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DESENHO TÉCNICO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Edcarlos Antonio Nunes Coura; Rafaela Rodrigues Oliveira Amaro; Thiago Gabriel Weirich Cosenza. Desenho Técnico / Coura, Edcarlos Antonio Nunes; Amaro, Rafaela Rodrigues Oliveira; Cosenza, Thiago Gabriel Weirich. - Multivix, 2020. Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação com tipos de grafite 17 Tabela 1 – Produtos gráficos mínimos esperados no EP 93 Tabela 2 - Produtos gráficos mínimos fase AP 95 Tabela 3 - Nível de precisão de projetos 95 Tabela 4 - Produtos gráficos mínimos PE 96 Tabela 1 – Símbolos usados no projeto de instalação hidrossanitária 114 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de planta baixa usada na construção civil 16 Figura 2 - Exemplo de projeto arquitetônico 16 Figura 3 - Exemplo de projeto de peça industrial 17 Figura 4 - Tamanho do papel usado no desenho 20 Figura 5 - Esquadro usado no desenho a mão 21 Figura 6 - Delimitação das margens e o espaço destinado para a legenda 22 Figura 7 - Linha de contorno visível 23 Figura 8 - Linha interna 23 Figura 9 - Linha de contornos invisíveis 23 Figura 10 - Linhas de eixo ou coordenadas 24 Figura 11 - Linhas de projeção 24 Figura 12 - Linha de cota 24 Figura 13 - Linhas auxiliares 24 Figura 14 - Linhas de interrupção 25 Figura 15 - Linha de indicação e chamada 25 Figura 16 - Desenho feito a mão 27 Figura 17 - Desenho feito no computador 27 Figura 18 - Desenho 2D feito no AutoCAD 2012 29 Figura 19 - Desenho 3D feito no AutoCAD 2012 29 Figura 1 – Sistema de projeção cônico 34 Figura 2 – Projeção Cônica 35 Figura 3 – Projeção cilíndrica ortogonal 36 Figura 4 - Projeção cilíndrica oblíqua 36 Figura 5 – Interseção dos planos vertical e horizontal e a representação dos diedros 38 Figura 6 – Representação das vistas e suas respectivas posições 38 Figura 7 – Representação de três das seis vistas de um objeto 39 Figura 9 – Paralelepípedo regular com as vistas desenhadas 40 Figura 10 – Adequações no paralelepípedo para dar a forma do objeto 41 Figura 11– Desenho do objeto finalizado 41 Figura 12 – Forma que o plano horizontal gira sobre o plano vertical 42 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 13 – Coordenadas da épura 43 Figura 14 – Coordenadas da épura 44 Figura 15 – (a) PV e PH se interceptando (b) Objeto usado no exemplo 45 Figura 16 – Vértices do objeto nomeados 45 Figura 17 – Vértices do objeto nomeados 46 Figura 18 – Representação dos planos e das projeção sem o objeto 46 Figura 19 – Vértices do objeto nomeados 47 Figura 20 – Giro completo do PH 47 Figura 21 – Vértices do objeto nomeados 48 Figura 1 – Símbolo para representar o primeiro diedro 52 Figura 2 – Indicação das vistas em um objeto 53 Figura 3 – Representação do objeto da Figura 2 pela projeção no primeiro diedro 54 Figura 4 – Diferença entre uma vista ortogonal e uma vista auxiliar 55 Figura 5 – Exemplos de representações com vistas deslocadas. 55 Figura 6 – Exemplo de representação com vista interrompida 56 Figura 7 – Objeto com perfurações repetidas e sua vista simplificada 56 Figura 8 – Objeto simétrico e sua vista simplificada simétrica 57 Figura 9 – Exemplo de rebatimento de vista ortogonal 57 Figura 10 – Exemplo de rebatimento de vista de um objeto com detalhes oblíquos 58 Figura 11 – Exemplo do corte de um objeto e a obtenção da vista de frente em corte 59 Figura 12 – Exemplo de vista em corte 60 Figura 13 – Exemplo de objeto em corte total duplo 61 Figura 14 – Exemplo de objeto em meio corte 62 Figura 15 – Exemplo de objeto e o respetivo corte em desvio 62 Figura 16 – Exemplo de objeto em corte parcial 63 Figura 17 – Exemplo de seções em um eixo 63 Figura 18 – Representação dos três tipos de cotas 64 Figura 19 – Cotagens direta e indireta 65 Figura 20 – Elementos da cotagem 65 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 21 – Cota de um objeto representado fora de escala 67 Figura 22 – Cotagem de ângulo 68 Figura 23 – Cotagem de chanfro 68 Figura 24 – Cotagem de raio 69 Figura 25 – Cotagem de diâmetros maiores, menores, e da posição de centro e do diâmetro 69 Figura 1 – Posição dos eixos coordenados na perspectiva isométrica 74 Figura 2 - Referência do plano cartesiano em uma figura de um objeto 74 Figura 3 – Ângulos em perspectiva isométrica 75 Figura 4 – Linhas curvas em perspectiva isométrica 76 Figura 5 – Circunferências em perspectiva isométrica 76 Figura 6 – Observação das vistas do objeto 78 Figura 8 – Esboço dos eixos e marcação das dimensões do objeto 78 Figura 9 – Construção de um paralelepípedo regular no tamanho determinado no passo 2 79 Figura 10 – Construção dos detalhes no paralelepípedo 79 Figura 11 – Detalhes para a construção das partes curvas e para furo inferior 80 Figura 12 – Reforço dos traços que representam o objeto 80 Figura 13 – Finalização das partes curvas do objeto 81 Figura 14 – Retiro das linhas de construção e finalização do desenho 81 Figura 15 - Eixos coordenados na perspectiva cavaleira 82 Figura 16 - Direções do eixo de 45° na perspectiva cavaleira 83 Figura 17 - Observação das vistas do objeto 84 Figura 18 - Esboço dos eixos e marcação das dimensões, e paralelepípedo regular no tamanho determinado 85 Figura 20 – Definir os centros das partes curvas 85 Figura 21 – Construção doas partes curvas no desenho em perspectiva 86 Figura 22 - Configuração do modo isométrico do AutoCAD 2012 86 Figura 23 - Janela Drafting Settings para ativar o modo isométrico 87 Figura 24 - Comandos para inserir cotas no desenho no AutoCAD 2012 88 Figura 25 - Acesso ao menu de contas no AutoCAD 2012 88 Figura 1 - Fases de um projeto arquitetônico 92 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 2 – Estudo preliminar 95 Figura 3 – Anteprojeto 96 Figura 4 - Exemplo de vistas em um projeto arquitetônico 99 Figura 5 - Planta simplificada e Vista da parte inferior após o corte horizontal 100 Figura 6 - Exemplo de planta de cobertura 101 Figura 7 - Exemplo de corte transversal 102 Figura 8 - Exemplo de planta de situação 102 Figura 9 - Exemplo de implantação 103 Figura 1 - Símbolo de eletroduto embutido no teto 110 Figura 2 - Símbolo de eletroduto embutido no piso 110 Figura 3 - Símbolo condutor de fase no interior do eletroduto 111 Figura 4 - Símbolo condutor neutro no interior do eletroduto 111 Figura 5 - Símbolo condutor de fase no interior do eletroduto 111 Figura 6 - Exemplo de diagrama unifilar 113 Figura 7 - Planta baixa mostrando os aparelhos sanitários básicos de uma edificação 114 Figura 8 - Exemplo de um projeto de instalação sanitária 115 Figura 9 - Exemplo do projeto isométrico de instalação de água fria 121 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 12 1 INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO 15 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 15 1.1 APLICAÇÕES DO DESENHO TÉCNICO 15 1.2 TIPOS DE DESENHO TÉCNICO 17 1.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS DE DESENHO 19 1.4 NORMAS DE DESENHO TÉCNICO 21 1.5 REPRESENTAÇÃO DIGITAL E ANALÓGICA 25 1.6 USO DO AUTOCAD 28 CONCLUSÃO 30 2 SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO 33 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 33 2.1 APRESENTAÇÃO DA GEOMETRIA DESCRITIVA 33 2.2 ELEMENTOS DO SISTEMA DE PROJEÇÃO 34 2.3 PROJEÇÕES ORTOGONAIS 37 2.4 COMO INTERPRETAR AS PROJEÇÕES 39 2.5 REPRESENTAÇÃO EM ÉPURA 42 2.6 COMO FAZER UMA REPRESENTAÇÃO EM ÉPURA 44 CONCLUSÃO 48 3 VISTAS, CORTES E COTAGEM 51 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 51 3.1 VISTAS PRINCIPAIS 51 3.2 VISTAS AUXILIARES 54 3.3 CORTES 58 3.4 COTAGEM DE UM DESENHO 64 3.5 ELEMENTOS DA COTAGEM 65 3.6 REGRAS DE COTAGEM 67 CONCLUSÃO 70 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 5UNIDADE 6UNIDADE 4UNIDADE 4 TIPOS DE PERSPECTIVAS 73INTRODUÇÃO DA UNIDADE 73 4.1 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA 73 4.2 FASES DE EXECUÇÃO DA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA 77 4.3 PERSPECTIVA CAVALEIRA 82 4.4 FASES DA EXECUÇÃO DA PERSPECTIVA CAVALEIRA 83 4.5 PERSPECTIVA COM O USO DO AUTOCAD 86 4.6 COMANDO DO AUTOCAD PARA A PESPECTIVA 87 CONCLUSÃO 89 5 DESENHO ARQUITETÔNICO 91 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 91 5.1 FASES DE UM PROJETO 91 5.2 ESTUDOS PRELIMINARES E ANTEPROJETO 95 5.3 PROJETO BÁSICO 97 5.4 PROJETO EXECUTIVO E DETALHAMENTO 98 5.5 REPRESENTAÇÂO DE PLANTA BAIXA 99 5.6 REPRESENTAÇÃO DE OUTROS TIPOS DE PLANTAS E DETALHES CONSTRUTIVOS 100 CONCLUSÃO 104 6 DESENHO DE INSTALAÇÕES PREDIAIS 107 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 107 6.1 REPRESENTAÇÃO DE PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 109 6.2 DIAGRAMA UNIFILAR 112 6.3 REPRESENTAÇÃO DE PROJETO DE INSTALAÇÕES SANITÁRIAS 114 6.4 ISOMÉTRICA DE UMA INSTALAÇÃO SANITÁRIA 119 6.5 REPRESENTAÇÃO DE PROJETO DE INSTALAÇÃO HIDRÁULICA 119 6.6 ISOMÉTRICA DE UMA INSTALAÇÃO HIDRÁULICA. 