 1959, em Oxford, foi fundada a já mencionada IEA, que atualmente representa as associações de ergonomia em mais de 40 paí- ses, contando com cerca de 15 mil sócios. Por fim, em 1960, foi publicado o primeiro livro ilustrado sobre ergonomia, intitulado Ergonomics: fitting the job to the worker (em tradução livre, Ergonomia: adequando o trabalho ao trabalhador) (PASCHOARELLI; SILVA, 2010). Em suma, as equipes multidisciplinares compartilham a compreensão da ergonomia como o estudo da relação entre o ser humano e a sua ocupação, que não necessariamente é uma atividade laboral, além dos equipamentos e do ambiente no qual é executada. Esses grupos desenvolvem pesquisas nas quais aplicam conhecimentos acerca de anatomia, fisiologia e psicologia para solucionar os problemas decorrentes da relação comentada, além de reduzir perdas materiais e humanas no processo. O caso da França: a Societé d’Ergonomie de Langue Française Após a Segunda Guerra Mundial, que devastou a Europa, sucederam-se es- forços para reconstruir numerosas e vastas áreas industriais, residenciais e postos de trabalho. A demanda decorrente da guerra abriu caminho para a atuação da ergonomia, que passou a atuar com um direcionamento diferente daquele desenvolvido na indústria bélica, âmbito no qual teve pouca infl uência (VIDAL, 2000). A ergonomia francesa do pós-guerra fundou-se sobre situações reais e realizou estudos dentro das indústrias para a reconstrução dos postos de trabalho com base na situação já existente, atribuindo pouca importância às situações pré-concebidas ou hipotéticas. Ademais, os setores de pesquisa e ensino público impulsionaram os estudos ergonômicos e, assim, a Societé d’Ergonomie de Langue Française (SELF) foi fundada em 1963, possivelmente relacionada a dois fatores precedentes: Sua criação pode estar relacionada a dois fatores que ocorreram a nível inter- nacional, nos anos que a precederam. Em primeiro lugar, entre 1956 e 1959, o projeto “Adaptação do Trabalho ao Homem da Agência Europeia de Produ- tividade”, com iniciativa conjunta do Ministério do Trabalho e da Comissão Nacional de Planejamento e Produtividade, possibilitou conhecer franceses que poderiam dar contribuições ao projeto. Destacam-se a realização de um seminário internacional na Holanda, em 1957, e uma conferência interna- cional com empresários, sindicatos e profissionais das ciências aplicadas ao trabalho humano, na Suíça, em 1959. Nesse contexto, em 1958 é publicada Principais conceitos de ergonomia6 a obra de Jean-Marie Faverge, Jacques Leplat e Bernard Guiguet, intitulada “A Adaptação da Máquina ao Homem” e fundamentada em seus trabalhos no Centro de Estudos e Pesquisas Psicotécnicas e em suas intervenções em dois dias de seminários organizados nos centros produtivos de doze cidades francesas (PASCHOARELLI; SILVA, 2010, p. 58). A obra Análise do Trabalho, de Obrendame e Faverge, foi publicada em 1955 e marcou uma abordagem decisiva para a evolução da metodologia ergonômica francesa. Nela, consta a recomendação de que se realize um estudo etnográfico da atividade antes do desenvolvimento do projeto do posto de trabalho e apresenta-se de forma clara a relevância da observação das situações reais de trabalho para a proposta de melhoria dos meios, métodos e ambiente laborais. Todavia, somente em 1966 essa proposta de análise da situação real foi formalizada por Alain Wisner com a implantação da dita análise ergonômica do trabalho (AET). Eis que surge um novo conceito na Europa: a intervenção ergonômica (VIDAL, 2002). Importância da metodologia de análise ergonômica no momento da sua implantação A partir do ano de 1966, Alain Wisner (1923–2004),médico, psicólogo e professor, dirigiu o Laboratório de Ergonomia e Neurofisiologia do Trabalho do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, vinculado ao Ministério da Educação da França e localizado em Paris. A perspectiva ergonômica, sempre predominante na sua carreira, motivou Wisner a criar o primeiro laboratório industrial francês de ergonomia, situado na fabricante de veículos Renault. Dessa forma, ele se tornou professor de ergonomia e ministrou diversas modalidades de cursos para estudantes e profissionais de empresas de mais de 30 países além da França (PASCHOARELLI; SILVA, 2010). A análise ergonômica pode ser caracterizada como uma etapa para a im- plantação da intervenção ergonômica. Essa metodologia prevê, inicialmente, a compreensão da tarefa: o que se deve fazer e qual é o trabalho prescrito. Em um segundo momento, ela estuda a atividade: o que é feito, o trabalho real. Preocupado com a organização do trabalho, esse método responde a questões simples, porém fundamentais: o que se faz, quem faz, como faz e de que maneira poderia fazê-lo melhor (MONTMOLLIN, 1990). 