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A Crise - Cópia


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A Crise 
 
 
 
Título original: The crisis; or, hope and fear 
balanced, in reference to the present situation 
of the country 
 
 
 
 
Por John Angell James (1785-1859) 
 
Traduzido, Adaptado e 
Editado por Silvio Dutra 
 
 
 
 
Abr/2017 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 J27 
 James, John Angell – 1785;1859 
 A Crise / John Angell James. 
 Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de 
 Janeiro, 2017. 
 71p.; 14,8 x 21cm 
 Título original: The crisis; or, hope and fear balanced, in 
 reference to the present situation of the country 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, 
 Silvio Dutra I. Título 
 CDD 230 
 
3 
 
 
 
 
 
Em sua autobiografia, Spurgeon escreveu: 
 "Em uma primeira parte de meu ministério, 
enquanto era apenas um menino, fui tomado 
por um intenso desejo de ouvir o Sr. John 
Angell James, e, apesar de minhas finanças 
serem um pouco escassas, realizei uma 
peregrinação a Birmingham apenas com esse 
objetivo em vista. Eu o ouvi proferir uma 
palestra à noite, em sua grande sacristia, sobre 
aquele precioso texto, "Estais perfeitos nEle." O 
aroma daquele sermão muito doce permanece 
comigo até hoje, e nunca vou ler a passagem 
sem associar com ela os enunciados tranquilos 
e sinceros daquele eminente homem de Deus ." 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Introdução pelo Tradutor: 
John Angell James escreveu este tratado em 
novembro de 1819, ano que testemunhou uma 
grande crise econômica global. 
Em maio deste mesmo ano nascia aquela que seria a 
futura rainha Vitória, e que reinou de 1837 a 1901. 
No período da escrita reinava como príncipe regente 
Jorge IV, sobre quem encontramos o seguinte 
registro na Wikipédia: 
Jorge IV (Londres, 12 de agosto de 1762 – Windsor, 26 de 
junho de 1830) foi o Rei do Reino Unido e Hanôver de 29 de 
janeiro de 1820 até sua morte. De 1811 até sua ascensão 
foi Príncipe Regente durante a doença mental de seu 
pai Jorge III. 
Jorge teve uma vida extravagante que contribuiu para a 
moda durante o Período da Regência, sendo o patrono de 
muitas formas de prazer, estilo e gosto. Tinha uma relação 
ruim com o pai, acumulou grandes dívidas e teve várias 
amantes, com a principal e mais duradoura sendo Maria 
Fitzherbert. Ele foi forçado a se casar em 1795 com sua 
prima Carolina de Brunsvique; os dois não gostavam um do 
outro e se separaram pouco depois do nascimento de sua 
filha Carlota de Gales no ano seguinte. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Londres
https://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_agosto
https://pt.wikipedia.org/wiki/1762
https://pt.wikipedia.org/wiki/Windsor_(Berkshire)
https://pt.wikipedia.org/wiki/26_de_junho
https://pt.wikipedia.org/wiki/26_de_junho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1830
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_monarcas_brit%C3%A2nicos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_reis_de_Han%C3%B4ver
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_III_do_Reino_Unido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reg%C3%AAncia_Brit%C3%A2nica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Fitzherbert
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Fitzherbert
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carolina_de_Brunsvique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlota_de_Gales
5 
 
Robert Jenkinson, 2.º Conde de Liverpool, controlou o 
governo como primeiro-ministro durante a maior parte de 
sua regência e reinado. Os governos de Jorge, mesmo 
recebendo pouco apoio do rei, presidiram a vitória 
nas Guerras Napoleônicas, negociaram um acordo de paz e 
tentaram lidar com o mal-estar econômico e social que se 
seguiu. Ele teve de aceitar George Canning como primeiro-
ministro, além de desistir de sua oposição à emancipação 
católica. 
Seu charme e cultura lhe valeram o título de "o primeiro 
cavalheiro da Inglaterra", porém suas relações com Jorge III 
e Carolina, e seu jeito devasso, lhe renderam o desprezo do 
povo e diminuiu o prestígio da monarquia. Contribuintes 
ficaram furiosos com seus gastos desnecessários em 
tempos de guerra. Jorge não proporcionou uma liderança 
nacional em uma época de crise, também não atuando 
como um modelo para seu povo. Ministros avaliavam seu 
comportamento como egoísta, não confiável e 
irresponsável. 
Muito da condição de devassidão moral que varria a 
Inglaterra foi revertido pelos avivamentos havidos 
naquela nação com os irmãos Wesley e George 
Whitefield na segunda metade do século XVIII. Para 
isto, muito contribuiu o legado dos puritanos 
naquela nação, que haviam deixado uma boa 
influência relativa ao evangelho verdadeiro, vindo a 
se transformar num aroma de vida para a vida 
mesmo em dias distantes. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Jenkinson,_2.%C2%BA_Conde_de_Liverpool
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro-ministro_do_Reino_Unido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Napole%C3%B3nicas
https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Canning
6 
 
Enquanto revoluções estouravam pelo mundo afora 
para a derrubada de monarquias, como por exemplo 
a Francesa, a Inglaterra foi livrada disto pela sua 
rígida formação evangélica, e pela boa influência dos 
avivamentos do Espírito que havia experimentado. 
Temos assim, como sempre, este dualismo: por um 
lado a sociedade em geral submetida à devassidão 
decorrente da corrupção da natureza humana, e por 
outro, aqueles a quem Jesus chama de luz do mundo, 
atuando como luz e sal nesta sociedade corrompida. 
Foi com este pano de fundo que este tratado de John 
Angell James foi escrito, e no qual, ele expressa o seu 
grande temor de que a Inglaterra viesse a 
experimentar grandes juízos de Deus em razão de 
estar testemunhando em seus dias um afastamento 
da boa influência que havia sido deixada pelos 
puritanos e pelos avivamentos do Espírito que aquela 
nação havia experimentado. 
Napoleão havia sido derrotado na Batalha de 
Waterloo em 1814, mas desde meados do século 
XVIII, a Inglaterra figurava como a grande potência 
econômica mundial e isto duraria até a Primeira 
Grande Guerra, quando os Estados Unidos passaram 
a ocupar este lugar. 
Apesar disto, John Angell James não atribuiu à 
Inglaterra a qualificação de nação que estaria sendo 
7 
 
nas mãos de Deus o instrumento da aplicação dos 
Seus juízos sobre o mundo ímpio de então, pois, a par 
das muitas coisas que colocavam aquela nação sob 
privilégios da misericórdia divina, em razão do 
legado de seus pais piedosos, havia muitas outras que 
a colocavam em condições de igualdade com a 
impiedade prevalecente na maior parte das demais 
nações, no que se refere a uma vida de infidelidade a 
Deus e aos Seus mandamentos na sociedade em 
geral. 
Podemos melhor entender esta forma de ação divina 
à luz das seguintes reflexões: 
A muitos pode parecer que Deus desistiu do governo 
da Terra, especialmente a partir dos dias do Novo 
Testamento, pois, temos o testemunho no Velho 
Testamento das suas várias ações tanto para 
estabelecer quanto para derrubar reinos e 
governantes. 
A tal respeito, profecias foram dadas com uma 
grande antecedência quanto à sucessão de reinos na 
Terra, especialmente da Assíria, Babilônia, Pérsia e 
Grécia, muito antes de terem sido estabelecidos 
como grandes impérios mundiais. 
E cada um destes era levantado como o instrumento 
de juízo de Deus sobre as nações ímpias da 
antiguidade, tendo eles próprios recebido também o 
8 
 
devido julgamento no tempo próprio, quando se 
desviaram em grosseira impiedade. 
O que se esquece é que desde que foi dado a Daniel a 
interpretação do sonho que Nabucodonosor tivera da 
grande estátua que representava estes reinos, foi ali 
expressamente afirmado que destes reinos referidos 
anteriormente se levantariaum último (que 
representava os pés da estátua) que seria uma 
mistura de ferro e barro, indicando a firmeza e a 
instabilidade dos poderes que se levantariam no 
mundo a partir dos romanos, mas que 
permaneceriam até que a grande pedra cortada sem 
mãos de uma grande montanha desse sobre os pés da 
estátua e esmiuçasse aqueles poderes em pó. 
Nisto aprendemos que nenhuma intervenção divina 
final seria realizada nos dias do Novo Testamento, 
em dar a um reino poder sobre os demais, nas 
mesmas bases da forma de julgamento dos dias do 
Velho Testamento, em que por exemplo, Babilônia 
foi favorecida para derrotar a Assíria e assumir o 
império mundial em seu lugar, e esta Babilônia viria 
a cair por sua vez diante da Média e da Pérsia. 
A grande pedra, o Senhor Jesus Cristo, virá no tempo 
determinado para julgar todas as nações da terra, e 
Ele reinará para sempre em justiça sobre todas elas. 
9 
 
Cremos que isto é especialmente em razão da grande 
impiedade que impera em todas as nações, e isto 
desqualifica a quaisquer delas, para serem, ainda que 
por breve tempo, o instrumento de juízo do Senhor 
sobre alguma outra nação ou coligação de nações. 
Até porque, os governantes de todas as nações 
estarão coligados nos dias do Anticristo com o único 
propósito de desarraigar o povo santo do mundo, 
perseguindo tanto a crentes como a judeus, em razão 
de sustentarem o testemunho da verdade das 
Escrituras. 
Guerras e ameaças de guerras têm varrido o globo 
desde que nosso Senhor profetizou o princípio das 
dores, e nenhuma destas guerras foi levada a cabo em 
nome da justiça de Deus e do Seu reino, senão para 
fins escusos, mesmo quando foram feitas 
supostamente em Seu nome. 
Se temos que esperar por um reino de justiça e paz 
permanentes e verdadeiros, isto deve ser colocado 
inteiramente na nossa expectação da volta de Jesus, 
pois está registrado nas Escrituras que o governo do 
homem pelo homem, em fundamentos de injustiça, 
somente terá um fim quando o Rei dos reis e Senhor 
dos senhores julgar todos os governantes e nações da 
Terra. 
 