120 CONCLUSÃO 121 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Esta disciplina tem como objetivo proporcionar o conhecimento sobre o que é um desenho técnico, suas diferentes formas de construção e as normas re- gentes. Também faremos as representações: analógica, utilizada à mão livre e por ins- trumentos; e digital, em que se utiliza softwares gráficos. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA UNIDADE 1 > Conhecer os instrumentos do desenho técnico. > Identificar as regras básicas do desenho técnico. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 1 INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade introdutória abordará os conceitos básicos do desenho técnico, apresentando também alguns instrumentos utilizados em sua representa- ção e as regras básicas para sua construção baseadas nas normas. Um desenho técnico é a representação gráfica de um objeto em papel ou por meio digital (a partir de um software gráfico), utilizando linhas, símbolos e demais indicações. Para padronização de representação e interpretação, de- vemos utilizar as normas. Ao final desta unidade, esperamos que você reconheça um desenho técnico e saiba suas principais características e normas utilizadas para representá-lo. Leia o texto, observe atentamente as figuras e bons estudos. 1.1 APLICAÇÕES DO DESENHO TÉCNICO O desenho técnico consiste na representação gráfica de formas, detalhes, di- mensões e posição, através da projeção de objetos no plano, o que permite a visualização das diferentes vistas e perspectivas, utilizando um sistema de três eixos. Se utilizarmos um padrão, qualquer pessoa que conhece sobre de- senho técnico conseguirá interpretar e entender com exatidão. Os desenhos técnicos representam objetos que passarão por processos de fabricação e/ou montagem, como acontece com plantas da construção civil, projetos arquitetônicos e projetos de peças industriais. Esses são os chama- dos desenhos projetivos. Planta da construção civil: inclui planta baixa, projetos de estrutura, de instalações sanitária, hidráulica e elétrica, e outros. Veja um exemplo de planta baixa na Figura 1. 16 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1 - EXEMPLO DE PLANTA BAIXA USADA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Projeto arquitetônico: inclui plantas baixas e projetos arquitetônicos; representa a concepção de ideia do profissional, previsão de paisagismo e acabamento. Observe o exemplo na Figura 2. FIGURA 2 - EXEMPLO DE PROJETO ARQUITETÔNICO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Projeto de peças industriais: inclui vistas, cortes e perspectivas da peça para melhor visualização de forma, dimensão e detalhes (como de montagem). Veja o exemplo na Figura 3. FIGURA 3 - EXEMPLO DE PROJETO DE PEÇA INDUSTRIAL Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). 1.2 TIPOS DE DESENHO TÉCNICO A Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) 10647 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresenta os termos empregados e também define os tipos de desenho técnico quanto ao seu aspecto geométrico, ao grau de elaboração, ao grau de pormenorização, à técnica de execução e ao modo de obtenção (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). Quanto ao aspecto geométrico, temos o desenho projetivo, resultante da projeção do objeto sobre um ou mais planos, que compreende diagramas, esquemas, ábacos ou nomogramas, fluxogramas, organogramas, gráficos, e utiliza vistas (resultantes de projeções do objeto tridimensional sobre o pla- no; as mais utilizadas são as ortogonais, provenientes da projeção cilíndrica ortogonal do objeto) e perspectivas (utilizam um sistema de três eixos como ponto de partida), e o não projetivo, na qual não temos a correspondência entre o desenho e o que ele representa, pois não há projeção (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). 18 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.Uem 23/06/2017 1. Diagrama: esquema simplificado, na qual valores funcionais são representados em um sistema de coordenadas. 2. Esquema: representa suas relações e funções. 3. Ábaco ou nomograma: gráfico com curvas que permite obter as soluções de uma equação determinada pelo simples traçado de uma ou mais retas. 4. Fluxograma: sequência de operações. 5. Organograma: quadro com níveis hierárquicos de uma organização ou um serviço, e indica os arranjos e inter-relações entre eles. 6. Gráfico: expressa visualmente dados numéricos. Quanto ao grau de elaboração, os desenhos podem ser classificados em es- boço (estágios iniciais da elaboração de um projeto), desenho preliminar (nos estágios intermediários, sujeita a alterações e que corresponde ao anteproje- to), croqui (desenho não obrigatoriamente em escala, confeccionado normal- mente à mão livre e contendo todas as informações necessárias à sua finali- dade), desenho definitivo (integrante da solução final do projeto, contendo os elementos necessários à sua compreensão). 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Quanto ao grau de pormenorização, o desenho pode ser classificado em de componente, de conjunto e detalhe. O desenho de componente é a represen- tação de vários componentes separados. No desenho de conjunto, os compo- nentes estão reunidos, formando um todo. Já o detalhe é a representação de uma vista, geralmente ampliada, de um componente ou parte complexa do objeto. Quanto à técnica de execução, temos o desenho manual (feito a mão livre ou com instrumento) e à máquina (feito em softwares específicos para tal). Quanto ao modo de obtenção, temos o desenho original e a reprodução. A reprodução pode ser feita por cópia (na mesma escala do original), por am- pliação ou redução (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). 1.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS DE DESENHO Para a confecção de um desenho técnico manual de qualidade, necessita- mos de uma superfície plana, rígida e lisa, na qual os demais instrumentos e materiais serão apoiados: • Lápis e lapiseira: para realizar os traços referentes ao desenho. O grafite apresenta diferentes durezas, que influenciam na espessura do traço. Logo, os grafites mais duros são recomendados para rascunhos e traços finos e os mais macios para traços mais espessos e permanentes (MONTENEGRO, 2001). A Tabela 1 relaciona o grau de dureza dos grafites comerciais: TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO COM TIPOS DE GRAFITE Tipos de grafite Dureza 9H a 4H Extremamente duros 3H, 2H e H Duros F e HB Médios B e 2B Macios 3B a 6B Extremamente macios Fonte: Silva et al. (2006). 20 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Régua graduada: em centímetros e polegadas, para traçar linhas retas. • Transferidor: para medir e marcar ângulos; pode ser de 180° ou 360°. • Escalímetro: utilizado na execução de desenhos em escalas diversas. • Compasso: para traçar circunferência de diâmetros variados, arco de circunferência, além de transportar medidas (MONTENEGRO, 2001). • Borracha: para apagar possíveis rasuras no desenho; deve ser macia e branca. Papel: segundo a NBR10068, série A, sendo o A0 o tamanho máximo e o A4 o tamanho mínimo, como mostrado na Figura 4. Todos os desenhos de um único projeto devem ser feitos em papéis com a mesma dimensão (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987). FIGURA 4 - TAMANHO DO PAPEL USADO NO DESENHO Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989). Esquadros: em formato de triângulo retângulo, servem para traçar ângulo retos (90°) ou de 30°, 45° ou 60°. Geralmente vem em pares: um triângulo isósceles (45°/45°/90°) e um escaleno (30º/60°/90°), como mostra a Figura 5. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 5 - ESQUADRO USADO NO DESENHO A MÃO Fonte: Macrovector/Freepik (2019). 1.4 NORMAS DE DESENHO TÉCNICO No Brasil, a ABNT regula as normas para desenho técnico, de acordo com as exigências internacionais da International Organization for Standardization (ISO). Portanto, o desenho técnico utiliza uma linguagem gráfica universal. Todo desenho técnico deve respeitar as normas descritas pela ABNT, de for- ma que a representação gráfica desejada seja interpretada de maneira sim- ples pelos que possuem um conhecimento mínimo sobre ela. Algumas das normas da ABNT utilizadas são: NBR10647 – Desenho Técnico, NBR10068 – Folha de desenho: Leiaute e dimensões, NBR8403 – Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Largura das linhas, NBR10582 – Apre- sentação da folha para desenho técnico, NBR8402 – Execução de caractere para escrita em desenho técnico, NBR10126 – Cotagem em Desenho Técnico, NBR8196 – Desenho Técnico - Emprego de escalas, e NBR6492 – Representa- ção de projetos de arquitetura. A folha deve conter uma legenda dentro do quadro para desenho, no canto inferior direito, tanto horizontal como verticalmente, de tal forma que conte- nha a identificação (número de registro, título, origem etc.). A legenda deve ter 178 mm de comprimento, nos formatos A4, A3 e A2, e 175 mm nos forma- tos A1 e A0. Além disso, as informações na legenda devem estar divididas em: 1) zona de identificação, localizada no canto inferior direito da legenda e delimitada por traço contínuo grosso da espessura da linha da moldura, constando a identifi- cação do desenho e da empresa; e 2) zona de informação adicional, que deve ficar adjacente à zona de identificação, por cima ou à esquerda desta. 