7Principais conceitos de ergonomia Por fim, é válido concedermos destaque à metodologia proposta pela ergonomia francesa, que visa a adaptação do trabalho ao ser humano com base na análise da atividade realizada. É, portanto, o estudo da inter-relação entre o homem e o ambiente de produção no qual está inserido. Abordagem contemporânea A contribuição das duas correntes teóricas principais da ergonomia pertence à ordem da complementaridade, pois ambas valem-se de métodos e técnicas de pesquisa cientifi camente reconhecidos. Além disso, os dois enfoques possuem o mesmo objetivo: analisar o trabalhador ao realizar as suas tarefas no local de trabalho. A partir da década de 1970, a prática industrial incorporou a ergonomia de forma significativa. Por influência dos ensinamentos anteriores, os meios de produção integraram a abordagem baseada na observação e nas teorias consolidadas no campo da ação prática. Esses métodos ultrapassaram o limite do processo produtivo industrial e, dessa forma, alcançaram o cotidiano do usuário comum. Montmollin (1990) afirma que o volume de estudos ergonômicos já rea- lizados permite a categorização de situações de trabalho a partir das quais podemos antever uma nova situação. Trata-se do que conhecemos hoje como tendências de comportamento, que indicam uma análise ergonômica voltada à realidade e caracterizada mais pelos enfoques cognitivo e psicológico do que antropométrico ou fisiológico. Esse caráter privilegia a proposta de soluções ergonômicas tanto para ambientes de trabalho em grandes centros industriais quanto para postos de trabalho com dimensões reduzidas. Na ergonomia contemporânea, observa-se e respeita-se as individualidades do trabalhador e as normas de grupo em prol de um maior envolvimento dos usuários nas decisões acerca da tarefa. Iida (2005) ressalta uma consequência positiva dessa nova postura gerencial: a eliminação gradativa das linhas de montagem, nas quais o trabalhador desenvolvia um trabalho repetitivo, mecâ- nico, monótono e desestimulante. O autor interpreta as práticas orientadas pelo taylorismo como obsoletas e sugere que elas sejam substituídas por atividades desempenhadas por equipes menores, personalizadas e participativas, às quais ele denomina grupos autônomos (Figura 1). Principais conceitos de ergonomia8 Figura 1. Substituição da linha de produção por grupo autônomo. Fonte: Iida (2005). No sistema de produção de grupos autônomos, as equipes encarregam-se da execução completa do produto, de modo que a distribuição das tarefas fica a encargo do próprio grupo. Portanto, há certa liberdade para que cada um escolha as suas tarefas e a possibilidade de alternâncias periódicas dentro da equipe para combater a monotonia e a fadiga. O ritmo de trabalho é regulado pelos próprios integrantes, configurando-se como uma decisão horizontal e não mais imposta de forma vertical pela chefia ou pela regulagem mecânica da velocidade de uma esteira transportadora, por exemplo (IIDA, 2005). De acordo com o modelo de produção adotado por grande parte das in- dústrias atualmente, a participação integral do trabalhador é estimulante, pois ele possui consciência de todas as atividades envolvidas e compreende a finalidade do seu trabalho, ao contrário do método taylorista, que alienava o trabalhador do valor do seu esforço em função das atividades isoladas que desenvolvia, de modo que não conseguia atingir a compreensão global das suas ações laborais. Afinal, o trabalho em grupo parte da premissa de que os objetivos-fim devem ser claramente definidos para que os grupos autôno- 9Principais conceitos de ergonomia mos, mediante supervisão, planejem os objetivos-meio, isto é, a forma como alcançarão a tarefa estipulada (IIDA, 2005). Os