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Boletim Técnico 11 - Caracterização, Avaliação e Recuperação Estrutural de Edificações Históricas - Mesquita et al - ALCONPAT 2015

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Caracterización, evaluación y recuperación estructural de 
edificios históricos
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções 
históricas
Characterization, evaluation and structural recovery of historic 
buildings
Boletín
Técnico
11
INTERNACIONALINTERNACIONAL
Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología 
y Recuperación de la Construcción - ALCONPAT Int.
Elaboración de:
Esequiel Mesquita, Esmeralda Paupério, António Arêde & Humberto Varum
publicação dos 10 primeiros textos lançados em forma 
de fascículos seriados, cuja série ou coletânea se 
denomina “O QUE É NA CONSTRUÇÃO CIVIL?”.
Se tratam de textos conceituais visando o nivelamento 
do conhecimento sobre as principais “palavras de 
ordem” que hoje permeiam o dinâmico setor da 
Construção Civil, entre elas: Sustentabilidade, 
Qualidade, Patologia, Terapia, Profilaxia, Diagnóstico, 
Vida Útil, Ciclo de Vida, e outras, visando contribuir 
para o aprimoramento do setor da construção assim 
como a qualificação e o aperfeiçoamento de seus 
profissionais.
Por ter um cunho didático, os diferentes temas são 
abordados de modo coerente e conciso, apresentando 
as principais etapas que compõem o ciclo dos 
conhecimentos necessários sobre aquele assunto. 
Cada fascículo é independente dos demais, porém o 
seu conjunto constituirá um importante referencial de 
conceitos utilizados atualmente na construção civil. 
Estes textos foram escritos exclusivamente por 
membros da ALCONPAT, selecionados pela sua 
reconhecida capacidade técnica e científica em suas 
respectivas áreas de atuação. Os autores possuem 
vivência e experiência dentro de cada tópico abordado, 
através de uma participação proativa, desinteressada 
e voluntária.
O coordenador, os autores e revisores têm doado 
suas valiosas horas técnicas, seus conhecimentos, 
seus expressivos honorários e direitos autorais à 
ALCONPAT Internacional, em defesa de sua nobre 
missão. Estima-se essa doação em mais de 550h 
técnicas de profissionais de alto nível, a uma média 
de 50h por fascículos, acrescidas de pelo menos mais 
220h de coordenação, também voluntária.
Todos os recursos técnicos e uma visão sistêmica, 
necessários ao bom entendimento dos problemas, 
estão disponíveis e foram tratados com competência 
e objetividade, fazendo desta coletânea uma consulta 
obrigatória. Espera-se que esta coletânea venha a ser 
amplamente consultada no setor técnico-profissional 
e até adotada pelas Universidades Ibero-americanas.
Esta coletânea é mais um esforço que a ALCONPAT 
Int. realiza para aprimoramento e atualização do corpo 
docente e discente das faculdades e universidades, 
assim como para evolução dos profissionais da 
comunidade técnica ligada ao construbusiness, 
valorizando indistintamente a contribuição da 
engenharia no desenvolvimento sustentado dos países 
Ibero-americanos.
PREFÁCIO
Com o grande desenvolvimento atual dos meios de 
comunicação e de transporte, há efetiva possibilidade 
e necessidade de integração dos profissionais dos 
países Ibero-americanos, conscientes de que o futuro 
inscreve-se numa realidade social onde o conhecimento 
científico e o desenvolvimento tecnológico são as 
ferramentas corretas a serem utilizadas em benefício 
da sustentabilidade e qualidade de vida de nossos 
povos.
É missão e objetivo da ALCONPAT (Asociación 
Latinoamericana de Control de Calidad, Patología 
y Recuperación de la Construcción) ser um forte 
instrumento de união, desenvolvimento e difusão 
dos conhecimentos gerados pela comunidade da 
construção civil, com foco nos materiais e na gestão 
da qualidade de obras em andamento, no estudo dos 
problemas patológicos, na manutenção, recuperação 
e proteção do enorme patrimônio construído e na 
prevenção de falhas de projeto e construção em obras 
novas. 
Desde sua fundação no ano de 1991 em Córdoba, 
Argentina, os membros da ALCONPAT Internacional 
e de suas delegacias e entidades nacionais, vêm 
organizando cursos, seminários, palestras e, nos 
anos ímpares o tradicional e reconhecido congresso 
científico CONPAT, já realizado de forma itinerante 
em doze diferentes países de Ibero-américa.
Com o objetivo de fortalecer essa integração e 
valorizar ainda mais a Construção Civil desses 
países, a ALCONPAT instituiu, em 2011, a “Comisión 
Temática de Procedimientos Recomendables” sob a 
profícua coordenação do Prof. Dr. Bernardo Tutikian, 
ora reconduzido á essa coordenação pela Presidente 
Profa. Angélica Ayala, eleita na Assembléia Geral 
do Conselho Diretor ocorrida em Lisboa durante o 
CONPAT2015, para o período 2015-2017.
Essa Comissão tem o objetivo de levantar temas de 
interesse da comunidade, buscar um especialista que 
se disponha a pesquisar e escrever sobre o assunto, 
voluntariamente, e divulgar esse conhecimento na 
comunidade Ibero-americana. 
O conteúdo deve ser claro, objetivo, com bases 
científicas, atualizado e não muito extenso, fornecendo 
a cada leitor profissional as bases seguras sobre 
um tema específico de forma a permitir seu rápido 
aproveitamento e, quando for o caso, constituir-se num 
ponto de partida seguro para um desenvolvimento 
ainda maior daquele assunto.