10 
 
A Crise 
“Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se 
apartará do furor da sua ira, de sorte que não 
pereçamos?" (Jonas 3: 9) 
"O Senhor se compraz nos que o temem, nos que 
esperam na sua benignidade." (Salmo 147: 11) 
 
Cada manifestação que Deus fez de sua natureza, 
contém muito que é solene, e muito que é amável; e 
é a glória da Divindade ser simultaneamente 
infinitamente grande e infinitamente bom. Esta 
união do grande e do amável deve ser vista na face da 
natureza, e na administração da Providência; mas é 
mais claramente descoberto nas páginas daquele 
volume inspirado que foi escrito para nos informar, 
em certa medida, o que Deus é. Lá é dito que Deus é 
amor, e que ele é um fogo consumidor; que a 
vingança pertence a ele, e que ele se compraz em 
misericórdia; que anda pelos céus, e é pai dos órfãos, 
e juiz das viúvas; que ele é o alto e elevado que habita 
a eternidade, e habita no lugar santo, e ao mesmo 
tempo faz a sua morada com o homem que é humilde 
e contrito de espírito; que ele é visto contra nós na 
pureza e na equidade das sentenças de sua lei, e 
contudo conosco na pessoa e na obra de seu Filho. 
E como a essência da religião consiste no exercício de 
disposições adequadas a este grande e bendito Deus, 
11 
 
e nenhuma disposição pode ser adequada, senão a 
que corresponde à revelação inteira que ele fez de sua 
natureza, o espírito de verdadeira piedade é 
igualmente removido de uma presunção desonesta, 
por um lado, e do desespero servil, por outro, e 
aparece em seu verdadeiro caráter apenas quando 
visto na união do temor santo e da confiança 
humilde. 
Nossas razões de medo são incalculavelmente 
aumentadas pela consciência de nossa culpa e não 
deixam espaço para qualquer esperança, exceto 
aquela que se baseia exclusivamente na promessa de 
misericórdia por meio de Jesus Cristo. Todavia, Deus 
tem sido graciosamente satisfeito por declarar que se 
deleita com aqueles que o temem e esperam na sua 
misericórdia, isto é, que são objetos de sua 
consideração peculiar e infinita. Estas disposições 
piedosas devem ser constantemente exercidas em 
relação aos nossos interesses espirituais. Devemos 
manter uma santa reverência pela majestade de 
Deus, e todo humilde deleite em sua misericórdia; 
um medo do desgosto contra o pecado e uma alegre 
esperança de perdão através da mediação de Cristo; 
um receio salutar de que não caiamos em tentação e 
uma confiança viva na graça de Deus para nos livrar 
dela; uma profunda solicitude para que não sejamos 
destituídos de glória eterna, acompanhado de uma 
tranquila expectativa de que seremos "mantidos pelo 
poder de Deus pela fé para a salvação". 
12 
 
"Nosso país" é um termo de importação amplo e mais 
cativante. A poesia cantou seus encantos, o 
patriotismo foi inspirado por eles, e a piedade os 
consagrou. "Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, 
esqueça-se a minha destra da sua destreza. Apegue-
se-me a língua ao céu da boca, se não me lembrar de 
ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior 
alegria." O amor de nosso país não é uma mera 
paixão cavalheiresca e romântica, mas um dos mais 
nobres sentimentos que podem honrar o homem 
como membro da sociedade civil. É na comunidade 
racional que se baseia a grande lei da atração no 
mundo da natureza. Como isso faz com que as partes 
de corpos individuais ajam em conjunto, e ao mesmo 
tempo equilibrem e regulem seus lugares e 
movimentos nas órbitas que formam o universo; 
assim também este sentimento generoso preserva a 
identidade de reinos particulares e impede que os 
elementos da sociedade se afundem na confusão 
agitada de um caos geral ou sejam dispersos como 
por uma força centrífuga em todas as direções 
possíveis. Este é o fundamento das virtudes públicas, 
e uma fonte principal de prosperidade pública. 
O amor de nosso país nos fará viver para seu bem-
estar; produzirá uma profunda solicitude quando 
esse bem-estar em perigo ou suspense; far-nos-á 
ansiosos para conhecer as razões que existem para a 
esperança e o temor em relação a eles, que, se 
possível, podemos multiplicar os do primeiro tipo, e 
13 
 
diminuir o último. O projeto do seguinte discurso é 
mostrar o que há para o temor quanto à intenção da 
Divina Providência no que nos concerne, e quais são 
os fundamentos da esperança. 
I. Eu devo exibir fielmente o que parece-me ser 
motivos suficientes para apreender que Deus pode 
ainda visitar esta nação com seu justo 
descontentamento. Em tempos santos e mais 
prósperos do que aqueles sobre os quais caímos, nos 
tornaria doentes adotar a linguagem congratulatória 
da Babilônia no dia de sua prosperidade e no auge de 
sua grandeza: "Sento-me como rainha; não uma 
viúva, e nunca verei a dor." As expectativas de 
tranquilidade imperturbável e prosperidade 
ininterrupta, em um mundo como este, descansando, 
como eles devem fazer, em ignorância ou orgulho, 
são muitas vezes o prelúdio de um reverso 
melancólico, a calma enganadora antes da 
tempestade. Muito menos estamos autorizados a 
satisfazer, nas circunstâncias atuais, a esperança de 
isenção da calamidade nacional. É verdade, que não 
estamos envolvidos em guerra duvidosa com 
qualquer inimigo estrangeiro; nenhum alarme de 
invasão está circulando pela terra, e a peste e a fome 
estão à distância. Mas são estes os únicos males que 
o poder de Deus pode empregar para flagelar uma 
nação culpada? Não pode ele encontrar dentro de 
nossas próprias costas os ingredientes de nossa 
maldição, e reabastecer com eles os frascos de sua 
14 
 
ira, e derramá-los sobre nós em um tempo de 
tranquilidade externa? Não é toda mente agora 
agitada pelo medo, e nem todos os olhos parecem ver 
o equilíbrio de nosso destino tremendo na mão da 
Onipotência? E não há justos motivospara tais 
medos? 
1. Considere a soberania que Deus exerce na 
disposição das fortunas tanto dos Estados como dos 
indivíduos. "Ele faz a sua vontade entre os exércitos 
celestiais, e entre os moradores da terra: o seu reino 
domina sobre todos, toma reis e os abate como lhe 
agrada e dá o reino a quem quiser". As coroas da 
terra, assim como seus escudos, pertencem ao 
Senhor. Impressionante e humilhante era a sua 
linguagem para o antigo Israel: "Ó casa de Israel, não 
posso fazer contigo como o oleiro, diz o Senhor. Eis 
que, como o barro está na mão do oleiro de Israel." 
Dependemos de tudo o que constitui grandeza 
nacional, prosperidade e felicidade, inteiramente 
sobre a vontade de Deus, e (o que é ainda mais 
impressionante) dependemos para tudo da sua 
misericórdia. Somos devedores de tudo o que 
possuímos. Ele pode lançar-nos para baixo sem 
injustiça, e enquanto os gemidos da nossa 
humilhação estavam subindo, dez mil testemunhas 
imparciais exclamariam: "Justos são os teus juízos, 
Senhor Deus Todo-poderoso!" Não existe um único 
artigo sobre o qual possamos exercer um poder tão 
ilimitado, como o de Deus sobre nós. Certamente 
15 
 
essa visão de nossa dependência de um Ser a cujo 
poder não podemos resistir e cujos propósitos sobre 
nós são totalmente desconhecidos deve excitar em 
nós, em todos os momentos, uma disposição muito 
remota da segurança sem medo. 
2. Nossas transgressões nacionais são suficientes 
para produzir apreensões muito dolorosas. Estou 
ciente de que as declamações contra os vícios dos 
tempos foram praticadas e desprezadas em todos os 
tempos. É lamentável que tal tópico seja necessário, 
e ainda mais lamentável que ele deve ser 
desconsiderado quando for necessário. É a última 
etapa no processo de endurecimento da iniquidade, 
quando o transgressor ou rejeita com desprezo, ou 
recebe com indiferença as palavras do fiel 
reprovador. Que este sintoma de uma consciência 
cauterizada nunca seja visto no caso de meus 
compatriotas! Ao falar dos pecados da nação, não vou 
estabelecer uma comparação entre o presente e 
qualquer época passada de sua história, muito menos 
entre sua própria condição moral e a dos países 
vizinhos. Comparações desse tipo raramente são 
usadas, senão com a finalidade de coletar 
combustível para nosso orgulho, ou desculpar nossos 
pecados. Além de uma decisão em tais casos, onde a 
operação do motivo, a medida da luz e o grau de 
assistência; devem ser tomados em conta, é um 
trabalho muito difícil para qualquer mente, exceto 
para a do Onisciente. Tome o caso de forma abstrata 
16 
 
e diga se não somos "um povo carregado de 
iniquidade, filhos corruptos, uma semente de 
malfeitores". "O transbordamento da iniquidade 
pode muito bem nos fazer temer." Onde o olho do 
observador cristão descansará, e não haverá motivo 
para confissão, tristeza e reforma? 
Não há pecados escritos pela própria pena da 
legislatura em meio aos registros de nossas leis, sobre 
as quais o olho de Deus olha para baixo com 
desagrado? O jogo não é legalizado no sistema de 
loterias? A instituição sagrada da Ceia do Senhor não 
é abusada, degradada, profanada, transformada 
pelas leis em uma qualificação para cargos seculares? 
Não é a solenidade de um juramento convertido em 
uma espécie de juramento profano, por sua repetição 
nas ocasiões mais triviais, por todos os 
departamentos da receita? Não há nada em nosso 
código penal que precise de revisão e correção, para 
tornar a nossa jurisprudência eficaz na prevenção, 
bem como na punição do crime? Quando a voz da 
razão e da revelação será ouvida, e a legislatura terá 
aquele "entendimento rápido no temor do Senhor", 
que os moverá com sã indignação para expurgar 
essas manchas do livro do estatuto? 
Os pecados do povo, e apenas esses são pecados 
nacionais, requerem atenção mais particular. 
"Considerar os pecados nacionais como meramente 
compreendendo os vícios dos governantes, ou as 
17 
 