sistemas de controle e supervisão também passaram por modificações importantes, uma vez que se direcionaram aos aspectos globais da produção. Nesse sentido, além de mais liberdade, eles acarretam mais responsabilidades por parte das equipes envolvidas. Assim, destacam-se as oportunidades por causa da manifestação dos talentos individuais dos trabalhadores, o que não ocorria antes. Assim, os resultados globais podem ser melhores do que no caso anterior, onde todos os detalhes eram rigorosamente controlados, e as individualidades, sufocadas. A maioria das pessoas costuma trabalhar melhor quando há objetivos claramente estabelecidos, em termos de quantidade, qualidade e prazos. Assim, de certa forma, sentem-se desafiadas para que essas metas sejam alcançadas. Naturalmente, as condições materiais e organizacionais para a execução do trabalho também devem estar disponíveis (IIDA, 2005, p. 12). Um conceito recorrente a partir dos anos 1980 é o da macroergonomia. Segundo Vidal (2002, p. 12), “[...] o ensinamento básico da macroergonomia é que as organizações precisam buscar um equilíbrio sociotécnico entre pessoas, tecnologias e organização”. Iida (2005, p. 18) corrobora com o preceito ao acrescentar que a macro ergonomia é definida como “[...] o desenvolvimento e aplicação da tecnologia da interface homem-máquina, em um nível macro, ou seja, em toda a organização”. Com base nessa perspectiva ampliada do conceito de ergonomia, toda a organização está envolvida, visto que o contingente da empresa, que pode envolver milhares de pessoas, é considerado no âmbito de um sistema global (Figura 2). Figura 2. Modelo sociotécnico no qual se fundamenta a macroergonomia. Fonte: Adaptada de Vidal (2002). Artefatos Sociofatos Mentefatos Tecnologia Pessoas Organização • Instrumentos • Equipamentos • Software • Competência • Regras • Procedimentos • Horários • Cultura • Contratos Principais conceitos de ergonomia10 Sob essa concepção, a ergonomia passou a participar diretamente do projeto e da gerência das organizações, mudança que possibilitou redução do índice de acidentes de trabalho, melhoria da segurança, satisfação e pro- dutividade global das empresas. Além disso, os novos ambientes de trabalho são fecundos para a implantação do modelo macroergonômico, especialmente face à imperiosidade das novas tecnologias presentes em todos os níveis de gestão e produção. Afinal, o alto nível de informatização das empresas que contam com postos de trabalho de robótica, por exemplo, requer qualifi- cação sofisticada dos trabalhadores, adequada organização da produção e realização de altos investimentos, ao que a abordagem macroergonômica proporciona melhores resultados em comparação à microergonomia, que é individualizada e isolada (IIDA, 2005). Principais conceitos Em 2018, a International Ergonomics Association (IEA), federação que reúne organizações de ergonomia do mundo todo, defi niu-a da seguinte forma: Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que trata da com- preensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e aprofissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas (INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION, [2018], documento on-line). Com base nesse conceito, podemos compreender a ergonomia tanto como uma ciência e quanto como uma tecnologia. No primeiro caso, que remete ao seu aspecto científico, ela gera conhecimentos e, no segundo, transforma o meio por causa do seu caráter prático. A Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) corrobora com a rele- vância da ergonomia enquanto ciência voltada à melhoria da qualidade de vida humana: “Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 2014, do- cumento on-line). 11Principais conceitos de ergonomia As abordagens da ergonomia são multidisciplinares, conforme a literatura da área. Quanto às suas exigências, classifica-se em quatro níveis: 1. Exigência tecnológica — técnica de produção. 2. Exigência econômica — qualidade e custo de produção. 3. Exigência social — melhoria das condições de trabalho. 