O resultado dessa iniciativa foi cristalizado com a 
Mérida - México, dezembro de 2015
Prof. Bernardo Tutikian
Coordinador Comisión Temática de Procedimientos 
Recomendables
Prof. Paulo Helene
Presidente de Honor ALCONPAT Internacional
Junta Directiva de ALCONPAT Internacional (bienio dez.2015/dez. 2017):
Presidencia: Profa. Angelica Piola Ayala
Presidencia de Honor: Prof. Paulo Helene 
Vicepresidente Administrativo: Arq. Margita Kliewer
Vicepresidente Técnico: Profa. Pedro Garcés Terradilos
Secretario Ejecutivo: Prof. José Manuel Mendoza Rangel
Director General: Dr. Pedro Castro Borges
Gestor: Prof. Dr. Bernardo Tutikian
Sede permanente ALCONPAT:
CINVESTAV Mérida México Dr. Pedro Castro Borges
http://www.alconpat.org
Presidente Congreso CONPAT 2017
Arq. Margita Kliewer
Comisiones Temáticas:
Publicaciones Dr. Pedro Castro Borges
Educación Profa. Liana Arrieta de Bustillos
Membrecía Prof. Roddy Cabezas
Premiación Profa. Angélica Piola Ayala
Procedimientos Recomendables Prof. Bernardo Tutikian
Relaciones Interinstitucionales Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
Historia ALCONPAT Prof. Dante Domene
Boletín de Notícias Arq. Leonardo López
Missão da ALCONPAT Internacional:
ALCONPAT Internacional es una Asociación no lucrativa de profesionales dedicados a la industria de la construcción 
en todas sus áreas, que conjuntamente trabajan a resolver los problemas que se presentan en las estructuras desde la 
planeación, diseño y proyecto hasta la ejecución, construcción, mantenimiento y reparación de las mismas, promoviendo 
la actualización profesional y la educación como herramientas fundamentales para salvaguardar la calidad y la 
integridad de los servicios de sus profesionales 
Visão da ALCONPAT Internacional:
Ser la Asociación de especialistas en control de calidad y patología de la industria de la construcción con mayor 
representatividad gremial y prestigio profesional reconocido internacionalmente, buscando siempre el beneficio social 
y el óptimo aprovechamiento de los recursos humanos, materiales y económicos para la construcción de estructuras 
sustentables y amigables con el medio ambiente. 
Valores de ALCONPAT Internacional:
Ciencia, Tecnología, Amistad y Perseverancia para el Desarrollo de América Latina.
Objetivos da ALCONPAT Internacional:
ARTÍCULO 1.2 del Estatuto. ALCONPAT se define como una asociación sin fines de lucro, cuyos fines son: 
a) Contribuir al desarrollo científico y técnico de toda la comunidad Latinoamericana relacionada con la construcción 
y sus materiales, con énfasis en la gestión de la calidad, la patología y la recuperación de las construcciones. 
b) Actuar como un interlocutor cualificado, tanto de la propia sociedad civil como de sus poderes públicos representativos. 
c) Promover el papel de la ciencia y la tecnología de la construcción y sus materiales, y contribuir asu difusión como 
un bien necesario que es para toda la sociedad Latinoamericana y Iberoamericana.
INTERNACIONAL
Em termos gerais, construções históricas 
(CH) podem ser definidas como um grupo de 
construções que sendo fator de identidade de um 
povo, apresentam um substancial valor cultural 
para a sociedade. Contudo, o valor cultural de 
uma construção não deve ser associado a um tipo 
específico de método construtivo, ou ao tamanho 
e complexidade do monumento, mas pode estar 
relacionada com a idade desta construção e o papel 
que ela desempenhou para o desenvolvimento de 
sua sociedade (CIB, 2010).
Ao contrário das construções contemporâneas, 
em que as propriedades estruturais de seus 
componentes e de seus materiais serem 
exaustivamente estudadas, além do fato que boa 
parte dos esforços científicos atualmente estão 
focados para desenvolvimento de novos materiais 
e sistemas estruturais para aplicações futuras nas 
construções, as CH constituem ainda um campo 
pouco explorado. Muitos dos métodos construtivos e 
dos materiais empregados nas CH não apresentam 
seus comportamentos conhecidos, o que dificulta a 
preservação e reabilitação destas construções.
Assim, estudar as CH é interessante não só como 
contribuição direta para a valorização e preservação 
da memória de uma determinada sociedade, 
como também permite o desenvolvimento de 
técnicas de reabilitação para estas construções 
que, quando eficazmente aplicadas, permitem a 
recolocação destas construções como parte ativa 
em suas comunidades, e assim para a redução da 
necessidade de construção de novas estruturas.
ALCONPAT Internacional
Boletín Técnico
Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y 
Recuperación de la Construcción
11
Esequiel Mesquitaa 
Esmeralda Paupériob 
António Arêdec
Humberto Varumd
Caracterización, evaluación y recuperación 
estructural de edificios históricos
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural
de construções históricas
Characterization, evaluation and structural recovery 
of historic buildings
1. Introdução
a Eng. Civil, Doutorando em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto, 4200-465, Porto, Portugal. 
E-mail: e.mesquita@fe.up.pt
b Eng. Civil, Instituto da Construção, Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto, 4200-465, Porto, Portugal.E-mail: 
pauperio@fe.up.pt 
c Doutor, Professor Associado na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto, 4200-465, Porto, Portugal. E-mail: aarede@fe.up.pt 
d Doutor, Professor Catedrático na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto, 4200-465, Porto, Portugal. E-mail: 
hvarum@fe.up.pt 
Hiago
Destacar
ALCONPAT Int.
4 Boletín Técnico 11
Neste documento, pretende-se apresentar uma 
proposta de avaliação estrutural para as CH que 
contemple desde a etapa de análise documental 
até a caracterização da estrutura e a definição de 
medidas de recuperação, contemplando assim o 
ciclo da reabilitação e, se necessário, com recurso 
à monitorização. Ressalta-se neste documento que 
a reabilitação estrutural deve ser entendida como o 
processo de manutenção, recuperação e conservação 
das CH com foco para reinserção destas construções 
na componente ativa das cidades.