iniquidades toleradas pela lei", diz um escritor muito 
eloquente, "é colocar os deveres de uma época como 
esta em uma luz muito adversa e muito inadequada. 
É fazê-los prejudiciais, pois, segundo este princípio, 
é nosso principal negócio, nessas ocasiões, atacarmos 
aqueles a quem somos ordenados a obedecer, a 
descortinar os abusos públicos e a sustentar o ódio e 
a abominação das supostas desvantagens do governo 
sob o qual somos colocados, até que ponto tal 
conduta tende a promover aquele coração 
quebrantado e contrito, que é o melhor sacrifício do 
céu, não requer grande sagacidade para descobrir. É, 
além disso, exibir uma visão muito inadequada dos 
deveres desta época, porque limita a humilhação e a 
confissão a um mero escândalo dos pecados que 
poluem uma nação." 
(Nota do tradutor: esta observação está cheia de 
verdade porque quando maus governantes e líderes 
se levantam em todos os rincões da nação, isto é 
muito sintomático de um juízo divino sobre o 
proceder pecaminoso generalizado do próprio povo. 
Os governantes e líderes são apenas, em muitos 
casos, o reflexo do povo que eles governam, sendo 
ambos culpados aos olhos do Senhor.) 
* Veja o Sermão do Sr. Hall, intitulado "Sentimentos 
próprios da crise atual", pregado em 19 de outubro de 
1803, que, além da eloquência transcendente da 
peroração, contém tanto o que é apropriado ao 
18 
 
tempo e às circunstâncias em que vivemos , que sua 
leitura e circulação não podem ser muito 
calorosamente promovidas por todos os amantes de 
seu país. 
À frente de nossas transgressões nacionais, e como 
causa de muitas que depois serão enumeradas, deve-
se colocar um triste lamento em relação aos deveres 
que vinculam um povo colocado sob a mais brilhante 
dispensação de misericórdia, com a qual Deus 
sempre abençoou um mundo pecaminoso. Se lermos 
as Escrituras, veremos que a maior responsabilidade 
se atribui àquela nação a quem "é enviada a palavra 
da salvação, o evangelho glorioso do Deus bendito". 
É o clímax dos privilégios nacionais "conhecer o som 
alegre". Parece, pois, mesmo de um levantamento 
geral do povo deste país que eles estão tornando o 
conhecimento de Cristo "um aroma de vida para 
vida"? Não é fato que as doutrinas peculiares do 
cristianismo, encarnadas e expressadas no termo 
apropriado de "religião evangélica", sejam por 
multidões negligenciadas, por muitos opostas e por 
muitos ridicularizadas? Por que para uma grande 
parte da comunidade é a totalidade da religião 
resolvida em um mero cumprimento de algumas 
observâncias cerimoniais, à negligência total da 
religião do coração; de modo que, embora muitos não 
respeitem mesmo as formas de piedade, outros estão 
satisfeitos com as meros formas! Que lamentável 
miséria vemos ao nosso redor daquela religião que 
19 
 
começa na profunda convicção do pecado, intensa 
solicitude pela salvação eterna, tristeza piedosa que 
opera arrependimento, humildade evangélica, 
crença em Cristo para justificação; e que, quando 
assim iniciada, é levada a cabo pela crucificação das 
afeições e desejos da carne, e a sujeição de todo o 
coração e da conduta à lei de Deus, a espiritualidade 
da mente, a conquista do mundo pela fé, as coisas 
invisíveis e eternas, as coisas vistas e temporais, a 
comunhão com as realidades invisíveis, a preparação 
para as glórias celestiais, a devoção no quarto de 
oração, a religião familiar, o culto público; e que se 
deleita com a verdade, a justiça, a mansidão, a 
temperança, o amor fraternal; fazer o bem a todos os 
homens, e brilhar como uma luz no mundo! Vemos 
tal religião como esta sendo abundante? E o que 
menos do que isso é a religião do Novo Testamento? 
A negligência das realidades eternas parece-me ser 
um dos pecados de nosso país. Não foi isso que 
obteve a sentença de morte da Judeia? Ela não sabia 
o dia de sua visitação; e como escaparemos se 
negligenciarmos tão grande salvação?À negligência da piedade devemos acrescentar a 
prevalência da IMORALIDADE. Quão geral é a 
embriaguez, esse vício bestial que escraviza a mente 
ao corpo, enquanto consome o corpo como no fogo 
líquido! Quão solene é o pensamento de que as 
dádivas da providência divina devem ser assim 
convertidas no meio de transgredir contra o seu 
20 
 
Autor e que os produtos da natureza devem ser 
convertidos em instrumentos de rebelião contra o 
seu Criador! 
Chocantemente comum é o juramento profano! Uma 
mancha terrível de impiedade atravessa a conversa 
diária de miríades de ricos e pobres. Muitas vezes foi 
dito que, em nenhuma nação sob o céu, a profanação 
dos termos sagrados é tão comum como na 
Inglaterra. Este pecado não tem sequer a desculpa 
frágil da gratificação sensual para pleitear em seu 
nome, e parece inventado sem outra finalidade do 
que dar expressão e efeito às paixões de inimizade, 
malícia e vingança. É uma tentativa ímpia, embora 
impotente, de perseguir o fogo da justiça incensada, 
de agarrar e lançar aqueles raios da vingança divina, 
que não devem ser contemplados senão com temor e 
tremor. 
A prostituição feminina foi cada vez mais 
incrivelmente cometida, ou mais extensamente 
estendida do que neste dia. Que enxames de criaturas 
miseráveis rastejam de seus lugares escondidos na 
hora da escuridão para infestar nossas ruas, e 
espalhar suas labutas para suas vítimas muito 
dispostas. Calcula-se que só Londres contém 
cinquenta mil desses miseráveis seres, que subsistem 
total ou parcialmente no salário da iniquidade. "Ó 
vós, que sois de olhos mais puros do que para 
contemplar a iniquidade, que cena de poluição para 
21 
 
vós olhar aberta e perpetuamente!" Os crimes 
cometidos por esta classe quintuplicaram nos 
últimos anos. 
Venho agora à profanação do sábado; naquele dia de 
santo descanso, dado em misericórdia ao homem, de 
imediato para refrescar o seu corpo, usado com 
esforço, e ajudar a sua alma na busca da salvação. 
Como são as horas preciosas deste dia desperdiçadas 
em recreação, negócios e viagens! É provável que 
nesta cidade, para não ir mais longe por um exemplo, 
não mais de metade da população, que são impedidos 
por nenhuma causa incontrolável, assistem às 
solenidades do culto público. Pode-se dizer em 
resposta a isso, que não há acomodação suficiente 
para os habitantes. Mas todos os nossos locais de 
culto estão lotados em excesso? Nossa igreja e os 
introdutores de reuniões estão cansados em todos os 
casos de pedidos de lugares e bancos? Não é 
manifesto que dezenas de milhares em Birmingham 
não vão a nenhum lugar de adoração no sábado, 
apenas por inclinação? Com mais força e 
propriedade, esta observação se aplicará à 
metrópole, de onde se verão miríades todos os 
sábados pela manhã, saindo pelas suas diferentes 
avenidas para um dia de prazer e recreação no país; 
que passam pelas portas convidativas do santuário 
com um sorriso desdenhoso sobre aqueles que se 
apressam a comparecer diante de Deus em Sião. 
Onde há uma demanda de acomodação (pelo menos 
22 
 
é assim entre os dissidentes), geralmente é 
encontrada generosidade suficiente, a qualquer 
custo, para fornecê-lo. É de se temer que o primeiro 
dia da semana seja dedicado por uma grande parte 
da parte comercial da comunidade às viagens de 
negócios; pelos ricos para viagens de prazer; e pelos 
pobres aos hábitos de indolência. Quem pode ajudar 
o luto em segredo para os jogos, festas e concertos 
particulares, que são dados nos círculos de alta vida 
na moda naquele dia que é ordenado por Deus para 
ser mantido santo? Seria bom se muitos que são altos 
e longos em suas declamações contra o crescimento 
da sedição e impiedade, não desconsiderassem o 
sábado, incentivando por seu próprio exemplo o 
crescimento de toda obra má. 
Lamento que a acusação de empregar o sábado para 
o propósito de viajar possa ser trazida com grande 
justiça contra muitos professantes de religião. 
Tornou-se, mesmo entre eles, uma prática muito 
comum voltar para casa de uma viagem no final da 
manhã de domingo, e partir em uma viagem no início 
da noite de domingo. No primeiro caso, o dia inteiro 
é, em certa medida, sacrificado, pois, depois de viajar 
a noite toda, o corpo não está em condições de 
permitir muita edificação à mente; e neste último 
caso, uma parte muito valiosa do dia é perdida para 
fins de piedade. Qualquer parte do dia é menos 
sagrada do que outra? A mesma autoridade não 
ordenou que todas as partes dele fossem mantidas 
23 
 
santas? E que exemplo para o mundo! Estou ciente 
de que a necessidade é por vezes colocada sobre nós 
neste assunto, mas é muito mais frequentemente 
feito por nós. Os cristãos em Otaheite são já neste 
particular os reprovadores dos cristãos na Grã- 
Bretanha, e nós precisaremos logo de um missionário 
dos consoles do mar do sul para nos ensinar como 
observar o sábado! 
Há um modo de mostrar desrespeito a esta 
instituição divina, que tem aumentado muito nos 
últimos anos; quero me referir ao o sacrifício dela 
para a discussão política. Os jornais dominicais são 
uma fonte de mal moral e político, da qual um fluxo 
silencioso de corrupção há muito percorre a terra e 
que tem levado, por meio de cervejarias e clubes 
políticos, a dez mil cabanas, princípios aos quais, 
senão por tais meios, eles teriam sido felizes 
estranhos à hora presente. Mas, não nos admiremos 
nestas coisas, enquanto seus superiores não têm 
nenhum escrúpulo em frequentar as salas de notícias 
públicas, ou ler os jornais em casa. A prática dos 
pobres é apenas a cópia de um quadro que paira 
sobre eles. É inútil dizer a um homem pobre que ele 
não tem direito com um papel no sábado; nós 
devemos mostrar-lhe, por nossa conduta, que 
nenhum de nós tem um direito com ele naquele dia. 
A observância adequada do sábado está tão 
inseparavelmente ligada à moral pública e à piedade, 
que não há maior pecado nacional do que sua 
24 
 
profanação. E se a negligência do sábado se tornar 
infelicidade em geral prevalecente, veremos a 
remoção do último montículo que resiste aos 
transbordamentos da impiedade, por um lado, e as 
inundações da vingança divina, por outro. 
Mencionarei mais uma iniquidade nacional, ou seja, 
uma saída crescente em nossas transações 
comerciais dos princípios da integridade estrita. Na 
verdade, o "princípio", em grande parte, parece ter 
partido, ao mesmo tempo em que chegou a seu lugar 
um sistema de crédito falso, de especulação 
precipitada e ruinosa, de artifício desonesto e 
truques desavergonhados, até que os professos 
discípulos de Jesus estejam imitando as práticas dos 
mais baixos e mais degenerados judeus. 
Espera-se, provavelmente, que eu aluda a dois vícios 
que, embora não sejam nacionais, estão 
comprometidos até certo ponto na nação. Não, 
irmãos, infidelidade e sedição nunca foram, nunca 
confiarei, serem as características dos ingleses. A 
insubordinação às leis e às autoridades do reino 
existe, admito, entre uma parte equivocada e iludida, 
e deve ser excessivamente desagradável à vista 
daquele Grande Ser que deu sua própria sanção 
divina à autoridade e aos arranjos do governo 
humano. "Toda alma esteja sujeita às autoridades 
superiores; porque não há autoridade que não venha 
de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. 
25 
 
