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Descentralização com base nos artigos de Rui de Brito Affonso, Maria do Carmo Lessa Guimarães e Paulo Reis Vieira

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ENSAIO SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO COM BASE NOS ARTIGOS DE 
RUI DE BRITO AFFONSO, MARIA DO CARMO LESSA GUIMARÃES E 
PAULO REIS VIEIRA 
 
Luciana Vasconcelos da Costa 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Este ensaio tem como objetivo abordar a descentralização com base nos artigos 
“A crise da federação no Brasil”, de Rui de Brito Affonso, “O debate sobre a 
descentralização de políticas públicas: um balanço bibliográfico”, de Maria do Carmo 
Lessa Guimarães, e “Em busca de uma teoria de descentralização”, de Paulo Reis 
Vieira. 
 
2 A DESCENTRALIZAÇÃO 
 
 Após a leitura dos artigos de Affonso, Guimarães e Vieira, é possível 
compreender e identificar a descentralização como um tema que pode ser abordado 
através de diferentes concepções. A começar por Vieira (2012), que explana sobre a 
descentralização relacionando-a com distribuição de poder e constrói uma teoria através 
da analise de cinco variáveis: geográficas, históricas, demográficas, econômicas e 
ecológicas. Para o autor (2012), em um determinado momento um país pode estar 
centralizado e em outro pode apresentar-se descentralizado, isso se dá pelo contexto 
nacional de cada país, por isso a importância de analisar a descentralização através 
dessas variáveis. 
 Em uma das variáveis apresentadas por Vieira (2012), o autor afirma que “a 
descentralização é maior em países de grande extensão territorial”, além disso, o autor 
faz relação com a quantidade de unidades de governo, afirmando que essa variável é 
diretamente proporcional ao grau de descentralização. 
 Affonso (1994, p. 330), que também relaciona a descentralização com a 
redistribuição de poder político, corrobora isso afirmando que a descentralização seria o 
instrumento ideal para a implantação de um projeto de desenvolvimento integral 
principalmente em territórios extensos. Entretanto, o autor aponta a descentralização 
com uma das características da crise federativa e questiona qual descentralização seria a 
ideal e para que descentralizar, tendo em vista que o Brasil é uma federação com 
desigualdades regionais, dificultando assim a manutenção da articulação e da sinergia 
econômica, social e cultural. 
 Por fim, a descentralização também é abordada por Guimarães (2002) através de 
distintos campos. Para isso, com base em Penfold-Becerra, a autora cita os campos 
disciplinares em que a descentralização está presente: o das ciências políticas, o das 
ciências econômicas, o da sociologia e o da Administração Pública. 
Além disso, ao realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema, a autora (2002) 
destacou que nos campos das Ciências Políticas e da Administração Pública 
identificam-se duas vertentes de análise da descentralização, a primeira a relaciona com 
questões como transferência de recursos financeiros ou de competências, enquanto a 
segunda trata da parte processual e da dimensão política e social da descentralização 
através de três linhas de estudo, sendo uma delas na qual é ratificado o fenômeno da 
descentralização como distribuição de poder do Estado, remetendo ao que Vieira (2012) 
afirma. 
Quanto às outras duas linhas, segundo Guimarães (2002), uma delas considera a 
descentralização uma estratégia de participação social nas políticas públicas e a outra 
discute descentralização e federalismo, tendo em vista a proximidade desses conceitos. 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Com a democratização do Brasil, entende-se que a descentralização foi um 
fenômeno necessário, tendo em vista a quantidade de demandas do Estado. Entretanto, 
deveriam ter sido analisadas quais formas de descentralização seriam mais eficientes 
para cada caso previsto pela Constituição Federal de 1988. A descentralização traz mais 
benefícios para o Estado, entretanto, os estados e municípios não possuíam – e ainda 
não possuem – estrutura para atender essas demandas. 
Hoje em dia, o controle social cobra ainda mais que o Estado ofereça seus 
serviços com excelência, sendo assim, a necessidade da descentralização se torna 
evidente, uma vez que a União não tem capacidade para sozinha atender as demandas 
da sociedade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
AFFONSO, Rui de Brito. A crise da federação no Brasil. In: Ensaios FEE, Porto 
Alegre, v. 15, n. 2, p. 321-337, 1994. 
 
GUIMARÃES, Maria do Carmo Lessa. O debate sobre a descentralização de políticas 
públicas: um balanço bibliográfico. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/osoc/v9n23/03.pdf. 
 
VIEIRA, Paulo Reis. Em busca de uma teoria de descentralização. Rev. Adm. Pública, 
Rio de Janeiro 46(5): 1409-425, set./out. 2012. Disponível em: 
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/7149.

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