22 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A zona de informação pode, ainda, ser subdividida em: a) informação indica- tiva - escala e convenções gráficas; b) informação técnica - convenções e tole- râncias; e c) informação administrativa - revisão, data e assinaturas. As margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro (que limita o espaço para o desenho). As margens esquerda e direita, bem como as lar- guras das linhas devem ter dimensões mínimas e a margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento, apresentada na Figura 6 (AS- SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987). FIGURA 6 - DELIMITAÇÃO DAS MARGENS E O ESPAÇO DESTINADO PARA A LEGENDA Fonte: Silva et al. (2006). De acordo com a NBR8403 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- CAS, 1984), a representação das linhas é feita de acordo com as características das próprias linhas, como forma e espessura. 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO As linhas de contorno visível são cheias e contínuas, com espessura de 0,6 mm, apresentados na Figura 7. FIGURA 7 - LINHA DE CONTORNO VISÍVEL Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas internas (Figura 8) são cheias e contínuas, porém com espes- sura menor que as linhas de contorno, 0,4 mm. FIGURA 8 - LINHA INTERNA Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas de contornos e arestas não visíveis (Figura 9) são objetos que, na vista apresentada, é invisível ao observador; devem ser representa- das tracejadas, com espessura de 0,2 mm. FIGURA 9 - LINHA DE CONTORNOS INVISÍVEIS Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas de eixos ou coordenadas (Figura 10) devem ser representadas com traço, ponto e traço. Os traços devem ser longos, com espessura de 0,2 mm, e servem par indicar o centro de arcos e circunferências, linhas de simetria e trajetórias no desenho. 24 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 10 - LINHAS DE EIXO OU COORDENADAS Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas de projeção (Figura 11) devem ser representadas por traço, dois pontos e traço. Os traços devem ser mais curtos que os das linhas de eixoe com espessura de 0,2 mm. Quando as projeções são importantes, devem ter a mesma espessura que as linhas de contorno. FIGURA 11 - LINHAS DE PROJEÇÃO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas de cota (Figura 12) devem ser cheias e contínuas, com espes- sura igual ou inferior a 0,2 mm. As cotas representam toda e qualquer medida em desenho técnico. FIGURA 12 - LINHA DE COTA Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas auxiliares (utilizadas na construção de desenhos, guias de letras e números) devem ser cheias e contínuas, com espessura de 0,1 mm, conforme Figura 13. FIGURA 13 - LINHAS AUXILIARES Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO As linhas de interrupção (Figura 14) devem ser cheias, com um símbo- lo no centro que indica a interrupção do desenho e com espessura de 0,2 mm. FIGURA 14 - LINHAS DE INTERRUPÇÃO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As linhas de indicação e chamada (Figura 15), usadas para adicionar in- formação específica ou uma pequena explicação no projeto, devem ser cheias e contínuas, com espessura de 0,2 mm. FIGURA 15 - LINHA DE INDICAÇÃO E CHAMADA Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Segundo a NBR8196 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999), os desenhos técnicos maiores e muito pequenos, precisam de escalas. As escalas mais usadas são 1/2, 1/5, 1/10, 1/25, 1/50, 1/75, 1/100, 1/200, 1/250 e 1/500, para redução; e, para ampliação, a escala deve ser invertida. 1.5 REPRESENTAÇÃO DIGITAL E ANALÓGICA Em desenho técnico, principalmente relacionado à arquitetura, a representa- ção pode ser classificada em digital e analógica. Na representação analógica, tradicionalmente feita à mão livre, devemos es- tar atentos às normas da ABNT, quanto aos traços, legendas, cotagem. A cor- reta utilização dos materiais e instrumentos facilita a execução do desenho e 26 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 também evita erros. Deve-se segurar o lápis (ou a lapiseira) firmemente para obtermos traços firmes, uniformes e limpos. Ao usar a régua, você deve tomar cuidado para não traçar sobre a graduação e danificar a superfície desse material, pois isso pode levar a erros de traçado depois. A régua, o esquadro, o escalímetro e o transferidor devem estar sem- pre limpos para não sujar o papel e o desenho. Atente-se também para o fato de que o escalímetro não deve ser usado para traçar retas, pois se corre o risco de apagar ou deformar sua graduação. Já na representação digital, desenvolvida com o auxílio de software gráfico em computador, tablet, celular e telas interativas, as normas já estão “embutidas” nas suas configurações. Alguns softwares contam também com bibliotecas de objetos para projetos hidráulicos, sanitários, elétricos, planta baixa e outros. Existem vários softwares disponíveis, sendo que há opções gratuitas e que exigem licença de uso. Alguns permitem a construção de desenhos apenas em um plano (2D), enquanto outros permitem também a construção tridi- mensional (3D). Alguns dos softwares mais utilizados nas áreas de engenharia e arquitetura são: AutoCAD, SketchUp, SolidWorks e DataCAD. Temos disponível também o software gratuito e mais famoso do Linux, o LibreCAD. 1. Representação analógica: desenho tradicional (Figura 16), feito à mão com o auxílio de materiais e instrumentos como lápis, papel, régua, compasso, escalímetro, transferidor e outros. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 16 - DESENHO FEITO A MÃO Fonte: Wikipedia (2019). 2. Representação digital: utiliza softwares gráficos em meios digitais, como computador, tablet, celular e outros (Figura 17). FIGURA 17 - DESENHO FEITO NO COMPUTADOR Fonte: AutoDesk (2019). 28 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.6 USO DO AUTOCAD O AutoCAD auxilia em todas as fases de um projeto de arquitetura ou da cons- trução civil e de instalações. Ele é um dos softwares mais utilizados para criar e manipular projetos e desenhos técnicos. Por isso, a importância de conhecê- -lo, desde que se é estudante. Seu uso revolucionou a indústria de projetos, porque possibilitou produtivi- dade, reduzindo erros e retrabalhos. O AutoCAD pode ser usado tanto na ela- boração de desenhos técnicos em 2D, quanto na produção de projetos tridi- mensionais. Além da atuação na área técnica, para fins promocionais, no AutoCAD é pos- sível obter imagens fotorrealistas dos objetos enquadrados em uma cena, uti- lizando materiais, luz, posição de câmera e sombreamentos. O tipo de ilumi- nação, por exemplo, pode ser: luz ambiente, luz pontual e projetores, sendo possível controlar a sua direção, intensidade, posição e cor. É comum também a associação do AutoCAD aos programas de cálculo, o que permite, assim, uma ligação bidirecional entre o modelo desenhado e o modelo de análise. É feita essa análise comparativa e o resultado pode ser visualizado na forma gráfica ou discriminado em uma listagem completa. Os fatores analisados são: deslocamentos, tensões, temperaturas, cargas de ins- tabilidade. Esses resultados possibilitam ao projetista refazer o modelo, alte- rando a forma ou dimensões para adequar o projeto às necessidades preten- didas. 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Os desenhos em apenas um plano de representação são chamados desenhos em 2D (Figura 18). FIGURA 18 - DESENHO 2D FEITO NO AUTOCAD 2012 Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Desenhos com mais de um plano para sua representação são objetos tridimensionais ou em 3D (Figura 19). FIGURA 19 - DESENHO 3D FEITO NO AUTOCAD 2012 Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 30 DESENHO TÉCNICO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, vimos o que é o desenho técnico, as áreas em que é utilizado (engenharia e arquitetura), os instrumentos para sua construção e as princi- pais normas que o rege. Você pôde conhecer a construção de um desenho técnico à mão livre ou re- presentação analógica, e ver também que na representação digital são utili- zados softwares gráficos e computador e tablet como suporte e interface. 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO ANOTAÇÕES 32 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Entender o sistema de projeção ortogonal. > Conhecer a representação em épura. 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 2 SISTEMA DE REPRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, abordaremos a projeção, que permite representar um objeto tridimensional em um plano (duas dimensões) e também desenhar um objeto a partir de suas projeções. Para tal, conheceremos os conceitos da geometria descritiva, desenvol- vida pelo matemático Gaspard Monge, para visualizar um objeto, mesmo com forma complexa e de grandes dimensões, em uma folha de papel (MONTENEGRO, 2015). 