4. Exigência organizacional — gestão participativa. Quanto à sua abrangência, organiza-se em ergonomia do posto de tra- balho, de modo a atuar por meio de uma abordagem microergonômica, e ergonomia dos sistemas de produção, com uma abordagem macroergonômica (VIDAL, 2002). Quanto à sua contribuição, divide-se de acordo com a ocasião em que é efetuada (WISNER, 1987; IIDA, 2005): Ergonomia de concepção — normas e especificações do projeto. Ergonomia de correção — modificações de situações existentes. Ergonomia de conscientização — capacitação em ergonomia. Ergonomia de arranjo físico — melhoria de sequências e fluxos de produção. Ergonomia de participação — usuários do próprio sistema envolvidos na solução por meio de métodos ergonômicos. Quanto aos seus domínios de especialização, a classificação se subdivide em: Ergonomia física — anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica. Ergonomia cognitiva — processos mentais, tais como percepção, me- mória e raciocínio. Ergonomia organizacional — otimização dos sistemas sociotécnicos. Essa conceituação foi aprovada por unanimidade na Reunião do Conselho Científico da IEA no dia 1º de agosto de 2000 em San Diego, nos Estados Unidos (INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION, [2018]; AS- SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 2014). Vidal (2002), por sua vez, esquematiza os conceitos relativos à ergono- mia contemporânea com base nos domínios de especialização (Figura 3) e destaca que a classificação proposta possui finalidades meramente didáticas, e não teóricas. Principais conceitos de ergonomia12 Figura 3. Domínios de especialização da ergonomia contemporânea. Fonte: Adaptada de Vidal (2002). Ergonomia Física Cognitiva Organizacional Posto de trabalho Ambiente físico Individual Coletiva Normalidade Anormalidade A conceituação referencial de ergonomia a envolve em sistemas complexos nos quais os vários aspectos intervenientes agem de forma interdependente ou sistêmica. Portanto, os constituintes físicos, cognitivos e organizacionais edificam uma sólida base de conhecimentos para soluções ergonômicas, mas não influem de forma isolada na realidade complexa do trabalho. Confira a aula acerca dos conceitos básicos e da história da ergonomia ministrada pelo Prof. Dr. Danilo Corrêa da Silva, da Universidade Virtual do Estado de São Paulo, no link a seguir. https://goo.gl/ywUduw Áreas de atuação Estabelecidas pela Norma Regulamentadora (NR) nº. 17 do Ministério do Trabalho, as áreas de atuação da ergonomia confi guram um amplo panorama profi ssional para os ergonomistas (BRASIL, 1978). Elaborado de forma bastante didática por Moraes e Mont’Alvão (2000, p. 14-15), o Quadro 1 sintetiza as áreas de atuação da ergonomia: 13Principais conceitos de ergonomia Áreas de atuação Atribuições Interfaciais Configuração, morfologia, arranjo físico, dimensões, alcances de máquinas, equipamentos, consoles, bancadas, painéis e mobiliários. Instrumentais Configuração, conformação, arranjo físico e topologia, priorização, ordenação, padronização, compatibilização e consistência, painéis de supervisão (sinópticos, mostradores) e/ou comandos. Informacionais Visibilidade, legibilidade, compreensibilidade e quantidade de informação, priorização e ordenação, padronização, compatibilização e consistência, componentes sígnicos (caracteres alfanuméricos e símbolos iconográficos), sistemas de sinalização de segurança ou de orientação, painéis sinópticos, relas de monitores de vídeo e mostradores, manuais operacionais e apoios instrucionais. Acionais Configuração, conformação, apreensibilidade, dimensões, movimentação e resistência de comandos manuais e pediosos. Comunicacionais Articulação e padronização de mensagens verbais por alto-falantes, microfones e telefonia; e qualidade de equipamentos de comunicação oral. Cognitivas Compreensibilidade, consistência lógica de codificação e representação, compatibilização de repertórios, significação de mensagens, processamento de informações, coerência de estímulos, instruções, ações e decisões envolvidas na tarefa, e compatibilidade entre a quantidade de informações, a complexidade ou os riscos envolvidos na tarefa, a qualificação, a competência e a proficiência do operador. Movimentacionais Limites de peso para levantamento e transporte manual de cargas segundo a distância horizontal desta em relação à região lombar da coluna vertebral, curso vertical de levantamento