O método apresentado no presente Boletim 
Técnico: Caracterização, avaliação e recuperação 
estrutural de construções históricas – será abordado 
com recurso aos casos de estudos desenvolvidos 
no âmbito do trabalho desenvolvido pelo Instituto 
da Construção da Faculdade de Engenharia da 
Universidade do Porto (IC-FEUP), como forma 
de tornar o mais compreensível os conceitos 
apresentados da realidade a ser praticada.
2. Construções históricas: uma classe especial de estruturas a serem 
protegidas
Figura 1. (a) Construções históricas à margem do Rio Douro, em Porto, e (b) Coliseu Romano, Roma, Itália.
As CH desempenham um papel relevante na 
sociedade contemporânea. Isso porque elas são a 
representação física de parte da história de suas 
comunidades e, por vezes, evidenciam, além da vida 
cotidiana das comunidades passadas, os avanços 
no desenvolvimento da história da humanidade. 
Estas construções podem ter um valor de conjunto, 
como o centro histórico da cidade do Porto, formado 
por um conjunto de casas vernaculares datadas 
algumas do século XIII, ou valor individual, como o 
Coliseu Romano, que por si só é um denso registro 
das atividades desenvolvidas na atual região da 
Itália entre os séculos I e VI (Figura 1). 
A valorização do património cultural imóvel 
associado aos critérios de autenticidade tem 
motivado nas CH o desenvolvimento de técnicas 
de apoio à manutenção, recuperação e conservação 
destas construções. Contudo, nas últimas décadas, 
a inclusão destas construções como parte ativa das 
cidades tem acelerado ainda mais este processo de 
preservação (LOURENÇO, 2014).
Reabilitar as CH e torná-las parte ativa no 
contexto econômico local, seja na forma de museus 
ou na forma de hotéis, ou ainda de restaurantes 
ou residências, e assim pode ser uma grande 
oportunidade de desenvolvimento econômico para 
suas comunidades. Na Europa, o turismo cultural 
tem uma grande importância no sector económico. 
Assim, considerar as CH (independentemente de 
serem tombadas ou não) como estruturas frágeis, 
vulneráveis ou símbolo do atraso, constitui uma 
visão bastante equivocada das potencialidades 
destas construções que, uma vez bem mantidas, 
podem apresentar critérios de segurança, iguais ou 
até superiores aos das construções contemporâneas. 
Um estudo realizado por Varum et al. (2006) 
demostrou que técnicas de reforço estrutural podem 
Hiago
Destacar
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 5
ser aplicadas à CH de modo a não comprometerem 
as características construtivas da construção e 
garantir que os limites de segurança da construção 
estejam dentro dos limites de segurança aceitáveis 
para os códigos atuais.
Neste sentido, o processo de reabilitação das CH 
é interessante por que permite a adequação destas 
construções às novas necessidades dos usuários, e 
reduz a necessidade de que novos edifícios sejam 
construídos, colaborando para a valorização da 
cultura local e para a sustentabilidade, através 
da preservação destas construções, contribuindo 
ainda para o desenvolvimento e fortalecimento do 
turismo regional.
A fim de concorrer para a preservação das 
CH, agências governamentais e organizações 
internacionais, como a UNESCO, por exemplo, 
que classifica e reconhece o valor cultural destas 
construções para a humanidade, têm desenvolvido 
políticas relacionadas a salvaguarda do patrimônio. 
Todavia, discussões sobre as práticas de conservação 
de CH não são recentes, pois em 1931, na Carta de 
Atenas, foram abordados diretrizes para a proteção 
os monumentos históricos (LOPES & CORREIA, 
2014).
Na Carta de Atenas foi defendida a importância 
da manutenção e reabilitação dos edifícios 
históricos sem discriminação quanto ao estilo 
arquitetônico, bem como salientada a importância 
da conscientização internacional para preservação 
destes (LOPES & CORREIA, 2014).
Em 1964, três décadas após a Carta de Atenas, 
foi redigida a Carta de Veneza que mantém 
uma atualidade notável. Esta carta reafirmou 
a importância de procedimentos adequados 
na preservação e reabilitação de monumentos 
históricos, incluindo a concepção de que 
monumentos históricos podem ser, para além de 
construções imponentes, um conjunto de modestas 
construções que, com o tempo, adquiriram um 
significado cultural (LOPES & CORREIA, 2014).
Em consequência do estado de implementação 
das políticas relacionadas a salvaguarda do 
patrimônio histórico, em 1972, a degradação das 
CH foi o tema principal da Convenção da UNESCO 
sobre a Proteção do Patrimônio MundialCultural e 
Natural, que resultou na entrega de propostas de 
desenvolvimento científico no âmbito da proteção 
do património (UNESCO, 1972).
Em 1994, a Carta do Villa Vigoni, preconizava 
que especial atenção e prioridade deveria ser dada à 
conservação de CH de caráter religioso, em especial 
a templos especificamente católicas. Porém, no 
mesmo ano, no Japão, foi redigida a Carta do Nara 
sobre autenticidade, garantindo a diversidade 
cultural, considerando que o património de cada 
um é o património de todos (ICOMOS, 1994).
Como passo de avanço nas políticas de 
preservação das CH, em 2000, na Carta de Cracóvia 
pela primeira vez é referida explicitamente a 
reabilitação estrutural. Este documento salienta 
que, para a adoção de medidas de manutenção 
e reparos, é necessário realizar um plano de 
reforço voltado para proteção de longa data e 
conservação das CH. Recomenda ainda que a 
equipe de intervenção seja multidisciplinar e que 
a reconstrução de parte representativa das CH seja 
evitada, devendo, sempre que possível, preservar os 
aspetos originais dos interiores (ICOMOS, 2000).