1. Gaspard Monge: Estudou em uma escola militar, onde mais tarde lecionou. Foi um dos mais notáveis cientistas franceses nas áreas de física, química e matemática. Sua principal obra foi Geometria Descritiva, com diagramas para resolução de problemas de interesse da defesa nacional (IEZZI; MURAKAMI, 1995). Identificaremos, também, os elementos da projeção, os seus diferentes tipos, como deve ser a sua representação, o que é uma épura e como construí-la. Ao final desta seção, você saberá construir projeções,determinar a forma e as dimensões do objeto trabalhado, podendo interpretar as projeções e cons- truir um objeto a partir de suas vistas. 2.1 APRESENTAÇÃO DA GEOMETRIA DESCRITIVA A geometria descritiva nos ajuda na construção de vistas, na determinação da forma, dimensão e posição das representações, bem como na construção de um objeto a partir de suas projeções, ou seja, auxilia-nos no entendimento de desenho técnico. 34 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO A geometria descritiva, também conhecida como geometria mongeana ou método de monge, foi criada por Gaspard Monge, que apresentou esse método no século XVIII para solucionar problemas relacionados à construção de fortificações militares. A geometria descritiva usa um sistema para representar um objeto tridimensio- nal no plano bidimensional, chamada de Épura, que permite imaginar objetos no espaço, além de ler e interpretar desenhos técnicos (MONTENEGRO, 2015). 2.2 ELEMENTOS DO SISTEMA DE PROJEÇÃO O sistema de projeção é constituído do objeto em si, da projeção, das proje- tantes e do plano de projeção, como você pode observar na Figura 1. FIGURA 1 – SISTEMA DE PROJEÇÃO CÔNICO Projetante Projeção Plano de projeção Objeto Centro de projeção Fonte: Elaborada pelo autor (2019). O objeto no plano se localiza em um ponto à uma distância finita daquele. Imaginando que raios, oriundos do centro de projeção, incidem sobre o objeto, a partir deste saem ou passam as projetantes (retas), que ligam o cen- tro de projeção e interceptam o plano de projeção, fornecendo a imagem ou projeção do objeto. 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Convenciona-se a utilização de letras latinas maiúsculas (A, B, C...) para representação de pontos, e letras do alfabeto grego (α, β, γ...) para planos. Temos dois distintos sistemas de projeção: o sistema cônico, em que as proje- tantes partem de um ponto fixo à uma distância finita do plano, chamado de centro de projeção, onde as linhas projetantes interceptam tangencialmente o objeto e atravessam o plano, formando um cone ou uma pirâmide com sua base localizada no plano de projeção; e o sistema cilíndrico ou paralelo, em que as projetantes partem do infinito e são paralelas entre si. Na projeção cilíndrica, as projetantes podem interceptar o plano em diferen- tes ângulos; quando este ângulo é igual a 90°, chamamos de projeção cilín- drica ortogonal, e quando este é diferente de 90°, chamamos de projeção cilíndrica oblíqua (SILVA et al., 2006). Na projeção cônica (Figura 2), as projetantes partem de um ponto finito, formando raios concêntricos, deixando a projeção com tamanho diferente do objeto. FIGURA 2 – PROJEÇÃO CÔNICA Projetante Projeção Plano de projeção Objeto Centro de projeção Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Na projeção cilíndrica ortogonal (Figura 3), as projetantes partem do infinito, formando retas perpendiculares com o plano de projeção. A projeção e o objeto possuem o mesmo tamanho. FIGURA 3 – PROJEÇÃO CILÍNDRICA ORTOGONAL Projetante Projeção Plano de projeção Objeto Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Na projeção cilíndrica obliqua (Figura 4), as projetantes partem do infinito e formam um ângulo diferente de 90° com o plano de projeção, e as projetantes são paralelas entre si. Nem todas as dimensões da imagem são iguais às do objeto. FIGURA 4 - PROJEÇÃO CILÍNDRICA OBLÍQUA Projetante Projeção Plano de projeção Objeto Ângulo diferente de 90º Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 2.3 PROJEÇÕES ORTOGONAIS Na projeção ortogonal, as projetantes (linhas) são paralelas entre si e formam um ângulo de 90° com o plano de projeção. Podemos compará-las com a sombra formada pelo sol quando este incide sobre um objeto ao meio-dia. Para construção de uma projeção, as retas projetantes passam pelos vértices do objeto e projetam estes pontos no plano de projeção ao o interceptarem. A representação de objetos em desenho técnico é feita principalmente com projeções ortogonais, e para obter-se uma visão global, detalhada e sem equí- vocos, utilizam-se múltiplas vistas com projeções em planos diferentes. Podem ser utilizados até três planos de projeção: os planos de Projeção Vertical (PV), Projeção Horizontal (PH) e Projeção Lateral (PL). Esses planos são paralelos entre si e a interseção entre os PV e PH é chamada de Linha de Terra (LT). A LT forma quatro diedros limitados pelos semiplanos verticais inferior e superior e horizontais anterior e posterior. A numeração dos diedros é feita no sentido anti-horário, conforme Figura 5. Na projeção ortogonal, as representações são comumente feitas no 1° diedro (método europeu) ou no 3° diedro (método americano) (MONTENEGRO, 2015). 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 5 – INTERSEÇÃO DOS PLANOS VERTICAL E HORIZONTAL E A REPRESENTAÇÃO DOS DIEDROS 2º Diedro 2º Diedro 3º Diedro 3º Diedro 1º Diedro 1º Diedro PV PH Linha de terra 4º Diedro 4º Diedro Fonte: Elaborada pelo autor (2019). A projeção ortogonal em um plano é chamada de vista. Para um objeto, é possível a projeção de seis vistas, sobre os três planos de projeção. As vistas da frente ou principal e posterior são a projeção sobre o plano de PV, as vistas de cima ou planta e inferior são a projeção sobre o plano de PH, e as vistas late- rais direita e esquerda são a projeção sobre o plano de PL, como mostrado na Figura 6. FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DAS VISTAS E SUAS RESPECTIVAS POSIÇÕES 4 2 1 3 Plano 1 - Vista Frontal (Maior importância) Plano 2 - Vista Lateral Direita Plano 3 - Vista Superior Plano 4 - Vista Inferior Plano 5 - Vista Lateral Esquerda Plano 6 - Vista Posterior 5 6 Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Projeção de seis vistas: cada vista fica sobre um dos lados da caixa. O nome de cada vista é dado pela posição do observador em relação ao objeto. A vista que fornece mais informação deve ser utilizada como vista frontal, e as demais vistas devem ser feitas a partir desta. Quando não se observar vista mais importante, usa-se a posição de aplicação ou serviço do objeto. O número de vistas representadas deve ser apenas as necessárias para definir completamente o objeto. Se uma vista não trouxer informações adicionais, ela não deve ser representada. As vistas devem conter o máximo de linhas visíveis (linhas cheias no desenho), evitando-se as linhas invisíveis (linha com traço interrompido ou tracejado) que representam contornos do objeto não visíveis na vista representada (ABRANTES, 2018). 2.4 COMO INTERPRETAR AS PROJEÇÕES A interpretação de um desenho técnico, a partir de suas projeções, é o pro- cesso inverso da construção das vistas. Para isso, deve-se conhecer seus com- ponentes, como os tipos de linhas e suas funções. Além do mais, devemos saber identificar as vistas projetadas pela posição que ela está no desenho. A vista frontal (que fica no centro) é a primeiro a ser identificada. Depois, as demais vistas serão identificadas pelas suas posições em relação a ela, como exemplificado na Figura 7. FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DE TRÊS DAS SEIS VISTAS DE UM OBJETO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). As projeções de um objeto são apresentadas rebatidas sobre um mesmo plano. Após a identificação de quais vistas estão representadas, você deve imaginar as projeções em perspectiva. Podemos imaginar, em uma folha 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicadano D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO plana, o molde para montagem de um cubo, para ser transformado em uma figura tridimensional. Para traçar a projeção em perspectiva, ou seja, desenhar o objeto a partir de suas vistas, após a identificação da vista frontal e das demais, você deve esco- lher um ponto que represente um vértice frontal, em que há o encontro de três eixos. Faça um ponto onde se iniciará o seu objeto e, a partir dele, desenhe um eixo vertical e mais dois ângulos que formem 30° com uma reta horizontal. Você terá, então, três eixos isométricos que formam ângulos de 120° entre si. Partindo do ponto central do vértice, você irá traçar retas ao longo dos eixos isométricos correspondentes à altura, à largura e à profundidade do objeto, obtidas da cotagem das vistas (objeto de estudo da próxima unidade). Depois, vá desenhando semirretas até construir um