Por isso quem resiste à autoridade resiste à 
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si 
mesmos a condenação." (Romanos 13: 1-2). 
A infidelidade, como se tivesse ficado louca por seu 
confinamento nos últimos anos, quebrou sua 
corrente, e com a fúria de um animal selvagem 
violento, se precipitou para a sociedade, proferindo 
seus uivos, enviando horror e consternação diante 
dela, e deixando infecção e morte por trás de si. 
Muitos foram mordidos por seus dentes, que, por sua 
vez, comunicaram o contágio a outros, até que oalcance do mal tenha atingido uma extensão que nós 
estremecemos de contemplar. É, finalmente, 
esperamos, preso. A multidão é posta em guarda; 
sabendo o terrível mal que está no exterior, eles têm 
agarrado as armas da verdade, e vão armados com a 
"espada do Espírito". Para todos os olhos 
observadores, a prevalência de sentimentos infiéis 
tem sido aparente em nossa literatura periódica, 
nossa poesia atual, nossos hábitos comerciais e o 
estado de nossa comunhão social; não tanto na forma 
grosseira e direta que Hume ou Paine 
demonstraram, mas na irreligião prática, no 
desprezo sistemático da revelação divina, no 
desrespeito das instituições religiosas, no ridículo da 
verdadeira piedade e na ausência de toda reverência 
à Palavra de Deus, seja como fonte de instrução ou 
como padrão de caráter. 
26 
 
Tais são uma parte, e somente uma parte dos pecados 
que pesam pesadamente em nosso país; e eles são 
atendidos com peculiar agravamento, por causa das 
misericórdias que temos recebido da mão de Deus. 
Numa época em que a atenção pública está tão atenta 
à nossa aflição nacional, e quando a queixa geral 
parece implicar um estado de calamidade quase 
absoluta, parece-me uma propriedade peculiar trazer 
à tona as muitas misericórdias que ainda nos restam, 
e que, enquanto agravam os nossos pecados, devem 
moderar o nosso descontentamento. Os confortos 
temporais decorrentes de nossas circunstâncias 
locais não são nem poucos nem pequenos. Nosso 
clima é temperado, nosso solo fértil, nossos recursos 
internos como tudo o que constitui riqueza nacional 
e conforto, inesgotável; nossa situação insular 
admirável, tanto para o comércio e defesa; e o 
número, força natural e gênio de nossa população 
muito considerável. Quão felizmente somos 
preservados daquelas solenes visitas que tão 
frequentemente encheram de terror outras terras e 
transformaram os distritos mais populosos e 
florescentes no vale da sombra da morte! 
Nenhum vulcão nos aterroriza com suas erupções e 
submerge nossas cidades debaixo de seus rios de 
lava; nenhum tremor convulsivo do terremoto 
enterra nossa população debaixo das ruínas de suas 
próprias moradas; nenhum furacão carrega a 
27 
 
desolação através de nosso país; a fome nunca enche 
nossos vales com os ossos dos milhares que 
pereceram sob seu reinado; nenhuma pestilência 
atravessa nossa terra, apressando multidões ao 
túmulo, e enchendo tudo que permanece com 
terrores indecifráveis; a guerra, exceto nas formas 
mais atenuadas, não foi vista em nossas praias por 
quase um século e meio; e embora tenhamos sido os 
principais agentes nas cenas incomparáveis de 
derramamento de sangue e miséria que foram 
exibidos neste quarto do mundo durante os últimos 
vinte e cinco anos, ainda temos apenas tomado 
daquele cálice amargo que outros países têm bebido 
muito, senão borras; e enquanto todos os países da 
Europa, além disso, ouviram o ruído confuso do 
guerreiro, e viram roupas enroladas em sangue, só 
ouvimos relatos de longe. 
Nossos privilégios civis ainda não são muito 
grandes? Temos uma constituição que, em teoria, é a 
perfeição da sabedoria política e a admiração do 
mundo; e embora na prática alguns abusos possam 
ter desfigurado sua beleza, e o lapso dos séculos pode 
ter impressionado aqui e ali os sintomas da 
decadência; ainda é, com todas as suas falhas, uma 
estrutura grandiosa e venerável que, acreditamos, à 
mão bruta da violência nunca será permitido assaltá-
la, nem que a influência mais insidiosa da 
prerrogativa seja permitida a pô-la em perigo. Quão 
imparciais são as nossas leis administrativas! A vida 
28 
 
e a propriedade do camponês não são tão seguras 
quanto as do príncipe? Não temos todos nós repouso 
em igual segurança sob a poderosa sombra da lei 
britânica? Que os nossos juízes são fiéis guardiões 
dos direitos de todos os homens, conforme os 
acontecimentos do presente reinado, e 
especialmente dos últimos anos, e mesmo meses, 
incontestavelmente demonstram. 
Nossas misericórdias espirituais são inumeráveis e 
incalculáveis. Quão grande é a bondade de Deus, que, 
neste aspecto, se manifestou através de uma longa 
sucessão de épocas. Há quanto tempo somos 
favorecidos neste país com o "evangelho glorioso do 
Deus bendito". Quase assim que os gentios foram 
admitidos "para serem herdeiros, e do mesmo corpo, 
e participantes da promessa em Cristo", foram os 
habitantes selvagens e idólatras da Grã-Bretanha 
chamados dos sanguinários ritos do druidismo, para 
a igreja do Deus vivo. O nome do primeiro 
missionário cristão em nosso país está perdido na 
obscuridade, mas é universalmente admitido que a 
verdadeira luz brilhou sobre este canto da terra 
quando nações, muito mais perto da fonte da 
iluminação, ainda estavam sentadas na escuridão da 
idolatria. 
Quando o cristianismo foi eclipsado pela densa 
superstição saxônica, foi novamente restaurado, 
embora em menor pureza, por mensageiros de 
29 
 
Roma. Nas idades subsequentes, quando as 
crescentes corrupções do papado, como as nuvens 
sufocantes que João viu saindo do poço sem fundo, 
tinham quase extinto cada raio de luz celestial, a 
estrela da manhã da Reforma surgiu em nossa ilha; 
no ministério e nos escritos do imortal Wickliffe, e 
este sinal radiante do dia que se aproximava, foi 
depois seguido pelo esplendor do meio-dia da 
verdade do evangelho. O jugo do Vaticano foi 
arrancado do pescoço da igreja inglesa, quando 
muitas das nações do continente permaneceram 
ainda em cativeiro. Depois de uma terrível luta, na 
qual os amigos da verdade suportaram por cento e 
cinquenta anos de sofrimentos indescritíveis, o mais 
precioso de todos os direitos de uma criatura imortal 
foi conquistado do espírito de intolerância e da 
liberdade religiosa garantida pela lei aos 
descendentes daqueles heróis, que haviam morrido 
por ela na prisão e na fogueira. É nossa misericórdia 
distinta "sentar cada homem debaixo de sua própria 
videira e figueira, e ninguém ousando fazê-lo temer". 
Através do gozo irrestrito dessa bênção, como os 
meios de instrução religiosa foram multiplicados. 
Que multidões de ministros santos, fiéis e laboriosos 
de todas as denominações são continuamente 
empregados na pregação do evangelho da salvação, e 
instando a prática de "tudo o que é verdadeiro, tudo 
o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, 
e que seja de boa fama.” 
30 
 
Se os homens negligenciam a salvação, não é por falta 
de aviso; se eles se extraviam não é por falta de guias; 
se eles pecam contra Deus, não é porque não há 
ninguém para os advertir. Que preocupação 
universal se manifesta pela instrução da geração em 
ascensão! 
Através da prevalência das escolas dominicais, é 
agora uma coisa rara se encontrar com uma pessoa 
com menos de trinta anos, que seja incapaz de ler. 
Quase todos os filhos dos pobres são levados todos os 
sábados a essas instituições, onde são ensinados a ler 
a Palavra de Deus, e conduzidos para ouvi-la sendo 
pregada. 
Além disso, quão geral é a circulação das Escrituras! 
A Sociedade Bíblica emitiu desde a sua formação 
entre dois e três milhões de cópias da Palavra de 
Deus. A Bíblia está na mão de quase todos os 
indivíduos. Sociedades de toda a descrição possível 
foram formadas para difundir o conhecimento 
religioso em cada canto escuro da terra. Comentários 
sobre as Escrituras, tratados de explicação das 
doutrinas do evangelho, sermões que cumprem os 
deveres da revelação, publicações periódicas, em que 
os apelos foram feitos, na forma de ensaios, para a 
compreensão e sentimentos do público; artigos 
religiosos em todas as formas e em números 
impossíveis de contar, todos foram postos em 
circulação; eloquência, gosto, gênio, imaginação; 
31 
 