Com o objetivo de fornecer diretrizes gerais 
para a conservação e restauro estrutural das CH, 
o ICOMOS (2003) recomenda uma metodologia de 
avaliação estrutural baseada em quatro etapas 
fundamentais, que são: 1) coleta de dados, 2) 
caracterização estrutural, 3) diagnóstico e 4) adoção 
de medidas preventivas e de reparação (Figura 
2). Adicionalmente, neste mesmo documento, o 
ICOMOS recomenda que em todas as situações 
em que medidas de recuperação ou reforço sejam 
necessárias, as características construtivas 
originais da construção intervencionada devem 
ser preservadas, considerando não apenas a 
aparência estética, mas também a compatibilidade 
e a reversibilidade entre a medida de intervenção 
adotada e o sistema construtivo da construção 
em processo de intervenção. Este documento 
salienta, que os materiais estruturais e as técnicas 
tradicionais de construção fazem parte do valor 
cultural de uma construção, à semelhança do 
que acontece para os elementos decorativos e 
arquitetónicos.
Mais recentemente, em 2011, a Carta de Madrid 
(ICOMOS, 2011) reconhece a importância das 
construções históricas da idade contemporânea, 
ALCONPAT Int.
6 Boletín Técnico 11
3. Método de avaliação estrutural de construções históricas
Figura 2. Metodologia de avaliação estrutural para construções históricas proposta pelo ICOMOS. 
alargando o conceito de patrimônio, de modo 
a contribuir para preservação de construções 
também do século XX. É importante salientar que 
a Carta de Madrid teve um impacto muito maior 
para sociedades mais recentes, como é o caso dos 
países da América, que essencialmente tiveram o 
início após o século XVI, do que em sociedades mais 
antigas, como é o caso da Europa, e que de fato veio 
a contribuir para o reconhecimento do valor cultural 
destas construções e para o desenvolvimento 
de políticas de conservação ligadas ao 
patrimônio contemporâneo.
Contudo, mesmo havendo diretrizes 
internacionais que abordem o tema da proteção 
do patrimônio histórico, é válido ressaltar que 
as políticas de salvaguarda variam de região pra 
região, de acordo com o entendimento e grau de 
consciência da sociedade sobre a necessidade de 
proteção das CH. Assim sendo, a metodologia aqui 
proposta deve ser adaptada, sempre que houver 
necessidade, aos critérios das políticas locais de 
salvaguarda do patrimônio.
Um método de avaliação da segurança estrutural 
das CH, com recurso a técnicas de monitorização, 
é apresentada na Figura 3. Logo, os conceitos de 
monitorização (ver NERY, 2013) são incorporados 
ao processo de avaliação, e ainda, especial 
consideração é dada à questão da compatibilização 
entre as técnicas de recuperação propostas e as 
características originais do sistema estrutural bem 
como ao critério de reversibilidade. É valido salientar 
que neste documento a monitorização estrutural 
deve ser entendida como o processo de aquisição de 
dados sobre a ocorrência de um determinado dano, 
bem como sobre sua progressão, através do uso 
de sistemas sensoriais não-destrutivos em tempo 
contínuo. É importante referir que os mecanismos 
adicionais de aquisição de informações sobre as 
propriedades da CH avaliada são baseado na 
utilização de ensaios não-destrutivos, como forma 
de minimizar a intrusão do processo de avaliação 
estrutural nessas construções.
O método de avaliação estrutural (Figura 3) de 
CH apresentada neste boletim será descrita com 
recurso exemplificativo a casos de estudo de caso 
desenvolvido pelo IC-FEUP, como forma de tornar 
mais evidente e claro os passos a serem adotados no 
processo de avaliação estrutural.
Hiago
Destacar
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 7
Figura 2. Metodologia de avaliação estrutural para construções históricas proposta pelo ICOMOS. 
ALCONPAT Int.
8 Boletín Técnico 11
3.1 Análise documental
3.2 Inspeção
A primeira etapa do processo de avaliação 
estrutural de uma CH constitui-se pela análise 
documental, que tem por objetivo recolher 
informações sobre o histórico da estrutura, de 
modo abranger desde sua construção até possíveis 
intervenções realizadas, que possam auxiliar as 
etapas futuras de trabalho da equipe técnica.
A realização desta etapa é importante, por que 
o levantamento destas informações são utilizados 
para situarem a equipe técnica quanto a localização 
do edifício, suas dimensões, tipologia, etc. E no 
caso de existência de relatórios técnicos, é possível 
coletar em tempo hábil informações sobre as 
propriedades da estrutura. Em adição, informações 
sobre o histórico da construção e sua relação com 
a comunidade local auxiliarão a equipe técnica 
no entendimento a cerca do valor cultural da 
construção, e, consequentemente, na definição do 
nível de intervenção a ser realizada ou estabelecer 
limites de alterações que possam ser realizados 
nos elementos estruturais sem que a memória 
construtiva do edificado seja alterada.
É nesta etapa em que as informações históricas 
sobre a CH a ser inspecionada são recolhidas, 
fornecendo subsídios que possibilitarão à equipe 
técnica o planejamento adequado sobre a realização 
da inspeção estrutural, e ainda se anteverem 
quanto as situações que poderão encontrar durante 
a etapa de inspeção
Para que uma avaliação estrutural seja 
bem-sucedida deve-se conhecer em detalhes os 
elementos componentes dos sistemas estruturais, 
bem como seu funcionamento. Assim, a etapa de 
“Inspeção” (Figura 4) é fundamental à aquisição 
de informações gerais sobre o estado atual de 
conservação da estrutura, bem como permite a 
validação das informações recolhidas durante a 
Figura 4. Realização da inspeção técnica na laje de cobertura da Igreja de Santo António, Portugal (Fonte: ARÊDE et al., 2015).
etapa de “Análise documental”. 