prisma auxiliar, que corresponde as dimensões do objeto. Em seguida, basta acrescentar detalhes internos (furos, rebaixos, chanfros e outros) com base nas projeções. Posteriormente, apague as linhas de cons- trução relacionadas ao prisma auxiliar e reforce o contorno do traçado. As linhas invisíveis são sempre omitidas, exceto quando forem necessárias para a descrição do objeto (CRUZ; MORIOKA, 2014). Passo 1: desenho das vistas disponíveis no paralelepípedo, seguindo as posições das mesmas no desenho (vide Figura 9). FIGURA 9 – PARALELEPÍPEDO REGULAR COM AS VISTAS DESENHADAS Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Passo 2: ajustes no desenho, de acordo com suas vistas, dando forma ao objeto, fazendo com que o paralelepípedo se adeque a forma do objeto (vide Figura 10). FIGURA 10 – ADEQUAÇÕES NO PARALELEPÍPEDO PARA DAR A FORMA DO OBJETO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Passo 3: retirar as linhas que representam os contornos invisíveis e fazer os ajustes finais do desenho. FIGURA 11– DESENHO DO OBJETO FINALIZADO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 2.5 REPRESENTAÇÃO EM ÉPURA A épura é a representação de um objeto tridimensional no plano e para tal são utilizados os PH e PV, perpendiculares entre si e interceptados pela LT (MONTENEGRO, 2015). Após a projeção das vistas, para obter a épura, devemos girar o PH em torno da LT no sentido horário, de forma que ele coincida com o PV. Assim, os dois planos de projeção são representados rebatidos em um mesmo plano, deta- lhes na Figura 12. FIGURA 12 – FORMA QUE O PLANO HORIZONTAL GIRA SOBRE O PLANO VERTICAL PV PH PV PV PH PH Fonte: Elaborada pelo autor (2019). A épura, portanto, torna possível a resolução de problemas geométricos e a reprodução da forma e dimensões do objeto. Verifique na Figura 13 que um ponto no espaço entre os planos pode ser determinado a partir de três coor- denadas: abscissa, afastamento e cota. 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 13 – COORDENADAS DA ÉPURA Afastamento Cota Abscissa P I,P 0 P1 P2 III IV II Fonte: Adaptada de Geraldine (2019). Abscissa Coordenada em relação ao eixo x ou LT, sendo a distância do ponto até a linha de referência. Afastamento Coordenada em relação ao eixo y, sendo a distância do ponto até o PV. Cota Coordenada em relação ao eixo z, sendo a distância do ponto até o PH. Dessa forma, a representação é possível com grande facilidade e de forma que o observador consiga identificar todos os detalhas do objeto claramente. 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Clique no link para ver a animação da projeção de um ponto no diedro: http://www.uel.br/cce/mat/ geometrica/php/gd_t/gd_4t.php 2.6 COMO FAZER UMA REPRESENTAÇÃO EM ÉPURA Para representarmos um objeto em épura, primeiro devemos conhecer as notações usadas na geometria descritiva. Os pontos são representados por letras latinas maiúsculas entre parênteses [por exemplo, (A)]; as cotas destes pontos, por letra latina correspondente ao ponto que lhe deu origem (por exemplo, A); já o afastamento, pela letra latina que lhe deu origem com uma linha sobrescrita (por exemplo, A’). A épura representa as projeções do objeto nos PV e PH, considerando que a LT é a base de referência. A épura é representada por uma linha contínua e, logo abaixo dela, são colocados pequenos traços nas suas extremidades para indicar o lado negativo do PV, como representado na Figura 14. FIGURA 14 – COORDENADAS DA ÉPURA Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Para facilitar o entendimento, vamos construir os dois planos se intercep- tando, como indicado na Figura 15. Juntamente com a imagem de um objeto qualquer, no caso do exemplo, vamos usar um paralelepípedo regular. http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_4t.php http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_4t.php 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 15 – (A) PV E PH SE INTERCEPTANDO (B) OBJETO USADO NO EXEMPLO (a) (b) Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Primeiro, vamos posicionar o objeto dentro da região dos planos e definir um ponto de referência na LT. Também vamos nomear os vértices do paralelepí- pedo da forma descrita anterior para definir os pontos que serão projetados nos planos; veja na Figura 16. FIGURA 16 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS (A) (B) (C) (D) (H) (G)(E) Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Agora, vamos fazer as projeções dos vértices do paralelepípedo nos planos de acordo com a sua posição dentro dos planos, lembrando que nos planos vamos representar as projeções dos pontos marcados na Figura 16, apresen- tadas na Figura 17 a seguir. 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 17 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS B’ A’ E F (A) (A) (E) (H) (G) F E H G Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Passo 1: o objeto é retirado e somente os planos e as projeções são representadas (Figura 18). FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS PLANOS E DAS PROJEÇÃO SEM O OBJETO B’ A’ E’ F’ F E H G Girar no sentido horário Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Passo 2: o PH é girado (Figura 19). FIGURA 19 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS B’ A’ E’ F’ F E H G Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Passo 3: as projeções do objeto e os planos são representados no plano do papel (Figura 20). FIGURA 20 – GIRO COMPLETO DO PH B’ A’ E’ F’ F E H G Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO A épura é obtida pelo giro do PH no sentido horário. A representação do objeto está na Figura 21. FIGURA 21 – VÉRTICES DO OBJETO NOMEADOS B’A’ E’ F’ F E H G Fonte: Elaborada pelo autor (2019). CONCLUSÃO Esta unidade apresentou a geometria mongeana e os sistemas de represen- tação de um objeto tridimensional no plano, como a projeção ortogonal, a épura e a interpretação destes. Você pode observar que, utilizando as ferramentas da geometria descritiva, é possível a construção de projeções de um objeto no plano, chamadas vistas, as quais representam a forma e dimensões do objeto tridimensional. Aqui aprendemos também a descrever o processo inverso, ou seja, como obter a perspectiva de um objeto a partir de suas vistas. 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO ANOTAÇÕES 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada noD.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Conhecer as vistas usadas no desenho técnico. > Identificar e interpretar cortes e seções. > Compreender as regras e os elementos de cotagem. 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 3 VISTAS, CORTES E COTAGEM INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará vistas (principais e auxiliares), cortes e cotagem de um desenho técnico, demonstrando os elementos e suas regras. A representa- ção é feita pela projeção ortogonal, resultando em seis vistas principais, mas geralmente três dessas (frontal, lateral esquerda e superior) já são suficientes para representar a maioria dos objetos. Porém, objetos com características especiais em vistas ortogonais não produ- zem bons resultados, pois há linhas que impedem sua compreensão e uso, o que, consequentemente, pode dificultar sua fabricação ou construção. Logo, em tais situações, empregam-se as vistas auxiliares. Alguns objetos precisam que a parte interna seja detalhada, ou por ser muito complexa, ou por conter partes ocultas. Para isso, utiliza-se o processo de corte, que é um recurso imaginário para tornar clara e legível o interior ou as partes ocultas. Você ainda aprenderá como representar as informações das medidas ou dimensões do objeto, cujos elementos de cotagem são empregados para entendimento do objeto representado e execução do projeto da forma correta. 3.1 VISTAS PRINCIPAIS Pode-se representar um objeto tridimensional em um plano bidimensional através da projeção ortogonal, adotada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para evidenciar a terceira dimensão, é necessária uma segunda projeção, em que o desenhista observa a peça de frente, por cima, pelas laterais e por baixo. Assim, essas representações são denominadas vistas ortogonais: vista frontal (ou principal, sempre a mais representativa, vide Figura 1), vista superior, vistas laterais esquerda e direita, vista inferior e vista posterior. 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 1 – SÍMBOLO PARA REPRESENTAR O PRIMEIRO DIEDRO Fonte: Cruz e Morioka (2014). É fundamental conhecer os sistemas para a leitura de materiais oriundos de todos os países: além do Brasil, o primeiro diedro também é comumente utilizado em grande parte da Europa. Enquanto nos Estados Unidos, no Canadá, na Inglaterra e no Japão, o uso do terceiro diedro é o mais difundido. As posições das vistas do primeiro diedro devem ser as seguintes: Vista frontal (A) Referência, toma como frente o lado do objeto que melhor define a sua forma. Vista superior (B) Abaixo da vista frontal. Vista lateral esquerda (C) À direita da vista frontal. 