foram todos empregados para aumentar a influência 
e estender as bênçãos da religião. Que trem de 
misericórdias! 
Ondeestá o país que pode ser comparado com o 
nosso por privilégios espirituais? Pode-se dizer da 
Grã-Bretanha, como antigamente era dos judeus: 
"Deus mostra a Jacó a sua palavra, os seus estatutos 
e os seus juízos a Israel; ele não tem tratado assim 
com nenhuma nação". E com justiça igual pode 
apelar para nós como ele fez com eles, "O que mais 
eu poderia ter feito por meu povo do que eu fiz?" E, 
no entanto, afinal, que abundância de iniquidade! 
Quão infrutíferos estivemos sob toda essa cultura 
espiritual! Até que ponto as gloriosas verdades do 
evangelho cristão são negligenciadas, negadas e 
ridicularizadas! Quão pequena é a porção do 
verdadeiro conhecimento cristão na terra, e quanto 
menos ainda o grau de piedade! Como a iniquidade 
abundou, e o amor de muitos ficou frio! Para formar 
uma estimativa verdadeira de nossa condição moral, 
devemos certamente levar todas as nossas 
misericórdias para a contabilização e calcular o que 
deve ser a gratidão, a piedade e o zelo de um povo tão 
eminentemente distinto. 
3. Como outro motivo de medo, menciono a visão que 
Deus deu de seu caráter na Escritura, juntamente 
com as ameaças que ele denunciou contra o culpado. 
Sua santidade forma um traço conspícuo de seu 
32 
 
caráter, como está delineado na página de inspiração. 
Tal é a sua pureza, "que os próprios céus são 
considerados imundos aos seus olhos". O pecado é a 
única coisa em todo o universo que Deus odeia, e isso 
Ele abomina onde quer que o descubra. Com nosso 
entendimento limitado e fracos poderes de 
percepção moral, é impossível formar uma ideia 
adequada do mal do pecado ou da luz em que é 
contemplado por um Deus cujo entendimento é 
infinito e cuja pureza é imaculada. 
A lei que os homens estão pisando todos os dias, 
igualmente sem consideração, sem razão e sem 
penitência, é mais sagrada aos seus olhos, como a 
emanação e a transcrição de sua própria santidade. 
Ele também é onipresente e onisciente. Não há um 
recanto da terra de onde ele é excluído. De cada cena 
de iniquidade ele é testemunha constante, embora 
invisível. Toda a massa da culpa nacional, com cada 
detalhe minúsculo dela, está sempre diante de seus 
olhos. Sua justiça, que consiste em dar a todos o que 
lhes é devido, deve incliná-lo a punir a iniquidade, e 
seu poder lhe permite fazê-lo. Ele é o governador 
moral das nações, e preocupado em submeter sua 
providência à exibição de seus atributos; e se um 
povo tão altamente favorecido como nós somos, 
apesar de nossos múltiplos pecados, escaparmos sem 
castigo, alguns não estarão prontos a questionar a 
equidade, senão o próprio exercício de sua 
administração? 
33 
 
Suas ameaças contra os ímpios são encontradas em 
quase todas as páginas da Sagrada Escritura. "Desde 
o dia em que foi edificada até agora, esta cidade 
despertou a minha ira, para que eu a remova dos 
meus olhos!" "Se andares contrariamente a mim", 
disse Jeová aos judeus, "eu andarei contra vós". Ao 
mesmo povo declarou em outro tempo: "Se fizerdes 
mal, sereis consumidos, tanto vós como o vosso rei." 
"A sua prata e o seu ouro não poderão resgatá-los no 
dia da ira do Senhor, e toda a terra será consumida 
pelo fogo do seu zelo, porque Ele fará um final 
completo, sim, horrível de todos os habitantes da 
Terra." As ameaças da Bíblia também não são vistas 
à luz de meros terrores irreais, como nuvens e 
tempestades que o lápis do poeta introduziu no 
quadro; as criaturas de sua própria imaginação, e que 
só pretendia excitar a imaginação dos outros. Não, 
irmãos, são realidades solenes, destinadas a operar 
pela sua denúncia como um cheque sobre a tentação; 
para serem suportadas em sua execução como um 
castigo por nossos pecados! 
4. O exemplo que Deus fez de outras nações, pode 
muito bem nos alarmar. Se reinos como tais, são 
sempre punidos por seus pecados, deve ser no 
mundo presente, onde sozinhos eles existem em sua 
forma coletiva. As solenidades do futuro dia do juízo 
destinam-se à humanidade em seus personagens 
pessoais e reais. Todas as associações humanas, 
famílias, igrejas, estados, serão então fundidas em 
34 
 
uma massa geral de indivíduos, e cada homem, em 
meio a milhões em torno de si, será julgado 
separadamente. Se a vara da ira divina repousar 
sempre sobre um corpo coletivo, ela deve estar no 
estado atual das coisas; e a Escritura nos dá muitos 
exemplos em que isso aconteceu. Conservou um 
relato, na história ou na profecia, a queda de quase 
todos os principais impérios, reinos e cidades da 
Antiguidade; e isso, não como uma mera crônica do 
evento, mas como uma grande lição moral para o 
mundo. Ela nos informa cuidadosamente que o 
pecado foi a causa de sua ruína. Não nos deixa chegar 
a esta verdade por qualquer inferência laboriosa e 
duvidosa, mas proclama que as guerras e os cercos, o 
derramamento de sangue e as misérias, que 
terminaram em sua dissolução, devem ser 
considerados por todas as épocas sucessivas como 
uma exposição terrível da má natureza do pecado, 
escrita pelo dedo de Deus sobre a tábua da história 
da terra! 
Visitem, imaginando, meus compatriotas, os lugares 
onde muitas dessas cidades estiveram, e vocês não 
verão mais que o gênio da desolação perseguindo 
como um espectro através da planície, levantando os 
olhos para o céu e exclamando, em meio ao silêncio 
que reina ao redor, "O reino e a nação que não te 
servirem, perecerão completamente". Como você 
está em outros lugares entre os fragmentos de uma 
grandeza que partiu, como suspira através das 
35 
 
ruínas, que parecem dizer, como uma voz do 
sepulcro, "Veja, portanto, e sei que é um mal e uma 
coisa amarga pecar contra o Senhor." 
Como exatamente as ameaças de Deus foram feitas 
aos judeus, embora fossem seu povo escolhido, e a 
semente de Abraão, seu amigo. Quase dezoito séculos 
a ira de Deus brilhou sobre os montes da Judeia, 
como um farol contra a iniquidade; enquanto as 
tribos que uma vez repousaram em honra e paz em 
seus vales frutíferos, estão espalhadas por todas as 
terras como testemunhas vivas da verdade da 
revelação e monumentos vivos dos terrores da justiça 
divina. E as ameaças feitas pelo Filho de Deus a João, 
em sua isolada ilha, contra as sete igrejas da Ásia, não 
foram todas executadas com uma exatidão que rouba 
a todos os pecadores sua última esperança de 
impunidade. Essas lâmpadas estão todas apagadas, o 
castiçal é removido do seu lugar; essas próprias 
cidades, algumas delas, são abandonadas às raposas 
e às corujas; o Evangelho é substituído pelo Alcorão; 
o Sol da Justiça se pôs sobre as cenas de trabalho 
apostólico, e em seu lugar o crescente do impostor 
árabe derrama sua pálida luz desastrosa. Diga-me se 
a Grã-Bretanha não merece o mais severo de seus 
destinos, se depois de vê-los descer sucessivamente à 
poeira sob o poder da iniquidade, ela não aceitar a 
advertência e, evitando a causa de sua ruína, evitar a 
sua própria. 
36 
 
5. Podemos olhar para a situação atual do país sem 
entreter as apreensões mais graves? Não é um alarme 
falso que agora soa em nossos ouvidos; todas as 
partes concordam que estamos em uma situação 
mais crítica, da qual nada pode nos livrar, senão uma 
interferência da Providência, que não sabemos como 
descrever ou esperar. Um comércio reduzido quase à 
estagnação, uma lista da bancarrota que aumenta 
continuamente, um crédito declinando, uma carga 
da dívida nacional, e uma tributação quase 
esmagadora, contudo insuficiente para encontrar-se 
com as exigências do estado, um tesouro esgotado, e 
uma administração em uma perda como a rápida 
remoção do capital britânico para ser investido em 
títulos estrangeiros, centenas de milhares de nossa 
população trabalhadora apenas metade empregada 
e, consequentemente, reduzida à maior angústia, 
uma facção inquieta aproveitando as tristezas dos 
pobres, um distrito populoso em um estado quefaz 
fronteira com a insurreição, o Governo fazendo 
usurpações em nossa liberdade, para nos defender da 
anarquia, a divisão de opinião que existe tanto 
quanto às medidas políticas e financeiras que são 
necessárias para nossa segurança, e para concluir, a 
partida esperada desse venerável monarca, que, em 
seu caráter amável, preservou um centro de união 
para o país, e que, embora há muito escondido de 
nossa vida, enviou de sua profunda e afetiva reclusão, 
na lembrança de suas virtudes, uma influência 
plástica, que insensivelmente moldou nossos 
37 
 
corações à lealdade. Com tal imagem diante de 
nossos olhos (e não está muito sombreada), o 
coração mais forte pode tremer, e todos olham 
ansiosamente para o futuro desconhecido, mas 
pressentido. 
II. Mas é tempo de buscar uma fonte de 
CONSOLAÇÃO e de perguntar se não há motivos 
para esperar que o Senhor ainda se levante e tenha 
misericórdia da Grã-Bretanha. Graças a Deus, há 
muitas manchas brilhantes ao longo do horizonte 
escuro para encorajar nossas esperanças de que as 
nuvens ainda serão dispersas, e que seremos 
preservados da tempestade. No que se refere às 
causas secundárias, deposito demasiada confiança 
no bom senso, na lealdade, no patriotismo do povo 
inglês, para imaginar que permitirão que sua 
inviolável constituição seja violentamente derrubada 
pela anarquia, por um lado, ou gradualmente minada 
por tirania do outro. Espero que, se a paz do mundo 
continuar, e especialmente a nossa tranquilidade 
interior, restauraremos nossas dificuldades 
comerciais e financeiras e superaremos a maré de 
nossa prosperidade. Mas nossa expectativa deve ser 
de Deus, afinal. Não devemos confiar em um braço 
de carne, mas no Deus vivo, "que se deleita em 
misericórdia, e não aflige voluntariamente os filhos 
dos homens". Há muitas razões pelas quais devemos 
equilibrar nossos medos com nossas esperanças, das 
quais eu seleciono o seguinte. 
38 
 