A inspeção deve ser realizada por um corpo 
técnico multidisciplinar, como recomenda a Carta 
de Cracóvia (ICOMOS, 2000). Esta equipe de 
avaliação, deverá ser montada de acordo com as 
necessidades da obra, incluindo, essencialmente, 
profissionais da área da engenharia, arquitetura e 
arqueologia, que devem visitar toda a construção 
podendo, depois, só avaliar parte da estrutura. A 
equipe técnica multidisciplinar tem como principal 
objetivo fornecer informações, de acordo com suas 
respetivas áreas de estudo, que caracterizem a 
construção e o seu valor patrimonial, bem como 
auxiliar no estabelecimento das propostas de 
caracterização e recuperação dos elementos 
constituintes dos sistemas estruturais da CH 
avaliada. 
Nesta etapa, especial atenção deve ser dada aos 
sistemas estruturais, às seções e vãos dos elementos 
e, naturalmente, aos materiais que os executam. 
Paralelamente deveráser feito um mapeamento 
dos danos e de informações adicionais sobre a 
estrutura que se considerem relevantes.
De modo sumarizado, pode-se dizer que a etapa 
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 9
3.3 Monitorização estrutural de HC
de inspeção tem por objetivos promover:
a. a observação global do estado da construção;
b. a validação das características geométricas da 
construção obtidas durante a etapa de “Análise 
documental”;
c. a validação do funcionamento do sistema 
estrutural;
d. a identificação dos métodos construtivos e dos 
materiais utilizados, incluindo a identificação e 
diagnóstico dos danos.
Com base na informação obtida na etapa de 
inspeção, poderá seguir-se ou não ao planejamento 
de qual sistema de monitorização deverá ser 
implementado na CH, e, nomeadamente, que tipos 
de grandezas serão mensuradas e seguir com uma 
caracterização mais detalhada das componentes 
estruturais e seus materiais, quando for o caso. 
Adicionalmente, é durante a “Inspeção” que ensaios 
preliminares não-destrutivos podem ser realizados, 
como forma de adquirir informações mais específicas 
que auxiliem no processo da avaliação estrutural. Em 
geral, é ainda durante a “Inspeção” que um registo 
fotográfico é realizado, não só dos danos observadas, 
mas também dos detalhes que caracterizam a CH.
Deve-se ressaltar que a inspeção não deve ser 
encarada como uma única etapa a ser realizada no 
início dos trabalhos de avaliação estrutural das CH, 
devendo-se recorrer a ela sempre que necessário. 
Contudo, a partir das informações levantadas 
durante a “Análise documental” é possível otimizar 
o número de visitas necessárias. Maiores detalhes 
sobre a realização de inspeção em construções 
históricas podem ser consultados em Paupério 
et al. (2013).
A inclusão de ferramentas de monitorização no 
âmbito da avaliação estrutural de CH é motivada, 
principalmente, pelas características não-intrusivas 
de seus sistemas sensoriais e necessidade em se 
acompanhar o comportamento destas construções 
ao longo do tempo. Desta forma, o tempo necessário 
para realização de uma potencial intervenção será 
reduzido, uma vez que a utilização da monitorização 
como ferramentas de apoio a aquisição de 
conhecimento sobre o comportamento dos sistemas 
estruturais poder fornecer informações sobre o 
estado atual de desenvolvimento de um dano.
No método de avaliação estrutural de CH 
apresentado na Figura 3, é possível observar o 
relevante papel que um sistema de monitorização 
pode apresentar para um processo de avaliação 
estrutural, em que o sistema de monitorização 
fornece informações para as diversas etapas do 
processo de avaliação (caracterização, modelagem, 
análise estrutural, análise de risco e intervenção). 
Todavia a decisão sobre a implementação ou não 
de um sistema de monitorização em uma CH 
depende de vários fatores, entre os quais destacam-
se: a natureza e intensidade do dano, as incertezas 
envolvidas sobre o estado de desenvolvimento do 
dano, da necessidade de validação da eficiência da 
intervenção realizada e dos recursos disponíveis, e 
é uma decisão que deve ser tomada em acordo com 
todas as partes envolvidas no processo de avaliação 
estrutural, inclusive os proprietários.
No caso de decisão afirmativa sobre a 
implementação de um sistema de monitorização, 
escolher que tipo deve ser implementado numa 
construção requer, para além de experiência 
dos técnicos responsáveis, uma boa pesquisa de 
mercado sobre os tipos de sensores disponíveis 
para uma dada aplicação e a observância de 
seus prós e contras. Ainda, é fundamental o 
estabelecimento de um determinado nível de 
resposta do sistema requerido pelo usuário, pois 
a utilização de ferramentas de monitorização, 
além de serem utilizadas como mecanismo para o 
acompanhamento da evolução dos danos e medição 
de respostas estruturais provocadas por eles 
numa etapa de diagnóstico, é também muito bem-
vinda para aplicação em CH em ótimo estado de 
conservação para fins de deteção do surgimento de 
danos, ou ainda para a realização de estudos sobre 
a predição da vida útil estrutural.
Desse modo, como forma de orientar os 
proprietários e os técnicos sobre a escolha quanto 
do sistema de monitorização, uma metodologia de 
classificação é apresentada na Tabela 1
Quanto maior for o nível de resposta requerido 
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10 Boletín Técnico 11
Nível Objetivo Fornece informações sobre:
1 Emergência de danos identificação da ocorrência do dano
2 Localização dos danos surgimento dos danos e localização
3 Caracterização dos danos
geometria e intensidade dos danos, além das informações 
oferecidas pelos níveis anteriores
4 Caracterização do risco estrutural
o estado atual da estrutura tendo em conta a ocorrência 
dos danos e sua influência na segurança estrutural, em 
somatório com as informações dos níveis anteriores
5 Predição da vida útil
a previsão do comportamento da estrutura, para um 
dado intervalo de tempo, tendo em conta os danos 
detetados no atual momento e suas respetivas evoluções 
e consequências pra segurança estrutural
Tabela 1. Classificação dos sistemas de monitorização de acordo com o nível de resposta.
pelos usuários, maior será a variabilidade dos 
sensores a serem empregados, bem como o número. 