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Vista lateral direita (D) À esquerda da vista frontal. Vista inferior (E) Acima da vista frontal. Vista posterior (F) À direita da vista lateral esquerda – normalmente é utilizada esta posição – ou à esquerda da vista lateral direita. Na prática, escolhe-se como a face frontal aquela de maiores dimensões e/ ou que tenha a maior quantidade de arestas visíveis nesta face. Na Figura 2, observe a indicação das vistas no objeto a ser representado. FIGURA 2 – INDICAÇÃO DAS VISTAS EM UM OBJETO Fonte: Adaptada de Cruz e Morioka (2014). Já na Figura 3, veja a representação na projeção no primeiro diedro. 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO OBJETO DA FIGURA 2 PELA PROJEÇÃO NO PRIMEIRO DIEDRO Fonte: Cruz e Morioka (2014). Quanto mais complexa for a forma do objeto, maior será o número de vis- tas necessárias para representá-lo no plano. Porém, deve-se buscar o menor número de vistas possível para a representação. 3.2 VISTAS AUXILIARES Devido às características especiais de alguns objetos, não é possível que os planos fiquem paralelos aos planos das vistas ortogonais, ocasionando difi- culdade de compreensão, ou até deformações. Para sanar este problema, utiliza-se a vista auxiliar, caracterizada por um ângulo diferente de 90°, e operações de rotação e rebatimento de planos. Observe na parte superior da Figura 4: temos um objeto com face inclinada. Já na parte inferior esquerda, vistas ortogonais com sobreposições de linhas, tornando a representação confusa. E na parte inferior direita, representação por meio da vista auxiliar A, desfazendo o problema de sobreposição de linhas. 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 4 – DIFERENÇA ENTRE UMA VISTA ORTOGONAL E UMA VISTA AUXILIAR Fonte: Adaptada de Cruz e Morioka (2014). Como observado na Figura 4, o ideal é que a vista auxiliar seja colocada no mesmo sentido da projeção, e logo depois da vista original. Porém, pode-se representar a vista auxiliar em outra região, desde que se deixe claro o seu nome, surgindo o termo de vista deslocada (veja na Figura 5). FIGURA 5 – EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÕES COM VISTAS DESLOCADAS. Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Ao representar objetos longos, com um pequeno detalhe no centro ou pró- ximo deste, e o restante do objeto de seção uniforme, usa-se o conceito de vista interrompida, como apresentado na Figura 6. A linha que interrompe o traçado do objeto é conhecida como linha de ruptura. FIGURA 6 – EXEMPLO DE REPRESENTAÇÃO COM VISTA INTERROMPIDA Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). Pesquise os outros tipos de linhas de ruptura e relacione sua utilização em função da geometria do objeto. Se o objeto possuir detalhes repetidos ou ser simétrico, o desenho pode ser simplificado. Na Figura 7, temos um objeto que possui furos que se repetem. FIGURA 7 – OBJETO COM PERFURAÇÕES REPETIDAS E SUA VISTA SIMPLIFICADA Fonte: Adaptada de Cruz e Morioka (2014). Já na Figura 8, temos uma vista simplificada simétrica, que utiliza uma linha de simetria – composta de dois traços curtos, paralelos entre si e perpendicu- lares à extremidade da linha de simetria. 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 8 – OBJETO SIMÉTRICO E SUA VISTA SIMPLIFICADA SIMÉTRICA Fonte: Adaptada de Cruz e Morioka (2014). Alguns objetos apresentam faces inclinadas ou em ângulos, que não necessi- tam de vista auxiliar, mas que ficam deformadas. Para isso, deve-se usar rota- ção ou rebatimento da vista, conforme Figura 9. FIGURA 9 – EXEMPLO DE REBATIMENTO DE VISTA ORTOGONAL Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). E na Figura 10, temos o rebatimento de vista de um objeto com detalhes oblíquos. 58 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 10 – EXEMPLO DE REBATIMENTO DE VISTA DE UM OBJETO COM DETALHES OBLÍQUOS Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). 3.3 CORTES Os detalhes internos ou ocultos, representados nas vistas ortogonais, geram arestas não visíveis são indicadas por linhas tracejadas, podendo gerar dúvi- das e perda de tempo. Deste modo, o corte (também denominado como vista seccionada) torna claros e legíveis o interior e as partes ocultas dos objetos. A construção de cortes é contemplada pela ABNT NBR 10067:1995 que fixa a forma de representação aplicada (https://www.abntcatalogo.com.br/norma. aspx?ID=5438), e pela ABNT NBR 12298:1995, que fixa as condições exigíveis para representação de áreas de corte (https://www.abntcatalogo.com.br/ norma.aspx?ID=2854). Primeiro, deve-se entender como e por qual parte do objeto é estabelecidoo corte para, posteriormente, perceber se as arestas na representação são real- mente visíveis ou se aparecem apenas a partir do corte em questão. Logo, retira-se uma camada imaginária, como se fosse um corte físico, sepa- rando o objeto em duas partes, de modo que as arestas internas se tornem https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=5438 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=5438 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2854 https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2854 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO visíveis. Na Figura 11, temos (a) um corte de um objeto, (b) a vista de frente normal, onde observam-se as arestas internas tracejadas, (c) o objeto cortado e, por fim, (d) a obtenção da vista de frente em corte. FIGURA 11 – EXEMPLO DO CORTE DE UM OBJETO E A OBTENÇÃO DA VISTA DE FRENTE EM CORTE Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). O plano de corte (ou plano secante) deve ser indicado por uma linha traço e ponto estreita, semelhante à linha de simetria, mas com traço mais largo nas extremidades. A linha de corte é sempre indicada na vista superior e com letras maiúsculas. O ponto de vista deve ser demonstrado por meio de setas, apontando para a parte do objeto que será removida. A representação da vista em corte compre- ende a superfície obtida pelo plano, como as partes sólidas que contenham material, e o que se observa além dele, como as partes vazias, como furos. A parte sólida do objeto atravessada pelo plano de corte deve ser representada por uma área hachurada, e o contorno do objeto por uma linha contínua. Caso em uma vista em corte existam arestas não visíveis, estas não são repre- sentadas, como ocorre no exemplo da Figura 12. 60 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 12 – EXEMPLO DE VISTA EM CORTE Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). A área hachurada é formada por linhas finas, equidistantes e em 45° com relação às linhas de contorno principais ou os eixos de simetria. Caso haja um conjunto de objetos representado de forma adjacente, altera-se o sentido da hachura, usando um ângulo de 135°, ou modifica-se os espaçamentos para cada objeto. Quando a área for muito grande, aplica-se a hachura no contorno e a parte central é deixada em branco. Quando for necessário colocar textos dentro da área hachurada, deve-se interromper a hachura na região do texto. Por fim, em objetos muito finos, deve-se enegrecer a seção em vez de hachurar. Não se deve hachurar nos cortes, no sentido longitudinal: dentes de engrenagens, parafusos, porcas, eixos, raios de roda, nervuras, pinos, arruelas, contrapinos, rebites, chavetas, volantes e manípulos. 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO A parte retirada pelo corte não pode ser omi- tida nas demais vistas, porque o corte é um recurso imaginário e o objeto não está, de fato, cortado. Além disso, os planos de corte, sempre que possível, devem passar pelos eixos de sime- tria do objeto a ser cortado. E em alguns casos, pode-se fazer uma translação para representar elementos não contemplados pelas vistas pro- duzidas, o que reduz o número de desenhos que compõem a representação dos objetos. A vista em corte ocupa a posição da projeção ortogonal correspondente, mas não é impres- cindível, pois pode colocar o corte em outro local, desde que acompanhado pela designa- ção correta. Existem quatro tipos de cortes: • i. corte total (Figura 13) atinge o objeto em toda a sua extensão, inclusive suas partes maciças, no sentido longitudinal (maior dimensão), quanto no transversal (menor dimensão). FIGURA 13 – EXEMPLO DE OBJETO EM CORTE TOTAL DUPLO Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). • ii. meio corte (Figura 14) é aplicado em apenas metade da extensão do objeto, para mostrar tanto o interior quanto o exterior, e deve ser usado unicamente em objetos simétricos em um ou dois eixos, podendo ser feito de forma longitudinal e transversal. A ABNT NBR 12298:1995, que também trata de cortes, determina hachuras para cada tipo de material. Pesquise e relacione cada tipo de hachura específica com o material a ser representado. 