Buscar

Psicultura em Sistema de Bioflocos

Prévia do material em texto

UNIVERSIADE FEDERAL DO MATO GROSSO
Campus Cuiabá
FAAZ – Faculdade de Agronomia e Zootecnia
Piscicultura em sistema de bioflocos.
Discentes: Carolina Copetti e Ritha de Cássia
Disciplina: Piscicultura
Introdução.
É inegável que a carne mais consumida no Brasil é a bovina, porém, vivemos em um cenário em que a população está procurando outras carnes para complementar o prato. Com altos preços, a carne de peixe vem ganhando espaço, tanto em carnes processadas como o empanado de carne de peixe, por exemplo. Com essa procura, a demanda aumenta, exigindo um maior investimento e gasto, o que gera uma procura por sistemas que podem diminuir o preço de produção.
Outro ponto, a preocupação com os impactos ambientais. Como eu posso produzir com um menor custo, e respeitando a natureza? Como fazer a manutenção dos tanques de produção? São perguntas que vem sendo levantas.
O que é sistema de bioflocos? é uma técnica desenvolvida com a proposta de permitir a renovação da água usada nas atividades de aquicultura, é do que um recurso voltado para permitir que a água utilizada na piscicultura dure muito mais tempo do que o normal. Em criações tradicionais, a troca precisa ser feita diariamente, uma vez que essa água passa a ter resíduos consequentes das atividades das espécies. Fezes, restos de comida e, até mesmo, partículas trazidas pelo vento são elementos que, se não removidos, tendem a rapidamente gerar degradação do nível da água. Desse modo, a troca do volume de água dos tanques é um trabalho constante e que precisa estar na rotina diária do manejo de criações de piscicultura. Do contrário, o crescimento dos peixes e outras vidas marinhas, como os camarões, fica em risco, já que eles não podem conviver em um ambiente com baixa
Como funciona o sistema de bioflocos?
O nome bioflocos é originado do fato de esse sistema ser aplicado por meio de partículas que ficam na água. Elas fazem o papel de captar as impurezas da água para convertê-las em nutrientes básicos para o consumo dos peixes e dos camarões que são criados no tanque em questão. Um detalhe importante sobre os bioflocos é o fato de eles se manterem suspensos, ou seja, boiando na água. Esse é o diferencial que permite que eles façam essa absorção e a distribuição de um ponto estratégico, o que realente garante que a água se mantenha nas melhores condições possíveis.
Essas partículas são um composto de microalgas e bactérias que durante o tempo em que estiverem na água vão se alimentar dos restos de ração, das fezes e dos micro-organismos presentes no local. Mais do que simplesmente remover essas impurezas, as bactérias as convertem em substâncias que podem ser consumidas pelos próprios peixes e camarões. 
As bactérias utilizadas nesses compostos são de duas espécies: heterotróficas e nitrificantes. A primeira espécie é capaz de captar toda matéria orgânica, ou seja, restos de alimentos, fezes, micro-organismos e processar esse conteúdo. Já as bactérias nitrificantes têm o papel de absorver a amônia liberada na decomposição de elementos presentes na água e convertê-la em nitrito e nitrato. Na prática, a amônia (que é tóxica às espécies e ajuda a degradar rapidamente a água) é transformada em formas de nitrogênio que são captadas pelos peixes e camarões para o seu desenvolvimento natural. As bactérias também captam nutrientes a partir dos resíduos alimentares presentes no local de criação. Esses elementos são processados e, depois disso, os nutrientes são desenvolvidos na água, sendo absorvidos pelas espécies junto à renovação de rações e compostos alimentares fornecidos diariamente.
Quais espécies podem ser criadas no sistema de bioflocos?
É importante que as espécies pensadas para uma criação em bioflocos tenham um hábito alimentar de origem filtratória ou detrívora. Isso é importante para que os peixes consigam consumidor os agregados que as bactérias oferecem processadas por meio dos bioflocos. Tal fator é o que vai gerar bom desenvolvimento e, ainda, a economia com ração.
As espécies também precisam ter uma construção biológica que se adapte bem ao sistema de bioflocos e o ambiente que ele gera. Algumas das características indispensáveis são:
· Rastros branquiais com bom desenvolvimento (peixes);
· Maxilípedes diferenciados (camarões);
· Tolerância ao nitrogênio.
Os compostos nitrogenados serão uma realidade nesse sistema de bioflocos. Sendo assim, é importante que as espécies tenham certa tolerância aos níveis em questão. Isso garante que elas lidem bem com a amônia até que ela seja processada, além do nitrito que será gerado.
Os sólidos suspensos se tratam mesmo dos próprios bioflocos, que precisam também ser monitorados para não atrapalhar os peixes. No entanto, é importante que essas espécies lidem bem com a presença desses compostos na água.
O ciclo de produção curto é fundamental para a espécie que for criada no sistema de bioflocos. Como ele é considerado intensivo, peixes que precisam de mais tempo para se desenvolver não conseguiriam ter as condições adequadas.
Aplicar bioflocos e cuidar do manejo nesse cenário é algo que requer investimentos, ou seja, precisa de retornos compatíveis. Por isso, não vale a pena criar espécies com valor de mercado baixo, que proporcionem um retorno pequeno.
Investimento.