Aplicações que almejem o nível 1, por exemplo, 
basicamente são constituídos pela utilização de 
acelerômetros, em que alterações bruscas nas 
respostas da frequência natural da estrutura 
podem indicar alterações nas propriedades do 
sistema estrutural em estudo. Enquanto sistemas 
classificados no nível 3 requerem sensores mais 
específicos e localizados. 
3.4 Caracterização estrutural
A etapa de “Caracterização estrutural” tem por 
finalidade recolher informações mais específicas 
sobre as características da CH que devem ser 
levadas em conta na avaliação estrutural, para 
proposição de um plano de recuperação. Assim, 
neste boletim, a etapa de caracterização foi dividida 
em três subgrupos conforme mostrados da Figura 
3, todavia, a caracterização deve ser realizada em 
função dos danos observados na etapa de inspeção, 
podendo englobar mais fatores (além dos três 
mencionados) ou ser mais específica em torno de 
algum deles.
Os resultados obtidos pela caracterização devem 
ser usados, de forma a complementar às informações 
recolhidas quer pela “Análise documental”, quer 
durante a “Inspeção”, podendo servir como base 
para uma eventual construção de um modelo 
numérico, quando for o caso.
A “Caracterização estrutural” é a etapa do 
processo de avaliação de uma estrutura em que 
a prioridade é a aquisição de informações sobre 
o funcionamento do sistema estrutural e sobre 
as propriedades resistentes destes componentes. 
Para tal, tanto ensaios estáticos quanto dinâmicos 
(Figura 5) podem ser utilizados, ou ainda aplicações, 
com consideração sempre a métodos não destrutivos, 
mais específicas de caracterização, como as sub-
tarefas apresentadas na Figura 3, nomeadamente: 
“Caracterização geométrica”, “Caracterização de 
danos” e “Caracterização material.”
Um exemplo prático de caracterização estrutural 
pode ser encontrado em Costa et al. (2012) em que 
o Mercado do Bolhão, em Porto, teve sua estrutura 
avaliada (Figura 6.a). Neste caso de estudo, a 
partir das informações coletadas pela análise de 
laudos e documentos técnicos, inspeção técnica 
Figura 5. Detalhe de um acelerômetro instalado em uma construção 
histórica (Fonte: COSTA et al., 2013).
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 11
e caracterização estrutural foi possível realizar 
o cálculo dos esforços atuantes na estrutura 
“Para tal, foram considerados no cálculo dos esforços cada umdos painéis de laje L1 
(Figura 6.b e 6.c) de modo individual, com recorrência a um modelo conservativo de cálculo, 
em que considerou-se o funcionamento unidirecional de cada um dos painéis L1, no sentido no 
menor vão simplesmente apoiado em vigas. Porém, através do modelo conservativo de cálculo 
adotado, verificou-se que dada a pequena espessura da laje, com reduzida quantidade de 
armaduras, a resistência dos elementos não eram suficientes sequer para suportarem as cargas 
lá instaladas. Imediatamente, pôs-se em causa o modelo de cálculo conservativo adotado para 
o cálculo dos esforços resistentes, e verificou-se que, de fato, o funcionamento da estrutura 
analisada assemelha-se ao funcionamento de uma grelha, em que todos os elementos do 
sistema estrutural (painéis e vigas) participam ativamente do conjunto resistente da estrutura 
(COSTA et al., 2012)”.
Assim, optou-se pela realização de um ensaio 
de carga (Figuras 6.d e 6.e) como forma forma de 
averiguar as reais condições de funcionamento e 
estabilidade do sistema estrutural, e caracterizar o 
comportamento do sistema estrutural (Figura 6.f).
Figura 6. Mercado do Bolhão: (a) vista aérea, (b) planta do primeiro nível do mercado, (c) detalhe da laje onde o ensaio de carga foi realizado, (d) 
vista dos transdutores de deslocamento instalados sob o piso 1, (e) detalhe da realização do ensaio de carga e (f) resultado dos deslocamentos 
em função da carga aplicada (Fonte: COSTA et al., 2012).
Uma outra forma de validar o comportamento dos 
sistemas estruturais de CH é através da realização 
de ensaios dinâmicos (Figura 5). Essa técnica 
é bastante utilizada, uma vez que é de simples 
aplicação (essencialmente através de acelerômetros 
instalados em pontos da estrutura e recolha de 
espectros de acelerações, dos quais podem ser 
obtidas as frequências naturais, amortecimento e os 
modos de vibração da estrutura) e não destrutivos.
A caracterização geométrica, a que se refere o 
presente boletim, deve ser focada no detalhamento 
das características geométricas dos elementos 
componentes dos sistemas estruturais. Dependendo 
do número de elementos e das características 
que quer levantar, podem ser utilizadas técnicas 
mais ou menos sofisticadas. Na Figura 7, por 
e compará-los com seus respetivos esforços 
resistentes:
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12 Boletín Técnico 11
exemplo, dadas as dimensões e o elevado número 
de elementos estruturais componentes da Torre 
Relógio de Caminha, recorreu-se ao uso do Laser 
Scanning.
Figura 7. Levantamento geométrico realizado na Torre Relógio de 
Caminha, Portugal, com auxílio do Laser Scanning (Fonte: COSTA 
et al., 2013).
Para uma visão mais detalhada e outros exemplos 
de caracterização geométrica podem ser consultados 
os trabalhos desenvolvidos por Arêde et al. (2013) e 
Guedes, Arêde & Paupério (2013).