62 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 14 – EXEMPLO DE OBJETO EM MEIO CORTE Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). • iii. corte em desvio (Figura 15) é utilizado para mostrar detalhes que estejam desalinhados e não estejam sobre uma mesma linha de corte. Desse modo, reduz-se o número de vistas de mais de um plano de corte que seriam necessários para representar o objeto. FIGURA 15 – EXEMPLO DE OBJETO E O RESPETIVO CORTE EM DESVIO Fonte: Adaptada de Abrantes e Filgueiras Filho (2018). 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO • iv. corte parcial (Figura 16) é utilizado para detalhar partes de objetos (normalmente não simétricos) que merecem um corte em uma área específica. Este corte é delimitado pela linha de ruptura ou fratura, que pode ser representada por linha contínua fina à mão livre ou por linha contínua fina em ziguezague. FIGURA 16 – EXEMPLO DE OBJETO EM CORTE PARCIAL Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). Além dos cortes, recorremos ao uso das seções para entender as partes internas que compõem um objeto e que indicam, de maneira simplificada, partes dos objetos e seus perfis. A seção pode ser desenhada ocupando uma das vistas, de forma deslocada, sobre a própria peça ou em uma interrupção. Na Figura 17, temos o exemplo de um objeto e suas respectivas seções em um eixo. FIGURA 17 – EXEMPLO DE SEÇÕES EM UM EIXO Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). 64 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 3.4 COTAGEM DE UM DESENHO Para realizar a cotagem em desenho técnico, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico em uma unidade de medida, utiliza-se a norma ABNT NBR 10126:1987 Versão Corrigida: 1998. O objetivo da cotagem é fornecer informações sobre as medidas ou dimen- sões do objeto representado no desenho, indicando características geomé- tricas, posição de todos os elementos e sua verdadeira grandeza, sem utilizar instrumentos de medição, como escalímetros. A representação tem de conter todas as cotas necessárias para viabilizar a plena execução do projeto, permitindo assim a fabricação ou construção do objeto. As cotas são divididas em: funcionais (Fs), não funcionais (NFs) e auxi- liares (AUXs), representadas na Figura 18. FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS TRÊS TIPOS DE COTAS Fonte: Cruz e Morioka (2014). As Fs são essenciais e devem ser escritas diretamente no desenho, as NFs não interferem no funcionamento do objeto, e as AUXs são meramente informati- vas e, geralmente, derivadas de valores já informadas Como observado na Figura 19, a cotagem pode ser representada de forma direta, em que os valores das cotas são relacionados a parte que estão repre- sentando, e de forma indireta, em que as dimensões são obtidas efetuando cálculos das medidas fornecidas. 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 19 – COTAGENS DIRETA E INDIRETA Fonte: Cruz e Morioka (2014). Para conhecer os tipos de cotagem, leia a seção 8.3 Tipos de cotagem, na página 67 do livro Desenho técnico: medidas e representações gráficas, de Cruz e Morioka. 3.5 ELEMENTOS DA COTAGEM O sistema de cotagem é formado pelos elementos apresentados na Figura 20: FIGURA 20 – ELEMENTOS DA COTAGEM Fonte: Cruz e Morioka (2014). 66 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017,Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Linha auxiliar Estreita e contínua, perpendicular ao elemento dimensionado (pode ser oblíqua) e às linhas de cota, ultrapassando-as em 3 mm. Não deve tocar as arestas do desenho. Linha de cota Estreita e contínua, mas pode ser uma linha reta ou um arco, paralela ao contorno do elemento. Deve-se evitar o cruzamento entre as linhas de cota e as de chamada, mas caso ocorra, as linhas não devem ser interrompidas no ponto de cruzamento. As linhas de centro e de contorno não podem ser utilizadas como linhas de cota. A distância entre uma linha de cota e o contorno do desenho deve ser entre 7 e 10 mm, sendo seguida a mesma distância entre cotas paralelas. Limite da linha de cota Representado por setas aberta ou fechada e cheia, cujas linhas formam um ângulo de 15°, linhas curtas oblíquas a 45°, ou pequenos círculos preenchidos. Dependendo do espaço disponível, as setas que limitam a linha de cota podem ficar por dentro ou por fora das linhas de chamada. Cota Indica dimensão linear ou angular do elemento. O valor numérico deve ser inserido no meio do vão da medida e não deve tocar a linha de cota. As cotas podem assumir as posições horizontal, vertical e inclinada – para a direita ou para a esquerda – e sempre ficar acima da linha de cota. Em outro método, as cotas são posicionadas no centro da linha de cota, que deve estar interrompida, e os valores numéricos devem estar sempre na posição de leitura (na horizontal). Caso seja necessário representar um objeto fora da escala indicada, a cota deve ser sublinhada, como apresentado na Figura 21. 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 21 – COTA DE UM OBJETO REPRESENTADO FORA DE ESCALA Fonte: Abrantes e Figueiras Filho (2018). 3.6 REGRAS DE COTAGEM Para entendimento e fabricação dos objetos, a cotagem possui regras: • Independentemente da escala utilizada, as cotas devem ser reais ao objeto. • Não se omite cota, sendo que cotas em duplicidade são consideradas como erro técnico. • As cotas devem ser alinhadas e apresentadas com caracteres que garantam a legibilidade do documento. • Deve-se cotar os elementos preferencialmente nas vistas que proporcionam a informação mais clara e precisa em relação à forma ou à localização. • As cotas devem ser posicionadas fora do contorno do desenho, mas, se necessário, podem ser colocadas no interior das vistas. • É usada a mesma unidade em um desenho, indicada na legenda. Necessitando de outras unidades, deve-se indicar o respectivo símbolo ao lado do valor da cota com a unidade diferente. • Caso o espaço seja insuficiente, posiciona-se a cota próxima à linha de cota e ligada a ela por meio de uma linha de referência. • Os elementos cilíndricos devem ser dimensionados por seus diâmetros e a partir de suas linhas de centro. Para cotagem de ângulos, a linha deve ser traçada em arco, cujo centro deve coincidir com o vértice do ângulo, conforme Figura 22. 68 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 22 – COTAGEM DE ÂNGULO Fonte: Abrantes e Figueiras Filho (2018). Para cotar um elemento angular, como um chanfro, ao menos duas cotas são necessárias: o comprimento de dois lados ou o comprimento de um lado e valor do ângulo. Na Figura 23, temos a representação da cotagem para chanfro. FIGURA 23 – COTAGEM DE CHANFRO Fonte: Abrantes e Filgueiras Filho (2018). Para dimensionar elementos semicirculares (arcos, cordas e retificações), uti- liza-se a cotagem de raio, na qual o limite da cota é definido a partir do seu centro por uma única seta, que pode ficar dentro ou fora da linha de contorno da curva, como visto na Figura 24. 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 24 – COTAGEM DE RAIO Fonte: Adaptada de Abrantes e Figueiras Filho (2018). Para elementos circulares, como círculos e furos, cota-se o diâmetro. Sendo que a posição do centro dessas figuras é uma cota essencial. Veja na Figura 25, que temos as representações de cotagem da posição de centro de diâme- tros maiores, de pequenos diâmetros e da posição de centro e do diâmetro, respectivamente. FIGURA 25 – COTAGEM DE DIÂMETROS MAIORES, MENORES, E DA POSIÇÃO DE CENTRO E DO DIÂMETRO Fonte: Adaptada de Abrantes e Figueiras Filho (2018). 70 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO CONCLUSÃO Esta unidade apresentou vistas principais, auxiliares e cortes, além do pro- cedimento de cotagem, destacando os elementos e regras utilizados nesse processo. Durante nossos estudos, vimos como realizar as projeções, utilizando o pri- meiro diedro. Há casos que precisamos de vistas auxiliares, e outros casos que precisamos detalhar partes internas ou ocultas por meio do recurso do corte. 71 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO ANOTAÇÕES 72 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO UNIDADE 4 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Conhecer as regras da construção da perspectiva isométrica. > Identificar as regras da construção da perspectiva cavaleira. 73 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 4 TIPOS DE PERSPECTIVAS INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará os métodos de perspectiva isométrica e cavaleira, que são as mais utilizadas em desenho técnico e arquitetura. O objetivo aqui é que você conheça as peculiaridades de cada perspectiva, saiba identificá-las e possa construí-las a partir das vistas de um objeto. Leia o texto, observe atentamente as figuras e bons estudos! 