1. A longa série de libertações que Deus tem feito para 
este país. Nós, de fato, sempre fomos o berço da sua 
Providência; os registros de nossa história estão 
repletos de instâncias de interposição divina em 
nosso favor. Além da nossa emancipação precoce, 
primeiro, do jugo da idolatria e depois do domínio do 
Papado, que libertações de cada um temos 
experimentado posteriormente! 
Desde a Reforma até a Revolução, foram feitos 
esforços incessantes para roubar o país de seus mais 
valiosos privilégios, da tirania civil, por um lado, e da 
usurpação eclesiástica, por outro. Tornou-se quase 
obsoleto agora falar da Armada Espanhola e da 
trama da pólvora, mas nem esses esquemas 
profundos contra a religião protestante, nem os 
projetos igualmente malignos dos Reis Stuart contra 
a nossa liberdade civil, deveriam ser permitidos 
afundar no esquecimento. Nós merecemos todos os 
terrores que esses eventos produziram na mente de 
nossos antepassados, se permitirmos que a memória 
deles pereça. Voltemos, muitas vezes, àquela época 
ilustre, quando nosso misericordioso Deus salvou a 
Grã-Bretanha da escravidão à qual seu monarca 
enfatuado a estava conduzindo e, tendo-o banido 
como um pária do país, nos deu em lugar dele aquele 
ilustre Príncipe, que ascendeu ao trono vago, como 
com a declaração de direitos em uma mão e o ato de 
tolerância na outra. As rebeliões de 1545, em favor do 
Pretendente, são raramente pensadas por nós, mas 
39 
 
fizeram nossos antepassados temerem para a 
segurança de tudo que era caro a eles. 
Para chegar aos nossos tempos, quem pode esquecer 
os alarmes que atravessamos desde a Revolução 
Francesa? Nunca teve este país, desde o período da 
Conquista, tal luta pela sua existência como um reino 
independente. Um inimigo surgiu cujo poder num 
momento parecia quase tão ilimitado como sua 
ambição, enquanto ambos juntos estavam dirigindo 
seus esforços extremos contra nós. Como Hamã, que 
considerava todas as suas honras, mas como nada 
enquanto Mordecai não fosse humilhado, ele 
considerava todas as suas conquistas com 
insatisfação enquanto a Inglaterra era livre. Ao 
subjugar o resto da Europa, ele parecia não ter outro 
objeto senão convertê-la em um imenso armazém, do 
qual recolher os materiais de nossa ruína. Vimos o 
seu progresso com consternação, e como ele quebrou 
o poder de um estado após outro, e vimos o mal se 
aproximando cada vez mais perto de nossas próprias 
costas. A libertação, no entanto, chegou finalmente, 
e de uma maneira que mostrou que era inteiramente 
de Deus. "Ele envia o seu mandamento pela terra; a 
sua palavra corre mui velozmente. Ele dá a neve 
como lã, esparge a geada como cinza, e lança o seu 
gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio? 
Manda a sua palavra, e os derrete; faz soprar o vento, 
e correm as águas; ele revela a sua palavra a Jacó, os 
seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez 
40 
 
assim a nenhuma das outras nações; e, quanto às 
suas ordenanças, elas não as conhecem. Louvai ao 
Senhor!” (Salmos 147: 15-20). 
Ele soltou sobre nosso antagonista todos os terrores 
e forças do inverno; ele fez dos elementos nossos 
aliados, e derramou sobre ele o granizo e a neve que 
"ele tinha reservado para o tempo de angústia, para 
o dia da batalha e da guerra". Não foi por força 
humana nem pelo poder, tanto quanto pela ação do 
Senhor, que o orgulho da França foi humilhado, e 
nossa própria libertação efetuada. "Foi obra do 
Senhor, e é maravilhosa aos nossos olhos." 
Finalmente, porém, o inimigo poderoso foi 
completamente subjugado pela instrumentalidade 
desse reino, que ele tão frequentemente ameaçara 
aniquilar, e foi abandonado na ilha de Santa Helena, 
e deixado a ser presa de suas próprias reflexões. 
Ora, embora não possamos concluir 
peremptoriamente sobre o que Deus tem feito; que 
ele continuará a fazer o mesmo, especialmente 
porque nós merecemos tão pouco. No entanto, 
podemos imitar a conduta do salmista e, no meio de 
nossas dificuldades, "lembrarmo-nos dos anos da 
destra do Altíssimo". Casos de libertação do passado 
ilustram o poder e a misericórdia de Jeová; e nos 
encorajam a confiar em ambos. Quantas vezes os 
israelitas se dirigiram a fortalecer a sua confiança no 
Senhor, olhando para trás em todo o caminho em que 
41 
 
ele os tinha levado através do deserto; e para provar 
por novos atos de livramento, que seu braço não foi 
encurtado, nem seu ouvido se tornou pesado. O 
primeiro dever que devemos a Deus ao receber um 
favor é ser grato; a seguir, deduzir dele um motivo 
para confiar nele para o futuro. A piedosa sugestão 
de uma mulher israelita pode provavelmente ser 
aplicada, sem presunção, ao nosso caso como nação: 
"Se o Senhor quisesse nos matar, ele não teria 
recebido uma oferta queimada em nossas mãos, nem 
teria mostrado todas essas coisas." 
2. O número de verdadeiros cristãos na terra é um 
agradável e forte campo de esperança. Em meio à 
abundância da iniquidade, graças a Deus, não 
descobrimos um grau pequeno de piedade genuína. 
Provavelmente não há sobre a superfície do globo um 
lugar onde, dentro dos mesmos limites, se encontrem 
tantos daqueles a quem "a graça que traz a salvação, 
ensinou a viver sóbria, justa e piedosa neste presente 
mundo mau." Referindo-nos às Escrituras, 
aprendemos este sentimento importante, que Deus 
frequentemente confere favores ao culpado por causa 
dos justos. Em alguns casos, os juízos divinos teriam 
sido totalmente evitados de sobre um povo, se 
houvesse entre eles um pequeno número de amigos 
de Deus. Ele teria poupado Sodoma por causa de dez 
justos, e disse em séculos posteriores a Jeremias: 
"Corra de um lado para outro pelas ruas de 
Jerusalém, olhe e observe! Procure nas suas esquinas 
42 
 
para ver se consegue encontrar um homem, um que 
faça justiça e busque a verdade, para que eu possa 
perdoá-la ." (Jeremias 5: 1). 
Às vezes a ira de Deus foi adiada porcausa dos justos. 
Havia paz nos dias de Ezequias, ainda que tempos 
terríveis viessem. A Josias foi prometido que ele iria 
para o túmulo em tranquilidade, e não veria o mal 
que estava por vir sobre a Judeia. A vingança do 
Altíssimo é frequentemente atenuada, e encurtada 
em sua duração; por conta dos piedosos. "Por causa 
dos eleitos", disse Cristo, ao referir-se a tempos de 
grande tribulação, "esses dias serão encurtados". Em 
um caso, encontramos um país liberto dos horrores 
da invasão e do pavor da subjugação iminente, por 
consideração a um santo que estava morto há quase 
três séculos. "Porque eu vou defender esta cidade 
para salvá-la", disse Jeová, quando Jerusalém foi 
ameaçada pelo exército assírio sob Senaqueribe, "por 
minha causa e por causa do meu servo Davi". 
Os favores temporais foram conferidos a algumas 
pessoas por puro respeito aos santos indivíduos com 
os quais estavam conectados. Labão prosperou 
porque Jacó estava a seu serviço, e o Senhor 
abençoou a casa do egípcio por amor de José. E em 
quantos casos as bênçãos espirituais foram mantidas 
em cidades, vilas e aldeias, por causa daqueles que 
tinham piedade suficiente para valorizá-los e 
usufruí-los. Quando Paulo teria partido de Corinto, 
43 
 
ele foi detido ali por uma revelação de Deus para este 
efeito, "Eu tenho muitas pessoas nesta cidade". Esses 
são exemplos suficientes para estabelecer a verdade 
do princípio geral, de que os ímpios são muitas vezes 
abençoados por causa dos justos, e para garantir a 
crença de que se pudéssemos perscrutar os segredos 
do governo divino, ficaríamos espantados ao 
descobrir uma influência extensa que os amigos do 
céu possuíram nos arranjos da providência e nos 
destinos das nações. Também não é difícil atribuir os 
fundamentos do presente processo. Não é um 
testemunho público suportado por Jeová de seu 
amor por seu povo e sua aprovação de seus 
princípios? Nada é mais comum entre os homens do 
que conferir um favor a um estranho, ou um inimigo, 
por causa de um amigo; nem sentimos nada para ser 
um sinal mais forte de respeito, do que uma bondade 
mostrada a outro por nossa conta. Nesse princípio, o 
Senhor age em referência aos justos; são os filhos de 
sua adoção, e os favoritos de seu coração, a quem 
pedem, e em nome dos quais, às vezes, ele dá seus 
favores aos outros. É assim também que ele honra a 
oração. "Procuro por um homem entre eles", disse ele 
a Ezequiel, "que deve fazer a cerca e ficar na brecha 
diante de mim para a terra, para que eu não a 
destrua." Os justos respondem à descrição que aqui é 
dada, e chegam à requisição do Senhor. Eles estão no 
espaço, através do qual seus julgamentos estão 
chegando sobre a terra, e cercam seu país com uma 
cobertura de orações. Eles levam as calamidades 
44 
 
públicas com eles para o quarto da devoção privada, 
e fazem-no nas épocas da santa reclusão o assunto de 
sua súplica fervorosa ao trono da graça; e como um 
rio que transporta fertilidade e riqueza através de 
uma terra, deve ser rastreado até uma fonte que 
borbulha acima nos recantos escondidos de alguma 
densa floresta, e assim que são muitos os córregos de 
bênçãos nacionais encontrados emanando da câmara 
onde o cristão luta em oração com seu Deus. 
A Escritura nos assegura que "a oração fervorosa e 
eficaz de um homem justo aproveita muito". Parece 
haver uma crença muito forte na mente dos homens 
em geral, que os santos têm "poder com Deus", e um 
interesse considerável na corte do céu. Portanto, 
quando os ímpios estão em circunstâncias de 
angústia, e especialmente quando a morte os olha na 
cara, eles estão mais ansiosos para desfrutar as 
orações dos piedosos; faraó pediu as orações de 
Moisés; e Simão Mago pediu a intercessão de Pedro. 
Os justos têm grande influência no destino de uma 
nação, ao se oporem e restringirem a iniquidade que 
traz os juízos de Deus sobre a terra. Como é o pecado 
de um povo que o deixa aberto à ira; os que desejam 
se livrar da vingança divina devem evitar o pecado. 
Quem são as pessoas que mais impedem o pecado? 
Os piedosos! Eles o repreendem pelo seu 
testemunho, o desprezam com o seu exemplo, o 
reprimem com a sua autoridade. Todo homem santo 
45 
 