A única questão que pode pesar em relação ao sistema de bioflocos são os investimentos necessários para realizar a produção nesse modelo. Há necessidade de investimentos maiores, tanto no material que fará o trabalho das bactérias, quanto na infraestrutura composta por equipamentos de diferentes tipos. As exigências de manejo são específicas e refletem nos valores.
Em um primeiro momento, há a compra de aeradores, geradores, tubulação, bombas, decantadores e caixas de remoção de material orgânico. Esses custos são o início da montagem de um sistema de aquicultura sólido e que poderá receber a prática de bioflocos da melhor maneira. Muitos desses equipamentos são decorrentes da necessidade de oxigenar e tratar a água constantemente.
Por mais que o impacto inicial seja maior em relação às finanças, não há muito mais no que se investir além desse material e dos tanques que receberão as espécies. Os custos de manutenção não são muito mais extensos do que as criações normais, além de haver a compensação por conta do aumento do nível da produção que os bioflocos proporcionam.
Manejo
O sucesso de uma criação de aquicultura gira em torno de um manejo eficaz e que cumpra os requisitos mínimos de manutenção das condições de criação. O cuidado precisa ser redobrado no modelo de bioflocos, já que a água tem condições específicas de qualidade. O que faz a troca ser reduzida é a presença das bactérias que ajudam a purificar, mas isso também gera controle.
As medições dos níveis de qualidade da água precisam ser feitas diariamente, mais de uma vez. Esse indicador vai mostrar se o tratamento feito é realmente qualificado e gera nutrientes para o desenvolvimento dos peixes. A oxigenação, feita com os aeradores, também precisa ser ininterrupta, ou seja, o monitoramento constante é o que garante o cumprimento desse fator.
De uma ótica geral, o manejo, apesar de ser o fator crucial de desenvolvimento da produção, não é complicado de ser feito no sistema de bioflocos.
Maior produção.
O principal benefício é ter uma produção potencializada. Na prática, é possível fazer mais com menos. Os alevinos são mais bem aproveitados, uma vez que as bactérias dos bioflocos conseguem converter mais substâncias e resíduos em alimentos. Isso também gera um desenvolvimento mais potente dos peixes, que encontram na água uma quantidade maior de nutrientes importantes.
Em números, o crescimento é impressionante: 30 vezes mais nos sistemas de bioflocos do que na produção normal, segundo o estudo de viabilidade técnica da Emater-DF. Isso representa a possibilidade de produção de até 30 kg/m³. Essa informação está ligada à maior proliferação de espécies em crescimento e ao peso que elas alcançam pela alimentação potencializada.
Menos custos.A economia de custos é um fator de destaque e que torna a criação nesses moldes mais acessíveis a qualquer produtor. Tudo começa pela água, que tem uma necessidade de renovação muito maior. Essa troca gera custos de diversos tipos, inclusive, com produtos químicos utilizados para equilibrar a qualidade. Além disso, a alimentação também é consideravelmente reduzida.
O consumo de ração diminui bastante em decorrência da transformação dos resíduos em nutrientes para os peixes. Dessa forma, eles sentem menos necessidade de se alimentarem por meio das rações que são comumente oferecidas durante o manejo. No geral, o investimento para começar a atividade gira em torno dos R$ 10 mil, enquanto um ciclo custa R$ 4.500.
Adaptação a regiões com baixo acesso à água.
Produtores que estão localizados em regiões semiáridas, que sofrem com a escassez de água, não precisam se preocupar. A piscicultura pode ser uma atividade acessível também a eles quando aplicada com o sistema de bioflocos — e a razão é justamente o pouco uso de água. Há um descarte mínimo e o aproveitamento é contínuo, o que não torna o recurso um impeditivo.
Há também outras regiões não litorâneas que têm baixo acesso à água, em que, geralmente, nunca se considera a piscicultura como uma atividade viável. Nesses casos, os bioflocos também ajudam a democratizar a possibilidade de investir na produção de peixes. A troca da água é realmente muito baixa, graças ao manejo de controle de qualidade e à ação das bactérias de bioflocos.
Sistema sustentável.
A sustentabilidade é uma pauta importante também quando se fala de atividades comerciais, em que há a exploração de recursos naturais, como a água. Com bioflocos, esse nível é reduzido drasticamente, uma vez que é necessário apenas repor volumes baixos, quase irrisórios, decorrentes de evaporação, na maioria dos casos.
O tratamento da água permite que ela seja constantemente reutilizada, desde que passe pelo processo constante de controle de índices. No mais, o restante do trabalho de decomposição de resíduos é feio naturalmente pelos bioflocos. Em produções comuns, a troca total de água é diária, enquanto, com os bioflocos, o volume utilizado pode ser reutilizado por até três anos.
Baixo custo, acessibilidade, democratização do modelo de negócio e sustentabilidade. O sistema de bioflocos é uma descoberta que não é recente, mas que, cada vez mais, se populariza por quem deseja ter sua própria produção. Com um investimento inicial, é possível trazer o objetivo do próprio negócio à realidade.
Material consultado.
<blog.sansuy.com.br/sistema-de-bioflocos> - Consultado em 19/07/2021

Continue navegando