4.1 PERSPECTIVA ISOMÉTRICA Quando imaginamos a projeção de um objeto no plano, representamos o objeto como ele é visto, sem nos preocuparmos se a forma e as dimensões estão corretas. Nas projeções cilíndrica oblíqua e cônica, há uma clara distorção da imagem em relação ao objeto. Já na projeção ortogonal, são apresentadas duas ou mais vistas do objeto que o representam em toda a sua complexidade, forma e dimensões, de modo que, se fizermos o processo contrário, poderemos reconstruir o objeto com todos os seus detalhes. Porém, essa reconstrução, que é a obtenção do objeto em três dimensões a partir das vistas no plano, não é simples, e, para representar o objeto, sendo fiel à sua geometria, vários métodos perspectivos foram criados, entre eles o isométrico e a cavaleira. Na perspectiva isométrica, o objeto é desenhado no espaço, de modo a mos- trar três faces. Para tal, iremos utilizar um sistema de três coordenadas, e o ângulo entre os eixos, chamados de eixos isométricos, deve ser de 120°, como mostrado na Figura 1. 74 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO FIGURA 1 – POSIÇÃO DOS EIXOS COORDENADOS NA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA 120º12 0º 120º Z XY Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Para facilitar a construção da perspectiva, imaginamos um ponto central (A) e construímos três arestas (x, y, z), de modo que duas (x e y) serão construídas a 30° da linha horizontal e a outra (z) deverá ser desenhada na vertical, con- forme Figura 2. FIGURA 2 - REFERÊNCIA DO PLANO CARTESIANO EM UMA FIGURA DE UM OBJETO 30 º 30º Z Y X Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Na construção da perspectiva, as arestas, paralelas aos eixos isométricos, são denominadas linhas isométricas, e seus tamanhos correspondem a com- primento, largura e altura. As medidas da peça só podem ser feitas quando estivermos trabalhando com essas linhas. Caso contrário, temos linhas 75 MULTIVIX EAD Credenciada pela portariaMEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO não-isométricas, que não tem dimensões equivalentes às das vistas do objeto, ou seja, são deformadas. Quando nas vistas de um objeto há cotagem em ângulos, circunferências e linhas curvas, temos linhas não-isométricas, e não podemos transferir dire- tamente na perspectiva isométrica, pois elas não aparecem em dimensões reais. Portanto, para representar: 1. Ângulos: devemos transportá-los das vistas para a perspectiva, usando compassos ou escalas. Outra opção é a transformação dos ângulos em medidas com relação aos catetos, desde que estes sejam linhas isométricas. FIGURA 3 – ÂNGULOS EM PERSPECTIVA ISOMÉTRICA a b c B 60º 120º a b c B 60º 120 º 60º A 90º 90º 30º 90º Fonte: French e Vierck (2002). 76 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 2. Linhas Curvas: devemos traçar linhas isométricas ao longo de sua extensão para que sirvam de referência para o seu esboço. Podem ser usadas coordenadas também, desde que estas sejam em relação a linhas isométricas. FIGURA 4 – LINHAS CURVAS EM PERSPECTIVA ISOMÉTRICA b a b a Fonte: French e Vierck (2002). 3. Circunferências: devemos representá-las como elipse; também utilizamos as coordenadas obtidas pelas linhas isométricas para determinar os centros e os arcos da elipse. FIGURA 5 – CIRCUNFERÊNCIAS EM PERSPECTIVA ISOMÉTRICA a b a’b’ a b a’b ’ Fonte: French e Vierck (2002). 77 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 4.2 FASES DE EXECUÇÃO DA PERSPECTIVA ISOMÉTRICA Antes de construir um objeto em perspectiva, devemos analisar com cui- dado as vistas e escolher um ponto de vista. Este deve evitar que a perspec- tiva resulte em um objeto distorcido e ser próximo ao centro de interesse, sendo rico em detalhes das vistas. As duas vistas principais devem sempre ser representadas. Como a perspectiva utilizada será a isométrica, devemos prosseguir dese- nhando os três eixos com um ângulo de 120° entre eles, dois vértices a 30° da linha horizontal, e um vértice na vertical. Em seguida, devemos observar largura, comprimento e altura, segundo a cotagem das vistas, e marcá-las ao longo dos eixos. A partir das marcações, construímos um paralelepípedo, no qual o objeto estará inscrito. As linhas isométricas devem ser utilizadas para marcação de coordenadas da posição de detalhes da peça, como furos, rebaixos, fendas, ângulos, linhas cur- vas, entre outros. Primeiro, representamos os contornos dos planos e as linhas de centro, e por último, as partes curvas e os detalhes menores. Após a inclusão de todos os detalhes da peça, e sem erros de representação, apagamos as linhas usadas apenas para construção do esboço. Se a perspec- tiva estiver sendo realizada a lápis, todas as linhas devem ter traço fraco para facilitar a correção de erros e, também, a retirada das linhas de construção. Finalizando o desenho do objeto, devemos reforçar as linhas que o representa. 78 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 1. Passo 1: FIGURA 6 – OBSERVAÇÃO DAS VISTAS DO OBJETO Fonte: Adaptada de French e Vierck (2002). 2. Passo 2: FIGURA 8 – ESBOÇO DOS EIXOS E MARCAÇÃO DAS DIMENSÕES DO OBJETO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 79 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 3. Passo 3: FIGURA 9 – CONSTRUÇÃO DE UM PARALELEPÍPEDO REGULAR NO TAMANHO DETERMINADO NO PASSO 2 Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 4. Passo 4: FIGURA 10 – CONSTRUÇÃO DOS DETALHES NO PARALELEPÍPEDO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 80 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 5. Passo 5: FIGURA 11 – DETALHES PARA A CONSTRUÇÃO DAS PARTES CURVAS E PARA FURO INFERIOR Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 6. Passo 6: FIGURA 12 – REFORÇO DOS TRAÇOS QUE REPRESENTAM O OBJETO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 81 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 7. Passo 7: FIGURA 13 – FINALIZAÇÃO DAS PARTES CURVAS DO OBJETO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 8. Passo 8: FIGURA 14 – RETIRO DAS LINHAS DE CONSTRUÇÃO E FINALIZAÇÃO DO DESENHO Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 82 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO 4.3 PERSPECTIVA CAVALEIRA Ao realizarmos a projeção de um objeto no plano, se as projetantes forem paralelas, temos uma projeção cilíndrica, e, se o ângulo das projetantes em relação ao plano de projeção for diferente de 90°, temos uma projeção cilín- drica oblíqua. Quando as projetantes incidem no plano de projeção com um ângulo de 45°, temos um tipo específico de perspectiva oblíqua, que é a cavaleira. Na pers- pectiva cavaleira, assim como na oblíqua, temos representação de três faces do objeto e utilizamos os três eixos. Mas, nesse caso, uma aresta está sobre o eixo horizontal, outra sobre o eixo vertical, e a terceira está a 45° do eixo hori- zontal, mostrado na Figura 15. FIGURA 15 - EIXOS COORDENADOS NA PERSPECTIVA CAVALEIRA Y Z X 45º Fonte: Elaborada pelo autor (2019). Pensando na representação dos eixos e traços das arestas, podemos perceber que a projeção cavaleira é mais fácil de ser representada, por ter duas arestas perpendiculares e por apresentar a face frontal retangular. A face paralela é representada nessa face frontal retangular e ela não possui deformação, sendo para curvas e contornos curvos ou irregulares. Para tal, essas curvas e contornos devem ser colocados paralelos ao plano de projeção. Assim como na perspectiva isométrica, os três eixos devem representar com- primento, largura e altura. 83 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Uma desvantagem do uso desta perspectiva é a distorção das dimensões e for- mas nos planos que não estão paralelos ao plano de projeção. Na perspectiva cavaleira, assim como na isométrica, uma circunferência pode ser distorcida e aparecer como uma elipse. Exceto na face frontal, em que não há distorções, pois, para representar uma circunferência, devemos utilizar as linhas sem deformação para marcar coordenadas e, com o auxílio de um compasso ou com a ferramenta do programa de desenho, traçar os arcos da elipse. Para traçar linhas curvas, utilizamos o mesmo procedimento, fazendo marca- ções de referência em relação a linhas não distorcidas. 4.4 FASES DA EXECUÇÃO DA PERSPECTIVA CAVALEIRA Assim como ocorre na perspectiva isométrica, na cavaleira também tem que observar as vistas, identificá-las e escolher o ponto de vista. Os planos parale- los ao plano de projeção, como o frontal, não apresentam distorções de suas forma e dimensões; por isso, devemos posicionar o objeto de modo que con- tornos e linhas irregulares fiquem nessa posição, facilitando a representação e observação destes. Quando não houver no objeto contornos ou linhas irregulares, a vista de maior dimensão deve ser posicionada paralela ao plano de projeção, evitando, assim, uma grande distorção do objeto. Após localizarmos a vista que será esboçada na face frontal, devemos dese- nhar os três eixos. O eixo a 45° pode ser à esquerda ou à direita, para cima ou para baixo, e a escolha é de acordo com o que irá gerar uma melhor visualiza- ção do objeto, apresentado na Figura 16. FIGURA 16 - DIREÇÕES DO EIXO DE 45° NA PERSPECTIVA CAVALEIRA X Z Y 45º X Z Y 45º X Z Y 45º X Z Y45º Fonte: Elaborada pelo autor (2019). 84 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DESENHO TÉCNICO Em seguida, realizamos cotagem das vistas e marcamos nos eixos
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