é um impedimento para a prevalência universal da 
iniquidade! À medida que a maré da depravação se 
aproxima dele, levando consigo a desolação, ele, na 
verdade, diz-lhe: "Até aqui irás, e não irás mais 
adiante, e aqui as tuas ondas orgulhosas serão 
interrompidas". 
E, além da santidade pessoal, ele se aproveita de 
todos os meios bíblicos e racionais para a supressão 
do vício e do erro. E enquanto os justos, fazendo tudo 
para suprimir a iniquidade, estão diminuindo as 
causas do desagrado divino contra uma terra, eles ao 
mesmo tempo aumentam os objetos e fortalecem os 
fundamentos da amável consideração de Deus, pela 
propagação da verdadeira religião. A piedade vital, 
como qualquer outra coisa viva, contém um princípio 
de disseminação, e seu possuidor nunca mais exibe 
ou goza de sua influência do que quando movido pelo 
desejo filantrópico de estender seus benefícios aos 
outros. Uma preocupação zelosa pela glória de Deus 
e os melhores interesses de seus semelhantes, o 
levam a aproveitar todas as oportunidades 
adequadas para ampliar o domínio e aumentar os 
assuntos da verdadeira religião. Com isso, ele 
multiplica na nação aqueles que são amigos e 
favoritos de Deus, e continua levantando outros ao 
seu redor cujos louvores e piedade estão subindo 
continuamente em nuvens de incenso para o céu e 
retornando novamente sobre a terra "em chuvas de 
bênçãos." 
46 
 
Há ainda outra razão pela qual os justos têm essa 
influência em trazer favores sobre os outros, ou seja, 
para manter uma analogia entre a ordem da 
providência e a doutrina da graça. É o princípio 
peculiar e identificador da dispensação da graça; 
conferir benefícios ao culpado por causa dos justos. 
Deus não "fez Cristo ser pecado por nós, que não 
conheceu pecado, para que sejamos feitos nele a 
justiça de Deus?" Pela justiça de um, o dom gratuito 
veio sobre todos os homens para justificação da vida. 
Pela desobediência do homem muitos foram feitos 
pecadores, assim pela obediência de um muitos serão 
feitos justos. Qual é a salvação do pecador, sobre o 
plano do evangelho, senão dando a vida eterna aos 
ímpios; por causa daquele que era completamente 
santo? Que glória e honra ilimitada conferirá a nosso 
Senhor crucificado, ressuscitado e ascendido, 
quando os santos forem vistos no último dia 
lançando suas coroas a seus pés, reconhecendo com 
gratidão; que foi por causa dele que todos foram 
salvos. Não é então uma analogia impressionante 
que, como os benefícios espirituais e eternos são 
conferidos aos pecadores por causa de Cristo; assim 
os santos são honrados nos arranjos da Divina 
Providência, por terem benefícios temporais 
concedidos por eles ao mundo. Com esta visão da 
influência importante e benéfica difundida pelos 
santos sobre os interesses dos países em que vivem e, 
ao mesmo tempo, lembrando quão grande é o seu 
número nesta terra, não posso deixar de dar uma 
47 
 
agradável esperança na Divina misericórdia, que 
ainda seremos poupados das calamidades que as 
circunstâncias existentes e a apreensão pública 
poderia de outra forma nos levar a esperar. 
(Nota do tradutor: é deveras impressionante a 
eficácia e o poder que somente a obra realizada por 
Jesus em nosso possui para satisfazer plenamente as 
justas exigências da justiça divina quanto à 
condenação relativa ao pecado, pois está escrito que: 
“15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; 
porque, se pela ofensa de um morreram muitos, 
muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de 
um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. 
16 Também não é assim o dom como a ofensa, que 
veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na 
verdade,de uma só ofensa para condenação, mas o 
dom gratuito veio de muitas ofensas para 
justificação. 
17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a 
reinar por esse, muito mais os que recebem a 
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão 
em vida por um só, Jesus Cristo. 
18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o 
juízo sobre todos os homens para condenação, assim 
48 
 
também por um só ato de justiça veio a graça sobre 
todos os homens para justificação e vida. 
19 Porque, assim como pela desobediência de um só 
homem muitos foram constituídos pecadores, assim 
também pela obediência de um muitos serão 
constituídos justos.” (Romanos 5.15-19). 
Aqui se contrasta “muitos” com um “só”. 
Uma só ofensa (a de Adão) trouxe maldição, juízo e 
morte sobre todos. Mas é de tal ordem a graça e o 
dom de Deus para os pecadores arrependidos, que há 
na morte e ressurreição de Cristo, que somente isto 
sem a necessidade de qualquer acréscimo, é 
suficiente para remover a maldição, o juízo e a morte, 
e em seu lugar justificar e dar vida eterna ao que crê. 
Se a desobediência de Adão trouxe condenação e 
morte, e todos se tornaram desobedientes como ele, 
a obediência de Jesus trouxe libertação e vida para 
todos os que nele creem. 
Há então esta bênção divina trazida para muitos, em 
livramentos de juízos divinos imediatos, quando se 
vê a obediência de Jesus sendo expressada na vida 
dos crentes, quando estes andam em santidade de 
vida.) 
3. A grande mudança moral que Deus está nos 
empregando para efetuar no mundo, é outra base de 
49 
 
esperança. O trabalho feito para Deus raramente não 
é recompensado. "Ele não é injusto para esquecer 
nosso trabalho de amor." Ao referir-se ao ato de 
Fineias em matar Zimri e Cozbi, encontramos ele 
usando a seguinte linguagem: "Fineias desviou a 
minha ira dos filhos de Israel, enquanto ele estava 
zeloso por mim entre eles, que eu não os consumi." 
Também somos informados disto no zelo de Josué na 
detecção e execução de Acã, "o Senhor se desviou da 
fúria de sua ira". Há poucas dúvidas de que a piedade 
de Josias em reformar a religião e destruir a idolatria, 
que era tão generalizada na terra, teve uma influência 
considerável em manter fora os juízos do Senhor 
durante sua vida. A Escritura foi ainda mais longe 
disto, ao nos informar que o serviço de um príncipe 
pagão, ao executar os juízos do Senhor sobre seus 
inimigos, embora não fosse movido por nenhum 
outro motivo além de sua própria ambição, não 
passava despercebido ou não recompensado pelo 
Todo-Poderoso. "Filho do homem, Nabucodonosor, 
rei de Babilônia, fez com que o seu exército prestasse 
um grande serviço contra Tiro. Toda cabeça se 
tornou calva, e todo ombro se pelou; contudo não 
houve paga da parte de Tiro para ele, nem para o seu 
exército, pelo serviço que prestou contra ela. 
Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu darei 
a Nabucodonosor, rei de Babilônia, a terra do Egito; 
assim levará ele a multidão dela, como tomará o seu 
despojo e roubará a sua presa; e isso será a paga para 
o seu exército. Como recompensa do serviço que me 
50 
 
prestou, pois trabalhou por mim, eu lhe dei a terra do 
Egito, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 29: 18-20) 
Os atos públicos de zelo, então, para a glória e serviço 
de Deus, prestados a ele na maneira de cumprir seus 
propósitos, parecem ser peculiarmente aceitáveis aos 
olhos de Deus, e muitas vezes derramam sua bênção 
não apenas naqueles por quem são realizados, mas 
também em outras pessoas ligadas a eles. Os 
perversos às vezes são poupados para ajudar os 
justos a realizarem esta obra, como os gibeonitas 
eram reservados para ser cortadores de madeira e 
carregadores de água, para uso da congregação. Essa 
parte das visões apocalípticas é muitas vezes 
realizada, em que a terra foi vista ajudando a mulher. 
Muitos que estão totalmente destituídos de religião 
real podem prestar um serviço essencial à grande 
obra de propagá-la no mundo. Raramente apareceu 
um homem mais perverso do que Henrique VIII, mas 
foi o instrumento da reforma. Ciro, um pagão, soltou 
os cativos do Senhor, para edificar a cidade e o 
templo. Dario, Artaxerxes e Assuero apoiaram 
Daniel, Neemias e Mardoqueu, em seus esforços 
piedosos e zelosos. 
A Inglaterra tem sido por muito tempo um asilo ao 
qual, de todas as terras, os pés dos oprimidos 
dirigiram seu curso para obter proteção, e a que "o 
olho implorante da miséria" foi tirado de quase cada 
cena da miséria humana. Mas, ela não é apenas a 
51 
 
benfeitora das nações, ela sustenta um caráter ainda 
mais alto, mais sagrado e mais importante, pois 
também é seu evangelista. Quando Jeová a colocou 
em seu assento rochoso no meio do oceano, e enviou 
o comércio para derramar seus tesouros em seu colo, 
e permitiu que ela tomasse o Oriente e o Ocidente 
como uma possessão, e a fizesse temida por toda a 
terra, e deu as artes e as ciências para ser seus 
assistentes, e a liberdade religiosa e civil para ser os 
filhos de sua adoção, e pôs a Bíblia em sua mão; foi 
com esta admoestação mais impressionante: "Por 
esta causa eu te criei, para ser uma luz para iluminar 
os gentios, e para ser minha salvação até os confins 
da terra." 
Em certa medida fiel ao seu chamado, ela está neste 
momento carregando a tocha da verdade, acesa na 
fonte da iluminação celestial, nos "lugares escuros da 
terra", enviando escudos de misericórdia para "as 
habitações da crueldade"; rasgando "o véu da 
cobertura sobre todas as nações" e preparando para 
as tribos famintas da terra, a festa das coisas gordas 
no monte do Senhor". Por suas escolas dominicais ela 
está esclarecendo as mentes e reformando as 
maneiras e a moral das classes mais baixas em casa; 
por suas sociedades bíblicas, ela está ajudando o 
mesmo projeto benevolente e, ao mesmo tempo, 
despertando as igrejas adormecidas da Europa e 
enviando a preciosa Palavra de Deus até os confins 
da terra; e por suas instituições missionárias ela está 
52 
 
voltando as nações pagãs "e seus ídolos mudos para 
servir ao Deus vivo e verdadeiro." 
Os esforços bem-sucedidos que os cristãos britânicos 
fizeram em cada denominação evangélica para 
difundir a luz do cristianismo sobre a face do globo 
não encontram paralelo na história de nossa religião 
desde suas primeiras idades. Nem estas operações 
são suspensas ou diminuídas pelas dificuldades dos 
tempos. Os fundos das diferentes sociedades 
religiosas nunca foram maiores. Nesta época de 
nossa depressão, quando os ventos e as ondas 
parecem não mais como antigamente quase 
exclusivamente empregados para trazer-nos riqueza; 
quando nossas frotas estão nas docas, em vez de 
transportar nossa mercadoria a cada porto 
estrangeiro; quando o tecelão se senta para olhar 
com olhar desesperado para o tear; agora, nosso país 
está compartilhando com os idólatras, a renda de sua 
pobreza e empregando seus recursos diminuídos 
para estender a influência e os benefícios de sua fé. 
O espírito missionário é o anjo da guarda de nossa 
nação, e preserva um símbolo muito auspicioso, ao 
qual os piedosos transformam num olho 
esperançoso. Não que esses esforços justifiquem 
quaisquer reivindicações sobre Deus, no caminho do 
mérito, mas eles parecem interpretar suas 
dispensações e revelar seus desígnios. 
53 
 