ou abaixamento da carga, conformação e frequência de manipulação da carga. Quadro 1. Enfoques de atuação da ergonomia (Continua) Principais conceitos de ergonomia14 Fonte: Adaptado de Moraes e Mont’alvão (2000). Áreas de atuação Atribuições Espaciais ou arquiteturais Aeração, insolação e iluminação do ambiente, isolamento acústico e térmico, áreas de circulação e leiaute de instalações das estações de trabalho, e ambiência gráfica, cores do ambiente e dos elementos arquiteturais. Físico-ambientais Toxidade, vapores e aerodispersoides, e agentes biológicos (microrganismos, como bactérias, fungos e vírus) que respeitem padrões de assepsia, higiene e saúde. Securitárias Controle de riscos e acidentes por meio da manutenção de máquinas e equipamentos, da utilização de dispositivos de proteção coletiva e, em último caso, do uso de equipamentos de proteção individual adequados; e supervisão constante da instalação de dutos, alarmes e da planta industrial geral. Operacionais Programação de tarefas, interações formais e informais, ritmo, repetitividade, autonomia, pausas, supervisão, precisão e tolerância das atividades relativas às tarefas, controle de qualidade e dimensionamento de equipes. Organizacionais Parcelamento, isolamento, participação, gestão, avaliação, jornada, horário, turnos e escala de trabalho, seleção e treinamento para o trabalho. Instrucionais Programas de treinamento, procedimentos de execução das tarefas; reciclagens e avaliações. Urbanas Planejamento e projeto do espaço da cidade, sinalização urbana, transporte, terminais rodoviários, ferroviários e metroviários, bem como áreas de circulação, integração, repouso e lazer. Psicossociais Conflitos entre indivíduos ou grupos sociais, dificuldades de comunicações e interações interpessoais, falta de opções de descontração e lazer. Quadro 1. Enfoques de atuação da ergonomia (Continuação) 15Principais conceitos de ergonomia A abordagem interdisciplinar da ergonomia pode contribuir consideravel- mente para a melhoria das condições de vida e trabalho. No Brasil, não há formação específica em ergonomia, porém vários cursos de especialização têm capacitado profissionais para atuarem expressivamente na área. Uma relação dos diversosprofissionais que colaboram com conhecimentos para a solução de problemas ergonômicos encontra-se no Quadro 2. Profissionais Contribuições Médicos do trabalho Identificação de locais que propiciam acidentes ou doenças ocupacionais e acompanhamento da saúde dos envolvidos. Engenheiros de projeto Sobretudo ligadas a aspectos técnicos, como a modificação de máquinas e ambientes de trabalho. Engenheiros de produção Organização do trabalho e estabelecimento de um fluxo racional de materiais e postos de trabalho sem sobrecargas. Engenheiros de segurança e manutenção Identificação de áreas e máquinas potencialmente perigosas e que devam ser modificadas. Desenhistas industriais Adaptação de máquinas e equipamentos, bem como planejamento de postos de trabalho e sistemas de comunicação. Arquitetos e designers de interiores Desenvolvimento e execução de projetos de leiaute que proporcionem segurança, conforto e produtividade aos usuários. Urbanistas Intervenção em espaços urbanos para a sua adequação ergonômica aos mais diversos perfis de usuários. Analistas do trabalho Estudo de métodos, tempos e postos de trabalho. Psicólogos Análise dos processos cognitivos e relacionamentos humanos; seleção e treinamento de pessoal; e implantação de novos métodos. Quadro 2. Abrangência profissional da ergonomia (Continua) Principais conceitos de ergonomia16 Os profissionais mencionados no Quadro 2 atuam com o objetivo de mi- nimizar a fadiga física e mental dos trabalhadores ou usuários de um deter- minado sistema para que a execução da tarefa seja produtiva e saudável. Para que isso ocorra, é necessário um olhar sistêmico, que busque contemplar o maior número de enfoques de atuação da ergonomia para integrar o sistema homem–tarefa–máquina (WACHOWICZ, 2013). As áreas de atuação da ergonomia proporcionam uma orientação para ações preventivas e educativas aos envolvidos nos processos e nas tarefas. Nas suas atividades de trabalho e tarefas cotidianas, o ser humano interage com os diversos sistemas, de modo a estabelecer