Através das informações recolhidas nas etapas 
anteriores, uma caracterização mais detalhada 
dos danos deve ser realizadas. Nesta sub-etapa, 
pretende-se, além de identificar a natureza dos 
danos (fissuras, corrosão, deslocamentos de paredes, 
inclinação de pilares, etc.), identificar sua localização 
nos elementos componentes do sistema estrutural, 
bem como caracterizar sua intensidade.
Tomando como exemplo o caso da Igreja de Santo 
António de Viana (ARÊDE et al., 2015), em que a 
caracterização dos danos (quanto a ocorrência e 
localização) serviu de base não só para focar os esforços 
no âmbito do diagnóstico em elementos específicos do 
sistema estrutural (arcos e pilares), como também 
corroborou para a implementação de um sistema 
de monitorização (Figura 8), verificou-se que a 
caracterização dos danos compreende a uma etapa 
igualmente importante às etapas descritas. Além 
da identificação e localização dos danos, a recolha 
de informações quanto a intensidade destes, fornece 
subsídios mais específicos para a avaliação do estado 
global da CH. No caso de fissuras, por exemplo, uma 
boa maneira de se fazer isto é verificar as dimensões 
das aberturas, área e sentido da propagação e ainda a 
verificação quanto a progressão do dano.
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 13
Figura 8. (a) Detalhe da localização de uma fissura num pilar da nave da Igreja de Santo António de Viana, 
Portugal e (b) localização da fissura no plano de monitorização (Fonte: ARÊDE et al., 2015).
Em seguimento à proposta metodológica de 
avaliação estrutural, caracterizar a composição e as 
propriedades dos materiais das CH é importante, por 
que, além de verificar o estado de conservação destes 
materiais, permite a aquisição de conhecimentos 
necessários à etapa de diagnóstico e reabilitação, 
uma vez que é aqui estabelecido um limite quanto 
a que tipos de materiais poderão ser utilizados sem 
descaracterizar as características da construção. 
Contudo, nem sempre esta sub-etapa é necessária, 
sendo mais indicada quando houver a necessidade 
de observação ou compreensão de materiais ou 
fenómenos pouco descritos na literatura.
Essencialmente, a necessidade de realização 
da caracterização material é consequência da 
natureza dos danos observados nas etapas 
anteriores. Contudo, esta etapa pode ser subdivida 
em dois momentos: o primeiro a ser realizado in 
situ com recurso a meios não-destrutivos (sempre 
que possível), e o segundo realizado em laboratório, 
devido a natureza mais específica dos ensaios a 
serem executados.
No processo de avaliação do Mercado do Bolhão 
(COSTA et al., 2012), a fim de se caracterizar 
a integridade dos elementos de madeira da 
estrutura da cobertura, foram realizados ensaios 
de determinação do teor de água dos elementos 
através do uso do higrómetro e ainda avaliação da 
velocidade de penetração de uma agulha em algumas 
peças de madeira com auxílio do equipamento 
Resistograph® (Figura 9). Através do ensaio com 
o Resistograph® é possível identificar diferenças 
entre as densidades das fibras da madeira, através 
da comparação entre as velocidades que a agulha 
do Resistograph® apresenta para perfurar um 
determinado elemento de madeira. Menores 
valores de velocidades representam fibras mais 
densas, enquanto maiores valores de velocidade 
de penetração da agulha podem indicar a presença 
de vazios e, assim, indicar a degradação interna do 
elemento. A partir dos resultados do higrômetro, 
observou-se que o teor médio de água presente 
nos elementos analisados era de 12%, um valor 
que aponta para um bom estado de conservação. 
Pelos resultados obtidos pelo Resistograph® foi 
possível observar que os elementos de madeira 
apresentavam-se dentro de uma mesma faixa de 
valores, o que indicou a boa integridade das peças 
ensaiadas.
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14 Boletín Técnico 11
Figura 9. (a)Detalhe da cobertura do Mercado do Bolhão, (b) realização do ensaio de resistência da madeira com o Resistograph® e (c) 
espectro de resistência à perfuração. (Fonte: COSTA et al., 2012).
Ensaios que indiquem a composição química dos 
materiais constituintes do sistema estrutural das 
CH também podem ser realizados para que, na 
etapa de diagnóstico, uma medida de intervenção 
que considere as propriedades dos materiais seja 
adotada, a fim de que problemas futuros sejam 
evitados. 
3.5 Modelagem numérica
Sempre que houver elementos suficientes para 
que se proceda com a modelagem numérica da 
estrutura em avaliação, esta deve ser realizada. A 
justificativa para tal se dá devido às incertezas de 
funcionamento dos sistemas estruturais das CH, 
quer pelo número de intervenções que possam ter 
sido realizadas, quer pela fragilidade dos próprios 
elementos (em virtude dos danos) ou ainda pela 
existência de diferentes métodos construtivos 
numa mesma estrutura. Assim, com recurso das 
informações recolhidas na etapa de caracterização, 
os modelos numéricos podemser calibrados para 
que se tornem mais próximos quanto possível da 
realidade da construção intervencionada.
Outro pronto de interesse pra que a modelagem 
numérica da estrutura ou de parte dos elementos 
estruturais seja realizada é quanto a limitação de 
informações sobre o comportamento de sistemas 
como alvenarias de pedra, adobe e madeira, concretos 
com armadura lisa, que em relação aos sistemas 
Figura 10. (a) Configuração dos pontos utilizados nos ensaios 
dinâmicos e (b) modelo numérico construído com recurso ao FEM 
(Fonte: COSTA et al., 2013).
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 15
3.6 Avaliação estrutural
3.7 Intervenção (Reforço/Recuperação)
estruturais contemporâneos são pouco estudadas.
A Figura 10 mostra um caso de aplicação de 
ensaios dinâmicos para modelagem numérica 
realizado na Torre Relógio de Caminha. Maiores 
detalhes desta abordagem podem ser consultados 
em Guedes, Arêde e Paupério (2013). Para 
exemplos adicionais consultar Ortega et al. (2015) e 
Voltsis et al. (2013).