III. Vou agora enumerar os deveres que nos 
incumbem, que devem ser deduzidos a partir deste 
assunto, conforme apropriado para a nossa situação. 
1. Devemos reconhecer devotadamente tanto a fonte 
quanto a justiça de nossas calamidades. É verdade 
que, em todos os casos de calamidade que admitem a 
operação de segundas causas, é nosso dever olhar 
para eles com um olhar perscrutador, pois a origem 
dos males que nos afligem é muitas vezes encontrada 
nos pecados que nos desonram, e a própria remoção 
de nossas angústias depende, sob Deus, de nós 
mesmos. Umatentativa de desenvolver as causas 
mais ocultas que influenciam o destino das nações é 
um exercício dos poderes mentais mais nobre do que 
qualquer outro, na medida em que abrange o campo 
mais amplo e agarra uma cadeia cujos elos são os 
mais numerosos, complicados, e afiados. Mas, 
quando chegarmos a estes, não vamos supor que isso 
supere a necessidade de reconhecer a interposição do 
Supremo Governador; pois admitindo que as 
calamidades de uma nação são as consequências 
naturais de certos movimentos no corpo político, 
efeitos que seguem as causas da conexão 
estabelecida, ainda assim a pergunta pode ser feita; 
não foram os movimentos originais, as causas 
primárias, designados por Deus; para que possamos 
sentir as consequências e os efeitos que se seguem? 
Seja o longo estado de guerra em que estávamos 
engajados, ou a transição da guerra para a paz, ou o 
54 
 
excesso de máquinas, ou certos desajustes 
financeiros; ou todos estes juntos, que produziram a 
nossa atual angústia, no caminho do ensino 
secundário. Não nos esqueçamos de olhar para 
aquele grande Ser pelo qual todas as causas 
inferiores e dependentes estão dispostas para 
cumprir seus propósitos, seja de misericórdia ou de 
vingança. Sua vara não é menos para ser 
reconhecida, porque nossas próprias loucuras às 
vezes fornecem seus materiais. Não há nada que ele 
mais obviamente pretende por seus julgamentos, do 
que produzir uma profunda impressão de seu 
próprio domínio. Cuidemos, pois, de não trazer sobre 
si o mal que é denunciado contra aqueles que "não se 
preocupam com a obra do Senhor, nem consideram 
a operação de suas mãos". Ao examinar, sentindo e 
deplorando as angústias dos tempos, não deixe de 
perceber nessas coisas a mão corretiva do Senhor. E 
enquanto fazemos isso, vamos confessar a justiça de 
seus negócios. Consideremos as nossas grandes e 
múltiplas transgressões contra ele. "Vocês, por 
nossos pecados, estão justamente descontentes", é a 
linguagem que melhor nos convém. 
2. Devemos aprender a formar a partir deste assunto 
uma estimativa certa da influência poderosa exercida 
por causas morais; sobre o destino e a prosperidade 
das nações. Nós já consideramos a ordem do governo 
divino, ao conceder favores em algumas ocasiões, por 
causa dos justos; mas, além disso, a justiça em si tem 
55 
 
uma tendência natural para promover os interesses 
de uma nação. Nas teorias e especulações que estão 
sempre à tona quanto às causas da prosperidade ou 
do declínio dos impérios; muito pouco se tem em 
conta as de tipo moral. Formas de governo, códigos 
de leis, sistemas de jurisprudência, estado das artes e 
ciências, regulamentos comerciais, financeiros e 
políticos, têm cada um a sua própria operação 
apropriada; mas há outra fonte de influência, menos 
óbvia, embora não menos poderosa do que estes, e da 
qual todos dependem por grande parte de sua 
eficácia, quero me referir ao estado da virtude cristã. 
As instituições mais sábias da política humana 
podem fazer pouco para um povo entre o qual falta 
esse grau de princípio que é necessário para 
assegurar-lhes uma direção correta e um bom 
resultado. A prevalência do vício em um país, que é 
abençoado em outros aspectos com todas as 
vantagens de ser grande e feliz; é como a corrosão de 
um câncer interno sobre uma das melhores formas 
humanas, colocada em uma situação saudável e 
possuindo todas as fontes de riqueza e grandeza; 
apesar de toda vantagem externa, e enquanto a 
beleza enganosa está sobre o semblante; os 
princípios da deterioração interior estão em 
operação contínua. 
A prevalência do pecado prejudica os interesses de 
uma nação de maneiras inumeráveis; circula a 
56 
 
doença no sangue da vida do estado através de cada 
parte do sistema, da coroa da cabeça à sola do pé. 
Diminui o rendimento por um lado ou o aplica mal 
por outro; ela seca o gênio, reduz a força, paralisa a 
indústria e dissipa a riqueza da população; destrói a 
confiança mútua, elimina as únicas garantias para a 
direção correta das energias públicas e das 
instituições públicas. Em suma, a prevalência do 
pecado extingue todos os princípios de honestidade, 
justiça, verdade, sobriedade e subordinação, que são 
as sementes da prosperidade nacional; e encoraja o 
crescimento de uma classe de sentimentos que 
derrama influências venenosas ao seu redor. 
Um país onde o princípio cristão está em um baixo 
declínio, não pode ser uma nação feliz; e não pode 
ser, por uma longa série de anos, uma grande. Se o 
Império Romano possuísse mesmo as virtudes 
parciais e defeituosas da República, teria resistido 
aos ataques dos bárbaros do norte, cujos sucessivos 
exércitos teriam sido derrotados pelo antigo valor e 
patriotismo romanos; como Pirro, Hannibal e os 
gauleses foram conquistados diante deles. Poder-se-
ia citar exemplos da história moderna, nos quais, 
quando os eventos mais auspiciosos se apresentavam 
para beneficiar um povo, não tinham virtude 
suficiente para garantir um resultado feliz, mas 
converteram os próprios meios que os abençoariam 
numa fonte dos mais pesados maldições. 
57 
 
Um prelado inglês, em uma obra que honra o 
intelecto humano, demonstrou mais claramente a 
tendência natural da virtude nacional, não só para a 
prosperidade, mas para o poder. "Poderíamos nós", 
observa Butler, "supor um reino ou sociedade de 
homens sobre a terra universalmente virtuosos por 
uma longa sucessão de épocas, é fácil conceber qual 
seria sua situação interna e qual a influência geral 
que tal comunidade teria. Teriam no mundo a título 
de exemplo e a reverência que lhe seria paga, 
claramente superior a todos os outros, e as nações 
deveriam gradualmente ficar sob seu domínio, não 
por meio de violência ilegal, mas em parte pelo que 
seria permitido ser uma conquista justa, e em parte 
por outros reinos se submeter voluntariamente a ela, 
e buscando sua proteção um após o outro em 
sucessivas emergências." 
Em vez disso, de ter nossa atenção absorvida na 
contemplação das causas políticas da prosperidade e 
da adversidade nacionais, olhemos com mais 
intensidade para aquelas de natureza moral e 
espiritual. Cada amigo de seu país, de acordo com a 
medida de sua capacidade e na linha mais direta de 
sua influência, trabalhe para consolidar a força de 
nosso império pelo poderoso cimento do princípio 
religioso. Em meio às melhorias na agricultura e no 
comércio, nas artes e na fabricação, na 
jurisprudência e nas finanças; lembremo-nos de que, 
sem um aumento da verdadeira retidão bíblica; não 
58 
 
há nada sólido, nada duradouro. O que quer que 
aumente, se, ao mesmo tempo, a infidelidade e a 
irreligião aumentam com ele, é apenas a expansão de 
uma bolha que, quanto mais inflada, se aproxima 
mais rapidamente do momento de sua dissolução! 
3. O arrependimento e a reforma pessoal são 
eminentemente apropriados à época atual. Vimos 
que é pecado, sob a influência da qual os interesses 
de uma nação murcham e morrem, como uma árvore 
que foi ferida com a explosão do céu. Não pode haver 
pouca esperança para nós na misericórdia de Deus, a 
não ser que "o ímpio abandone o seu caminho, e o 
homem injusto seus pensamentos, e todos 
abandonem o seu mau caminho e a violência que está 
em suas mãos e clamem poderosamente a Ele. E 
quem então pode dizer, senão que Deus se voltará e 
se arrependerá, e afastará a sua ira feroz de nós! 
Como a maldade nacional é constituída pelos 
pecados dos indivíduos, deve ser diminuída pela 
penitência e reforma individual. Que cada um de nós, 
por si mesmo, diga: "De que maneira estou 
contribuindo para o estoque geral de culpa?" O que 
há na minha conduta que tende a irritar Deus com o 
país? Onde eu acumulo a vingança divina sobre a 
terra?" Não vamos fundir nossa individualidade na 
multidão. É muito vão e hipócrita lamentar a 
depravação geral, enquanto nossas transgressões