interfaces sensoriais também diversas. Assim, a importância da ergonomia revela-se em todas as nossas atividades, conforme defende a literatura da área. Podemos atestar a sua am- plitude pelos enfoques de atuação e pela abrangência profissional resguardada aos ergonomistas. Com tamanhas contribuições sentidas no nosso dia a dia, a ergonomia consolida-se como uma condição a priori para garantir conforto, segurança e bem-estar aos indivíduos. Em um cenário global, é também um fator distintivo para as gestões, cada vez mais comprometidas com eficiência e qualidade. Fonte: Adaptado de Iida (2005). Profissionais Contribuições Enfermeiros e fisioterapeutas Recuperação de trabalhadores com dores ou lesões e prevenção ao desgaste físico. Programadores de produção Criação de um fluxo de trabalho adaptado para evitar atrasos, estresses, sobrecargas e trabalhos noturnos. Administradores Estabelecimento de planos de cargos e salários mais justos que ajudem a reduzir os sentimentos de injustiças entre os trabalhadores. Compradores Aquisição de máquinas, equipamentos e materiais mais seguros, confortáveis, limpos e menos tóxicos. Quadro 2. Abrangência profissional da ergonomia (Continuação) 17Principais conceitos de ergonomia Excelente artigo para complementar os seus estudos, intitulado “A trajetória da er- gonomia no Brasil: aspectos expressivos da aplicação em design”, presente na obra A evolução histórica da ergonomia no mundo e seus pioneiros, organizada por Silva e Paschoarelli (2010): https://goo.gl/EPMuZN Videoaula que apresenta de forma sintética os domínios e as áreas de estudo envol- vidas na ergonomia, ministrada pelo Prof. Moacir Pereira Junior, do Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis: https://goo.gl/REHtrK Documento oficial do Ministério do Trabalho com a publicação da NR nº. 17: https://goo.gl/A9x8m1 Principais conceitos de ergonomia18 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Estatuto da ABERGO. Fortaleza, 2004. Dis- ponível em: <http://www.abergo.org.br/arquivos/estatuto_e_regimento/novo_esta- tuto_abergo_versao_definitiva.pdf>. Acesso em: 12 set. 2018. BOLETTI, R. R.; CORRÊA, W. M. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. BRASIL. Ministério do Trabalho. Gabinete do Ministro. Norma Regulamentador nº. 17. Ergonomia. Diário Oficial da União, 6 jul. 1978. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/ images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf>. Acesso em: 19 set. 2018. DENIS, R. C. Uma introdução à história do design. São Paulo: Blucher, 2002. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. ver. e ampl. São Paulo: Blucher, 2005. INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION. Definition and domains of ergonomics. Zurique, [2018]. Disponível em: <https://www.iea.cc/whats/index.html>. Acesso em: 12 set. 2018. MONTMOLLIN, M. A ergonomia. Lisboa: Instituto Piaget, 1990. MORAES, A.; MONT’ ALVÃO, C. Ergonomia: conceitos e aplicações. 2 ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2000. PASCHOARELLI, L. C.; SILVA, J. C. P. (Org.). A evolução histórica da ergonomia no mundo e seus pioneiros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. VIDAL, M. C. R. Ergonomia na empresa: útil, prática e aplicada. Rio de Janeiro: Virtual Científica, 2002. WACHOWICZ, M. C. Ergonomia. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2013. Disponível em: <http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/LIVROS%20SEGURAN%C3%87A%20 DO%20TRABALHO/M%C3%B3dulo%20III/18%20Ergonomia/Livro_Ergonomia.pdf>. Acesso em: 19 set. 2018. WISNER, A. Por dentro do trabalho. Ergonomia: método & técnica. São Paulo: Oboré, 1987. Leituras recomendadas KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005. SANTANA, L. P. B. Abordagens da ergonomia: revisão da literatura. In: Simpósio de Engenharia de Produção de Sergipe, 7., 2015, Aracajú. Anais... Sergipe: Universidade Federal de Sergipe, 2015. Disponível em: <https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/7753/2/ AbordagensErgonomiaRevisaoLiteratura.pdf>. Acesso em: 19 set. 2018. WISNER, A. A inteligência do trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo: Fundacentro, 1994. 19Principais conceitos de ergonomia Conteúdo:
Compartilhar