No seguimento do processo de avaliação de 
uma CH, a análise estrutural distingue-se da 
caracterização estrutural (visto no item 3.4) pelo 
seu foco. Enquanto na “Caracterização estrutural” 
o objetivo é a recolha de informações sobre as 
propriedades resistentes dos componentes, na 
“Avaliação estrutural” busca-se avaliar a interação 
entre os diversos elementos da construção e 
identificar seu comportamento sob efeito dos 
danos, bem como estabelecer uma análise global 
do comportamento estrutural da CH com fins de 
diagnóstico.
No âmbito das CH, um bom nível de informação 
recolhidas na etapa de caracterização é essencial 
para que a “Avaliação estrutural” seja feita com 
sucesso, pois, por vezes, elementos decorativos 
podem passar a impressão de serem elementos 
estruturais, e vice-versa, levando a compreensão 
sobre o funcionamento da estrutura para longe do 
comportamento real.
É válido lembrar que a análise estrutural deve 
ocorrer obrigatoriamente em dois momentos: 1) 
para validação do funcionamento da estrutura, 
logo após a recolha de informações, e 2) durante o 
delineamento do reforço estrutural, como modo de 
verificação da eficiência do reforço proposto a ser 
executado. Por isso que a construção de um modelo 
numérico poderá ser útil para antever a eficiência 
do método de intervenção a ser realizado.
A medida de intervenção estrutural a ser adotada 
em uma CH deve ser criteriosamente analisada, face 
ao funcionamento da estrutural a longo prazo, com 
respeito as características construtivas do edificado. 
A utilização de materiais que descaracterizem ou 
que, de algum modo, não sejam compatíveis com os 
materiais utilizados originalmente nas CH devem 
ser evitados. Um exemplo desta incompatibilidade 
entre os materiais originais e os materiais 
utilizados numa intervenção é a utilização de 
argamassas de cimento, ao invés de argamassas de 
cal, para o preenchimento de juntas em alvenarias 
de pedra, que potencializam a ocorrência de reações 
de natureza alcali-agregado.
Um bom exemplo de medida de intervenção 
bem planejada, compatível e eficiente pode ser 
dado através do caso do Castelo de Guimarães 
(Figura 11), em que uma das oito torres do castelo 
apresentou abertura de fissuras, essencialmente 
nas juntas, em forma de V, com o vértice na base 
do cunhal. Esta torre se assentava sobre um 
maciço rochoso, que, devido o descalçamento de seu 
entorno e cortes realizados no sentido vertical, com 
aparente redução do volume original do maciço, 
teve um acréscimo nas tensões de compressão, em 
consequência do próprio peso da torre, e sofreu 
esmagamento, resultando no surgimento da 
diáclase do maciço, que corresponde ao sentido de 
abertura das fissuras evidenciadas na torre.
Hiago
Destacar
Hiago
Destacar
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16 Boletín Técnico 11
Figura 11. Torre do Castelo de Guimarães com evidência da fratura e detalhe da medida de reforço utilizada. 
(Fonte: FONSECA, 2008).
Desse modo, após a identificação da origem 
principal dos danos observados, a medida de 
intervenção realizada centrou-se na consolidação 
do maciço através de pregagens (Figura 11), e 
ainda, recolocação de rochas na base dos maciços, 
a fim de atenuar a formação de fluxos de água. 
Em zonas em que evidenciou-se a desagregação da 
rocha, efetivou-se a aplicação de injeções de uma 
paste consolidante. Em paralelo a estas medidas, 
um sistema de monitorização foi instalado na torre 
para que os deslocamentos (em virtude da abertura 
das fissuras) fossem observados.
Após a constatação de que os movimentos da 
torre haviam cessados, optou-se pela realização 
de um preenchimento das juntas com argamassa 
de cal e continuação da monitorização, a fim de se 
verificar futuros deslocamentos.
Assim como mencionado no item 3.6, é 
aconselhável que durante o processo de escolha 
sobre qual método de reforço deve ser aplicado, o 
efeito deste reforço no funcionamento da estrutura 
deve ser avaliado previamente, e escolhido de 
acordo com a compatibilidade com as características 
da CH, de modo a não descaracterizá-la.
4. Considerações finais
O Boletim Técnico - Caracterização, avaliação e 
recuperação estrutural de construções históricas – 
apresentado neste documento, apresenta uma série 
de recomendações que devem ser observadas no 
âmbito da aplicação em CH.
Uma metodologia de avaliação estrutural 
para CH com recurso a utilização de métodos de 
monitorização é proposta neste documento. De 
modo geral, são intercalados casos de estudos, 
desenvolvidos no percurso do trabalho realizado 
no Instituto da Construção-FEUP, ao longo da 
descrição da metodologia proposta, como forma 
de melhor exemplificar sua aplicabilidade. É 
valido ressaltar que a metodologia aqui proposta 
distingue-se dos métodos de avaliação já descritos 
na literatura através de sua abordagem totalmente 
focada para os casos de CH.
Espera-se que as recomendações descritas neste 
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções históricas
 Esequiel Mesquita , Esmeralda Paupério , António Arêde and Humberto Varum 17
boletim possam vir de encontro às necessidades de 
implementação do estado atual da literatura na 
área da conservação e manutenção do patrimônio, e 
ainda, que sirvam de base para o desenvolvimento de 
casos de estudos e trabalhos no âmbito da avaliação 
estrutural das CH, tornando as abordagens mais 
assertivas e eficientes.
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BT 11 – Esequiel Mesquita, Esmeralda Paupério, 
António Arêde & Humberto Varum
Caracterización, evaluación y recuperación estructural de 
edificios históricosl
Caracterização, avaliação e recuperação estrutural de construções 
históricas
Characterization, evaluation and structural recovery of historic 
buildings
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